O documento apresenta um resumo das ideias do sociólogo Manuel Castells sobre a Sociedade da Informação. Castells analisa como a revolução da tecnologia da informação transformou a economia e o trabalho, levando à emergência de uma economia global em rede. Isso resultou em maior desigualdade social e exclusão, com a polarização entre aqueles que possuem habilidades valorizadas e os excluídos. A cultura também é afetada, com o surgimento de uma "cultura da real virtualidade" mediada por redes eletrônicas. Finalmente,
Descrição original:
Este artigo é uma breve introdução das ideias defendidas pelo sociólogo espanhol Manuel Castells em seu livro em três volumes “A era da Informação”. Castells analisa a sociedade contemporânea no contexto do que ele denomina de uma nova organização social baseada em redes.
O documento apresenta um resumo das ideias do sociólogo Manuel Castells sobre a Sociedade da Informação. Castells analisa como a revolução da tecnologia da informação transformou a economia e o trabalho, levando à emergência de uma economia global em rede. Isso resultou em maior desigualdade social e exclusão, com a polarização entre aqueles que possuem habilidades valorizadas e os excluídos. A cultura também é afetada, com o surgimento de uma "cultura da real virtualidade" mediada por redes eletrônicas. Finalmente,
O documento apresenta um resumo das ideias do sociólogo Manuel Castells sobre a Sociedade da Informação. Castells analisa como a revolução da tecnologia da informação transformou a economia e o trabalho, levando à emergência de uma economia global em rede. Isso resultou em maior desigualdade social e exclusão, com a polarização entre aqueles que possuem habilidades valorizadas e os excluídos. A cultura também é afetada, com o surgimento de uma "cultura da real virtualidade" mediada por redes eletrônicas. Finalmente,
By sergiolj https://architechture.wordpress.com/2010/05/14/uma-introducao-a-era-da-informacao/
an introduction to the information age.
Manuel Castells Comentrios, adaptao e traduo prprios em 12/05/2010 Este artigo uma breve introduo das ideias defendidas pelo socilogo espanhol Manuel Castells em seu livro em trs volumes A era da Informao. Castells analisa a sociedade contempornea no contexto do que ele denomina de uma nova organizao social baseada em redes. Esta introduo foi apresentada na conferncia Information and the city ocorrida em 1996 na universidade de Oxford. Castells inicia sua introduo citando as diversas transformaes que tem ocorrido no mundo nos ltimos 40 anos, apontando entre as mais importantes a difuso e dependncia da revoluo das tecnologias da informao, a revoluo da engenharia gentica, o colapso da Unio Sovitica e queda do movimento comunista internacional, o fim da guerra fria, a reestruturao do capitalismo, os movimentos de direito ambientalista e feminista, o processo de globalizao e suas foras contrrias. Com o objetivo de categorizar a Sociedade da Informao, Castells nos aponta algumas funes e processos observados por ele, que se inter-relacionam em forma de rede sem apresentarem hierarquias definidas. 1-Economia Informacional A economia na sociedade da informao se caracteriza pelo papel do conhecimento no processo produtivo. As fontes de produtividade e competitividade dependem diretamente de conhecimento, informao e da tecnologia utilizada no processo. A abrangncia deste modo econmico no se limita apenas as reas de servio e manufatura, mas estende-se inclusive agricultura, possuindo grande potencial para soluo de problemas sociais e semelhante capacidade para agravar excluses sociais. 2- A Economia Global Segundo Castells existe uma diferenciao no que se refere ao termo economia mundial, existente desde o sculo XVI com a nova economia global. Esta economia global caracteriza-se por um ncleo de atividades que trabalham em tempo real em escala planetria. Estas atividades dominantes so formadas pelos mercados financeiros , avanados servios de negcios, inovaes tecnolgicas, alta tecnologia de manufatura e pelas mdias de comunicao. A dinmica baseada em redes e mercados desta nova economia altera o destino de grande parte dos empregos a nvel global, mesmo sendo estes de carter nacional, regional ou local. Esta penetrao da economia global s tornou-se possvel aps a disponibilizao das tecnologias da informao e comunicao ocorridas nas ltimas dcadas. Embora tenha alcance planetrio, este modelo utiliza-se dessa potencialidade apenas na busca de valiosas adies ao sistema, como mercados e indivduos, enquanto desconecta mercados e indivduos no significantes, estendendo seu alcance de forma geograficamente desigual e excluindo a maioria da populao mundial.
