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ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR AUGUSTO GOTARDELO

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

JUIZ DE FORA
2023

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ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR AUGUSTO GOTARDELO

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

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“Lutamos por justiça, liberdade, para que a juventude possa construir sua
dupla cidadania, política e econômica, e não há outra saída senão o trabalho
coletivo.”

Gaudêncio Frigotto em entrevista ao SINPRO MG

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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO......................................................................................................................... p. 1

2-JUSTIFICATIVA........................................................................................................................ p. 4

3-CONTEXTO SOCIOECONÔMICO............................................................................................. p. 5

4-INSTALAÇÕES E FUNCIONAMENTO ATUAL............................................................................ p. 7

5-OBJETIVOS............................................................................................................................. p. 8

6-PROPOSTA DE ALFABETIZAÇÃO............................................................................................. p. 9

7-AVALIAÇÃO............................................................................................................................ p. 11

8-ORGANIZAÇÃO DO ANO LETIVO E PLANEJAMENTO.............................................................. p. 13

9-EDUCAÇÃO ESPECIAL............................................................................................................. p. 13

10-PROJETOS PEDAGÓGICOS.................................................................................................... p. 18

11-ANEXO: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO 2024..................................................................... p. 26

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1 - INTRODUÇÃO

“Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem


uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceberem as
injustiças sociais de maneira crítica.”
Paulo Freire

Pensar e construir uma escola nos marcos de uma sociedade excludente e


permeada pelo pacto da Branquitude que cria as condições propicias para o biopoder
e a consolidação de processos de discriminação e preconceito em relação aquilo que
não está definido como “universal”, é um desafio que exige unidade de ação, gestão
democrática e aberta à participação ativa da comunidade e dos movimentos sociais,
bem como a implementação de um currículo critico e que valorize as diferentes
heranças culturais e conhecimentos construídos historicamente.
Nossa escola tem como missão instrumentalizar a classe trabalhadora
para que a mesma possa ser sujeito de sua própria história e capaz de
transformar a sua realidade e daqueles que vivem em seu entorno ou nas
mesmas condições sociais e econômicas.
Para alcançar esse objetivo, enfrentar os paradigmas da sociedade atual é
inerente à nossa ação pedagógica e construção do eixo curricular. Cabe aos
educadores romper com as pedagogias escolares articuladoras dos interesses das
classes dominantes e vincular sua concepção e sua prática a uma perspectiva de
transformação, tanto da humanidade quanto do mundo. Acreditamos que a escola é
o meio, através de seus conteúdos e práticas, de emancipar os trabalhadores
propiciando o entendimento da exploração, ideologias e controles dessa sociedade.
Cabe-nos viabilizar aos que vivem do trabalho o acesso e a apropriação dos
conteúdos e saberes elaborados pela humanidade. Dessa forma, devemos
possibilitar, de modo amplo, a formação de consciências críticas que sejam capazes
de defender os seus próprios direitos e transformar a realidade em que vivem.

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“A educação como prática da liberdade é um jeito de ensinar que qualquer um pode
aprender. Esse processo de aprendizado é mais fácil para aqueles professores que
também creem que nosso trabalho não é o de simplesmente partilhar informação, mas
sim o de participar do crescimento intelectual e espiritual dos nossos alunos, ensinar
de um jeito que respeite e proteja as almas dos nossos alunos é essencial para criar
as condições necessárias para que o aprendizado possa começar de modo mais
profundo e mais íntimo” Bell Hoocks

Isso implica, de forma ampla, lutar por uma educação pública, gratuita,
universal, laica, antirracista, que se posicione contra a herança do patriarcado, de
qualidade, integral, inclusiva e que valorize os profissionais da educação; dentro do
universo escolar isto implica em garantirmos a todos os nossos alunos a aquisição da
escrita, leitura e o desenvolvimento das diversas formas de expressão e a
aprendizagem das diferentes áreas do conhecimento através de uma educação
omnilateral do homem todo, corpo e intelecto, e que seja integral, com tempo de
atividades escolares e extraescolares.
Tal proposta tem como cerne a maneira como o indivíduo se propõe a explicar
determinada realidade e, nesse sentido, os pressupostos pedagógicos da escola
caminham no sentido de propiciar ao aluno ser capaz de questionar os conceitos e
conhecimentos transmitidos, empoderar-se para superar e transformar socialmente
sua realidade. Reafirmar a escola como um espaço de acesso à cultura elaborada, à
produção cultural e acadêmica e, por isso, acreditar no indivíduo como ser que
constrói sua própria história.
A prática inclusiva exige que tenhamos algumas compreensões:

1- O educando é sujeito de sua história, possui conhecimentos que devem ser


valorizados pela escola (mesmo que eles não sejam propriamente escolares);
2- Compreender que as diferenças de desenvolvimento não são sólidas nem
permanentes (não há a figura do aluno bom ou do aluno ruim/com defasagem);
3- Compreender a aprendizagem como um processo individual, mas que necessita
do entendimento e participação do coletivo para avançar;
4- Compreender que a dimensão inclusiva serve para empoderar o aluno, fazê-lo
capaz de refletir sobre a sua realidade e ter elementos emancipatórios para
modificá-la.

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Visitando outros atores podemos observar que:
A teoria de Vygotski, denominada psicologia historico - cultural, compreende o
estudante como sujeito sócio – histórico e, portanto, complexo, que precisa ser olhado
a partir de múltiplas perspectivas.
Como sinalizam as teorias críticas e pós – críticas do currículo, categorias como
raça, classe, gênero, território e identidade precisam compor os dados que vão
orientar as políticas públicas educacionais, porque todas elas dialogam com a garantia
do direito a aprendizagem.
Derrmeval Saviani adverte-nos de que não se separa teoria da prática,
apontando que é fundamental termos em mente as determinações sociais sofridas
pela escola, e por isso, as soluções não podem se reduzir a ações isoladas e
individuais. As soluções para a escola pública devem ser aplicadas com ênfase social,
tendo como foco o bem comum na perspectiva de responsabilidade de políticas
públicas, das ações do Estado.
Assim, nossa dimensão pedagógica está alicerçada na práxis revolucionária e
de transformação. Quando pensamos em construir uma educação libertadora e
inclusiva, precisamos revistar tudo que acreditamos que seja sólido e lembrar da frase
de Marx: “tudo que é sólido se desmancha no ar”.
Não há educação inclusiva e transformadora se a nossa ação pedagógica não
for questionada, revisitada e modificada. Desse modo, objetivamos desenvolver
atividades de ensino nas quais o centro do processo não seja o professor, mas o aluno
que se torna sujeito do seu aprendizado. Nesse contexto, o professor deverá assumir
o papel de mediador entre o saber elaborado e o conhecimento a ser produzido. Freire
(1997) defende a necessidade de conhecimento e afetividade por parte do educador
para que este tenha liberdade, autoridade e competência no decorrer de sua prática
docente, onde a disciplina verdadeira não estaria no silêncio dos silenciados, mas no
alvoroço dos inquietos, o que implica na autoridade verdadeiramente democrática.
Segundo o autor, o educador deve exercer sua autoridade e sua liberdade, que devem
ser vividas em sua totalidade em uma relação dialética, centrada em experiências
estimuladoras de decisão e responsabilidade.

