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Luciano de Lacerda Gurski

Educação Física

Ensino Fundamental

Livro Didático

ª Edição

Curitiba, 20
FICHA TÉCNICA
Autor Projeto Gráfico
Luciano de Lacerda Gurski Djonatan Marco Queiroz Piehowiak

Organização Diagramação
Maestria Consultoria Educacional Djonatan Marco Queiroz Piehowiak

Coordenação Revisão
Mary Lane Hutner Neusa Maria Andreoli

Coordenação Pedagógica Fotografia


Maria Eneida Fantin Shuterstock.com
Freepik.com
Impressão
Esdeva Indústria Gráfica Ltda.
CNPJ: 17.153.081/0001-62
Avenida Brasil, 1405 - Poço Rico
Juiz de Fora - MG
CEP: 36020-110

G978e
GURSKI, Luciano de Lacerda, 2020.
Educação Física / Luciano de Lacerda Gurski. - Curitiba, 2020.

Inclui bibliografia.
ISBN nº 978-65-89336-08-2

1. Educação Física. 2. Ensino Fundamental. 3. Artes cênicas e recreativas; esportes.


I. Título.

CDD 790

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização.
Copyright © Maestria Consultoria Educacional 2020

MAESTRIA
consultori educacional
APRESENTAÇÃO

Os primeiros movimentos em favor da educação de adultos no Brasil datam dos anos de


1930 e são, portanto, muito recentes no contexto da história do país. A partir de então, e ao longo
de muitas décadas, as políticas voltadas para a educação de adultos focaram apenas na alfabe-
tização, na diminuição das taxas ou na erradicação do analfabetismo, entendido como fator de
atraso para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país.

Somente após a redemocratização e a promulgação da Constituição Cidadã de 1988 é que


se ampliou o debate acerca da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Nesse novo ce-
nário político, vários avanços foram conquistados na primeira década do século XXI, tanto no
aspecto legal quanto no financiamento de programas e políticas voltadas não apenas à alfabeti-
zação, mas também na educação profissional para o público da EJA.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e depois o Plano Nacional de Educa-


ção registraram que os sistemas de ensino deveriam assegurar oportunidades educacionais
apropriadas aos jovens que não puderam efetuar seus estudos em idade regular. Temas como
idade mínima, modelos de avaliação, metodologias específicas, material didático e formação de
professores para o trabalho pedagógico com a EJA foram incluídos na legislação, nos planos e
programas educacionais, a exemplo do PNLD.

Contudo, nos últimos anos houve um enfraquecimento de todo esse movimento, de tal modo
que a oferta de EJA é um desafio ainda mais vivo hoje do que antes. De acordo com o IBGE, em
2019 nosso país contava com cerca de 11 milhões de analfabetos (pessoas com mais de 15 anos
que não sabem ler, nem escrever). Para essa população, a prerrogativa do acesso ao Ensino
Fundamental como um direito público subjetivo, condição para uma vida cidadã, não foi atendida.
Tampouco o acesso ao Ensino Médio e a uma profissionalização ocorreu.

A legislação mais recente a respeito da Educação Básica em vigor no Brasil é a Base Nacio-
nal Comum Curricular (BNCC). Nas duas primeiras versões da BNCC estavam presentes discus-
sões sobre especificidades pedagógicas da EJA, porém na versão final e oficial considerou-se
que não caberia a esse documento tais debates. Para os autores da BNCC as especificidades
da EJA devem ser definidas e registradas na elaboração dos currículos de cada unidade escolar
que oferta essa modalidade de ensino, bem como nos materiais didáticos destinados ao seu pú-
blico. Assim, entende-se que os Objetos de Aprendizagem de cada área/componente curricular,
bem como as Competências e Habilidades presentes na BNCC serão incluídos nos currículos
específicos para a Educação de Jovens e Adultos e, para atendê-los, haverá uma demanda por
material didático com proposta pedagógica coerente com a Educação de Jovens e Adultos.

É isso que nossa COLEÇÃO NOVO FUTURO está oferecendo para vocês, professor e es-
tudante da EJA.
PROPOSTA PEDAGÓGICA DO MATERIAL DIDÁTICO
Prezado aluno e professor!

O livro didático que você tem em mãos faz parte de uma coleção intitulada NOVO FUTURO,
formada por um livro para cada disciplina do Ensino Fundamental II (Anos Finais): Língua Por-
tuguesa, Língua Inglesa, Arte, Educação Física, Matemática, História, Geografia, Ensino Reli-
gioso e Ciências. E para cada disciplina do Ensino Médio: Língua Portuguesa, Língua Inglesa,
Espanhol, Arte, Educação Física, Matemática, História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Biologia,
Química e Física.

Todos os livros da COLEÇÃO NOVO FUTURO respeitam as orientações teóricas e metodo-


lógicas contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) da Educação de Jovens e Adultos
(EJA) e a Base Nacional Comum Curricular para a Educação Básica.

Os conteúdos dos livros foram elaborados a partir dos eixos propostos nas Diretrizes Curri-
culares Nacionais da Educação de Jovens e Adultos, quais sejam: Trabalho, Cultura e Tempo.

Cada capítulo contém as seguintes seções/partes/boxes:

PARA COMEÇO “Para começo de conversa” – Nessa seção propõe-se


uma questão problema para introduzir o tema. O objetivo é
DE CONVER
SA inserir o jovem/adulto numa situação contextualizada, com
um problema a ser resolvido, de modo que o conhecimen-
to a ser estudado seja apresentado em sua concretude
histórica e em sua relevância social. Esse problema pode
ser composto por texto, imagem, gráfico, mapa, equa-
ção..., acompanhado de uma ou duas indagações que estimularão o desenvolvimen-
to de habilidades intelectuais e/ou procedimentais e/ou afetivas sociais. A partir daí, o
conteúdo do capítulo estabelecerá relações com um ou mais eixos da EJA - Trabalho,
Cultura e Tempo.

“Aproximações Interdisciplinares” – Nesse


APROXIMAÇÕES boxe há textos, imagens ou outras linguagens
que abordam o conteúdo em estudo pela pers-
INTERDISCIPLINARES pectiva de outras ciências, e é acrescido de uma
breve explicação sobre essa interdisciplinaridade e uma questão desafio que envolve a
relação interdisciplinar. O objetivo é ampliar a compreensão de que os fenômenos em
estudo podem ser analisados por diversos ramos da ciência, sem ficarem circunscritos
a algum deles de forma definitiva.
COMO É ISSO
NO SEU LUGAR?

“Como é isso no seu lugar?” – Nessa seção há questões para reflexão sobre como se
manifesta, se identifica, se problematiza o conteúdo em estudo no espaço de vivência
do aluno. Estimula-se a reflexão sobre a realidade local, o entorno, bem como a com-
paração com outros lugares. Nessa seção, os eixos Trabalho e Cultura podem ser bem
explorados.

ISSO SEMPRE FOI ASSIM?

“Isso sempre foi assim?” – Essa seção é composta


por questões reflexivas e investigativas sobre como esse
conhecimento foi tratado e/ou a que(m) serviu em outros
tempos históricos. Assim, o eixo Tempo é privilegiado na
abordagem do conhecimento em estudo.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

“Ampliando o Conhecimento” – Nesse boxe sugerem-se livros, filmes, sites,


músicas e outros recursos/linguagens como fontes para o estudante buscar sa-
ber mais sobre o conteúdo em estudo.
SÍNTESE
Ao final de cada capítulo, há um quadro denominado “Síntese”,
com as principais ideias, conceitos, temas abordados. Trata-se
de um breve relato, em tópicos, para destacar o que foi estuda-
do.

FÓRUM

O “Fórum”, boxe presente no final de cada capítulo, contém duas questões para serem
discutidas pelos estudantes. Seu objetivo é aprimorar a sistematização do conhecimen-
to aprendido, por meio do debate, do registro feito em próprio punho e da formação de
conceitos.

AVALIE SEU APRENDIZADO

Por fim, há a seção “Avalie seu aprendizado”, onde são encontradas quatro questões
objetivas e duas dissertativas sobre o conteúdo do capítulo.

Dessa forma, este material didático possibilita o desenvolvimento das competências específi-
cas das áreas do conhecimento da Base Nacional Comum Curricular, apresentadas a seguir. As
tabelas indicam as competências e habilidades que são estimuladas/desenvolvidas ao longo dos
capítulos deste livro. Portanto, contribui com o trabalho do professor na medida em que aprofun-
da a compreensão e organização pedagógica do livro.
COMPETÊ NCIAS ESPECÍ FICAS DE LINGUAGENS
PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

1 . Compreender as linguagens como construção humana, histó rica, so-


cial e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizandoas
como formas de significação da realidade e expressão de subjetivida-
des e identidades sociais e culturais.

2 . Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, cor-


porais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para
continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na
vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa,
democrática e inclusiva.

3 . Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Li-


bras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de
conflitos e à cooperação.

4 . Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que res-


peitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socio-
ambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global,
atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo.

5 . Desenvolver o senso estético para reconhecer, f ruir e respeitar as di-


versas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, in-
clusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade,
bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas,
da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes,
identidades e culturas.

6 . Compreender e utilizar tecnologias digitais de inf ormação e comunica-


ção de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das dife-
rentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver proble-
mas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
CAPÍ TU L O 1
OB J E TO( S ) DO
TE M A - S U B TE M A HAB IL IDADE S
CONHE CIM E NTO( S )
J ogo ou esp orte? Esportes de invasão ( E F6 7 E F0 3 ) Experimentar e fruir esportes de marca, precisão, invasão e
técnico-combinatórios, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
ESPORTES
( E F6 7 E F0 4 ) Praticar um ou mais esportes de marca, precisão, invasão e
Origem conceituação, técnico-combinatórios oferecidos pela escola, usando habilidades técni-
futebol, rugby co-táticas básicas e respeitando regras.
( E F6 7 E F0 5 ) Planejar e utilizar estratégias para solucionar os desafios
técnicos e táticos, tanto nos esportes de marca, precisão, invasão e téc-
nico-combinatórios como nas modalidades esportivas escolhidas para
praticar de forma específica.
( E F6 7 E F0 6 ) Analisar as transformações na organização e na prática dos
esportes em suas diferentes manifestações (profissional e comunitário/
lazer).
( E F6 7 E F0 7 ) Propor e produzir alternativas para experimentação dos
esportes não disponíveis e/ou acessíveis na comunidade e das demais
práticas corporais tematizadas na escola.
( E F8 9 E F0 2 ) Praticar um ou mais esportes de rede/parede, campo e taco,
invasão e combate oferecidos pela escola, usando habilidades técnico-
-táticas básicas.
( E F8 9 E F0 3 ) Formular e utilizar estratégias para solucionar os desafios
técnicos e táticos, tanto nos esportes de campo e taco, rede/parede,
invasão e combate como nas modalidades esportivas escolhidas para
praticar de forma específica.
( E F8 9 E F0 4 ) Identificar os elementos técnicos ou técnico-táticos indivi-
duais, combinações táticas, sistemas de jogo e regras das modalidades
esportivas praticadas, bem como diferenciar as modalidades esportivas
com base nos critérios da lógica interna das categorias de esporte: rede/
parede, campo e taco, invasão e combate.
( E F8 9 E F0 5 ) Identificar as transformações históricas do fenômeno espor-
tivo e discutir alguns de seus problemas (doping, corrupção, violência
etc.) e a forma como as mídias os apresentam.
( E F8 9 E F0 6 ) Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de
esportes e das demais práticas corporais tematizadas na escola, propon-
do e produzindo alternativas para utilizá-los no tempo livre.

J ogo ou esp orte? Não é contemplado na Não é contemplado na BNCC ensino fundamental anos finais
BNCC:
JOGOS
Definição, cultura, his-
tória, lazer, xadrez,
mancala, jogos coo-
perativos, cooperação
versus competição
CAPÍ TU L O 1
OB J E TO( S ) DO
TE M A - S U B TE M A HAB IL IDADE S
CONHE CIM E NTO( S )
J ogo ou esp orte?
Práticas corporais de ( E F6 7 E F1 8 ) Experimentar e fruir diferentes práticas corporais de aven-
aventura urbanas e tura urbanas, valorizando a própria segurança e integridade física, bem
PRÁ TICAS CORPO- como as dos demais.
Esportes técnico-com-
RAIS DE AVENTURA
binatórios ( E F6 7 E F1 9 ) Identificar os riscos durante a realização de práticas cor-
E ESPORTES
porais de aventura urbanas e planejar estratégias para sua superação.
Skate ( E F6 7 E F2 0 ) Executar práticas corporais de aventura urbanas, respeitan-
do o patrimônio público e utilizando alternativas para a prática segura em
diversos espaços.
( E F6 7 E F2 1 ) Identificar a origem das práticas corporais de aventura e
as possibilidades de recriá-las, reconhecendo as características (instru-
mentos, equipamentos de segurança, indumentária, organização) e seus
tipos de práticas.
( E F6 7 E F0 3 ) Experimentar e fruir esportes de marca, precisão, invasão e
técnico-combinatórios, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
( E F6 7 E F0 4 ) Praticar um ou mais esportes de marca, precisão, invasão e
técnico-combinatórios oferecidos pela escola, usando habilidades técni-
co-táticas básicas e respeitando regras.
( E F6 7 E F0 6 ) Analisar as transformações na organização e na prática dos
esportes em suas diferentes manifestações (profissional e comunitário/
lazer).
( E F6 7 E F0 7 ) Propor e produzir alternativas para experimentação dos
esportes não disponíveis e/ou acessíveis na comunidade e das demais
práticas corporais tematizadas na escola.

CAPÍ TU L O 2
OB J E TO( S ) DO
TE M A - S U B TE M A HAB IL IDADE S
CONHE CIM E NTO( S )
G iná stica Ginástica de condicio- ( E F6 7 E F0 8 ) Experimentar e fruir exercícios físicos que solicitem dife-
namento físico rentes capacidades físicas, identificando seus tipos (força, velocidade,
Origem, jogos olím- resistência, flexibilidade) e as sensações corporais provocadas pela sua
picos, idade média, prática.
métodos ginásticos, gi-
( E F6 7 E F0 9 ) Construir, coletivamente, procedimentos e normas de con-
nástica geral, ginástica vívio que viabilizem a participação de todos na prática de exercícios físi-
artística, ginástica rít- cos, com o objetivo de promover a saúde.
mica, trampolim, acro-
bática, aeróbica, ginás- ( E F6 7 E F1 0 ) Diferenciar exercício físico de atividade física e propor al-
ternativas para a prática de exercícios físicos dentro e fora do ambiente
tica-saúde e qualidade
escolar.
de vida, exercícios ae-
róbicos e anaeróbicos ( E F8 9 E F0 8 ) Discutir as transf ormaçõ es histó ricas dos padrõ es de de-
sempenho, saúde e beleza, considerando a forma como são apresenta-
dos nos diferentes meios (científico, midiático etc.).
( E F8 9 E F0 9 ) Problematizar a prática excessiva de exercícios físicos e o
uso de medicamentos para a ampliação do rendimento ou potencializa-
ção das transf ormaçõ es corporais.
( E F8 9 E F1 1 ) Identificar as diferenças e semelhanças entre a ginástica
de conscientização corporal e as de condicionamento físico e discutir
como a prática de cada uma dessas manifestações pode contribuir para
a melhoria das condições de vida, saúde, bem-estar e cuidado consigo
mesmo.
CAPÍ TU L O 3
OB J E TO( S ) DO
TE M A - S U B TE M A HAB IL IDADE S
CONHE CIM E NTO( S )
As danças de sal ão: Danças urbanas; ( E F6 7 E F1 1 ) Experimentar, fruir e recriar danças urbanas, identificando
or ge e g fica o seus elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos).
Danças de salão
( E F6 7 E F1 2 ) Planejar e utilizar estratégias para aprender elementos
DANÇ AS constitutivos das danças urbanas.
Dança e expressão ( E F6 7 E F1 3 ) Diferenciar as danças urbanas das demais manifestações
corporal, origem das da dança, valorizando e respeitando os sentidos e significados atribuídos
danças, dança de sa- a eles por dif erentes grupos sociais.
lão, f andango, dança ( E F8 9 E F1 2 ) Experimentar, fruir e recriar danças de salão, valorizando a
criativa, danças circu- diversidade cultural e respeitando a tradição dessas culturas.
lares ( E F8 9 E F1 3 ) Planejar e utilizar estratégias para se apropriar dos elemen-
tos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das danças de salão.
( E F8 9 E F1 4 ) Discutir estereótipos e preconceitos relativos às danças de
salão e demais práticas corporais e propor alternativas para sua supe-
ração.
( E F8 9 E F1 5 ) Analisar as características (ritmos, gestos, coreografias e
músicas) das danças de salão, bem como suas transformações históri-
cas e os grupos de origem.

CAPÍ TU L O 4
OB J E TO( S ) DO
TE M A - S U B TE M A HAB IL IDADE S
CONHE CIM E NTO( S )
As l utas Lutas do Brasil, espor- (EF67EF14) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas do Brasil, valo-
tes de combate rizando a própria segurança e integridade física, bem como as dos de-
LUTAS E ESPORTES mais.
Capoeira (EF67EF15) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do Brasil,
respeitando o colega como oponente.
(EF67EF16) Identificar as características (códigos, rituais, elementos
técnico-táticos, indumentária, materiais, instalações, instituições) das
lutas do Brasil.
(EF67EF17) Problematizar preconceitos e estereótipos relacionados ao
universo das lutas e demais práticas corporais, propondo alternativas
para superá-los, com base na solidariedade, na justiça, na equidade e
no respeito.

As l utas Lutas do mundo, es- (EF89EF16) Experimentar e fruir a execução dos movimentos pertencen-
portes de combate tes às lutas do mundo, adotando procedimentos de segurança e respei-
LUTAS E ESPORTES tando o oponente.
Budô, judô, esgrima (EF89EF17) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimen-
tadas, reconhecendo as suas características técnico-táticas.
(EF89EF18) Discutir as transformações históricas, o processo de esporti-
vização e a midiatização de uma ou mais lutas, valorizando e respeitando
as culturas de origem.
As l utas Lutas do mundo, Lutas ( E F8 9 E F0 2 ) Praticar um ou mais esportes de rede/parede, campo e taco,
do Brasil, esportes de invasão e combate oferecidos pela escola, usando habilidades técnico-
LUTAS E ESPORTES combate -táticas básicas.
( E F8 9 E F0 4 ) Identificar os elementos técnicos ou técnico-táticos indivi-
Capoeira, judô, esgri- duais, combinações táticas, sistemas de jogo e regras das modalidades
ma esportivas praticadas, bem como diferenciar as modalidades esportivas
com base nos critérios da lógica interna das categorias de esporte: rede/
parede, campo e taco, invasão e combate.
( E F8 9 E F0 5 ) Identificar as transformações históricas do fenômeno espor-
tivo e discutir alguns de seus problemas (doping, corrupção, violência
etc.) e a forma como as mídias os apresentam.
( E F8 9 E F0 6 ) Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de
esportes e das demais práticas corporais tematizadas na escola, propon-
do e produzindo alternativas para utilizá-los no tempo livre.
Sumário
Jogo ou Esporte?

Capítulo 1 - Jogo ou Esporte? ........................................... 5

Capítulo 2 - Ginástica ...................................................... 39

Capítulo 3 - As danças de salão: origem e significado............ 55

Capítulo 4 - As Lutas ..................................................... 67


Capítulo 1
Jogo ou Esporte?

P
ara muitas pessoas, esporte é si- Para começarmos a entender um pouco
nônimo de saúde. Provavelmente melhor o que chamamos de esporte, res-
você já ouviu na mídia ou pessoas ponda rapidamente: onde e quando surgiu
comentando que o esporte educa, que o go- o esporte?
verno deveria investir em esporte ou algo do
Se você pensou na Grécia antiga, com
gênero. Ao mesmo tempo, muitas pessoas
as olimpíadas, você está certo, e está erra-
gostam de praticar ou assistir aos esportes.
do! Calma, você já vai entender. Para alguns
Portanto, você deve imaginar que o esporte
pesquisadores, como Guttmann (1978), há
é algo bom, não é mesmo? Será?
uma diferença entre as práticas corporais da
Afinal o que é esporte? Como sabemos antiguidade e as realizadas em nosso tem-
se uma atividade física é um esporte? O po, também conhecido como modernidade
esporte é sempre benéfico? Onde surgiu
essa prática corporal? O que a diferencia de
outras práticas, como as brincadeiras, por
exemplo?
APROXIMAÇÕES
INTERDISCIPLINARES
» Desafio: Xadrez é um jogo ou um es-
porte? Tente responder essa questão, Converse com seu professor de his-
que mais à frente veremos se sua res- tória e/ou pesquise em livros e fontes
posta está correta. online o que significa modernidade,
para entender melhor o assunto.

A ORIGEM DO ESPORTE

Assim, dividem o esporte em moderno,


aquele que surgiu após o Iluminismo, e com
influência da revolução industrial (aqui você
tem uma pista de quando e onde nasceu o
esporte moderno), e o esporte antigo. Mas,
para outros pesquisadores, aquelas práticas
que existiam antes da modernidade não po-
dem ser chamadas de esporte, já que esse
termo ainda não existia, e as atividades

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 5


eram realizadas com objetivos distintos dos praticados na atualidade. Os jogos olímpicos da
Grécia, por exemplo, tinham forte relação com a religião, já que a palavra olímpico vem de
Olímpia, cidade que sediava os eventos, e é uma referência ao monte olimpo, onde moravam
os deuses segundo a cultura grega. Aquele que fosse vencedor nos jogos olímpicos tornava-
-se um semideus, ou seja, quase um deus.

Os jogos antigos eram bastante diferentes dos jogos de hoje que são considerados como
esportes. Não havia preocupação com regras tão fixas, e nem que os adversários tivessem a
mesma chance de vitória. Era comum um “time” conter mais jogadores que o outro, por exem-
plo. Apesar das desigualdades na disputa, acreditavam que quem vencesse era merecedor,
pois foi escolhido pelos deuses para ser o vencedor, e não porque era simplesmente mais
forte, em maior número ou outro tipo de vantagem.

Esse tipo de prática, que ainda não era conhecida como esporte, muitas vezes era violen-
ta, resultando em mortes, lesões sérias, estragos e prejuízos.

