Você está na página 1de 99

1

3 UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

4 FACULDADE DE ENGENHARIA

5 Departamento de Engenharia Civil

10

11 Jacinto António Lopes

12

13

14

15

16 USO DE FERRAMENTAS GIS E DE SIMULAÇÃO HIDRÁULICA PARA


17 MODELAÇÃO E ANÁLISE DE PRESSÃO EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE
18 ÁGUA
19 Caso de estudo: Bairro São João, Distrito Urbano do Hoji Ya Henda
20

21

22

23

24

25

26

27 Luanda

28 2022
29

30

31

32 Jacinto António Lopes

33

34

35

36

37 USO DE FERRAMENTAS GIS E DE SIMULAÇÃO HIDRÁULICA PARA


38 MODELAÇÃO E ANÁLISE DE PRESSÃO EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE DE
39 ÁGUA
40 Caso de estudo: Bairro São João, Distrito Urbano do Hoji Ya Henda
41

42

43

44

45 Trabalho de fim do curso apresentado à


46 Faculadade de Engenhara da Universiadade
47 Agostinho Neto como parte dos requisitos
48 para obtenção do titulo de licenciado em
49 Engenharia Civil.

50 Orientador: Prof. Dr. Divaldo Domingos da


51 Silva.

52

53

54

55

56

57 Luanda

58 2022

1 I
2
59 AGRADECIMENTOS
60
61 À Deus pela saúde, pois sem isso nem um passo sequer seria dado.
62
63 À minha família pelo apoio incondicional e por vitalizarem as minhas ambições
64 de forma persistente.
65
66 Nenhum esforço, sacrifício, dedicação ou paciência da minha parte durante a
67 realização deste trabalho, poderão ser comparados aos da minha querida e
68 admirável irmã Josefa Armando, que investiu todo pouco que tinha para tornar a
69 minha licenciatura numa realidade, o meu muito obrigado.
70
71 Aos meus colegas e irmãos da Geração Inédita, por amenizarem uma
72 caminhada que ao ser trilhada sozinho, certamente tornar-se-ia pesada demais.
73
74 Foi grande a amabilidade da minha amiga Mariquinha, meu sobrinho Natalino
75 Camuto e do meu grande amigo Menezes Cassoma, disponibilizarem-me seus
76 computadores nos momentos que tanto precisei, o meu muito obrigado à vocês.
77
78 Ao Engenheiro Ladislau de Barros que resolveu definitivamente o meu
79 problema da falta de computador, o meu muito obrigado.
80
81 Ao meu orientador, Prof. Doutor Divaldo Domingos da Silva, cujo surgimento foi
82 uma dádiva para mim, quão grande a sua dedicação e paciência, sou bastante grato
83 por isso e pela sua disponibilidade, ensinamentos e conselhos passados de forma
84 tão agradável.
85
86 À todos os meus amigos, pelas palavras de motivação e conforto.
87
88

89

3 II
4
90 RESUMO
91
92 No presente Trabalho de Fim do Curso para obtenção do grau de licenciado
93 em Engenharia Civil, se discute o comportamento das pressões existentes na rede
94 de distribuição de água do Distrito Urbano do Hoji Ya Henda recorrendo a
95 ferramenta de análise geoespacial ArcGIS e de modelação e análise hidráulica
96 WaterGEMS V8i, e consequentemente se discute a gestão dessas pressões pela
97 introdução de VRP’s na rede, valendo-se da mesma ferramenta de modelação e
98 análise hidráulica.
99
100 Como área de estudo foi identificado o Bairro São João, interior ao Distrito
101 referenciado, na província de Luanda, Angola. De modo a se obter uma análise mais
102 abrangente, fez-se necessário analisar o comportamento da rede total que abastece
103 a área de influência do CD Cazenga, do qual a rede do Bairro São João faz parte. A
104 metodologia usada foi o levantamento de dados partindo pela contagem das
105 residências da área através de imagens satélite, levantamento topográfico assistido
106 por computador e traçado da rede, com recurso à ferramenta ArcGIS. Da quantidade
107 de residências contadas multiplicado pelo número de pessoas por agregado
108 residencial resultou a população da área de estudo, que serviu para estimativa da
109 demanda total da área. Seguidamente com recurso a ferramenta WaterGEMS V8i
110 criou-se um modelo da rede com base nos dados levantados e procedeu-se o seu
111 dimensionamento, análise hidráulica e gestão das pressões da mesma.
112
113 Os principais resultados encotrados foram os 124938 habitantes da área de
114 influência do CD Cazenga pela contagem com recurso a ferramenta ArcGIS e
115 consequentemente a densidade populacional de 202 habitantes por hectares. Para o
116 caudal de dimensionamento da rede foi estimado um valor de 0.45 litros por
117 segundos considerando apenas a categoria de consumo doméstico.
118
119 A topografia da área foi caracterizada por cotas altimétricas variando entre 29 à
120 82 metros costactando-se que esta correspondia a um plano inclinado, favorecendo
121 o abastecimento por gravidade apartir de um reservatório elevado. Os resultados
122 obtidos no traçado da rede foram 60 NÓS, 39 Malhas, 115 Trechos com um total de

5 III
6
123 39722.41 metros de comprimento. Do dimensionamento feito com apoio do
124 WaterGEMS V8i resultaram velocidades variando entre 0.02 à 1.42 metros por
125 segundo, caudais nos Trechos variando entre 1.01 à 113.97 litros por segundo,
126 pressões nos NÓS de consumo variando entre 31 à 82 metros de colunas de água,
127 e da redução da pressão pela instalação de VRP’s foi possível manter na rede as
128 pressões mínima e máxima de 33 e 60 metros de colunas de água respectivamente.
129
130 Palavras Chave: Rede de distribuição de água. Gestão de Pressão. Simulação
131 hidráulica. WaterGEMS.

7 IV
8
132 ABSTRACT
133

134 In this End of Course Work to obtain a degree in Civil Engineering, the behavior
135 of existing pressures in the water distribution network of the Urban District of Hoji Ya
136 Henda is discussed using the ArcGIS geospatial analysis tool and hydraulic modeling
137 and analysis WaterGEMS V8i, and consequently the management of these pres-
138 sures through the introduction of VRP's in the network, using the same hydraulic
139 modeling and analysis tool, is discussed.
140

141 As a study area, São João was identified, inside the referred District, in the
142 province of Luanda, Angola. In order to obtain a more comprehensive analysis, it was
143 necessary to analyze the behavior of the total network that supplies the area of influ-
144 ence of CD Cazenga, of which the network of Bairro São João is part. The methodol-
145 ogy used was the collection of data starting by counting the residences in the area
146 through satellite images, computer-assisted topographic survey and network tracing,
147 using the ArcGIS tool. The number of counted homes multiplied by the number of
148 people per household resulted in the population of the study area, which served to
149 estimate the total demand for the area. Then, using the WaterGEMS V8i tool, a
150 model of the network was created based on the data collected and its dimensioning,
151 hydraulic analysis and pressure management were carried out.