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“(...) fazer da sala de aula um contexto democrático onde todos sintam a
responsabilidade de contribuir é um objetivo central da pedagogia transformadora (...)
A aceitação da descentralização global do Ocidente, a adoção do multiculturalismo
obriga os educadores centrar a sua atenção na questão da voz. Quem fala? Quem
ouve? E por quê?” Bell Hooks.

O conhecimento deve ir além da definição, classificação, descrição e


estabelecimento de correlações dos fenômenos sociais concretos e necessita ser
contextualizado e, nesse sentido, o ensino deverá ser encaminhado de modo que a
dialética dos fenômenos sociais seja explicada e entendida para além do senso
comum, elaborando uma síntese que favoreça a leitura das sociedades à luz do
conhecimento científico. Nosso propósito é instigar uma busca pela reaproximação do
todo, superando a fragmentação do ensino e a simples reprodução do conhecimento,
trazendo uma ação pedagógica que busque a formação de um sujeito crítico e
inovador e que rompa as barreiras da sala de aula.

2 - JUSTIFICATIVA

Este Projeto Político-Pedagógico tem como objetivo lançar as bases para criar
um ambiente onde todos os alunos se sintam valorizados, e mais do que isso,
empoderados na luta contra a discriminação de raça, gênero ou condição
socioeconômica. A discriminação racial, a desigualdade social e o machismo são
questões profundamente arraigadas em nossa sociedade, e nessa quebra de
paradigmas, a escola desempenha um papel crucial na promoção da igualdade e na
desconstrução dessas estruturas de opressão.
Nossa política pedagógica tem o firmo propósito de combater o racismo e
contribuir para a conscientização sobre a importância da diversidade étnica e racial,
além de promover o respeito mútuo e a valorizar as diferentes culturas presentes na
comunidade escolar.
A educação que almejamos precisa desempenhar um papel fundamental na
quebra do ciclo da pobreza e desigualdade. Dessa forma, o fazer pedagógico deste
estabelecimento busca reduzir a desigualdade social por meio da implementação de
práticas inclusivas, do acesso equitativo a recursos educacionais, da promoção da
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diversidade e do respeito às diferenças, da sensibilização para as questões de gênero
e raça, e do desenvolvimento de habilidades socioemocionais que capacitem os
alunos a enfrentar os desafios sociais e a contribuir para uma sociedade mais justa e
igualitária.
A herança patriarcal é uma barreira significativa para o pleno desenvolvimento
de mulheres e meninas. Nesse sentido, o presente Projeto Político-Pedagógico tem
como orientação a promoção da igualdade de gênero, o combate ao machismo e o
empoderamento das mulheres.
Ademais, a educação desempenha um papel vital na formação de cidadãos
conscientes de seus direitos e responsabilidades em uma sociedade democrática. A
defesa da democracia em nossa política pedagógica inclui a reflexão com base no
humanismo, no civismo e nas práticas democráticas na gestão escolar.
Dessa forma, o Projeto Político-Pedagógico da Escola Municipal Professor
Augusto Gotardelo busca preparar os alunos para serem cidadãos ativos e
responsáveis e promover aos estudantes e a comunidade compreenderem seu papel
na sociedade, a participarem ativamente na tomada de decisões e a defenderem
valores democráticos. Nossa busca por uma sociedade mais justa, igualitária e
democrática no futuro passa pelo combate ao racismo, a desigualdade social e ao
machismo.

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3 - CONTEXTO SOCIOECONÔMICO

Compreender o contexto socioeconômico é fundamental para abordar desafios


como a pobreza, a desigualdade e o desenvolvimento econômico, e para projetar
políticas públicas eficazes para melhorar a qualidade de vida dos educandos.
Esses fatores interagem entre si e têm um impacto significativo na forma como
as pessoas vivem, trabalham e se relacionam. Alguns dos elementos-chave do
contexto socioeconômico incluem: educação, saúde, economia, emprego,
desigualdade, cultura e tecnologia.
A escola atende, até o presente momento, aos bairros Caiçaras I, Caiçaras II,
Bairro Nova Vida, Bairro Nova Germânia e Parque São Pedro. Esses bairros se
constituem em assentamentos urbanos, inicialmente formados por pessoas oriundas
de várias regiões da cidade de Juiz de Fora, que se estabeleceram e estão
construindo a identidade dessas comunidades. O público atendido perpassa
socialmente pela população de baixa renda. Dessa forma, percebe-se uma grande
carência social e da assistência familiar dos alunos de forma geral e, nesse contexto,
a escola constitui-se na única referência social e cultural da comunidade, inexistindo
postos de saúde e da polícia militar na região.
Em nossa escola temos em média 352 alunos, sendo o maior número (214
alunos) matriculado em tempo integral, no primeiro semestre de 2023.

 Educação Infantil: 67 alunos


 Ensino Fundamental: 248 alunos
 Educação de Jovens e Adultos (EJA): 37 alunos

A comunidade escolar possui, em grande parte, vulnerabilidade social e


econômica, o que torna mais complexo o processo de ensino aprendizagem e de
formação de capital humano.
Em relação ao acesso à saúde, observa-se a carência de acesso e dos
serviços, afetando diretamente a qualidade de vida destas pessoas. O bairro não é
atendido por unidade básica de saúde, há precariedade no transporte público, o que
dificulta a mobilidade das pessoas quando necessitam de urgência para atendimento

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à saúde, aumentando o índice de morbidez. A situação econômica da comunidade
escolar é de extrema pobreza, e por isso, muitos sobrevivem apenas de benefícios. O
número de alunos que atendidos pelo programa do Bolsa Família é,
aproximadamente, 120.
O índice de empregabilidade das famílias é baixíssimo e não há mínima
estabilidade de condições de trabalho, o que impacta, diretamente, em diversos
aspectos na vida dos alunos. Pode-se inferir, nesse contexto, que o nível de emprego
e a falta de oportunidade de trabalho influenciam diretamente no bem-estar das
famílias.
A desigualdade econômica e social é um problema devastador, que persiste e
parece aumentar e se eternizar ano após ano, principalmente após períodos de
calamidade pública (como o da pandemia), que afetam a economia, especialmente
das classes menos abastadas.
O acesso à tecnologia é precário e muitos, além de não terem condições de
manter uma internet em casa, também não possuem condições de comprar os
aparelhos necessários à utilização da internet. Isso impacta na comunicação e no
acesso às informações, o que precariza o direito à educação digital destes alunos, o
tornando alienados tecnológicos.
Devido a todos esses aspectos elencados, os valores culturais e as normas
sociais necessitam ser reforçados e perpassar continuamente em todo o processo de
ensino aprendizagem através de propostas de práticas educacionais e pedagógicas
humanizadas e holísticas.

