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UNIVERSIDADE FRANCISCANA

MESTRADO EM ENSINO DE HUMANIDADES E LINGUAGENS


LINGUAGENS E TECNOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO DE
HUMANIDADES E LINGUAGENS

QUESTÕES DE ESTUDO DOS TEXTOS

GABRIEL, M. Você, eu e os robôs: pequeno manual do mundo digital. São Paulo: Atlas, 2018.
Capítulos 2, 4, 5, 14 e 16.

1. Tente estabelecer como, em sua vida cotidiana, você estabelece os


limites entre ‘estar’ conectado e ‘ser’ conectado.
“Estar” conectado vs. “ser” conectado
A banda larga de internet nos permitiu uma importante mudança de “estar
conectado” para “ser conectado”. “Estar” conectado eventualmente entramos e
saímos da internet, como ocorria na década de 1990. “Ser” conectado significa
que parte de mim, está na rede – eu vivo em simbiose com ela. Isso só foi
possível através da banda larga, principal catalisador da participação dos
indivíduos na rede, que se tornou uma crescente fonte de poder no cenário atual,
permitindo expressar-me, publicar, atuar, escolher, opinar, criar, influenciar outras
pessoas. A banda larga de internet distribuiu o poder entre (pessoas),
transformando completamente o cenário informacional no mundo: criação,
publicação e distribuição de informações e conteúdo.
2. Muitas profecias não se realizaram (p. 15). Que anúncio "profético" você
faria hoje sobre a mídia e as suas relações?
O anúncio "profético" que eu faria hoje sobre a mídia e as suas relações:
Como resume Ray Kurzweill, citado mais de uma vez nesta obra, em seu
clássico The Singularity is near: “A Singularidade nos permitirá transcender as
limitações dos nossos corpos e cérebros (...). A parte não biológica da nossa
inteligência será trilhões e trilhões de vezes mais poderosa do que nossa
inteligência humana (...). Viveremos tanto quanto desejarmos”.
Depois de lermos Kurtweil by Martha, nos sobra pouco a não ser concluir: a
assim chamada raça humana será substituída por outra, com pouco ou nenhum
resquício biológico. E essa viverá para sempre.
3. “O poder das mídias tem aumentado gradativamente no último século,
fortalecendo-se tanto, que além de cumprir a sua função de
contrapoder, adquiriu também o poder de manipulação social.”
(GABRIEL, 2018, p.20). Explique como esse fortalecimento das mídias
se dá em sua vida cotidiana e como você ‘contorna’ a manipulação.
O ambiente digital, por sua vez, aumenta a vulnerabilidade da informação
pois potencializa fortemente não apenas o acesso, como, principalmente,
disseminação rápida de grandes volumes, possibilitando transparência em
todos os níveis e ampliando o poder social. Esse novo “poder da internet” é
muitas vezes chamado de Quinto Poder, como uma evolução do Quarto
Poder: a imprensa. Apesar de variações de origem, o termo “Quarto Poder”
tem sido usado de forma geral para descrever o poder regulador necessário
para evitar o abuso do poder, como contraponto aos Três Poderes do
Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário) – esse contrapoder tem sido o
papel da imprensa.
A importância do WikiLeaks reside justamente em causar esse
processo reflexivo essencial para todos nós, pois ele foi precursor de
uma nova dinâmica informacional mundial, que já resultou em outros
leaks, e tem o potencial de gerar muitos mais.
Além das questões de transparência informacional que a internet traz, a
hiperconexão, principalmente por meio das mídias sociais, também nos
permite a organização descentralizada de grupos de
interesse–incontestavelmente, isso nos dá poder, indiscriminadamente,
independentemente do tamanho do grupo, da qualidade ou interesses.
4. Segundo Gabriel (2018, p. 48), a se dá pela integração dos processos
COPIAR+TRANSFORMAR+COMBINAR. Explique como isso afeta a
construção do conhecimento na era digital, levando em consideração as
questões de acesso e poder midiáticos.
Construção do conhecimento: copiar + transformar +combinar
A evolução, tanto genética quanto cultural, depende do processo de (COPIAR +
TRANSFORMAR + COMBINAR). Os organismos evoluem por meio de copiar,
transformar e combinar células. A cultura evolui por meio de copiar, transformar e
combinar memes. Considerando-se que copiar, transformar e combinar
sempre foram a base do processo de evolução, o ambiente tecnológico
digital atual amplia consideravelmente todas essas funções, além de
acrescentar mais uma: a facilidade de propagação.
Assim, a proliferação de conteúdo em virtude das novas possibilidades
tecnológicas de produção, reutilização e distribuição que a internet propicia tende
a gerar um ambiente mais rico em aprendizagem e criatividade do que em
qualquer outra era. A evolução e as inovações sempre aconteceram em função
da construção coletiva do conhecimento, e todas as grandes invenções na
história da humanidade foram, na realidade, uma combinação ou
aperfeiçoamento de ideias anteriores, de forma que todos nós contribuímos

sempre para que algo novo aconteça.

