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Estudo Dirigido sobre os autores clássicos das Ciências Sociais

1) Análise da construção metodológica dos teóricos clássicos.

a) Durkheim

“Em primeiro lugar, não podemos chegar a compreender as religiões mais recentes a não ser
acompanhado na história como elas progressivamente se compuseram.” (DURKHEIM, 2007, p.VIII) .
O método de Durkheim, seguia uma linha positivista, buscando estabelecer reformas
necessárias na sociedade para que fosse alcançada uma espécie de coesão social. Para ele, a
sociedade seguia uma linha darwiniana, ou seja, evoluía de maneira progressiva dentro do
processo histórico.

“Até mesmo a distinção de esquerda e direita, longe de estar implicada na natureza do homem em
geral, é muito provavelmente o produto de representações religiosas, portanto coletivas.”
(DURKHEIM, 1999, p.XIX). Dentro do processo histórico já citado, ocorriam relações em que
acabavam por objetificar o fato social, como a coercitividade, que seria a representação
coletiva prevalecendo sobre o indivíduo.

“Pensou-se encontrar tal relação numa espécie de antagonismo entre essas ações e os interesses
sociais gerais, e afirmou-se que as regras penais enunciavam para cada tipo social as condições
fundamentais da vida coletiva” (DURKHEIM, 1999, p.41). Esse movimento de prevalecer a
coletividade sobre o individuo acabaria criando as sanções legais ou espontâneas, esta seriam
as normas e diretrizes que serviriam de punição para as infrações legais, aquele, não uma
punição legal, mas sim, atrelada aos próprios costumes locais.

“A consciência coletiva (...) é independente das condições particulares que os indivíduos se


encontram: eles passam, elas permanecem.” (DURKHEIN, 1999, p. 8). Ou seja, é possível perceber
neste trecho outro fato social que estaria atrelado a exterioridade, neste caso os costumes
existentes seriam absolvidos, fincados, mesmo com o passar do tempo pelo indivíduo.

“(...) essa dependência em relação ao Estado não tardou a degenerar numa servidão intolerável que
os imperadores só puderam manter pela coerção” (DURKHEIM, 1999, p.XIV). Por fim, a
generalidade está responsável pela produção da coesão social. Não existe progresso sem
ordem, logo, deveria ser através da coesão social, que é construída através dos indivíduos,
instituições e etc., que formaria a consciência das pessoas.
“(...) somente uma sociedade constituída desfruta da supremacia moral e material (...) pois a única
personalidade moral que está acima as personalidades particulares é a formada pela coletividade.”
(DURKHEIM, 1999, p.10). Sendo assim, as manifestações individuais deveriam ser afastadas,
recusando atitudes especulativas e dando vasão direta aos fatos.

b) Marx

“(...) todos os homens devem ter condições de viver para poder “fazer história”. Mas para viver, é
preciso antes de tudo beber, comer, morar, vestir-se e algumas outras cosias mais.” (MARX,1998,
p.21). O método de Marx é baseado na análise do materialismo e da economia. Ela acreditava
que a partir dos movimentos econômicos, a sociedade acabaria se satisfazendo. Portanto, ao
deixar a análise idealista de Hegel, Marx busca entender as relações sociais baseadas nos
meios materiais, e isso dá a entender que essas relações são baseadas na economia capitalista.

“A história não é senão, a sucessão das diferentes gerações, cada uma das quais explora os
materiais, os capitais, as forças produtivas que são transmitidas pelas gerações precedentes.”
(MARX, 1998, p.10). Ele fez uma análise histórica para comprovar que os elementos sociais são
repetições dentro da história, isso é o materialismo dialético.

“As premissas de que partimos não são bases arbitrárias, dogmas; são bases reais que só podemos
abstrair na imaginação. São indivíduos reais, sua ação e suas condições materiais de existência, tanto
as que eles já encontram prontas, como aquelas engendradas da sua própria ação “(MARX, 1998,
p.10). Portanto, o ponto de partida são sempre análises empíricas factuais de acontecimentos
que comprovam a sua teoria.

c) Weber

“O comportamento intimo é ação social só quando se orienta pelo comportamento de outros. Não o é,
por exemplo a conduta religiosa quando permanece em contemplação, oração solitária e etc.”
(WEBER, 2010, p.41). O método de Weber parte da indução e da análise empírica, sendo que
qualquer tese parte da observação direta do comportamento. Está análise vai partir da ação
social, que é o comportamento dos indivíduos livres na sociedade, sendo a influência não o
suficiente para determinar o comportamento, que tem raiz em 3 princípios básicos:
Tradicional, afetivo e racional.