4 - INSTALAÇÕES E FUNCIONAMENTO ATUAL

O prédio atual da escola possui uma estrutura física com aproximadamente


5000 metros quadrados, contando com treze salas de aula, um Laboratório de
Informática, uma Sala de leitura e multimeios, uma sala dos professores com dois
banheiros, sala da direção e coordenação pedagógica, secretaria, duas salas de
materiais, quatro banheiros acessíveis, rampa de acessibilidade, refeitório, cozinha e

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despensa, um pátio interno coberto e um descoberto, parquinho, horta, além de uma
quadra poliesportiva coberta com dois vestiários e uma sala de materiais esportivos.
Para o ano de 2024 está previsto também o funcionamento de uma sala de AEE.
A nossa história é relativamente recente, pois a escola foi fundada em 2006,
com duas sedes, funcionando inicialmente em espaços alugados pela prefeitura, um
no anexo da Igreja Metodista do bairro São Pedro e a outra no bairro Parque São
Pedro, local onde aguardamos a construção da sede definitiva que ficou pronta em
2008. Em 2009 ocorreu a mudança definitiva para a atual sede no bairro Caiçaras II.
A princípio o atendimento se restringia às turmas de educação infantil e anos iniciais
do ensino fundamental. Em 2011 houve a ampliação do atendimento para os anos
finais, com a abertura de uma turma de sexto ano. Também em 2011, aprovamos o
projeto do governo federal Mais Educação, quando na ocasião houve a ampliação do
tempo na escola dos alunos com dificuldade de aprendizagem e em vulnerabilidade
social através de oficinas que funcionaram até o ano de 2015. Posteriormente, em
setembro de 2013 foram abertas duas turmas multisseriadas de Ensino de Jovens e
Adultos no turno da noite, uma turma de fases iniciais e outra de fases finais. Porém,
para o ano de 2024, devido à falta de demanda, não iremos mais ofertar essa
modalidade. Também em 2015 conseguimos garantir a Lei que determina o
funcionamento integral da nossa escola e atualmente funcionamos com as turmas da
educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental (1º a 5º ano) em regime
integral. Os anos finais do ensino fundamental ainda estão em regime regular.

5 - OBJETIVOS

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, elencamos


abaixo o que diz o documento que encontra consonância com nossos objetivos:
Art. 23 -Parágrafo único: no Ensino Fundamental acolher significa também
cuidar e educar, como forma de garantir a aprendizagem dos conteúdos curriculares,
para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam
usufruir dos bens culturais disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade

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em geral, e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses
bens.
Art. 24 – os objetivos da formação básica das crianças, definidos para a
Educação Infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do Ensino Fundamental,
especialmente no primeiro, e completam-se nos anos finais, ampliando e
intensificando, gradativamente, o processo educativo, mediante:
I – Desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II – Foco central na alfabetização, nos três primeiros anos;
III – Compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da
economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos valores em que se fundamenta a
sociedade;
IV - O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
V- Fortalecimentos dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana
e de respeito recíproco em que se assenta a vida social;

Assim, nossa atuação terá como princípios norteadores:


1 - Éticos: de justiça, de solidariedade, liberdade e autonomia; respeito à
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoção de bem de todos,
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestações de preconceito e
discriminação;
2 - Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania, de
respeito ao bem comum e à preservação do regime democrático e dos recursos
ambientais; de busca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos
bens culturais e outros benefícios; de exigência de diversidade no tratamento para
assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes
necessidades;
3 - Estéticos: de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade; de
enriquecimento das formas de expressão e do exercício da criatividade; de
valorização das diferentes manifestações culturais, especialmente as da cultura
brasileira; de construção de identidades plurais e solidárias.

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Ainda:
4 - Estabelecer uma aprendizagem que rompa com a História Única
preconizada pelos valores Ocidentais, garantindo o multiculturalismo, a educação
antirracista e antissexista,
5 - Garantir o acesso a história da África e dos Afrodescendentes, através do
estudo da Mitologia e dos movimentos sociais que lutam pelos direitos e igualdade
racial,
6 - Estabelecer parceria com os movimentos sociais que militam em prol de
uma sociedade inclusiva, sustentável e democrática.
7- Propiciar nos momentos coletivos momentos de formação e estudo aos
docentes e demais funcionários;

6 - PROPOSTA DE ALFABETIZAÇÃO

6.1- Alfabetizar para libertar.

Frente às novas discussões e estudos envolvendo o processo de Alfabetização,


as instituições escolares passaram e estão passando por um momento de reflexão
sobre as concepções e práticas envolvendo este processo, principalmente por terem
a preocupação de incluir a todos os alunos além de garantir um processo educacional
marcado pelo sucesso independente das características individuais.
Neste momento, nos perguntamos: qual a concepção de alfabetização que
atende nossos anseios e crenças e que estimula e dá significado ao aprendizado dos
nossos alunos?
Buscando responder a esta e outras questões sobre qual é a nossa proposta
de “alfabetização e letramento” acreditamos que a prática do professor em sala de
aula deve ir além do codificar e decodificar palavras e letras. A criança precisa
participar do universo letrado, sendo necessário que o professor trabalhe em sala de
aula textos de ordem prática, científica e literária que promovam situações em que a
criança se aproprie da língua e que saiba usar a língua escrita em diferentes situações.