5. Em uma ‘sociedade do espetáculo’, como se dá a tensão entre


liberdade e controle? E como essa tensão afeta o público e o
privado?
Simultaneamente à sociedade de controle, vimos florescer também a Sociedade
do espetáculo (DEBORD, cit.), alavancada pelas mídias eletrônicas baseadas
em imagens, como a televisão. Essas mídias imagéticas transformaram o nosso
cotidiano, inaugurando o “viver por meio de representações de imagens”,
revelando outros aspectos importantes das transformações sociais que têm
impactado o relacionamento humano, inclusive a alienação.
Acredito, no entanto, que diferentemente das mídias de então, as novas mídias
digitais atuam em duas direções extremas e opostas nesse fenômeno – ao
mesmo tempo em que elas têm o poder de acentuar espetáculo e a alienação,
por outro lado, elas também têm o poder de iluminar e permitir o “viver
diretamente”, de intermediando as mídias de massa e ampliando o contato direto
do indivíduo com a realidade. O paradoxalmente, no ambiente digital, o
controle e o espetáculo encontraram o meio propício para seu
desenvolvimento na sociedade, e, nesse cenário, a privacidade é
elemento regulador e a transparência, o efeito resultante.
6. Muito se tem falado sobre o uso dos bots na disseminação de
mensagens (tanto falsas como verdadeiras) e como eles parecem
‘conhecer’ as pessoas. Isso se deve ao desenvolvimento de algoritmos
de inteligência artificial que estão cada vez mais capazes de aprender
sobre o comportamento humano. Explique como as noções de ethos e
agência, duas noções até hoje puramente humanas, podem ser
associadas a robôs, bots, andróides e ciborgues.
Toda vez que uma inovação acontece, ela pode ser incremental ou
disruptiva, em função do impacto que a sua introdução causa no mundo. Por
exemplo, a invenção da televisão foi uma inovação disruptiva, pois transformou
completamente a sociedade, tanto em hábitos das pessoas quanto em estruturas
sociais e econômicas associadas ao ecossistema que a indústria da televisão
inaugurou: emissoras, produtoras, agências de mídia, profissionais, produção de
aparelhos e acessórios para televisão etc. No entanto, depois da sua invenção,
durante décadas, até o aparecimento da TV a cabo, a televisão (e todo seu
ecossistema) foram sofrendo apenas pequenas melhorias, que agregam cada
vez mais valor para a sociedade, mas sem causar grandes impactos estruturais
no mundo: antenas, cores, controle remoto etc.
Essas pequenas inovações são chamadas de incrementais, pois causam um
“incremento” de valor ao sistema previamente estabelecido, sem resultar na
ruína da sua estrutura.
Considerando-se que, conforme aumenta o ritmo de inovação, aumenta também
a quantidade de inovações, tanto incrementais quanto disruptivas, temos como
resultado uma aceleração de disrupções. A configuração e o ritmo tecnológicos
que têm se estabelecido, especialmente na última década, têm catapultado a
inovação disruptiva de forma tão intensa e rápida, que, como consequência,
temos experimentado um processo de reestruturação da realidade em uma
frequência inédita na história da humanidade.
Tecnologias como Internet, plataformas sociais, mobile, cloud e big data criaram
uma fundação tecnológica que deu o embasamento estrutural necessário para
que outras tecnologias pudessem acelerar o processo de disrupção. Essas
tecnologias aceleradoras são: 3D printing, energia renovável, Internet das
Coisas, computação cognitiva, nanotecnologia e robótica. Conforme essas
tecnologias evoluem, dando origem a tantas outras mais que tendem a surgir e
causar disrupções continuamente, o cenário resultante, disruptivo, vai se
estabelecendo: fundação smart, carro conectado, casas inteligentes, novos
modelos educacionais, cidades inteligentes, novos modelos de automação,
saúde conectada, inteligência artificial, economia compartilhada, veículos
autônomos, movimento maker etc.
Esses cenários disruptivos criam novos paradigmas econômicos no mundo,
resultando em novas realidades disruptivas.
Esse contexto – aceleração da disrupção no mundo –, requer uma
negociação ética e social constante entre tecnologia e cenários disruptivos para
que consigamos criar e viver nas novas estruturas sociais e econômicas que se
estabelecem, na busca de sermos seus autores e não vítimas. Ter consciência
desse redemoinho de disrupção é o primeiro passo para nos prepararmos e
lidarmos com isso.
7. Explique a noção de noosfera.
Uma das previsões impressionantes sobre os dias atuais é a teoria da
“noosfera”, desenvolvida no século XX por Vladimir Vernadsky e Pierre
Teilhard de Chardin. Segundo a teoria, além das camadas da atmosfera e da
biosfera, a Terra evoluiria para mais uma camada: a noosfera, ou a camada do
pensamento humano (“noos” vem do grego nous, que significa mente). No
pensamento original, para Vernadsky, a noosfera é a terceira fase de
desenvolvimento da Terra, depois da geosfera (matéria inanimada) e da biosfera
(vida biológica). Assim como a emergência da vida transformou
fundamentalmente a geosfera, a emergência da cognição humana
(noosfera) transforma a biosfera. Para Teilhard, a noosfera emerge e é
constituída pela interação das mentes humanas. Conforme a humanidade
se organiza em redes sociais mais complexas, mas a noosfera cresce em
consciência.
Desse modo, as possibilidades tecnológicas atuais, alavancando o cibridismo,
tornam o tecido da noosfera, que envolve o planeta, cada vez mais denso – as
tecnologias digitais têm permitido a integração de todo o pensamento humano
em uma única rede inteligente, na qual o conhecimento é produzido e
compartilhado por todos, transformando sensivelmente a biosfera, como
teorizado por Vernadsky, e impactando profundamente a sociedade, como
imaginado por Arthur Clarke. A internet e as tecnologias digitais de informação e
comunicação são a infraestrutura que torna possível a noosfera, cibridizando e
interconectando nosso pensamento.
Talvez essa seja a principal transformação que a humanidade está vivendo e que
pode nos levar para uma nova época da evolução, não apenas da nossa

espécie, mas do universo como conhecemos.

8. Como a estrutura midiática contemporânea e os processos


comunicacionais que ela traz consigo alteram as práticas de ensino?

A sociedade midiatizada contemporânea aprendeu a lidar com as tecnologias digitais


como um sistema complexo que envolve a dualidade entre informação e comunicação,
como formas interligadas dos processos de mediação do conhecimento e dos fatos.

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