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FACULDADE DA REGIÃO SISALEIRA

BACHARELADO EM DIREITO

JOSÉ HAMILTON
RAFAEL LUCAS SANTOS LIMA
REIJANE FERREIRA SANTIAGO
RONEI PEIXOTO DOS
SANTOS URIEL ALMEIDA
SILVA

CYBERESPAÇO

CONCEIÇÃO DO COITÉ/BA
2024

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CYBERESPAÇO

É notório que, o processo acelerado do desenvolvimento científico e


tecnológico vivenciado pela sociedade, especialmente a partir da segunda metade
do século XX, trouxe, variáveis inovações, como a evolução e a expansão das
Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs). Com isso, a Internet e os
computadores domiciliares, progressivamente, potencializou as demandas dos
fluxos de comunicação entre os indivíduos e a dinamização do mercado mundial.
Em que, estas dinâmicas informacionais formaram novas maneiras de relações de
conexão entre pessoas físicas e jurídicas por todo o globo, de maneira nunca antes
experenciada garantindo mais informações e visibilidade
Nesta premissa, o ciberespaço, enquanto um produto de uma conjuntura
espaço-temporal é também geográfica demonstrando como um instrumento
imaterial, de caráter fundamental para o suporte de novas relações necessárias à
reprodução expandida do capitalismo. Sendo, deste modo, um produto do espaço
material, contribuinte como mediação potencialização de relações públicas que
atuam sobre o espaço que o gerou, reelaborando e reproduzindo uma nova
materialidade em permanente reinserção nesse circuito
Sob tal perspectiva, o que se compreende é que as relações sociais e
mercadológicas são de grande potência pelo ciberespaço e, nessa condição, tem
uma grande influência do espaço geográfico materializado hodierno. Assim acaba
assumindo uma importância de compreender o ciberespaço enquanto resultado
qualitativo e tecnológico para as pesssoas que estão em busca de agilidade, mas
também como instrumento essencialmente transformador no processo de
reordenamento socioespacial que vivenciamos.
Neste viés, a variedade de dispositivos técnicos que existem pelos quais as
informações trafegam sustentam e, também, fazem parte desse ciberespaço. Como
por exemplo, um computador que faz parte do mundo material e dá suporte ao
ciberespaço, se torna também uma das partes “vitais” dele. Entendendo que espaço
imaterial, então suportado pelo o mecanismo da Internet, caracteriza-se como um
“novo espaço” dando mais aplicabilidade de informação que, mesmo intangível, se
configura como reprodutor da realidade.
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Conforme afirmou Israel (2019, p. 33), na gênese da era informacional “o
computador é um elemento indissociável e a Internet seu mais espraiado resultado”.
O ciberespaço, destemodo, surge como espaço-instrumental de transformações
políticas, econômicas, sociais e culturais, produzindo e reproduzindo o espaço
geográfico de acordo com as necessidades de quem o controla e utiliza. Ainda, de
acordo com Israel (2019, p. 21), este espaço virtual define- se “a partir de geometrias
de poder que promovem espacialidades verticais ou hierárquicas de um lado e
espacialidades horizontais ou distribuídas de outro.
Segundo Pierre Lévy (1999, p. 22), “as tecnologias são produtos de uma
sociedade e de uma cultura”. Nesta ótica, torna-se imprescindível voltar ao contexto
histórico em que a Internet foi criada, para que compreendamos que tais quais
condicionantes foram empregadas em tal ato. Como também afirmou Santos (2017, p.
181), as tecnologias “são irreversíveis, na medida em que, em um primeiro momento,
são produtos da história, e, em um segundo momento, elas são produtoras da história,
já que diretamente participam desse processo”
É importante frisar, que a invenção da Internet não se sinonimiza ao surgimento
do ciberespaço. E sim, a mesma retoma-se a importante discussão desenvolvida por
Douzet (2014) sobre as duas nomenclaturas. De acordo com a autora, estes são
elementos interligados, entretanto, distintos. Logo a Internet, atua como o suporte para
a criação de um espaço e, dessa relação, emerge o ciberespaço da Internet interligado
com espaço virtual criado).
O ciberespaço, é considerado em meio histórico e social partir de sua
possibilidade de existência é, de acordo com Lévy(1999, p. 94) o “espaço de
comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e das memórias dos
computadores”. Como afirmou também Israel (2019, p. 21), “é a partir desse par de
elementos técnicos computador e Internet que o espaço virtual, ou ciberespaço, está
ganhando forma e mais sustentabilidade.
Ainda que compreendamos o computador é uma peça central para a existência
das dinâmicas globais interconectadas, devemos também compreendê-lo como um
artigo além de sua materialidade. Como afirmou Lévy (1999, p. 45):

O computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um componente


da rede universal calculante. Suas funções pulverizadas infiltram cada elemento
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do tecnocosmos. No limite, há apenas um único computador, mas é impossível
traçar seus limites, definir seu contorno. É um computador cujo centro está em
toda parte e a circunferência em lugar algum, um computador hipertextual,
disperso, vivo, fervilhante, inacabado: o ciberespaço em si.

Diante deste contexto exposto, os computadores agora representam não mais


somente um item, mas os nós de uma rede tramada em diversos pontos do globo,
pelos mais diversos. remotos agentes com todos nosso dados e informações que
definem integralmente nossos algoritmos . Essa mesma rede se dá como um objeto
inacabado, dá um sentido de ação continua que se expande irremediavelmente. Sendo
construída por diversos processos materiais e imateriais, mas também é capaz
desconstruir e reconstruir novos espaços, sejam eles táteis ou não e até mesmo
recpetivéis.
Dito isso, o corpo se funde gradualmente com as novas tecnologias, discute
como a formação do homem e a da técnica se dá por um processo simbiótico, isto é,
não se sabe ao certo se o homem produz ou é produzido por ela. Já que, os ciborgues
representam o motor para a cibercultura, ou seja, os agentes em simbiose carnal e
maquinística que promovem a virtualização da cultura.
Entrelacando com a soberania com a cyberespaço, importante ressaltar tal
dircussão surge das necessidades impostas pelo advento do Estado Moderno. Este
que, traz um movimento através da Criação humana sendo fruto de processos
históricos, sociais, politicos e econômicos os contornos da soberania foram
constantemente colocados em massa populacional. Haja vista, muitas das
adequacações foram vitima do processo de globalização.
Dando inicio, à atual crise de soberania no mundo, uma vez que comoveu
elementos sensíveis de seu conceito, a sua aplicacão em todo meio territorial enquanto
expansao de população. De acordo com (ANG; PANG, 2012, p. 117,) A globalização é
um processo que “rompe as fronteiras territoriais por onde a informação é transmitida
pelo globo, e indivíduos podem participar de forma simultânea, independentemente de
sua localização geográfica”
Para complementar, essa linha de pensamento Essa ” (NOCE, 2018, p. 42).
Salienta que “abertura imposta pela globalização enfraqueceu o poder do Estado-Nação
em decidir soberanamente os rumos político-econômicos que irá adotar”. Ou seja, o
autor acredita este movimento decorrente, enfraqueceu os limites estatais e

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possibilitou o contato entre sujeitos de nacionalidades distintas, a globalização por
expandir rapidamente, acaba dificultando o exercício da soberania tradicional,
Essa que, por uma vez é um elemento que constitui da noção de soberania, tem a
sua delimitação prejudicada. Comprendendo que, a população, por sua vez, outro
componente importante, amplia-se e passa a abarcar pessoas de origem variada, o que
dificulta a aplicação do direito nacional em relação a uma comunidade que se torna
multinacional.
O ciberespaço, é definido de acordo com o Department of Defense (DOD), no
Dictionary of Military and Associated Terms (2017, p. 58,) como “um domínio global
dentro do ambiente da informação, incluindo a internet, os canais de telecomunicações,
os sistemas de computadores e a integração de processadores e controladores”. Nesta
premissa, a forma como esse universo se configura e movimenta todas pessoas
tambem é um exerciocio de soberania com elas.
Tal ressalva, se faz pertinente por ser considerado um domínio público global, ou
seja, um espaço que não contém fronteiras que a todos afeta tanto socialmente, quanto
psicologicamente pela atribuicões por uma vida de qualidade. No qual, essa
abrangência mundial, a sua população de usuários é composta por uma comunidade
internacional que, como tal, implaca uma variedade de nacionalidades, o que impede
que uma única entidade estatal possa controlá-la.
Com essa constatação , alguns autores pensa na soberania de maneira
diferentes no que se qualifica sobre seus proprios modelos que, supostamente, permite
o seu exercício no ciberespaço. Ávila (2014 p.24 ) cita que o “Estado pode abrir mão de
sua soberania e, livremente, exercê-la de maneira compartilhada [...]” Assim, a
“soberania se fragmenta, se desconecta parcialmente do Estado, se liga a regimes,
organizações supranacionais [...]”. ou seja, O Estado, nesse contexto, continua a
existir, mas desempenharia uma nova função dentro de um novo contexto.