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Deve-se explorar todos os gêneros textuais tanto para a leitura, como para a
interpretação e a escrita.
Segundo Paulo Freire, a alfabetização é um ato criador. O processo de
alfabetização caracteriza-se no interior de um projeto político que deve garantir o
direito a cada educando de afirmar sua própria voz. Aprender a ler e escrever é
aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto numa relação dinâmica
vinculando linguagem e realidade. Ser alfabetizado, assim, é tornar-se capaz de usar
a leitura e a escrita como meio de tomar consciência da realidade e transformá-la.
É fundamental respeitar o ritmo da criança, considerando seus avanços e
buscando novas estratégias para que ela possa transformar suas dificuldades nos
próximos passos. Para Emília Ferreiro (1999), a alfabetização não é um estado no
qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos, anterior à escola.
O aluno deve ser convidado e estimulado a participar de seu processo de
aprendizagem, desmitificando a sua posição enquanto sujeito passivo, mas trazendo
a sua história e sua cultura para a escola.
É importante colocar a criança em estreito contato com as práticas sociais de
leitura, sendo a escola responsável por promover um ambiente alfabetizador capaz
de oportunizar a todas as crianças o acesso às diferentes formas de ler e escrever.
Ressaltamos ainda ser indiscutível a influência das condições de vida das crianças no
processo de elaboração e construção do conhecimento do mundo. Nestas condições,
o importante papel que desempenha a presença de adultos ou pessoas mais
experientes, como interlocutores e informantes das crianças.
Por fim, a prática da leitura e da escrita deve partir de um significado para a
criança, de forma que a mesma tenha sentido para ela, ou seja, deve haver uma
interação entre o que se produz e seu real significado. Em síntese, defendemos um
processo de alfabetização que implica, desde sua gênese, a constituição do sentido.
Conforme nos aponta Magda Soares (2003), o processo de alfabetização deve
caminhar em paralelo ao processo de letramento: “No entanto, quando se alfabetiza,
desenvolve-se paralelamente uma dimensão de compreensão de significados. Isso
envolve o letramento: a imersão da criança no reconhecimento dos usos da cultura
escrita”.

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7 - AVALIAÇÃO.

Os processos avaliativos devem estar pautados na recomendação dada pela


LDB em seus artigos 12, 13 e 14, cuja orientação se assenta no zelo pela
aprendizagem dos alunos, a necessidade de prover os meios e as estratégias para a
recuperação daqueles com menor rendimento e consideram a prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos. A avaliação deve ter papel
redimensionador da ação pedagógica e deve assumir um caráter processual,
formativo e participativo, ser continua, cumulativa e diagnóstica.
Ainda, avaliar, segundo os PCN´s (1998), “é uma ação pedagógica guiada pela
atribuição de valor apurada e responsável (...) das propostas lançadas durante as
aulas. É imprescindível, nessa etapa, a clareza dos objetivos, das habilidades que se
quer desenvolver, associada à adequação das estratégias didáticas empregadas.
Cabe ao professor cuidar para que as atribuições de valor estejam coerentes com as
propostas e oportunidades dadas à aprendizagem. Vale ressaltar a importância da
avaliação processual.”
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394 de 1996, descreve
no artigo 23, inciso V: a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo
do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de
estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas
séries mediante verificação do aprendizado (BRASIL, 2003). Lançamos mão da
legislação para reafirmar que a avaliação é uma questão política inserida no processo
educacional e neste percurso também está o planejar, ensinar e aprender,
intimamente ligados ao processo avaliativo que devem ser considerados, levando em
conta os estudantes que desejamos formar.
Para o registro do desenvolvimento dos alunos da educação infantil será
utilizada a observação cotidiana levando em consideração: seus aspectos
emocionais, desenvolvimento físico, habilidades e competências adquiridas ao longo
do percurso e as atividades realizadas individualmente e em grupo. Os relatórios

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individuais devem ser preenchidos de forma coletiva pelos professores envolvidos
com o aluno e haverá também a construção do portfólio da turma.
Do primeiro ao quinto ano além dos conceitos (A-B-C) os professores deverão
escrever os relatórios individuais trimestralmente, de forma conjunta entre os pares,
utilizando para isso os momentos reservados nas reuniões pedagógicas para esta
finalidade. A avaliação durante esse período será realizada por disciplina, contudo o
conceito será global ao entendermos que o desenvolvimento e aprendizagem da
criança não se dá de forma segmentada nem descontextualizada das diferentes
oportunidades de interação, aquisição de conhecimento e desenvolvimento das
habilidades. A partir de 2024 propomos que os alunos dos Anos Finais do Ensino
Fundamental também sejam avaliados utilizando os conceitos (A, B, C), entendo que
a avaliação qualitativa e permanente deve perpassar todo o Ensino Fundamental. A
recuperação será paralela, ao final de cada trimestre, para todos os alunos que
obtiverem o conceito C.
Para que seja possível atender as crianças em sua diversidade e propiciar uma
educação de qualidade e inclusiva o primeiro passo é conhecer as aprendizagens e
as etapas que as crianças se encontram, para tanto a atividade primeira é a realização
da avaliação diagnóstica.
A avaliação diagnóstica tem como pressuposto e tarefa primeira ser o fio
condutor do planejamento escolar, serve como instrumento INTERNO de
diagnóstico/verificação.
Esse processo avaliativo se dará em quatro etapas distintas e produzidas
coletivamente:

1. Definição dos descritores que serão avaliados/observados e elaboração da


proposta avaliativa;
2. Avaliação, momento da coleta de dados;
3. Análise dos dados;
4. Intervenção Pedagógica.

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8 - ORGANIZAÇÃO DO ANO LETIVO E PLANEJAMENTO

A escola se organiza em trimestres. Durante cada trimestre desenvolvemos a


temática anual e seus subtemas, ao final de cada período temos o momento de
culminância onde toda a comunidade escolar é convidada para partilhar o que foi
construído.
Nossos momentos de troca e planejamento são divididos em: Reunião
Pedagógica com duração de 3 horas, Reunião do Segmento/turma de forma online
com duração de 1 hora e encontro individual com a coordenação pedagógica com
duração de 1 hora. Esses encontros são fundamentais para o desenvolvimento do
trabalho de forma transdisciplinar e encontram respaldo na Resolução 201 de 2023
da S.E

9 - EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Nota Técnica SEESP/GAB/Nº 11/2010 e a Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional (LDB/96) destacam a importância da Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva, considerando-a uma modalidade transversal a
todos os níveis, etapas e modalidades de ensino. A Educação Especial busca oferecer
recursos e serviços, incluindo o Atendimento Educacional Especializado (AEE), de
forma complementar ou suplementar à formação de alunos que fazem parte do público
da Educação Especial.
A LDB/96 define a Educação Especial como uma modalidade de ensino
preferencialmente oferecida na rede regular, destinada a educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. A
inclusão desses alunos na escola regular é um princípio fundamental, promovendo a
igualdade de oportunidades e o respeito à diversidade.
Além disso, ressalta-se a importância da formação continuada para todos os
professores, com ênfase especial para aqueles que atuam com o público da Educação
Especial. Esses profissionais precisam ser especialistas e contar com suporte técnico,

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teórico e filosófico sobre os fundamentos da Educação Especial e das deficiências. A
formação adequada contribui para a criação e implementação de Planos Educacionais
Individualizados (PEIs) que atendam às necessidades específicas de cada aluno,
garantindo uma educação inclusiva e de qualidade.
Assim, a formação continuada dos professores é vista como um instrumento
fundamental para a efetiva implementação da Educação Inclusiva, alinhada aos
princípios constitucionais que regem a Educação e toda a legislação educacional.

