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Breve histórico das oposições esquerdistas no século XX

Brief History of the Leftists oppositions in the 20th Century

Resumo: Segundo as Linhas de Orientação (1922) da Internacional Comunista


Operária (KAI) – uma tendência surgida no interior do Partido Operário Comunista da
Alemanha (KAPD) –, na medida em que apelava para a revolução, para a expropriação
dos capitalistas, a III Internacional Comunista (1919-43) era, sem dúvida, uma
organização proletária voltada para a supressão do capitalismo; mas, quando mantinha o
parlamentarismo, os sindicatos, a ditadura do partido e a ditadura dos chefes, não
passava de uma organização burguesa criada para conservar o capitalismo e reconstruí-
lo. Anton Pannekoek referia-se a essa corrente adversária da ação parlamentar e da
participação dos comunistas nos sindicatos reformistas como “comunismo ocidental”,
ou “comunismo de Conselhos”. Em síntese, o sociólogo francês Richard Gombin (1972)
define o “esquerdismo” ocidental como uma alternativa radical ao marxismo-
leninismo, arraigada tanto em um acordo geral sobre a realidade revolucionária central,
que é a atividade independente dos trabalhadores na sua luta cotidiana, como em uma
prática que prioriza a autonomia das lutas e a rejeição instintiva de todas as direções e
de todas as hierarquias. A partir dos anos 1950, surgem grupos e organizações que
retomam alguns princípios da corrente pannekoekista do “comunismo de Conselhos”,
como a Internacional Situacionista (1957-72) e o Combate (1974-78).

Palavras-chave: Esquerdismo; conselhismo; comunismo ocidental.

Abstract: According to the Guidance Lines (1922) of the Communist Workers


International (KAI) – a tendency emerged within the Communist Workers Party of
Germany (KAPD) –, as it was calling for the revolution, for the expropriation of the
capitalists, the Third Communist International (1919-43) was undoubtedly a proletarian
organization aimed at suppressing capitalism; but when it kept parliamentarism, the
unions, the party dictatorship and the dictatorship of leaders, it was nothing but a
bourgeois organization created to conserve capitalism and rebuild it. Anton Pannekoek
referred to this opposing current of parliamentary action and communist participation in
the reformist unions as "Western communism," or "council communism". In short, the
French sociologist Richard Gombin (1972) defines Western "Leftism" as a radical
alternative to Marxism-Leninism, which is rooted in a general agreement on the central
revolutionary reality, which is the independent activity of the workers in their daily
struggle, as well as in a practice that prioritizes the autonomy of struggles and the
instinctive rejection of all directions and all hierarchies. From the 1950s onwards,
emerge groups and organizations, resuming some principles of the Pannekoekist current
of "council communism", such as the Situationist International (1957-72) and Combat
(1974-78).

Keywords: Leftism; Councilism; Western communism.

1
Se meu guia nas montanhas está me levando para o abismo,
prefiro ficar sem guia.

Herman Gorter. Carta aberta ao companheiro Lenin, 1920.

O uso da palavra “esquerdismo” no léxico político data do início do século XX,


no contexto revolucionário dos anos 1917-21 e, particularmente, de formação da III
Internacional Comunista (1919-43). Entretanto, a noção ainda é amplamente usada, e
parece não haver na atualidade uma definição homogênea de esquerdismo, o que leva a
interpretações controversas e ambíguas do termo, tanto no debate político como no
senso comum. Uma breve pesquisa na internet basta para comprová-lo.
À direita, o termo assume um significado simplista, que designa tão somente o
sujeito politicamente identificado com o campo de esquerda1. Evidentemente, é no
campo da esquerda que o termo ganha seu próprio sentido, todavia mais complexo. Nos
discursos de diversos dirigentes de diferentes partidos comunistas, os esquerdistas são,
de modo geral, estigmatizados como elementos perigosos, heréticos, que ousam
enfrentar o cânone da doutrina oficial. No registro dogmático da ortodoxia comunista, o
esquerdismo continua sendo sinônimo de um posicionamento “anarquizante”,
“aventureiro”2, “inconsequente”3 ou “sectário”4, todavia perigoso e indesejável ao
movimento operário. Como se vê, trata-se de uma corrente rechaçada tanto à direita
quanto à esquerda do espectro sociopolítico.
No livro As origens do esquerdismo (1972), o sociólogo francês Richard
Gombin transfere o termo das polêmicas politicistas para o campo científico-social,
conferindo a ele um inédito estatuto de conceito, então definido como uma alternativa
radical ao marxismo-leninismo, arraigada tanto em um acordo geral sobre a realidade
revolucionária central, que é a atividade independente dos trabalhadores na sua luta
cotidiana, como em uma prática que prioriza a autonomia das lutas e a rejeição
instintiva de todas as direções e de todas as hierarquias, ainda que “revolucionárias”.
Nas palavras de Maurício Tragtenberg, “esquerdistas eram [...] aqueles que recusavam a