152
153 The main results found were the 124938 inhabitants of the CD Cazenga area of
154 influence by counting using the ArcGIS tool and consequently the population density
155 of 202 inhabitants per hectare. For the network dimensioning flow, a value of 0.45
156 liters per second was estimated considering only the domestic consumption cate-
157 gory.
158
159 The topography of the area was characterized by altimetric elevations ranging
160 from 29 to 82 meters, assuming that this corresponded to an inclined plane, favoring
161 gravity supply from an elevated reservoir. The results obtained in the network layout
162 were 60 knots, 39 meshes, 115 stretches with a total length of 39722.41 meters. The
163 design made with the support of the WaterGEMS V8i resulted in speeds ranging from

9 V
10
164 0.02 to 1.42 meters per second, flow rates in the Sections ranging from 1.01 to
165 113.97 liters per second, pressures in the consumption nodes ranging from 31 to 82
166 meters of water columns, and the reduction of the pressure by installing VRP's, it was
167 possible to maintain the minimum and maximum pressures of 33 and 60 m.c.a re-
168 spectively.
169

170 Keywords: Water distribution network. Pressure Management. Hydraulic simulation.


171 WaterGEMS
172
173

11 VI
12
174 ÍNDICE DE FIGURAS
175
176 Figura 2.1 - Unidades de um sistema de abastecimento de água. Fonte: Magalhães
177 et al. (2004)................................................................................................................21
178 Figura 2.2 - Exemplo de uma rede ramificada. Fonte: Adaptado de Tsutiya (2006)..30
179 Figura 2.3 - Exemplo de rede classificada como malhada. Fonte: Adaptado de
180 Tutsiya (2006)............................................................................................................31
181 Figura 2.4 - Exemplo de uma rede mista. Fonte: Rei (2019).....................................31
182 Figura 2-5 - Faseamento do desenvolvimento de um modelo. Fonte: Coelho et al.
183 (2006)........................................................................................................................ 34
184 Figura 2.6 - Descrição da tela ArcMap. Fonte: Rubert (2011).................................41
185 Figura 2.7 - Esquema da sectorização de um sistema para atender diversas zonas
186 de pressão. Fonte: Tsutiya (2006).............................................................................45
187 Figura 3.1 - Critério de velocidades máximas. Fonte: Adaptado de Coelho et al.
188 (2006)........................................................................................................................ 64
189 Figura 3.2 - Diferentes tipos de válvulas redutoras de pressão (VRP): da esquerda
190 para a direita, VRP controlada por mola, VRP controlada por pistão e VRP
191 controlada por diafragma. Fonte: Ramos et al. (2004)..............................................68
192 Figura 3.3 - Modo genérico de funcionamento de uma válvula redutora de pressão
193 do tipo convencional. Fonte: Ramos et al. (2004).....................................................69
194 Figura 4.1 -Mapa de localização do Bairro São Jõao. Fonte: Elaboração própria.....71
195 Figura 4.2 - Mapa temático das áreas de influências dos centros de distribuição que
196 abastecem o distrito urbano do Hoji Ya Henda. Fonte: Elaboração própria..............72
197 Figura 4.3 - Mapa temático da contagem das residências com recurso ao ArcGIS.
198 Fonte: Elaboração própia...........................................................................................74
199 Figura 4.4 - Mapa topográfico da área de estudo. Fonte: Elaboração própia............76
200 Figura 4.5 - Mapa temático da rede cadastrada do distrito urbano Hoji Ya Henda.
201 Fonte: Adaptado da rede cadastrada de abastecimento de água do município de
202 Cazenga elaborado pela EPAL..................................................................................78
203 Figura 4.6 - Resultado do traçado da rede com base na rede existente a partir do
204 ArcGIS. Fonte: Elaboração própria............................................................................79
205 Figura 4.7 - Mapa das áreas de influência reajustadas e cálculadas através do
206 ArcGIS. Fonte: Elaboração própria............................................................................81

13 VII
14
207 Figura 4.8 - Caudais calculados com o apoio do WaterGEMS V8i considerando
208 diâmetros iguais à 200mm para todas as tubulações. Fonte: Elaboração própria.. . .84
209 Figura 4.9 - Diâmetros da rede da área de estudo determinados representados
210 através da codificação de cores. Fonte: Elaboração própria.....................................86
211 Figura 4.10 - Pressões existentes nos NÓS da rede. Fonte: Elaboração própria.....90
212 Figura 4.11 - Perfís traçados na rede para análise das pressões. Fonte: Elaboração
213 própria........................................................................................................................91
214 Figura 4.12 - Gráfico do comportamento das pressões na rede em função das
215 características do terreno para o perfíl (a). Fonte: Elaboração própria.....................91
216 Figura 4.13 - Gráfico do comportamento das pressões na rede em função das
217 características do terreno para o perfíl (b). Fonte: Elaboração própria.....................92
218 Figura 4.14 - Resultado das pressões após a Instalação das VRP’s na rede. Fonte:
219 Elaboração própria.................................................................................................... 93
220 Figura 4.15 - Comparação das pressões na rede antes e depois da instalação das
221 VRP’s no perfil (a). Fonte: Elaboração própria..........................................................94
222 Figura 4.16 - Comparação das pressões na rede antes e depois da instalação das
223 VRP’s no perfil (b). Fonte: Elaboração própria..........................................................94
224
225

15 VIII
16
226 ÍNDICE DE TABELAS
227
228 Tabela 3.1 - Valores de consumo per capita. Fonte: PDGML Etapa 2D (2014).......41
229 Tabela 3.2 - Coeficiente do dia de maior consumo (K1). Fonte: Tsutiya (2006)........42
230 Tabela 3.3 - Coeficiente da hora de maior consumo (K2). Fonte: Tsutiya (2006).....43
231 Tabela 3.4 - Dados básicos para modelação de um NÓ. Fonte: Adaptado de Bentley
232 WaterGEMS V8i User’s Guide...................................................................................47
233 Tabela 3.5 - Dados básicos para modelação de tubulações. Fonte: Adaptado de
234 Bentley WaterGEMS V8i User’s Guide......................................................................47
235 Tabela 3.6 - Dados básicos para a modelação de RNV. Fonte: Adaptado de Bentley
236 WaterGEMS V8i User’s Guide...................................................................................48
237 Tabela 3.7 - Valores do coeficiente C para a fórmula de Hazen-Williams. Fonte:
238 Azevedo Netto et al. (1998).......................................................................................50
239 Tabela 3.8 - Dados básicos para a modelação de uma VRP. Fonte: Adaptado
240 Bentley WaterGEMS V8i User’s Guide......................................................................57
241 Tabela 4.1 - Resultados da densidade populacional. Fonte: Elaboração própria......62
242 Tabela 4.2 - Resumo do cálculo do caudal específico. Fonte: Elaboração própria.. .68
243 Tabela 4.3 - Resumo do cálculo dos caudais concentrados nos nós. Fonte:
244 Elaboração própria.................................................................................................... 70
245 Tabela 4.4 - Definição dos dados básicos dos principais elementos do modelo da
246 rede. Fonte: Elaboração própria................................................................................71
247 Tabela 4.5 - Caudal máximo determinado a partir da velocidade máxima
248 recomendada. Fonte: Elaboração Própria.................................................................73
249 Tabela 4.6 - Caudais e velocidades resultantes do cálculo feito com base nos novos
250 diâmetros. Fonte: Elaboração própria........................................................................75
251