9.1 - Atendimento Educacional Especializado (AEE)

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva (2008) define o Atendimento Educacional Especializado – AEE como
atendimento complementar e/ou suplementar à formação dos alunos, que tem a
função de identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade
que eliminem as barreiras para a plena participação dos educandos, considerando
suas necessidades específicas.
O AEE está previsto na Constituição Federal de 1988 (CF/88), no artigo 208,
inciso III; na LDB, artigo 4º, inciso III; na Lei 13.146/15 - Lei Brasileira de Inclusão
(LBI/15) e demais normas que norteiam esse trabalho da educação. O artigo 28 da
LBI/15 incumbe ao Poder Público garantias para um sistema educacional inclusivo e
determina a adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação
inicial e continuada para professores do AEE.
As práticas pedagógicas devem apreciar a adoção de medidas de apoio que
favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e
profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os
interesses do estudante com deficiência, conforme inciso IX do artigo 28 da LBI.
A avaliação dos educandos com deficiência tem de acontecer de forma flexível
e em várias modalidades, considerando o artigo 24, inciso V da LDB/96: a) avaliação
contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais;

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O processo avaliativo deve ser desenvolvido a partir dos objetivos traçados,
respeitando as particularidades de cada aluno, revendo outras possibilidades para
além do formato tradicional de provas e atividades escritas, realizando adaptações
(provas orais, utilização de materiais concretos como jogos, registros por meio de
desenhos e ilustrações). Os docentes devem utilizar a avaliação como forma de
investigação e buscar estratégias com toda a equipe pedagógica para consolidar a
participação dos pais no processo de ensino aprendizagem de seus filhos.
Os educandos com deficiência devem ter tratamentos diferenciados na medida
de suas especificidades, contudo, não podem ser considerados diferentes ou menos
capazes que os demais alunos. Por isso, os professores, que atuam com alunos com
deficiência ou mesmo alguma dificuldade, devem traçar métodos de ensino que
potencializem suas habilidades e minimizem seus déficits/bloqueios/obstáculos, a fim
de estimular o desenvolvimento de cada aprendente.
Essas diretrizes buscam assegurar uma educação inclusiva e de qualidade,
promovendo a igualdade de oportunidades para todos os alunos, independentemente
de suas especificidades.

9.2 - Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD)

De acordo com as orientações da SUPERVISÃO DE ATENÇÃO À


EDUCAÇÃO NA DIVERSIDADE (SAEDI) configura-se atendimento pedagógico
domiciliar e classe hospitalar o atendimento pedagógico-educacional oferecido em
ambiente domiciliar, garantindo ao estudante que se encontra em tratamento de saúde
em sua residência, unidade hospitalar, ou casas de acolhimento a continuidade de
seus estudos. E ainda, cumprindo a Lei 13.716/2018 que visa: “[…] assegurar o
atendimento educacional ao aluno da educação básica internado para tratamento de
saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado”.
Conforme orientações e estratégias do MEC, 2002, sobre classe hospitalar e
atendimento pedagógico domiciliar, o docente precisa preencher alguns requisitos:

O professor que irá atuar em classe hospitalar ou no atendimento pedagógico domiciliar


deverá estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana e diferentes
vivências culturais, identificando as necessidades educacionais especiais dos

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educandos impedidos de frequentar a escola, definindo e implantando estratégias de
flexibilização e adaptação curriculares.

Este professor deverá, ainda, “propor os procedimentos didático-pedagógicos


e as práticas alternativas necessárias ao processo ensino-aprendizagem dos alunos,
bem como ter disponibilidade para o trabalho em equipe e o assessoramento às
escolas quanto à inclusão dos educandos que estiverem afastados do sistema
educacional, seja no seu retorno, seja para o seu ingresso”.
O professor para atuar nesta área deverá ter a formação pedagógica
preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou
licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas
pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista
clínico, sejam do ponto de vista afetivo. (MEC, 2002, p. 23)

9.3 - Professor Para O Ensino Colaborativo

A escola também conta com os professores para o ensino colaborativo, que


teve a nomenclatura modificada diversas vezes, no município de Juiz de Fora/MG.
Esses docentes atuam nas salas regulares de ensino, quando há algum educando
com deficiência, que necessite de atendimento específico na classe. A determinação
legal e norteadora deste profissional é a LBI/96:

Artigo 3º, inciso XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de
alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as
atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades
de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os
procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas;

De acordo com a Resolução 201 de 2021 da SE, que dispõe sobre a


organização e o funcionamento das Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino
de Juiz de Fora, o trabalho do professor de Ensino Colaborativo deve ser em parceria
com o Professor Regente, com o Coordenador Pedagógico e com o Professor do AEE.
O artigo 30 desta resolução define as atribuições do Professor na função de Ensino
Colaborativo de forma geral, o artigo 31 define as atribuições deste docente quando

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atua na Educação Infantil até o 5º ano e o artigo 32 do 6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental.
Essas funções e responsabilidades são divididas com toda a equipe
pedagógica e escolar. A articulação e o diálogo entre os profissionais que atuam para
o desenvolvimento global dos educandos devem ocorrer continuamente, para a
verificação de possibilidades/necessidades de mudanças ou a manutenção das
estratégias traçadas para o educando, viabilizando a sequência e o avanço no
processo pedagógico.

9.4 - Plano De Aprendizagem E Desenvolvimento Individualizado (PADI)

O PADI representa a reelaboração do currículo formal tendo em vista as


especificidades do aluno ou da criança. Como registro do planejamento e do processo
de aprendizagem e de desenvolvimento, garante ao aluno e aos professores que, no
início de um ano letivo, o trabalho seja retomado a partir dos ganhos apontados no
ano anterior. E, como documento da rede municipal de ensino, o PADI também
garante que o caminho percorrido em uma escola seja conhecido por outra, em caso
de transferência do aluno.
A Resolução 201/2021 também regulamenta os aspectos que envolvem o
PADI. O artigo 23 determina as atribuições do cargo de coordenador pedagógico:
“XXIII - Coordenar, acompanhar e avaliar a elaboração do Plano de Aprendizagem e
Desenvolvimento Individual (PADI) dos estudantes público da educação especial,
conjuntamente com professores da turma e aqueles que atuam na função de ensino
colaborativo, com a contribuição dos demais profissionais que atuam com esses
estudantes; XXIV - Promover a interlocução entre os professores regentes e do ensino
colaborativo, professores da Sala de Recurso Multifuncional (SRM) e/ou dos Centros
de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), mediante encaminhamento,
acompanhamento e avaliação das demandas educacionais com vista à qualificação
do trabalho pedagógico em uma perspectiva inclusiva”.
O artigo 29 define as atribuições do cargo de Professor Regente: “VIII -
Elaborar, executar e avaliar, juntamente com o Professor Regente, que atua na função
de Ensino Colaborativo, o Plano de Aprendizagem e Desenvolvimento Individual

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(PADI) dos estudantes público da educação especial, buscando interlocução com
demais professores que atuam com os estudantes, e a coordenação pedagógica.