2) Interpretação dos teóricos clássicos sobre a constituição da sociedade moderna.

a) Durkheim
“Para que uma moral e um direito profissional possam se estabelecer nas diferentes profissões
econômicas, é necessário (...) que a corporação (...) se torne, ou antes, volte a ser, um grupo definido,
organizado, numa palavra, uma instituição pública.” (DURKHEIN, 1999, p.XII) . Para Durkheim, a
modernidade seria como uma experiência única, pois é através da difusão da divisão do
trabalho que o individuo pode se desenvolver totalmente, deixando de ser um “ser individual”
para se tornar um “ser social”.

b) Marx

“O progresso consistia em subordinar também á esfera das representações religiosas ou teológicas,


as representações metafisicas, políticas, jurídicas morais(...).” (MARX, 1998, p.8). Para Marx, a
modernidade tem a ver com a ação humana sendo responsável pelas transformações dentro da
sociedade utilizando como artificio de mudança o proletariado e a burguesia, essa relação
estaria ligada a princípios morais baseados nas condições materiais, para fomentar a
perpetuação do sistema capitalista.

“A constituição de uma classe particular dedicada ao comércio, a extensão do comércio para além
dos arredores mais próximos das cidades graças aos negociantes, fizeram logo surgir uma ação
reciproca entre a produção e o comércio.” (MARX, 1998, p.60) . A partir das transformações
econômicas e de propriedade, surgiria o capitalismo e os meios de produção, que é para Marx,
a força que molda a modernidade.

c) Weber

“Modernamente, porém, o ocidente desenvolveu, além desse, uma forma muito diferente de
capitalismo, que nunca havia aparecido antes: a organização capitalista racional do trabalho livre
(pelo menos formalmente).” (WEBER, 2003, p.8). Esse tipo de capitalismo moderno, foi
fomentado pelos modelos tecnicistas que passaram a surgir. Essas técnicas foram essenciais
para que o capitalismo passasse para um modelo mais racional, baseado na matemática e etc.

“As minorias nacionais ou religiosas, em posição de subordinação em relação a um grupo de


governantes, pela sua exclusão voluntária ou involuntária das posições de influência política, são
aparentemente engajadas com especial vigor nas atividades econômicas.” (WEBER, 2003, p.14).
Portanto, neste caso a questão da influência do protestantismo no capitalismo se torna uma
condição moderna, já que utiliza de valores religiosos e éticos para influenciar o
comportamento do individuo e assim moldar a sociedade em que ele vive.

3) Análise conceitual dos teóricos clássicos.


a) Durkheim

I- Consciência coletiva:

A consciência coletiva é a força coletiva exercida sobre os indivíduos, para que os mesmos
vivam em conformidade com as normas sociais, que independe da individualidade, sendo
responsável pela formação moral.

“O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade
forma um sistema determinado que tem vida própria: consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela
não tem por substrato um órgão único; ela é, por definição, difusa em toda a extensão da sociedade,
mas tem, ainda assim, características específicas que fazem dela uma realidade distinta. De fato, ela é
independente das condições particulares em que os indivíduos se encontram: eles passam, ela
permanece [...] ela é, pois, bem diferente das consciências particulares, conquanto só seja realizada
nos indivíduos. Ela é o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, suas condições de
existência, seu modo de desenvolvimento, do mesmo modo que os tipos individuais, muito embora de
outra maneira.”

(Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999 - p.50)

II- Fato social:

São formas de agir, pensar e sentir que exercem alguma força sobre o indivíduo e o obriga a
se adaptar as regras da sociedade, porém, nem todos são considerados como fatos sociais e, a
partir da necessidade de se criar uma categoria para definir o que deveria ser estudado ou não
pela Sociologia, Durkheim criou o conceito categorizador denominado “fatos sociais”. Para
ele, os fenômenos que se enquadram nesse conceito possuem três características básicas:
generalidade, coercitividade e externalidade.

