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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CÂMPUS PAU DOS FERROS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
MECÂNICA DOS SOLOS II – PEX0285

Tensões no Solo e Resistência ao


Cisalhamento

Prof. Me. José Daniel Jales Silva


<daniel.jales@ufersa.edu.br>

Pau dos Ferros - 2016


Tensões no Solo

Solos como outros materiais possuem boa capacidade de resistirem a


esforços de compressão, mas tem limitada resistência a tração e ao cisalhamento.

Nos solos a ruptura é caracterizada por deslocamentos relativos entre


partículas (cisalhamento – corte) – desprezadas as deformações referentes aos
grãos e aos fluidos nos vazios.

A ruptura dos solos é quase sempre um fenômeno de cisalhamento,


quando uma sapata de fundação é carregada até a ruptura ou quando ocorre o
escorregamento de um talude. Apenas em casos muito especiais é que ocorre
ruptura por tensões de tração.

Resistência dos Solos Resistência ao Cisalhamento

Curso de Engenharia Civil – Mecânica dos Solos II Prof. Me. José Daniel
Resistência ao Cisalhamento dos Solos

Uma das propriedades fundamentais de comportamento dos solos,


relacionada com o suporte de soluções de problemas de Engenharia geotécnica:

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Tensões no Solo

Os esforços devido ao peso próprio do solo


mais as sobrecargas geram tensões em pontos no
interior do solo.
Num plano genérico no interior do subsolo,
a tensão atuante não é necessariamente normal ao
plano. Para efeito de análises, ela pode ser
decomposta numa componente normal e noutra
paralela ao plano.

Tensões normais (𝝈) – perpendicular ao


plano

Tensões cisalhantes (𝝉) – paralela ao


plano

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Estado Geral de Tensões

O estado geral de tensões em um ponto é caracterizado por seis


componentes independentes da tensão normal e de cisalhamento que agem nas
faces de um elemento de material localizado no ponto.

Os solos podem ser estudados a partir de


elementos infinitesimais tendo em vista
que são considerados materiais contínuos
deformáveis, e na maioria das vezes
homogêneos e isotrópicos.

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Tensões Principais

Demonstra-se que sempre existem três planos em que a tensão atuante é


normal ao próprio plano, não existindo a componente de cisalhamento.
Demonstra-se, ainda, que esses planos, em qualquer situação são
ortogonais entre si e recebem o nome de planos principais, e as tensões neles
atuantes são chamadas tensões principais.

𝝈𝟏 - Tensão Principal Maior

𝝈𝟐 - Tensão Principal Intermediária

𝝈𝟑 - Tensão Principal Menor

Para perfis de solos com superfície horizontal o plano principal maior é


a horizontal
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Estado Plano de Tensões

Todavia, esse estado de tensões não é comum na prática de engenharia. Ao


contrário, os engenheiros frequentemente fazem aproximações ou simplificações
das cargas sobre um corpo de modo que a tensão produzida em um elemento
estrutural ou mecânico possa ser analisada em um único plano.
Quando isso ocorre, diz-se que o material está sujeito a tensões no plano.

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Justificativa para o Estado Plano nos Solos

Nos problemas de Engenharia de Solos, que envolvem a resistência do


solo, interessam 𝝈𝟏 e 𝝈𝟑 , pois a resistência depende das tensões de cisalhamento, e
estas, como se verá são frutos das diferenças entre as tensões principais. A maior
diferença ocorre quando estas são 𝝈𝟏 e 𝝈𝟑 .
Isso justifica o estudo dos solos a partir do estado plano de tensões.

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Estado Plano de Tensões

O estado geral de tensão no plano em um ponto é, portanto, representado


por uma combinação de duas componentes de tensão normal, 𝜎𝑥 e 𝜎𝑦 , e uma
componente de tensão de cisalhamento, 𝜏𝑥𝑦 , que agem nas quatro faces do
elemento.

Entenda que, se o estado de tensão em um ponto for definidos pelas três


componentes de tensão, então, um elemento que tenha uma orientação diferente
estará sujeito a três componentes diferentes de tensão.

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Transformação de Tensões

Sabemos da Resistência dos Materiais que se o estado de tensão em um


ponto for conhecido para uma determinada orientação de um elemento, então as
tensões normal e de cisalhamento para um plano que forma um ângulo 𝜃 com a
horizontal do elemento pode ser encontrado através das seguintes equações.
𝝈𝒚 + 𝝈𝒙 𝝈𝒚 − 𝝈𝒙
𝝈𝒏 = + 𝐜𝐨𝐬 𝟐𝜽 + 𝝉𝒙𝒚 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝜽
𝟐 𝟐
𝝈𝒚 − 𝝈𝒙
𝝉𝒏 = 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝜽 − 𝝉𝒙𝒚 𝐜𝐨𝐬 𝟐𝜽
𝟐

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Tensões Horizontais

Vimos que para perfis de solos com superfície horizontal o plano principal
maior é a horizontal.
De particular interesse, são as tensões nos planos verticais (tensões
horizontais), nos quais, neste caso, também não ocorrem tensões de cisalhamento,
devido à simetria.

A relação entre a tensão horizontal


efetiva e a tensão vertical efetiva é
denominada coeficiente de empuxo
em repouso e indicada pelo
símbolo 𝑲𝟎

Para solos sedimentares o 𝑲𝟎 pode


ser encontrado pela seguinte
equação:

𝐾0 = 0,5 𝑅𝑆𝐴 2

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Transformação de Tensões

A partir das equações vistas pode-se escolher o valor de 𝜃 de tal forma que
𝜏𝑛 seja zero. Isso fornece dois valores de 𝜃, distintos de 90° um do outro.
Isso significa que existem dois planos que são perpendiculares entre si, nos
quais a tensão de cisalhamento é igual a zero.

