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MECÂNICA DOS SOLOS APLICADA

AULAS 04 e 05
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Planejamento da Aula
• Plasticidade e consistência dos solos
• Consistência dos solos
• Limites de consistência
• Limite de Liquidez
• Limite de Plasticidade
• Limite de Contração
• Índice de Plasticidade
• Gráfico de plasticidade
• Exercícios
• Principais sistemas de classificação geotécnica
• Sistema unificado de classificação (USC/ASTM)
Fontes de Consulta:

• PINTO, C.S. CURSO BÁSICO DE MECÂNICA DOS SOLOS. 3 ED.


SÃO PAULO: OFICINA DE TEXTOS, 2006.
• DAS, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. São Paulo:
Thomson. Learning, 2007. 560 p.
• CRAIG, R.F. Mecânica dos Solos. Rio de Janeiro, LTC, 2007.
• VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos.. São Paulo: Ed.
Universidade de São Paulo, 1977.
• CAPUTO, H.P. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. 1 ed. Rio de
Janeiro: Livro Técnico, 1967.
• TERZAGHI, K. Mecânica dos Solos na Prática da Engenharia. Rio
de Janeiro: Livro Técnico, 1962.
• L'HERMITE, Robert. Ao Pé do Muro. São Paulo: SENAI, 1978.
• Figuras: Prof. Dr. Romero César Gomes
• (Mestrado Profissional em Geotecnia – UFOP-MG)
Classificação dos Solos
Gráfico de Plasticidade de
Casagrande
PLASTICIDADE E CONSISTÊNCIA
DOS SOLOS
Consistência dos Solos

Plasticidade é a propriedade que os solos têm de


serem moldados, sob certas condições de umidade,
sem variação de volume e sem ruptura. Nas argilas,
esta é a propriedade mais importante.

Já a elasticidade, é a propriedade que os corpos


têm, de ao serem deformados, voltarem ao seu estado
inicial.
Em função da quantidade de água presente no solo,
pode-se ter vários estados de consistência, os quais, em
ordem decrescente de teor de umidade, são:

a - estado liquido: o solo apresenta as propriedades e a


aparência de uma suspensão e, portanto, não apresenta
nenhuma resistência ao cisalhamento;

b - estado plástico: no qual ele apresenta a propriedade de


plasticidade;

c - estado semi-sólido: o solo tem a aparência de um sólido,


entretanto, ainda passa por variações de volume, ao, ser
secado;

d - estado sólido: não ocorrem mais variações de volume,


peIa secagem do solo.
Fonte: livro “Ao Pé do Muro”
Limites de Consistência

A distribuição granulométrica por si só não


caracteriza bem o comportamento dos solos sob o
ponto de vista da engenharia (será visto na aula 4).
A fração fina dos solos tem uma importância muito
grande neste comportamento. Assim, os índices de
Atterberg são utilizados para identificar a influência
das partículas argilosas nos solos, baseados no
comportamento do solo na presença de água.
Os limites se baseiam na constatação de que um
solo argiloso ocorre com aspectos bem distintos
conforme seu teor de umidade.

Quando muito úmido, ele se comporta como um


líquido; quando perde parte de sua água, fica plástico,
e quando mais seco, torna-se quebradiço.
Os teores de umidade correspondentes às
mudanças de estado são definidos como Limite de
Liquidez (LL), Limite de Plasticidade (LP) e Limite de
Contração (LC).
A diferença entre o limite de liquidez e limite de
plasticidade, que indica a faixa de valores em que o
solo se apresenta plástico, é definida como Índice de
Plasticidade (IP).
Os LIMITES DE ATTERBERG

Permitem, não apenas


caracterizar o mapeamento do solo,
mas também fornecer as correções
a serem procedidas.

Caso o teor de umidade


seja inferior ao limite de
plasticidade, o material pode ser
considerado compactado e
oferecer resistência aos
escorregamentos. Quando o teor
de umidade natural for superior ao
limite de liquidez, o solo se escoa e
pode ser considerado como um
líquido viscoso.
Fonte: livro “Ao Pé do Muro”
Sendo a umidade do solo muito elevada, ele se
apresenta como um fluido denso, e se diz no estado
líquido.
À medida que evapora a água, ele se endurece
e, para um certo h (ou w) = LL (Limite de Liquidez),
perde sua capacidade de fluir, porém pode ser
moldado facilmente e conservar sua forma. O solo
encontra-se no estado plástico.
Ao continuar a perda de umidade, o estado
plástico desaparece até que, para h=LP (Limite de
Plasticidade), o solo se desmancha ao ser trabalhado.
Este é o estado semissólido.

