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CIBERCULTURA -
Pierre Lévy
A internet foi criada em 1969, nos Estados Unidos. Chamada de Arpanet, tinha como
função interligar laboratórios de pesquisa. Naquele ano, um professor da
Universidade da Califórnia passou para um amigo em Stanford o primeiro e-mail da
história.
Desde então, a difusão da rede foi enorme. Hoje, a internet tem mais de 250 milhões de
usuários em todo o mundo. Até o final de 2004, o tráfego mundial de e-mails deverá
estar em torno de 35 bilhões de mensagens diárias.
Quase 90% dos usuários de internet estão nos países industrializados. Os EUA e o
Canadá respondem por 57% do total, segundo relatório da Organização Internacional
do Trabalho.
Segundo o filósofo Pierre Lévy, o ambiente desenvolvido por uma grande infraestrutura técnica na
área da telecomunicação possibilitou uma interconexão mundial através de computadores, cabos, fios
e redes. Formando dentro de um espaço virtual um emaranhado de trocas simbólicas entre as pessoas
se expandindo desde as relações sociais, informações, trocas financeiras, entretenimento, entre
diversos outros setores da vida humana.
[...] É o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo
especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo
oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse
universo (Lévy, 1999. p. 17).
"a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma
virtualização geral da economia e da sociedade. Das
substâncias e dos objetivos voltamos aos processos que o
produzem. Dos territórios, pulamos para o nascente, em
direção às redes móveis que os valorizam e as desenham. Dos
processos e das redes, passamos à competências e aos
cenários que as determinam, mais ainda. Os suportes de
inteligência coletiva do ciberespaço multiplicam e colocam
em sinergia as competências. Do design à estratégia, os
cenários são alimentados pelas simulações e pelos dados
colocados à disposição pelo universo digital. Ubiquidade da
informação, documentos interativos interconectados,
telecomunicação recíproca e assíncrona em grupo e entre
grupos: ciberespaço faz dele o vetor de um universo aberto.
Simetricamente a extensão de um novo espaço universal dilata
o campo de ação dos processos de virtualização" (Lévy, 1999,
pp. 49-50).
iLUSTRAÇÃO CRIADA POR: 千图网
Características do Ciberespaço
- Novas noções de tempo e espaço: quando acessamos o ciberespaço
somos levados a um espaço e tempo diferente do físico. Quem nunca
estava tão imerso no mundo virtual que não percebeu as horas passarem
e esqueceu que você também existia fora da internet?
- Hipertextualidade: possibilidade de abrirmos várias abas e aplicativos
ao mesmo tempo tornando o acesso ao ciberespaço interativo de acesso a
vários conteúdos e ações nesse espaço, além de que todo este conteúdo é
repleto de imagens, sons e movimento.
- Envio, recebimento e exclusão das informações automaticamente:
praticidade de agilidade para a troca de informações, transações
financeiras e relações sociais. Mas, que também pode nos causar
insegurança devido a não termos garantia de veracidade.
- Aceita qualquer dado: “a internet aceita tudo”; entretanto ainda
poderemos sermos penalizados na realidade física dependendo do
conteúdo de nossas publicações e ações neste espaço. Mas em
contrapartida a fiscalização é baixa e este espaço é tão amplo e com
tantas possibilidades que na maioria das vezes vários cibercrimes
ocorrem.
- Não possui centro ou diretriz linear, espaço caótico e móvel: o
ciberespaço não possui um centro e as relações e trocas simbólicas
ocorrem tão rapidamente e de forma caótica.
Este trailer se refere ao filme lançado pelos produtores da série com o título “Bandersnatch”, onde o expectador do filme pode
interagir com o filme ao fazer as escolhas pelo personagem principal e dependendo das suas escolhas durante o filme você
poderá mudar o seu final. Se ficou curioso, está aí uma indicação e poderá consultar diversas análises sobre o filme,
disponíveis na internet.
CIBERCULTURA
- Mudança da estrutura da linguagem/comunicação: forma própria de
comunicação que pode ocorrer por cliques (amei, compartilhar, não gostei,
concordo, não concordo, adicionar ao carrinho, etc), por estruturas de
imagens (emojis, memes, fotos, etc) e com o próprio linguajar como as
gírias que só são compreendidas neste meio.
- Interconexão: possibilidade de interação com qualquer pessoa que também
esteja conectada a este mesmo espaço em qualquer lugar deste espaço,
acesso a instituições virtualizadas (bancos, lojas, etc) e a simulações de
lugares físicos como acesso por aplicativos a viagens virtuais.
- Criação de comunidades virtuais: interação de grupos de pessoas com os
mesmos interesses.
- Inteligência coletiva
- Complementação das relações e não substitui a realidade física:
para o filósofo as relações construídas no ciberespaço apenas
complementam os relacionamentos físicos, não necessariamente os
substituindo
(LÉVY, p.27)
A CIBERCULTURA SERIA FONTE DE
EXCLUSÃO?
Um dos principais efeitos colaterais desse processo é o de acelerar cada vez mais o
ritmo da alteração tecnosocial, o que acaba exigindo maior adaptação e participação
do ciberespaço.
Para o filósofo não adianta tentarmos “fugir” dessa nova realidade, pois faz parte do
processo essa inserção ao Ciberespaço e a Cibercultura, pois, do contrário ficaremos
para trás e poderemos correr o risco de sermos excluídos em diversos âmbitos da vida
social. Pois, o ciberespaço seria a nova extensão da vida que acontece na realidade
física.