Segundo Castells, a excluso causada por este modelo independe de fronteiras
nacionais e acaba por criar um quarto mundo (fazendo aluso a categorizao de pases de primeiro, segundo e terceiro mundo adotada anteriormente) que formado principalmente por mulheres e crianas. 3-Empresas em rede No centro desta economia global surge uma nova forma de organizao empresarial, a empresa em rede. Esta empresa em rede formada pelas diversas ramificaes, segmentos e setores internos das empresas, assim como com suas ligaes com outras empresas e contratados terceirizados. Esta organizao formase e modifica-se para o desenvolvimento de projetos especficos atuando neste mbito como uma unidade, dissolvendo-se ao trmino do projeto ou reagrupando-se em configuraes diferentes para o desenvolvimento de outros projetos. 4-A transformao do trabalho e emprego: trabalhadores flexveis A era da informao cheia de mitos sobre o destino do trabalho e emprego. Passados vinte anos da difuso da tecnologia da informao no se verificou um aumento do nmero de desempregados, verificando-se na verdade a existncia de taxas de desemprego muito maiores em setores, regies e pases menos tecnolgicos. Anlises e evidncias apontam que o impacto varivel da tecnologia em empregos depende de uma grande gama de fatores como estratgias de empresas e polticas de governo. Castells defende que polticas de governo restritivas e muito ortodoxas podem ter maiores influncias nas taxas de desemprego. Na sociedade da informao algumas mudanas esto ocorrendo nas caractersticas dos empregos, as novas tecnologias de comunicao e informao possibilitam a automao, mudana do local de produo para outros pases, terceirizaes e subcontrataes de empresas de menor porte. Estas possibilidades flexibilizam negcios e trabalhos propiciando ainda mais fora ao capital em detrimento do trabalho em suas relaes. O desenvolvimento das empresas em rede resulta em reduo do nmero de empregados, subcontrataes, criao de redes de trabalho e individualizao de negociaes contratuais. A reduo do nmero de empregados compensada pela terceirizao, sendo os funcionrios contratados apenas para desempenhar tarefas especficas com prazos determinados e sem vnculo com a empresa. Baseando seu pensamento em estudos de condies de emprego feitos no Vale do Silcio, nos EUA, plo da alta tecnologia de microprocessadores, Castells, afirma que existe uma tendncia do trabalho ser executado por tarefas especficas individualizando o emprego e as relaes de trabalho, transformando o trabalhador em uma empresa e modificando seu poder de barganha. Acredito que esta ideia possa ser interessante e reconhecida nos casos de trabalhos de alta tecnologia e com um nmero limitado de profissionais, mas no caso de trabalhos que necessitem de baixa formao escolar estas mudanas causam maiores desigualdades. 5 Polarizao social e excluso social Todas estas mudanas no trabalho e na economia enfraquecem as organizaes de trabalhadores, os deixando cada vez mais sem representao e desprotegidos. Habilidades e educao, em uma constante redefinio destas habilidades, torna-se crtica na valorizando ou desvalorizando pessoas em seu trabalho.
