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• Pode-se pensar a instrumentalidade do trabalho do assistente

social como propriedades/capacidades historicamente


construídas e reconstruídas pela profissão, como uma condição
sócio-histórica do Serviço Social, em três níveis:
1- No que diz respeito a sua funcionalidade ao projeto reformista
da burguesia (reformar conservando): condição de instrumento
de controle, que serve a manutenção da produção material e
reprodução ideológica da força de trabalho, tendo em vista a sua
função de intervir nas seqüelas da questão social, através de
políticas e/ou serviços sociais, contribuindo para a racionalidade
do sistema capitalista.
2. Aspecto intrumental-operativo das respostas profissionais
frente as demandas das classes, donde advém a legitimidade da
profissão: são respostas de caráter manipulatório, as quais
necessitam transformar as condições imediatamente dadas.
3. A instrumentalidade como uma mediação permite a passagem
das ações meramente instrumentais para o exercício profissional
critico e competente. Como mediação, a instrumentalidade
permite também o movimento contrário: que as referências
teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica da sociedade,
possam ser remetidas à compreensão das particularidades do
exercício profissional e das singularidades do cotidiano.
• Reconhecer a instrumentalidade como mediação significa
tomar o Serviço Social como totalidade constituída de
múltiplas dimensões: técnico-instrumental, teórico-intelectual,
ético-política e formativa (Guerra, 1997), e a instrumentalidade
como uma particularidade e como tal, campo de mediações
que porta a capacidade tanto de articular estas dimensões
quanto de ser o conduto pelo qual as mesmas traduzem-se em
respostas profissionais.
• No primeiro caso a instrumentalidade articula as dimensões da
profissão e é a síntese das mesmas.
• No segundo, ela possibilita a passagem dos referenciais técnicos,
teóricos, valorativos e políticos e sua concretização, de modo que
estes se traduzam em ações profissionais, em estratégias políticas,
em instrumentos técnico-operativos.
• Em outros termos, ela permite que os sujeitos, face a sua
intencionalidade, invistam na criação e articulação dos meios e
instrumentos necessários à consecução das suas finalidades
profissionais.
• Na definição das finalidades e na escolha dos meios e instrumentos
mais adequados ao alcance das mesmas, os homens estão
exercendo sua liberdade (concebida historicamente como escolha
racional por alternativas concreta dentro dos limites possíveis).
• Tais finalidades (ainda que de caráter individual) estão inscritas
num quadro valorativo e somente podem ser pensadas no interior
deste quadro, entendido como acervo cultural do qual o
profissional dispõe e lhe orienta as escolhas técnicas, teóricas e
ético-políticas.
• Tais escolhas implicam projetar tanto os resultados e meios de
realização quanto às conseqüências. Isso porque, no âmbito
profissional, não existem ações pessoais, mas ações públicas e
sociais de responsabilidade do indivíduo como profissional e
da categoria profissional como um todo.
• Para tanto, há que se ter conhecimento dos objetos, dos
meios/instrumentos e dos resultados possíveis.
• Pela mediação da cultura profissional o assistente social pode
negar a ação puramente instrumental, imediata, espontânea e
reelaborá-la em nível de respostas sócioprofissionais.
• Diante as alterações no mundo do trabalho, na esfera do Estado,
nas políticas sociais, no perfil do trabalhador, nunca uma realidade
social esteve tão propícia aos individualismos e, portanto, a razão
instrumental. A razão instrumental na contemporaneidade rompe
com os meios democráticos, com as escolhas e finalidades
coletivas.
• Frente a essas transformações, a dimensão instrumental da
profissão passa a necessitar de vínculos cada vez mais estreitos
com um projeto ético-político em defesa dos direitos sociais e
humanos e da democracia.
• Instrumentalidade → capacidade constitutiva da profissão de
utilizar instrumentos para alcançar objetivos → construída e
reconstruída no processo sócio histórico.

• Condições objetivas e subjetivas do exercício profissional.

• Instrumentalidade do trabalho do assistente social →


respostas profissionais → modificam e transformam as
condições objetvas e subjetivas no nível do cotidiano.
• Passagem das ações meramente instrumental para
o exercício profissional crítico e competente.

• Instrumentalidade como particularidade → espaço


no qual a cultura profissional se movimenta.

• Mediação / Construçnao coletiva / Razão dialética.


