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Fundamentos de Sociologia Geral e da Comunicação - 2022.1

Carolina Pontes Borges - 13730746

Terceira Avaliação Escrita

O Prólogo da obra A sociedade em rede, de Manuel Castells, intitulado “a Rede e o Ser”,


trata da metodologia da obra do autor. Dessa maneira, fundamenta-se numa análise social
contemporânea no contexto de globalização capitalista, que se utiliza do artifício do
informacionalismo, desenvolvido nas últimas décadas do século XX. Nesse sentido, é possível
enquadrar a revolução tecnológica ocorrida nesse período como o fato de grande importância, de
modo a construir uma nova forma de relacionar a economia, o Estado e a sociedade.
Inicialmente, Castells conceitua que tecnologia se trata do uso de conhecimentos
científicos para facilitar a vida humana, fator que cria elementos confiáveis. Sendo assim, a partir
dos avanços em todas as áreas da tecnologia da informação, desenvolveu-se um mundo digital,
que diferencia o processo de mudanças atual das outras revoluções industriais, uma vez que
núcleo de transformação envolve tais novas tecnologias. Desse modo, é realizado um paralelo
entre o papel da tecnologia e o desenvolvimento de fontes de energia nas revoluções anteriores,
que transformaram e impactaram a sociedade como um todo.
A revolução tecnológica da informação surge, de acordo com o autor, nos anos 70, nos
Estados Unidos, mais precisamente no Vale do Silício, relacionada com a cultura da liberdade, a
inovação individual e a iniciativa empreendedora oriunda da cultura dos campi norte-americanos
da década de 60, emergindo nas sociedades capitalistas. Portanto, o Estado terá papel importante
no processo de desenvolvimento de tal revolução. Nesse sentido, atribuindo o surgimento de
uma nova estrutura social associada ao novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo.
Nessa perspectiva há a criação de um novo modo produtivo (informacional), que tem como fonte
de produtividade a tecnologia de geração de conhecimentos, do processamento da informação e
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de comunicação de símbolos, tendo a informação como principal elemento de agregação de valor


aos bens.
Assim, é estabelecida uma crítica social à economia mundial interdependente, possível
devido ao avanço da tecnologia, mas que conecta e desconecta indivíduos, grupos e até mesmo
países, de acordo com sua pertinência na realização dos objetivos processados na rede, em um
fluxo contínuo de decisões estratégicas (CASTELLS, 1999). Isso por sua vez, resulta num
processo de fragmentação social, sendo que à medida que o desenvolvimento tecnológico se
transforma, as mudanças sociais se tornam cada vez mais drásticas, de forma a alienar grupos
sociais e provocar uma perda de identidade, característica do processo de globalização.
Nesse sentido, Castells reforça a tecnologia como ferramenta criada pela sociedade de
acordo com sua cultura e contexto histórico, além de sua relação com o Estado. Entretanto, ela
também modifica a sociedade e seus costumes, dada a interação mútua, que é sintetizada pela
máxima “a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem
suas ferramentas tecnológicas”. A comunicação simbólica entre os seres humanos e o
relacionamento entre esses e a natureza, com base na produção (e seu complemento, o consumo),
experiência e poder, cristalizam-se ao longo da história em territórios específicos, e assim geram
culturas e identidades coletivas (CASTELLS, 1999). Nessa perspectiva, a sociedade é
estruturada conforme a relação entre a produção, experiência e poder de seus indivíduos ao longo
de sua história, de modo a gerar sua cultura.
Logo, o trato com o qual o coletivo, por meio do poder coesivo do Estado, dá a utilização
da tecnologia para produção determina seu modo de apropriação, distribuição e uso do excedente
produzido. O que deve ser guardado para o entendimento da relação entre a tecnologia e a
sociedade é que o papel do Estado, seja interrompendo, seja promovendo, seja liderando a
inovação tecnológica, é um fator decisivo no processo geral, à medida que expressa e organiza as
forças sociais dominantes em um espaço e em uma época determinados. (CASTELLS, 1999)
Assim, o Estado atua com arranjo de poder para que essa estrutura seja mantida, consolidando a
instituição como força que determina as estratégias no uso dos recursos tecnológicos..
Tendo que a tecnologia é necessária para que a produção seja mais eficiente por unidade
de insumo e energia utilizados, a utilização da mesma nos processos produtivos é responsável
por atribuir maior valor agregado aos bens, algo que promove o desenvolvimento de um país,
que sai do nível agrário para o industrial ou informacional, seguindo uma ordem crescente de
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evolução. Logo, os modos de desenvolvimento modelam toda a esfera de comportamento social,


inclusive a comunicação simbólica (CASTELLS, 1999).
Portanto, conclui-se que economia global da atualidade é caracterizada pelo fluxo e troca
praticamente instantânea de informações, capital e comunicação cultural. Tais fluxos são capazes
de regular e condicionar o consumo e a produção, tendo as redes como forma de refletir as
distintas culturas nas quais estão inseridas, também criando novos costumes. Nesse viés a
dependência de grande parte da sociedade em relação aos elementos de fluxo informacional dá
enorme poder a quem cria e controla os recursos.
Assim, a globalização digital acaba por marginalizar povos e países que não estão
inseridos na rede de informações. Dessa maneira, a flexibilização extrema do trabalho, aliada à
individualização da mão de obra, é responsável na construção de uma sociedade altamente
segmentada.

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