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1. Conservadorismo.
1.1. Designa ideias e atitudes que visam à manutenção do sistema político ou social, apresentando-se como contraparte das forças inovadoras.
1.1.1. A origem histórica se dá na oposição ao processo de laicização da política europeia (defende a permanência dos valores religiosos na política).
1.2.1. Não acredita que a ação humana é capaz de melhorar a sociedade ou que o conhecimento racional/científico resultaria em maior felicidade ou autocompreensão.
1.2.2. A tese conservadora considera a natureza humana não modificável, por consequência a sociedade da qual ela resulta.
1.2.2.2. Tal pensamento retira do homem o papel de agente histórico e também (por consequência) a responsabilidade pelas características da sociedade.
1.2.2.2.1. A estrutura social é "amoral", não deve ser julgada, deve ser respeitada, posto que é impossível para a ação humana modificá-la.
1.2.2.2.2. A transformação histórica (quando há) se dá por forças externas ou incontroláveis e incompreensíveis pelo homem.
1.2.2.2.2.1. Os papeis e estruturas sociais (família, gênero, hierarquias...) devem ser respeitados.
1.2.2.2.2.1.1. Questionar tais elementos coloca em risco a estabilidade social e a organização que foi estabelecida pela natureza/Deus/tradição.
1.3.1.1.1. Defensor do universo moral estável e de valores transcendentes. A Revolução causaria mais mal que bem ao pretender-se capaz de aprimorar o homem e a sociedade.
2. Romantismo.
2.1. Não é uma denominação utilizada diretamente para movimentos políticos.
2.1.1. Tem origem na LITERATURA, mas acaba tendo reflexos em posições políticas.
2.2.1. Acredita que as tentativas de "ordenação e controle"do mundo não produziram uma sociedade mais feliz ou harmônica.
2.2.1.1. Daí a busca por algo transcendente, uma força ou sentido maior:
2.2.2.1.1. As garantias da lei ou a participação política são "frias", as relações sociais mecânicas são incapazes por si só de dar sentido à vida do indivíduo.
2.2.2.1.2. As propostas revolucionárias são igualmente falhas, por buscarem uma construção "artificial" da sociedade, que seria igualmente problemática.
2.2.2.2. Assim, o pensamento romântico critica tanto a frieza das relações impessoais na sociedade de mercado quanto as ideias que pretendem mudar esta sociedade pela via revolucionária (racional) e
que criariam sociedades igualmente frias e artificializadas.
2.2.2.2.1. No pensamento romântico o trabalhador é aquele que "alimenta e veste" a sociedade, o soldado é aquele que "protege", o médico é aquele que "cuida", o professor "educa"... Todas estas
maneiras de colocar são formas romantizadas de dar sentido e valor aos papeis sociais.
2.2.2.2.2. Daí a valorização das tradições, da fé, da natureza, dos costumes antigos, da sociabilidade comunitária...
2.2.2.2.2.1. O "modernidade" acaba sendo vista como uma degeneração moral, a sociedade moderna teria "perdido seus valores".
2.2.2.2.2.1.1. É possível aceitar o desenvolvimento técnico, desde que ele não altere os papeis e valores tradicionais das pessoas e da sociedade.
2.2.3. Pode estar presente em todas as posições políticas, mas teve mais aceitação nas posições à direita.
2.3. Qual é a proposta ou a solução Romântica para o sentimento de desamparo do homem contemporâneo?
2.3.1.1. A relação entre indivíduo e sociedade deve ser mais orgânica, afetiva (portanto, irracional, natural, sentimental).
2.3.1.1.1. Os vínculos para serem satisfatórios devem ser fundados no amor e na dependência.
2.3.1.1.1.1. Tornando claro o que se espera de cada um, o que confere um "lugar no mundo" ao indivíduo, que recupera o sentido na sua vida.
2.3.1.1.1.1.1. A família, as classes (a sociedade), município, a Igreja, o Estado, deveriam ser regidos assim.
2.3.1.1.1.2. Dessa forma seria possível conciliar o desenvolvimento de cada personalidade sem injustiças ou conflitos socialmente destrutivos.
2.3.1.1.1.2.2. "Para os românticos, os ordenamentos, quer políticos quer sociais, não se constroem à base de elaborações racionais: são mais do que tudo o resultado de uma evolução que é
histórica, mas, sobretudo, história 'natural'".
3. Marxismo:
3.1. CUIDADO: existem inúmeras disputas na definição do que é Marxismo.
3.1.1. Um coisa é o que está nos escritos de Marx e Engels, outra é o que os críticos falam que está...
3.1.2. A produção de Marx e Engels é enorme e aborda uma enorme gama de temas.
3.1.2.1. É muito importante diferenciar os escritos de natureza mais filosófica (e política) dos escritos sociológicos e analíticos.