Skills and education, in a constant redefinition of this skills, become critical
valorizing or devaluing people in their work. p10 O resultado destas tendncias um aumento das desigualdades sociais na maioria das sociedades do mundo com um aumento da concentrao de riquezas no topo e aumento da pobreza inclusive em pases como os Estados Unidos e Inglaterra. Estas desigualdades criam bolses de abandono com vrias entradas e nenhuma sada, com condies de fomentar desemprego, doenas, pobreza, problemas familiares, drogas e crimes. Locais estes, que Castells afirma ser necessrio esforo heroico para se libertar e que o mesmo os chama de buracos negros do capitalismo informacional. A era da informao no tem que ser a era da intensificao da desigualdade, polarizao e excluso social. Mas at o momento . The information age does not have to be the age of stepped-up inequality, polarization and social exclusion. But for the moment it is. p10 6. A cultura da real virtualidade Na esfera cultural podemos ver semelhante padro de organizao em rede, organizado com base nas mdias eletrnicas e nos sistemas de comunicao baseados em redes de computadores. Diferentemente das mdias de massa difundidas at ento os novos sistemas de comunicao possuem a caracterstica de canais de mo dupla e tendem a se tornar mais interativos e inclusivos. A unio das vrias mdias possveis e a abrangncia de disseminao de diversificadas culturas de forma global possui uma extraordinria capacidade inclusiva. Enquanto temos concentrao de grupos de mdia ao redor do mundo, temos ao mesmo tempo cada vez maior interao entre indivduos e segmentao de mercados que quebram a uniformidade da audincia de massa. Estes processos induzem a formao de o que eu chamo de a cultura da real virtualidade. These processes induce the formation of what I call the culture of real virtuality. p11 quando nosso ambiente simblico , em geral, estruturado neste inclusivo, flexvel e diversificado hipertexto, no qual navegamos todos os dias, a virtualidade deste texto de fato nossa realidade when our simbolic enviromment is, by and large, structure in this inclusive, flexible, diversified hypertext, in which we navigate every day, the virtuality of this text is in fact our reality. p11 7.Poltica A mudana no modo de atuao da mdia de comunicao no afeta apenas a cultura, mas a poltica tambm. Em todos os pases a mdia tem se tornado espao essencial da poltica. sem significante presena no espao da mdia, atores e ideias so reduzidas a marginalidade poltica. without significant presence in the space of media, actors and ideas are reduced to political marginality. p11 Esta presena na mdia ocorre no apenas em pocas de campanha mas em mensagens do dia-a-dia que as pessoas recebem pela mdia que tem por objetivo construir uma imagem personificada do pensamento poltico. Esta imagem caracterizada pela pessoa do poltico. A maior arma poltica segundo Castells justamente o ataque a esta imagem, normalmente tornando pblicos fatos de corrupo ou imagens negativas desta pessoa. Sendo assim, o papel do marketing poltico essencial para se ganhar uma
campanha poltica. Este marketing e o custo da vinculao da imagem poltica na
mdia torna a poltica um negcio extremamente caro que necessita formas de custeio. A possibilidade de acesso ao poder e sua manuteno so utilizadas como formas deste custeio, induzindo corrupo e realimentando os escndalos polticos. 8-Tempo intemporal Castells prope a hiptese de que a nova estrutura social dominante da era da informao est organizada ao redor de novas formas de tempo e espao, definidas por ele como tempo intemporal e espaos de fluxos. Embora esta estrutura no seja formada por toda a humanidade e a maioria dos seres humanos no viva esta realidade, seus efeitos so sentidos por todos. Existe um esforo incansvel para aniquilar o tempo, comprimir anos em segundos e em fraes de segundo, eliminar o sequenciamento do tempo e a sucesso de coisas. A sucesso das coisas, segundo Leibniz, o que caracteriza o tempo, ento sem coisas e sua ordem sequencial o tempo no mais existiria na sociedade. Castells exemplifica sua linha de pensamento com alguns fatos contemporneos como a maneira como os mercados financeiros funcionam, atravs de transaes financeiras feitas em fraes de segundo, com as ditas guerras instantneas com ataques de preciso com durao de poucas horas ou minutos, com a possibilidade de modificao do ciclo de vida atravs das tcnicas de fertilizao, que possibilitam que se gerem filhos de pais que podem at j terem falecido ou tambm atravs das tcnicas de engenharia gentica que pesquisam formas de retardar ou at parar o envelhecimento das clulas, na tentativa de tornar possvel a eternizao da vida. Ao mesmo tempo que seleto grupo de indivduos tem acesso a estas possibilidades, a grande maioria permanece submetida aos relgios biolgicos e do tempo. (Mudana do tempo natural das coisas) 9. O espao de fluxos O conceito de espao de fluxos foi proposto, segundo Castells, para dar sentido a um corpo de observao emprica onde funes dominantes foram cada vez mais operadas com base em trocas entre circuitos eletrnicos interligando sistemas de informao em diferentes localizaes. Mercados financeiros, mdia global, avanados servios de negcios, tecnologia, informao e sistemas de transporte rpido. A unidade de operao existe atravs do link entre as diversos espaos territoriais descentralizados. Castells coloca algumas razes para a adoo do termo espao para estas condies. 