17 IX
18
252 ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS

253 CAD – Computer-Aided Design


254 CD – Centro de Distribuição
255 DN – Diâmetro Nominal
256 EPAL – Empresa Pública de Águas
257 ESRI – Environmental Systems Research Institute
258 ETA – Estação de Tratamento de Água
259 GPS – Global Positioning System
260 ID – Número de Identificação
261 INE – Instituto Nacional de Estatística
262 PDF – Portable Document Format
263 PDGML – Plano Director Geral Metropolitano de Luanda
264 PVC – Policloreto de Vinilo
265 RNF – Reservatório de Nível Fixo
266 RNV – Reservatório de Nível Variável
267 SIG – Sistema de Informação Geográfica
268 SPA – Simulação em Período Alargado
269 TIFF – Tag Image File Format
270 TIN – Rede Irregular Triangulada
271 VPR – Válvula Redutora de Pressão
272 ZMC – Zona de medição de controlo
273 ZGP – Zona de Gestão de Pressão
274

275

19 X
20
276 ÍNDICE DE EQUAÇÕES
277
278 Equação 1..................................................................................................................39
279 Equação 2..................................................................................................................42
280 Equação 3..................................................................................................................47
281 Equação 4..................................................................................................................51
282 Equação 5..................................................................................................................51
283 Equação 6..................................................................................................................52
284

21 XI
22
285
286 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................14

287 1.1 Problemática.................................................................................................16

288 1.2 Enquadramento do Tema.............................................................................16

289 1.3 Objectivo geral..............................................................................................17

290 1.4 Objectivos específicos..................................................................................17

291 1.5 Tarefas da pesquisa.....................................................................................14

292 1.6 Estrutura do trabalho....................................................................................14

293 2 ESTUDO DA ARTE............................................................................................15

294 2.1 Sistema de abastecimento de água – Visão geral........................................15

295 2.1.1 Partes de um sistema de abastecimento de água.................................15

296 2.2 Estudo demográfico na concepção de sistemas de abastecimento de água


297 15

298 2.3 Estudo topográfico na cocepção de sistemas de abastecimento de água...16

299 2.4 Traçado e comportamento de redes de distribuição de água.......................17

300 2.5 Caudais e consumos num sistema de abastecimento de água....................19

301 2.6 Modelos de simulação hidráulica..................................................................21

302 2.6.1 Ferramentas de simulação hidráulica....................................................23

303 2.6.2 Dados necessários para a construção do modelo.................................24

304 2.6.3 Aplicações dos modelos de Simulação..................................................25

305 2.6.4 O uso do SIG na criação dos modelos de simulação............................26

306 2.6.4.1 Caracterização do ArcGIS...............................................................27

307 2.7 Dimensionamento de redes de distribuição de água....................................30

308 2.8 Gestão de pressão nas redes de distribuição de água.................................31

309 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................36

310 3.1 Introdução.....................................................................................................36

311 3.2 Densidade demográfica pelo método da modelagem estatística.................36

23 XII
24
312 3.3 Levantamento topográfico assistido por computador...................................37

313 3.4 Traçado da rede a partir de um SIG.............................................................38

314 3.5 Determinação dos caudais...........................................................................41

315 3.5.1 Determinação do caudal específico.......................................................41

316 3.5.2 Caudais concentrados nos NÓS............................................................44

317 3.6 Contrução do modelo da rede pelo WaterGEMS V8i...................................46

318 3.7 Dimensionamento da rede com o apoio de software de simulação hidráulica


319 51

320 3.8 Gestão de pressão na rede com a instalação de VRP’s..............................55

321 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................59

322 4.1 Caracterização da área de estudo................................................................59

323 4.2 Resultado do estudo demográfico da área de estudo..................................61

324 4.3 Resultado do levantamento topográfico da área de estudo.........................63

325 4.4 Resultado do traçado da rede da área de estudo.........................................64

326 4.5 Resultado dos caudais da rede da área de estudo......................................68

327 4.5.1 Resultado do caudal específico.............................................................68

328 4.5.2 Resultado dos caudais concentrados nos NÓS.....................................68

329 4.6 Resultado da construção do modelo da rede da área de estudo pelo


330 WaterGEMS V8i.....................................................................................................71

331 4.7 Resultado do dimensionamento da rede da área de estudo........................72

332 4.8 Resultado da gestão das pressões com a instalação de VRP’s...................80

333 5 CONCLUSÕES...................................................................................................83

334 6 RECOMENDAÇÕES..........................................................................................84

335 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................85

336
337

25 XIII
26
27

338 1 INTRODUÇÃO
339 A água é sem dúvidas o recurso natural de primeira necessidade do homem e
340 de extrema importância para a manutenção da vida humana, tal que o seu acesso é
341 consagrado pelas Nações Unidas, como um direito humano fundamental para a
342 redução da pobreza e para o desenvolvimento sustentável. O melhor
343 aproveitamento desse recurso passa necessariamente pela sua gestão
344 racionalizada, permintindo uma distribuição quantitativa e qualitativa, essa gestão
345 recionalizada remete a humanidade ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de
346 medidas que permitam tal proeza.
347
348 O sistema de abastecimento representa uma das soluções de abastecimento
349 de água para uma determinada comunidade, e é definida como o conjunto de obras,
350 instalações e serviços, destinados a produzir e distribuir água a uma comunidade,
351 em quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades da população, para
352 fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros. Um
353 sistema de abastecimento de água eficiente, apresenta-se assim como um factor de
354 desenvolvimento para as comunidades, esse desenvolvimento evidencia-se sob o
355 ponto de vista econômico, a medida que aumenta produtividade do indivíduo, quer
356 pelo aumento da vida quer pela redução do tempo perdido com a doença, facilita a
357 instalação de indústrias, inclusive de turismo, o que permite o aumento de postos de
358 emprego e consequentemente ao maior progresso das comunidades e facilita o
359 combate ao incêndio (Magalhães et al., 2004).
360
361 O estudo das deficiênças a nível de infra-estruturas em Angola e em particular
362 em Luanda, é uma actividade cuja sua melhor compreesão, remete-nos a uma
363 análise da sua situação a esse nível durante e depois do seu período colonial.
364
365 O desenvolvimento da cidade de Luanda na sua fase embrionária, isto é, no
366 início da sua fundação em 1576, não podia ocorrer sem a presença importante da
367 água, e nessa altura as fontes de abastecimento de água estavam limitadas a
368 riachos e poços que terão servido a cidade durante anos (EPAL, Boletim Informativo,
369 2013). Em função do incremento do comércio e do aumento populacional era vital
370 que se arranjassem soluções para o problema do abastecimento de água potável,