10 - PROJETOS PEDAGÓGICOS

“Não é privilégio do nosso projeto pedagógico em marcha


possuir caráter ideológico e político explícito. Todo projeto
pedagógico é político e se acha molhado de ideologia. A
questão, a saber, é a favor de quê e de quem, contra quê e
contra quem se faz a política de que a educação jamais
prescinde. (..) a questão fundamental é política. Tem que ver
com: que conteúdos ensinar, a quem, a favor de quê, de quem,
contra quê, contra quem, como ensinar. Tem que ver com quem
decide sobre que conteúdos ensinar, que participação tem os
pais, os estudantes, os professores, os movimentos populares
na discussão em torno da organização dos conteúdos
programáticos”.
Paulo Freire (1989)

Pensar essa escola viva, interativa e cheia de significado exige pensar projetos
que atuam de forma transdisciplinar e tragam para o universo escolar valores que
envolvam justiça social, desenvolvimento sustentável, inclusão e respeito à
diversidade e todas as formas de vida. Nossos projetos também são desenvolvidos
em conjunto com diferentes movimentos sociais que atuam de forma efetiva na
construção de uma sociedade igualitária.
Nossos projetos estão em consonância com a ONU que apoiam os objetivos
de desenvolvimento sustentável no Brasil. Os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio
ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar
de paz e de prosperidade.
Nosso trabalho está representado nos seguintes eixos desse documento: 2-
Fome Zero e Agricultura; 3- Saúde e Bem-Estar; 4- Educação de Qualidade; 5-
Igualdade de Gênero; 6- Água Potável e Saneamento; 13- Ação Contra a Mudança
Global do Clima; 16- Paz, Justiça e Instituições Eficazes; 17- Parcerias e Meios de
Implementação.

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Outro aspecto importante do trabalho desenvolvido com os projetos é que eles
atuam junto aos alunos, na formação dos professores e envolvem os pais e familiares
ganhando significado e importância junto a nossa comunidade e, assim, gerando
mudanças comportamentais e na realidade das famílias.

PROJETO 1 - ESCOLA SUSTENTÁVEL

Horta Comunitária
Biodigestor (2024)
Armazenamento e utilização da água das chuvas (2024)
Ponto de Coleta de Óleo

O conjunto de ações desse projeto visa capacitar a comunidade para o


entendimento de que pequenas ações coletivas podem transformar a realidade em
que vivemos e que são essenciais para combater as mudanças climáticas.
A Horta Comunitária busca capacitar a comunidade para a pequena produção
familiar de forma orgânica e agroecológica, ao mesmo tempo que cria a dimensão da
produção e distribuição solidária, alertando sobre a ação coletiva no combate à fome.
Ainda propicia a troca de saberes entre a cidade e o campo através do intercâmbio
com o assentamento de Goianá e o contato com a mística e valores do MST,
usualmente descartados ou não utilizados/valorizados.

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O projeto do Biodigestor (2024) será implementado o ano que vem em parceria
com a ONG EPROS e o objetivo central é utilizar o gás produzido em substituição ao
gás de cozinha, combustível não renovável. A ação além da consciência ambiental
também trará economia para o Caixa Escolar.
Armazenamento e utilização das águas da Chuva (2024) – é um braço do
projeto do Biodigestor e nasce da necessidade de atendermos inicialmente a horta de
forma sustentável mediante a escassez dos recursos híbridos. Um estudo preliminar
aponta que também teremos reserva para utilização no pomar, áreas verdes e limpeza
das áreas externas.
Ponto de Coleta de Óleo – a partir do mês de novembro de 2023 nossa escola
passa a ser ponto de coleta de óleo de cozinha, ação importante para a
conscientização do descarte adequado do lixo doméstico e diminuição da poluição do
meio ambiente. Essa ação acontece em parceria com a CESAMA e a ONG EPROS.

PROJETO 2 - ESCOLA ANTIRRACISTA E INCLUSIVA

A partir da problematização sobre a utilização da diferença a partir da


perspectiva da negativa (que foge ao padrão universal) e criadora das desigualdades
vamos abordar as questões referentes a população negra, a comunidade LGBTQIA+,
as mulheres, os deficientes, as questões relativas ao etarismo, diversidade religiosa,
política e cultural. Entendendo que a escola é o lugar do combate ao senso comum e
enfrentamento do preconceito,é o locus do conhecimento e da reflexão.

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“No artigo 205 da Constituição Federal está assinalado o dever do Estado de
garantir indistintamente, por meio da educação, iguais direitos para pleno
desenvolvimento de todos e de cada um, enquanto pessoa (...) Sem a intervenção do
Estado, os postos à margem, entre eles os afro-brasileiros, dificilmente e as estáticas
o mostram sem deixar dúvidas, romperão o sistema meritocrático que agrava
desigualdades e gera injustiças, ao reger-se por critérios de exclusão, fundados em
preconceitos e manutenção de privilégios para os sempre privilegiados”. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicos- Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Estes eixos permearão o currículo e estarão presentes nas atividades de
formação continuada e debate junto à comunidade.
Em maio de 2024 iremos realizar o IV Seminário de Formação com a temática
o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana que abordará questões como:
- O papel da escola no enfrentamento do racismo e políticas públicas
afirmativas,
- O pacto da Branquitude enquanto instrumento de manutenção de privilégios
e exclusão – biopoder,
- Violência e manutenção do status quo,
- Mitologia africana.

“(...) são nas instituições públicas e privadas que precisamos incidir, debater
perspectivas e valores orientadores, fazer diagnósticos e alterar norma, políticas e
processos que estruturam as relações de dominação, em particular àquelas
relacionadas à banquitude.” Pacto da Branquitude, Cida Bento.

Em outubro de 2024 iremos realizar a Semana de Formação, aberta a toda a


comunidade escolar: “Meu corpo, minhas regras.” Nesse período iremos debater as
questões relativas ao gênero e sexualidade, questões relativas aos abusos físicos e
emocionais e respeito a diversidade. Problematizar a História construída pelos
homens brancos, heteros e católicos dando voz aos outros sujeitos históricos e aos
seus corpos. É preciso criar as condições para a reescrita da História na perspectiva
de gênero.

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PROJETO 3 - ESCOLA DA ARTE

Projeto de Musicalização: introdução aos instrumentos musicais e coral que já


fazem parte da nossa organização curricular.
Fazendo Arte – História da Arte na perspectiva da construção dos Movimentos
Sociais e Atores “Periféricos” (Projeto de Extensão para os Anos Finais do Ensino
Fundamental).
A ARTE PRODUZIDA PELOS MOVIMENTOS SOCIAIS: RESISTÊNCIA E
LUTA.