3.1.2.1.1. A parte mais "polêmica" da produção de Marx e Engels (a filosofia das história que acredita na superação do sistema capitalista) é uma das que ocupou menor espaço na produção intelectual
de fato destes autores.
3.2.1.1. Sobretudo no que diz respeito à relação entre Estado e sociedade civil.
3.2.2.2. Superestrutura: onde as relações de poder estabelecidas pelas formas materiais de produção se cristalizam na forma do Estado, das leis, da religião, da família, da moral, ciência, arte, etc.
3.2.2.2.1. Neste sentido a infraestrutura influencia (ou define, numa interpretação mais rígida) a formação da superestrutura.
3.2.2.3.1. A história é movida pelas condições materiais (não pelas ideias ou pelo "espírito") dadas nas relações de produção.
3.2.2.3.1.1. Exemplo: Prefácio a Para a crítica da economia política: "O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, isto é, a base real sobre a qual se eleva
uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas determinadas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona, em geral, o processo social, político e
espiritual da vida"
3.2.3. Dialética:
3.2.3.1.1.1.1. "Quanto mais desenvolvido o capitalismo, mais próximo do seu fim ele está." (pelo aumento das contradições e polarização social).
3.2.3.1.1.1.2. Outro exemplo: O fortalecimento da burguesia é o fortalecimento do seu rival, o proletariado, pois quanto mais capital é acumulado, mais se proletarizam fatias enormes da
sociedade.
3.2.3.1.2. Daí deriva a ideia de que a história é movida pela LUTA DE CLASSES.
3.2.3.1.2.1. "a sociedade civil é o lugar onde se formam as classes sociais e se revelam seus antagonismos, e o Estado é o aparelho ou conjunto de aparelhos dos quais o determinante é o aparelho
repressivo (o uso da força monopolizada), cuja função principal é, pelo menos em geral e feitas algumas exceções, de impedir que o antagonismo degenere em luta perpétua (o que seria uma volta
pura e simples ao estado de natureza), não tanto mediando os interesses das classes opostas mas reforçando e contribuindo para manter o domínio da classe dominante sobre a classe dominada."
4. Nacionalismo.
4.1. É a "ideologia do Estado burocrático centralizado".
4.2.1. Assume o lugar anteriormente ocupado pela fidelidade religiosa ou a lealdade dinástica (ao Rei).
4.2.1.1. Estes elementos de coesão entraram em declínio com o iluminismo e a Revolução Francesa.
4.3.2. Ao colocar a lealdade e o amor à pátria como elemento fundamental para o cidadão, desestimula (e encobre) os conflitos e desigualdades de classe.
4.3.2.1. Antes de sermos ricos ou pobres, somos todos brasileiros, alemães, ingleses, italianos, etc...
4.4. Aparece com força na história europeia e ocidental a partir da Primavera dos Povos (1848).
4.5.1. O senso comum acredita que as identidades nacionais são "naturais" e fruto do desenvolvimento histórico de longuíssimo prazo.
4.5.2. As identidades nacionais são construções históricas relativamente recentes (XIX) e feitas pelos Estados.
4.5.2.1.1. Ex.: Primeiro surgiu a Alemanha (que foi na verdade resultado da expansão da Prússia) e o governo alemão criou a ideia do que era ser alemão (uma identidade nacional para unificar
diferentes grupos que passaram a ser governados).
4.5.2.2. As identidades nacionais são construídas utilizando-se uma série de ferramentas (engenharia social, na expressão de Hobsbawm):
4.5.2.2.8. Folclore, literatura e culinárias que passam a ser divulgadas como "nacionais". Etc...
5. Socialdemocracia.
5.1. É a última das grandes teorias sociais do século XIX. Oriunda do socialismo REFORMISTA.
5.2. A ideia foi moldada pela prática da luta sindical e político-partidária quando os trabalhadores foram sendo progressivamente inseridos no sistema político.
5.2.1. Ou seja, o avanço da socialdemocracia á paralelo ao avanço do direito de voto para as classes populares (sufrágio universal, inicialmente masculino)
5.3. Inicialmente acreditava na possibilidade da mudança completa das bases sociais, alcançando a transformação comunista da sociedade.
5.3.1. Com o tempo acabou abandonando o objetivo de transformação completa da estrutura social (e consequentemente a abolição da propriedade privada produtiva).
5.3.1.1. Neste momento, consolida-se como posição política REFORMISTA (centro-esquerda) e não revolucionária (extrema esquerda).
5.3.1.1.1. Aceita o contexto geral do Estado liberal-democrático e das relações gerais de mercado.
5.3.1.1.2. Passa a defender, através da luta política e da mobilização social (mas dentro dos marcos legais do Estado democrático) uma melhor colocação social para a classe trabalhadora.