Continuando a secagem, ocorre a passagem


gradual para o estado sólido. O limite entre os dois
estados é um teor de umidade
h = LC (Limite de Contração).

Estado sólido  não há variação de volume do solo com a


secagem;
Estado semi-sólido  verifica-se variação de volume com a
secagem;
Estado plástico  facilmente moldável;
Estado líquido  comportamento de um fluido denso.
Limite de Liquidez

O limite de liquidez é definido como o teor de


umidade do solo com o qual um ranhura nele feita
requer 25 golpes para se fechar, numa concha. A
determinação do LL é feita pelo aparelho Casagrande.

Importância prática: quanto maior for Limite de


Liquidez mais compressível é o solo e portanto, mais
sujeito a recalque
A técnica do ensaio no aparelho Casagrande
consiste em colocar na concha do aparelho uma
pasta de solo, que passou na peneira #40. Faz-se com
o cinzel uma ranhura e, em seguida, gira-se a
manivela, a razão de duas revoluções, pôr segundo,
fazendo com que a concha caia em queda livre e bata
contra a base do aparelho.
Conta-se o número de golpes para que a ranhura se
feche, numa extensão de 12 mm, e, em seguida,
determina-se o teor de umidade do solo. O processo é
repetido, para diferentes teores de umidade. Os valores
obtidos são lançados em um gráfico semi logarítmico
em que nas ordenadas se têm os teores de umidade e
nas abcissas o número de golpes.
Traça-se a reta média, que passa pôr esses pontos,
e determina-se o teor de umidade correspondente a 25
golpes, o qual corresponderá ao Limite de Liquidez do
solo. A Figura a seguir ilustra a forma de obtenção do
Limite de Liquidez.
Define-se então o gráfico umidade h (%) em função do
número de golpes (esc. Log).
• O Limite de Liquidez é igual ao teor de umidade correspondente
a 25 golpes.
• Para a sua determinação, deve-se realizar o ensaio até que se
tenha, no mínimo, 4 pontos, 2 acima e 2 abaixo de 25 golpes.
Teor de umidade (h) = Pa/Ps
LL – Teor de umidade que caracteriza a transição entre o estado
plástico e o estado líquido e virse-versa
Índice de Compressão X LL
Ensaios têm mostrado que quanto maior o
Limite de Liquidez (LL) mais compressível é o solo. E,
quanto mais compressível for o solo maior é a
tendência de sofrer recalque para um mesmo
carregamento, conforme dito anteriormente.
Sendo Cc o coeficiente de compressibilidade,
temos que:

Cc = 0,009 (LL – 10)


Limite de Plasticidade
O Limite de Plasticidade (LP) é definido como o
menor teor de umidade com o qual se consegue
moldar um cilindro de 3 mm de diâmetro e cerca de
10 cm de comprimento. Rolando-se o solo com a
palma da mão.
Limite de Contração
A determinação do Limite de Contração, teor de
umidade a partir do qual o solo não mais se contrai,
não obstante continue perdendo peso, é feita tendo em
vista que o índice de vazios da amostra é o mesmo,
quer quando ainda saturada (no momento em que
cessa a contração), quer estando completamente seca.
Na fórmula, o peso pode ser substituído pela massa
Índice de Plasticidade

Representa a quantidade de água a ser adicionada no


solo, para que este passe do estado plástico para a
estado líquido. É definido pela fórmula:

Este índice determina o caráter da plasticidade de um


solo, assim quanto maior o IP´, tanto mais plástico
será o solo.
Sabe-se que as argilas são tanto mais
compressíveis quanto maior for o IP.

Segundo Jekins, solos poderão ser classificados


em:

Fracamente plásticos 1 < IP ≤ 7


Medianamente plásticos 7 < IP ≤ 15
Altamente plásticos IP > 15
Gráfico De Plasticidade
A classificação de um solo, dentro de um destes
grupos, pode ser feita por meio do Gráfico de
Plasticidade.
Neste Gráfico, as abcissas representam o Limite
de Liquidez (LL), e as ordenadas o Índice de
Plasticidade (IP).
O gráfico está dividido em seis regiões, três delas
(argilas inorgânicas) acima da linha A e as outras (siltes
inorgânicos) abaixo.
O grupo ao qual pertence um solo dado é
determinado pelo nome da região que contém o ponto
de valor LL e LP do solo em questão.
EXERCÍCIOS
Exercícios 1