1
Cf. PNR, 2017; Carvalho, 2007.
2
Cf. Cunhal, 1994.
3
Cf. Souza, 2010.
4
Cf. Amziane, 2016; Roubaud-Quashie, 2016.

2
luta parlamentar trocando-a pela ação direta da massa e colocavam dúvidas acerca do
papel ‘dirigente’ do Partido em relação à classe operária” (1981, p. 14).
No item 1 (Origens: o esquerdismo como oposição interna ao movimento
comunista), retomamos as origens históricas da corrente esquerdista, relacionadas com a
oposição (a esquerda, portanto), sobretudo alemã, holandesa e inglesa, dentro do
movimento comunista internacional, na conjuntura revolucionária dos anos 1917-21,
passando pelo refluxo contrarrevolucionário dos princípios esquerdistas após a
ascensão, especialmente na Rússia, na Itália e na Alemanha, dos regimes stalinista,
fascista e nazista, nos anos 1930 e 40. Nos itens 2 (Comunismo de Conselhos vs.
Comunismo de Partido) e 3 (O marxismo heterodoxo de Anton Pannekoek), retomamos
as teses pannekoekistas sobre o poder dos conselhos de trabalhadores, em oposição às
formas partidária e sindical de organização do proletariado no momento revolucionário.
Por fim, delineamos no item 4 (Retorno: o esquerdismo como corrente anticapitalista e
antibolchevique) o retorno dos princípios básicos do esquerdismo a partir da década de
1950, sobretudo durante as tentativas derrotadas de revolução social ocorridas na
Hungria em 1956, na França em 1968, e Portugal em 1974-755.

1. Origens: o esquerdismo como oposição interna ao movimento comunista.

Em 1918, Vladimir Lenin (1870-1924) assinava um panfleto intitulado Acerca


do infantilismo “de esquerda” e do espírito pequeno-burguês, no qual se voltava
agressivamente contra os redatores da Kommounist, revista teórica dirigida pelos
“comunistas de esquerda” Bukharin, Radek, Ossinsky e publicada pelo Comitê do
Distrito de Leningrado. Cerca de dois anos depois, no contexto do II Congresso do
Kominterm, ele assinaria outra furiosa crítica, dessa vez contra as posições adotadas por
parte dos partidos comunistas ocidentais, sobretudo os partidos alemão e inglês e, de
modo menos frontal, italiano. No panfleto Esquerdismo, doença infantil do comunismo
(1920), o dirigente bolchevique defende a atuação dos PCs no bojo dos sindicatos
reacionários e dos parlamentos burgueses (posição contrária à minoria – oriunda do
movimento basista – do partido inglês e da parte minoritária e mais radical da esquerda
germano-holandesa), salientando os benefícios dos “acordos” e “alianças” na política

5
A derrota da revolução portuguesa em 1975, junto com o golpe de Estado no Chile no ano anterior, são
vistos por Frederic Jameson como marcos conclusivos do que ele chama de os “longos anos sessenta”
que, segundo a sua periodização, teria se iniciado no final da década de 1950. Cf. Jameson, 1985/1992.