5.3.1.1.3. Apos a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) consolida-se como ideia política dominante na Europa.
5.3.1.1.3.1.1.1. Elevada carga tributária (em geral progressiva - os mais ricos pagam proporcionalmente mais impostos).
5.3.1.1.3.1.1.2. Serviços sociais universais, públicos. Saúde, educação, transporte público subsidiado, moradias subsidiadas, aposentadoria...
6. Anarquismos.
6.1. Conjunto de teorias que defendem a ausência de relações de dominação de um homem sobre o outro.
6.1.1. Qualquer tipo de dominação: econômica, política, religiosa, ideológica, tradicional, etc.
6.1.1.1. Admite apenas as limitações do "senso comum" e da vontade geral da comunidade, limitações assumidas sem constrangimento, portanto, por livre vontade.
6.1.2. Em vários documentos aparece como "socialismo libertário". Para diferenciar-se das teorias do Socialismo Utópico e Científico.
6.1.3. CUIDADO: o senso comum coloca o anarquismo como situação de desordem, sem regras, tumulto, etc.
6.1.4. CUIDADO: existe também uma apropriação pequeno burguesa do discurso anarquista, que visa a maximização do individualismo sem nenhum tipo de constrangimento (daí a ausência do Estado).
6.1.4.1. Esta interpretação apropria a crítica ao Estado mas ignora a crítica ao Capitalismo como igualmente produtor de relações de dominação e coerção.
6.3.1. Mas discorda da etapa intermediária proposta pela teoria do Socialismo Científico. Daí a rivalidade entre Socialistas científicos e anarquistas.
6.3.1.1. Segundo os anarquistas a Revolução deveria conduzir a sociedade diretamente ao estágio comunista.
6.3.1.2. Uma etapa intermediária (a "Ditadura do proletariado") somente trocaria as relações de dominação existentes, não resolvendo o problema na visão dos anarquistas.
7. Socialismos.
7.1. São múltiplas variantes.
7.1.1. Em comum: visam a transformação da base jurídica e social em relação à propriedade privada (produtiva).
7.1.1.1. Objetivo: produzir uma sociedade igualitária (em termos sociais, ou seja, no que diz respeito aos recursos materiais, propriedade, riqueza).
7.1.1.1.1. Cuidado com a palavra IGUALITÁRIA. Ela pode se referir a igualdade política, social, civil (perante a lei), racial, etc...
7.1.1.1.2. Nem sempre os socialismos se referem à igualdade social "perfeita" ou exata entre os indivíduos.
7.1.1.2. Em comum: associam o tipo de Estado tal qual se punha no século XIX ao sistema econômico capitalista burguês.
7.1.3. Ao longo do século XIX será consagrada a divisão clássica colocada por Marx e Engels entre socialismo "utópico" e "científico".
7.2.1.3.1. Crítico do parasitismo social. Aqueles que vivem sem contribuição produtiva.
7.2.1.4. Em comum, estes pensadores esperavam a superação do modelo capitalista sem rupturas violentas. Ou seja, negavam a ideia de "Revolução".
7.2.1.4.1. Por isso são chamados de "utópicos". Não pela proposição de uma sociedade igualitária, mas pelo PACIFISMO com o qual pretendiam alcançá-la.
7.3.1.2. Pretendia ser ancorada sobre uma interpretação "científica" do funcionamento da sociedade, daí seu nome.
7.3.2. Esta "filosofia da história" acredita que a transição do Capitalismo para a sociedade comunista (a etapa final) seria dada obedecendo as seguintes condições ou etapas:
7.3.2.1. Capitalismo avançado (domínio da burguesia, ápice da geração de riqueza, paralelamente, ápice da exploração do proletariado - extração de mais valia - e da polarização social - ricos x pobres /
detentores dos meios de produção x vendedores da força de trabalho).
7.3.2.1.1. Revolução proletária: Destruição violenta do Estado Burguês e criação de um Estado proletário, levando a uma etapa intermediária da transição social, a "Ditadura do proletariado".
7.3.2.1.1.1. Ditadura do proletariado: expressão cunhada por Engels, refere-se ao Estado que exerce a dominação de classe do proletariado e possui caráter transitório.
7.3.2.1.1.1.1. Seria, pela primeira vez, um Estado que representa a maioria social (proletários) e um Estado que se pretende transitório, posto que ao se eliminar os antagonismos de classe seria
eliminada a necessidade do Estado.
7.3.2.1.1.1.2.3. "Novo Homem" (novos valores sociais, sujeito que valorizaria a igualdade social e a dignidade, despojado dos valores burgueses-capitalistas).
7.3.2.1.1.1.2.4. Obs.: é a mesma sociedade final objetivada pelos anarquistas. A diferença é "como chegar até ela".