Que planos são esses?


Quais as tensões que
atuam nesses planos?

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Tensões Principais

Os valores das tensões principais podem ser obtidos através das seguintes
equações.

𝟐
TENSÃO PRINCIPAL MAIOR 𝝈𝒚 + 𝝈𝒙 𝝈𝒚 − 𝝈𝒙
𝝈𝒏 = 𝝈𝟏 = + + 𝝉𝒙𝒚 𝟐
𝟐 𝟐
A orientação de 𝜎1 é dada pelo ângulo 𝜃1 que essa componente faz com a
direção horizontal do elemento.

𝟐
TENSÃO PRINCIPAL MENOR 𝝈𝒚 + 𝝈𝒙 𝝈𝒚 − 𝝈𝒙
𝝈𝒏 = 𝝈𝟑 = − + 𝝉𝒙𝒚 𝟐
𝟐 𝟐
A orientação de 𝜎3 é dada pelo ângulo 𝜃3 que essa componente faz com a
direção horizontal do elemento.
Esses ângulos se encontram defasados 90° um do outro.

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Tensões Principais

Como um caso especial, se os planos conhecidos forem os planos principais


maior e menor, a tensão normal e a de cisalhamento em um plano que forma um
ângulo 𝛼 com o plano principal maior podem ser encontradas pelas seguintes
equações.

𝝈𝟏 + 𝝈𝟑 𝝈𝟏 − 𝝈𝟑
𝝈𝒏 = + 𝐜𝐨𝐬 𝟐𝜶
𝟐 𝟐

𝝈𝟏 − 𝝈𝟑
𝝉𝒏 = 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝜶
𝟐

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Tensão de Cisalhamento Máxima

A tensão de cisalhamento máxima no plano que ocorre em um


determinado ponto do solo pode ser calculada através da seguinte equação.
Os planos para tensão de cisalhamento
𝝈𝒚 − 𝝈𝒙 𝟐 máxima podem ser determinados
𝝉𝒎á𝒙 𝒏𝒐 𝒑𝒍𝒂𝒏𝒐 = + 𝝉𝒙𝒚 𝟐 orientando um elemento a 45° em relação à
𝟐 posição de um elemento que define os
planos de tensão principal

A orientação de 𝜏𝑚á𝑥 é dada pelo ângulo 𝜃𝑆 que a normal do plano que a


contém faz com a direção horizontal do elemento.
Para os planos de tensão de cisalhamento máximo verifica-se a ocorrência
de uma tensão normal média de valor:

𝝈𝒙 + 𝝈𝒚
𝝈𝒎é𝒅 =
𝟐

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Convenção de Sinais

Em Mecânica dos Solos, as tensões normais são consideradas positivas


quando são de compressão, e as tensões de cisalhamento são positivas quando
atuam no sentido anti-horário.
Consideram-se os ângulos positivos quando no sentido anti-horário.

+ - + -

Compressão Tração 𝜏>0 𝜏<0

Para a aplicação da fórmula analítica e considerando o elemento como


um todo a componente de tensão de cisalhamento é considerada positiva
contanto que aja na direção positiva da coordenada na face positiva do elemento.

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Exercício

Exercício 1. Um elemento do solo é mostrado na Figura a seguir. As magnitudes das


tensões são 𝜎𝑥 = 96 kN/m², 𝜏 = 38 kN/m², 𝜎𝑦 = 120 kN/m² e 𝜃 = 20°. Determine:
a) As magnitudes das tensões principais
b) As tensões normais e de cisalhamento no plano AB.

𝟐
𝝈𝒚 + 𝝈𝒙 𝝈𝒚 − 𝝈𝒙
𝝈𝒏 = 𝝈𝟏 𝒐𝒖 𝝈𝟑 = ∓ + 𝝉𝒙𝒚 𝟐
𝟐 𝟐

𝝈𝒚 + 𝝈𝒙 𝝈𝒚 − 𝝈𝒙
𝝈𝒏 = + 𝐜𝐨𝐬 𝟐𝜽 + 𝝉𝒙𝒚 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝜽
𝟐 𝟐

𝝈𝒚 − 𝝈𝒙
𝝉𝒏 = 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝜽 − 𝝉𝒙𝒚 𝐜𝐨𝐬 𝟐𝜽
𝟐

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Solução Gráfica

O estado de tensões atuantes em todos os planos que passam por um


ponto pode ser representado graficamente num sistema de coordenadas em que as
abscissas são as tensões normais (positivas para a direita) e as ordenadas são as
tensões cisalhantes (positivas para cima).
Nesse sistema, as equações vistas definem as equações paramétricas de
um círculo, como representado abaixo, que é o círculo de Mohr.

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Solução Gráfica

Ele é facilmente construído quando são conhecidas as duas tensões


principais ou as tensões normais e de cisalhamento em dois planos ortogonais
quaisquer.
Construído o círculo de Mohr, ficam facilmente determinadas as tensões
em qualquer plano.

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Círculo de Mohr

 Os pontos R e M representam as condições da tensão nos plano AD e AB,


respectivamente. O é o ponto de intersecção do eixo da tensão normal com a
linha RM. Este centro ocorre para um valor de tensão igual ao 𝜎𝑚é𝑑 .

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Círculo de Mohr

 O círculo traçado, tendo como centro o ponto O e raio OR, é o círculo de Mohr
para as condições de tensões consideradas.

