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Esse tipo de ocaso da arte é "uma maneira de adaptar-se"

(Paralipomena, p. 473), porque "a abolição da arte numa so#ciedade


semibárbara e que avança para a completa barbárie
converte-se em sua colaboradora" (TE, 328). Querer realizar
diretamente, no plano social, o prazer ou a verdade contidos
na arte, corresponde à lógica da troca, que espera que a arte,
como todas as coisas, tenha alguma utilidade.

Afirma que "a arte


é social sobretudo por sua oposição à sociedade, oposição que
só adquire quando se torna autônoma[ ... ]. Não há nada puro,
nada formado segundo sua própria lei imanente, que não exerça uma crítica tácita"

As relações de produção baseadas na troca condenam a sociedade


a continuar submetendo-se aos imperativos dasobrevivencia,
criando - como diz o situacionista Vaneigem - "um mundo onde
a garantia de não morrer de fome é obtida em troca do risco
de morrer de tédio" - capitalismo da abundância.

Debord escreve: "Se não há nada além da sobrevivência ampliada, nada


que possa frear seu crescimento, é porque tampouco esta so#brevivência
se situa além da privação, mas é a privação enriquecida" (Sde, § 44).

Adorno atribui semelhante tomada de consciência exatamente à arte:


"O que era Isso deve chegar a ser o Eu, diz a nova arte com Freud."
noten zur Literatur, p.444.

"No lugar em que havia o isso econômico, deve haver o eu" (Sde, § 52), escreve
Debord

"A arte realiza uma íntima revisão do domínio da natureza ao


dominar as formas que a dominam" (TE, 184). A arte, "antí#tese social da sociedade"

(TE, 18), propõe à sociedade exem#plos de um uso possível de seus meios numa
relação com a
realidade que não seja de dominação nem de violência: "Só
pelo fato de existirem, as obras de arte postulam a existência
de uma realidade inexistente e, por isso, entram em conflito
com sua inexistência real" (TE, 83).

"No 'como'
do modo de pintar podem sedimentar-se algumas experiências
incomparavelmente mais profundas e também mais relevantes
socialmente do que nos fiéis retratos de generais e heróis re#volucionários" (TE,
200).

m Debord utiliza o conceito de "forças produtivas


estéticas'', baseando-se no paralelismo com as forças produti#vas extra-estéticas
da defesa da evolução formalista da arte até
1930, cujo resultado histórico foi a "superação" da arte.
"O que se chama cultura reflete, mas também prefigura, numa sociedade dada, as
possibilida#des de organização da vida"

"Estamos encerrados em algumas re#lações de produção que contradizem


o desenvolvimento necessário das forças produtivas também na esfera da cultura.
Devemos combater essas relações tradicionais" - o que seria esse desenvolvimento
necessário.

o desenvolvimento das forças produtivas estéticas chegou à


sua conclusão porque o desdobramento paralelo das forças
produtivas extra-estéticas transpôs um patamar decisivo,
criando a possibilidade de uma sociedade já não inteiramente
dedicada ao trabalho produtivo, uma sociedade que teria tem#po e meios para
"brincar" e entregar-se às "paixõe - dcebord

Assim como o progresso das ciências tornou a religião


supérflua, a arte demonstra ser, em seu progresso posterior,
uma forma limitada da existência humana21 - Debord

Para Adorno, toda produção material, ao ser dominação da natureza,


é uma forma particular da dominação em geral, e como tal não pode
ser portadora de liberdade. A dominação da natureza sempre
foi uma libertação do ser humano de sua dependência da na#tureza,
ao mesmo tempo em que introduzia novas formas de
dependência. Adorno destaca às vezes um, às vezes outro desses dois aspectos.

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