Pela imaginação o homem se afirma como um rebelde. Um rebelde que nega


ao existente e propõe o que ainda não existe. E, assim, (...) a rebeldia é a
pressuposição básica de qualquer ato criativo. Ao ordenar e plantar um jardim, nos
rebelamos contra a aridez da natureza. Dizemos uma palavra de alento porque nos
rebelamos contra a solidão. Aceitamos a perseguição por causa de uma razão justa
porque nos rebelamos contra a opressão e a injustiça. (...) o ato da criação é
profundamente subversivo: visa alterar a ordem (ou a desordem) existente para
imprimir um novo sentido. Visa transformar aquilo que é naquilo que ainda não é, tal
como o desejo a imaginação. Duarte Jr.(2000).
Em consonância com o nosso Planejamento Pedagógico para o ano de 2024 o
projeto História da Arte tem por objetivo resgatar as manifestações culturais
produzidas pelos movimentos sociais estabelecendo uma reflexão sobre o tempo
histórico em que foram produzidas, qual o seu papel nesse contexto e quais foram as
contribuições e legados.

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Debater essas manifestações no sentido de valorizar as contribuições coletivas
e refletir sobre a Arte “dominante” e os movimentos marginais e periféricos que
questionam a legitimação de apenas um modelo de cultura.
Projeto de Comunicação – envolvendo o Laboratório de Informática, a Sala de
Leitura e o Laboratório de Aprendizagem. Escritos do Gotardelo.
Compreendendo a Arte enquanto instrumento de manifestação cultural que
permeia toda a história da humanidade acreditamos que incentivar a produção cultural
é parte importante do letramento e leitura do mundo, auxiliando na formação global
dos alunos e instrumentalizando para os diferentes tipos de comunicação social
existentes.

PROJETO 4 - ESCOLA ABERTA

Vivemos em uma sociedade que em busca de segurança trancafiou-se e se


escondeu atrás das telas, às crianças e adolescentes são negados o direito de ir e vir,
de se relacionar com a natureza e com os diferentes ambientes sociais e culturais da
cidade. Paralelo e no mesmo grau de importância, muitas famílias apesar do desejo
de frequentar e vivenciar diferentes ambientes esbarram nas questões econômicas
que delimitam o seu ir e vir.
A escola, reflexo e reprodutora desta realidade, acomodou-se em trancar os
alunos nos espaços delimitados negando que as crianças e adolescentes possam
vivenciar e aprender em diferentes espaços.
Nossa escola tem o privilégio de ter amplo espaço disponibilizado: horta, sala
de leitura, sala de informática, pátio e quadra coberta, amplo espaço para o parquinho
e brincadeiras ao céu aberto (pátio descoberto). Temos também um canil, espaço
privilegiado de relacionamento com os animais.
Pensando na necessidade dos alunos de interagir com o meio que o cerca e
na utilização de diferentes estímulos e vivencias que são fatores relevantes na
construção da identidade cultural e de aprendizagem , a partir do ano de 2024 iremos
potencializar o incentivo para que todos os espaços da escola sejam utilizados
diariamente pelos alunos de forma orientada/ planejada e complementar a
aprendizagem que acontece no espaço escolar.

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Não basta, contudo, utilizar desses diferentes espaços se o nosso
planejamento se mantiver rígido e segmentado. O trabalho transdisciplinar é
fundamental para que possamos romper com a aprendizagem segmentada e sem
significado. Por isso serão valorizados os momentos de formação e troca.
Por fim, o trabalho da construção da escola desemparedada também exige que
haja interlocução que envolvam diferentes turmas e segmentos. Possibilitando a troca
de saberes e a criação de novos significados e aprendizagens.

PROJETO 5 - TEM CACHORRO NA ESCOLA

Entendendo que a relação com os animais é fator de impulsionamento para


adquirir valores como respeito a diferença, respeito a natureza e estabelecimento
claro de regras de conduta e cuidado nosso canil recebe atenção especial dos nossos
alunos. Guto, Baruck e Billy são o nosso trio do carinho. A relação afetuosa com as
crianças, os vínculos de responsabilidade e cuidado garantem o sucesso do projeto.
Em nosso Sarau Literário de 2024 faremos o lançamento do livro que conta a
história do Guto, escrito pela professora da rede Efigênia Viana e que tem o apoio da
lei Murilo Mendes/Funalfa.

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ANEXO

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GENTE É PRA BRILHAR
PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO 2024

“gente quer comer, gente quer ser feliz


Gente quer respirar ar pelo nariz (...)
Gente lavando roupa, amassando pão
Gente pobre arrancando a vida pela mão,
No coração da mata, gente quer prosseguir,
Quer durar, quer crescer, gente quer brilhar” Caetano Velloso

Para o coletivo da E.M. Professor Augusto Gotardelo “todas as gentes”


merecem brilhar. Defendemos uma educação e sociedade inclusivas que tenham
espaço para todas as falas/ações/representações e reconhecimentos. Acreditamos
que a escola quando “toma partido” consegue instrumentalizar a luta e pensar a sua
prática pedagógica.
Defendemos uma escola aberta para o conhecimento, para o diálogo e
crescimento. Uma escola que não se furte da tarefa de propiciar que os sujeitos
tenham consciência do seu papel histórico e busquem transformar a sua realidade.
Um espaço de formação de sujeitos históricos e políticos que se pensam e refletem
sobre qual o papel que eles tem no mundo.
Buscamos construir uma escola que seja palco privilegiado para o dissenso,
espaço para o diálogo, o espaço da divergência e do respeito as diferenças. Lugar
privilegiado para enxergar o mundo de formas diferentes e através do nosso trabalho
ser a semente de uma nova organização de sociedade e um novo ser humano,
ressignificando valores essenciais como a solidariedade e a empatia.
Acreditamos que a escola é o espaço privilegiado para a construção do
conhecimento crítico que empodere e instrumentalize para romper o status quo e
construir uma sociedade/mundo mais justo, solidário, fraterno e igual. Para 2024 nos
propusemos um grande desafio. Vamos recontar a história rompendo com a chamada
“Histórica Única”, trazendo ao palco aqueles que fizeram e fazem a história, que com
suas ações mudaram, resistiram e redesenharam caminhos.

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Nosso ano será marcado pela HISTÓRIA, MEMÓRIA, CULTURA E
RESISTÊNCIA: REPARAÇÃO JÁ!.

1º TRIMESTRE
“Eu digo não ao não. Eu digo é proibido, proibir.” Caetano Velloso

QUEM TEM MEDO DA VERDADE?

