Você está na página 1de 2

A SOCIEDADE EM REDE

MANUEL CASTELLS

Dentro do contexto de “A Sociedade em Rede’’, Castells explora a ascensão


e a importância das redes e das tecnologias de informação no mundo
contemporâneo, no segmento referente a constelação da internet, a sociedade
interativa, a grande fusão (multimídia como ambiente simbólico) e a cultura da
virtualidade real, ele delineia a fusão das mídias tradicionais com a internet,
resultando em novo ambiente de comunicação simbólica. Destacando como a
internet não é apenas uma tecnologia, mas uma manifestação sociocultural e um
meio onde a sociedade se reorganiza. A grande fusão é o fenômeno pelo qual
diferentes meios de comunicação convergem em uma plataforma digital única,
criando um ambiente onde a realidade e a virtualidade se entrelaçam. Chamamos
de revolução digital, onde não apenas remodelou a maneira como nos
comunicamos, mas também a forma como percebemos o mundo ao nosso redor e
nos relacionamos com os outros. Posto que a internet e as novas tecnologias da
informação criaram a possibilidade do mundo se conectar para compartilhar
experiências e pesquisas, isto é, comunidades virtuais com interesses em comuns,
como por exemplo, o desenvolvimento do software livre Linux, concorrente direto
dos produtos da Microsoft.
A sociabilidade virtual desafia muitas das nossas noções tradicionais sobre
interações humanas. Em uma dimensão virtual, somos capazes de nos comunicar
com diversas pessoas, de diferentes origens, culturas e geografias quase que
instantaneamente, como por exemplo: conversamos com parentes ou até mesmo
um desconhecido por uma tela, onde no mundo real a uma distância enorme. Essa
forma de interação tem muitas vantagens, mas também desvantagens, por um lado
expande nosso horizonte de compreensão e nos permite formar comunidades
baseadas em interesses, independente das barreiras geográficas, por outro lado,
pode nos isolar de interações face a face, potencialmente enfraquecendo os nossos
laços sociais tradicionais. Outro aspecto é a maneira como ela molda nossas
identidades, no online: podemos curar, adaptar nossas identidades ou alterá-la, às
vezes afastando da nossa essência. Ela pode ser positiva, facilitando a conexão de
diálogo global, mas também pode ser problemática quando se trata de discurso de
ódio, desinformação e polarização por sua velocidade e amplitude das informações.
Em outras palavras, ao mesmo tempo que a internet e as tecnologias da informação
uniu o mundo em uma grande rede, ela, ao invés de solidificar tal união através de
um grande debate ou diálogo de empatia e compreensão, ao contrário, ela tornou
esses laços mais fracos, visto que basta alguém discordar para ser expulso ou
cancelado de uma determinada comunidade virtual. Desse modo, as comunidades
virtuais viram espaço de bolhas ou pequenas ilhas onde não é permitido pensar
diferente. O mesmo é visível em redes sociais de conexões humanas, pois em uma
determinada rede, como o facebook, um indivíduo pode ter até 2 milhões de amigos,
mas conforme ressalta o livro analisado, no máximo 50 pessoas desses 2 milhões
possui algum laço genuíno com o proprietário da conta virtual.
Conforme descrito por Castells, a internet e as demais tecnologias da
informação trazem consigo tanto potencial para controle quanto para liberdade por
ser uma rede complexa e por envolver uma série de considerações. Em muitos
aspectos, a sociedade em rede oferece maior liberdade de expressão, acessos à
informações, no entanto, também traz preocupações sobre a vigilância, privacidade
e concentração de poder em mãos de empresas de tecnologia. O seu equilíbrio
deve ser cuidadosamente considerado para garantir que os direitos individuais e a
segurança sejam protegidos sem sufocar a inovação e a livre expressão. E mesmo
assim nos questionamos se estamos realmente livres se nossos movimentos,
gostos e desgostos são constantemente monitorados e analisados? Então, pra onde
vamos? Isso depende em grande parte das escolhas que fazemos como sociedade.
Se priorizarmos a privacidade, a transparência e os direitos digitais, podemos
inclinar em direção à liberdade, mas, se permitimos que os interesses em entidades
poderosas prevaleçam sem restrições, podemos nos encontrar em um estado de
um controle digital. Portanto, é essencial continuar debatendo e avaliando as
mudanças tecnológicas em nossas vidas e na sociedade, visto que o limiar entre
liberdade e controle, no que diz respeito a internet e as tecnologias da informação, é
muito tênue.

Você também pode gostar