Muitas dessas práticas eram populares, realizadas em espaços públicos, e qualquer pes-
soa podia entrar e sair delas a hora que bem quisesse. Um bom exemplo é o futebol, que tem
como origem uma prática na qual o objetivo era levar a bola de uma vila à outra, ou de uma
região à outra, e, para conseguir isso, valia tudo. Há relatos que essa prática agregava ele-
mentos do que hoje conhecemos como ru-
gby, luta livre, futebol, entre outros, na mes-
ma atividade. Qualquer pessoa no percurso
podia tomar parte da atividade. (PILATTI,
2002).

Com as informações estudadas até ago-


ra, você já sabe dizer onde e quando surgiu
o esporte?
Disponível em https://goo.gl/wRsDm6

A origem do esporte moderno confunde-


-se com a revolução industrial.

Enquanto diversos países europeus cria-


vam métodos ginásticos (você conhecerá o
que são no capítulo de ginástica) com o ob-
jetivo de formar pessoas fortes para a guer-
ra, a Inglaterra não precisava se preocupar
tanto com isso, pois estava isolada geogra-
ficamente dos demais países, já que é cir-
cundada pelo oceano (veja o mapa-múndi e
converse com seu/sua professor(a) de geo-
grafia para entender melhor as característi-

6 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


cas geográficas da Inglaterra). Até mesmo Vamos entender o que elas significam:
por isso dispunha das condições necessá-
» Secularização: refere-se à ausência
rias que levaram à revolução industrial. Essa
de ritual. Muitos jogos antigos eram
revolução não mudou apenas a maneira de
feitos como parte de rituais religiosos,
se produzir as coisas, com o advento das fá-
sendo que o esporte moderno não é
bricas mecanizadas, mas toda a cultura e a
mais praticado com esse objetivo.
forma de se viver.
» Igualdade de Chances: nos jogos
Entre essas mudanças, estava a busca antigos era comum que um dos adver-
pelo rendimento, ou seja, produzir o máxi- sários obtivesse vantagem, como ser
mo no menor tempo possível gastando me- maior ou em maior número. A partir do
nos energia. Destaca-se aí a importância da esporte moderno as regras buscam
técnica. Além disso, era valorizado apenas deixar os adversários com a mesma
aquilo que pudesse ser medido, quantifica- chance de ganhar, como a classifica-
do. Valorizava-se ainda a ideia de que todos ção por peso, a mesma quantidade de
deveriam ter as mesmas chances. atletas por equipe, entre outros aspec-
Essa forma de pensar influenciou toda a tos. É por isso que os times trocam de
cultura, desde a arte, a ciência, e até mesmo campo no meio da partida de futebol,
as práticas corporais. Aqueles jogos popula- por exemplo, pois se um lado do cam-
res antigos começaram a ser proibidos, pois po oferecer alguma vantagem, ambos
acreditavam que eles tornavam as pessoas poderão desfrutá-la.
menos produtivas, já que se machucavam » Especialização dos papéis: na in-
ou até morriam na prática, bem como provo- dustrialização, logo se percebeu que
cavam prejuízos. Eram vistos como antigos se um funcionário executasse apenas
e ultrapassados. uma função a faria com mais veloci-
dade e qualidade. O mesmo ocorre no
A prática desses jogos só era permitida em
esporte, em que um atleta pratica ape-
determinados espaços, com o devido contro-
nas uma modalidade, e mesmo dentro
le, entre eles a escola. Para evitar os abusos
dela pode ter uma função específica.
e a violência, criaram-se regras fixas e puni-
No futebol, por exemplo, temos o go-
ções para quem as descumprisse. Com es-
leiro, os zagueiros, laterais, atacan-
sas regras, foram garantidas aos opositores
tes... Já no vôlei temos o levantador, o
as mesmas chances de vitória, surgindo clas-
líbero, o jogador de meio de quadra, o
sificações por peso, sexo, entre outras. Allen
jogador de entrada e saída de rede…
Guttmann (1978) se dedicou a estudar esse
processo e percebeu sete características que » Racionalização: este item tem rela-
distinguem o esporte de outras práticas cor- ção com a secularidade. A revolução
porais. São elas: secularização, igualdade de industrial foi consequência também
chances, especialização dos papéis, raciona- de um movimento cultural conhecido
lização, burocratização, quantificação, busca como Iluminismo, que, entre outras
do recorde. coisas, defendia o uso da razão para

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 7


explicar a realidade, frente à explica- te em uma sociedade industrial. Você
ção mística usada anteriormente. As- já deve ter ouvido a frase “tempo é di-
sim, no esporte, o vencedor é aquele nheiro”. A importância dada ao tempo
que obteve melhor rendimento, que gasto aparece no esporte na busca de
pode ser medido e comprovado, além realizar uma tarefa no menor tempo,
de se usar métodos racionais para como nas corridas do atletismo, nas
melhorá-lo, surgindo daí a ideia de provas de natação, entre outras.
treinamento. Além dessas características, o esporte
» Burocratização: hoje os esportes se difere de outras práticas por conter obri-
possuem organizações que ditam suas gatoriamente competição, na qual normal-
regras e promovem campeonatos. É mente apenas uma pessoa e/ou um peque-
por isso que todos, no mundo inteiro, no grupo vence. O esporte ainda prioriza o
jogam futebol da mesma forma, por resultado do que o andamento do jogo. As-
exemplo, pois as regras são definidas sim, embora a torcida goste de ver um lance
pela Federação Internacional de Fute- bonito no futebol, por exemplo, o que define
bol (FIFA). Embora possamos adaptar o ganhador não é a beleza, a estética, mas
a forma de jogar por diversão, como sim o número de gols realizados e sofridos.
o famoso “golzinho” (jogo com metas Dessa maneira, a equipe que joga de forma
- traves - improvisadas, como um par mais respeitosa ou mais bonita, por exem-
de chinelos), o esporte futebol deve plo, nem sempre será a vencedora, o que
seguir as regras oficiais. A burocrati- leva o esporte, principalmente o de alto ní-
zação permitiu controlar os recordes, vel, ou seja, o profissional, a se tornar ex-
já que os resultados são registrados cludente.
e validados, bem como a comparação
Agora você já sabe que o esporte teve
entre países, pois como avaliar de
origem na Inglaterra, no século XIX, como
quem é o melhor futebol se cada um
consequência da revolução industrial (BRA-
jogasse com regras diferentes?
CHT, 1997). Também já sabe que o esporte
» Quantificação: relacionada à racio- se diferenciou das práticas anteriores, entre
nalização e à burocratização, a quan- outros aspectos, pelo uso da razão e busca
tificação é a forma de medir a pro- do rendimento, com o advento de regras fi-
dução do jogo ou do atleta, ou seja, xas. Considerando tudo isso, você já sabe
determinar quem alcançou o melhor diferenciar quando uma atividade é jogo ou
resultado. Assim, os vencedores são esporte? As características indicadas por
determinados pelos pontos acumula- Guttmann podem ajudar a responder essa
dos ou pelo tempo despendido. pergunta.
» Busca de recorde: considerando as
Vejamos o exemplo do xadrez. Ele é se-
características anteriores, Guttmann
cular? Embora tenha uma peça chamada
percebe que a busca por recordes
“bispo”, sua prática não tem relação com a
está relacionada à invenção do cronô-
religião, portanto, é secular. Agora faça esse
metro. O tempo é algo muito importan-

8 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


exercício com as outras características: ele possui racionalidade, burocratização, igualdade
de chances etc.?

Este pesquisador, Guttmann (1978), também diferenciou os esportes dos jogos, pois para
ele os jogos são brincadeiras organizadas com regras, mas o esporte caracteriza-se por ser
uma atividade corporal mais organizada, com regras fixas. Para Guttmann, o xadrez pode
não ser considerado um esporte, contudo, hoje em dia, é uma prática aceita como esportiva.

Então quais as diferenças entre os jogos e os esportes? Os jogos são mais flexíveis, ou
seja, os participantes podem alterar as regras conforme seu desejo. Nos jogos o resultado
nem sempre é tão importante. Com frequência, jogamos apenas para nos divertir, esquecen-
do até mesmo de controlar o placar. Os jogos também costumam variar na forma de praticar
de um lugar para outro. Você conhece o jogo “bete-ombro”? Se não, pode ser que você o
conheça como “bets” ou ainda “jogo do taco”.

“Bete-ombro” é um jogo no qual duas duplas disputam a vitória. Uma dupla fica de posse de tacos
de madeira (chamados de bets) e a outra dupla com uma bolinha. Existe uma área demarcada de forma
circular, dentro da qual fica uma “casinha” (tradicionalmente a casinha é uma lata de óleo de cozinha, uma
garrafa pet ou gravetos encostados em formato triangular, ou outro objeto que possa ser derrubado por
uma bolinha). A dupla com a bolinha arremessa em direção à “casinha” adversária. Se acertar e derrubar
a “casinha” assume o controle dos tacos, passando a bolinha para a outra dupla. Se a bolinha for rebatida
pela dupla que está defendendo a casinha, ambos correm trocando a casinha que estão defendendo, cru-
zando os tacos no meio do caminho. Cada vez que se cruza os tacos conta-se um ponto. A dupla pode ficar
trocando de casinha até a bolinha ser recuperada. Para conhecer melhor esse jogo acesse: http://www.
educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=392

Que tal conversar com seus colegas sobre os jogos e esportes que conhecem? Que jogos
e brincadeiras você costumava praticar quando criança? Ainda pratica algum? Será que as
crianças de hoje conhecem e praticam esses jogos? Por quê? O que lhe parece mais interes-
sante: praticar um jogo ou um esporte?

Agora que conhecemos um pouco mais sobre as diferenças entre jogo e esporte, vamos
conhecer melhor alguns esportes, entre eles dois das primeiras formas de esporte conheci-
das, o futebol e o Rugby.

Futebol e Rugby

Agora que já sabemos diferenciar os jogo


dos esportes, vamos conhecer um pouco mais
dois esportes: o futebol e o rugby. Você sabia
que esses esportes têm a mesma origem? Você
pode pensar: “mas como, se um se joga chutan-
do a bola e o outro carregando-a na mão”?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 9


FUTEBOL
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
O futebol, bastante popular no Brasil, foi
Para conhecer formas
uma das primeiras formas de esporte orga- antigas de futebol procu-
nizadas na Inglaterra entre os séculos XVIII re pelos nomes Kemari,
Episkiros, Soule, Harpas-
e XIX. Embora existam diversos esportes
tum e Gioco del Calcio
mais antigos que se assemelham ao futebol, (este seria um dos prin-
por chutar objetos tentando colocá-los entre cipais antecessores do
futebol Inglês).
uma área determinada, foi só a Inglaterra
que se organizou com regras claras e depois Você pode pesquisar nes-
tes sites: https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/135
se profissionalizou. De acordo com Gebara https://goo.gl/db6Cr
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/136
(2002), não importa tanto qual foi o primei-
ro povo e a primeira forma de jogar futebol, cionadas ao ingleses. A primeira partida de
mas sim porque uma forma específica, cria- futebol no Brasil foi disputada entre FUN-
da na Inglaterra, foi a que ganhou o mundo. CIONÁRIOS DA COMPANHIA DE GÁS e
CIA. FERROVIÁRIA SÃO PAULO RAILWAY
Um indício de que foi mesmo o mode-
em 1895. Já o primeiro time de futebol foi o
lo inglês do esporte que dominou o mundo
SÃO PAULO ATHLETIC, fundado em 1888.
está em seu próprio nome. A palavra futebol
surge de uma adaptação da palavra inglesa Quem praticava esporte na Inglaterra era
football, na qual foot significa pé, e ball signi- conhecido como “Sportman”, ou seja, ho-
fica bola. Lá os jogos populares, que muitas mem do esporte. Ser um “Sportman” signi-
vezes eram violentos e envolviam chutar coi- ficava mais do que praticar um esporte, pois
sas, foram proibidos, e só eram permitidos estava relacionado à características da edu-
em certos lugares, como na escola, onde cação que se almejava. O “sportman” devia
havia regras que controlavam a violência e cultivar certas qualidades, como a lealdade,
garantiam a igualdade de chances de vitória. a humildade e a simplicidade.
Das escolas se tornou novamente popular,
Já no Brasil, costumava-se admirar os
sendo praticado pelos marinheiros em seus
estrangeiros como modelos de educação
momentos de lazer, e é esse um dos motivos
e modernidade, portanto era comum que
que ajudou o esporte a se tornar mundial.
se imitasse a forma de agir, de vestir, e até
No Brasil, o futebol chegou graças a Char- mesmo de falar dos estrangeiros.
les Miller. Considerado o precursor do futebol
O futebol era restrito a grupos pequenos,
no Brasil, embora tenha nascido em São Pau-
formados normalmente por ingleses ou des-
lo, ainda criança foi estudar na Inglaterra, e
cendentes. Negros eram proibidos de jogar.
quando retornou trouxe o que provavelmente
Em Curitiba, o time de futebol Coritiba recebeu
foi a primeira bola de futebol do país.
o apelido de “coxa branca”, devido aos joga-
No início, o futebol era praticado por pes- dores todos terem pele clara, demarcando a
soas da elite econômica, normalmente rela- exclusão e a identificação étnica no esporte.

10 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Ainda, no início, se utilizavam termos em Formas de chute:
Inglês dentro do jogo.
» Chute com o bico do pé: conhecido
Veja a escalação do Paysandu em 1906: popularmente como “bicuda”, chuta-
-se com a ponta do pé. Este chute per-
Goal-Keeper: J. Freeland;
mite o uso de bastante força, porém
Fall-backs: J Robson e Murray; possui menos precisão. Costuma ser
usado em situações nas quais se de-
Half-backs: E.Pullen, Wood e h. Freeland… (LU-
seja que a bola se desloque a grande
CENA, xx)
distância ou em grande velocidade e
sem preocupação com a precisão.
Que tal, junto com seu professor de In-
glês, traduzir os seguintes termos: fall-back, » Chute de lado de pé: usado mais
goal-keeper, half-back. Você é capaz de di- para passes curtos, permite grande
zer em que posição joga cada um? E corner, precisão. O pé toca a bola de forma
o que significa? E goal? perpendicular, ou seja, com o pé “de
lado” para a bola.
Os brasileiros, ao verem os ingleses
» Chute de peito de pé: chute utilizado
jogando futebol, começaram a imitar essa
para obter maior força e precisão. É
prática, de forma que, de um esporte elitiza-
utilizado na cobrança de faltas, lança-
do e restrito a poucas pessoas, acabou se
mentos, cruzamentos, entre outros.
disseminando e tornando-se o esporte mais
praticado no país. » Chute de “trivela” ou “três dedos”:
esse chute é mais difícil de ser rea-
Hoje, além do formato tradicional em cam-
lizado e faz com que a bola se des-
po de grama com 11 jogadores em cada lado,
loque girando, o que faz com que ela
surgiram outras versões oficiais, como o fute-
faça uma curva em sua trajetória. Tem
bol de salão, o futebol de areia, entre outros.
esse nome porque se usam os três
menores dedos do pé, ou seja, chuta-
Você sabe jogar futebol? Quais são as formas de -se com a parte externa do pé.
posicionamento tático que você conhece? Que
» Chute de calcanhar: chute elegante
tipos de chute e passe você conhece? Quais fin-
e de menor precisão, serve para rea-
tas (dribles) você conhece? Que tal experimen-
lizar um passe rápido quando se está
tar algumas e comparar com os colegas quais
de costas para a direção para onde se
fundamentos vocês conhecem?
quer passar a bola. Pode ser utiliza-
do também como forma de finta (des-
Embora no Brasil quase todo mundo sai- pistar o adversário) ou como “floreio”
ba ao menos o básico do funcionamento do (deixar uma jogada mais bonita).
futebol, poucos têm a chance de conhecer
mais a fundo seus elementos técnicos. Va-
mos conhecer alguns?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 11


Conforme se organiza o time, este pode
AMPLIANDO O CONHECIMENTO se tornar mais ofensivo (há mais jogadores
apoiando o ataque, aumenta as chances
de fazer gol) ou defensivo (há mais jogado-
Para saber mais acesse: res apoiando a defesa e tentando impedir o
time adversário de fazer gol). O técnico do
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/137 time considera diversos fatores para definir
o esquema tático de seu time, entre eles
a qualidade técnica de seus jogadores, as
características técnicas dos jogadores ad-
versários, a importância da partida e sua
Posições táticas:
situação no campeonato, entre outros. Um
No futebol de campo, os 11 jogadores time que esteja a frente no campeonato
não se distribuem aleatoriamente pelo cam- pode adotar uma estratégia mais defensiva,
po. Cada um tem uma função e um espaço por exemplo, de forma a administrar a sua
no campo que deve o ocupar. Esse posicio- vantagem e apostando na possibilidade de
namento varia de acordo com a estratégia realizar contra-ataques. Contudo, isso não é
adotada pelo time. Assim, ela pode ser: 4-4- uma regra, sendo por isso muito importante
2, 3-4-3, 4-2-4, entre outras formas. Os nú- a avaliação do técnico e da comissão técni-
meros indicam quantos jogadores atuam em ca no futebol profissional. O esquema tático
cada posição, por exemplo: no 4-4-2, temos pode ser alterado, inclusive durante o jogo,
4 jogadores na defesa, quatro no meio do se a avaliação técnica considerar mais pro-
campo e dois no ataque. Já no 3-4-3, temos dutivo fazer uma mudança. Isso normalmen-
3 jogadores na defesa, 4 no meio campo e te acontece de forma relacionada à substi-
3 no ataque. tuição de jogadores.

12 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Agora que já sabemos um pouco mais de futebol, vamos conhecer um esporte que teve
origem no futebol, mas que hoje se joga também com as mãos!

O Rugby

Existem várias práticas antigas que relacionam o objetivo de deslocar uma bola (ou um
objeto redondo qualquer) até uma área no campo adversário. Contudo, foi na Inglaterra (lem-
bra que o esporte nasceu lá, o futebol e o rugby também…) que esses esportes começaram a
tomar a forma que conhecemos. Em sua origem era permitido qualquer ação para levar a bola
até a meta adversária. Porém, com o objetivo de diminuir a violência, foram criadas regras
para dificultar o deslocamento e evitar ações agressivas, e da variação dessas regras surgiu
a ideia de que não se poderia usar as mãos.

Uma das versões históricas sobre a origem do rugby diz que um dia um atleta de uma
escola decidiu pegar a bola com a mão e sair correndo, por brincadeira. Os demais jogadores
saíram correndo atrás dele, e logo perceberam que essa poderia ser uma forma interessante
de jogar, nascendo aí o rugby. O nome desse atleta era William Webb Ellis e o colégio chama-
va-se Warwickshire, situado na cidade de mesmo nome.

Com o tempo, as regras foram aprimoradas, de modo que hoje ambos os esportes são
praticados de forma bastante diferente. Em comum eles têm como objetivo levar a bola ao
campo adversário, pontuando ao atingir a meta. No futebol essa meta é chamada de gol,
enquanto que no rugby existem quatro formas de pontuar: tocar a bola no chão após a linha
do fim do campo adversário, chamado de TRY (similar ao “touch down” do futebol americano,
que, aliás, tem a mesma origem do rugby), ou acertando a bola com um chute em uma trave
com forma de “H”, chamada de drop goal ou conversão. Um TRY vale 5 pontos e dá direito
a um chute no goal, que vale mais 2 pontos. A qualquer momento da partida pode-se tentar
chutar no gol, desde que a bola não tenha tocado no chão. Isso se chama “droap goal”, e vale
3 pontos. Em caso de falta grave, pode-se “bater a falta” chutando a bola em direção ao gol.
Em caso de acerto, esse chute vale mais 3 pontos.

Embora mais complexo que o


futebol, as formas de pontuação no
rugby se aproximam do futebol, pois
também se chuta a bola no gol. Con-
tudo, a bola deve passar por cima da
barra horizontal e, para isso, não há
necessidade de goleiro.

O rugby pode ser jogado com 7


ou 15 jogadores, embora existam va-
riações com 10 ou 13 jogadores.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 13


Vamos ver como se joga:

» O campo:

» Os jogadores: » Principais regras:


O jogo inicia com o time que ficou com a
posse de bola (definida em sorteio, o tradi-
cional “cara ou coroa”), chutando a bola do
meio do campo para o mais longe possível,
sem que a bola saia de dentro do campo. A
outra equipe pegará a bola e sairá correndo,
tentando chegar à linha de fundo da equipe
adversária.

Ao contrário do futebol, no rugby o pas-


se só pode ser feito para trás. Assim, não
existem lançamentos para quem está mais a
frente como no futebol ou no futebol ameri-
cano. A bola pode ser passada com as mãos
ou pode ser chutada. Somente o jogador
AMPLIANDO O CONHECIMENTO que está com a bola pode ser derrubado.
Esta ação é a que mais causa espanto a
que tal jogar para apren- quem não está acostumado com o esporte,
der melhor como funciona pois parece ser violenta, mas na verdade
o rugby? Acesse: não é. Esse movimento realizado pela de-
fesa chama-se Trackle, e não pode ser feito
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/138
de qualquer forma. Só pode ser realizado

14 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


no jogador que está com a bola, e pode-se dem entrar na formação por trás, nunca pelo
agarrar o adversário somente do peito para lado ou à frente.
baixo, assim como não é permitido o uso da
O maul ocorre quando três jogadores de
perna para derrubar o adversário. Agarrá-lo
cada equipe disputam a bola em pé. Seme-
acima do peito é considerada falta. Não são
lhante aos movimentos anteriores, o objetivo
permitidos gestos violentos, apenas agarrar
é obter a posse da bola.
e derrubar o adversário.
Outro lance incomum para quem conhe-
O jogo tem duração de 80 minutos, di-
ce o futebol é a formação do line-out (con-
vididos em dois tempos de 40 minutos. Ao
sulte a disciplina de inglês para verificar a
final, poderá haver tempo extra pelo período
tradução). No rugby existe cobrança de la-
em que o jogo ficou parado. Parecido com o
teral, assim como no futebol, porém as duas
futebol, não é mesmo?
equipes formam um corredor perpendicular
Existem muitos detalhes técnicos que de- à linha lateral, ficando um metro distante da
mandam maior estudo para conhecimento, fileira adversária. A bola é lançada no meio,
como o movimento do scrum , o ruck e o maul. entre as duas fileiras. É comum a equipe le-
vantar um jogador para receber a bola no ar.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Que tal pesquisar por vídeos e explica-
ções sobre esses termos na internet?
Você pode procurar nesses links:

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/139

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/140

Que tal realizar uma prática para entender


O scrum acontece quando houve uma
melhor o funcionamento do jogo?
penalidade (falta). Oito jogadores de cada
lado formam uma “parede”, na qual empur-
ram o adversário e disputam a bola, usando
O rugby é um dos esportes mais praticados e
para isso apenas os pés. Ao dominar a bola,
que mais cresce em todo o mundo, possuin-
saem jogando com ela.
do mais de 160 seleções nacionais. A modali-
O ruck ocorre quando a bola cai ao chão dade “seven”, com sete jogadores, se tornou
e os jogadores de duas equipes disputam olímpica nos jogos do Rio de Janeiro (2016).
sua posse. Outros jogadores se somam à O rugby também está presente nas paralimpí-
disputa formando um paredão. Uma vez que adas, com o jogo sobre cadeira de rodas.
se iniciou o ruck, os novos jogadores só po-

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 15


AVALIE SEU APRENDIZADO

1. O que é esporte? Quais as diferenças entre esporte antigo e moderno?

2. Onde e quando surgiu o esporte? Por que neste lugar e neste tempo?

3. Quais são as características do esporte moderno segundo Guttmann?

4. O xadrez é um esporte? Justifique sua resposta comparando-o às sete características


citadas por Guttmann.

