Você está na página 1de 3

CIBERESPAÇO E CIBERCULTURA: DEFINIÇÕES E REALIDADES

VIRTUAIS INSERIDAS NA PRÁXIS DA MODERNIDADE1

1. Ciberespaço: origem e definição

Um dos fenômenos mais marcantes deste fim de século é a convergência da cultura e da


técnica de modo geral, vários setores da vida contemporânea estão sendo substituídos,
complementados ou articulados pelas tecnologias digitais, ao mesmo tempo que surgem
novos domínios, já inteiramente técnicos, como é o caso da internet, da imagem digital, etc. É
claro que estes fenômenos não foram criados num estalar de dedos, eles possuem um marco
de origem, um momento que desencadeou o processo, não que seja uma origem histórica,
linear, mas um conjunto de fatos que redundaram no momento tecnológico de hoje. Esse
processo de inovação tecnológica já se encontrava em curso no século XIX com a invenção
da fotografia, do gramofone e outras tecnologias de registro analógico. A novidade de hoje
encontra-se na possibilidade de tradução de dados do alógico e digital, o qual se concretiza
num espaço denominado de "ciberespaço".

O "ciberespaço" é o ambiente criado de forma virtual através do uso dos meios de


comunicação modernos destacando-se, entre eles, a internet. Este ambiente tornou-se possível
graças a uma grande infraestrutura técnica na área de telecomunicação composta por cabos,
fios, redes, computadores, etc.

O termo surgiu como o autor de ficção científica Willian Gibson, em 1984 no livro
"Neuromancer". Foi utilizado para designar um ambiente artificial onde trafegam dados e
relações sociais de forma indiscriminada. Para Gibson, ciberespaço é um espaço não físico no
qual uma alucinação consensual pode ser experimentada diariamente pelos usuários. Já para
Lévy, o ciberespaço é definido como o espaço de comunicação formado pela interconexão
mundial dos computadores e das suas memórias. Constituindo-se num espaço virtual de
trocas simbólicas entre pessoas poderão ser entendido como o espaço de troca de informação
na cultura contemporânea.

2. O ciberespaço

O termo ciberespaço é empregado frenquentemente nas discussões sobre novas tecnologias, o


termo tem sido cada vez mais utilizado na mídia. Muito embora nos interesse aqui o
ciberespaço proporcionado pelo internet, a abrangência dessa expressão e do seu significado
vai muito além dessa nova mídia, pois envolve toda uma infraestrutura das redes de
telecomunicações composta por cabo, fios, computadores assim como as informações e os
seres humanos que fazem uso desta tecnologia.

1
Fonte do texto: Ciberespaço e Cibercultura: Definições e Realidades Virtuais Inseridas na Práxis do Homem
Moderno" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2023. Consultado em 03/05/2023 às
23:05. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/ciberespaco_cibercultura/?pagina=1
Para Willian Gibson, o termo designa todo conjunto de rede de computadores nas quais
circulam todo tipo de informação. É o espaço não físico constituído pelas redes digitais.
Conforme assinala Lemos, esse conjunto das redes digitais, na obra de Gibson é povoado
pelas mais diferentes tribos. É um local onde todas as tribos, independente da vinculação
social, religiosa, financeira vão acessar e manter um processo de interação e debate.

Para Lévy, o ciberespaço de Gibson tornou a "geografia móvel da informação", normalmente


invisível, em algo sensível e como resultado o termo foi logo adotado pelos desenvolvedores
e usuários das redes de "rede" - o novo espaço de comunicação proporcionado pela
interconexão mundial de computadores e das memórias dos computadores. Onde estão
incluídos todos os sistemas de comunicação eletrônica que transmitem informações oriundas
de fontes digitais ou que sejam destinadas à digitalização. Lévy insiste no aspecto da
codificação digital, pois esta condicionaria "o caráter plástico, fluido, calculável com precisão
e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação" (1999,
p. 92). Este último - o virtual - é a característica essencial do ciberespaço. Na introdução de
seu livro Cibercultura, Levy apresenta um conceito do ciberespaço: [...] É o novo meio de
comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não
apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de
informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse
universo (Lévy, 1999. p. 17).

Como afirma Lévy (1999, p. 17), o ciberespaço é "o novo meio de comunicação que surge da
interconexão mundial de computadores". A partir disso, seria possível identificar a Internet
como sendo esse novo meio levando a conclusão de que são as mesmas coisas. Contudo
existe uma diferença fundamental a ser considerada. "As grandes tecnologias digitais
surgiram, então, como a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de
sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado de informação e do
conhecimento." (Lévy, 1999, p. 32). Assim, a Internet pode ser vista como parte dessas
tecnologias digitais, ou como a infraestrutura de comunicação que sustenta o ciberespaço,
sobre as quais se montam diversos ambiente, como a Web, os fóruns, os chats e o correio
eletrônico para ficar apenas com os exemplos mais comuns e disseminados. Em suma, o
ciberespaço é o ambiente e a Internet uma das infraestruturas. Segundo Lévy,

"a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma virtualização geral da


economia e da sociedade. Das substâncias e dos objetivos voltamos aos
processos que o produzem. Dos territórios, pulamos para o nascente, em
direção às redes móveis que os valorizam e as desenham. Dos processos e
das redes, passamos à competências e aos cenários que as determinam, mais
ainda. Os suportes de inteligência coletiva do ciberespaço multiplicam e
colocam em sinergia as competências. Do design à estratégia, os cenários
são alimentados pelas simulações e pelos dados colocados à disposição pelo
universo digital. Ubiquidade da informação, documentos interativos
interconectados, telecomunicação recíproca e assíncrona em grupo e entre
grupos: ciberespaço faz dele o vetor de um universo aberto. Simetricamente
a extensão de um novo espaço universal dilata o campo de ação dos
processos de virtualização" (Lévy, 1999, pp. 49-50).
3. A Comunicação Instantânea como característica fundante do Ciberespaço

As consolidações das novas formas de comunicação instantânea ditada pelo computador e


internet consolidam de maneira definitiva o ciberespaço como um lugar autêntico. Este lugar
concebe informações e relações culturais numa velocidade jamais concebida e este fato faz
do ciberespaço "um ambiente inconstante e virtual, no qual os dados se encontram em
interminável movimento e se sucedem se modificam, se interagem e se excluem"
(MONTEIRO, CARELLI E PICKLER, 2008, p. 1).

A autenticidade do ciberespaço como lugar é inegável, mas a autenticidade dos conteúdos


informativos não pode ser visto como plenamente confiáveis. Falta-lhes o teor e o rigor
científico. Conceber estas informações como verdadeiras é ir contra às condições e os
princípios do conhecimento racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o conteúdo dos
valores éticos, políticos, artísticos e culturais.

Este argumento não exclui a utilização dessas informações. Apenas transmite a importância
da sensatez e do olhar crítica sobre qualquer informação adquirida. O filósofo Edgar Morin
(2000) nos ensina que nem só de verdades científicas vive o homem. A complexidade implica
afrontar as confortáveis e até mesmo os ideais mais caros para negociar incertezas.

Seguindo a linha de argumentação constatamos que acreditar que as notícias editadas são
cópias da realidade é tão arriscado e equivocado quanto imaginar que a produção e a
comunicação do conhecimento científico, ao nosso ver também editado (senão o que nós
estamos fazendo agora?), é um espelho do real. Propõe-se então aceitar que em ambos os
casos, independente da intenção e da profundidade da apuração, as informações ou
conhecimentos produzidos são apenas uma das interpretações possíveis do fenômeno, com as
marcas da subjetividade e da inserção cultural que quem os produziu.

Você também pode gostar