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Círculo de Mohr

𝝈𝒚 − 𝝈𝒙 𝟐
 O raio deste círculo é igual a: 𝑹= + 𝝉𝒙𝒚 𝟐 = 𝝉𝒎á𝒙 𝒏𝒐 𝒑𝒍𝒂𝒏𝒐
𝟐

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Círculo de Mohr

 A tensão no plano EF pode ser determinada movendo-se um ângulo 2𝜃 na


direção anti-horária a partir do ponto M, ao longo da circunferência do círculo de
Mohr, para alcançar o ponto Q.

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Círculo de Mohr

 A abscissa e a ordenada do ponto Q, respectivamente, fornecem a tensão normal


𝜎𝑛 e a tensão de cisalhamento 𝜏𝑛 no plano EF.

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Círculo de Mohr

 Como as ordenadas dos pontos N e S são zero, elas representam as tensões nos
planos principais.

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Círculo de Mohr

 Identificado um plano pelo ângulo 𝛼 que forma com o plano principal maior, as
componentes da tensão atuante nesse plano são determinadas pela intersecção
da reta que passa pelo centro do círculo e forma um ângulo 2𝛼 com o eixo das
abscissas.

𝝈𝟏 − 𝝈𝟑
𝑹=
𝟐

𝝈𝟏 + 𝝈𝟑
𝑪: ,𝟎
𝟐

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Círculo de Mohr

 O mesmo ponto pode ser obtido pela intersecção com a circunferência da reta que,
partindo do ponto representativo da tensão principal menor, forma um ângulo 𝛼
com o eixo das abscissas.

𝝈𝟏 − 𝝈𝟑
𝑹=
𝟐

𝝈𝟏 + 𝝈𝟑
𝑪: ,𝟎
𝟐

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Coordenadas

Em face do que vimos, podemos definir as coordenadas de cada ponto.

Coordenadas do Centro: 𝑪 = 𝝈𝒎𝒆𝒅 , 𝟎

Coordenadas do Plano Principal Maior: 𝑷𝑷𝑴𝒂 = 𝝈𝟏 , 𝟎 𝒐𝒖 𝝈𝒎𝒆𝒅 + 𝑹, 𝟎

Coordenadas do Plano Principal Menor: 𝑷𝑷𝑴𝒆 = 𝝈𝟑 , 𝟎 𝒐𝒖 𝝈𝒎𝒆𝒅 − 𝑹, 𝟎

Coordenadas do Plano de 𝜏𝑚á𝑥 : 𝝉𝒎á𝒙 = 𝝈𝒎𝒆𝒅 , 𝑹

Coordenadas de um Plano Qualquer: 𝑷𝒏 = 𝝈𝒏 , 𝝉𝒏

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Procedimento Geral

As seguintes etapas devem ser observadas para construir e usar o círculo


de Mohr:

 Defina um sistema de coordenadas tal que a abscissa represente a tensão normal


como positiva para a direita e a ordenada represente a tensão de cisalhamento
como positiva para cima.
 Marque o centro do círculo C
 Marque o ponto de referência A cujas coordenadas são A(𝜎𝑥 , 𝜏𝑥𝑦 ). Esse ponto
representa as componentes de tensão normal e de cisalhamento sobre a face
vertical direita do elemento.
 Ligue o ponto A ao centro C do círculo e determine o raio por trigonometria.
 Uma vez determinado R, desenhe o círculo.

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Procedimento Geral

 A partir do raio que representa a direção horizontal do elemento solicitado,


marca-se o dobro do ângulo que caracteriza a seção considerada, no mesmo
sentido anti-horário de sua medição no elemento solicitado.

 A extremidade final do arco correspondente ao ângulo central “2𝜃” é o ponto de


representação, no círculo, da seção em destaque.

 Projetando-se este ponto sobre os eixos horizontal e vertical que caracterizam o


círculo de MOHR, obtém-se respectivamente a tensão normal σ e a tensão de
cisalhamento 𝜏 que atuam no ponto através da seção considerada.

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Consideração sobre o Círculo de Mohr

 A máxima tensão de cisalhamento ocorre em planos ortogonais entre si,


formando um ângulo de 45° com os planos principais.
 As tensões de cisalhamento em planos perpendiculares são iguais em módulo,
mas apresentam sinal contrário;
 Em dois planos formando o mesmo ângulo com o plano principal maior, mas
com sentido contrário, tem-se que as tensões normais são iguais e as tensões
cisalhantes são iguais em módulo, mas com sinais opostos;
 O círculo de Mohr é válido para representar tanto tensões totais como efetivas;
 Para que haja tensões cisalhantes deve haver diferença entre as tensões
principais;
 A normal a uma seção que se destacou através de um elemento solicitado é
representada no círculo de MOHR correspondente pelo raio que chega ao ponto
de representação dessa seção.

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Consideração sobre o Círculo de Mohr

EFEITO DA PRESSÃO NEUTRA NO ESTADO DE TENSÕES EM UM ELEMENTO DO


SOLO
O estado de tensões pode ser determinado tanto em termos de tensões
totais como de tensões efetivas. Ao considerar-se as tensões principais e a pressão
neutra, os dois círculos indicados podem ser construídos.

OBS 1 !

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Tensão de Cisalhamento Máxima Absoluta

Quando um ponto em um corpo está sujeito a um estado geral


tridimensional, um elemento de material tem uma componente de tensão normal e
duas componentes de tensão de cisalhamento que agem em cada uma de suas
faces.
Neste caso, também é possível determinar no ponto a orientação exclusiva
de um elemento sobre cujas faces ajam somente tensões principais.

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Tensão de Cisalhamento Máxima Absoluta

Se visualizarmos as tensões principais desse elemento através do plano


pode-se determinar os seguintes estados.

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Tensão de Cisalhamento Máxima Absoluta

Utilizando-se o círculo de Mohr pode-se determinar a tensão de


cisalhamento máxima para cada caso.

