A EDUCAÇÃO COMO SUBSÍDIO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA: o papel do Serviço Social nas escolas e na
construção de uma educação emancipadora
Nome das autoras: Vitória Melo Ferreira Drumond e Suênya Thatiane Souza de Almeida
Nome da instituição: Centro Universitário Unihorizontes – Belo Horizonte/MG.
Palavras-chave: Educação; Serviço Social; Transformação; Desenvolvimento .
RESUMO
Este artigo tem por intuito apontar como a educação é fundamental para o
desenvolvimento social e como é preciso produzir uma educação que vá para além do
capital, se configurando como uma condição para reconstruir, a fim de proporcionar
caminhos rumo à transformação social. Neste sentido, o Serviço Social, enquanto
categoria viva nas mediações, é uma profissão que se contorna na necessidade de
analisar e compreender a realidade em sua totalidade, na luta pela garantia dos direitos
fundamentais, contribuindo para a formação de uma realidade mais justa. Portanto, se
mostra fundamental a presença do Serviço Social nas escolas, pois além de ampliar as
possibilidades de proteção e superação das demandas apresentadas, é possível
construir conjuntamente uma educação transformadora, que traga posicionamento e
consciência, no combate à mentalidade conservadora.
INTRODUÇÃO
A educação, como tarefa que suscita movimento, reflexão e transformação, traz
descobertas e é capaz de revelar e produzir conhecimento para reconstruir o que está
posto. O ato de educar vem desvelando a capacidade de formação da consciência
crítica, e com criticidade e posicionamento acerca da realidade exposta, a sociedade
tem a possibilidade de tomar melhores decisões, de ir de encontro às próprias
habilidades, de desenvolver um olhar mais humano e de compreender a própria
realidade para que se possa tomar providências, para que se possa agir
coletivamente em prol do bem comum, em prol da garantia dos direitos e em prol do
desenvolvimento social do qual faz parte. Todo ser humano tem potencial e o direito
de se desenvolver, e a educação oportuniza o conhecimento sobre si e sobre o
mundo.
Quando se entende que existe luta de classes, que existem relações de soberania
e subalternidade, que a classe trabalhadora é oprimida e fragilizada por uma trajetória
histórica que vem sendo determinada pelos interesses econômicos e políticos de um
determinado grupo, entre outras relações de opressão que foram trabalhadas na
história, há abertura para a emancipação. Portanto, é imprescindível se atentar ao
cenário político e social, que tem relação com o passado, para que a sociedade possa
se redirecionar e se reconhecer enquanto grupo subalternizado, se despindo, ainda,
das projeções e ideais de conservação. A educação precisa preconizar a
problematização acerca daquilo que está posto, além de considerar cada educando
nas suas potencialidades e necessidades, a fim de construir uma prática pedagógica
que dialogue e reconstruir a história.
A educação, como uma condição potente para reconstruir, se caracteriza como um
processo pedagógico de ensino capaz de promover a criticidade, a formação do
pensamento para além daquilo que se vê, o desenvolver de habilidades e a
construção conjunta de uma nova perspectiva, pautada em valores humanos. E, desta
forma, o Serviço Social está disposto não só para compreender e atender as
demandas que surgem do ambiente escolar, a fim de viabilizar os direitos e contribuir
com o acesso e a permanência dos alunos nas escolas, mas também para fortalecer,
defender e construir uma educação que venha para transformar a realidade colocada.
Surge aí então a importância deste artigo, para compreender melhor esta realidade, e,
sobretudo, frisar como a educação é um pilar fundamental para a formação cidadã e
como o Serviço Social é uma profissão insubstituível, no que tange o reconhecimento
da realidade concreta e a construção de conhecimento.
DISCUSSÃO CRÍTICA
A Educação como possibilidade de reconstrução
A educação, que revela o conhecimento sobre determinado objeto, faz com que as
pessoas, enquanto seres sociais, políticos, vivos e pensantes, acessem muitos espaços e
conheça os fatos que foram protagonistas do processo de formação sócio histórica, que
moldam a sociedade, o que consequentemente coopera com a construção de uma visão de
mundo que ultrapassa os saberes projetados sob uma estrutura alienante, que serve para
controlar. O conhecimento fundamentado acerca da própria realidade traz posicionamento
perante as escolhas políticas e isso orienta a história.
Freire (1982, p. 95) citado por Ecco e Nogaro (2015, p. 3528) afirma que existe uma
interrelação entre educação e conhecimento, isto é, ambos conjugam-se, pois a prática
educativa constitui-se numa situação de conhecimento: “[...] a educação, não importando o
grau em que se dá, é sempre uma certa teoria do conhecimento que se põe em prática”.
Evidentemente, a educação traz a real possibilidade de suscitar processos formativos de
humanização, pois sem uma educação emancipadora, autenticamente verdadeira, isto é, que
preze pela formação crítica e pelo desenvolvimento e não pelo treinamento mecânico, é
quase impossível romper e superar os moldes capitalistas, que acabam por manter os
processos desumanizadores e as relações de poder. Portanto, é seguro dizer que educar é
promover e considerar o outro. Nisto, a prática humanizadora acontece, o que pode
tangibilizar o alcance pleno da cidadania.
O Serviço Social no contexto escolar
O Serviço Social surge dentro de uma concepção capitalista. Está posto para atuar frente
às contradições e conflitos que são advindos desse modelo histórico. É uma profissão que
construiu, ao longo do tempo, um olhar crítico acerca da dinâmica social e dos rebatimentos do
capital, se apropriando das produções e obras teóricas que surgiram a partir das ciências sociais.