28 14
29
30

371 tanto para o comércio e indústria como, também, para a satisfação das
372 necessidades básicas da população. Uma das soluções encontradas pela
373 Administração Colonial, foi o transporte de água por adução. Em 1885, iniciou-se a
374 construção do que foi designado Sistema 0, que abasteceu a cidade durante 64
375 anos (1889 – 1953) com a capacidade de 6000 m3/dia (Jacinto, 2012) .
376
377 No tocante à expansão demográfica, entre 1881 e 1898 a população de
378 Luanda passou de 11172 para 28000 habitantes (Amaral, 1983). Jacinto (2012)
379 considera que este aumento populacional teve reflexos no consumo de água, e por
380 conseguinte a capacidade do Sistema 0 tornou-se insuficiente para responder a
381 demanda populacional, por isso, o problema do abastecimento do precioso líquido
382 foi-se tornando cada vez mais insuficiente ano após ano.
383
384 Em 1953 entrou em funcionamento o Sistema I com uma capacidade diária de
385 60000 m³/dia, captando água no rio Bengo (EPAL, Boletim Informativo, 2013). O
386 sistema I atendeu a uma população que até o ano de 1960 era estimado por Amaral
387 (1983) em 224540 habitantes. Em 1971 entrou em funcionamento o Sistema II
388 transportando 70000 m³/ dia de água já tratada de Kifangondo até Luanda, por
389 intermédio de um adutor de 1200 mm. Neste ano, com os dois sistemas a funcionar
390 (I e II) a adução de água a Luanda passou a ter uma capacidade de 130000 m³ /dia
391 para uma população total estimada em 504604 habitantes. Em 1987 criou-se o
392 sistema do Kikuxi que captava água do rio Cuanza. Os três sistemas de distribuição
393 de água (I, II e Kikuxi) eram e continuam a ser geridos pela EPAL. Estes sistemas
394 possuíam uma capacidade total nominal de abastecimento de água à Grande
395 Luanda que atingia cerca de 215000 m3/dia mas, nos anos 1989, 1990 e 1991, não
396 foi possível fornecer mais do que cerca de 50000 m3/dia para uma população de
397 cerca de 1544000 habitantes (Jacinto, 2012).
398
399 Em virtude dos investimentos do Governo no sector das águas na província de
400 Luanda, iniciou-se 1998 a edificação, de forma faseada, do Sistema III que
401 compreendeu três fases de implementação, sendo que a primeira fase ficou
402 concluída em 2000, a segunda em 2002 e a terceira e última fase em 2008 (EPAL,
403 Boletim Informativo, 2013). De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros

31 15
32
33

404 n.º10/04 de 11 de Junho (citado por Jacinto, 2012) com a implementação deste
405 sistema foi possível uma produção em torno dos 356000 m 3/dia no ano de 2004
406 atendendo a uma população estimada em 4000000 de habitantes. Portanto, o rápido
407 crescimento verificado em Luanda, durante e após a Guerra Civil, resultou em
408 sistemas de infra-estruturas que se encontram significativamente subdimensionados
409 e embora se verifiquem e existam uma série de melhorias e reforços dos sistemas
410 de adução das infra-estruturas a decorrer e planeados, é necessária uma
411 abordagem integrada entre os diversos serviços de infra-estruturas, de forma a
412 assegurar que Luanda beneficia plenamente dos mesmos (PDGML Etapa 2D, 2014).
413
414 Segundo o relatório da EPAL sobre a caracterização de abastecimento de água
415 à cidade de Luanda do período de 06 à 12 de Setembro de 2021, o sistema actual
416 de abastecimento de água de Luanda conta com 14 estações de tratamento de
417 água, com uma capacidade de produção nominal de 690874 m 3/dia. Embora isso
418 represente um esforço em tentar contrariar a situação da falta de água, esse volume
419 de água tem se mostrado insuficiente para atender a uma população actual
420 estimada pelo INE em 9079811 habitantes.
421
422 1.1 Problemática
423 A carência no abastecimento de água no Bairro São João, deve-se a:
424  Insuficiência na produção da água para abastecer as populações da cidade
425 Luanda, face ao crescimento exponecial destas nas últimas décadas;
426  Insuficiência da rede de abastecimento de água do bairro face a expansão
427 territorial do bairro nas últimas décadas.
428

34 16
35
36

429 1.2 Enquadramento do Tema


430 De acordo com Alegre et al. (2005), o bom funcionamento de qualquer sistema
431 de distribuição de água pressupõe que os consumidores tenham continuamente à
432 sua disposição, nos locais de consumo, água potável em quantidade suficiente, à
433 pressão adequada e com o menor custo possível e para que tal seja possível é
434 necessário que as infra-estruturas existentes sejam adequadas, que os recursos
435 naturais disponíveis sejam racionalmente utilizados e que este conjunto seja gerido
436 com eficácia e sustentabilidade.
437
438 Nos dias actuais o conhecimento das populações das zonas de influência nos
439 bairros urbanos das nossas cidades incontornavelmete devem passar pela utilização
440 das ferramentas de análise geoespaciais. De igual forma a modelação para o
441 conhecimento do comportamento de pressões nas redes de abastecimento de água
442 dos bairros periurbanos e suburbanos de Luanda devem ser feitos com recurso a
443 ferramentas de simulação hidráulica no sentido de se encontrarem alternativas aos
444 problemas de pressões (altas e baixas) que tem sido um dos principais obstáculo na
445 gestão das infra-estruturas do abastecimento de água.
446
447 Do exposto acima, torna-se claro que, embora o sistema de abastecimento de
448 água se apresente como uma boa solução para o abastecimento às comunidades, o
449 seu funcionamento eficiente está a mercê da boa gestão da mesma, e é nesse
450 contexto de gestão da rede de modo a obter o seu eficiente funcionamento que se
451 enquadra o presente trabalho.
452
453 1.3 Objectivo geral
454 Modelar e analisar o comportamento das pressões na rede de distribuição de
455 água do Bairro São João no Distrito Urbano do Hoji Ya Henda.
456