 Em função de quais tensões normais ocorre a tensão de cisalhamento máxima


absoluta ?

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Tensão de Cisalhamento Máxima Absoluta

A tensão de cisalhamento máxima absoluta é definida pelo círculo que tem


o maior raio, que ocorre para o elemento que considera as tensões máximas e
mínimas. No caso dos solos 𝝈𝟏 e 𝝈𝟑 .

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Exercícios

 Exercício 2. O estado plano de tensões de um elemento do solo é mostrado na


figura abaixo.
a) Trace o círculo de Mohr correspondente.
b) Determine as tensões principais e a orientação dos planos em que
ocorrem.
c) Determine a tensão de cisalhamento máxima e sua orientação.
d) Determine as tensões em um plano que forma um ângulo de 20° com o
plano horizontal do elemento.
120 kPa

38 kPa

96 kPa

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Resolução

𝜏 (𝑘𝑃𝑎)

𝜎 (𝑘𝑃𝑎)

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Exercícios

 Exercício 3. O estado plano de tensões de um elemento do solo é mostrado na


figura abaixo.
a) Trace o círculo de Mohr correspondente.
b) Determine as tensões principais e suas orientações em relação à direção
horizontal do elemento.
c) Encontre as tensões que atuam num plano que determina um ângulo de
30° com o plano principal maior.
240 kPa

100 kPa

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Resolução

𝜏 (𝑘𝑃𝑎)

𝜎 (𝑘𝑃𝑎)

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Exercícios

 Exercício 3. O estado plano de tensões de um elemento do solo é mostrado na


figura abaixo.
d) Determine a orientação em relação ao PPM do plano de tensão de
cisalhamento positiva em que a tensão normal é de 200 kPa e o valor dessa
tensão de cisalhamento.
e) Determine a orientação em relação ao PPM dos planos em que ocorre
tensão cisalhante de 35 kPa e as tensões normais nesses planos.
240 kPa

100 kPa

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Resolução

𝜏 (𝑘𝑃𝑎)

𝜎 (𝑘𝑃𝑎)

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Exercícios

 Exercício 3. O estado plano de tensões de um elemento do solo é mostrado na


figura abaixo.
f) Determine a máxima tensão de cisalhamento, a orientação o plano em que
ela ocorre em relação ao PPM e a tensão normal neste plano.

240 kPa

100 kPa

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Resolução

𝜏 (𝑘𝑃𝑎)

𝜎 (𝑘𝑃𝑎)

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Trajetória de Tensões

 O Círculo de Mohr é utilizado para representar o estado de tensões de um


elemento em certo instante.

 Entretanto, às vezes, é necessário representar a alteração de tensões sofrida por


um elemento de solo durante o carregamento (o Círculo de Mohr não é
adequado).

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Trajetória de Tensões

No diagrama representa-se
cada círculo de Mohr por apenas
um ponto de coordenadas (p, q),
permitindo representar mais
claramente diferentes estados de
tensões do solo durante um
carregamento.
Traça-se uma reta unindo
os pontos de tensões cisalhantes
máximas (q) e suas tensões normais
correspondentes (p). No eixo das
abscissas tem-se “p” e nas
ordenadas “q”. A curva que une os
pontos é denominada de trajetória
de tensões.

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Trajetória de Tensões

 Representação adotada por Lamb e Whitman (1979);

 Diagrama p:q

𝝈𝟏 + 𝝈𝟑 𝝈𝟏 − 𝝈𝟑
𝐩= 𝐪=
𝟐 𝟐

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Outros Exemplos de Trajetórias

i - 𝝈𝟑 constante e 𝝈𝟏 crescente;
ii - 𝝈𝟑 decrescente e 𝝈𝟏 constante;
iii - 𝝈𝟑 e 𝝈𝟏 crescentes de valores iguais;
iv - 𝝈𝟑 e 𝝈𝟏 crescentes em uma razão constante;

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Trajetória de Tensões

 Se as tensões principais atuarem nos planos vertical e horizontal , as equações


podem ser:

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Exercícios

Exercício 4. Marcar os seguintes pontos no diagrama p:q ou s:t

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Exercícios

Respostas:

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Exercícios

Exercício 5. Apresentar em um diagrama p:q as trajetórias de tensões para os


carregamentos abaixo.

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Exercícios

Respostas

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Resistência ao Cisalhamento dos Solos

A resistência ao cisalhamento de um solo pode ser definida como a


máxima tensão de cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura,
ou a tensão de cisalhamento do solo no plano de ruptura.

Excessivo movimento relativo


Ruptura em Solos de partículas. O solo não mais
suporta acréscimos de carga.

No caso do solo não apresentar ponto de ruptura definido, a ruptura é


definida a partir de uma deformação máxima admissível. A resistência ao
cisalhamento é definida como a tensão do solo para um nível suficientemente
grande de deformação que permite caracterizar condição de ruptura

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Resistência ao Cisalhamento dos Solos

Os parâmetros do solo relacionados com a sua resistência


ao cisalhamento são:

Coesão Atrito

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Atrito

 Resistência por atrito entre partículas de solo → analogia com problemas de


deslizamento de um corpo sólido sobre uma superfície plana

Se N é a força vertical transmitida pelo corpo, a força horizontal T


necessária para fazer o corpo deslizar deve ser superior a f x N, e f é o coeficiente de
atrito entre os dois materiais.
Existe, portanto a proporcionalidade entre a força tangencial e a força
normal.
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Atrito

 Resistência por atrito entre partículas de solo → analogia com problemas de


deslizamento de um corpo sólido sobre uma superfície plana

A explicação física para a relação proporcional entre T e N é o aumento na área de


contato entre as partículas com o aumento no esforço normal.