5. Quais as diferenças entre jogo e esporte?

16 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


6. Onde nasceu o futebol?

7. Ao chegar no Brasil, o futebol já era popular?

8. Por que o time Coritiba recebeu o apelido de “coxa branca”?

9. Quais são as formas de chute no futebol?

10. O que são esquemas táticos?

11. Escolha um time de futebol profissional e descubra qual o esquema tático que ele tem
usado recentemente.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 17


12. Quais são as posições táticas no futebol de salão?

13. Onde e como surgiu o rugby?

14. Como se joga o rugby?

15. Como se inicia a partida?

16. Quais as formas de se pontuar no rugby?

17. Indique 3 semelhanças e 3 diferenças entre o rugby e o futebol.

18 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


18. O que é trackle? Para que ele serve?

19. O que não pode ser feito no trackle?

20. O que são scrum, maul e ruck?

21. Como é feito o passe no rugby?

22. Como é feita a cobrança de lateral no rugby?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 19


SKATE E A CONTRACULTURA
Você anda de skate? Se não, o que pen-
sa sobre as pessoas que o praticam? Já re-
parou na forma como se vestem? Nos ges-
tos que fazem? E nas gírias que costumam
usar? Considerando o que você estudou no
capítulo anterior, para você o skate é um es-
porte?

Os jogos e os esportes possuem carac-


terísticas que estão diretamente ligadas à
cultura da qual advêm. Você provavelmen-
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
te conhece a brincadeira “escravos de Jó”.
Você sabia que essa brincadeira tem relação Para saber mais acesse:
com a escravidão no Brasil? Que “caxangá”
é um crustáceo parecido com siri, e que não
jogavam, mas sim juntavam “caxangá”? https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/141

Voltando ao skate, assim como “escra-


vos de Jó”, é oriundo de uma determinada Com a realização do primeiro campeo-
cultura, como conheceremos a seguir. nato transmitido pela televisão, ocorrido na
década de 1960, o esporte ganhou populari-
O skate nasceu na Califórnia, Estados dade e se tornou mundial.
Unidos da América, quando os surfistas, nas
décadas de 1940 e 1950, estavam cansados Mais tarde, outro aperfeiçoamento im-
de esperar a condição das ondas para prati- portante foi a descoberta de novos materiais
car seu esporte preferido, e pensaram uma para confecção das rodinhas, que possibili-
forma de surfar no seco. tou melhor controle do skate e menor des-
gaste das rodas.
Pegaram então uma prancha de madeira
e adaptaram rodas de patins (chamadas de Na década de 1960 descobriu-se
skate). Logo a invenção ficou famosa e mui- uma nova forma de praticar o skate, por um
ta gente começou a praticar, e ficou conhe- motivo inusitado. Houve uma grande seca
cida como sidewalk surfing, surfe de passeio na Califórnia e muitas casas com as pisci-
ou calçada. Não tardou em surgir empresas nas secas. Então os skaters (praticantes de
que fabricavam as pranchas (chamadas de skate, que no Brasil chamamos de skatistas)
Shape), tornando o esporte interessante sob perceberam que essas piscinas eram bons
o ponto de vista econômico. Nesse sentido, lugares para se praticar a atividade, pois as
uma das primeiras marcas a produzi-lo foi curvas das bordas das piscinas levavam a
a Makaha, que criou pranchas (shapes) em fazer movimentos que lembravam mais o
formato de pranchas de surfe reduzidas e con- movimento do surf nas ondas. Surgia aí uma
tratou praticantes de skate para divulgá-la. modalidade importante do skate, a vertical.

20 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Você sabe o que significa “haole”? E “drop”?

Para conhecer mais essa modalidade, as- E quanto a “shaper”? Pesquise o significado

sista aos vídeos: desses termos, mas cuidado! Hoje eles não
têm significado exato da tradução do inglês
para português. Assim como muitas pala-
vras ganham novos sentidos com as gírias,

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/142
o mesmo aconteceu com esses termos no

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/143
surf. Que tal pesquisar outros termos usados
no surf ou no skate?
Ainda não existiam muitos locais dedi-
cados à prática do skate, e os praticantes
ainda tinham vínculo com o surfe.
O surf é um esporte, pois possui campe-
Foi a partir da década de 1970 que co- onatos, regras, mas é também uma cultura.
meçaram a se criar espaços próprios para a Seus praticantes costumam adotar uma cer-
prática de skate, de forma que os pratican- ta “filosofia” de vida que tem como princípios
tes começaram a se afastar das influências o respeito à natureza, a religiosidade (pre-
do surfe e, ao mesmo tempo, aderindo a sente na origem do surf), entre outros.
outras manifestações culturais de rebeldia,
Dessa forma, o skate, inicialmente, ado-
como o movimento punk. Começava a nas-
tou esse estilo de vida, e posteriormente foi
cer uma cultura própria do skate, ligada à
modificando-o conforme a evolução social e
ideia de resistência e contracultura, ou seja,
os espaços onde era praticado.
de questionar os padrões de comportamen-
to dominantes na sociedade. Por isso, até Com o crescimento no número de prati-
hoje, existe certo preconceito contra os pra- cantes, tornou-se um esporte mundial, en-
ticantes de skate, pois o preconceito é uma volvendo grandes cifras, que culminou nos
estratégia de poder que define quem é acei- X-games, jogos radicais mundiais, o equiva-
to ou não em uma determinada sociedade. lente às olimpíadas dos esportes radicais,
em que o skate é um dos mais disputados
Posteriormente os skatistas começaram
e assistidos.
a utilizar o espaço urbano e os desafios ar-
quitetônicos existentes, como calçadas, cor- Hoje existem diferentes modalidades e
rimões e outras barreiras que pudessem ser formas de prática, entre eles o longboard
transpostas com o skate. O esporte que nas- (skate com prancha mais cumprida, usada
ceu à beira-mar acaba tomando os grandes como forma de lazer e descidas de veloci-
centros urbanos e, com isso, alterando a sua dade - downhill), big air mega hampa (pista
própria cultura, diferente da cultura dos sur- com 150 metros de extensão e 30 metros de
fistas, o que implicava gírias e gestos pró- altura, nas quais se passa os 70 km/h), free
prios, além de roupas com características style (manobras livres), bowl (pistas que si-
específicas, que se mantêm até hoje. mulam o formato de piscinas), entre outras.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 21


E você? Já experimentou andar de
skate? Que tal vivenciar a experiência? Lem- AMPLIANDO O CONHECIMENTO
bre-se de utilizar itens de segurança (capa-
cete, joelheira e cotoveleira), além de tênis Quer conhecer um pouco mais do esporte

apropriado. No início você pode se apoiar sem se arriscar? Acesse:

na parede ou pedir ajuda a um colega para


escorá-lo até adquirir equilíbrio. Assim como
nas artes marciais, é importante saber cair!
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/144
Caso a queda seja inevitável, lembre-se de
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/145
manter o queixo próximo ao peito (protege
a coluna cervical) e tente não frear a queda
com as mãos e braços (pode gerar fraturas),
apenas solte o corpo e deixe-o girar em sen-
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/146
tido favorável ao deslocamento.
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/147

AVALIE SEU APRENDIZADO

1. Onde e quando nasceu o skate? Por que lá?

2. Qual a relação entre o skate e as piscinas?

3. Qual a relação do skate com o movimento punk?

22 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


4. Escolha três gírias utilizadas pelos skatistas e descreva o que elas significam.

5. Cite três modalidades de skate e explique.

MANCALA
É muito comum praticarmos jogos como Perceba que o autor destaca “com o fim
passatempo e lazer. Sejam os jogos de ta- em si mesmo”, ou seja, não jogamos com
buleiro, de cartas, de adivinhação, entre segundas intenções, como obter ganhos. O
outros, os jogos estão presentes em diver- jogo é atividade espontânea, cujo objetivo
sas culturas e são praticados por todas as está nela mesma. Jogamos por jogar. Embora
idades. Mas, o que é jogo? Para Huizinga nossa cultura valorize a utilidade racional das
(2007, p.33): coisas, somos seres humanos e, como tais,
não vivemos apenas para produzir. Por isso,
divertir-se, descansar, apreciar uma obra de
[...] é uma atividade ou ocupação vo- arte são ações características da vida huma-
luntária, exercida dentro de certos e na e todos deveriam ter o direito de acesso.
determinados limites de tempo e espa-
Embora joguemos apenas por diversão,
ço, segundo regras livremente consen-
não quer dizer que não podemos aprender
tidas, mas absolutamente obrigatórias,
com os jogos, pois eles possuem relação
dotado de um fim em si mesmo, acom-
com a cultura da qual se originam.
panhado de um sentimento de tensão
e alegria e de uma consciência de ser Dos jogos que você conhece, quais são
diferente da vida cotidiana. de origem africana? Se você respondeu ca-
poeira, errou, pois embora tenha influências,

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 23


a capoeira é brasileira. Percebeu que conhecemos pouco sobre a cultura africana? Isso acon-
tece, entre outros motivos, pelo fato de o povo africano ter sido dominado por outros povos
que reproduziram as suas culturas, tornando a cultura africana inviabilizada e pouco conheci-
da. Assim como no Brasil, temos boa parte da cultura formada por influência europeia, afinal,
fomos “descobertos” pelos portugueses, seguido de espanhóis e depois outros povos que
aqui se estableceram, como italianos, poloneses, ucranianos, entre outros.

Quando ouvimos falar de África muitas vezes pensamos nas mazelas, doenças, miséria,
ou na sua riqueza quanto à natureza, aos animais selvagens, à savana, entre outros aspectos.
Embora esses sejam dados da realidade africana, é apenas uma parte dela. Afinal, a África
não é um país, mas sim um continente com 54 países, possuindo portanto diferentes culturas.

No Brasil, foi sancionada a lei n. 10.639 que torna obrigatório o ensino da temática “Histó-
ria e Cultura Afro-Brasileira” como forma de valorizar a cultura africana, muitas vezes desco-
nhecida ou não suficientemente valorizada.

Disponível em https://goo.gl/CV9kaU

A cultura africana é muito rica em expressões corporais, como a dança, bem como mani-
festações lúdicas, como a Mancala.

Mancala é uma nomenclatura genérica para mais de 200 tipos de jogos diferentes de ta-
buleiro, mas que seguem a mesma lógica. Há um tabuleiro, que por vezes é talhado no chão
ou esculpido em pedra ou madeira. Utiliza-se também peças, que podem ser sementes, como
semente de girassol ou grãos de milho. O objetivo é distribuir suas sementes até ficar sem
nenhuma.

A mancala possui uma lógica diferente da maioria dos jogos que conhecemos, pois nela
o objetivo não é acumular mais, mas sim distribuir melhor. Essa lógica está de acordo com a
filosofia compartilhada por diversos povos africanos, conhecida como Ubuntu. Ubuntu é um
sentimento de união e compartilhamento com os outros, que pode ser traduzido como “huma-
nidade para com os outros” ou “eu sou pelo que nós somos”. Assim como nas danças, nos
jogos há a presença de um sentimento de compartilhamento e união, que se aproximam dos
jogos cooperativos que veremos mais a frente.

24 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Que tal jogar um pouco para conhecer melhor? Vamos precisar de: uma caixa de ovo vazia
ou outro recipiente que possua seis buracos enfileirados de cada lado e sementes que sejam
fáceis de pegar, como feijão, semente de girassol ou outra. O jogo será jogado em duplas.
Deve-se sentar um de frente para o outro, conforme a imagem abaixo:

Nessa variação do jogo, cada jogador deverá pegar todas as sementes da “zona
deve começar com 3 sementes em cada bu- morta” e distribuir em suas casinhas, da ma-
raco. Os dois jogadores decidem quem co- neira e na quantidade que achar melhor. Isso
meça, o que pode ser feito através do “par vale para qualquer uma das “zona mortas”,
ou ímpar”. O jogador que começou deve pois a “zona morta” não tem dono. O jogo
escolher uma casa, tirar todas as semen- acaba quando um membro da dupla conse-
tes e distribuir nas casas seguintes, sempre gue esvaziar todas as suas casas.
deixando uma semente em cada casa. Não
pode “pular casas”.

Essa distribuição deve seguir o sentido


AMPLIANDO O CONHECIMENTO
anti-horário, ou seja, da esquerda para a di-
Recurso multimídia: Você
reita. Caso se chegue na última casa, deve-
pode jogar no computa-
-se deixar uma semente na “zona morta” e
dor nesse endereço:
continuar distribuindo, agora nas casas do
adversário, sempre da mesma forma, ou https://goo.gl/brrSR5

seja, uma semente em cada casa, no senti- Também existem versões


do anti-horário, até acabarem as pedras que gratuitas para celular e
foram retiradas no início da jogada. Após tablet, como esta:
distribuir todas as pedras de uma casa, é a
https://goo.gl/AJUnYS
vez do oponente, que repetirá o processo.

No decorrer do jogo, haverá diversas


Embora pareça um jogo simples, exige
sementes na “zona morta”, dos dois lados.
muita estratégia e raciocínio lógico, se com-
Se um jogador estiver distribuindo suas se-
parado a outros jogos de estratégia, como
mentes e a última cair na “zona morta”, ele
o xadrez, que veremos no próximo capítulo.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 25


AVALIE SEU APRENDIZADO

1. O que são jogos?

2. Por que dizemos que os jogos possuem fim em si mesmos?

3. O que significa ubuntu?

4. O que é Mancala?

5. Qual a diferença entre a Mancala e os outros jogos que conhecemos?

26 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


XADREZ
O xadrez é um jogo muito popular no mundo todo. Suas peças representam personagens
que compunham a sociedade de seu tempo, inclusive mudando os personagens e movimen-
tos das peças de uma cultura para outra.

Embora seja difícil saber exatamente onde nasceu, registros históricos indicam que o jogo
já existia na Índia no século VI, onde se chamava “Chaturanga”, sendo levado por comercian-
tes para a China, África e, mais tarde, Europa.

Na Índia o elefante ocupava o lugar do bispo, e o peão não podia andar duas casas. Sua
promoção também era limitada, ele não poderia se tornar qualquer peça.

Já no período medieval nasceram as funções da rainha e do bispo como conhecemos


hoje, de forma que a batalha que ocorre no tabuleiro representa as diversas batalhas travadas
na Idade Média. Você já parou para pensar por que o rei é a principal peça (que, aliás, nunca
é derrubada) enquanto os peões são as peças mais numerosas e menos poderosas (embora
possam auxiliar e até acabar com o jogo, podendo também ser promovidas se chegarem ao
“fim do tabuleiro”)?

O termo xeque e xeque-mate, por exemplo, vem dos persas, que criaram boa parte das
regras do jogo como as conhecemos. As peças representam portanto as posições de poder
ocupadas nas sociedades em que o xadrez era jogado.

Hoje o xadrez é considerado um esporte (lembra a pergunta do capítulo 1?), e é praticado


por pessoas do mundo inteiro. Vamos aprender a jogá-lo?

O Tabuleiro

O tabuleiro é constituído de 64 quadrados de


cores alternadas, chamadas de casas. No canto
direito inferior e superior esquerdo há uma casa
branca (ou cor clara), enquanto que no canto
inferior esquerdo e superior direito um quadrado
preto (ou escuro).

Oito casas postadas horizontalmente for-


mam uma fileira, enquanto que oito casas pos-
tadas verticalmente formam uma coluna.

Casas postadas de forma que parece esca-


da chamam-se diagonais.
Disponível em https://goo.gl/DH3StF

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 27


As fileiras (linhas horizontais) costumam ser nomeadas de forma numérica, sendo 1 a pri-
meira fileira de peças brancas e 8 a última fileira de peças escuras. Já as colunas (verticais)
costumam ser nomeadas de forma alfabética de “A” a “H”, sendo a coluna da esquerda das
peças brancas a “A” e a “H” a coluna direita das peças brancas. Assim, pode-se nomear a po-
sição da peça. Se você já jogou o jogo “batalha naval” percebeu que a nomeação da posição
acontece da mesma forma que nesse jogo.

Exercício: Identifique o nome da casa das seguintes peças:

Rei: __________ Torre: _____________ Cavalo: _________

As peças

Agora que já conhecemos o tabuleiro, vamos conhecer as peças. As mesmas serão apre-
sentadas de acordo com a posição no tabuleiro, começando na casa “A1” (veja a imagem
acima para identificar onde ela fica).

» Torre: presente nas duas extremidades da primeira fileira, só pode se mover em linha
reta, tanto na horizontal como na vertical.
» Cavalo: presente na segunda e penúltima casa da primeira fileira, se movimenta em “L”,
totalizando 3 casas seu movimento, nunca mais nem menos. O cavalo tem o diferencial
de poder “pular” sobre outras peças, o que nenhuma outra faz, tornando-o uma peça
estratégica.
» Bispo: O bispo é a terceira peça na ordem, contando-se da borda do tabuleiro para o
centro. Só se desloca nas diagonais, sem número limitado de casas. O bispo da esquer-
da se desloca sempre pelas casas escuras, enquanto que o bispo da direita sempre
pelas casas claras.
» Rainha: É considerada a peça mais poderosa do jogo. Isso porque é livre para se des-
locar quantas casas quiser e em qualquer direção.
» Rei: O objetivo do jogo é encurralar o rei, até que ele não tenha mais para onde ir. Cada
vez que o rei está em perigo tem-se um “xeque”. Se o rei está em uma posição na qual
não tem escapatória (encurralado), tem-se um “xeque-mate”. O rei só se desloca uma
casa por vez, em qualquer sentido. Existe uma jogada especial chamada roque. Essa
jogada visa proteger o rei, na qual a torre e o rei se movimentam ao mesmo tempo. Ela
só pode ser feita se a torre e o rei ainda não foram movimentados, e se o resultado co-

28 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


locar o rei em xeque. O rei move-se duas casas em direção à torre (qualquer uma delas,
da torre mais distante chama-se roque maior, enquanto que da torre menor chama-se
roque menor). A torre salta sobre o rei parando na casa a seu lado.
» Peão: O peão é a peça menos poderosa e mais numerosa no jogo. Representa a me-
nor classe social da época, sempre mais numerosa e menos poderosa que a classe
dominante. Seus movimentos são bastante limitados. Na primeira vez que cada peão é
movimentado pode-se mover duas casas, sempre para a frente. A partir daí, ele se des-
loca apenas uma casa, e sempre para frente. Para o peão matar outra peça, ele deve
pulá-la em diagonal. Existe um movimento especial chamado “en passant”. Se o peão
adversário deslocou-se duas casas, parando ao lado do seu peão, você pode, se for a
jogada imediatamente seguida, deslocar-se na diagonal atrás dele.

Vamos exercitar a movimentação das peças?

» Desafio do cavalo: Os quatro cavalos devem trocar de lugar com o menor número de
movimentos possível.
» Jogo do bispo: Um jogará com os bispos e outro jogará com os peões. Ganha o bispo
se ele capturar todos os peões antes que eles cheguem à promoção (final do tabuleiro).
Ganha o peão se algum chegar à promoção. (TASSI, 2011).
» Jogo da Velha: Movimentação da torre, bispo e cavalo.Semelhante ao jogo da velha,
porém ao invés de marcar O ou X, cada jogador coloca uma peça. Quando todas as
peças forem colocadas, devem ser movimentadas, de acordo com as regras de movi-
mentação do xadrez, até formar uma linha reta. (TASSI, 2010).

Promoção
Dica: Você pode conhecer mais jogos e
obter informações sobre o xadrez aqui: Quando o peão consegue chegar ao fim
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/ do tabuleiro pode ser trocado por outra peça,
portals/cadernospde/pdebusca/produ- menos o rei, e a essa ação chamamos de
coes_pde/2010/2010_unioeste_edfis_ promoção.
pdp_denise_maria_tassi_borille.pdf

Empate

No xadrez existem diversas situações que são consideradas empate:

» Rei afogado: o rei não está em xeque, mas não tem nenhuma jogada válida disponível. Um exemplo
é quando um jogador só tem o rei e é sua vez de jogar, mas para qualquer lado que se movimente
estará ao alcance de uma peça adversária. Essa situação pode ser criada para evitar de perder o jogo
quando se está em uma situação desfavorável.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 29


» Xeque perpétuo: ocorre quando um jogador repete a mesma jogada de xeque mais de
três vezes ou com sucessivos xeques sem nenhum xeque-mate.
» Regra dos 50 movimentos: se forem realizadas 50 jogadas sem nenhuma peça captu-
rada e nenhum peão movimentado, o jogo é considerado empatado.
» Insuficiência material: caso os dois jogadores não possuam peças suficientes para um
xeque-mate, o jogo é considerado empatado.
» Comum acordo: um dos oponente oferece a possibilidade de o jogo ser considerado
empatado. Essa oferta só pode ser realizada uma vez e tem de ser aceita na mesma
jogada.

» Vitória
A vitória acontece quando ocorre o xeque-mate, ou seja, o rei adversário está encurrala-
do e não há como sair, ou quando o adversário percebe que ficará sem saída e abandona a
partida.