“A questão é ainda mais necessária porque se utiliza essa qualificação sem muita precisão. Ela é
empregada correntemente para designar mais ou menos todos os fenômenos que se dão no interior da
sociedade, por menos todos os fenômenos que se dão no interior da sociedade, por menos que
apresentem, com uma certa generalidade, algum interesse social. Mas, dessa maneira, não há, por
assim dizer, acontecimentos humanos que não possam ser chamados sociais.” (p.1)

Quando desempenho minha tarefa de irmão, de marido ou cidadão, quando executo os


compromissos que assumi, eu cumpro deveres que estão definidos, fora de mim e de meus
atos, no direito e nos costumes. Ainda que eles estejam de acordo com meus sentimentos
próprios e que eu sinta interiormente a realidade deles, esta não deixa de ser objetiva; pois não
fui eu que os fiz, mas os recebi pela educação [...] Eis aí, portanto, maneiras de agir, de pensar
e sentir que apresentam essa notável propriedade de existirem fora das consciências
individuais.”(p.1 e 2)

“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e,
ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais” (p.
13)

(As regras do método sociológico. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007)

III- Solidariedade social a partir do Direito

A solidariedade social se dá dentro da consciência coletiva, e é responsável pela coesão


social. Há dois tipos de solidariedade: a solidariedade mecânica e a orgânica. Na mecânica, a
sociedade é primitiva e não há divisão do trabalho, e o direito repressivo/punitivo prevalece;
na orgânica, a sociedade é capitalista, havendo divisão do trabalho, e o direito é mais
restitutivo.

“O vínculo de solidariedade social a que corresponde o direito repressivo é aquele cuja ruptura
constitui o crime.” (p. 39)

“[...] daí resulta uma solidariedade sui generis que, nascida das semelhanças, vincula diretamente o
indivíduo à sociedade [...] Essa solidariedade não consiste apenas num apego geral e indeterminado
do indivíduo ao grupo, mas também torna harmônico o detalhe dos movimentos [...] É essa
solidariedade que o direito repressivo exprime, pelo menos no que ela tem de vital [...] a força que é
chocada pelo crime e que o reprime é portanto, a mesma; ela é um produto das similitudes sociais
mais essenciais e tem por efeito manter a coesão social que resulta dessas similitudes” (p.79)

“A relação negativa que pode servir de modelo para as outras é a que une a coisa à pessoa [...] há
uma solidariedade das coisas cuja natureza é bastante especial para se traduzir exteriormente por
consequências jurídicas de caráter bastante particular [...] os juristas distinguem duas espécies de
direitos [...] reais e pessoais [...] o direito de propriedade e a hipoteca pertencem a primeira espécie,
o direito de crédito à segunda.” (p. 90)

“Vê-se em que consiste essa solidariedade real: ela liga diretamente as coisas às pessoas, mas não as
pessoas entre si.” (p.91)

“Por conseguinte, como é apenas por intermédio das pessoas que as coisas são integradas na
sociedade, a solidariedade que resulta dessa integração é totalmente negativa.” (p. 91)
“A justiça é cheia de caridade, ou, para retomar nossas expressões, a solidariedade negativa nada
mais é que uma emanação de outra solidariedade de natureza positiva: é a repercussão na esfera dos
direitos reais de sentimentos sociais que vêm de outra fonte.” (p.97)

(Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999)

IV- Anomia social

É o oposto de coesão social, quando um indivíduo não compartilha da consciência coletiva.


Prevalecendo uma ausência de normas sociais. Durkheim trata a anomia na esfera econômica
na ‘Divisão do trabalho social’:

“Insistimos várias vezes ao longo desse livro, sobre o estado de anomia jurídica e moral em que se
encontra atualmente a vida econômica.” (p. VI)

[...] Os atos mais censuráveis são com tanta frequência absolvidos pelo sucesso, que o limite entre o
que é permitido e o que é proibido, o que é justo e o que não é, não tem mais nada de fixo, parecendo
poder ser modificado quase arbitrariamente pelos indivíduos. Uma moral tão imprecisa e tão
inconsistente não seria capaz de constituir uma disciplina. Daí resulta que toda essa esfera da vida
coletiva é, em grande parte, subtraída à ação moderadora da regra.” (p. VII)

“É a esse estado de anomia que devem ser atribuídos, como mostraremos, os conflitos
incessantemente renascentes e as desordens de todo tipo de que o mundo econômico nos dá o triste
espetáculo.” (p. VII)

(Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999)

V- Sagrado x profano

Para Durkheim, a existência da religião baseia-se numa distinção entre fenômenos sagrados e
profanos.