“não ande nos bares, esqueça os amigos


Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida”
Ivan Lins

(Fev/Mar): Contextualizar a proibição como forma de silenciar os


divergentes/diferentes. Quem, Quais movimentos romperam o silêncio? Partidos
políticos, organizações e lideranças que enfrentaram a ditadura militar no Brasil.
A história da Ditadura que não te contaram:
 O apagamento da história
 Movimentos de resistência e a perseguição aos comunistas: uma
tentativa de silenciar “os diferentes”. O que é diferença? Conceituar e
problematizar a desqualificação do diferente.
 Entreguismo e subserviência da mídia e do mercado ao regime
 Quais interesses, quem ganha com a ditadura do Brasil e na América
Latina?
 Anistia?!

Atividades:
Grito de Carnaval – É proibido, proibir

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Festa da Família: Atividade do Circuito: Memória, Verdade e Reparação
Roda de Conversa com a comunidade: Jussaramar da Silva
Anos Finais: realização de pesquisa com familiares, funcionários, professores
e possível identificação de casos. Corredor da memória.

2º TRIMESTRE

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou
ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem
aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.
Nelson Mandela

UM POVO LIVRE

(abr/mai) –A história do Continente Africano

 Aspectos sociais e econômicos


 O papel da oralidade na cultura e organização social
 Mitologia Africana
 De que escravidão estamos falando? Escravidão na Modernidade – a
primeira vez que a humanidade é transformada em objeto. O papel da
coisificação. O papel da população branca na construção desse processo.
 História da vinda forçada para o Brasil
 Religião e Cultura como aspectos de identidade e resistência
 Expropriação das terras dos povos originários em África: estratégia de
dominação. O papel da terra e seu significado para os povos originários.

Sarau Literário: Negras Escritoras


Sugestões: Cidinha da Silva, Conceição Evaristo, Chimamanda, Alzira Rufino, Maria
Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Cristiane Sobral, Mel Duarte, Ana Maria
Gonçalves
Educação Infantil e 1º anos: Itãn

29
(jun/ago) – Os índios da América Latina

“Quando o português chegou, debaixo de uma baita chuva vestiu o índio. Que pena!
Fosse manhã de sol, o índio tinha despido o português.”
Oswald de Andrade

 Localização no espaço tempo dos povos originários e o


significado/relevância histórica e social do Marco Zero
 Características sociais e desenvolvimento
 Mitologia indígena
 Chegada dos espanhóis e portugueses

Festa Cultural: Tu hablas español? América Latina e Caribe

3º TRIMESTRE

GENTE É PRA BRILHAR

“Brasil, meu nego,/ deixa eu te contar/ a história que a história não conta,/ o avesso
do mesmo lugar [...] Desde 1500/ tem mais invasão do que descobrimento,/ tem
sangue retinto pisado/ atrás do herói emoldurado”.
In: Pacto da Branquitude.

(set/out/nov) – Quem constrói a história? Identidade e resistência

 Esse povo valente que constrói diariamente o nosso país: Movimentos


Sindicais, Movimentos Sociais, Partidos Políticos e Representação. Entender
esses movimentos enquanto ações de contradição a sociedade e busca de
superação das desigualdades e injustiças

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 Por um mundo de paz: vamos entender os conflitos no mundo – a quem
interessa as guerras e embargos? Soberania Nacional, Autodeterminação dos
Povos, O papel da ONU na Manutenção do Sistema Político e Econômico Atual
 A luta pela mãe Terra é a mãe de todas as lutas: preservação ambiental
enquanto condição necessária para a manutenção da vida no planeta Terra,
Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária, áreas de preservação e Paz no
Campo

(dez) – A ARTE COMO MANISFESTAÇÃO CULTURAL

“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.”


Clarice Lispector

Semana da Arte Moderna


Festivais de Música
Grafite
Hip-Hop
Samba
Funk

Festa Encerramento: Tem Música e Arte no Gota!

EIXOS NORTEADORES PARA O TRABALHO TRANSDISCIPLINAR:

1- Escola Sustentável: horta, coleta de água da chuva e biodigestor,


reflexões e planejamento de ações para o combate as alterações climáticas.
2- Escola Antirracista e inclusiva: currículo (História da África, Pacto da
Branquitude, Aspectos da Escravidão: qual o papel da população branca na
construção da escravidão moderna.), encontros de formação para toda a
comunidade escolar.

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3- Escola Cultura Viva: projeto de música, História da Arte produzida pelos
movimentos sociais, fizemos a solicitação de 2 oficinas do Gente em Primeiro
Lugar.

Os eixos irão permear todo o debate que será realizado na escola e teremos
momentos de formação e diálogo com toda a comunidade escolar. O objetivo é atuar
de forma efetiva na formação continuada do corpo docente, mas também
instrumentalizar alunos e pais para a reflexão sobre a organização social e econômica
vigente e as possibilidades de ruptura com o status quo de exclusão e marginalização.

- Formação Continuada: utilização de parte das reuniões pedagógicas


para essa finalidade.
- Ciclo de debates: convite aberto a toda a comunidade escolar irão
acontecer aos sábados letivos.
- Seminário

Perspectiva da construção da “escola desemparedada”

Vivemos em uma sociedade que em busca de segurança trancafiou-se e se


escondeu atrás das telas, às crianças e adolescentes são negados o direito de ir e vir,
de se relacionar com a natureza e com os diferentes ambientes sociais e culturais da
cidade. Paralelo e no mesmo grau de importância, muitas famílias apesar do desejo
de frequentar e vivenciar diferentes ambientes esbarram nas questões econômicas
que delimitam o seu ir e vir.
A escola, reflexo e reprodutora desta realidade, acomodou-se em trancar os
alunos nos espaços delimitados negando que as crianças e adolescentes possam
vivenciar e aprender em diferentes espaços.
Nossa escola tem o privilégio de ter amplo espaço disponibilizado: horta, sala
de leitura, sala de informática, pátio e quadra coberta, amplo espaço para o parquinho
e brincadeiras ao céu aberto (pátio descoberto). Temos até o canil, espaço privilegiado
de interseção com os animais.

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Pensando na necessidade dos alunos de interagir com o meio que o cerca e
na utilização de diferentes estímulos e vivencias que são fatores relevantes na
construção da identidade cultural e de aprendizagem , a partir do ano de 2024 iremos
potencializar o incentivo para que todos os espaços da escola sejam utilizados
diariamente pelos alunos de forma orientada/ planejada e complementar a
aprendizagem que acontece no espaço escolar.
Não basta, contudo, utilizar desses diferentes espaços se o nosso
planejamento se mantiver rígido e segmentado. O trabalho transdisciplinar é
fundamental para que possamos romper com a aprendizagem segmentada e sem
significado. Por isso serão valorizados os momentos de formação e troca.
Por fim, o trabalho da construção da escola desemparedada também exige que
haja interlocução que envolvam diferentes turmas e segmentos. Possibilitando a troca
de saberes e a criação de novos significados e aprendizagens.

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