3
revolucionária, bem como do papel central da liderança partidária para o triunfo da
revolução proletária – uma tática inteiramente oposta àquela proveniente, sobretudo dos
esquerdistas alemães. Lenin os acusava, em síntese, de negar a legitimidade dos bons
compromissos negociados nos limites do dispositivo político e jurídico burguês por suas
instâncias (políticas e econômicas, partidárias e sindicais) centrais.
Contudo, animados por intelectuais e marxistas heterodoxos como os alemães
Karl Korsch (1886-1961), Otto Rühle (1874-1943) e Paul Mattick (1904-81), os
holandeses Anton Pannekoek (1873-1960) e Herman Gorter (1824-1927), além do
italiano Amadeu Bordiga (1889-1970), tais partidos se rebelavam justamente contra a
imposição, na III Internacional, do modelo russo (bolchevique) de revolução aos países
da Europa Ocidental. Em sua Carta aberta ao companheiro Lenin (1920), Gorter
rebela-se:

A Executiva de Moscou, os dirigentes russos de uma revolução que só


venceu porque teve o apoio de um exército de milhões de camponeses
pobres, querem impor a sua tática ao proletariado da Europa que está e
deve estar só. E para atingirem esse objetivo, destroem como você a
melhor corrente da Europa Ocidental. Que besteira incrível e,
sobretudo, que dialética! (1981, p. 35).

A noção de “camponeses pobres” sobre a qual se apoiava Lenin, só tinha sentido


em um país economicamente atrasado como a Rússia, onde eles até dispunham de um
partido próprio, o Partido Socialista Revolucionário. Na Europa Ocidental, argumentava
Gorter, a maioria do campesinato era constituída por arrendatários e pequenos
proprietários hostis à revolução e ao comunismo. Nos países ocidentais, qualquer
estratégia revolucionária deveria partir da constatação do isolamento da classe operária
e da ausência de aliados à causa proletária e comunista:

A revolução na Rússia venceu pelo apoio dos camponeses pobres. Isto


deve ser lembrado aqui na Europa Ocidental e em todas as partes do
mundo. Mas os operários na Europa Ocidental estão sós. Nunca se
deve esquecer isto na Rússia (Ibidem, p. 22).

Outro ponto de discórdia importante era a chamada “questão sindical”. Gorter


via na organização sindical uma formação contrarrevolucionária, na medida em que
concorria, em países como Alemanha e Inglaterra, contra a auto-organização dos
operários por conselhos ou comissões de fábricas, nos quais eles deveriam decidir
diretamente sobre questões táticas e estratégicas de suas próprias lutas. Segundo suas
4
palavras, os operários não são donos dos seus sindicatos: “Ao contrário, são dominados
por eles como uma força estranha contra a qual eles podem revoltar-se, embora essa
força tenha sido criada por eles mesmos” (Ibidem, p. 19).
Outra ponto polêmico diz respeito à participação de um partido revolucionário
no Parlamento burguês. Apesar de reconhecer que o Parlamento pode até ser um eficaz
veículo de propaganda (ao divulgar as medidas tomadas em favor das classes
trabalhadoras), Gorter acentua o prejuízo que este caminho causava à perspectiva
revolucionária de uma auto-emancipação proletária, ao reproduzir as ilusões liberal-
burguesas em seu seio e arrastar para a agitação legalista os operários mais combativos.
No Ocidente, uma “aliança de classes” que incluísse o proletariado não passava de uma
ilusão socialdemocrata, dado que ali o capital financeiro concentrava a propriedade da
indústria, dos bancos, da agricultura e dos transportes, mantendo assim os interesses da
pequena-burguesia a ele ligados. Radical na Rússia, as posições de Lenin se tornavam
oportunistas no contexto da Europa Ocidental, uma vez que a possibilidade de que a
revolução comunista fosse favorecida pelas cisões entre os vários setores que dividem o
campo burguês só era possível de realizar-se na Rússia, onde o desenvolvimento do
capital financeiro e do Estado encontrava-se bem menos avançado.
Gorter insistia também no fato de que a organização revolucionária nos países
mais desenvolvidos havia se tornado mais impessoal e mais coletiva, menos
verticalizada, portanto: “Você não observou, companheiro Lenin, que não há ‘grandes’
dirigentes na Alemanha? Todos são homens absolutamente comuns” (Ibidem, p. 25).
Para ele, a situação alemã demandava às massas proletárias um esforço muito maior do
que aquele exigido ao proletariado russo. Consequentemente, advertia que, naquele país,
a importância dos dirigentes era proporcionalmente menor do que na Rússia.
Segundo as Linhas de Orientação (1922) da Internacional Comunista Operária
(KAI), uma tendência surgida no interior do Partido Operário Comunista da Alemanha
(KAPD), na medida em que apelava para a revolução, para a expropriação dos
capitalistas, a III Internacional era, sem dúvida, uma organização proletária voltada para
a supressão do capitalismo; mas, quando mantinha o parlamentarismo, os sindicatos, a
ditadura do partido e a ditadura dos chefes, não passava de uma organização burguesa
criada para conservar o capitalismo e reconstruí-lo.
Pannekoek, que havia ajudado a fundar o PC holandês em 1918, referia-se a essa
corrente adversária da ação parlamentar e da participação dos comunistas nos sindicatos
reformistas como “comunismo ocidental”, ou “comunismo de Conselhos”, oposta ao