de intermediador, que articularia elementos de supra e subnacionalidade, isto é,


o Estado negociaria com atores subnacionais e supranacionais, regulando suas
relações. Ele seria parte de um mecanismo mais amplo de governabilidade e de
compartilhamento de determinados aspectos de seu poder (ÁVILA, 2014, p. 54).

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Diante deste contexto exposto, resumindo o posicionamento da autor, pode-se
afirmar que o exercício da soberania no ciberespaço se dar por meio de uma entidade
internacional. Contendo com todas as soberanias estatais de forma única, regulando o
meio digital com base em um consenso entre as nações que a constituem, exercendo
uma governança global do mundo on-line.
Essas posicionamentos traz algumas características que impedem que
organizações internacionais tenham soberania e, consequentemente, coercibilidade
para impor suas decisões. Isto acontece porque, ainda segundo Dallari, o Estado não
admite a existência de um poder que seja superior ao seu (2013, p. 89).

Dessa forma, o que distingue o Estado das demais pessoas jurídicas de direito
público é a circunstância de que só ele tem soberania. Esta [...] sob o ângulo
externo é uma afirmação de independência, significando a inexistência de uma
ordem jurídica dotada de maior grau de eficácia (p. 258).

Outra problemática, no que diz respeito à regulação internacional do ciberespaço,


é a formação de um consenso para ter a orientação desejada em relação o conteúdo
das normas que seriam aplicadas a essa realidade. Segundo Gatto (2008), “a
governança da Internet demanda que os países estabeleçam um consenso [...]”. No
entanto, a realidade está muito distante desse consenso.

O debate sobre a governança da internet, a partir do evento NETmundial, foi um


importante exemplo prático para se demonstrar que não há convergências em
torno de determinados assuntos de modo a se constituir um regime de caráter
mais amplo. Temáticas como vigilância em massa, neutralidade da rede,
privacidade, papéis e responsabilidades entre atores, por exemplo,
evidenciaram o quanto se precisa avançar em termos de discussão para que se
constitua um regime global para a questão (ÁVILA, 2014, p. 267).

Portanto, mesmo que exista um órgão internacional para controlar o ciberespaço,


sempre haverá uma dificuldade na formulação de normas, uma vez que, como
mostrado neste anteriomente, há um entrave na formação de um consenso justo e
edificante sobre pontos essenciais que devem nortear a produção normativa como a
exemplo da vigilância em massa, a privacidade e a neutralidade em rede.

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REFERÊNCIAS

ÁVILA, R. O. Regimes internacionais e poder informacional: o caso da Netmundial.


2014. Tese (Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação) –
Universidade Federal de Minas Gerais, , 2014.

DALLARI, D. A. Elementos de teoria geral do Estado. 32. ed. São Paulo: Editora
Saraiva. 2013.

GATTO, R. F. O impacto da governança da internet sob o prisma da soberania.


2008. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Direito) – Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, ,2008

ISRAEL, C.B. Redes digitais, espaços de poder: sobre conflitos na


reconfiguração daInternete as estratégias de apropriação civil. Tese (Doutorado
em Geografia Humana) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP,
São Paulo, 2019

LÉVY, P. A emergência do cyberspace e as mutações culturais. Palestra realizada


no Festival Usina deArte e Cultura, promovido pela Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, em outubro, 1994.

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