Para escapar do xeque, pode-se atacar a peça que ameaça o rei, colocar outra peça entre
o rei e a peça que o ataca ou mover o rei para uma posição onde esteja seguro.

Ao contrário do que muitos pensam, não é necessário avisar o adversário quando o rei
está em xeque, contudo, nessa situação, o adversário não pode fazer uma jogada que não
seja se proteger da situação do xeque.

Agora você já conhece os passos básicos para jogar xadrez. Que tal jogar com seus
colegas e treinar os conhecimentos obtidos? Você pode também pesquisar dicas e jogadas
clássicas de forma a melhorar seu desempenho no jogo.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Você encontra dicas aqui:

https://goo.gl/3edjGj https://goo.gl/yRcHR4 https://goo.gl/xP7sk

30 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


AVALIE SEU APRENDIZADO

1. Qual é a principal peça do xadrez? Por quê?

2. Qual a peça mais poderosa no xadrez?

3. Qual peça começa o jogo na posição f1?

4. Em quais situações ocorre o empate no xadrez?

5. Como ocorre a vitória no xadrez?

6. O que é roque? Quais as condições para que ele possa ser usado?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 31


JOGOS COOPERATIVOS

“Nenhum homem é uma ilha.

… E aprendi que se depende de tanta e muita gente: Toda pessoa sempre é


marca das lições diárias de outras tantas pessoas. E é tão bonito quando a gente
entende que a gente é tanta gente onde quer que vá. É tão bonito quando a gente
sente que nunca está sozinho por mais que pense estar…”

(Gonzaguinha apud SANTOS, 2005)

Competir é natural ou é algo que aprendemos? Será que as pessoas competem por que
precisam ou são competitivas porque foram ensinadas a ser assim? Quem nunca jogou ou
conheceu um “fominha”, aquela pessoa que quer fazer tudo sozinha no jogo e nunca passa a
bola para ninguém?

Uma das principais características do esporte é a competição. Não existe esporte sem
competição. Por isso, muitas vezes, ele é considerado educativo. Afinal, se precisamos com-
petir por uma vaga de emprego ou para entrar em uma universidade, o esporte poderia nos
ensinar a competir, certo? Há quem afirme ainda que a competição é natural, pois os animais
competem por comida ou até para não virar comida uns dos outros, portanto a competição
está na natureza...

Mas, por outro lado, será que não aprendemos a cooperar também? Quando alguém
precisa de ajuda, não é comum que outras pessoas venham socorrê-lo? Os pássaros, por
exemplo, que voam em “formação”, fazem assim porque diminui o arrasto aerodinâmico, de
forma que fica mais fácil para todos voarem.

Embora exista tanto competição quanto cooperação na natureza, nós, seres humanos,
não vivemos de forma natural. Você conhece algum animal que escova os dentes? Que veste
roupa? Isso porque a humanidade aprendeu a transformar a natureza, e assim transformou a
si mesmo. Não precisamos mais competir por alimentos, ao menos não no sentido que fazem
os animais selvagens. Hoje cultivamos e produzimos nosso próprio alimento, e isso é feito de
forma cooperativa, pois para que o alimento chegue a sua mesa é preciso que muitas pessoas
trabalhem, desde o agricultor que planta, ao caminhoneiro que transporta, ao supermercado
que comercializa.

Assim como na vida social, podemos ter competição e cooperação na atividade física.
Pensando em criar uma sociedade mais fraterna, menos excludente e competitiva, surgiu a
ideia dos jogos cooperativos. Neles, o objetivo não é a vitória de uma só pessoa ou equipe,
mas a vitória de todos, afinal, por que ter apenas um vencedor para muitos perdedores?

32 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Para Orlick (1989, p. 04, apud BROTTO,
1997, p.65), “apesar de Jogos Cooperativos
existirem em muitas culturas há séculos, em
nossa cultura ocidental existem poucos jogos
que são desenhados de forma a unir os joga-
dores em direção a uma meta comum e dese-
jável a todos.”.

Disponível em https://goo.gl/wvX4KE

Mas, afinal, o que é competir e o que é


Pensando nisso, surgiram os jogos co- cooperar? Brotto (1999, p.35) nos responde
operativos como forma de jogo na qual o assim:
objetivo não é vencer um adversário, mas
aprender a cooperar com os demais. Cooperação é um processo onde os ob-
jetivos são comuns e as ações são benéfi-
Em todos os jogos e esportes existem cas para todos.
situações de cooperação e competição. Em
um jogo de futebol, por exemplo, é preciso Competição é um processo onde os
cooperar com os colegas de equipe para se objetivos são mutuamente exclusivos e as
chegar à meta, que é fazer o gol, e ao mes- ações são benéficas somente para alguns.
mo tempo impedir que a equipe adversária
Na competição há sempre alguém que
faça um gol. Caso não exista essa coopera-
ganha e alguém que perde. É comum nos
ção, o time todo perde rendimento, e o resul-
jogos e esportes que poucos ganhem para
tado muitas vezes é a derrota.
muitos perderem. Estamos tão acostuma-
Assim, é possível assumir atitudes com- dos com isso que achamos “normal”, porém
petitivas e cooperativas em qualquer jogo. não é. O importante é como aprendemos a
O que os jogos cooperativos fazem é tentar jogar e a compreender o jogo em um pro-
despertar a consciência dos participantes cesso cultural. Se aprendemos a competir,
da importância de cooperar, de como fazer podemos também aprender a cooperar.
isso, e de que unidos os resultados tendem
a ser melhor para todos.

Até aqui, o que lhe parece mais inte-


ressante? Competir ou cooperar? Con-
verse com seus colegas e verifique se
eles compartilham da mesma opinião.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 33


Você já sabe dizer o que é competir e cooperar? Observe o quadro a seguir:

SITUAÇÃO COOPERATIVA SITUAÇÃO COMPETITIVA

Percebem que o atingimento de seus objetivos é


Percebem que o atingimento de seus objetivos é, em
incompatível com a obtenção dos objetivos dos
parte, consequência da ação dos outros membros.
demais.

São mais sensíveis às solicitações dos outros. São menos sensíveis às solicitações dos outros.

Ajudam-se mutuamente com frequência. Ajudam-se mutuamente com menor frequência.

Há maior homogeneidade na quantidade de Há menor homogeneidade na quantidade de


contribuições e participações. contribuições e participações.

A produtividade em termos qualitativos é maior. A produtividade em termos qualitativos é menor.

A especialização de atividades é maior. A especialização de atividades é menor.

Fig. 1 - Situação Cooperativa e Situação Competitiva (Modificado por Brotto, 1997)

Existem jogos cooperativos em muitas culturas desde a antiguidade, mas foi na década
de 1950 que esses jogos começaram a ganhar visibilidade, graças aos pesquisadores Ted
Lentz e Ruth Cornelius que publicaram o livro “Para Todos: Manual de novos Jogos Coope-
rativos”. Depois, outro pesquisador, chamado Terry Orlick, publicou em 1978 o livro chama-
do “Vencendo a competição”. Já no Brasil, um dos principais responsáveis por trazer essa
discussão foi Fábio Obtuzi Brotto, que criou, entre outros, junto com sua esposa, o “Projeto
Cooperação - comunidade de serviços” (SANTOS, 2005).

Os trabalhos desses pesquisadores ficaram conhecidos mundialmente, e hoje são em-


pregados para diversos fins, como dinâmicas em grupos de associações, de religiões, de
empresas, e também de escolas, principalmente nas aulas de Educação Física. O que todos
têm em comum é o desejo de construir um mundo melhor, e sabem que para isso é preciso
aprender a reconhecer o outro, saber trabalhar em conjunto, o que pode parecer bonito, mas
na prática exige bastante comunicação, empatia (se colocar no lugar do outro), negociação,
aceitação, entre outros fatores.

Buscando então a conscientização de diferentes formas de se portar e jogar, os jogos co-


operativos buscam romper com algumas atitudes e características dos jogos comuns.

34 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Observe o quadro a seguir:

JOGOS COOPERATIVOS JOGOS COMPETITIVOS

São divertidos apenas para alguns. São divertidos apenas para todos.

Alguns jogadores têm o sentimento de derrota. Todos os jogadores têm um sentimento de vitória.

Alguns jogadores são excluídos por Todos se envolvem independente de sua


sua falta de habilidade. habilidade.

Aprendem a ser desconfiado, egoístas ou a se


Aprende-se a compartilhar e confiar.
sentirem melindrados com os outros.

Divisão por categorias: meninos x meninas,


Há uma mistura de grupos que brincam juntos
criando barreiras entre as pessoas e justificando
criando alto nível de aceitação mútua.
as diferenças como uma forma de exclusão.

Os jogadores estão envolvidos nos jogos por um


Os perdedores ficam de fora do jogo e
período maiortendo mais tempo para desenvolver
simplesmente se tornam observadores.
suas capacidades.

Os jogadores não se solidarizam e


Aprendem a se solidarizar com os sentimentos dos
ficam felizes quando alguma coisa de “ruim”
outros e desejam também o seu sucesso.
acontece aos outros.

Os jogadores aprendem a ter um senso de


Os jogadores são desunidos.
unidade.

Os jogadores perdem a confiança em si mesmos Desenvolvem a autoconfiança porque todos são


quando são rejeitados ou quando perdem. bem aceitos.

Pouca tolerância à derrota desenvolve


A habilidade de perseverar face às dificuldades é
em alguns jogadores um sentimento de
fortalecida.
desistência face as dificuldades.

Todos encontram um caminho para crescer e


Poucos se tornam bem-sucedidos.
desenvolver-se.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 35


Agora que já conhecemos os jogos cooperativos, que tal experimentá-los um pouco? Para
isso, podemos realizar diferentes atividades, tais como:

» Futpar: Trata-se de um jogo de futebol comum, porém os jogadores devem formar


pares. Cada jogador da dupla deve segurar em uma ponta do mesmo pedaço de papel
higiênico ou outro papel pouco resistente. Caso esse papel se rompa, é marcada falta
para o time adversário. O objetivo é aprender a jogar com o outro e não decidir apenas
sozinho as ações.

» Caneta no Buraco: Para essa atividade são necessários pedaços de babarbante de


aproximadamente 1,5m para cada participante. Uma ponta desse barbante deve estar
amarrada a uma caneta. Todos os barbantes devem estar amarrados na mesma cane-
ta. Os participantes devem segurar a outra ponta do barbante formando um círculo. No
chão devem ser dispostos diferentes objetos com diferentes tamanhos de circunferên-
cia, como um copo, uma garrafa pet, uma caixa de papelão com um pequeno buraco
em cima. O objetivo é fazer a caneta passar pelo orifício. Os participantes não podem
andar, apenas puxar ou afrouxar seu barbante.

» Nó humano: Forma-se um círculo no qual todos os participantes estão de mãos dadas.


Cada participante deve memorizar quem está à sua esquerda e quem está à sua direita.
Todos soltam as mãos e andam livremente pelo espaço, de forma a se embaralharem.
A um comando previamente combinado com um participante, todos param no local em
que estão, tentam dar as mãos para as mesmas pessoas utilizando as mesmas mãos
do início, ou seja, observando a da direita e a da esquerda. Porém, não podem desviar
de outras pessoas que estejam à frente, e só devem andar em linha reta para dar as
mãos. Assim, logo todos estarão “trançados”. O objetivo agora é voltar à posição inicial
sem soltar as mãos, como se estivessem desembaraçando um nó.

AVALIE SEU APRENDIZADO

1. Defina competir e cooperar.

36 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


2. Explique o que são jogos cooperativos.

3. Competir é natural ou aprendemos?

4. Onde nasceram os jogos cooperativos? Quais pesquisadores os tornaram conhecidos


nas décadas de 1950 e 1970?

5. Cite cinco diferenças entre situações competitivas e cooperativas.

6. Cite cinco diferenças entre os jogos cooperativos e competitivos.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 37


ANOTAÇÕES

38 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Capítulo 2
Ginástica

PARA COMEÇO OS JOGOS OLÍMPICOS E


O ATLETISMO: ATLETA OU
DE CONVER

E
SA GUERREIRO?
mbora muitos povos já fizessem
atividade física com o objetivo de
Ao ouvir a palavra ginástica talvez você fortalecer o corpo e se preparar para a guer-
pense nos exercícios físicos realiza- ra, é na Grécia antiga que encontramos os
dos nas academias de ginástica ou no
registros dessa atividade de forma mais sis-
treinamento físico executado no meio
tematizada. Isso ocorre porque essa foi uma
militar. Pode ser ainda que você lem-
bre dos atletas que fazem acrobacias e
das primeiras civilizações que deixaram
movimentos bonitos e difíceis nas olim- bem registrados seus acontecimentos, seja
píadas. Todas essas representações com obras escritas, seja através da arte, e
são formas de uma cultura corporal que também porque em sua cultura havia uma
chamamos genericamente de ginástica. preocupação muito grande com o corpo e a
Mas por que tem esse nome? De quem
estética.
foi a ideia de exercitar o corpo para atin-
gir determinados objetivos? Quais as Ainda que a Grécia fosse um país, era
diferenças entre fazer ginástica e espor-
composta por diversas cidades-estado, que
te? É sobre ginástica que vamos conhe-
eram bastante independentes, embora com-
cer um pouco mais nesse capítulo.
partilhassem da mesma cultura e religião.

Essas cidades frequentemente estavam


» Exercício: converse com seus co- em guerra entre si ou contra invasores de
legas e anote quais os tipos de outros países, de forma que a preocupação
ginástica que vocês conhecem. de se formar bons soldados para a guerra
Quais delas vocês já praticaram? era constante. Além disso, acreditavam na
Quais gostariam de praticar? eugenia, ou seja, melhora da “raça”. Acredi-
Quais os objetivos delas? Guarde tavam, por exemplo, que pais fortes teriam
essas respostas, pois voltaremos filhos fortes.
a elas no final do capítulo.
A Grécia, de forma geral, se preocupava
bastante com a formação de seus cidadãos.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 39


ma mais civilizada de disputa, nascendo
Atenção! Ser cidadão para os gregos é dife- as olimpíadas. Quando havia olimpíada, as
rente do que consideramos ser cidadão na guerras eram paralisadas. As provas que
atualidade. Para os Gregos só podia ser cida- compunham as olimpíadas demonstravam a
dão, em algumas cidades-estado, quem nas- preparação dos participantes para a guerra.
ceu naquela cidade-estado. Trabalhadores,
Se uma cidade estado se saísse muito bem
escravos, estrangeiros nunca se tornariam
nas olimpíadas, as outras evitariam entrar
cidadãos.
em guerra com ela, pois tinha soldados mais
bem preparados.
Em Esparta, uma cidade marcada pela
Algumas provas, do que depois vie-
qualidade de seus guerreiros, as crianças
mos a chamar de atletismo, têm relação
eram tiradas das famílias aos 7 anos de
direta com as habilidades exigidas para a
idade e educadas pelo estado. Essa educa-
guerra. O lançamento de dardo, por exem-
ção era bastante rígida, pois envolvia, en-
plo, é semelhante ao lançamento de lança
tre outras coisas, deixar a criança sozinha
na guerra.
na selva. Se sobrevivesse era digna de ser
educada. Esse treinamento incluía as artes, Entre as provas, existia o pentatlo, que
a filosofia e também o treinamento corporal. era composto de corrida, salto, lançamento
de disco, lançamento de dardo e luta. Exis-
Já em Atenas, que buscava uma cultu-
tiam provas de corrida, lutas, salto a distân-
ra mais civilizada, a educação era particu-
cia, entre outros.
lar, e só tinha acesso quem pudesse pagar
por ela. Também se baseava na filosofia, na
arte e na educação física. Buscavam formar
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Para saber mais, acesse:
o homem completo, ou seja, que dominasse
bem todas as áreas, da sensibilidade artísti-
ca à competência guerreira.

Cuidar do corpo era considerado ser


educado. Uma pessoa que não cuidasse https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/217

de seu físico era literalmente considerada https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/218

mal educada. Prezavam inclusive pela


estética, representada pela máxima “o belo
Entre a guerra e a diversão: a ginástica
é idêntico ao bom”.
e as lutas
Assim, desenvolveram técnicas de trei-
A preocupação com o corpo diminuiu na
namento corporal realizadas nos ginásios.
história após a Grécia antiga. Um dos moti-
Daí nasce o nome de ginástica, a atividade
vos está ligado ao cristianismo, que consi-
desenvolvida no ginásio.
derava o corpo o lugar do pecado, daí por
Passados períodos de muita guerra, os que cobri-lo, como fazem os padres e as
gregos começaram a desenvolver uma for- freiras até hoje.

40 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Embora existissem exercícios físicos, es- tica, que começou a procurar maneiras de
tes eram usados na preparação para a guer- treinar o corpo para torná-lo mais resistente.
ra. Até mesmo as olimpíadas deixaram de
Os países europeus também viviam en-
acontecer. O treinamento do corpo só voltou
voltos em guerras, e preparar a população
a ganhar destaque no século XIX na Europa,
forte para defender o país era uma preocu-
onde surgiram o que ficou conhecido como
pação constante.
métodos ginásticos europeus.
Dentre os métodos ginásticos criados,
Isso é decorrência do Iluminismo, movi-
quatro se destacaram: o alemão, o francês, o
mento cultural em que a crença mística ex-
sueco e o inglês. (DODÔ & REIS, 2014).
plicava tudo pela vontade dos deuses, para
o favorecimento do uso da razão. Esses métodos tinham por preocupação
formar pessoas mais produtivas. O gasto
Você pode consultar seu professor de de energia corporal para atividades que não
história, de artes, de língua portugue- fossem produtivas começou a ser malvisto.
sa, entre outros, para saber mais sobre Existiam práticas populares, apresentações
o Iluminismo, pois esse movimento afe- circenses, entre outras atividades, que tra-
tou todas essas áreas e ainda outras. ziam riscos à saúde e passaram a ser mal-
vistas, sobretudo pelo estado, que utilizou
então os métodos ginásticos para educar
Na Idade Média, se uma nação saísse
moral e corporalmente as pessoas.
vencedora de uma guerra, acreditava-se
que isso ocorria pela vontade divina, e não Nos meios urbanos, são diferentes ma-
necessariamente pela superioridade bélica nifestações lúdicas de caráter popular rea-
e corporal. Com o Iluminismo isso começou lizadas com base nas atividades circenses
a ser questionado, e passou-se a procurar que se impõem [...]. Suas apresentações
maneiras de treinar o corpo para deixá-lo aproveitavam dias de festas, feiras, man-
mais forte e preparado para as guerras. tendo uma tradição de representar e de
apresentar-se nos lugares onde houvesse
Além disso, havia epidemias que esta-
concentração de pessoas do povo. Artistas,
vam matando muitas pessoas, e a preocu-
estrangeiros, errantes. Situados no limite da
pação com a saúde começava a aumentar.
marginalidade fascinavam as pessoas finca-
Com o uso da razão, percebeu-se que cer-
das em vidas metrificadas e fixas. Eram ao
tos hábitos ou atitudes poderiam favorecer
mesmo tempo elementos de barbárie e de
a transmissão e o acometimento de doen-
civilização nos lugares por onde passavam
ças. O movimento para educar as pessoas
(SOARES, 2002, p. 24, 25).
de forma a se tornarem mais sadias e fortes
ficou conhecido como higienismo. Esse mo- A prática circense chegou a ser proibi-
vimento influenciou diversas áreas e mudou da e os artistas malvistos, vivendo muitas
alguns hábitos, da arquitetura, com a am- vezes à margem da sociedade da época, o
pliação do tamanho das janelas para melhor que ajuda a entender, entre outros motivos,
ventilar os ambientes, por exemplo, à ginás- a sua vida nômade.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 41


Vamos conhecer um pouco esses mé- ele buscava justificar e fundamentar sob
todos? princípios científicos conhecidos na época.

» Método alemão: » Método Francês:


Tem como principais autores Johann Esse método foi desenvolvido a par-
Bernard Basedow (1723-1790), Johann tir do alemão, tendo como principais auto-
Christoph Friedrich Guts-Muths (1759- res Dom Francisco de Amoros e Ondeaño
1839), Adolph Spiess (1810-18540 e Friedri- (1770-1848), George Demeny (1850-1917)
ch Ludwig Jahn (1778-1852). e o Método Natural pensado por Hébert
(1875-1957). Os autores buscaram tornar o
Esse método tomou características na-
método mais científico e mais completo, di-
cionalistas e militares, além de ser incorpo-
vidindo-o em ginástica civil, médica e militar.
rado nas escolas nas quais Guth-Muths de-
Havia exercícios voltados às mulheres, que
fendia que sua presença no currículo era tão
até então estavam excluídas.
importante quanto as demais disciplinas.
O método (Francês) para alcançar os
Os exercícios tinham objetivos que trans-
seus objetivos preconiza sete formas de
cendiam a forma física. “O turnen¹ também
trabalho: jogos, flexionamentos, exercícios
tinha um exercício moral: alcançar autocon-
educativos, exercícios mímicos, aplicações,
fiança, autodisciplina, independência, leal-
desportos individuais e coletivos” (RAMOS,
dade, e obediência. Essas eram as metas a
1982, p. 222). Marinho (S/D) descreve a
serem atingidas por meio de atividades com-
abordagem de exercícios de marcha, corri-
pletas e informais” (PUBLIO, 2005, p. 17).
da, salto, lançamentos, lutas, esgrima, uti-
O método desenvolvido por Guths- lização de pesos e halteres, ginástica de
-Muths envolvia exercícios em fundamentos aparelhos, remo, ciclismo, natação e salva-
de força (saltos, corridas, luta), de agilidade mento e desportos coletivos.(DODÔ & REIS,
(natação, lançamentos, escalada, balanços, 2014, s/p.).
equilíbrio) e de harmonia (dança, marcha,
Esse método foi empregado no Brasil
ginástica), e buscava uma formação com-
no início do século XX, sendo um dos pre-
pleta, física e moral.
cursores da Educação Física brasileira.
Baseado em Rosseau, Guts-Mu-
» Método Sueco:
ths acreditava que a vida urbana e afastada
da natureza levava a um enfraquecimento Essa ginástica tinha um objetivo mais
do homem. “Assim como Rousseau (2009, voltado à saúde e a educar a população con-
p. 7), afirma que “tudo está bem quando sai tra os vícios. Um de seus principais autores
das mãos do autor das coisas, tudo degene- é Pehr Henrick Ling (1776–1839). Acredita-
ra entre as mãos dos homens”. Guts-Muths va que sua prática auxiliava na saúde de to-
(1928, p. 29‐30) “. (QUITZAU, 2015, p.113). dos, dividindo-a em quatro tipos:
Por isso que seu método se baseava nos Ginástica Pedagógica ou Educativa –
exercícios executados ao ar livre, os quais para todas as pessoas, tinha como objetivo

42 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


assegurar a saúde, evitar a instalação de do- Ginástica moderna e Geral: esporte
enças, vícios e defeitos posturais e desen- para todos?
volver normalmente o indivíduo; Ginástica
Militar – com as mesmas características da Você provavelmente conhece as ginásti-
pedagógica, acrescentando os exercícios de cas esportivas, aquelas que são praticadas
preparação para a guerra; Ginástica Médica nas olimpíadas. Elas são fruto dos métodos
e Ortopédica – também baseada na peda- ginásticos que conhecemos antes, principal-
gógica, objetivava eliminar vícios e defeitos mente do método desenvolvido por Friedrich
posturais, sendo específica para cada caso; Ludwig Jahn. Você sabe quais são os tipos
Ginástica Estética – mais uma vez apoiada de ginástica esportiva? Vamos conhecê-las:
na pedagógica buscou o desenvolvimento » Ginástica artística ou olímpica: É
harmonioso do organismo, utilizando-se da composta por diversos exercícios,
dança e de movimentos suaves para propor- sendo diferente para homens e mu-
cionar beleza e graça ao corpo (MARINHO, lheres. Para os homens, as provas
S/D).(DODÔ & REIS, 2014, s/p.). são: barra fixa, barras paralelas, ca-
Os autores desse método estudaram valo com alças, salto sobre a mesa,
os métodos francês e alemão e os conside- argolas e solo. Já para as mulheres
raram pobre, criando a calistenia, que era há exercícios de solo (com fundo
uma sequência de exercícios com fins corre- musical), salto sobre a mesa (1,25m
tivos, fisiológicos e pedagógicos. Inseriram de altura), paralelas assimétricas (de
também a música de forma a dar harmonia, 2,50m e 1,70m de altura), e trave de
incentivando o movimento e evitando a mo- equilíbrio (de 10cm de largura e 5 me-
notonia. tros de comprimento).