5
que chamava de “comunismo de Partido” ou “de sindicatos”6. Seus iniciadores, que em
1920 haviam deixado a III Internacional após a querela com Lenin e os bolcheviques
russos, reagrupar-se-iam, anos depois, nos Estados Unidos, em torno de pequenas
organizações compostas por operários e intelectuais, publicando revistas de crítica
social como a International Council Correspondence (1934-37), Living Marxism (1938-
41) e New Essais (1942-43). Mattick e Korsch emigraram para os Estados Unidos,
respectivamente, em 1926 e 1936, e Rühle para o México, em 1933.
Nesse período de contrarrevolução totalitária na Europa, suas análises refletiam
o rebaixamento do horizonte de expectativas típico dos anos 1930, concentrando-se
particularmente: na crise do capital, agudizada no ano de 1929, e no desemprego
massivo dela decorrente; na ascensão do fascismo na Europa e na destruição do
movimento operário nos países onde ele havia triunfado; no antifascismo e na guerra
civil espanhola, bem como no triunfo da contrarrevolução stalinista na Rússia.

2. Comunismo de Conselhos vs. Comunismo de Partido.

Vimos como os esquerdistas não admitiam, na práxis do movimento


revolucionário do proletariado, o uso de métodos estatais e hierárquicos extraídos da
revolução burguesa, em oposição ao “comunismo de partido” ou “de parlamento”,
defendido por socialdemocratas e comunistas7. Para Gombin, a crítica teórica que os
“conselhistas” puderam formular de encontro ao comunismo de Partido foi por muito
tempo mascarada pela aceitação quase unânime de um certo número de axiomas, como
a importância do partido revolucionário na luta de classes, o lugar central dos sindicatos
na radicalização das massas, “o caráter operário do Estado russo e, mais tarde, a teoria
das ‘degenerações stalinistas’ que nada questionam da pureza e do caráter
revolucionário do bolchevismo e da revolução russa” (1976, p. 33)8.

6
Cf. Bricianer, 1969.

7
Cf. Gombin, 1976.

8
A maior parte dos teóricos identificados com a corrente comunista-conselhista considerava a URSS um
regime capitalista de Estado, assim como assimilava a burocracia bolchevique a uma classe dominante.
No final dos anos 1930, o ex-trotskista italiano Bruno Rizzi (1901–77), em polêmica com o próprio
Trotski, defendia que o Estado “soviético” nunca teria sido um Estado “operário”, pois a classe capitalista
não havia sido substituída, na Rússia, pela classe operária, mas sim pela sua representação burocrática,
constituída pelos quadros tecnocráticos do Estado e do Partido bolchevique.

6
A forma conselho (soviet, em russo; raete, em alemão) que, em oposição às
formas partido e sindicato, havia surgido no decorrer da primeira revolução russa em
1905 e, mais tarde, se espraiado tanto no processo revolucionário que retornava na
Rússia (1917-21), como na Ucrânia (1917-18), Alemanha (1918-20), Hungria (1919),
Itália (1919-20) e China (1925-27), era vista pelos teóricos esquerdistas como a mais
elevada verdade da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT, 1864-76),
segundo a qual a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios
trabalhadores. Verdade essa que seria absolutamente ignorada tanto pela Segunda
Internacional Comunista (sob a hegemonia dos socialdemocratas alemães, 1889-1914),
quanto pela Terceira (dominada pelos bolcheviques russos, 1919-43) e pela Quarta
(trotskista, fundada em 1938).