“Todas as crenças religiosas conhecidas [...] apresentam um mesmo caráter comum: supõem uma
classificação das coisas [...] que os homens concebem em duas classes [...] geralmente por dois
termos distintos [...] profano e sagrado.” (p. 19)

“A divisão do mundo em dois domínios que compreendem, um, tudo que é sagrado, outro, tudo o que
é profano, tal é o traço distintivo do pensamento religioso: as crenças, os mitos, os gnomos, as lendas,
são representações ou sistemas de representações que exprimem a natureza das coisas sagradas, as
virtudes e os poderes que lhe são atribuídos, sua história, suas relações mútuas e com as coisas
profanas.” (p.21 e 20)
“[...] o sagrado e o profano foram sempre [...] concebidos pelos espíritos humanos como gêneros
separados, como dois mundos entre os quais nada existe em comum [...] Isso não significa, porém,
que um ser jamais possa passar de um desses mundos para o outro [...]” (p. 22)

“[...] os dois mundos não são apenas [...] separados, mas hostis e rivais um do outro [...] a única
maneira de escapar totalmente à vida profana é. em última instância, evadir-se totalmente da vida
[...] se o profano não pudesse de maneira nenhuma entrar em relação com o sagrado, este de nada
serviria.” (págs. 23 e 24)

(As formas elementares da vida religiosa. 1ª ed. SP: Martins Fontes, 1996)

b) Marx

I- Mercadoria

Mercadoria é o que se produz para o mercado, isto é, o que se produz para a venda e não para
o uso imediato do produtor. A sua produção já existia antes da existência do capitalismo, mas
foi o sistema capitalista que a generalizou.

“Como os valores de troca das mercadorias não passam de funções sociais delas, e nada têm a ver
com as suas propriedades naturais, devemos antes de mais nada perguntar: Qual é a substância
social comum a todas as mercadorias? É o trabalho.” (p.80)

“Para produzir uma mercadoria tem-se que inverter nela, ou a ela incorporar, uma determinada
quantidade de trabalho. E não simplesmente trabalho, mas trabalho social. Aquele que produz um
objeto para seu uso pessoal e direto, para consumi-lo, cria um produto, mas não uma mercadoria.
Como produtor que se mantém a si mesmo, nada tem com a sociedade. Mas, para produzir uma
mercadoria, não só se tem de criar um artigo que satisfaça a uma necessidade social qualquer, como
também o trabalho nele incorporado deverá representar uma parte integrante da soma global de
trabalho invertido pela sociedade” (p.80)

(Salário, preço e lucro)

II- Força de trabalho

Para Marx, a força de trabalho é a mais importante das forças produtivas, sendo a sua compra
e venda a base do capitalismo industrial. Representando as capacidades físicas e outras a
serem desenvolvidas pelos indivíduos no processo de trabalho.

“O que o operário vende não é diretamente o seu trabalho, mas a sua força de trabalho, cedendo
temporariamente ao capitalista o direito de dispor dela.” (p. 86)
“A força de trabalho de um homem consiste, pura e simplesmente, na sua individualidade viva. Para
poder crescer e manter-se, um homem precisa consumir uma determinada quantidade de meios de
subsistência, o homem como a máquina, se gasta e tem que ser substituído por outro homem. Além da
soma de artigos de primeira necessidade exigidos para o seu próprio sustento, ele precisa de outra
quantidade dos mesmos artigos para criar determinado número de filhos, que hão de substituí-lo no
mercado de trabalho e perpetuar a raça dos trabalhadores [...] tem que gastar outra soma de valores
no desenvolvimento de sua força de trabalho e na aquisição de uma certa habilidade.” (p. 87)

(Salário, preço e lucro)

III- Divisão do trabalho

São as diferentes formas que os seres humanos, ao viverem em sociedades históricas,


produzem e reproduzem a vida.