» Método Inglês:
O método inglês é baseado nos esportes.
A Inglaterra estava relativamente protegida
dos outros países, já que estava separada
por um oceano e possuía uma marinha po-
derosa. Assim, sua atividade física não era
exatamente um método organizado, mas
consistia na prática de esportes dotados de
princípios morais, como o fair play.

Pesquise o signifcado de “Fair play”. Não bas-


ta traduzir a palavra, é preciso pesquisar so-
bre o que ela significa…
Por Olímpico español - Trabalho próprio pelo carregador, GFDL
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=4531645

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 43


» Ginástica Rítmica: Também conhe- » Trampolim individual: conhecido popular-
cida como GRD (Ginástica Rítmica mente como “cama elástica”, é a modalida-
Desportiva), é uma modalidade mais de presente nas olimpíadas;
moderna, tendo nascido no sécu- » Trampolim sincronizado: dois atletas exe-
lo XX, e nas olimpíadas é praticada cutam os mesmos movimentos simultanea-
apenas por mulheres. Os movimentos mente;
envolvem graça e beleza, são feitos
» Duplo minitrampolim: nessa modalidade
com música e utilizam cinco apare-
usa-se um trampolim menor. O atleta deve
lhos: corda, bola, massa, arco e fita.
correr para pegar impulso e então saltar
Nas olimpíadas são utilizados apenas
usando o trampolim.
quatro aparelhos, que mudam a cada
olimpíada. » Tumbling: o atleta corre sobre uma pista
de 25 metros, com largura compreendida
entre os 185 e 200cm, terminando numa
área de recepção com medidas entre 300x
600x30cm. Dentro da área de recepção,
existe uma zona ótima com 200x300cm.
Existe ainda uma zona de corrida com um
comprimento máximo de onze metros.

» Ginástica acrobática: assim como o


By Zé Carlos Barretta from São Paulo, Brasil
(stk_001304) [CC BY 2.0 (http://creativecom-
By Bauken77 (Own work) [CC BY-SA 3.0
(http://creativecommons.org/licenses/by- trampolim, suas origens se aproximam
mons.org/licenses/by/2.0)], via Wikimedia -sa/3.0)], via Wikimedia Commons
Commons
dos movimentos feitos em atividades
» Trampolim acrobático: Essa moda- circenses. Destaca-se por movimen-
lidade é mais nova. Embora existam tos difíceis e bonitos, exigindo muita
registros antigos de uso de aparatos força, agilidade, equilíbrio, flexibilida-
para impulsionar e saltar, somente em de e agilidade. É realizada em dupla
1936 o professor americano George ou em grupo, em um tablado de 12x12
Nissen o transformou em um esporte, metros, exigindo bastante cooperação
que se tornou olímpico apenas no ano entre os atletas.
2000, nas olimpíadas de Sydney. No » Ginástica aeróbica: essa ginástica
Brasil, chegou em 1975, trazido pelo se assemelha àquela praticada nas
professor José Martins de Oliveira. academias de ginástica. Utiliza-se de
Essa modalidade consiste em utilizar um step (espécie de degrau de madeira),
trampolim para impulsionar o atleta, que faz jump (minitrampolins) e outras formas.
diversos movimentos no ar. Ele é avaliado São movimentos realizados ao ritmo
pelo grau de dificuldade e qualidade técnica de uma música, de forma que é uma
dos movimentos. Existem quatro modalida- mistura entre ginástica e dança. Origi-
des dentro do trampolim acrobático, também nalmente praticada com fins de exer-
conhecido como ginástica de trampolim: cício e saúde, tornou-se um esporte
que conta com campeonatos mun-

44 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


diais. Nesses campeonatos se ava- praticada por todos, independente de suas
lia a força, flexibilidade, bem como a capacidades físicas e idades. Essa ginástica
apresentação artística e a realização ficou conhecida como ginástica geral ou gi-
de técnicas obrigatórias. nástica para todos, como veremos a seguir.
Essa ginástica recebe esse nome graças
às orientações do médico Dr. Keneth Coo-
per, cujos estudos defendia que exercícios GINÁSTICA GERAL
realizados com intensidade média e longa
A Federação Internacional de Ginástica
duração trazem benefícios para a saúde e
(FIG) é uma das mais antigas e tradicionais
auxiliam no emagrecimento.
federações de ginástica existentes. Em seu
início, preocupava-se mais em promover gi-
Você sabe se o nível da atividade física está nástica de uma forma geral, não dando tanta
adequado para seu objetivo? Como saber se ênfase para as competições. Contudo, com
o exercício físico possui um nível de exigên- o tempo, as competições começaram a as-
cia adequado? Responderemos isso mais à sumir a maior parte das atividades da FIG.
frente quando estudaremos a diferença entre Assim, ex-atletas e dirigentes começaram a
exercícios aeróbicos e anaeróbicos. pressionar a FIG para que ela voltasse a se
preocupar com a ginástica não competitiva,
Todas essas formas de ginástica se as- e seu então presidente, Nicolas Cupérus,
semelham porque se tornaram um esporte idealizou um evento para unir praticantes
(isso significa que possuem regras fixas, de forma não competitiva. Nicolas acabou
busca pelo rendimento, competição, entre não vendo seu sonhos concretizados, po-
outros elementos, conforme estudamos no rém em 1953 aconteceu a primeira edição
capítulo 1, lembra?). Por conta disso, para da Gymnaestrada, termo no qual gymna
se tornar um atleta profissional é preciso significa”ginástica” e estrada significa “cami-
dedicar-se a horas de treino diário, desde nho”, formando então “caminhos da ginásti-
a infância, em um processo exaustivo e ex- ca”. Trata-se de um evento que reúne prati-
cludente, pois nem todos atingem os níveis cantes do mundo todo, nos quais são feitas
necessários para as competições de mais apresentações em grupo, envolvendo temas
alto nível, além de que lesões pelo esforço nacionais e misturando as diferentes formas
são comuns e podem levar à exclusão do de ginástica. Esse evento acontece a cada
esporte. Normalmente os atletas atingem quatro anos.
o máximo de rendimento com idades bas-
Desde a década de 50 a FIG organiza
tante novas, de forma que com o progresso
seu próprio festival, a Gymnaestrada Mun-
da idade deixarão de competir ainda muito
dial (GM), que visa fomentar a prática da Gi-
cedo. Pensando nessa exclusão causada
nástica Para Todos (GPT) e, indiretamente,
pelo esporte de alto rendimento, ou seja,
contribuir de modo singular para a promo-
aquele que exige dedicação profissional dos
ção da saúde, do bem-estar físico, social,
atletas, ex-atletas e técnicos criaram uma
intelectual e psicológico, a partir de seus
nova forma de ginástica que pudesse ser

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 45


quatro fundamentos (ou “4Fs”), a saber: aparelhos manuais (bolas, fitas, ar-
“Fun- Fitness-Fundamentals- Friendship” cos etc.), Ginástica com aparelhos
(Diversão- Fitness - Fundamentos - Amiza- não convencionais (caixas, galões de
de). (FIG; 2009 apud PATRÍCIO, BORTOLE- água, bambus, dentre outros), Tum-
TO e CARBINATTO, 2016, p.199). bling, Trampolim, Rodas, Acrobacias;
» Jogos: Pequenos Jogos, Jogos de
Condicionamento Físico, Jogos So-
ciais, Jogos Esportivos, Jogos de Re-
ação. (OLIVEIRA E LOURDES, 2004,
s/p).

Esse evento demarca um tipo de ginásti-


ca que busca ser uma alternativa à ginástica
competitiva, incentivando a prática por todas
as pessoas como uma forma de promover a
saúde e a qualidade de vida, além de divul-
gar a cultura da ginaśtica. Assim, sua prática No Brasil ainda não há uma cultura gi-
está mais voltada à satisfação e à beleza do nástica muito desenvolvida, embora existam
que o rendimento em si. Para isso as equi- centros de treinamento e apesar de termos
pes usam de diversos recursos. representantes no Gymnaestrada. Agora
que você já conheceu as modalidade de
GG, de acordo com o General Gymnas-
ginaśtica, que tal praticar um pouco? Você
tics Manual (FIG, 1993) compreende as se-
sabe os benefícios que a ginástica pode tra-
guintes atividades:
zer? É sobre isso que vamos estudar na pró-
» Ginástica e Dança: Dança teatro, xima seção.
Dança Moderna, Dança Aeróbica; Bal-
let, Folclore, Ginástica Jazz, Ginástica
Rítmica, Ginástica de Solo, Ginástica Ginástica e saúde: higienização e pro-
Aeróbica, Rock’n Roll, Condiciona- gresso
mento Físico;
Vimos anteriormente que a ginaśtica,
» Exercício com aparelhos: Ginástica desde a antiguidade, se preocupa com o de-
com aparelhos de grande porte (ca- senvolvimento corporal dos praticantes, tan-
valo, paralelas etc.), Ginástica com to para formar soldados resistentes ou um

46 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


povo mais sadio e produtivo, quanto para a Essa preocupação existe ainda na reali-
estética, de forma a deixar o corpo mais “bo- dade atual, contudo pautada com outros co-
nito”, de acordo com os modelos construí- nhecimentos e adequada à nossa realidade.
dos em cada época.
Alguns dos principais estudos sobre a
A ginástica hoje em dia assume outros relação entre atividade física e saúde foram
formatos. Há um aumento no número de realizados nos Estados Unidos da América
academias de ginaśtica, bem como é co- (EUA). Isso aconteceu, entre outros motivos,
mum encontrar pessoas nas ruas e parques pelo elevado número de pessoas obesas, al-
caminhando, correndo e/ou realizando ou- tos índices de doenças e de mortalidade em
tras formas de atividade física. Mas qual função do estilo de vida pouco ativo, e pelos
dessas práticas é a “melhor”? Por que uns gastos cada vez maiores que essa realidade
correm enquanto outros só andam? Fazer demanda.
exercícios com peso serve apenas para “ga-
Essa preocupação ganhou o mundo, de
nhar músculos”? Por que tanta gente busca
forma que a Organização Mundial da Saú-
realizar essas atividades?
de (OMS), braço da Organização Mundial
Um dos motivos que influenciou o au- das Nações Unidas (ONU), elaborou reco-
mento no número de praticantes de ativida- mendações que devem ser seguidas pelos
des físicas foram pesquisas científicas de- países signatários, de forma a promover a
monstrando os benefícios que a atividade qualidade de vida e saúde, que perpassam
física proporciona frente aos males causa- o incentivo e condições para a prática de ati-
dos pelo sedentarismo. vidade física.

Sedentarismo é a falta de atividade física.

A preocupação com a saúde e a forma-


ção corporal das pessoas devido à falta de
atividade física não é novidade. Rousseau,
no século XVIII, acreditava que a vida não
natural trazia males às pessoas, indicando
inclusive que a educação das crianças de-
veria acontecer o mais próximo possível da
natureza. Já os autores dos métodos ginás- Disponível em https://goo.gl/4QZasB

ticos europeus também viam na vida moder- Partem da constatação do baixo nível
na, que estava se direcionando para a vida de atividade física com a baixa qualidade
nas cidades e, com isso, mudando hábitos, na alimentação de muitas pessoas na vida
um problema para o desenvolvimento corpo- moderna, tendo como exemplo os “fast food”
ral e moral das pessoas, daí a necessidade (fast quer dizer rápido, food quer dizer comi-
de métodos de exercícios físicos para preve- da, portanto “comida rápida” ou “lanche rápi-
nir e corrigir tais males. do”). Uma alimentação cada vez mais cheia

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 47


de calorias e gorduras e menos nutrientes, nome porque o organismo consegue que-
associada a níveis cada vez menores de brar a molécula de energia de forma com-
esforço físico, propiciado pelas facilidades pleta, usando para isso oxigênio.
do mundo moderno, como automóveis, ele-
vadores, escadas rolantes, colaboram com Você sabia? Um automóvel realiza uma com-
o aumento do nível de gordura, colesterol, bustão (fogo) dentro do motor para andar,
entre outras substâncias, trazendo diversos não? Você sabia que também fazemos isso
riscos à saúde. dentro das células? Por isso precisamos de
oxigênio (sem oxigênio não há queima), e por
Muitas campanhas são realizadas por
isso nosso corpo aquece quando produzimos
governos e pela mídia, de forma que a po-
mais energia (como na atividade física). Como
pulação está cada vez mais ciente da neces-
resultado, liberamos CO2 (gás carbônico), o
sidade da prática de atividade física regular
mesmo gás do escapamento dos carros.
e de uma alimentação adequada.

Durante a atividade física aeróbica o or-


ganismo usa mais energia que vem da gor-
dura, de forma que por muito tempo se acre-
ditou que a atividade aeróbica é melhor para
quem procura emagrecimento. Contudo,
hoje, sabe-se que não é bem assim. Embora
a atividade aeróbica consuma mais gordura
durante a atividade física, exercícios anaeró-
bicos podem queimar mais gordura durante
o período de recuperação (descanso), pois
tendem a ser mais intensos.

Atividade física anaeróbica: são ativi-


dades físicas de curta duração e maior in-
Disponível em https://goo.gl/yPPohB tensidade, como exercícios com peso (mus-
Embora qualquer atividade física seja culação), corridas de velocidade, ginástica
melhor que nenhuma, existem diferentes ti- funcional, entre outros. Esse tipo de exercí-
pos de atividade física que podem atender a cio se divide em dois tipos: atividade física
diferentes objetivos. anaeróbia lática e alática.

Atividade física aeróbica: são ativida- Na atividade física lática, o organismo


des de maior duração e menor intensidade, não consegue quebrar totalmente uma mo-
como pedalar, nadar, caminhar. Essas ati- lécula de energia, e o que sobra dela torna-
vidades devem ser realizadas com, no mí- -se um ácido, chamado de ácido lático. É o
nimo, meia hora de duração, dependendo acúmulo desse ácido no músculo que gera
da intensidade, mas frequentemente duram aquela sensação de queimação durante a
uma hora ou mais por sessão. Ela tem esse atividade física. Embora seja um ácido, não

48 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


é nocivo ao organismo, e o desconforto gerado por ele serve de alerta para saber que esta-
mos chegando próximos à capacidade de nosso organismo. Assim que encerramos a ativi-
dade física, ele é rapidamente absorvido ou eliminado pelo organismo, cessando a sensação
de desconforto.

Na atividade física anaeróbia alática, o organismo utiliza a energia pronta para disponi-
bilizá-la nos músculos. Essa é uma primeira forma de energia necessária para reação rápida,
mas dura apenas alguns segundos. É a energia para “dar a arrancada” quando se precisa
responder rápido.

Cada tipo de atividade física vai utilizar uma ou outra forma de produção de energia.
Para fins de saúde, é recomendável que se realize tanto atividades físicas aeróbicas como
anaeróbicas.

Hoje sabe-se que a prática constante de atividade física fortalece o coração (que é um
músculo), pois ele precisa se esforçar para bombear mais sangue e, assim, se fortalece, bem
como diminuiu os níveis de gordura e colesterol no organismo, prevenindo problemas circu-
latórios, como derrames, infarto, entre outros.

Contudo, toda atividade física comporta


certos riscos, principalmente se já possui algu- AMPLIANDO O CONHECIMENTO
ma condição física de risco. Por isso, sempre
consulte um médico antes de iniciar a prática Você sabia? A falta de
de uma atividade física, bem como utilize rou- atividade física causa um
pas adequadas, que devem permitir a transpi- custo de mais de US$ 67
ração e ser confortáveis. bilhões por ano. Para sa-
ber mais, acesse:

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/219

Agora que você já sabe da importância


da atividade física para a saúde, como verificar se você se encontra dentro dos níveis
recomendados?

Uma forma fácil de avaliar sua composição corporal (relação entre peso e altura) é usando
o IMC (Índice de Massa Corporal). Para isso, basta dividir seu peso por sua altura ao quadra-
do. Por exemplo, se você pesa 84kg e mede 1,70m de altura, seu IMC ficaria assim:

1,70 x1,70 = 2,89


84/2,89 = 30kg/m2

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 49


Agora compare seu resultado com a tabela:

IMC CLASSIFICAÇÃO

18,5 e <25 kg/m² Normal

25 e <29,9 kg/m² Sobrepeso

30 e <34,9 kg/m² Obesidade Grau I

35 e <39,9 kg/m² Obesidade Grau II

IMC > 40 kg/m² Obesidade Grau III

Fonte: Organização Mundial da Saúde (1998)

AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Caso seu resultado seja acima de 25, Para calcular sua re-
significa que você pode estar um pouco aci- lação cintura/quadril e
ma do peso, e isso pode acarretar alguns verificar se ela está ade-
problemas de saúde. Ainda não está em quada, acesse:
uma situação mais grave, mas já é um si- https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/220

nal de alerta. Valores acima de 30 estão as-


sociados a diferentes problemas de saúde, O cálculo de percentual de gordura permi-
como o desenvolvimento de diabetes, pro- te verificar quanto do seu peso é composto
blemas cardíacos e articulares, entre outros. de gordura. Embora a gordura seja popu-
larmente malvista, ela é extremamente im-
Veja esse simulador para verificar seu IMC e portante para o organismo e nossa saúde,
os riscos associados ao sobrepeso. desempenhando diversas funções, como
isolamento térmico, depósito de energia,
proteção, entre outras. Os riscos à saúde
Embora essa seja uma forma prática de se
estão associados ao excesso ou à falta de
avaliar a composição corporal, seu resultado
gordura, que pode acontecer com atletas,
não é muito confiável. Isso porque a fórmula
pessoas com distúrbios de alimentação ou
não é capaz de diferenciar o peso de gor-
hormonais, entre outros. Existem diversas
dura de peso de músculos ou ossos. Assim,
formas de realizar essa verificação, contudo
uma pessoa com mais massa muscular ou
exigem equipamentos como a bioimpedân-
estrutura óssea mais pesada pode apare-
cia e o compasso de dobras cutâneas, bem
cer no cálculo com sobrepeso, quando isso
como técnicas de manuseio, que exigem um
não é verdade. Dessa forma, o IMC pode
profissional qualificado, como um professor
ser usado como uma ferramenta de alerta,
de educação física, nutricionista, endocrino-
mas existem outras maneiras de se avaliar a
logista, entre outros.
composição corporal, como o índice cintura/
quadril e o percentual de gordura.

50 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


A atividade física colabora para saúde não apenas por ajudar a controlar a composição
corporal (peso), mas por desenvolver valências necessárias para a realização de atividades
do dia a dia, como força, flexibilidade, resistência física. A falta de atividade física pode fazer
com que simples tarefas do dia a dia, como subir escadas, levantar e transportar objetos, e
até mesmo vestir uma roupa ou amarrar os calçados, se tornem tarefas penosas. Isso porque
nosso organismo desenvolve aquilo que é exigido e subdesenvolve o que não é usado. É uma
estratégia criada pela natureza e pela evolução, que permite que o organismo se mantenha
funcionando e, portanto, consumindo energia daquilo que precisa. Assim, a prática regular de
atividade física mantém nossa capacidade de realizar ações corporais, enquanto que a falta
de atividade física leva à diminuição das capacidades físicas e da qualidade de vida.

Importante perceber que, tão danoso quanto a falta de atividade física, é o excesso dela.
Atividade física é qualquer atividade músculo-esquelética que demande mais energia que no
repouso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998). Assim, trabalhar, andar
de ônibus, subir escadas, entre outras atividades, também são práticas físicas. O excesso
de atividade física pode provocar lesões nas articulações, sobrecarregar órgãos e, em caso
extremo, levar mesmo à morte.