37 17
38
39

457 1.4 Objectivos específicos


458  Revisar diversas bibliografias relacionadas à Hidráulica, de modo generalizar
459 o sistema de abastecimento de água e seus componentes, bem como a
460 apresentar os métodos usados para o seu dimensionamento;
461  Revisar diversas bibliografias relacionadas à modelação e análise de
462 sistemas de abastecimento de água;
463  Fundamentar teoricamente os procedimentos usados para a realização do
464 levantamento dos dados da área de estudo através do uso da ferramenta de
465 análise geoespacial ArcGIS;
466  Fundamentar teoricamente os procedimentos usados para a modelação da
467 rede da área de estudo usando a ferramenta de modelação e simulação
468 WaterGEMS V8i;
469  Analisar o comportamento das pressões da rede.
470
471 1.5 Tarefas da pesquisa
472  Estudar a generalidade do sistema de abastecimento de água e seus
473 componentes, assim como os métodos usados para dar resposta ao
474 dimensionamento de rede de abastecimento de água;
475  Estudar diversos métodos de modelação e análise de sistemas de
476 abastecimento de água existentes na literatura para serem aplicados no
477 âmbito do presente trabalho;
478  Levantar em campo os principais indicadores para serem usados na solução
479 nos problemas de modelação e análise do comportamento das pressões na
480 rede de abastecimento de água do Bairro São João, distrito urbano do Hoji
481 Ya Yenda;
482  Obter os dados necessários para a modelação da rede de abastecimento de
483 água(traçado da rede, caudais nos nós, elevação dos nós, caracerísticas do
484 reservatório, etc.) do Bairro São João, distrito urbano do Hoji Ya Yenda;
485  Estudar as variáveis geoespaciais e hidráulicas da rede actual.
486

40 18
41
42

487 1.6 Estrutura do trabalho


488 Este trabalho de fim do curso está estruturado em quatro capítulos
489 fundamentais nomeadamente:
490  Capitulo I - Introdução: Faz-se uma introdução sobre a problemática do
491 sistema de abastecimento de água em Luanda, faz-se o enquadramento do
492 tema, definem-se os objectivos (geral e especificos) e faz-se a estruturação
493 do mesmo;
494  Capitulo II - Estudo da Arte: Aborda-se teoricamente sobre a generalidade
495 do abastecimento de água e dos estudos referentes a sua concepção,
496 aborda-se ainda sobre os modelos de simulação hidráulica, o
497 dimensionamento de redes distribuição de água e a gestão de pressão nas
498 redes de distribuição de água;
499  Capitulo III - Fundamentação Teórica: Descrevem-se os procedimentos
500 usados para o levantamento dos dados da rede pelo ArcGIS e ferramentas
501 auxiliares e descrevem-se os procedimentos para a constução do modelo
502 da rede pelo WaterGEMS V8i bem como o seu dimensionamento e gestão
503 de pressão;
504  Capitulo IV - Resultados e Discussões: Faz-se a caracterização da área
505 do caso de estudo, apresentam-se os resultados do levantamento de dados,
506 da modelação, dimensionamento e comportamento da rede em termos de
507 pressões e fazem-se discussões em torno dos resultados encontrados.
508
509 2 ESTUDO DA ARTE
510 2.1 Sistema de abastecimento de água – Visão geral
511 Como definição o sistema de abastecimento de água constitui-se no conjunto
512 de obras, instalações e serviços, destinados a produzir e distribuir água a uma
513 comunidade, em quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades da
514 população, para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e
515 outros usos (Magalhães et al., 2004).
516
517 Para a implementação de um sistema de abstecimento de água, faz-se
518 necessária a elaboração de estudos e projectos com vista a definição das obras a
519 serem empreendidas. Essas obras deverão ter a sua capacidade determinada não

43 19
44
45

520 somente para as necessidades actuais, mas também para o atendimento futuro da
521 comunidade, prevendo-se a construção por etapas. O período de atendimento das
522 obras projectadas, também chamado de alcance do plano, varia normalmente entre
523 10 a 30 anos (Netto et al., 2005).
524
525 2.1.1 Partes de um sistema de abastecimento de água
526 De acordo com Magalhães et al. (2004) um sistema de abastecimento de água
527 é composto das seguintes unidades: manancial, captação, condutas adutoras (água
528 bruta e água tratada), estação de tratamento de água, reservatório, estação
529 elevatória e rede de distribuição, como se pode observar na Figura 2.1.
530
531
532

46 20
47
48

533
534 Figura 2.1 - Unidades de um sistema de abastecimento de água. Fonte: Magalhães et al. (2004).
535
536 a) Manancial
537 É a fonte de onde se retira a água com condições sanitárias adequadas e caudal
538 suficiente para atender à demanda. De maneira geral os mananciais são
539 classificados quanto a origem em manancial superficial e manancial subterrâneo, na
540 sua escollha deve-se levar em consideração a qualidade da água, o consumo actual
541 provável, bem como a previsão de crescimento da comunidade e a sua capacidade
542 ou não de satisfazer a este consumo (Magalhães et al., 2004).
543

49 21
50
51

544 b) Captação
545 As obras de captação são aquelas realizadas com o intuito de recolher a água
546 natural proveniente dos mananciais (superficial ou subterrâneo). Uma terceira
547 alternativa poderá também ser utilizada e que consiste no aproveitamento das águas
548 pluviais, as quais podem ser recolhidas em telhados e/ou superfícies preparadas
549 para o efeito e posteriormente encaminhadas para cisternas/reservatórios
550 destinados ao abastecimento de pequenas comunidades. O tipo de captação varia
551 conforme as condições locais, hidrológicas, topográficas e, no caso das águas
552 subterrâneas, também segundo condições hidrogeológicas. A captação é a primeira
553 fase de um sistema de abastecimento de água, e o seu constante e bom
554 funcionamento depende do desempenho de todas as fases subsequentes (Vilas-
555 Boas, 2008).
556
557 c) Estação elevatória
558 É o conjunto de obras e equipamentos destinados a recalcar a água para a
559 unidade seguinte. Em sistemas de abastecimento de água, geralmente há várias
560 estações elevatórias, tanto para o recalque de água bruta, como para o recalque de
561 água tratada. Quanto a sua classificação, ela pode ser classificada de acordo a
562 natureza da água que transporta, sendo denominada de estação elevatória de água
563 bruta quando recalca água bruta, e denominada de estação elevatória de água
564 tratada quando recalca água tratada. As elevatórias utilizadas para o reforço na
565 adução ou na rede de distribuição é normalmente denominada “booster” ou estação
566 pressurizada (quando é utilizada para aumentar pressão). De acordo com a
567 instalação da bomba, as elevatórias podem ser classificadas em elevatórias de poço
568 seco e estações elevatórias de poço úmido. A classificação de seco ou úmido refere-
569 se à localização da bomba, quando a bomba se localiza fora da água é denominada
570 de poço seco, caso contrário, de poço úmido. Os principais componentes de uma
571 estação elevatória são (Tsutiya, 2006):
572  Equipamento electro-mecânico
573 - Bomba;
574 - Motor.
575  Tubulações
576 - Sucção;