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Atrito

Essa relação também se escreve da seguinte forma:


𝑻 = 𝑵 × 𝐭𝐚𝐧 𝝓
𝜙, chamado de ângulo de atrito, é o ângulo formado pela resultante das
duas forças com a força normal.

Seja A = área de contato do corpo com a superfície.

𝑻 𝑵 𝝉 = 𝝈 × 𝐭𝐚𝐧 𝝓
𝝉= 𝒆 𝝈=
𝑨 𝑨
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Atrito

 Resistência por atrito entre partículas de solo → analogia com problemas de


deslizamento de um corpo sólido sobre uma superfície plana

O ângulo de atrito também pode ser entendido como o ângulo máximo


que a força transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano
de contato sem que ocorra deslizamento.
Atingido esse ângulo, a componente tangencial supera a resistência ao
deslizamento, que depende da componente normal.
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Atrito

O deslizamento também pode ser provocado pela inclinação


do plano de contato, que altera as componentes normal e tangencial
ao plano do peso próprio, atingindo, na situação-limite, a relação da
equação.

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Atrito

As experiências feitas com corpos sólidos mostram que o


coeficiente de atrito independe da área de contato e da força (ou
componente) normal aplicada. Assim, a resistência ao cisalhamento é
diretamente proporcional à tensão normal e pode ser representada
por uma linha reta.

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Resistência ao Cisalhamento

Pela teoria do atrito adesivo de Terzaghi na realidade, os esforços


resistentes entre os corpos não se distribuem uniformemente em toda a seção,
quando é analisada ao microscópico.
Como as superfícies são rugosas, os corpos tocam-se em pontos isolados
de contato cuja área (ac) é uma função do esforço normal (N) e da tensão necessária
para provocar escoamento plástico do material (qu).

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Resistência ao Cisalhamento

Em áreas reduzidas
Esforço Normal Elevadas
Tensões

Ligações entre Escoamento do


as Partículas Material

A resistência ao cisalhamento por atrito = tensão necessária para romper estas


ligações.
Sendo o atrito entre os grãos um problema complexo de deslizamento
envolvendo o encaixe (acomodação entre partículas) e o rolamento entre estas.

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Atrito nas Areias

Existe uma diferença entre as


forças transmitidas nos contatos entre
grãos de areia e entre grãos de argila.
Nas areias, geralmente as forças
transmitidas são suficientemente
grandes para expulsar a água da
superfície, de tal forma que os contatos
ocorrem realmente entre os grãos.

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Atrito nas Areias

Para as argilas, o número


de partículas é muitíssimo maior,
sendo a força transmitida em um
único contato, extremamente
reduzida.
Somado a isto, as argilas
possuem uma camada dupla
(água adsorvida).
As forças de contato não
são suficientes para remover esta
camada, e é esta a responsável
pela transmissão das forças, pelo
adensamento secundário das
argilas e causa a dependência da
Dessa forma, o atrito é mais pronunciado
resistência das argilas à velocidade
nas areias.
de carregamento.
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Coesão

É a atração química entre as partículas. Esta atração pode


provocar um acréscimo de resistência independente da tensão
normal atuante no plano.
A parcela de coesão para solos sedimentares, em geral, é
muito reduzida, perante a parcela de resistência devido ao atrito
entre os grãos.
Entretanto, existem solos cimentados naturalmente por
agentes diversos em que a coesão real possui valor significativo.

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Coesão

Coesão Real ≠ Coesão Aparente

 A coesão aparente é uma parcela da resistência ao cisalhamento de solos


úmidos, não saturados, devida à uma parcela de tensão resultante do efeito
capilar.

O nome aparente se dá devido ao


fato de não existir quando o solo
se encontra no estado saturado
ou seco.

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Coesão

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Coesão

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Coesão

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Coesão

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Critérios de Ruptura

Os critérios de ruptura são formulações que procuram refletir


as condições em que ocorre a ruptura dos materiais. Existem critérios
que estabelecem máximas tensões de compressão, tração,
cisalhamento ou as deformações máximas. Para os solos, a análise do
estado de tensões que provoca ruptura é o estado da resistência ao
cisalhamento dos solos.

Os critérios que melhor representam o comportamento dos solos são:

 Critério de Coulomb;
 Critério de Mohr;
 Critério de Mohr-Coulomb.

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O Critério de Coulomb

Pode ser expresso como: “não há ruptura se a tensão de cisalhamento não


ultrapassar um valor dado pela expressão: 𝝉 = 𝒄 + 𝒇 ∙ 𝝈, sendo c e f constantes do
material e 𝜎 a tensão normal existente no plano de cisalhamento”.

Os parâmetros c e 𝑓 são denominados, respectivamente, coesão e


coeficiente de atrito interno, que é expresso como a tangente de um ângulo
denominado ângulo de atrito interno.

O atrito interno do solo inclui: - o atrito físico entre as partículas e o atrito


fictício devido ao entrosamento de suas partículas. Já a coesão divide-se em: -
coesão aparente, resultante das pressões capilares da água contida nos solos e
coesão verdadeira proveniente das forças eletroquímicas de atração das partículas
de argila.

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O Critério de Coulomb

Os resultados das solicitações são plotados em um gráfico onde o eixo das


abscissas estão as tensões normais e no eixo das ordenadas as respectivas tensões
de cisalhamento na ruptura, para diversas solicitações, como mostra a figura. No
gráfico ‘c’ corresponde a coesão, ou seja, parcela de resistência ao cisalhamento
mesmo com tensão normal nula. Já o ângulo de atrito ‘𝜙’ é a corresponde a
inclinação da curva.