3. O marxismo heterodoxo de Anton Pannekoek.

Segundo Maurício Tragtenberg, o “marxismo heterodoxo” se define por uma


leitura não regida pelos moldes “ortodoxos” definidos pelo chamado “marxismo-
leninismo-stalinismo”, que fundamentavam as análises dos PCs vinculados ao modelo
da URSS: “os marxistas heterodoxos colocam em discussão a noção de partido
hegemônico” (1981, p. 7).
O holandês Anton Pannekoek é sem dúvida o mais influente teórico da corrente
conselhista. Sua experiência na militância comunista perpassa meio século, e sua teoria
extrai, principalmente das experiências revolucionárias russa e alemã, as conclusões
mais radicais da sua época. Todos os debates teóricos e experiências organizacionais
práticas da corrente esquerdista não podem prescindir das reflexões pannekoekistas
sobre a importância do que chamava de “fator espiritual”, isto é, da consciência
histórica, nos processos revolucionários, bem como da prioridade conferida à ação das
massas (em detrimento da ação dos líderes) na condução das lutas (GOMBIN, 1972, pp.
118-129).
Será, contudo, somente com as experiências revolucionárias de 1917-21 em
países como Rússia, Alemanha, Áustria, Hungria, Ucrânia e Itália9, que a sua teoria dos
conselhos ganharia seus contornos mais definitivos. Para Gombin, “essas experiências

9
Experiências que, especialmente no biênio 2017-18, completam cem anos. No que diz respeito ao Brasil,
a greve geral de 1917 em São Paulo, bem como o levante anarquista de 1918 no Rio de Janeiro,
testemunhavam que o clima internacional da época era suficientemente persuasivo para influenciar
escolhas sociais e decisões políticas em arenas locais mais restritas. Cf. Addor, 1986.

7
permitiram-lhe, negativamente, desenvolver a sua crítica do comunismo de partido, e,
positivamente, formular a sua concepção de comunismo de conselhos” (1972, p. 120).
Segundo Pannekoek, os conselhos não se limitam à gestão econômica (como
defendem algumas correntes operaístas em torno da autogestão da produção), mas
constituem além disso estruturas políticas destinadas a substituir as formas dominantes
de governo. No conselho de trabalhadores, a distinção entre as esferas política e
econômica se interpenetram reciprocamente, juntamente com a abolição da separação
entre especialistas (gestores) e produtores10.
Apesar de privilegiar a luta de classes à evolução das forças econômicas na
análise do processo histórico, o seu materialismo parece cair por vezes no
evolucionismo, bem como numa correlata noção moral de trabalho, que a geração
seguinte de esquerdistas não hesitaria em tomar como “produtivista” (GOMBIN, 1972,
p. 128).
Também sua concepção de proletariado apresentou-se demasiado restritiva, se
comparada com aquela desenvolvida por seus herdeiros do segundo pós-guerra (sócio-
bárbaros, situacionistas). Contudo, conforme assinala com razão Gombin, Pannekoek
“soube transmitir concepções espantosamente modernas ou mesmo proféticas. Vimos o
que ele diz (já em 1947!) da ação direta, da greve selvagem, da ocupação de fábricas”
(Ibidem, p. 129). Concepções às quais se alinhariam a geração seguinte de esquerdistas,
que atuavam na Europa Ocidental entre os anos 1960 e 70.

4. Retorno: o esquerdismo como corrente anticapitalista e antibolchevique.

A partir do final dos anos 1950, sobretudo das tentativas (vencidas) de revolução
na zona oriental de Berlim em 1953, bem como de Budapeste em 1956 (que coincidem,
respectivamente, com a morte de Stalin e a realização do XX Congresso), tem-se o
início da chamada “desestalinização” do PCUS. Nessa nova conjuntura, surgem, na
Europa ocidental, grupos e organizações que, agora absolutamente exteriores aos
aparatos partidários e sindicais tradicionais sob a hegemonia dos comunistas, retomam
10
Tal crítica já havia sido formulada teoricamente no lastro da primeira revolução russa, em 1905, em
textos do russo-polonês Jan Waclav Makhaïski (1886-1926), para o qual a abolição da propriedade
privada, apesar de ser uma condição necessária à implementação do socialismo, não seria, entretanto,
suficiente, caso fossem mantidas a divisão social do trabalho fundada na separação entre o trabalho
manual e o intelectual, entre aqueles que pensam/ensinam e aqueles que executam/aprendem (1905/1981,
pp. 96-109). Ela será retomada nos anos 1950 por Castoriadis (1979), nas páginas da revista Socialisme
ou Barbarie, em sua defesa da autogestão operária, que implicava uma crítica da burocracia gestora e da
separação entre dirigentes e executantes na base da qual ela se edifica.