Exercício 1.1 - Classificar os solos finos a


partir dos seguintes dados:

a) LL = 80 e LP = 60
b) LL = 50 e LP = 10
c) LL = 70 e LP = 20
d) LL = 40 e LP = 15
e) LL = 20 e LP = 10
SOLUÇÃO:
a) LL = 80 e LP = 60  IP = LL – LP = 20
Silte inorgânico de alta compressibilidade

b) LL = 50 e LP = 10  IP = 40
Argila inorgânica de mediana plasticidade

c) LL = 70 e LP = 20  IP = 50
Argila inorgânica de alta plasticidade

d) LL = 40 e LP = 15  IP = 25
Argila inorgânica de mediana plasticidade

e) LL = 20 e LP = 10  IP = 10
Argila inorgânica de baixa plasticidade
Exercício 1.2- De acordo com os limites
fornecidos, classificar pelo gráfico as
seguintes argilas:

 Caulinita LL = 40 e LP=20

 Ilita LL = 90 e LP=55
SOLUÇÃO:

• Caulinita LL = 40 e LP=20  IP = LL – LP = 20
Argila inorgânica de mediana plasticidade

• Ilita LL = 90 e LP=55  IP = 35
Silte inorgânico de alta compressibilidade
Exercício 1.3
Na determinação do Limite de Liquidez de um solo, de acordo
com o Método Brasileiro NBR-6459, foram feitas cinco
determinações do número de golpes para que a ranhura se feche
com teores de umidade crescentes, tendo-se obtido os resultados
apresentados a seguir. Qual o Limite de Liquidez deste solo?
Com a mesma amostra foram feitas quatro
determinações do limite de plasticidade, de acordo
com o Método Brasileiro NBR-7180, tendo-se obtido
as seguintes umidades quando o cilindro com
diâmetro de 3mm se fragmentava ao ser moldado:
22,3%, 24,2%, 21,9% e 22,5%.

Qual o Limite de Plasticidade desse solo?


Qual o Índice de Plasticidade?
Solução:
Os teores de umidade são representados em função do
número de golpes para o fechamento das ranhuras, este em
escala logarítmica. Os resultados, assim representados,
ajustam-se bem a uma reta. Traçada esta reta, o limite de
liquidez é obtido, sendo definido como a umidade
correspondente a 25 golpes. No exemplo apresentado, isto
ocorre para uma umidade de 53,7%. Não se justifica muita
precisão, razão pela qual o valor registrado como resultado do
ensaio arredondado: LL=54%
A medida das quatro determinações do Limite
de Plasticidade é:
(22,3+24,2+21,8+22,5) / 4 = 22,7.

Como o resultado 24,2 se afasta da média mais


do que 5% de seu valor
[(24,2-22,7)/22,7=6,6%>5%], esse valor é
desconsiderado. A média dos três restantes
(22,3+21,8+22,5) / 3 =22,2 é adotada como resultado
do ensaio, pois todos os três não diferem da nova
média mais do que 5% dela (0,05*22,2=1,1).
Segundo recomendação da norma, o valor é
arredondado: LP=22%.
O Índice de Plasticidade é: IP=54-22=32%
Exercício 1.4
Considerando os índices de Atterberg médios da tabela a
seguir, estime qual das argilas, argila orgânica das baixadas
litorâneas ou a argila orgânica das várzeas quaternárias dos
rios, deve ser mais compressível, ou seja, apresentar maior
recalque para o mesmo carregamento.
Solução:
Ensaios tem mostrado que quanto maior o Limite de
Liquidez mais compressível é o solo. Pode-se prever,
portanto, que as argilas das baixadas litorâneas, com LL
da ordem de 120, são bem mais compressíveis que as das
várzeas ribeirinhas, com LL em torno de 70.
De acordo com a expressão empírica
proposta por Terzaghi, pode-se estimar que o índice de
compressão é de:
Cc = 0,009(120-10)=1,0 para as argilas marinhas e de
Cc é igual 0,009*(70-10)=0,54 para as argilas orgânicas
das várzeas quaternárias.
As argilas orgânicas das baixadas litorâneas
apresentam maior recalque, pois quanto maior o limite
de liquidez, mais compressível é o solo.
PRINCIPAIS SISTEMAS DE
CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA
SISTEMA UNIFICADO DE
CLASSIFICAÇÃO
(USC/ASTM)
Classificação dos Solos