1- Estes circuitos eletrnicos possuem base territorial. 2- Os links entre estes so baseados na existncia e qualidade de sistemas de comunicao e transporte em uma geografia desigual. 3- O significado de espao evolui, assim como o de tempo. Ao invs de condescendentes declaraes futurolgicas como o desaparecimento do espao e o fim das cidades, nos devemos ser capazes de re-conceitualizar novas formas de arranjos espaciais sob o novo paradigma tecnolgico. instead of indulging in futurological statements such as the vanishing of space, and the end of the cities, we should be able to reconceptualize new forms of spatial arrangements under the new technological paradigm. p13 Castells constri uma conceitualizao de sua teoria baseado em Leibniz e Harold Innis conectando espao e tempo, ao redor da noo de espao como coexistncia do tempo. Espao o suporte material do tempo compartilhado nas prticas sociais. space is the material support of time-sharing social practices.p13
O que acontece quando o tempo compartilhado de prtica ( seja ele sncrono ou
assncrono) no implica continuidade? As coisas ainda existem juntas, elas compartilham tempo, mas os arranjos materiais que possibilitam esta coexistncia so inter-territoriais ou trans-territoriais. What happens when the time -sharing of practices (be it synchronous or asynchronous) does not imply contiguity? Things still exist together , they share time, but the material arrangements that allow this coexistence are inter-territorial or transterritorial.p14 O espao de fluxos a organizao material do tempo compartilhado nas prticas sociais que trabalham atravs dos fluxos. the space of flows is the material organization of time-sharing social practices that work through flows. p14 O espao de lugares continua a ser o espao predominante da experincia. The space of places continues to be the predominant space of experience p14 Na sociedade em rede, uma fundamental forma de dominao social a prevalncia da lgica do espao de fluxos sobre o espao de lugares. In the network society, a fundamental form of social domination is the prevalence of the logic of the space of flows over the space of places.p14 Mas existe algo mais na nova dinmica espacial. Alm da oposio entre o espao de fluxos e o espao de lugares. Como as redes de informao e comunicao se difundem na sociedade, e como as tecnologias so apropriadas por uma variedade de atores sociais, segmentos do espao de fluxos so penetrados por foras de resistncia a dominao, e por expresses de experincia pessoais. But there is still something else in the new spatial dynamics. Beyond the opposition between the space of flows and the space of places. As information/ communication networks diffuse in society, and as technology is appropriated by a variety of social actors, segments of the space of flows are penetrated by forces of resistance to domination, and by expressions of personal experience. p 14 Castells concorda que o espao de fluxos ainda permanece como um meio de comunicao elitista, mas acredita que isto est se modificando rapidamente e que estamos apenas no incio de um campo de estudo que pode nos levar a entender e mudar a lgica que prevalece no espao de fluxos. Concluso: A sociedade em rede Uma sociedade que estrutura suas funes dominantes e processos em estruturas de rede, uma sociedade neste caso capitalista, mas de uma forma diferente do capitalismo industrial. Uma sociedade que no foi produzida pela tecnologia da informao mas no teria a mesma fora de penetrao e as mesmas habilidades para interligar ou desconectar todo a gama de atividades humanas. As transformaes possibilitadas pela sociedade em rede so especialmente significantes em decorrncia de sua arquitetura aberta, baseada no dinamismo, flexvel e com potencial de expanso sem fim, sem rupturas e com o poder de contornar ou desconectar indesejveis componente na rede. A dinmica das redes empurra a sociedade para alm de seus controles e restries permitindo um constante rearranjo de instituies e organizaes humanas.
A Dimensão Política Da Disseminação Da Informação Através Do Uso Intensivo Das Tecnologias de Informação e Comunicação - Uma Alternativa À Noção de Impacto Tecnológico