8
alguns princípios da corrente pannekoekista do comunismo de Conselhos da primeira
metade do século, como o Socialismo ou Barbárie (1949-67), a Internacional
Situacionista (1957-72), o Informações Correspondências Operárias (1958-73)11, o
Solidarity (1960-92) e o Combate (1974-78).
Aglutinando intelectuais e marxistas heterodoxos como o franco-grego Cornelius
Castoriadis (1922-97), o francês Guy Debord (1931-94), o anglo-grego Chris Pallis
(1923-2005), o irlandês Phil Mailer (1946 - ) e o português João Bernardo (1946 - ),
esses grupos participariam ativamente (com exceção do grupo de Castoriadis) das
tentativas de revolução de maio-junho de 1968 na França, desempenhando um
importante papel também durante a revolução portuguesa de 1974-75. Na síntese de
João Bernardo:

Na década de 1950, sobretudo a partir do seu final, e durante os vinte


anos seguintes, as lutas operárias começaram a impor, na prática, a
questão do controle e da autonomia. Num número cada vez maior de
casos, e que alcançaram várias vezes a amplitude de verdadeiras
revoluções, foram os próprios trabalhadores de base a tomar a
iniciativa do processo e mantê-lo sob a sua orientação, não a alienando
para os dirigentes sindicais ou partidários [...] E isto sucedeu tanto na
esfera do capitalismo de Estado – em Berlim, na Hungria, múltiplas
vezes na Polônia, na Checoslováquia, na Iugoslávia, na China, durante
o processo complexo da Revolução Cultural – como na esfera do
capitalismo democrático – nos Estados Unidos e no Canadá, na
França, na Espanha, na Itália e em Portugal, como em alguns países da
América Latina (1998, p. 23).

Tais grupos restauravam, de um lado, uma crítica radical tanto dos regimes
ocidentais quanto do leste, mas, principalmente, da burocracia como nova classe
dominante; uma crítica da concepção leninista de organização e das relações entre a
organização e as massas; uma definição de socialismo como gestão proletária da
produção e de todas as atividades sociais; uma crítica das concepções marxistas
tradicionais sobre a dinâmica e a natureza da crise da sociedade capitalista, e da
concepção tradicional da política como atividade especializada separada das demais
atividades sociais. No Manifesto (1967) do grupo Solidarity, lê-se que:

Não queremos ser uma “direção”. Queremos ser um instrumento de


ação dos trabalhadores. O papel de Solidarity é o de ajudar todos

11
Os contemporâneos Informações Correspondências Operárias (ICO) e Internacional Situacionista (IS)
mantinham entre si tanto pontos de acordo como de desacordo. Do lado situacionista da querela, ver os
textos “Lire I.C.O.” (IS, n° 11, 1967) e “Qu’est-ce qui fait mentir I.C.O.?” (IS, n° 12, 1969). Do outro,
consultar o relato tardio de Henri Simon (2006).

9
aqueles que, na indústria e na sociedade em seu conjunto, entram em
conflito com a estrutura social em seu conjunto, entram em conflito
com a estrutura social autoritária atual; ajuda-los a generalizar sua
experiência, a fazer uma crítica global de sua condição e de suas
causas, e desenvolver a consciência revolucionária de massas,
indispensável à transformação total da sociedade (apud BRINTON,
1973, p. 202).

Também os redatores do jornal Combate, em seu Editorial de 26 de dezembro de


1975, realizam o seguinte balanço da derrota da revolução portuguesa de 1974-75:

Face à repressão que se abate sobre o movimento operário autônomo,


os partidos permanecem silenciosos. Quando as tempestades se
aproximam, os partidos só pensam em defender os aparelhos
burocráticos, garantia da sua força na luta entre os vários setores
políticos pela repartição da mais-valia. Este silêncio prova a quem não
queria acreditar que os partidos não só são inúteis para o movimento
proletário, como são agentes ativos da construção do capitalismo de
Estado (apud ABADIA, 2009, p. 26).