Além dos benefícios físicos, é AMPLIANDO O CONHECIMENTO


importante se considerar o gosto O professor e pesquisador Francisco
pela prática, pois o bem-estar, a sa- Alvez, da Universidade Federal de São
tisfação são tão importantes quanto Carlos, desenvolveu um estudo sobre
às valências físicas. Então por que por que morrem os cortadores de cana.
não procurar uma atividade física Nesse estudo, ele chega à conclusão
que lhe dê prazer e ainda contri- que o excesso de atividade física, aliado
bua com sua saúde? às condições ambientais e de trabalho,
levou cortadores de cana a óbito. Você
pode acessá-lo aqui:
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/221

AVALIE SEU APRENDIZADO

1. Onde nasceu a ginástica? Por que tem esse nome?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 51


2. Por que os gregos faziam ginástica?

3. Qual a relação entre a ginaśtica e as guerras na Grécia Antiga?

4. Qual a relação entre o atletismo e a preparação de soldados?

5. O que são métodos ginásticos?

6. O que buscavam os autores dos métodos ginásticos?

52 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


7. Quais são as modalidades de ginástica competitiva que existem hoje?

8. Quais das ginásticas esportivas são olímpicas?

9. O que é ginástica geral ou ginástica para todos?

10. O que é gym na estrada?

11. Qual a diferença da ginaśtica geral para as outras formas de ginástica?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 53


12. Por que a preocupação com a atividade física hoje em dia está em evidência?

13. O que é IMC? Como se calcula?

14. Porque o IMC não é confiável?

15. Além de auxiliar no controle do peso corporal, por que é importante realizar atividades
físicas?

54 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Capítulo 3
As danças de salão:
origem e significado

3 AS DANÇAS DE SALÃO: ORIGEM E SIGNIFICADO


As danças estão presentes em muitas culturas e muitos
lugares ao longo de toda a história. São realizadas pelos mais
diferentes motivos, como rituais religiosos para agradecer a co-
lheita, rituais fúnebres, ritos de passagem, assim como a valsa
que se dança em festa de debutante ou em casamentos, forma
de interação social, como os bailes. É também uma forma de
preservar e valorizar a cultura de um povo, como acontece na
dança folclórica; é esporte, como a dança de salão; uma forma
de contestação social, como o brake, entre outras possibilidades.

A dança é uma forma de se expressar através do movimento


corporal. Com ela pode-se expressar sentimentos, reflexões, encantar ou chocar o público,
sendo por isso também bastante relacionada à ideia de expressão corporal. Se usamos a fala
ou a escrita para nos comunicar, o mesmo acontece com o corpo. Um exemplo simples disso
é o gesto “ok”.

Muito conhecido e usado no mundo, sua origem é controversa. Uma da teorias diz que
na guerra civil americana anotava-se “0 killed”, ou seja, ninguém morreu, quando não havia
baixas na batalha. Fazer “ok” então pode significar “ninguém morreu”.

Assim como um simples gesto pode indicar que está tudo bem, na dança os movimentos,
o ritmo, trazem uma série de significados.

Dançar pode trazer diversos benefícios: pode-se desenvolver a criatividade, conhecer


e desenvolver o corpo, entrar em contato com novos sentimentos e sensações, conhecer
novas culturas, se relacionar com as pessoas de novas formas, fruir sua expressão artística,
entre outros.

E você, dança? Que tipos de dança você dança? Anote todas a danças que compõem

Por que será que as pessoas decidiram movimentar seus a dança de salão que você conhece.

corpos seguindo determinados ritmos e por que isso con- Será que você conhece todas as mo-

tagia tanta gente? Quais os significados das danças de dalidades? Mais à frente vamos reto-

salão? Será que eram praticadas por grupos específicos mar essa anotação para ver quantas

ou por todos? Eram populares ou da alta classe? você acertou.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 55


Existem diversos estilos de dança que A valsa
compõem a dança de salão, e esses estilos
vão sendo alterados e adaptados com o pas- A valsa é um dos estilos mais conheci-
sar do tempo e conforme a região onde são dos de danças de salão. Isto porque ela se
praticados, embora exista um padrão mun- tornou no ocidente sinônimo de eventos im-
dial no qual se baseiam as escolas e os cam- portantes, como casamentos e formaturas.
peonatos. Seu estilo clássico, com um bailado simples
e harmonioso, adquiriu tom romântico, sen-
A origem da dança de salão é frequente- do associado ao refinamento e à nobreza.
mente relatada como europeia do século XIX, Dançada em pares formados por casais que
embora possa ter começado a se desenvol- giram ao redor do salão e ao redor do próprio
ver por volta do século XIV. Neste período a eixo, ao ritmo de um som ternário, ou seja,
sociedade era organizada no sistema feudal, dividido em compassos de três tempos, sen-
sendo dividida em classes bem definidas. do o primeiro mais forte, de forma que fica
fácil reconhecer seu ritmo para a dança.

Para saber mais sobre o feudalismo consulte o


livro e/ou seu professor de história. AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Aqui você pode ver alguns
vídeos de uma valsa:

Era comum a classe dominante querer


se diferenciar da classe popular, de forma
que a diferença não era apenas na posição
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/288
ocupada na sociedade, mas também cultu- https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/289

ral. Dessa forma, as danças realizadas pe-


las classes populares eram diferentes das
A origem da valsa não é claramente co-
danças da classe dominante. Contudo, com
nhecida, embora seja frequentemente citada
o tempo, essas diferenças foram sumindo, e
como austríaca, da cidade de Viena, mas re-
hoje a dança é uma mescla das danças re-
monta ao renascimento na França, Alemanha,
alizadas antigamente, das mais tradicionais,
Áustria e Itália, onde existiam danças folclóri-
como a valsa, até danças mais modernas e
cas baseadas no giro e no compasso ternário.
populares, como o forró.
Na valsa o cavalheiro e a dama ficam
As danças de salão reúnem então dife-
de frente um para o outro, com uma pe-
rentes estilos de dança realizados em pa-
quena distância, o que não era bem-visto
res. Entre a danças mais praticadas estão
pela realeza na Idade Média, de forma que
a valsa, o soltinho, samba de gafieira, forró,
essa dança era inicialmente camponesa, e
tango, rumba, bolero, salsa, merengue, lam-
não era permitida nos salões da corte, sen-
bada, zouk, entre outras. Vamos conhecer
do proibida na França pelo Rei Louis XIII
algumas?
(1610–1613). (SILVERIO, 2012,s/p.).

56 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


No Brasil a valsa chegou junto com a E você, já dançou valsa? Lembra de al-
família real portuguesa, e se tornou popular guma música nesse estilo? Que tal ouvir al-
no final do século XIX até a década de 1940 gumas músicas, assistir a algumas danças,
do século XX, quando perde espaço para a e por que não dançar um pouco? Veja aqui
bossa nova. algumas músicas para ouvir:

É encontrada nos repertórios de Villa


Lobos, Carlos Gomes, Chiquinha Gonzaga, AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Lorenzo Fernandez, Zequinha de Abreu, Er-
nesto Nazaré e muitos outros. Na década de
30, com o rádio, a valsa ganha mais visibili-
dade ainda nas vozes de Augusto Calheiros, https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/290

Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas


https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/291
e Carlos Galhardo, este último sendo consi-
derado o Rei das Valsas no país. Nos anos
70 e 80 do século XX, podemos destacar O Soltinho
dois clássicos das nossas valsas: “Luiza” de
Tom Jobim e “Beatriz” de Chico Buarque. O soltinho é uma forma abrasileirada de
dançar estilos musicais como o rock. Você
Hoje existem diferentes estilos de valsa provavelmente conhece algumas músicas
dos mais lentos aos mais agitados, como a de rock dos anos 1960, 1970, e se lembra
Valsa Vienesa, a pioneira, dança-se a um da forma de vestir e dançar aliada a esses
ritmo bastante rápido; Valsa Moderna ou estilos de dança. No Brasil, essas danças fo-
Inglesa, uma derivação da Valsa Vienesa, ram adaptadas em um estilo único, surgido
dança-se a um ritmo mais lento; Valsa Inter- inicialmente no Rio de Janeiro e posterior-
nacional Standard, o par mantém sempre a mente espalhado para o resto do país. Essa
“posição fechada”, normalmente é apenas dança se baseia em casais que dançam
dançada em competições internacionais; um de frente para o outro, realizando diver-
Valsa Estilo Americano, incorpora vários sos giros e acrobacias, ao ritmo de músicas
movimentos onde o par deixa praticamente animadas como rock e swing. É uma dança
de ter contato um com o outro; Valsa Pe- adequada para se dançar em festas e ocasi-
ruana, muito semelhante à Valsa Moderna, ões animadas, além de ser fácil de aprender.
difere na música, que é fortemente influen- Veja alguns passos desta dança:
ciada por sons latinos e espanhóis; Valsa
Venezuelana, os venezuelanos incluíram
novos passos e a sua própria música à val-
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
sa clássica; Valsa “Cross Step”, tal como o
próprio nome indica, esta valsa inclui um
passo especial, que é cruzado. (PASSO
BASE, 2017, sp.). https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/292

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/293

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 57


Samba de Gafieira ou ingleses que estavam no Brasil por conta
da construção de ferrovias (os ingleses), ou
O samba é um ritmo brasileiro com for- por conta da segunda guerra mundial (ame-
te influência africana. Marcado por uma ricanos), e que costumavam fazer festas fe-
percussão única, faz parte da cultura e da chadas. Porém, algumas vezes essas festas
identidade nacional. Na dança, o samba de eram abertas “a todos”, que em inglês se es-
gafieira é o nome dado a um estilo de dan- creve “for all”, e ao ser repetido o termo, com
ça surgido no Rio de Janeiro em meados do a pronúncia do português, fica algo parecido
século XX, criado por influência de negros com forró…
baianos que vieram para o Rio de Janeiro.
Independente da origem, essa dança,
Lá, o samba de gafieira era inicialmente que também é um gênero musical, tem ori-
malvisto pela classe dominante, entre outros gem no nordeste, de onde se espalhou pelo
motivos, por ser praticada nos cabarés e nas país, sendo portanto um ritmo e uma dança
classes populares, além de envolver bastan- nacionais, com influências africanas e euro-
te sexualidade, principalmente no bailado peias.
das dançarinas. Hoje é considerada uma
dança elegante e técnica, na qual o cava- O forró vem de festas populares, nas
lheiro dança com passos miúdos e braços quais havia uma mistura de gêneros musi-
abertos, de maneira a exibir a dançarina ao cais como xaxado, quadrilha e baião, bem
salão, mas protegendo-a de outros dança- como a influência portuguesa e holandesa
rinos, enquanto a dançarina realiza giros e do xote.
passos com bastante rebolado. Essa dança Hoje existem diversas variações de for-
ressalta a malandragem positiva e o ginga- ró, como o forró pé de serra, forró universitá-
do do povo brasileiro.Veja alguns passos de rio, forró eletrônico.
samba de gafieira:

AMPLIANDO O CONHECIMENTO
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Vamos ver alguns destes tipos de for-
ró? Acesse os vídeos a seguir:

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/294

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/295

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/296

Forró
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/297

Existem diversas versões sobre a ori-


gem do forró. Alguns creditam seu nome a
uma abreviatura do termo “forrobodó”, de
origem africana, que se relaciona com farra,
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/298
confusão. Outros creditam a americanos e/

58 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Percebeu a diferença entre os estilos? Qual se dança mais rápido? Qual possui mais giros
e acrobacias? Qual tem ritmo mais lento e se dança mais próximo?

A cultura é resultado da ação da humanidade, de forma que está sempre em movimento.


Assim, os esportes, as lutas e as danças passam por transformações ao longo de sua história,
de acordo com o local onde estão inseridos. O forró originado no nordeste no início do século
XX provavelmente não é o mesmo que se dançava em São Paulo na década de 90 do século
XX, embora o forró dançado em São Paulo tenha se originado no forró do nordeste.

Se as transformações na cultura são inevitáveis, é fundamental que seja feita uma refle-
xão sobre de que forma essa mudança acontece, pois ela nem sempre é favorável. Que tal
escutar músicas de forró de Gonzaguinha, uma das principais referências do forró nordestino,
e depois comparar com uma música de forró
eletrônico, como as músicas de Wesley Safa-
dão? Será que falam das mesmas coisas? Na
sua opinião, qual delas é melhor? Por quê?
AMPLIANDO O CONHECIM ENTO
Assista a este vídeo para
Agora que já conhecemos um pouco do aprender o passo básico:
forró, podemos aprender a dançá-lo. O forró
costuma ser dançado no estilo “dois dois”, ou
seja, dois passos para um lado, e dois passos
para outro. Uma dica para acertar o ritmo é https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/299

contar “um dois três, um dois três”, onde cada https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/300

número corresponde ao toque do pé chão.

Bolero

O bolero é conhecido por ser um ritmo romântico. Dançado em casais, com ritmo caden-
ciado e charmoso. Sua origem remonta à Europa, principalmente a Espanha, mas foi em
Cuba que se desenvolveu e ficou conhecido na forma que se pratica hoje. Na Espanha vinha
de uma dança religiosa que envolvia um homem e duas mulheres, onde era conhecida como
“Bolero de Algodre”, sendo por isso uma dança sóbria e elegante.

O termo bolero tem vários significados, desde uma peça de vestuário feminino à ideia de
“voar”, por conta do bailado suave.

O bolero teria se desenvolvido em Cuba e países da américa central, entre outros motivos,
por conta do bloqueio econômico ocorrido na primeira guerra mundial, de forma que esses
países não teriam recebido a influência de ritmos americanos, desenvolvendo dessa forma
seus próprios ritmos. Além disso, os governos militares das décadas de 1950 incentivaram os
bailes como forma de manter a população distraída (ZAMONER, CHRISTIANIS, 2011).

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 59


O bolero foi se desenvolvendo ao longo do
tempo, adotando novos passos e variações rítmi- AMPLIANDO O CONHECIMENTO
cas, sendo hoje uma dança com características
Que tal experimentá-la
latino-americanas, bastante bonita e romântica.
um pouco? Veja os pas-
Existem ainda outros estilos de dança de sa- sos básicos:
lão que podemos conhecer e praticar. Contudo,
agora, você já conhece alguns dos principais.
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/301

Se as danças de salão são marcadas pela sua


relação com os bailes e as relações sociais, exis-
tem outras formas de dança que atendem também a outros objetivos, como o de manter viva
a tradição de uma certa cultura ou país, como acontece com as danças folclóricas. Você sabia
que existe uma dança folclórica própria do Paraná? Você sabe qual é? É ela que vamos es-
tudar na próxima seção.

Que tal retomar as anotações feitas no início desta sessão? Quantas você acertou?

FANDANGO E A CULTURA DO PARANÁ


Danças folclóricas são as danças que são realizadas de acordo com as tradições culturais
de um país. Em um país tão vasto como o Brasil encontramos diferentes danças folclóricas,
que variam de acordo com a região em que es-
tão inseridas e ao longo do tempo. Você já dan-
çou uma quadrilha, por exemplo? Será que essa AMPLIANDO O CONHECIM ENTO
dança é realizada da mesma maneira em todo o
Que tal pesquisar vídeos e sites que apre-
país?
sentem as formas de dançar quadrilha no
As danças folclóricas normalmente se relacio- país? Aqui você pode ver algumas:
nam a acontecimentos importantes, como casa-
mentos, comemoração de colheita, entre outros.
Você sabia que temos uma dessas danças aqui
no Paraná? Sabe como se chama? Quais os ins- KWWSVUHGLUHFWPDHVWULDHGXFDFLRQDOFRPEUHMD

trumentos que acompanham a música? Como se KWWSVUHGLUHFWPDHVWULDHGXFDFLRQDOFRPEUHMD

dança? E em qual região do estado é praticada?

Essa dança utiliza-se de tamancos de ma-


deira, que são batidos no chão para acompanhar KWWSVUHGLUHFWPDHVWULDHGXFDFLRQDOFRPEUHMD

o som de duas violas, uma rabeca e um pandeiro KWWSVUHGLUHFWPDHVWULDHGXFDFLRQDOFRPEUHMD

acústico, chamado adufo. Os cavalheiros batem

60 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


o tamanco enquanto as damas realizam vol- Existem 27 marcas que são os ritmos
teios. Essa dança tem origem na Espanha de dança, podem ser bailados ou batidos
e Portugal, chegando no Brasil no ano de (quando se acompanha a dança com o ba-
1750. Aqui foi desenvolvida e hoje é pratica- tido dos tamancos). Algumas delas, dança-
da na região litorânea do Paraná, presente das em nosso litoral, são: Anu, Queromana,
também em outros estados, como São Pau- Tonta, Andorinha, Cana Verde, Marinheiro,
Chamarita de oito, Charazinho, Serrana,
lo e Rio Grande do Sul.
Chara e Feliz. (PARANÁ, 2010).
Se você respondeu anteriormente que o
nome desta dança é fandango, acertou!

O fandango é descendente do flamenco, AMPLIANDO O CONHECIMENTO


dança Espanhola que é acompanhada ao Veja um pouco de fandango aqui:
som de castanholas. Aqui no Paraná é prati-
cado na região de Morretes, Guaraqueçaba
e Paranaguá, entre outras cidades.

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/306

ENTRE A TÉCNICA E A https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/307

EXPRESSÃO NA DANÇA
Você provavelmente já viu alguém que disse que “não sabe dançar”. Essa pessoa prova-
velmente estava se referindo ao fato de não saber dançar um estilo pré-determinado, como a
dança de salão que vimos anteriormente. Mas será que é preciso saber dançar um estilo de
dança específico para se dançar? Por que temos de seguir passos pré-determinados? Não
seria mais interessante, quem sabe até divertido, que cada um criasse seus próprios movi-
mentos?

Para que seja uma dança é preciso apenas que tenha ritmo e que os movimentos, de
alguma forma, se relacionem a ele e aos sentimentos que se quer expressar através do mo-
vimento.

Dançar pode ser uma expressão única de cada pessoa. Criar seu próprio movimento tem
diversas vantagens, entre elas: desenvolver a criatividade, ou seja, a capacidade de inventar
e elaborar novas formas de agir e se expressar; conhecer melhor o próprio corpo, explorando
as potencialidades e os limites dos movimentos; criar uma forma de expressão mais legítima,
já que os movimentos expressam aquilo que você está sentindo; desenvolver coordenação
motora, equilíbrio, noção espacial, que podem ajudar no desenvolvimento de outras ativida-
des, além da própria dança.

Pensando nisso, foi criada a dança criativa. Ela visa fugir de padrões pré-definidos, e é
dançada por crianças e adultos, como forma de educar e desenvolver os indivíduos.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 61


“Na aulas de dança criativa privilegia-se interagir com os objetos, e os movimentos
temas básicos de movimento e suas varia- de equilíbrio, como parar em uma perna só.
ções, ao invés de uma série de exercícios
Os filósofos Adorno e Horkheimer (1985)
estandartizados (MIRANDA, 1979). “(CAM-
perceberam que existe na atualidade algo
PEIZ E VOLP, 2004, p.169).
que podemos chamar de indústria cultural.
Na dança criativa pode-se usar temas Seria uma indústria dedicada não a produzir
e objetos como inspiração para a criação das bens materiais, como móveis, carros, mas
sequências de dança. Nela não existe “dan- sim bens da cultura, como música e arte. Po-
çar errado”, mas sim o desenvolvimento dos rém, ela faz mais que isso, fabrica também
limites e da criatividade de cada um. Como os consumidores, que somos nós, formando
arte, é natural que os praticantes busquem a nosso gosto e direcionando nossas intenções
perfeição na realização da dança, contudo, de consumo. É fácil perceber como isso acon-
essa perfeição não se dá em comparação tece na realidade. Você já ouviu uma música
ao passo “certo”, mas sim em comparação tantas vezes na rádio que começou a gostar
ao movimento idealizado, projetado. Como dela? E algum programa televisivo que você
toda arte, são necessários dedicação, trei- começou assistir porque muita gente assistia
no, ensaio, inspiração. Portanto, a dança ou porque via muitos comerciais sobre isso?
criativa não é apenas realizar qualquer mo- Você conhece algum artista que não apareça
vimento de forma aleatória, mas sim, de cer- na rádio ou na televisão?
ta forma, criar a própria dança.
A indústria cultural cria produtos simples
e de baixa qualidade, propositadamente,
pois assim fica mais fácil para os trabalhado-
AMPLIANDO O CONHECIMENTO res assimilarem esses produtos sem grande
Veja aqui alguns exemplos
esforço, o que garante atingir um número
de dança criativa:
enorme de pessoas. Por que será que pouca
gente conhece e gosta de música clássica?
Será que a música é ruim ou são as pessoas
que não a conhecem para poder apreciá-la?
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/308

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/309 O mesmo acontece com as danças. Ve-


mos muitas repetidas frequentemente na
Para desenvolver seus movimentos você mídia, tal qual programas de auditório que
deve levar em consideração o plano em que promovem concursos de dança com pesso-
eles ocorrem, o qual pode ser alto, médio ou as famosas. Só de ver essas danças come-
baixo, as dimensões do espaço, ou seja, al- çamos a pensar que essa é a forma correta
tura, largura e profundidade, a velocidade, e de dançar, o que é reforçado pela opinião
os diferentes tipos de movimentos, como os dos jurados que criticam quaisquer desvios
movimentos de deslocamento, aqueles que do modelo esperado.
servem para se locomover pelo espaço, os Esse tipo de dança limita as pessoas e
movimentos de manipulação, que permitem tende a torná-las todas iguais, fazendo os

62 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


mesmos movimentos, gostando das mesmas coisas, agindo da mesma maneira, de forma
que se aproximam de máquinas e robôs, que agem sempre do mesmo jeito.

Porém somos seres humanos, e a nossa diversidade confere a nossa diferenciação dos
objetos, pois cada ser humano é único, com desejos, sentimentos, pensamentos diferentes.
Então, por que agirmos da mesma forma?

Para Adorno e Horkheimer (1985) para fugirmos dessa padronização é preciso fugir do
rigor da técnica, o que na dança pode ser feito com a criação de movimentos e danças, e não
com a simples reprodução de movimentos pré-concebidos.

Se não existem regras para dançar, então por que não dançar?

UNIÃO E CELEBRAÇÃO: A DANÇA


Já vimos que existiam danças tradicionais que eram dançadas em bailes, com diferenças
entre danças populares e da classe dominante; conhecemos também a dança como expressão
de cultura, como fandango paranaense; vimos possibilidades da dança como forma de se ex-
pressar de maneira única e criativa, porém ainda existem muitas outras possibilidades de dan-
ça. É por isso que ela é uma forma de expressão cultural e corporal na história da humanidade.

As danças também são usadas como forma de união e celebração. Diversas comunidades
ao longo da história e no mundo usam as danças como momento de união e celebração de
acontecimentos importantes. Em comum, muitas dessas danças são realizadas em grupo,
muitas vezes em círculo.