“A divisão do trabalho no interior de uma nação gera, antes de mais nada, a separação entre
trabalho industrial e comercial, de um lado, e trabalho agrícola, de outro; e, com isso, a separação
entre a cidade e o campo e a oposição de seus interesses. Seu desenvolvimento posterior leva à
separação do trabalho comercial e do trabalho industrial. Ao mesmo tempo, pela divisão do trabalho
no interior dos diferentes ramos constata-se por sua vez, o desenvolvimento de diversas subdivisões
entre os indivíduos que cooperam em trabalhos determinados.” (p. 12)

“[...] o homem se distingue do carneiro pelo simples fato de que nele a consciência toma o lugar do
instinto ou de que seu instinto é um instinto consciente. Essa consciência gregária ou tribal se
desenvolve e se aperfeiçoa posteriormente em razão do aumento da sua produtividade, do aumento
das necessidades e do crescimento populacional que está na base dos dois elementos precedentes.
Assim se desenvolve a divisão do trabalho que outra coisa não era, primitivamente, senão a divisão
do trabalho no ato sexual, e depois se tornou a divisão de trabalho que se faz por si só ou “pela
natureza”, em virtude das disposições naturais (vigor corporal, por exemplo) das necessidades, do
acaso, etc. A divisão do trabalho só se torna efetivamente divisão do trabalho a partir do momento em
que se opera uma divisão entre o trabalho material e o trabalho intelectual. A partir desse momento,
a consciência pode de fato imaginar que é algo mais do que a consciência da prática existente, que
ele representa realmente algo, sem representar algo real.” (p. 26)

(A ideologia alemã. 2ª ed. SP: Martins Fontes, 1998)

IV- Modos de produção

São as formas de organização de um grupo social diante das relações de produção de seu
meio, e, as relações envolvidas no processo de manutenção da estrutura econômica de uma
sociedade.
“Pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião e por tudo o que se queira.
Mas eles próprios começam a se distinguir dos animais logo que começam a produzir seus meios de
existência [...] Ao produzirem seus meios de existência, os homens produzem indiretamente sua
própria vida material. (p.10)

“A maneira como os homens produzem seus meios de existência depende, antes de mais nada, da
natureza dos meios de existência já encontrados e que eles precisam reproduzir. Não se deve
considerar esse modo de produção sob esse único ponto de vista, ou seja, enquanto reprodução da
existência física dos indivíduos. Ao contrário, ele representa já, um modo determinado da atividade
desses indivíduos, uma maneira determinada de manifestar sua vida, um modo de vida determinado. A
maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o que eles são. O que eles são
coincide, pois, com sua produção, isto é, tanto com o que eles produzem quando com a maneira como
produzem. O que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais da sua produção.”
(p.11)

“[...] são os homens que, desenvolvendo sua produção material e suas relações materiais,
transformam, com a realidade que lhes é própria. Não é a consciência que determina, mas sim a vida
que determina a consciência.” (p. 20)

(A ideologia alemã. 2ª ed. SP: Martins Fontes, 1998)

V- Social-democracia

É uma ideologia política, nascida na Alemanha, que apoia intervenções econômicas e sociais
do Estado para promover justiça social dentro de um sistema capitalista.

“Quebrou-se o aspecto revolucionário das reivindicações sociais do proletariado e deu-se a elas uma
feição democrática; despiu-se a forma puramente política das reivindicações democráticas da
pequena burguesia e ressaltou-se seu aspecto socialista. Assim surgiu a social-democracia.” (p.58)

“O caráter peculiar da social-democracia resume-se no fato de exigir instituições democrático-


republicanas como meio não de acabar com dois extremos, capital e trabalho assalariado, mas de
enfraquecer seus antagonismos e transformá-lo em harmonia. Por mais diferentes que sejam as
medidas propostas para alcançar esse objetivo, por mais que sejam enfeitas as concepções mais ou
menos revolucionárias, o conteúdo permanece o mesmo. Esse conteúdo é a transformação da
sociedade por um processo democrático, porem uma transformação dentro dos limites da pequena
burguesia. Só que não se deve formar a concepção estreita de que a pequena burguesia, por
princípio, visa a impor um interesse de classe egoísta. Ela acredita, pelo contrário, que as condições
especiais para sua emancipação são as condições gerais sem as quais a sociedade moderna não pode
ser salva nem evitada a luta de classes” (p. 58)
(18 Brumário. Versão para e-book. Fonte digital: Nelson Jahr Garcia. Edição: Ridendo Castigat
Mores)