Já a Internacional Situacionista (IS), organização que aglutinava, desde Paris,


artistas e intelectuais revolucionários de várias partes do mundo, já desde o início da
década de 1960, promovia uma fecunda concepção pluriclassista de revolução social,
bem como uma concepção ampla de proletariado e de sujeito revolucionário, ao
estenderem a luta de classes para os campos da arquitetura, do urbanismo, da arte
moderna e da vida cotidiana. Debord, o seu principal teórico e mais influente membro,
defendia n’A sociedade do espetáculo (1967), uma forma de organização revolucionária
que já “não representa a classe” (1997, p. 84), pois não pode “reproduzir em si as
condições de cisão e de hierarquia que são as da sociedade dominante” (Ibidem, p. 85),
e deve “ter aprendido que já não pode combater a alienação sob formas alienadas”
(Ibidem, p. 84).
Assim como para os demais representantes da corrente comunista-conselhista do
proletariado revolucionário da primeira metade do século XX, para os esquerdistas dos
anos 1960 e 70, o comunismo não é mais um fim a se atingir, mas decorre
imediatamente da autogestão da força de trabalho por meio de organizações anti-
hierárquicas (na forma de comissões, comitês ou conselhos), que rompam com o
verticalismo predominante na organização das unidades produtivas12, em seus mais

12
Os situacionistas compreendem tais unidades em sentido amplo, para além das unidades de produção
fabris, extensiva aos setores da atividade terciária, bem como do trabalho intelectual e dos chamados

10
diversos setores, sendo, ao mesmo tempo, precursoras de novas relações sociais de
produção, verdadeiramente comunistas, transparentes e horizontais: “o Conselho quer
ser a forma de unificação prática dos proletários, dando a si os meios materiais e
intelectuais da transformação de todas as condições existentes, fazendo soberanamente a
sua história” (IS, 1969/1997, p. 631).
Não se trata, para eles, de limitar-se a reverter o regime de propriedade,
passando-o das mãos da burguesia para as da burocracia tecnocrática (através de uma
tomada jacobina do Estado), se tal reversão não for acompanhada, como ocorreu na
experiência russa, de uma profunda alteração nas relações de produção que se
constituem em sua base.
Sabe-se que Pannekoek levava fortemente em consideração a importância do
que chamava de “fator espiritual” no processo revolucionário, uma vez que apenas um
proletariado consciente de suas tarefas e expectativas futuras poderia fazer a
revolução13. Debord também define o conselho de trabalhadores como “o lugar onde as
condições objetivas da consciência histórica estão reunidas” (1967/1997, p. 81) e, no
balanço feito após a revolução de 68, os situacionistas atribuíram a derrota da primeira
greve geral selvagem da história justamente a uma inadequação entre a consciência e a
práxis do movimento, “marca fundamental das revoluções proletárias inacabadas”, bem
como à “falta de consciência histórica, condição sine qua non da revolução social” (IS,
1969/1998, pp. 152-3).

5. Considerações finais.

Neste breve histórico, vimos apenas um esboço acerca das principais


perspectivas teóricas e experiências práticas da corrente esquerdista ao longo do século
XX, em dois de seus momentos mais decisivos; o primeiro, originário, que
desembocaria nas revoluções de 1917-21 em diversos países europeus; e o segundo,
que, reiniciado no fim da década de 1950, retornaria com força revolucionária em
diversos países europeus e não europeus, mas principalmente na França em 1968, em
Portugal em 1974-75 e na Itália em 1977.

“serviços”. Cf. Da IS, consultar sobretudo os artigos do 12° (e último) número de sua Revista, de
setembro de 1969.