Para se traçar este gráfico, o solo é


ensaiado para diversas variações de
tensões normais e suas respectivas
resistências ao cisalhamento, obtendo-
se uma envoltória representativa do
material que obedece a expressão:

𝝉 = 𝒄 + 𝝈 𝐭𝐚𝐧 𝝓

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O Critério de Mohr

Pode ser expresso como: “não há ruptura enquanto o circulo representativo do


estado de tensões se encontrar no interior de uma curva, que é a envoltória dos
círculos relativos a estados de ruptura, observados experimentalmente para o
material sob diversas solicitações de tensões (cisalhantes e normais).

O estado de tensões atuantes em todos os planos passando por um ponto pode ser
representado graficamente circulo de Mohr.

Com os resultados de
várias solicitações, até a
ruptura, traçando-se os
vários círculos de Mohr em
um único gráfico, é possível
determinar a envoltória de
ruptura de Mohr.

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O Critério de Mohr

A figura abaixo representa a envoltória de Mohr, o círculo B


representa um estado de tensões em que não há ruptura, e o círculo
A, tangente à envoltória, indica um estado de tensões na ruptura.

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O Critério de Mohr

 Círculos abaixo desta envoltória são características de solicitações onde não há


ruptura;
 Círculos tangentes a envoltória, são indicativos de um estado de tensões de
ruptura;
 Círculos acima da envoltória são situações não atingidas para o solo
característico.

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O Critério de Mohr-Coulomb

Envoltórias curvas são de difícil aplicação. Por esta razão as envoltórias de


Mohr são frequentemente substituídas por retas que melhor se ajustam a
envoltória.
Este traçado deve respeitar as condições de solicitações de projeto. Neste
caso o coeficiente linear ‘c’ não tem mais sentido de coesão, passando a ser
considerado apenas como um intercepto de coesão.

Fazendo-se um
reta como a envoltória
de Mohr, seu critério
fica análogo ao de
Coulomb, justificando
a expressão ‘critério
de Mohr-Coulomb’,
muito empregado na
mecânica dos solos.

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O Critério de Mohr-Coulomb

Estes critérios não consideram a tensão principal intermediária (𝜎2 ). Ainda


assim refletem bem o comportamento dos solos, pois a experiência tem mostrado
que a tensão principal intermediária tem pequena influência na resistência dos
solos.

Os dois critérios
apontam para a importância
da tensão normal no plano de
ruptura. A ruptura ocorre no
plano em que estiver se
atingindo a envoltória de
Mohr-Coulomb, onde as
coordenadas apontam as
tensões normais e cisalhantes
na ruptura.

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O Critério de Mohr-Coulomb

Na figura abaixo ela ocorre no plano em que age a tensão normal indicada
pelo segmento AB e a tensão cisalhante BC, que é menor do que a tensão cisalhante
máxima, indicada pelo segmento DE.

Tensão cisalhante
na ruptura

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O Critério de Mohr-Coulomb

Comumente, a tensão cisalhante de ruptura é inferior a tensão máxima


de cisalhamento. No plano de máxima tensão cisalhante, a tensão normal
proporciona uma resistência maior do que a tensão cisalhante atuante.

Tensão cisalhante
na ruptura

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O Critério de Mohr-Coulomb

CONSIDERAÇÕES

 Quando o círculo de Mohr tangencia a envoltória – situação de ruptura iminente;

 Para que um estado de tensões seja possível em um determinado ponto no solo, o


círculo tem que estar contido sob a envoltória de resistência;

 O ponto de tangente define o plano de ruptura e as tensões sobre o mesmo. A


resistência ao cisalhamento do solo será igual a tensão cisalhante no ponto;

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O Critério de Mohr-Coulomb

A ruptura se dá quando a tensão cisalhante no plano de ruptura alcança o


valor da tensão cisalhante de ruptura do material, função da tensão normal neste
plano e independente da tensão principal intermediária (estado plano de tensões).
Este fato é semelhante ao representado por Mohr.

Tensão cisalhante
na ruptura

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O Critério de Mohr-Coulomb

O plano de ruptura forma um ângulo 𝜶 com o plano principal maior. Do


centro do círculo de Mohr (Ponto D), ao se traçar uma paralela à envoltória de
resistência, constata-se que o ângulo 2𝛼 é igual ao ângulo 𝜙 mais 90°.
Geometricamente chega-se à expressão:

𝜶 = 𝟒𝟓° + 𝝓Τ𝟐

Tensão cisalhante
na ruptura

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O Critério de Mohr-Coulomb

A partir do triângulo ACD, extraem-se também as seguintes expressões,


que são muito úteis:

𝜎1 − 𝜎3
sin 𝜙 =
𝜎1 + 𝜎3

1 + sin 𝜙
𝜎1 = 𝜎3
1 − sin 𝜙

Tensão cisalhante
2 sin 𝜙 na ruptura
(𝜎1 −𝜎3 ) = 𝜎3
1 − sin 𝜙

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O Critério de Mohr-Coulomb

ESTADOS DE TENSÕES FRENTE AOS CRITÉRIOS DE RUPTURA

 Estado I - A amostra de solo está submetida a uma pressão hidrostática (igual em


todas as direções). O estado de tensão deste solo é representado pelo ponto σ3 e
a tensão cisalhante é nula.

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O Critério de Mohr-Coulomb

ESTADOS DE TENSÕES FRENTE AOS CRITÉRIOS DE RUPTURA

 Estado II - O circulo de Mohr está inteiramente abaixo da envoltória. A tensão


cisalhante em qualquer plano é menor que a resistência ao cisalhamento do solo
(τ) para a mesma tensão normal. Não ocorre ruptura.