O círculo tem diversos significados especiais, entre eles a possibilidade de que todos es-
tejam em pé de igualdade, se vendo e interagindo uns com os outros. Ao contrário das filas,
onde há um “primeiro colocado” e um “último colocado”, no círculo, a menos que se escolha
uma pessoa de referência, não há primeiros ou últimos.

Pensando nisso tudo, um pesqui-


sador e coreógrafo alemão/polonês
Bernhard Wosien, em 1976 “[...] visitou
a Comunidade de Findhorn, no norte
da Escócia e pôde ensinar, pela pri-
meira vez, uma coletânea de Danças
Folclóricas para os residentes.” (DAN-
ÇA CIRCULAR, s/d). Sistematizou
diversas danças que são realizadas
com esse sentido, as quais ficaram
conhecidas como danças circulares.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 63


Essas danças possuem um caráter mís- bém danças que são dançadas em linha, em
tico, religioso, sendo consideradas uma for- semicírculo ou outra disposição, conforme a
ma de meditação dançante. tradição de origem.

Embora tenham essa relação forte com As danças circulares se destacam também
a religiosidade e o místico, as danças cir- pela relação entre as pessoas. Nas danças “de
culares não são práticas de uma religião palco”, há o espectador e o artista que sen-
específica, estão mais ligadas à ideia de tem, se expressam e vivenciam o espetáculo
religiosidade do que de seguimento a uma de dança de formas diferentes. Já na dança
determinada religião. Embora se dance em circular, todos dançam e se expressam juntos,
conjunto, a reflexão e os sentimentos são permitindo uma relação mais intensa com a
individuais, podendo ser praticadas por pes- dança por parte de todos os participantes.
soas de diferentes credos. Dessa forma, as
Nessa dança não existe a necessidade
danças circulares são conhecidas também
de “saber dançar”, todos aprendem e apren-
como danças sagradas.
dem juntos, bem como não há distinção de
Essas danças privilegiam a interação co- idade, sexo, ou qualquer outra. Pessoas com
letiva, onde todos se unem em pró de uma necessidades especiais, como cadeirantes,
mesma ação, construindo assim uma forma podem dançar sem problemas. Como essas
profunda de relacionamento e de entrosamen- danças privilegiam o espírito coletivo, um pra-
to. Por isso, essas danças também são conhe- ticante novato é acolhido pelos demais, que
cidas pela intenção de união das pessoas. o ajudarão até ele aprender os passos das
diversas danças.
Wosniem estudava danças folclóricas e
tradicionais, de forma que as danças circu- Esse espírito coletivo está presente até
lares se aproximam do folclore, porém não é mesmo na forma de se dar as mãos. A pal-
dança folclórica porque não representa uma ma direita é sempre virada para frente e a
nação ou grupo. Trata-se da união de diversas esquerda sempre virada para trás, simbo-
danças populares praticadas no mundo todo, lizando o ato de dar e receber. Dançar em
como forma de manter o acervo cultural cons- conjunto é um processo de troca onde todos
truído pela humanidade, honrando as diferen- dão e todos recebem.
tes origens e tradições. Assim, encontram-se
No centro da roda há objetos que servem
danças antigas e modernas, indígenas, latino
para manter a atenção da dança. Normal-
americanas, europeias, entre outras,
mente são objetos muito bonitos e prepara-
algumas mais introspectivas, outras mais dos com muito carinho, tendo eles relação
animadas. A dança circular é um verdadeiro com o tema da música que se está dançan-
culto às dan-ças tradicionais de todos os do. Esse objetos podem ser um cesto de
povos. frutas, flores, um candelabro com uma vela,
entre outros. Ter um centro como referência
Embora seu criador tenha um repertório
auxilia os dançantes a ter uma noção quanto
bastante grande dessas danças, hoje ainda a
ao deslocamento do círculo, permitindo a me-
dança circular continua se desenvolvendo, in-
lhor desenvoltura da dança.
corporando novas formas de expressão e de
coreografias. Apesar do nome, existem tam-
64 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL
Existe uma pessoa responsável por orga-
nizar a dança e manter o foco dela, chamado AMPLIANDO O CONHECIMENTO
de focalizador. Essas pessoas normalmente
Aqui você pode conhecer um pouco
iniciam fazendo cursos e depois continuam se
mais sobre as danças circulares:
formando, participando de cursos e encontros,
bem como construindo seu próprio repertório.

A dança circular chegou no Brasil na dé-


cada de 1980 e se espalhou por todo o país, https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/310

reunindo hoje um incontável número de prati- https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/311

cantes em todas as regiões.

AVALIE SEU APRENDIZADO

1. Onde e quando surgiram as danças de salão?

2. Cite três danças de salão e suas origens.

3. Quais características as danças de salão possuem em comum?

4. As danças de salão são iguais no mundo todo? Por quê?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 65


5. Que dança folclórica paranaense se dança na região litorânea?

6. Como se caracteriza essa dança?

7. Quais as vantagens da dança criativa?

8. Que tipos de movimentos pode-se usar na dança criativa?

9. O que são danças circulares?

10. Por que as danças circulares são chamadas de danças sagradas?

11. Por que se usa a palma da mão direita virada para frente e a palma da mão esquerda
virada para trás nas danças circulares?

66 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Capítulo 4
As Lutas

AS LUTAS
Quando falamos em lutas nos vêm à mente ideias como violência, briga, disputa, lesões,
ganhar e perder. Então, em um primeiro momento, podemos pensar que as lutas são algo
inadequado, já que nasceram como forma de machucar alguém. De fato as lutas nascem
de conflitos nos quais diferentes grupos tentam manter o poder sobre outro grupo, inclusive
através da violência física. Contudo, muitas dessas lutas foram evoluindo com o tempo e ad-
quirindo outros significados. Algumas tiraram os movimentos lesivos para se tornarem defen-
sivas, de forma a servir como proteção e não para machucar o oponente. Outras adquiriram
viés artístico, cujos movimentos se aproximam das danças, das ginásticas, e até mesmo de
práticas circenses.

Dessa forma, é preciso compreender quando e onde elas nascem, por que nesses lugares
e nesses tempos, de forma a compreender seus significados e sentidos. Além disso, essas
lutas vão mudando ao longo do tempo, mas será que mudam para melhor ou para pior? Por
que motivos mudam e a quais interesses atendem essas mudanças?

Uma das lutas mais conhecidas hoje em dia é o Judô. Tente responder rapidamente: de
onde ele vem? Quais são as características dessa luta? É um esporte? Por quê? Você consi-
dera essa luta agressiva?

Na sequência, estudaremos um pouco essa luta e você poderá verificar se suas respostas
estavam certas.

O Judô

O Judô foi criado por um educador e professor de Educação


Física chamado Jigoro Kano. Ele tinha estatura pequena e, por
isso, era frequentemente vítima de violência de seus colegas,
de forma que decidiu treinar Jiu-Jitsu para se defender. Con-
tudo, com o tempo, achou que o Jiu-Jitsu praticado na época
era muito violento, e o modificou de forma a ficar mais pacífico.
Jigoro Kano acreditava no potencial dessa luta para educar as
pessoas para uma sociedade mais pacífica. Isso aconteceu no
início do século XX, no Japão. Não foi por acaso que essa e
outras lutas foram desenvolvidas e se tornaram conhecidas no
Disponível em https://goo.gl/a1BtcH
Japão e no mundo.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 67


O Japão é formado por um conjunto de de forma que quando um samurai era de-
ilhas, com o território bastante acidentado, sonrado, para recuperar o respeito tirava a
com montanhas e regiões alagadas, além própria vida, em um ritual conhecido como
de passar por temperaturas extremas no in- “seppuku”. Isso nos ajuda a entender os
verno em algumas regiões. Por isso as con- kamikazes, que durante a II guerra mundial
dições de sobrevivência, do cultivo de ali- sacrificavam sua vida na batalha, pois pre-
mentos e a moradia sempre foram bastante feriam morrer de forma honrada que viver
difíceis. Além disso, o Japão frequentemente na vergonha da derrota, algo provavelmente
era atacado por outros países, já que possui herdado dos samurais.
uma posição estratégica para a navegação.
Assim, o Japão viveu boa parte de sua histó-
Os samurais, os guerreiros japoneses, eram
ria imerso em conflitos e guerras, seja entre
grandes apreciadores da flor de cerejeira. Des-
feudos e clãs diferentes em seu interior, seja
de aqueles tempos, passou a estar associada à
contra outras nações.
efemeridade da existência humana e ao lema dos

A partir do século XII surge uma clas- samurais: viver o presente sem medo. Assim, a

se social de guerreiros, conhecidos como flor de cerejeira está também associada ao códi-

samurais, que perduraram até o início do go do samurai, o Bushido.

século XX. Samurai significa “aquele que


serve”. Eles eram instruídos, desde peque-
nos, a se tornarem guerreiros e defender
seu povo. Eram uma classe social intermedi-
ária, pois tinham posição social superior aos
camponeses e inferior aos senhores feudais.
Dedicavam sua vida a servir seu senhor e ao
imperador do Japão. Para isso, realizavam
treinamentos árduos e eram extremamente
disciplinados. Como a sua missão de vida
era proteger, dariam-na por esse ideal.

Como eram treinados para a guerra, sa- A cerejeira fica pouco tempo florida, por
biam que era bem provável que tivessem isso suas flores representam a fragilidade
uma vida curta, criando uma ética e uma for- da vida, cuja maior lição é aproveitar inten-
ma de viver baseada no valor da vida, e não samente cada momento, pois o tempo passa
em sua duração, que ficou conhecido mais rápido e a vida é curta. (COSTA, 2016).
tarde como “bushido”, ou seja, o código de No final do século XIX e início do século
conduta samurai. Seguir esse código garan- XX o Japão estava passando por uma mo-
tia ao samurai ser respeitado pelos demais, dernização, na qual procurava deixar de ser
ou seja, ter uma vida honrada. Nada pode uma nação imersa na violência e construir
ser pior a um samurai que ser desonrado, uma vida mais pacífica, contexto em que
pois isso poderia tirar o sentido de sua vida, os samurais foram proibidos de agir como

68 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


O filme “O último samurai” retrata essa passagem Você sabia?
do Japão na qual os samurais foram proibidos
Caratê-do = Caminho das mãos vazias;
como guerreiros. No filme é possível perceber um
pouco da cultura e estilo de vida dos samurais. Kendo = caminho da espada;

Consulte seu professor de sociologia para saber Aikido = Caminho da unificação da energia da
mais sobre o processo civilizador. vida ou “o caminho do espírito harmonioso”;

guerreiros. Esse processo de abolir práticas Várias são as lutas hoje chamadas de artes
violentas aconteceu de diversas formas em marciais que seguiram esse ideal. Normal-
outras nações, com o objetivo de tornar a so- mente elas são acompanhadas do “do” em
ciedade mais civilizada, o que Norbert Elias, seu nome, como Aikido, Caratê-do, Kendo,
um dos principais sociólogos da história, no- entre outras.
meou de processo civilizador. (ELIAS, 1994).
O próprio Jiu-Jitsu, do qual se originou o
O povo japonês estava preocupado que Judô, hoje é praticado nesse sentido. “Jiu”
a cultura desenvolvida durante séculos se do “jiu-jitsu” e o “ju” do “judô”” têm o mes-
perdesse, e ao mesmo tempo possuía vasto mo significado em japonês, e a diferença na
conhecimento gerado pela tradição marcial, escrita em português se dá mais pela forma
ou seja, de guerras. Para que esses conhe- que se convencionou a escrever. Ambos
cimentos não se perdessem, começaram a significam “suave”. O “jutsu” do “jiu-jutsu”
adaptar as práticas, inclusive as lutas, no significa “arte, técnica”. Então o “jiu-jitsu” é
sentido de que não servissem mais para a “arte suave”, enquanto o “judô” é o “cami-
formar guerreiros, até porque as armas de nho suave”.
fogo estavam em ascensão e a forma de se
fazer guerra estava mudando radicalmente. Essas lutas têm em comum o fato de não
Assim, as artes marciais perderam certa re- se usar golpes de percussão, aqueles movi-
levância para a guerra, sendo transforma- mentos que visam atingir o oponente como
das em práticas educativas, que auxiliam na chutes e socos, mas sim utilizar alavancas
educação e no desenvolvimento das pes- e projeções, ou seja, imobilizar ou afastar
soas. De certa forma os japoneses fizeram o oponente. Inicialmente, ambas usavam
com as lutas o que os europeus fizeram com alavancas e projeções, porém com o tempo
a ginástica: usaram a atividade física para as técnicas foram se modificando, de forma
educar e desenvolver o povo e o país. Essa que hoje o jiu-jitsu se caracteriza mais pela
mudança nas lutas com o objetivo de educar imobilização e o judô pela projeção, embora
para a paz ficou conhecido como “budô”. existam técnicas compartilhadas por ambas.

O termo “bu” significa militar, e “do” ca- Jigoro Kano, criador do judô, era também
minho. As artes marciais seriam então um ministro da educação de seu país, e busca-
caminho para o autodesenvolvimento, em va com o Judô auxiliar na educação de seu
um sentido próximo às crenças budistas. povo. Por isso não priorizava a competição

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 69


e nem a divisão por peso e sexo, pois acre- os valores morais de sua arte, já que as pes-
ditava que o objetivo é aprender a conviver e soas poderiam praticá-la buscando ser cam-
a respeitar uns aos outros. Com esse objeti- peãs, e não para se desenvolver e respeitar
vo criou o “kodokan”, no qual o “ko” significa o próximo. De fato o judô só se tornou olím-
“palestra, estudo, método”, “do” - “caminho” pico após a sua morte, graças à mobilização
e “kan” - “instituto”, criando assim “o lugar realizada por seus discípulos, que temiam
para estudar o caminho”. Por isso o judô é que essa luta deixasse de ser praticada, e
conhecido também como Judô Kodokan. Vi- que, tornando-se olímpica, poderia ser co-
sava com esse esporte formar as pessoas nhecida e praticada no mundo inteiro, o que
moral e fisicamente. de fato aconteceu, sendo uma das artes
marciais mais praticadas no mundo.
Sob o ponto de vista moral cunhou al-
guns princípios que norteiam a prática: O judô hoje é conhecido como a arte do
fraco contra o forte, ou do pequeno contra
» Cortesia, para ser educado no trato
o grande, já que nele não é a força física
com os outros;
que garante a vitória, mas sim o uso da téc-
» Coragem, para enfrentar as dificulda- nica. Jigoro Kano estava preocupado em
des com bravura; dar maior cientificidade a sua arte, e estu-
» Honestidade, para ser verdadeiro em dou alavancas de forma que fosse possível
seus pensamentos e ações; a uma pessoa mais fraca usar o movimento
do oponente a seu favor. Nesse sentido, po-
» Honra, para fazer o que é certo e se
demos dizer que o judô é uma luta de “não
manter de acordo com seus princípios;
oposição”. Se o adversário o empurra, você
» Modéstia, para não agir e pensar de o puxa; se ele o puxa, você o empurra. As-
maneira egoísta; sim as forças não são contrárias, mas se so-
» Respeito, para conviver harmoniosa- mam. Isso explica por que se diz no senso
mente com os outros; comum que certas artes marciais, como o
» Autocontrole, para estar no comando judô, usam a “força do oponente contra ele
das suas emoções; mesmo”. Não se trata exatamente de força,
mas de usar a movimentação de forma que
» Amizade, para ser um bom compa-
o movimento facilite o deslocamento, sem a
nheiro e amigo.(NUNES, s/d).
necessidade de empregar muita força física.

O fato de não haver golpes de percus-


Ele foi também um dos responsáveis por são e de possibilitar chances de vitória a
levar as olimpíadas ao Japão. Por esse mo- pessoas menores e com menos força, for-
tivo e por outros, viajou o mundo e aprendeu taleceu o caráter educativo da luta, de for-
muito com os métodos esportivos e ginásti- ma que é comum vê-la inserida em escolas
cos europeus, contudo não queria que seu como atividades de contra turno e/ou dire-
método se tornasse uma prática olímpica, cionada a crianças.
pois acreditava que isso poderia corromper

70 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Além do aspecto educativo, o judô é tam- 20 segundos com as costas ou os ombros
bém um esporte bastante popular. Veja algu- no chão. Já no wazari, embora tenha derru-
mas de suas regras: bado e imobilizando o oponente, os ombros
» O tatame: de formato quadrado, de ou as costas não tocam totalmente o chão.
14 a 16 metros de lado. Em caso de imobilização no chão, o tem-
» Tempo: a luta dura até 4 minutos, a po dirá a pontuação. Se a imobilização du-
menos que ocorra um ippon (golpe rar 10 segundos, conta-se um waza-ari, e se
“perfeito”). Ao final do tempo, ganha o durar 20 segundos, um ippon.
atleta que obteve mais vantagens.
Essas regras foram mudadas recente-
» Pontuação: existem algumas formas
mente, pois antes a luta era de 5 minutos,
de pontuar: ippon (ponto completo,
que encerra a luta) e wazari, que é um e havia quatro formas de pontuação. Consi-
ippon “incompleto”. Existem também derando o interesse em televisionar, a Fede-
faltas que descontam pontos, são ração Internacional de Judô resolveu mudar
elas: as regras para tornar a luta mais dinâmica e,
assim, atrair mais a audiência.
» Shido: violação leve – não vale ponto
para o adversário; Não é a primeira vez que o judô muda
» Keikoku: violação séria – um waza-ari para tentar agradar o público televisivo. O
para o adversário; “judogui”, tradicionalmente conhecido como
» Hanso-Kumake: violação grave – um kimono, a roupa que os atletas usam, por
ippon para o adversário. exemplo, era da cor branca para ambos os
oponentes, porém alterou-se para que um
dos oponentes use o “judogui” azul, para
AMPLIANDO O CONHECIMENTO que os espectadores consigam distinguir
Entenda as mudanças na regra: melhor os oponentes.

Percebe-se que a modernização do judô


Veja um ippon: em muito tem se pautado pelo seu aspecto
esportivo e midiático, o que pode afastá-lo
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/383
dos princípios idealizados por Jigoro Kano.

“Toda mudança, a princípio, gera uma re-


https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/384
jeição, que é natural. Ainda mais quando não
há uma discussão mais ampla, envolvendo
Essas regras mudaram no final de 2016, mais países, técnicos e atletas”, ponderou
por isso pode ser que você encontre em repor- Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da
tagens e outros materiais algumas diferenças. Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

No ippon o atleta projeta o adversário Eu entendo que a Federação Interna-


de modo que ele toque as costas no chão. cional tem uma preocupação grande com a
Ocorre também se há uma imobilização de imagem, com a divulgação do judô na mídia

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 71


e, por isso, vem tentando adaptar o espor-
te à televisão. Diminuir o tempo de luta, por
exemplo, é uma medida que visa ao dina-
mismo exigido pelas transmissões de TV.
Ainda é cedo para fazer uma avaliação mais
profunda de todas as mudanças, pois preci-
samos ver essas novas regras como ficarão
na prática. O nosso primeiro grande teste
será no Grand Slam de Paris, em feverei-
ro, e teremos um treinamento de campo em
janeiro para trabalhar isso com a seleção.
(COB, 2016, s/p.).
Disponível em https://goo.gl/aUN5tF

Prática esportiva, exercício físico, em suas diferentes formas, o judô tem ajudado a con-
cretizar os ideais de Jigoro Kano, de unir a humanidade, educar as pessoas, através da práti-
ca de uma arte marcial, de um budô.
A capoeira

No capítulo anterior conhecemos


um pouco do judô, uma luta que nas-
ceu do outro lado do mundo e que, a
princípio, pode parecer bastante dis-
tante da nossa realidade. Contudo, se
analisarmos nossa história, percebere-
mos que nosso país também passou
por muitas guerras e conflitos, nascen-
do, inclusive, uma luta própria do Bra-
sil: a Capoeira.

Mistura de jogo, dança e, claro, luta, foi desenvolvida por povos escravizados no Brasil. Ao
contrário do que se imagina, a capoeira não nasceu nas fazendas.

Quando se fala em escravidão é comum imaginar os escravos trabalhando nas fazendas,


porém existiam escravos também no meio urbano no século XVIII. A vida dos escravos do
campo e da cidade eram diferentes em muitos sentidos. Os escravos das cidades tinham par-
ticipação social, e só não eram proibidos de praticar capoeira, como se imagina, como muitas
vezes eram estimulados pelos seus senhores, pois estes tinham medo que os escravos fos-
sem roubados por outros senhores ou presos.

Pesquisadores têm procurado a origem da capoeira em diversos lugares, porém só en-


contraram registros de práticas como essas no Brasil, o que os leva a pensar que a capoeira
é nacional.

72 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Aqui no Brasil, no ambiente colonial, os O trecho que faz menção à capoeira está no
povos africanos escravizados e nossos in- capítulo XIII.
dígenas encontraram um ambiente urbano
A prática de capoeira, candomblé, entre
que permitiu uma miscigenação de culturas
outras tradições, era uma forma que os povos
e tradições que geraram a capoeira. Eram
escravizados encontraram de manter vivas
diferentes músicas, danças e lutas que mes-
as suas origens e de lembrar a terra de onde
cladas deram origem à capoeira.
foram arrancados para ser escravizados.
Contudo, a capoeira que conhecemos
hoje não é a mesma praticada naquela épo-
ca. A capoeira foi passando por transfor- O filme Amistad demonstra o contexto de violência
mações ao longo de sua história, incluindo da captura e transporte dos povos escravizados.
novas formas de praticar, instrumentos mu-
sicais, entre outros.
Os escravos tiveram participação social
Como prática de um grupo social domi- no meio urbano, inclusive política, quando
nado não era bem-vista por parte da socie- formavam grupos que coagiam grupos con-
dade e do estado no século XVIII, de forma trários, chamados de maltas, no século XIX.
que sua prática foi recriminada e até proibida,
como acontece frequentemente com práticas De marginalizada e proibida, a capoeira
populares como o candomblé e mais recente- passou a ser símbolo da cultura popular e
mente a proposta de proibir o funk. do país graças ao movimento feito por in-
telectuais e artistas durante a semana de
A capoeira foi proibida no código penal arte moderna de 1922, de valorizar a cultura
de 1890, só vindo a ser permitida novamen- africana e o reconhecimento do presidente
te na década de 30 do século XX, graças Getúlio Vargas na década de 1930, quando
à apresentação do mestre Bimba ao então a capoeira começa a se expandir pelo país.
presidente Getúlio Vargas, que a quis trans-
formar em esporte nacional. Nesse novo contexto surgem duas varia-
ções da capoeira: a angola e a regional.