52 22
53
54

577 - Barrilete;
578 - Recalque.
579  Construção civil
580 - Poço de sucção;
581 - Casa de bomba.
582
583 d) Adutora
584 Canalização que se destina a conduzir água entre as unidades do sistema de
585 abastecimento de água que precedem a rede de distribuição. A tubulação que deriva
586 de uma adutora indo alimentar outros pontos do sistema ou conduzindo água entre
587 reservatórios, é chamada subadutora (Netto et al., 2005).
588
589 De acordo com Magalhães et al. (2004), as adutoras são classificadas da
590 seguinte maneira:
591  Quanto à natureza da água transportada:
592 - Adutoras de água bruta: tubulações que transportam a água sem
593 tratamento;
594 - Adutoras de água tratada: tubulações que transportam a água tratada.
595  Quanto à energia para a movimentação da água:
596 - Adutora por gravidade: aquelas que transportam a água de uma cota
597 mais elevada para a cota mais baixa;
598 - Adutora por recalque: aquelas que transportam a água de um ponto para
599 outro com cota mais elevada, através de estações elevatórias;
600 - Adutoras mista: compostas de Trechos por recalque e de Trechos por
601 gravidade.
602
603 e) Estação de tratamento de água
604 É a unidade do sistema responsável pelo enquadramento da água a ser
605 fornecida à população nos padrões de potabilidade (Souza, 2007). O tratamento de
606 água consiste em melhorar suas características organolépticas, físicas, químicas e
607 bacteriológicas, a fim de que se torne adequada ao consumo humano. As águas de
608 superfície são as que mais necessitam de tratamento, porque se apresentam com
609 qualidades físicas e bacteriológicas impróprias, com exceção das águas de

55 23
56
57

610 nascentes que, com uma simples proteção das cabeceiras e cloração, podem ser,
611 muitas vezes, consumidas sem perigo (Magalhães et al., 2004).
612
613 Os processos de tratamento de água são muito variados, podendo-se efectuar
614 uma simples correcção química e desinfecção, como acontece frequentemente nas
615 águas subterrâneas captadas. Em contrapartida, no caso de se recorrer a águas
616 superficiais para abastecimento, o tratamento destas pode implicar complexos
617 conjuntos de processos de tratamento como: coagulação, clarificação, filtração,
618 correcção química e desinfecção (Vilas-Boas, 2008)

58 24
59
60

619
620 f) Reservatório
621 São unidades do sistema destinadas a compensar as variações horárias de
622 caudal (Netto et al., 2005). A necessidade do uso dos reservatórios para
623 armazenamento no sistema resulta da impossibilidade económica das adutoras
624 serem
625 projectadas para garantirem o abastecimento em qualquer circunstância de
626 funcionamento, e suas principais finalidades são (Vilas-Boas, 2008):
627  Regularização entre os caudais transportados pela adução e os caudais
628 distribuídos ao longo da rede;
629  Constituição de uma reserva a ser utilizada em situações de carácter
630 extraordinário (acidentes na captação, avarias em condutas, cortes de
631 energia, substituição de bombas, ou situações de combate a incêndios);
632  Homogenização de características da água distribuída quando a qualidade
633 da água na origem é variável;
634  Equilíbrio de pressões nas redes de distribuição (manter pressão mínima ou
635 constante na rede);
636  Regularização do funcionamento das bombagens, no caso do reservatório
637 estar associado a uma estação elevatória.
638
639 Os reservatórios são classificados segundo os seguintes aspectos:
640  Função:
641 - reservatórios de distribuição;
642 - reservatórios de regularização.
643

61 25
62
63

644  Disposição altimétrica no terreno:


645 - Enterrados;
646 - Semi-enterrados;
647 - Apoiados;
648 - Elevados.
649  Localização em relação ao sistema abastecedor:

650 - Reservatórios de origem (rede recebe os caudais para a distribuição


651 somente a partir deste reservatório);
652 - Reservatórios de extremidade (ficam dispostos na extremidade da rede,
653 recebendo caudais através desta e cedendo-os a outro(s) reservatório(s)
654 ou novamente á rede de distribuição).
655  Forma:
656 - Circular;
657 - Elíptica;
658 - Quadrada;
659 - Rectangular.
660  Número de células (é desejável a divisão do reservatório em duas ou mais
661 células para ser possível o faseamento da sua construção, segurança
662 perante avarias e limpeza faseada);
663  Capacidade
664  Materiais Construtivos utilizados (betão armado ou pré-esforçado, alvenaria,
665 aço e outros).
666
667 g) Rede de distribuição
668 É a unidade do sistema que conduz a água para os pontos de consumo
669 (prédios, indústrias, etc.). É constituída de um conjunto de tubulações e peças
670 especiais dispostas convenientemente, a fim de garantir o abastecimento dos
671 consumidores de forma contínua nas quantidade e pressão recomendadas (Netto et
672 al., 2005).
673 As redes podem ser classificadas nos seguintes grupos (Silva, 2007):
674  De acordo com o traçado:
675 - Ramificada;
676 - Malhada
64 26
65
66

677 - Mista
678  De acordo com o número de zonas de pressão:
679 - Zona única;
680 - Múltiplas zonas.
681

682 2.2 Estudo demográfico na concepção de sistemas de abastecimento de água


683 A população a ser abastecida corresponde ao crescimento demográfico em um
684 certo número de anos. A esse período de tempo, chama-se período de projecto ou
685 plano de projecto, ou ainda, horizonte de projecto. Podendo variar entre 20 a 30
686 anos, sendo comum adoptar-se o período de 20 anos. Para o estudo da projecção
687 populacional dos municípios e distritos, a serem utilizados no projecto de sistemas
688 de abastecimento de água, devem ser levados em consideração os seguintes
689 aspectos (Tsutiya, 2006):
690  Qualidade das informações que servirão de base a projecção populacional;
691  Efeito do tamanho da área, pois em geral, para áreas pequenas os erros
692 esperados numa projecção populacional são maiores;
693  Compatibilização das diversas projecções realizadas, para diferentes níveis
694 geográficos.
695
696 Dentre os vários métodos aplicáveis para a projecção da população, destacam-
697 se: os métodos dos componentes demográficos, métodos matemáticos, método
698 aritmético, método geométrico, método da curva logística e o método da
699 extrapolação gráfica.
700
701 Conforme o autor supracitado, os dados de elevada importância a serem
702 considerados na elaboração de projecções de população são os dados do município
703 e distritos dos últimos quatro censos demográficos, quanto à população residente
704 urbana e rural e número de habitantes por habitação ocupados. Com os dados
705 censitários e a população do momento, inferida através das variáveis sintomáticas
706 (ligações de água, luz, imposto predial), a projecção da população deve ser feita
707 utilizando o método que melhor se ajuste aos dados levantados.
708