c) Weber

I- Vocação
O conceito de vocação – entendido como chamado de Deus para o exercício profissional - é
apresentado como base motivacional do moderno sistema econômico capitalista.
“Para os propósitos deste capítulo, embora não para as demais finalidades, podemos considerar o
protestantismo ascético como um todo. Mas uma vez que o puritanismo inglês, que deriva do
calvinismo, nos dá uma base religiosa mais consistente da ideia de vocação [...]” (p.73)
“O ascetismo sexual do puritanismo difere apenas no grau daquele monástico, mas não no princípio;
e de acordo com a concepção puritana do casamento, sua influência prática é de muito maior alcance
do que este. Por isso as relações sexuais, mesmo no casamento, só são permitidas apenas como meio
desejado por Deus para aumentar Sua glória, de acordo com o mandamento “Crescei e multiplicai-
vos”. Ao lado de uma dieta vegetariana e de banhos frios, contra todas as tentações sexuais é usada a
mesma prescrição adotada contra as dúvidas religiosas e o sentido de indignidade moral: “Trabalhe
com vigor na tua vocação”. Mas, a coisa mais importante é que, acima de tudo, o trabalho veio a ser
considerado em si, como a própria finalidade da vida, ordenada por. Deus. Nas palavras de S. Paulo,
“quem não trabalha não deve comer valem incondicionalmente para todos.” A falta de vontade de
trabalhar é sintoma da falta de graça.” (p.75)
“A ênfase da significação ascética de uma vocação fixa forneceu uma justificativa ética para a
modera divisão do trabalho em especialidades. De modo semelhante a interpretação providencial da
obtenção de lucro justificou as atitudes dos homens de negócios.” (p.77)
(A ética protestante e o espírito do capitalismo.)

II- Relação social


O termo “relação social” refere- se ao relacionamento entre os indivíduos ou no interior de um
grupo social.
“Denominar-se-á “relação social” um comportamento de vários, que, quanto ao seu conteúdo de
sentido, se apresenta como reciprocamente referido e, deste modo, orientado. A relação social
consiste, pois, plena e exclusivamente na probabilidade de que se atuará socialmente numa forma
(com sentido) indicável, não interessando agora em que se funda esta probabilidade.” (p. 48)
Trata-se sempre de um conteúdo significativo empírico, intentado pelos participantes – ou no caso
singular concreto ou numa média ou no tipo “puro” construído - e nunca num sentido
normativamente “justo” ou metafisicamente “verdadeiro”. (p. 49)
Uma relação social pode ter um caráter inteiramente transitório ou implicar uma permanência tal
que existe a probabilidade do retorno contínuo de uma conduta de sentido correspondente (ou seja,
tida por tal e, por conseguinte, esperada.” (p. 51)
(Conceitos sociológicos fundamentais: Conceito da ação social, Covilhã: LusoSofia: press, 2010)

III- Dominação
A dominação é o direito de exercer influência ou de manter a obediência dentro de um grupo,
fundamentando-se em tradições, costumes ou qualidades de um certo indivíduo, ela possui
três tipos: a dominação legal em virtude de estatuto; a dominação tradicional em virtude da
crença na santidade das ordenações dos poderes senhoriais de há muito existentes; a
dominação carismática em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes
sobrenaturais (carisma).
“A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, pode-
fundar-se em diversos motivos de submissão. Pode depender diretamente [...] de considerações
utilitárias de vantagens e inconvenientes por parte daquele que obedece. Pode depender de mero
“costume [...] Ou pode fundar-se, finalmente, no puro afeto.” (p. 128)
“Nas relações entre dominantes e dominados, por outro lado, a dominação costuma apoiar-se
internamente em bases jurídicas, nas quais se funda sua “legitimidade” [...] Em forma totalmente
pura, as “bases de legitimidade” da dominação são somente três, cada uma das quais se acha
entrelaçada [...] com uma estrutura sociológica fundamentalmente diversa do quadro e dos meios
administrativos.” (p.128)
(Os três tipos puros de dominação legítima: SOCIOLOGIA. Organizador: Gabriel Cohn, 7ª ed. SP.
Editora Ática, 2003)