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O Critério de Mohr-Coulomb

ESTADOS DE TENSÕES FRENTE AOS CRITÉRIOS DE RUPTURA

 Estado III - O círculo de Mohr tangência a envoltória de ruptura. Neste caso


atingiu-se, em algum plano, a resistência ao cisalhamento do solo e ocorre a
ruptura. Esta condição ocorre em um plano inclinado a um ângulo "α critico" com
o plano onde atua a tensão principal maior.

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O Critério de Mohr-Coulomb

ESTADOS DE TENSÕES FRENTE AOS CRITÉRIOS DE RUPTURA

 Estado IV – O solo não consegue atingir esse estado de tensões.

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O Critério de Mohr-Coulomb

Em solos saturados, a tensão à que a parte sólida do solo está submetida é a tensão
efetiva:
𝝉 = 𝝈 − 𝒖 𝐭𝐚𝐧 𝝓′ + 𝒄′ = 𝝈′ 𝒕𝒂𝒏 𝝓′ + 𝒄′

As tensões de cisalhamento em qualquer plano são independentes da pressão neutra,


pois a água não transmitem esforços de cisalhamento. As tensões de cisalhamento
devem-se à diferenças entre as tensões principais, a qual é a mesma, tanto no estado
de tensões totais como efetivo.
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Ensaios para Avaliação da Resistência ao
Cisalhamento

Os principais ensaios empregados para este fim são:

 O ensaio de cisalhamento direto;


 O ensaio de compressão triaxial;

ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO


Consiste em determinar, sob uma força normal (N), o esforço tangencial (T)
capaz de provocar a ruptura sob um plano horizontal.

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Ensaio de Cisalhamento Direto

Baseado no critério de Coulomb. Este é conseguido por meio de uma caixa


de cisalhamento, onde metade do corpo de prova fica em uma parte fixa e a
superior em uma parte móvel da caixa. As tensões são calculadas pela relação entre
as forças aplicadas (P e T) e a área da seção transversal da amostra de solo (A).

𝑵 𝑻𝒎á𝒙
𝝈= 𝝉𝒎á𝒙 =
𝑨𝒓𝒖𝒑 𝑨𝒓𝒖𝒑

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Ensaio de Cisalhamento Direto

Neste ensaio são feitas medições


no deflectômetro (deslocamento no sentido
do cisalhamento) a medida que se varia T
(𝜏 ), na qual se identificam a tensão de
ruptura e a tensão residual que o solo
sustenta, após ultrapassado o estado de
ruptura.

O deslocamento vertical ( ∆ℎ )
também é registrado, indicando se houve
diminuição ou aumento de volume durante
o cisalhamento.

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Ensaio de Cisalhamento Direto

Em geral, o ensaio é realizado sob deformação horizontal controlada


(velocidade constante).
Por meio da realização de ensaios com diversas tensões normais, obtém-se
a envoltória de resistência, como na Figura abaixo.

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Ensaio de Cisalhamento Direto

O ensaio é muito prático, porém a análise do estado de tensões durante o


carregamento é bastante complexa. O plano horizontal, antes da aplicação da força
de cisalhamento, é o plano principal maior.
Com a aplicação das forças de cisalhamento, ocorre rotação dos planos
principais. As tensões só são conhecidas num plano. Por outro lado, ainda que se
imponha que a ruptura ocorra no plano horizontal, este cisalhamento pode ser
precedido de rupturas internas em outras direções.

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Ensaio de Cisalhamento Direto

Este ensaio não permite a determinação de deformabilidade do solo, nem


do módulo de cisalhamento, pois não se sabe a distorção.
O controle das condições de drenagem é difícil. Nas areias são feitos de
forma a possibilitar a dissipação das pressões neutras, sendo os resultados em
termos de tensões efetivas.
Nas argilas, pode-se realizar ensaios drenados (lentos) e não drenados
(rápidos para impossibilitar a saída da água dos vazios).

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Ensaio de Cisalhamento Direto

É um ensaio menos interessante, comparado ao triaxial. Entretanto, pela


sua simplicidade, é muito útil quando se deseja medir simplesmente a resistência
do solo, obtendo-se também sua resistência residual

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Ensaio de Cisalhamento Direto

VANTAGENS
 O ensaio não é caro além de simples, especialmente para solos granulares;
 Facilidade na moldagem de amostras de areia;
 Rapidez em solos permeáveis;
 Possibilidade de condição inundada;
 Mede-se a resistência residual.
DESVANTAGENS
 Análise complexa do estado de tensões devido à rotação dos planos
principais.
 Não permite a obtenção de parâmetros de deformabilidade;
 O plano de ruptura é imposto – pode não ser o de maior fraqueza;
 Restrições ao movimento nas bordas da amostra o que gera uma
heterogeneidade nas tensões horizontais;
 Não se medem pressões neutras;
 São lentos para solos de baixo coeficiente de permeabilidade.

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Ensaio de Compressão Triaxial

É baseado no critério de Mohr. É o mais versátil dos ensaios para


determinação da resistência ao cisalhamento dos solos.

Consiste na aplicação
de um estado hidrostático
de tensões e de um
carregamento axial sobre
um corpo de prova
cilíndrico do solo.

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Ensaio de Compressão Triaxial

O corpo de prova é colocado em uma câmara envolto por uma membrana


impermeável. A câmara é cheia de água, a qual se aplica uma tensão, que é
chamada de tensão confinante (𝝈𝒄 = 𝝈𝟑 ). Esta atua em todas as direções, inclusive
na vertical, gerando um estado hidrostático de tensões.