67 27
68
69

709 Os recenseamentos são motivados pela necessidade de informações


710 demográficas para planejamento de políticas públicas a médio e longo prazo, o que
711 não impede que os dados obtidos sejam utilizados em uma ampla variedade de
712 análises. Entretanto, variáveis censitárias possuem algumas limitações relacionadas
713 à escala, tanto espacial quanto temporal, que comprometem sua utilização em
714 algumas aplicações. Muitas áreas de aplicação da informação demográfica
715 requerem dados em escala espacial e/ou temporal mais detalhada do que as
716 disponibilizadas pelos censos. Essas informações podem ser estimadas através de
717 modelos demográficos. Portanto, os modelos demográficos para estimativa em
718 pequenas áreas possuem maior aplicação na área de projeções populacionais.
719 Como alternativa, diversos métodos de estimativa populacional foram propostos na
720 literatura de geoprocessamento e sensoriamento remoto, cuja classificação se divide
721 em duas grandes categorias (França, 2012):
722  Interpolação zonal;
723  Modelagem estatística (por regressão).
724
725 De acordo com França (2012), a interpolação zonal é tradicionalmente utilizada
726 como solução para a transferência de valores de uma variável entre diferentes
727 conjuntos de unidades espaciais, e, para tanto pode ou não fazer uso de dados
728 auxiliares. Já a modelagem estatística busca estabelecer uma estimativa com base
729 na relação entre população e outras variáveis, utilizando obrigatoriamente
730 informações auxiliares.
731
732 2.3 Estudo topográfico na cocepção de sistemas de abastecimento de água
733 A topografia é destacada por Tsutiya (2006) como uma das principais
734 características físicas necessária para a concepção de sistema de abastecimento de
735 água, e que, de acordo com as condições topográficas, a localização da fonte em
736 relação à rede e ao tanque de armazenamento, podem surgir diversas formas de
737 abastecimento de água à rede de água potável.
738
739 A Topografia resulta do estudo e representação de uma pequena porção da
740 superfície terrestre em escala adequada, por meio de informações quantitativas:
741 ângulos, distâncias, cotas, desníveis e análise de informações qualitativas: o que

70 28
71
72

742 pode existir em certo lugar. O relevo da superfície terrestre é uma feição contínua e
743 tridimensional. As curvas de nível são a forma mais tradicional para a representação
744 do relevo e podem ser definidas como linhas que unem pontos com a mesma cota
745 ou altitude, sendo que quanto mais próximas entre si, mais inclinado é o terreno que
746 representam. Elas podem ser classificadas em curvas mestras ou principais e
747 secundárias. As mestras são representadas com traços diferentes das demais (mais
748 espessos, por exemplo), sendo todas numeradas. As curvas secundárias
749 complementam as informações (Veiga et al., 2012).
750
751 Actualmente é possível conjugar o uso de um programa para cálculo
752 topográfico e um programa CAD. Alguns programas de Topografia têm seu CAD
753 próprio, outros trabalham em conjunto com um CAD específico, como o AUTOCAD.
754 Com a utilização de um CAD para a elaboração do desenho ganha-se em tempo e
755 qualidade. A elaboração do desenho de forma tradicional é muito demorada.
756 Desenho com esquadros e transferidores, a elaboração de texto, entre outros, faz
757 com que o processo seja bastante lento, além disto, neste caso é fundamental para
758 um bom produto final que o desenhador tenha habilidade para este fim. Desenhos
759 em CAD requerem que o desenhador tenha conhecimento do programa e a
760 qualidade do produto final dependerá, entre outras coisas, da capacidade do
761 desenhador em explorar as ferramentas disponíveis (Veiga et al., 2012).
762
763 2.4 Traçado e comportamento de redes de distribuição de água
764 As tubulações que formam uma rede de distribuição podem ser classificadas
765 como principais ou secundárias. Denominam-se principais aquelas de maior
766 diâmetro reponsáveis pela alimentação das tubulações secundárias, sendo as
767 secundárias aquelas de menor diâmetro encarregados do abastecimento directo aos
768 prédios a serem atendidos pelo sistema (Netto et al., 2005).
769
770 A rede é classificada como ramificada quando o abastecimento se faz a partir
771 de uma tubulação principal, alimentada por um reservatório ou através de uma
772 estação elevatória, e a distribuição da água é feita directamente para as tubulações
773 secundárias, sendo conhecido o sentido do caudal em qualquer Trecho, e malhada,
774 quando as tubulações principais formam anéis ou blocos, de modo que, pode-se

73 29
74
75

775 abastecer qualquer ponto do sistema por mais de um caminho, o que permite uma
776 maior flexibilidade em satisfazer a demanda e manutenção da rede, com o mínimo
777 de interrupção no fornecimento de água a rede. Ao verificar-se a junção da rede
778 ramificada com a rede malhada, numa mesma rede de distribuição de água a rede
779 será classificada como mista (Tsutiya, 2006).
780
781 De acordo com o autor supracitado, na rede ramificada, um acidente que
782 interrompa o escoamento em uma tubulação, faz comprometer todo o abastecimento
783 nas tubulações situadas a jusante da mesma. Portanto, a adoção de ramificada é
784 recomendada somente em casos em que a topografia e os pontos a serem
785 abastecidos não permitam o traçado como rede malhada. Nas condições em que a
786 distribuição da urbanização não permitir que se empregue a solução de redes
787 ramificadas usam-se a distribuição em forma de Clauster.
788
789 Na Error: Reference source not found2.2 apresenta-se o exemplo de uma rede
790 ramificada, onde a tubulação principal está representada com a cor azul, as
791 tubulações secundárias com a cor verde e os nós da rede pela cor castanha,
792 observando-se que as cetas que indicam o sentido de escoamento dos caudais têm
793 sentido único. A Figura 2.3 mostra o exemplo da rede classificada como malhada
794 com as codificações das cores iguais a da Figura 2.2, onde se pode obervar que as
795 redes principais formam um total de quatro malhas e o sentido de escoamento dos
796 caudais faz-se em mais de um caminho para atingir os nós da rede. Na Figura 2.4
797 apresenta-se o exemplo de uma rede mista.
798
799

Figura 2.2 - Exemplo de uma rede ramificada. Fonte: Adaptado de Tsutiya (2006).

76 30
77
78

800

801

Figura 2.3 - Exemplo de rede classificada como malhada. Fonte: Adaptado de Tutsiya
(2006).

802
803 Figura 2.4 - Exemplo de uma rede mista. Fonte: Rei (2019).
804
805 2.5 Caudais e consumos num sistema de abastecimento de água
806 A quantidade de água que é destinada a cada habitante para consumo,
807 considerando todo o consumo de serviços e perdas físicas no sistema, em um dia
808 médio anual é definido como consumo per capita (Téran, 2013).
809

