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Opção 1
Tema: Tecnologia, celular e redes sociais: Qual o impacto na vida social do ser humano e como
isso implica na falta de formação de senso crítico?
1
Smartphones geralmente possuem telas grandes, teclados QWERTY e têm um alto valor de mercado.
(SENA,2012)
viés de humor, fatos que são expostos através de uma "memerização"2 constante, divertindo e
desestabilizando o senso julgativo das pessoas, prejudicando o discernimento entre ficção e
realidade. Byung-Chul Han (2021)3, comenta: “O novo meio de submissão é o smartphone. No
regime de informação, as pessoas não são mais telespectadoras passivas, que se rendem ao
entretenimento, são emissores ativos. [...] A embriaguez de comunicação que assume, pois,
formas viciadas, compulsivas, retém as pessoas numa nova menoridade”.
Em vista disso, a grande gama de informações disparadas pelas redes se apresentam
através de lapsos nas linhas de rolagem dos aplicativos, o usuário sequer tem tempo para
processar informações que lhe são dadas de primeira mão diante de seus olhos, o cérebro
recebe de uma vez diversos estímulos que o impedem de raciocinar e racionalizar aquilo que se
lê, que se escuta e observa. “A racionalidade também requer tempo. Decisões racionais são
construídas a longo prazo. [...] Na sociedade da informação, simplesmente não temos tempo
para a ação racional. A coação da comunicação acelerada nos priva da racionalidade.”, para
Byung-Chul Han(2021) a racionalidade discursiva e a capacidade de se desenvolver o senso
crítico e opinião fundamentada em veracidade é ameaçada pela comunicação afetiva, tal qual
nos afetamos constantemente por informações que nos estimulam principalmente, as sensações
e sentimentos no momento da visualização, sendo até esse o motivo explicável das famosas
fake news se espalharem tão rapidamente.
Ademais, Byung-Chul Han, caracteriza as sociedades nas redes como ‘tribos digitais’
dessas considera a progressão, uma ameaça direta a democracia e a racionalidade
comunicativa, isto é, a comunicação se torna cada vez menos discursiva à medida que se
ausenta do outro em sociedade, onde as opiniões não possuem mais relação direta com os
fatos, dando-lhes a sensação de pertencimento a quem se compromete com esses discursos de
forma identitária e se fortificando dentro desse território tribal. Num cenário de quem não
concorda, é visto apenas como inimigo, como alguém que não deve ser passível de escuta, mas
de combate. Completa o autor: “A sociedade perde com isso, o comum [Gemeinsame], o espírito
público [Gemeinsinn]. Não ouvimos mais o outro de maneira atenta. Ouvir atentamente é um ato
político, à medida que só com ele as pessoas formam uma comunidade capaz de discursar. [..]
A democracia é uma comunidade de escuta atenta. A comunicação digital como comunicação
sem comunidade destrói a política da escuta atenta. Só ouvimos ainda, então, a nós mesmos
falar. Isso seria o fim da ação comunicativa.”
Por fim, ao se compreender toda essa estrutura que se converte em um novo espaço
social mas também virtual, implica de fato na defasagem da construção de senso crítico, como
também na socialização de uma forma política. Antes, havia uma pausa de tempo no uso diário
da internet e isso acontecia fora de casa, fora do trabalho, agora não se limita com smartphones,
com os olhos vidrados nas telas e a internet móvel nas mãos, acessamos os espaços virtuais de
todos os lugares. Podemos então, segmentar a era tecnológica em antes dos smartphones e
pós, consumidos pelas informações excessivas e disparadas nos feeds de notícias das redes;
antes a sensação de estar sendo observado, julgado ou avaliado, se inverte onde o usuário
busca vigiar, avaliar e participar de todos os conteúdos e discussões expostos em rede. Com a
tecnologia, enfim, conseguimos finalmente acessar o mundo todo, poder estar mais próximo de
tudo que acontece instantaneamente no globo, no entanto, é em nosso espaço individual, que
nos levou aos arredores do mundo, ao mesmo tempo que nos tirou fora de órbita dessa
realidade onde a habitamos fisicamente e deixamos de compartilhar e compreender até onde vai
nossas vontades e verdades e até onde vai a do outro.
2
Memerização, referente à cultura de memes que nada mais são do que imagens possuindo legendas com
viés de humor que circulam rapidamente nas redes entre os usuários.
3
HAN, BYUNG-CHUL, “Infocracia: Digitalização e a crise da democracia”/ Byung-Chul Han; tradução de
Gabriel S. Philipson. - Petrópolis, RJ; Vozes, 2022