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Ensaio de Compressão Triaxial

O carregamento axial é feito através da aplicação de um esforço axial


controlado com de um pistão de carga que penetra na câmara (ensaio com carga
controlada) ou pelo movimento ascendente da câmara reagindo contra um pistão
estático (ensaio de deformação controlada).
A carga é medida por um anel dinamométrico ou célula de carga
intercalada no pistão.

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Ensaio de Compressão Triaxial

Como não existem tensões de cisalhamento nas bases e nas geratrizes do


corpo de prova, os planos horizontais e verticais são os planos principais, maior e
menor, respectivamente.

A tensão de confinamento é a
tensão principal menor (𝝈𝟑 ). A tensão
principal maior (𝝈𝟏 ) será a soma entre
esta tensão de confinamento (𝝈𝟑 ) e o
acréscimo de tensão axial ou tensão
desviadora.

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Ensaio de Compressão Triaxial

Durante o carregamento, em diversos intervalos de tempo, medem-se o


acréscimo de tensão axial que está atuando e a deformação vertical do corpo de
prova.
A deformação vertical é dividida pela altura inicial do corpo de prova,
dando origem à deformação vertical específica, em função da qual se expressam as
tensões desviadoras.

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Ensaio de Compressão Triaxial

As tensões desviadoras durante o carregamento axial permitem o traçado


dos círculos de Mohr correspondentes.
A tensão desviadora em função da deformação específica indica o valor
máximo, que corresponde à ruptura, a partir do qual fica definido o círculo de Mohr,
correspondente à situação de ruptura.

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Ensaio de Compressão Triaxial

Círculos de Mohr de ensaios feitos em outros corpos de prova permitem a


determinação da envoltória de resistência conforme o Critério de Mohr.

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Ensaio de Compressão Triaxial

Na base do corpo de prova e no cabeçote superior, são colocadas pedras


porosas, o que permite a drenagem através dessas peças, que são permeáveis. A
drenagem pode ser impedida com registros apropriados.
Se a drenagem for permitida e o corpo de prova estiver saturado, a
variação de volume do corpo de prova pode ser medida pela quantidade de água
que sai ou entra, por meio de buretas graduadas nas saídas da câmara.

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Ensaio de Compressão Triaxial

Para solos secos, a variação de volumes é conseguida com a colocação de


sensores acoplados ao corpo de prova, sendo mais precisos. Todavia, o seu emprego
não é muito comum.
Se a drenagem não for permitida, em qualquer fase do ensaio, a água
ficará sob pressão. As pressões neutras induzidas pelo carregamento podem ser
medidas por meio de transdutores nos tubos de drenagem.

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Tipos de Ensaios Triaxiais

Ensaio Adensado Drenado – Ensaio em que há permanente drenagem do corpo de


prova. Aplica-se a pressão confinante e espera-se que o corpo de prova adense, ou
seja, que a pressão neutra se dissipe.

A seguir, a tensão axial é aumentada lentamente, para que a água sob


pressão possa sair. Desta forma, a pressão neutra durante todo o carregamento é
praticamente nula, e as tensões totais aplicadas indicam as tensões efetivas.

É um ensaio lento que pode demorar 20 dias ou mais para o caso de


argilas, porém que pode ser realizado em poucos minutos para o caso de solos
permeáveis.

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Tipos de Ensaios Triaxiais

Ensaio Adensado Não Drenado – Ensaio no qual se aplica a pressão confinante e


deixa-se dissipar a pressão neutra correspondente. Assim o corpo de prova adensa
sob a pressão confinante.

A seguir, carrega-se axialmente sem drenagem. Ele é chamado também de


ensaio pré-adensado e indica a resistência não drenada em função da tensão de
adensamento.

Se as pressões neutras forem medidas, a resistência em termos de tensões


efetivas também é determinada, razão pela qual ele é muito empregado, pois
permite determinar a envoltória em um prazo muito menor.

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Tipos de Ensaios Triaxiais

Ensaio Não Adensado Não Drenado – Ensaio em que o corpo de prova é


submetido à pressão confinante e, a seguir, ao carregamento axial, sem que se
permita qualquer drenagem. O teor de umidade permanece constante, e, se o
corpo de prova estiver saturado, não haverá variação de volume.

O ensaio é geralmente interpretado em termos de tensões totais.

O ensaio é também chamado de ensaio rápido, por não requerer tempo


para a drenagem.

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Exercícios

Exemplo 1. Um ensaio triaxial adensado drenado foi realizado em uma argila


normalmente adensada. Os resultados são os seguintes.

 𝜎3 = 276 𝑘𝑁Τ𝑚2
 𝜎𝑑 − 𝑁𝑎 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 = 276 𝑘𝑁/𝑚²

Determine:
a) o ângulo de atrito 𝜙’;
b) o ângulo 𝜃 que o plano de ruptura faz com o plano principal maior;
c) a tensão normal, 𝜎 ′ , e a tensão de cisalhamento, 𝜏𝑓 , no plano de ruptura.

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𝜶 = 𝟒𝟓° + 𝝓Τ𝟐

𝝈𝟏 − 𝝈𝟑
𝐬𝐢𝐧 𝝓 =
𝝈𝟏 + 𝝈𝟑

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Exercícios

Exemplo 2. Para o ensaio triaxial descrito no Exemplo 1:

a) determine a tensão normal efetiva no plano de máxima tensão de


cisalhamento;
b) explique por que a ruptura por cisalhamento ocorreu ao longo do plano
com 𝜃 = 54,73° e não ao longo do plano de máxima tensão de
cisalhamento.

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𝜶 = 𝟒𝟓° + 𝝓Τ𝟐

𝝈𝟏 − 𝝈𝟑
𝐬𝐢𝐧 𝝓 =
𝝈𝟏 + 𝝈𝟑

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Obrigado !

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