IV -Afinidade eletiva
São as afinidades que os processos tem pra constituir uma realidade de uma forma e não de
outra. Weber faz essa análise sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo.
“Mas, por outro lado, não se deve de forma alguma defender uma tese tão disparatadamente
doutrinária que afirmasse por exemplo: que o “espírito capitalista” (sempre no sentido provisório
dado ao termo aqui) pôde surgir somente com o resultado de determinados influxos da Reforma [ou
até mesmo: que o capitalismo enquanto sistema econômico é um produto da Reforma]; Só o fato de
certas formas importantes de negócio capitalista serem notoriamente mais antigas que a Reforma
impede definitivamente uma visão como essa. Trata-se apenas de averiguar se, e até que ponto,
influxos religiosos contribuíram para a cunhagem qualitativa e a expansão quantitativa desse
“espírito” mundo afora, e quais são os aspectos concretos da cultura assentada em bases capitalistas
que remontam àqueles influxos. Em face da enorme barafunda de influxos recíprocos entre as bases
materiais, as formas de organização social e política e o conteúdo espiritual das épocas culturais da
Reforma, procederemos tão-só de modo a examinar de perto se, e em quais pontos, podemos
reconhecer determinadas “afinidades eletivas” entre certas formas da fé religiosa e certas formas da
ética profissional. Por esse meio e de uma vez só serão elucidados, na medida do possível, o modo e a
direção geral do efeito que, em virtude de tais afinidades eletivas, o movimento religioso exerceu
sobre o desenvolvimento da cultura material.” (p. 82 e 83)
(A ética protestante e o espírito do capitalismo)

V- Ação social
A ação social refere-se a uma conduta dotada de um sentido que é socialmente compartilhado
a partir da interação com outros e fundamentalmente é uma ação que é orientada para o outro,
tem o outro como referencial.
“A ação social (inclusive a omissão ou tolerância) pode orientar-se pelo comportamento passado,
presente ou esperado como futuro dos outros (vingança por prévios ataques, defesa do ataque
presente, regras de defesa contra-ataques futuros).” (p.40)
“Como toda a ação, também a ação social pode ser: 1) racional em ordem a fins, determinada por
expectações do comportamento de objetos do mundo exterior e dos outros homens, utilizando estas
expectações como “condições” ou “meios” para fins próprios racionalmente intentados e ponderados
como resultado; 2) racional quanto à valores, determinada pela crença consciente no valor- ético,
estético, religioso ou de qualquer outra forma que se interprete - específico e incondicionado de uma
determinada conduta puramente como tal e independentemente do resultado; 3) afetiva, sobretudo
emocional, determinada por afetos e estados sentimentais atuais; 4) tradicional, determinada como
um hábito vital.” (p.44)
(Conceitos sociológicos fundamentais: Conceito da ação social, Covilhã: LusoSofia: press, 2010)

Referências bibliográficas

DURKHEIM, Emile. AS REGRAS DO METÓDO SOCIOLOGICO. Tradução Paulo


Neves; Tradução: Eduardo Brandão. 3ª Ed – São Paulo: Martins Fontes ,1999.

DURKHEIM, Emile. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL. Tradução Eduardo


Brandão. 2ª ed. – São Paulo, Martins Fontes,1999.

DURKHEIM, Emile. AS FORMAS ELEMENTARES DAVIDA RELIGIOSA. 4ª ed. -São


Paulo: Martins Fontes,2009.

MARX, Karl. O 18 DE BRUMÁRIO DE LUIS BONAPARTE. 1ª ed. – São Paulo:


Boitempo, 2011.

MARX, Karl. A IDEOLOGIA ALEMÃ. 2 ª ed. – São Paulo: Martins Fontes,1998.

MARX, Karl. SALÁRIO, PREÇO E LUCRO. Associação dos trabalhadores, Londres,


1865.

WEBER, Max. A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPIRITO DO CAPITALISMO.14 ª ed.


- São Paulo, Sp. Martin Claret, 2001.

WEBER, Max. GRANDES CIENTISTAS SOCIAIS. 7 ª ed. – São Paulo: Editora ABDR,
2003.

WEBER, Max. CONCEITOS SOCIOLOGICOS FUNDAMENTAIS. Corvilhã , 2010.

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