A questão social, grande objeto de intervenção da (o) profissional, se demarca num contexto
capitalista, onde uma classe se sobrepõe a outra, sistematicamente, e seus interesses e
capacidades de organização de conflitam e não se organizam, devido à essa profunda diferença
de classes, marcada pela desigualdade.
O Serviço Social enquanto categoria profissional, se ergue atualmente como uma
profissão que reconhece as contradições que permeiam o social e que, a partir do conhecimento
consistente a respeito da história, da luta de classes, das perspectivas que se contornam nesse
meio, se debruça sobre as relações sociais, na defesa dos direitos.
Tendo em vista as premissas e objetivos do Serviço Social enquanto profissão crítica que
está inserida nas relações sociais na defesa dos direitos, a prática profissional no ambiente
escolar está disposta para contribuir com o processo de ensino e aprendizagem, entre educando
e educador, na construção de uma educação cada vez mais inclusiva e emancipadora, que
promova formação crítica, desenvolver de habilidades e uma convivência ética.
PERCURSO METODOLÓGICO
Segundo Marconi e Lakatos (2003), o procedimento metodológico evidencia a estruturação concreta
do objeto de estudo, dentro de um contexto didático, lógico, sistêmico e racional. Para a realização da
pesquisa, primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório para
conhecimento do tema e elaboração do referencial teórico, bem como um apanhado histórico acerca dos
conceitos, da conjuntura histórica na qual se insere a educação e o papel e a fundamentalidade do
Serviço Social enquanto categoria mediação, destacando, ainda, os impactos diretos do sistema
capitalista sobre a lógica de ensino e as possibilidades de transformação que a educação traz.
Foi utilizada uma metodologia histórica, qualitativa, a qual consiste em leitura crítica da realidade,
baseada na abordagem dialética, que tem como proposta analisar os contextos históricos, as
determinações estruturais, bem como as relações sociais de produção e de dominação, com a
compreensão das representações sociais, que se apoia em leituras, obras teóricas e autores inerentes à
problemática da pesquisa, como Paulo Freire, pioneiro da educação brasileira.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se faz fundamental a compreensão de que a prática pedagógica promova o encontro do

educando com a sua realidade concreta, legitimando as suas capacidades e colaborando com o seu
processo formativo, com o objetivo de criar e aplicar uma educação que não esteja estruturada na
superficialidade da transferência, mas na expansão da consciência crítica, social e política.
É preciso compreender que o Serviço Social na educação tem um papel fundamental e singular,
pois dentro desta política existem realidades plurais, há particularidades grandes nas expressões da
questão social, e a/o assistente social é a grande mediadora do processo de acesso e permanência
dos alunos no processo educacional. Este trabalho contempla a comunidade escolar, que envolve
não só as escolas, mas também a família e sociedade. Dessa forma, a/o assistente social trabalha na
viabilização do acesso, na construção de alternativas cabíveis para a minimização e/ou dissolução
das demandas identificadas e na articulação com outras políticas sociais, a fim de promover
proteção, para que os sujeitos tenham acesso permanente a essa política tão fundamental que é a
educação. Atuando ainda na formação e na defesa de uma educação que traga postura crítica e que
contribua com o desenvolvimento social.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, C. A Educação Popular Na Escola Cidadã. Petrópolis: Vozes, 2002.

COSTA, José Junio. A Educação Segundo Paulo Freire: Uma Primeira Análise
Filosófica. Theoria - Revista Eletrônica De Filosofia Faculdade Católica De Pouso Alegre,
Volume Vii – Número 18, 2015.
ECCO, Idanir. NOGARO, Arnaldo. A Educação em Paulo Freire como processo de
humanização. Educere Xii Congresso Nacional De Educação, Pucpr, Issn P. 2176-1396,
2015.
FLORENTINO, Bruno Ricardo Bérgamo. REIS, Angra. O Assistente Social a serviço da
Educação Pública: possibilidades e desafios. Educação, Gestão E Sociedade: 2015
Disponível: Http://Uniesp.Edu.Br/Sites/_Biblioteca/Revistas/20170509161233.Pdf
FREIRE, Paulo. A Alfabetização De Adultos: Crítica De Sua Visão Ingênua;
Compreensão De Sua Visão Crítica. In: Ação Cultural Para A Liberdade: E Outros
Escritos. Rio De Janeiro: Paz E Terra, 2003.
_______________. Educação: o sonho possível. In. Brandão, C. R. (Org.) O Educador:
Vida E Morte. Rio De Janeiro: Graal, P. 89-101, 1982.
_______________. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos.
São Paulo: Unesp, 2000ª.
GADOTTI, Moacir. Educação e ordem classista. In: Freire, Paulo. Educação E Mudança.
Rio De Janeiro: Paz E Terra, 2003.
GUIMARÃES, S. J. PEREIRA, S. L. B. Serviço Social e saúde mental. In: VI Jornada
Internacional de Políticas Públicas - O desenvolvimento da crise capitalista e a atualização
das lutas contra a exploração, a dominação e a humilhação, São Luís, 2013.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia
científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
OLIVEIRA, I. A. De. Filosofia da Educação: reflexões e debates. Petrópolis, RJ: Vozes,
2006.
SILVA, Gomes Lenilma. A Introdução Do Serviço Social Na Educação E Sua
Contribuição. Brasil Escola, 2021. Disponível:
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-introducao-servico-social-na-
educacao-e-sua-contribuicao.htm