• Referências Bibliográficas
GUERRA, Yolanda.Instrumentalidade do processo de trabalho e
Serviço Social. Serviço Social e Sociedade n. 62, São Paulo:
Cortez, 2000.
QUESTÕES
Se é verdade que a instrumentalidade insere‐se no espaço do singular, do cotidiano, do
imediato, também o é que ela, ao ser considerada como uma particularidade da profissão,
dada por condições objetivas e subjetivas, e como tal socio-históricas, pode ser concebida
como
•A campo de tensões e de lutas, configurando um alargamento da prática profissional,
mediante formulação de demandas e controle das ações do Estado
•B campo de intervenção que ressignifica modalidades práticointerventivas tradicionais,
dentre as quais se inclui a construção de uma nova cultura das classes subalternas.
•C uma prática situada no campo do imediato, que tem como fim a mediação de conflitos
nas relações sociais sob a égide do capital.
•D campo da intervenção do Estado, tendo seus modos de intervenção constituídos em
matéria política, histórica e social para alteração das relações de poder.
•E campo de mediação e instância de passagem das ações meramente instrumentais para o
exercício profissional crítico e competente.
Iamamoto e Carvalho (2001) apontam três dimensões indissociáveis que devem ser de
domínio do Assistente Social, a saber: competência ético-política, competência teórico-
metodológica e competência técnico-operativa. Constitui-se como uma característica
relacionada à competência teórico-metodológica
•A a obrigatoriedade do profissional responder às demandas colocadas pelos
empregadores e pelos usuários na realidade social
•B a importância do profissional assumir e materializar os valores e princípios ético-morais
que dão corpo ao Projeto Ético-Político do Serviço Social.
•C a importância do profissional conhecer de forma qualificada a realidade social, política,
econômica e cultural com a qual trabalha.
•D que, ao intervir nas expressões da questão social, o profissional deve adotar um
distanciamento da despolitização, do fatalismo e do messianismo profissionais
•E que o profissional deve ter posicionamento político frente às questões que aparecem na
realidade social, abstendo-se da neutralidade.
Sob a ótica do pensamento crítico-dialético, o significado sócio-histórico do instrumental técnico-operativo do Serviço
Social é compreendido não somente como um conjunto de instrumentos e técnicas, mas como parte da intervenção do
assistente social nas relações sociais. Partindo do entendimento de que, para a concretização do seu trabalho profissional,
o assistente social aciona um instrumental técnico-operativo, analise as afirmativas abaixo.

I A dimensão técnico-operativa nos capacita a operar a passagem das características singulares de uma situação que se
manifesta na prática profissionall para uma interpretação à luz do cotidiano.
II A instrumentalidade do Serviço Social, numa análise crítica, sofre as determinações da dinâmica social, da qual emanam
as demandas para as instituições nas quais o assistente social desenvolve seu trabalho profissional.
III A intervenção técnico-operativa está amparada pela dimensão ético-político e esta, por sua vez, se encontra aportada
em fundamentos teóricos que nos capacitam a compreender os limites e as possibilidades do exercício profissional, como
parte do movimento contraditório da realidade social.
IV A dimensão teórico-metodológica da formação do assistente social tem prioridade sobre a dimensão técnico-
operativa, pois fundamenta a prática profissional, seguida da dimensão ético-politica que analisa e investiga novas
demandas.

Estão corretas as afirmativas


•A I e IV.
•B I e II.
•C II e III.
•D III e IV.
Sobre a instrumentalidade do processo de trabalho do Serviço Social, assinale a alternativa
INCORRETA.
•A
A instrumentalidade constitui-se em uma possibilidade concreta de reconhecimento social da
profissão por possibilitar o atendimento das demandas e o alcance de objetivos profissionais e
sociais.
•B
Na medida que os/as profissionais utilizam, criam e/ou adequam as condições existentes, suas
ações não passam a ser portadoras de instrumentalidade.
•C
A instrumentalidade é uma condição necessária à reprodução da espécie humana.
•D
Toda postura teleológica encerra a instrumentalidade, o que possibilita ao homem atribuir às
coisas as propriedades verdadeiramente humanas, no intuito de que elas venham a converter-se
nos instrumentos, nos meios para o alcance de suas finalidades.
•E
Além da alienação em relação ao objeto do trabalho, a alienação também está presente na
atividade produtiva.

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