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DOS SOLOS
APLICADA
Cleber Floriano
F635m Floriano, Cleber.
Mecânica dos solos aplicada / Cleber Floriano. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
263 p. : il. ; 22,5 cm.
ISBN 978-85-9502-064-1
CDU 624.131
Introdução
Neste capítulo, vamos introduzir o assunto sobre empuxos laterais no
solo. Faremos a determinação e o entendimento dos coeficientes de
empuxo em função da avaliação do estado de tensões plano e o círculo
de Mohr. Entenderemos o que é o estado de tensões geostático, bem
como desenvolveremos o raciocínio sobre como ocorre a mobilização
do estado ativo e passivo de Rankine. Por fim, de forma sucinta, cita-se
os possíveis métodos e relata-se a importância do atrito de interface
solo-estrutura.
σ’h0 = k0 × σ’v0
Onde:
k0 = 1 - senØ
onde:
Uma importante discussão que você deve fazer é se o coeficiente de empuxo é re-
presentativo para o dimensionamento da estrutura uma vez que ele determina a
magnitude dos empuxos laterais. Por exemplo, muros de concreto armado trabalham
a flexão, são dimensionados utilizando empuxos ativos. Mas para que mobilize os
empuxos ativos deve-se deformar a estrutura (sofrer flexão). O nível de deformação
atingido pela estrutura é compatível com o seu estado limite de serviço? Não haverá
abertura de fissuração no concreto?
Assim como fizemos para o estado ativo, agora vamos observar o estado
de tensões passivas com base no círculo de Mohr. Primeiro, consideramos o
círculo de Mohr no estado de repouso (tracejado), este representa a condição
do solo antes do muro ser construído. Notamos que nosso ponto de referên-
cia se encontra a uma profundidade que corresponde a uma tensão maior
vertical efetiva (σv’). A tensão menor é representada pela tensão horizontal
ao repouso (σho’). À medida que executamos o muro, passamos a mobilizar
as tensões até que atinja o estado crítico passivo, ou seja, a tensão horizontal
desloca-se (há uma compressão lateral com aumento do valor da tensão
horizontal efetiva) passando a ser a tensão horizontal crítica passiva (σhp’)
naquele estado de tensões, formatando, assim, o círculo passivo. Este círculo
tangencia o que chamamos de envoltória crítica (envoltória de ruptura). Em
verdade, isto representa o limite da condição de estabilidade mecânica na
compressão lateral. Notamos, portanto, que se forma uma reta interceptando
o eixo da tensão de cisalhamento, que corresponde a um intercepto coesivo
do solo (c), com ângulo definido e conhecido, que corresponde ao ângulo
de atrito interno do solo (Ø).
Você vai notar que, para qualquer estado de tensões (qualquer profundidade
- σv’), teremos na condição crítica ativa um círculo de Mohr que tangencia a
envoltória crítica, assim como ocorre no estado ativo.
dos, passando pela situação de repouso (intercepto no eixo K). Nota-se que
para mobilizar o estado ativo, a partir do estado de repouso, necessita-se de
deslocamentos muitos menores (δA) do que aqueles exigidos para mobilizar
o estado passivo (δP).
Médias aproximadas indicam que para o solo entrar em plastificação
no estado ativo, as deformações devem atingir valores da ordem de 0,2%
da altura da estrutura. Enquanto que para o solo entrar em plastificação no
estado passivo, as deformações são muito maiores, da ordem de 4% da altura
da estrutura solicitada.
Neste caso, entende-se por solos finos aqueles com predomínio de siltes ou
argilas, enquanto que os solos grossos são aqueles com predomínio de areias.
Quanto mais rugoso for o contato da estrutura com o solo, melhor será o desempenho
desta estrutura, pois, este atrito de contato é um vetor que aponta para baixo e contribui
com a estabilização ao tombamento e deslizamento do muro.
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