Estabelecimento de critérios de
enquadramento dos solos em grupos em
função de características comuns e inferência
de comportamentos geotécnicos similares.
No âmbito da engenharia civil, os índices
empregados para a classificação dos solos
são geralmente a Composição Granulométrica
e os Limites de Atterberg.
Classificação Unificada
(Sistema Unificado de Classificação dos Solos – SUCS
ou U.S.C)

Neste sistema, os solos são classificados em


3 grupos:
 Solos Grossos: aqueles cujo diâmetro da maioria
dos grão é maior que 0,0747 mm (mais que 50% em
peso dos seus grão são retidos na peneira de nº
200). Neste grupo estão os pedregulho e solos
pedregulhosos ou arenosos com pequenas
quantidades de material fino (silte ou argila).
Classificação Unificada

 Solos Finos: aqueles cujo diâmetro da maioria


absoluta dos grãos é menor que 0,074 mm. (silte e
argilas).

 Turfas: Solos Altamente orgânicos, geralmente


fibrilares e extremamente compressíveis.
Solo Orgânico

Os solos orgânicos são compostos de matéria


orgânica, ou seja, formados através da decomposição
de vegetais, animais e microrganismos.
O húmus, responsável pela fertilidade do solo, é o
nome dado a matéria orgânica de coloração escura
que fica depositada nesse tipo de solo através das
condições aeróbicas, ou seja quando há presença de
oxigênio, por exemplo, nos animais vertebrados e
invertebrados.
Por sua vez, a turfa é o nome dado à matéria orgânica
formada por processos anaeróbicos, que ocorrem com
a ausência de oxigênio, por exemplo, os fungos e
bactérias. É o solo mais apropriado para o
desenvolvimento de plantas, sendo muito utilizado na
agricultura. A turfa é um material de origem vegetal,
parcialmente decomposto, encontrado em camadas,
geralmente em regiões pantanosas e também sob
montanhas (turfa de altitude).
Fonte: RMMG - Figura modificada de BYJU’S
Classificação Unificada
Neste sistema, todos os solos são identificados
pelo conjunto de 2 letras. As seis letras da esquerda
indicam o tipo principal de solos e as quatro da direita
correspondem a dados complementares dos solos.
Assim, por exemplo, SW corresponde a areia bem
graduada e CH, argila de alta compressibilidade.
Classificação Unificada(Primária)
Gráfico de Plasticidade (Solos Finos)
Como já visto, a análise granulométrica não
caracteriza os solos finos, sendo necessária a
utilização dos Índices de Consistência para indicar o
comportamento deste tipo de solo. Assim, notou-se
que colocando o IP do solo em função do LL num
gráfico, os solos de comportamento argiloso se fazem
representar por um ponto acima de uma reta inclinada,
denominada Linha A. Solos orgânicos, ainda que
argilosos, e solos siltosos são representados por
pontos localizados abaixo da Linha A.
Gráfico de Plasticidade
Gráfico de Plasticidade

A linha A tem por equação da reta:

IP = 0,73.(LL – 20)

Que no seu trecho inicial é substituída por uma faixa


horizontal correspondente a IP 4 a 7.

Assim para a classificação destes solos, basta a


localização do ponto correspondente ao par de
valores LL e IP.
Gráfico de Plasticidade (Solos Finos)
A característica complementar dos solos finos é a
compressibilidade, sendo que, quanto maior o Limite
de Liquidez de um solo, maior sua compressibilidade.
Assim solos de alta compressibilidade (H) tem LL > 50
e de baixa compressibilidade (L), LL < 50.
Assim, os solos finos podem ser:

CH, OH, MH = alta compressibilidade


CL, OL, ML = baixa compressibilidade

Consideram-se de granulometria:

• Muito uniforme os solo com Cu < 5

• Uniforme média os solo com 5 < Cu < 15



• Desuniforme os solo com Cu > 15

Parâmetros Granulométricos dos Solos
Diâmetro Efetivo (D10): Esse parâmetro é o diâmetro
na curva de distribuição do tamanho das partículas
correspondente a 10% mais fino (ou 10% que passa na
peneira e 90% que fica retido). Este parâmetro fornece
uma indicação sobre a permeabilidade das areias
usadas em filtro, além de permitir, de uma forma geral,
estimar a condutividade hidráulica e a drenagem
através do solo.

D60: correspondente a 60% mais fino (ou 60% que


passa na peneira e 40% que fica retido).
Granulometria dos solos (agregados)
Curva Granulométrica
Coeficiente de não uniformidade

Coeficiente de curvatura

( )² , ²
. , .

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