A capoeira regional é o nome que se


AMPLIANDO O CONHECIMENTO deu à capoeira organizada por mestre Bim-
ba, que a chamou de capoeira regional da
Para conhecer a proposta Bahia.
de criminalização do funk,
acesse: https://goo.gl/Zai79b Mestre Bimba buscou organizar a práti-
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/385
ca e o ensino de capoeira criando um méto-
Para acessar o código penal do de treinamento baseado em sequências
de 1890, acesse aqui: de movimentos. Seus movimentos e ritmos
https://goo.gl/Nw0rvK costumam ser mais rápidos e com mais
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/386 acrobacias.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 73


Já a capoeira angola é relacionada a
mestre Pastinha, que reivindicava maior pre- AMPLIANDO O CONHECIMENTO
servação da tradição africana e das origens
Veja como fazer a ginga:
da capoeira. Sua prática é mais lenta e ca-
denciada, evidenciando o estudo dos movi-
mentos e o pensamento rápido.

Além da tradição dos grandes mestres, https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/387

a capoeira foi se desenvolvendo no Brasil https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/388

e no mundo, de forma que a capoeira que


se pratica hoje é resultado das influências » Esquivas: Praticamente todas as lu-
anteriores e de novas transformações que tas possuem movimento de esquiva,
acontecem na sociedade atual. que significa se proteger ou desviar de
um ataque do oponente. Na capoeira
Vamos conhecer alguns dos movimentos são muito usadas a esquiva lateral e
básicos da capoeira? a “cocorinha”. Ao contrário de outras
» Ginga: a ginga é a posição inicial e a lutas, o objetivo não é se afastar do
forma de se movimentar na capoeira. oponente, mas sim ficar próximo ao
Ela permite que o capoeirista esteja movimento dele, para que se possa
sempre em movimento, possibilitan- dar uma resposta rápida e minimizar a
do com isso movimentos rápidos e potência do golpe desferido.
imprevistos. Para realizá-la, começa- Na esquiva lateral, ao gingar para o lado
-se com uma perna atrás. Para ficar direito, por exemplo, coloca-se a mão direita
mais claro o entendimento, vamos no chão e abaixa-se o tronco. Essa esquiva
usar nesta explicação a perna esquer- permite que um movimento como um chute
da à frente com a perna direita atrás. passe por cima do capoeira.
O braço direito ficará semicurvado à
Existe ainda a esquiva de costas, em
frente do rosto. A função do braço é
que se fica “de lado” para o oponente. Ao
proteger o rosto e o tronco de um ata-
gingar para o lado direito, por exemplo, vira-
que inimigo. Em seguida, desloca-se
-se o tronco para a direita, deixando o braço
a perna direita, que está atrás, para
esquerdo à frente, na altura do rosto, com o
frente e para o lado, ficando paralela à
cotovelo protegendo a região das costelas.
perna esquerda, com um afastamento
próximo ao da largura dos ombros. A
perna esquerda, que estava à frente,
é deslocada então para trás, enquan- AMPLIANDO O CONHECIMENTO
to abaixa-se o braço direito e eleva-se Veja algumas das
o esquerdo, que passará a proteger o esquivas aqui:
rosto.

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/389

74 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


Existem ainda variações como a esquiva negativa, esquiva de cadeirinha, entre outras,
sendo que cada qual se aplica melhor para se defender de um determinado movimento e/ou
permitir um contragolpe.

» Golpes:
» Meia lua de frente: Realiza-se um chute “de
fora para dentro”, ou seja, se chutar com a AMPLIANDO O CONHECIMENTO
perna direita, ela faz um movimento da di-
reita para a esquerda, desenhando um se- Veja aqui a meia lua de fren-
micírculo no ar. Esse movimento pode ser te e armada:
complementado com uma “armada”, que é https://goo.gl/wFmJ3T

um chute com a outra perna, precedido de https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/390

Veja a ponteira aqui:


um giro de tronco na mesma direção.

» Ponteira: é um chute para frente, reto. É um https://goo.gl/v97E6E

movimento bastante rápido e potente, e bus-


https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/391
ca atingir a região abdominal do adversário.

Hoje a capoeira é praticada no mundo inteiro como forma de exercício físico, atividade de
lazer, artística e cultural. E, então, vamos jogar?

Esgrima: da guerra ao esporte

A espada foi, durante muito tempo na


história, a principal arma de combate. As
técnicas para sua fabricação e uso foram
se alterando, conforme evoluía a tecnolo-
gia e os conhecimentos para seu uso.

Na Pré-história os homens já usavam


objetos como “arma” para se defender e
caçar. Esses objetos podem ser consi-
derados as primeiras formas de espada.
Naquela época não havia muito conheci-
mento e técnica para fabricação e manu-
seio desses objetos, de forma que muitas vezes era apenas um galho de árvore ou espadas
rudimentares feitas de pedra lascada. Por isso costumavam ser pesadas e robustas, de modo
a conferir maior impacto. Por esse motivo eram consideradas armas de percussão, ou seja,
armas que eram utilizadas para ferir pelo impacto. Não havia fio de corte, nem técnicas de
afiação, por isso eram usadas para “bater”.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 75


Com o tempo a humanidade foi apren-
dendo a manipular a natureza, manejando o A cada mudança na técnica de fabricação das
ferro e criando as lâminas fundidas. Quanto espadas, surgiam novas maneiras de utilizá-las,
mais se desenvolvia a tecnologia, mais le- alterando a forma de se fazer guerra. Não é de-
ves e afiadas se tornavam as espadas. masiado afirmar que o avanço da tecnologia afe-
ta a organização social, mudando a forma das
Assim, fica difícil precisar quando a hu-
pessoas se relacionarem, produzirem, enfim, a
manidade inventou essa arma, porém há re-
própria cultura e a sociedade.
gistros de seu uso desde o Egito antigo.

Quanto mais rudimentares as espadas, O uso de espadas e do cavalo tornaram


mais se utilizava o golpe de ponta, e quanto os guerreiros mais fortes, de forma que os
mais avançadas, mais se utilizavam os gol- exércitos eram formados por cavaleiros ar-
pes de corte, uma vez que as espadas se mados, o que também exigia novas técnicas
tornavam mais afiadas e leves. Isso ajuda de manuseio das armas.
a entender algumas das formas de esgrima
atuais: a espada e o sabre. A espada utiliza Surgiram escolas que ensinavam técni-
de técnicas e possui regras que se baseiam cas de manuseio das espadas, tornando os
nos golpes de ponta, enquanto que o sabre combatentes mais eficientes, principalmente
se organiza em volta das técnicas de corte. na Itália e na França.

Na Idade Média, na Europa, estava se A espada estava tão presente na cultura


passando de uma organização baseada que se tornou uma prática próxima ao que
na escravidão para a servidão, na qual os hoje chamamos de esportes, acontecendo
trabalhadores serviam a um feudo. Nesse grandes festivais chamados de justas.
contexto eram comuns guerras entre feudos Algumas vezes o resultado dessas jus-
e nações, de forma a surgirem guerreiros tas era a morte ou lesões sérias ao adversá-
especializados, que utilizavam as espadas rio, sendo que sua prática veio a ser proibida
como principal arma. pelo papa no século XVI, quando Henrique II
Para se defender dos adversários, usa- da França foi morto em frente a sua própria
vam armaduras. As espadas começaram corte. (CBE, 2007, s/p.).
então a ficar maiores e pesadas, de forma a Com o advento da arma de fogo, as es-
desferir golpes mais potentes, o que obrigou padas foram perdendo importância para a
o uso de armaduras mais resistentes e pe- guerra, voltando a ser praticada como forma
sadas, chegando ao ponto de os cavaleiros de esporte, em um processo parecido com
precisarem de ajuda para subir nos cavalos. o que aconteceu com as artes marciais ja-
Contudo, em torno do século XV, perce- ponesas.
beram que lâminas menores e afiadas po- No Brasil a esgrima chegou no século
diam ser fatais se fossem desferidos golpes XIX, com o interesse de Dom Pedro II, sen-
nas articulações das armaduras, voltando do que em “[...]é estabelecida a esgrima re-
então o uso de lâminas leves. gimentalmente para os cursos de Infantaria

76 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


e Cavalaria da Escola Militar de Realengo,
havendo, inclusive, a fundação de uma es-
cola de esgrima no Batalhão de Caçadores
de São Paulo.”. (CBE, 2007, s/p).

Desde então a esgrima vem se desen-


volvendo principalmente nas forças arma-
das, levando o Brasil a participar de todos
os grandes eventos a partir da olimpíada de
Berlim.

Hoje a esgrima é um esporte que se di-


Disponível em https://goo.gl/GewScz

vide em três modalidades: espada, sabre e » A armadura: Os atletas usam uma


florete. Embora parecidas ao olhar desaten- roupa apropriada, além de um colete
to, cada modalidade tem suas regras, técni- que transmite o sinal caso seja toca-
cas e estratégias/técnicas. do. A roupa é composta de:

Vamos conhecer um pouco mais desse » jaqueta branca (1), acolchoada e de mangas

esporte: compridas, colarinho alto, uma camada de


kevlar, e fecha no lado da mão armada, seu
» O campo de batalha: O esporte é comprimento vai até abaixo da virilha;
disputado sobre uma pista recoberta
» plastron (7), que fica sob a jaqueta da mão
por uma manta que conduz uma leve
armada, como mais uma proteção;
corrente elétrica. Existem duas lâmpa-
das, uma vermelha e outra verde, que » protetor de seios, feito de materiais sintéti-
acendem quando o atleta toca o corpo cos, é obrigatório para as mulheres e opcio-
do adversário. A pista deve ter 14 me- nal para homens;
tros de comprimento por 2 metros de » luva (2), que vai até próximo à metade do
largura. Há marcações que dizem os antebraço, sendo igual na espada e florete
locais onde o atleta pode ir. É dividi- e diferente no sabre, que possui uma malha
da ao meio por uma linha pontilhada. metálica para marcação dos pontos. Não é
O atleta não pode recuar até a última necessário usá-la na mão desarmada;
área no fim da pista, sob pena de mar-
» máscara, que cobre a cabeça, o rosto e o
car um ponto para ao adversário.
pescoço, tendo diferenças entre as armas:
a de espada não possui superfície metaliza-
da, a de florete tem área metalizada perto do
pescoço e a do sabre em toda a superfície;

» calça (5), branca, até a altura do tornozelo;

» calçados comuns de esporte, com suporte


opcional extra dentro da sola, podendo ser
usados os de futebol de salão;

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 77


» meiões de futebol na cor branca. » A espada: É a mais rígida das três, possuin-

» usa-se ainda a ligação eletrônica através de do um toque mais firme. Na espada pode-se

um cabo que se mantém esticado (3). tocar o corpo todo, mudando assim o esti-
lo da luta. Disputa-se em pé, pois qualquer
parte do corpo à frente pode facilitar o toque
» As armas do adversário.

» Florete: Leve e ágil, é a arma preferida dos » A espada tem comprimento máximo de
iniciantes e era a única permitida para as 110cm, e peso inferior a 770g.
mulheres antigamente. Tem uma área de
proteção menor que a da espada e a do
sabre, sendo mais flexível que a espada e
menos que o sabre. No florete pode-se tocar
todo o tronco coberto pelo colete e parte do
pescoço. Nessa modalidade, quem está ata-
cando tem a vantagem, ou seja, caso haja
toque simultâneo, o ponto é de quem estava Disponível em https://goo.gl/wTxdXa

atacando.

» O florete tem 90cm de comprimento de lâ- » O Sabre: O sabre é a arma mais leve e
mina e 110cm de comprimento máximo, pe- curta, pesando menos de 500g e 88cm de
sando 500g ou menos. lamina, com 105cm de comprimento total.
Nela pode-se acertar da cintura para cima,
incluindo braços e cabeça, com exceção
das mãos. Essa modalidade está presente
nas olimpíadas desde 1896, início das olim-
píadas modernas.

Disponível em https://goo.gl/U1AT9H

AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Aqui você pode ver as ar-
mas sendo apresentadas
por Renzo Agresta, atleta
de esgrima:
Disponível em https://goo.gl/9hGE2s
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/392

78 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


» Regras » Principais técnicas
As regras variam de acordo com as mo- Guarda
dalidades, mas podemos sintetizar algumas:
É a posição inicial, na qual o esgrimista
» a partida começa com os oponentes distan- se prepara para atacar ou defender. É feita
tes 2 metros; com uma perna à frente e outra pouco mais
» a luta termina quando um dos oponentes re- atrás, com os pés perpendiculares, ou seja,
aliza cinco toques válidos ou ao término de o pé da frente “apontado” para frente, en-
4 minutos; quanto que o pé de trás fica “de lado”, com a
ponta do pé “apontada” para o lado.
» Na fase classificatória, as lutas duram 3 mi-
nutos e ganha quem fizer 5 toques válidos O braço que empunha a arma fica
ou mais pontos; semiflexionado, apontando a arma para o
» Na fase eliminatória, as lutas duram 3 minu-
adversário, enquanto o outro fica para trás,
tos e ganha quem fizer 15 toques válidos ou
dando equilíbrio.
mais pontos. O tronco fica na vertical, distribuindo
o peso em ambas as pernas. As pernas fi-
» “Nas competições, a primeira etapa chama
cam ligeiramente flexionadas, mas com cui-
se “Pule” e reúne grupos de 5 a 8 esgrimis-
dado para o joelho não ir muito para a frente.
tas que jogam entre si, sempre um contra o
outro. O Match na “Pule” dura 3 minutos no Marcha
máximo e termina em 5 toques. A segunda
parte chama-se Eliminatória Direta e dura 9 É o deslocamento para frente e para
minutos, divididos em 3 tempos de 3 minu- trás. A perna da frente se movimenta primei-
tos de jogo com 1 minuto de intervalo entre ro, mas o corpo desloca-se apenas com o
cada um deles. Ganha quem atingir o esco- movimento da perna de trás, sem cruzar as
re de 15 toques primeiro.(ABE, 2017, s/p.). pernas em nenhum momento.
» Faltas
Afundo
» cobrir o gilete, desviar o ataque com as
mãos ou segurar a espada do oponente; É um movimento de ataque rápido, no
qual se “estica” o braço para alcançar o ad-
» contato corporal com o adversário;
versário.
» toques feitos em zonas não válidas elimi-
nam a ação anterior;

» não pode tocar no oponente desarmado;

» não é permitido ficar de costas para o ad-


versário;

» toques simultâneos, na modalidade espada,


não são contados. Nas outras modalidades
o toque é dado para quem tinha a vantagem.
Disponível em https://goo.gl/hCA62b

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 79


Ataque por estocada
Agora que conhecemos um pouco da
É uma mistura da marcha com afundo,
esgrima, podemos praticá-la de forma
no qual se desloca para frente e faz-se o
adaptada. Para isso, podemos usar um
afundo.
cano de pvc fino com um pincel fixado
na ponta. O pincel pode ser mergulha-
do em tinta guache. Para não se sujar,
AMPLIANDO O CONHECIMENTO podemos usar um saco de lixo cortado
com espaço para os braços e cabeça,
de forma que possamos vesti-lo. O to-
que do adversário ficará marcado na
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/393 sacola de lixo, de modo que será pos-
sível ver quem marcou o ponto. Vamos
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/394 jogar?
Veja aqui alguns
dos movimentos da
A esgrima é uma das lutas e um dos es-
esgrima:
portes mais antigos e tradicionais, sendo ágil
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/395 e bela de assistir e praticar, ao mesmo tempo
em que resguarda uma importante parte da
história da humanidade.

INFOGRÁFICO ESGRIMA

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/396

Para saber mais:


AMPLIANDO O CONHECIMENTO

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/397 https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/399

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/400
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/398

80 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


AVALIE SEU APRENDIZADO

1. Onde surgiu a esgrima?

2. Por que as armas foram se modificando ao longo do tempo?

3. Como se chamava o esporte praticado pelos cavaleiros na Idade Média?

4. Quais são os principais equipamentos da esgrima?

5. Qual a diferença entre o florete, a espada e o sabre?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 81


6. Quais são as principais regras da esgrima?

7. Cite três movimentos da esgrima e explique-os.

O Kung Fu e os animais

Provavelmente você nunca ouviu o termo “wushu” (arte de guerrear ou arte da guerra). Isto
porque essa luta é mais conhecida por outro nome: Kung Fu! Seu nome original era “wushu”,
porém quando os ocidentais tiveram contato com ela, viam os praticantes gritando “kung fu”
“kung fu”, que em chinês é algo como “faça direito” ou “faça bem feito”. Como os ocidentais
não sabiam chinês, começaram a chamar essa luta dessa forma, tornando-se popular o termo
Kung Fu no ocidente.

O “wushu” na verdade não é apenas uma forma de luta, mas um termo genérico para
diversas formas de luta existentes na China. Trata-se de uma das primeiras formas de lutas
organizadas e sistematizadas que se tem notícia. Isso se dá, entre outros motivos, graças aos
monges que se dedicaram de forma
intensa e disciplina no seu estudo e
desenvolvimento. Durante muitos sé-
culos os países orientais viveram em
conflitos, o que exigia o desenvolvi-
mento de técnicas de luta, muitas ve-
zes restritas a pequenos grupos que
não queriam compartilhá-las para
não perder sua superioridade.

Os monastérios eram constante-


By (http://cc.nphoto.net/view/2008/11755.shtml) [CC BY-SA 2.5 cn
mente atacados, forçando os mon-
(http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.5/cn/deed.en)], via Wikime- ges a aprenderem a se defender. Os
dia Commons

82 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


monastérios também serviam de estadia
para viajantes, e em troca da hospedagem
os monges aprendiam as técnicas de lutas
com seus hóspedes, desenvolvendo-as de-
pois com um treinamento bastante intenso,
que envolve muita disciplina e domínio do
corpo.

Esses monges eram budistas, e conci-


liavam as técnicas de luta com os princípios
budistas aos quais se dedicavam. Entre esses
princípios constavam o respeito e a contempla-
ção da natureza, pois acreditavam que existia Domínio Público - See Meir Shahar, The Shaolin monastery, 2008

uma ordem universal em todas as coisas, e ao observar a natureza poderiam aprender com
essa ordem. Assim, as técnicas de luta foram sendo organizadas a partir também da observa-
ção dos movimentos dos animais, nascendo os estilos: tigre, louva-a-deus, macaco, serpente
e garça. Existem outros estilos ainda relacionados ao wushu, como Sanda ou boxe chinês.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Para conhecer alguns dos Você Sabia? O budismo não é somente uma
estilos do kung fu, acesse: religião, mas uma filosofia, uma forma de com-
preender e explicar o mundo.

https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/401
Fique atento! O templo Shaolin existe até
hoje, bem como seus monges, que rece-
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/402
bem os turistas e apresentam sua arte.

Na China, essa forma de luta tornou-


-se esporte nacional, sendo realizada por
crianças e adultos para preparação física e
prática cultural, para além dos interesses es-
portivos ou marciais.

O Kung fu é considerado pai de diversas


outras artes marciais, como o karatê, aikido,
taekwondo, que são desdobramentos de es-
tilos do kung fu, embora os conhecimentos
do kung fu sejam oriundos de práticas ante-
riores, advindas também de outras culturas,
Disponível https://goo.gl/CgNmxE como da Índia.

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 83


By KongFu Wang (originally posted to Flickr as DSC_7608) [CC BY-SA 2.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0)], via
Wikimedia Commons

Acredita-se, na cultura oriental, que a


prática de uma arte marcial (artes relaciona- Meditar não é ficar pensando em algo, mas sim
um exercício para controlar a mente. Pensa-
das à guerra) pode trazer benefícios maio- mentos e sentimentos podem nos colocar em
res do que os ganhos físicos em si, como o desarmonia, e a meditação seria uma forma de
controle da mente, da angústia, do stress, se desvencilhar dessas perturbações, encon-
trando um estado de paz, o que pode ocorrer
sendo considerada muitas vezes uma forma com a prática constante de uma arte marcial.
de meditação.

Os monges acreditavam na possibilida-


de de a mente ter domínio sobre o corpo, Você pode praticar Kung Fu até mesmo
no vídeogame!
de forma que seria possível desvencilhar-se
das sensações corporais com a meditação.
Por isso seu treinamento continha exercícios
https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/403

para dominar a dor, o cansaço, entre outros


desconfortos.

Hoje diversas atividades oriundas do


kung fu são praticadas no mundo todo como AMPLIANDO O CONHECIMENTO
forma de exercício físico, em busca de pro-
aqui você pode ver um pouco dos
moção da saúde e qualidade de vida, como treinos dos monges:
o Tai-chi-chuan. É comum encontrar-se
grandes grupos em espaços públicos pra-
ticando esses exercícios na China, assim
como encontramos pessoas se exercitando https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/404

em parques e espaços públicos no Brasil.


https://redirect.maestriaeducacional.com.br/eja/405

84 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


AVALIE SEU APRENDIZADO

1. De onde vem o kung Fu?

2. Que outro nome ele pode ter?

3. Quem foram os responsáveis pela sistematização do kung fu?

4. Qual a relação entre o kung fu e os animais?

5. Qual a relação entre o Kung Fu e a saúde?

6. Qual a relação entre os monges, o budismo e o kung fu?

EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL 85


Considerações Finais
Durante todo o ensino fundamental estudamos diversas
manifestações corporais que foram produzidas pela

SÍNTESE
humanidade ao longo de sua história, e continuam a
ser produzidas. A todo tempo essas manifestações
sofrem diversas influências, se relacionando ao
trabalho, à cultura, enfim, à vida de todos. Por isso
esses estudos são apenas o passo inicial, pois nunca
paramos de apren-der, evoluir, construir, viver…
Esperamos que esses conhecimentos sirvam para
compreender melhor a realidade e nela intervir, sendo
para jogar, se exercitar, fruir, admirar, se expressar,
sentir, sempre de forma a construir uma vida mais
digna e justa para todos.

86 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENSINO FUNDAMENTAL


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Jogo ou Esporte?

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