13
Cf. Mattick, 1960; Bricianer, 1969.

11
Além disso, observa-se como em seu primeiro momento, tal corrente existia
internamente ao movimento comunista internacional, enquanto que, no segundo, ela
passa a se movimentar não apenas de modo inteiramente exterior aos PCs, como
também radicalmente contra eles. Esperamos ter demonstrado como os pressupostos do
antibolchevismo de matiz esquerdista se distinguem radicalmente dos do
antibolchevismo de direita, em suas mais diversificadas matizes, seja nazista ou
fascista, machartista ou tatcherista, sempre incapazes de notar as diferentes nuances
teóricas, táticas e estratégicas, que compõem a multiversa, porém por vezes traumática
experiência histórica do movimento revolucionário moderno. Segundo Paul Mattick,
trata-se de um antibolchevismo radicalmente distinto do antibolchevismo antissemita do
nacional-socialismo alemão, de um antibolchevismo proletário, portanto,
simultaneamente antibolchevique e anticapitalista, dado que “o capitalismo de Estado
bolchevique não é mais do que um tipo de capitalismo” (1960):

Enquanto a luta de Lenin contra o “esquerdismo” era o primeiro


sintoma das tendências contrarrevolucionárias do bolchevismo, o
combate de Pannekoek e Gorter contra a corrupção leninista do novo
movimento operário foi o começo de um antibolchevismo de um
ponto de vista proletário. O antibolchevismo burguês é a ideologia
corrente da concorrência capitalista dos imperialismos que varia em
função das relações de forças nacionais (Ibidem).

Sabe-se que Debord achava inadequado o uso do termo “esquerdismo” para se


referir à história da corrente conselhista do proletariado revolucionário no século XX:

Richard Gombin, n’As origens do esquerdismo, constata que “as seitas


marginais de outrora tomaram a dimensão de um movimento social”,
o qual já demonstrou que o “marxismo-leninismo organizado” não é
mais o movimento revolucionário. Ao fazer uso do termo bastante
inadequado de “esquerdismo”, Gombin se recusa, pois, legitimamente,
a alinhar-se aos redundantes discursos neo-burocráticos, dos
numerosos trotskismos aos diferentes maoísmos (1972/2006, p. 1103.
Tradução nossa).

Entretanto, optamos aqui por restaurar, como Gombin, o sentido original do


termo, que remete à polêmica entre esquerdistas e leninistas, pois ele reserva algumas
vantagens explicativas em relação a outros termos frequentemente usados para designar
grupos de orientação conselhista, como “autonomista” e/ou “marxista-libertário”,
termos que ainda não dispõem de um aparato conceitual e teórico que o distinguam

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claramente, como é o caso do esforço de Gombin, da extrema-esquerda, isto é, “dos
numerosos trotskismos aos diferentes maoísmos” de que falava Debord. De acordo com
Gombin:

Como movimento que se pensa, o esquerdismo é ao mesmo tempo


uma crítica, uma prática e uma teoria. Uma crítica que vai da revisão
do marxismo até à negação deste como teoria revolucionária [...] O
esquerdismo, nesta óptica, aparece como uma prática revolucionária
por toda a parte onde a luta de classes rompe o quadro preestabelecido
pelas organizações tradicionais: portanto, em toda a parte onde ela é
dirigida ao mesmo tempo contra o sistema e contra as direções
operárias (1972, p. 23-24, grifos no original).

Portanto, o esquerdismo constitui uma crítica teórica e prática dirigida contra a


totalidade do sistema capitalista, negando tanto as suas representações liberal-burguesas
quanto burocrático-totalitárias. Por esse motivo, Gombin distingue conceitualmente o
esquerdismo dos movimentos de extrema-esquerda, como as diferentes “oposições de
esquerda” aos PCs (trotskistas, maoístas) que, “atacando o partido em consequência da
sua traição à teoria ou à prática (ou as duas) marxista-leninistas”, têm o objetivo de irem
“até o extremo da doutrina comunista, e não substituí-la” (1972, p. 22).
Assim, o par esquerdismo/esquerdista torna-se uma ferramenta analítica bastante
útil para o cientista social, tanto como para o historiador, para dissociá-lo, por exemplo,
dos diferentes grupos herdeiros da extrema-esquerda extraparlamentar italiana, como o
Autonomia Operária (1973-79). Além disso, ajuda a evitar aberrações históricas e
conceituais como a de um grupúsculo que tem se autoproclamado de orientação
“autonomista-leninista”, conforme este autor se deparou no lastro das lutas no Brasil
pós-2013: um oximoro equivalente àquele outro, formulado pela extrema-direita
estadunidense no alvorecer deste século, que não vê contradição em se autoproclamar
“anarco-capitalista” ou até mesmo “libertária”.

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