79 31
80
81

810 No sistema de abastecimento de água, a quantidade de água consumida varia


811 continuamente em função do tempo, das condições climáticas, hábitos da
812 população, etc. As variações do consumo de água podem ser anuais, mensais,
813 diárias, horárias e instantâneas, sendo as variações diárias e horárias os mais
814 importantes para o dimensionamento e operação dos sistemas de abastecimento de
815 água. O coeficiente K1 representa a razão entre o maior consumo diário verificado no
816 período de um ano e o consumo médio diário neste mesmo período, considerando-
817 se sempre as mesmas ligações. Já o coeficiente K2 representa a razão entre o maior
818 caudal horário observado num dia e o caudal médio horário do mesmo dia (Netto et
819 al., 2005).
820
821 As solicitações a um sistema de abastecimento de água são os consumos de
822 água por parte dos diversos grupos de utilizadores e as perdas físicas de água que
823 ocorrem no conjunto de condutas e restantes componentes. O consumo de água
824 numa rede de distribuição inclui o consumo humano – doméstico, comercial,
825 industrial, as utilizações públicas de água para rega de espaços verdes ou lavagem
826 de ruas, e as restantes utilizações autorizadas, bem como eventuais utilizações não
827 autorizadas e as perdas de água devidas a fugas, roturas e extravasamentos.
828 Existem várias formas de determinar esses consumos, das quais se referem como
829 mais comuns as seguintes (Coelho et al., 2006):
830  Por macro-medição, ou medição directa dos volumes de água fornecida à rede
831 através de grupos elevatórios, reservatórios e/ou condutas adutoras;
832  Por micro-medição, ou medição dos volumes de água utilizados nos pontos de
833 consumo (através da leitura de hidrômetros);
834  Por estimação, com base no tipo de ocupação urbanística, no número de
835 habitantes servidos, nas indústrias abastecidas, no estado de conservação da
836 rede, etc.
837
838 O medidor instalado na saída do reservatório fornece o volume consumido a
839 cada hora ou outro intervalo de tempo escolhido para medida. Alguns modelos
840 fornecem o gráfico tempo-caudal, que permitirá conhecer não só o consumo médio
841 per capita, mas também, os coeficientes de variação de caudal. Neste caso, se
842 dividirmos os volumes consumidos pelo número de economias ou número de

82 32
83
84

843 habitantes, obtém-se o consumo per capita por economia ou consumo per capita por
844 habitante. Nestes consumos incluem-se todos os tipos de consumidores, inclusive
845 os grandes consumidores (Tsutiya, 2006).
846
847 A medição dos caudais captados, produzidos, aduzidos e armazenados
848 (incluindo os importados e exportados) pelo sistema, bem como dos caudais
849 entrados ou saídos em cada sector de distribuição ou zona de medição e controlo é
850 essencial para o cálculo adequado dos balanços hídricos (consumos do sistema de
851 abastecimento de água) (Coelho et al., 2006).
852
853 2.6 Modelos de simulação hidráulica
854 As redes de distribuição caracterizam-se por serem infra-estruturas tipicamente
855 enterradas e não visitáveis. As deficiências existentes não são por isso facilmente
856 detectáveis de forma directa. Muitas vezes a entidade gestora apercebe-se de que
857 alguma coisa não está bem através de sintomas exteriores tais como a falta de
858 pressão, a falta de água, elevados volumes de perdas, surgimento de água à
859 superfície do terreno, coloração ou turvação da água. A caracterização e o
860 diagnóstico detalhado da situação exigem o uso de instrumentos de apoio. Os
861 modelos de simulação são ferramentas que permitem com margem de erro
862 estimável, analisar e prever o comportamento hidráulico e de parâmetros de
863 qualidade da água do sistema, a partir das características dos seus componentes,
864 da sua forma de operação e dos consumos solicitados. Os modelos permitem assim,
865 a rápida e eficaz realização de análises de sensibilidade e a simulação dos cenários
866 mais variados, com suficiente aproximação, sem ser necessário interferir com o
867 sistema em causa ou arriscá-lo a modos de operação desconhecidos (Alegre et al.,
868 2005).
869
870 Com o uso de modelos, o operador pode simular o que está ocorrendo em
871 qualquer local do sistema de distribuição sob ampla gama de condições possíveis. A
872 coleta de uma quantidade tão grande de dados em campo teria um custo proibitivo.
873 Com um modelo, o operador pode analisar situações que seriam difíceis, ou mesmo
874 impossíveis, de configurar no sistema físico (por exemplo, deixar uma estação de
875 tratamento de água fora de serviço por um dia). Um modelo calibrado permite que o

85 33
86
87

876 operador aproveite relativamente poucas observações de campo em uma imagem


877 completa do que está ocorrendo no sistema de distribuição (walski at al, 2004).
878
879 A simulação pode ser efectuada tanto para um determinado momento no
880 tempo, habitualmente designada por simulação estática equivalente a uma única
881 fotografia do sistema, como para um dado período de tempo, a intervalos pré-
882 definidos designada por simulação em período alargado, ou SPA, pondento também
883 ser designada por simulação dinâmica. A simulação em período alargado é, assim,
884 realizada através de uma sucessão de simulações estáticas, sendo as condições de
885 fronteira representadas pelos níveis nos reservatórios (e os volumes de
886 armazenamento que lhes correspondem) ajustadas na transição entre cada dois
887 momentos sucessivos. O desenvolvimento de modelos de simulação deverá ser
888 abordado de uma forma estruturada e sistemática, que permita garantir o melhor
889 aproveitamento possível do esforço e recursos investidos, tanto na geração da
890 solução inicial como na manutenção do modelo ao longo da sua vida útil. A Error:
891 Reference source not found.5 esquematiza o faseamento aconselhado para o
892 desenvolvimento de um modelo (Coelho et al., 2006).
893
894

895
896 Figura 2-5 - Faseamento do desenvolvimento de um modelo. Fonte: Coelho et al. (2006).
88 34
89
90

897
898 De acordo com Coelho et al. (2006), para a Fase A constam como objectivos,
899 a definição do sistema a estudar e das convenções a adoptar na modelação,
900 levantamento preliminar de disponibilidade de dados de cadastro e definição das
901 opções básicas de modelação. A Fase B consiste na recolha de elementos
902 necessários para a descrição física do sistema ( cadastro das redes, de
903 reservatórios, de instalações elevatórias, de válvulas utilizadas para operação e
904 outros elementos físicos), geração dos dados prioritários eventualmente em falta e
905 estruturação dos dados físicos para carregamento no modelo. Seguidamente na
906 Fase C constam a recolha e formatação de dados de medição de caudal na rede,
907 tipificação de cenários e processamento dos dados de consumo para carregamento
908 no modelo. Da Fase D constam o levantamento das regras de operação do sistema,
909 nomeadamente níveis de operação de reservatórios, consignas de caudal,
910 regulações de válvulas e bombas, e modos de operação do sistema de telegestão
911 (caso exista) e processamento dos dados para carregamento no modelo.
912 Posteriormente a Fase E consiste na compilação dos ficheiros completos
913 correspondentes aos cenários modelados, e estabelecimento das respectivas
914 soluções-base (não calibradas) de modelação, eliminação dos erros detectáveis e
915 afinação de opções de modelação, exploração das capacidades de simulação
916 oferecidas, e primeira abordagem aos objectivos de modelação para ganho de
917 sensibilidade ao modelo. Seguidamente na Fase F constam a identificação das
918 necessidades de calibração e planificação dos trabalhos a executar, realização de
919 campanhas de medição de rede (caudais e pressões) e de ensaios de perda de
920 carga e calibração iterativa do modelo por comparação com os resultados de
921 campo, e finalmente na Fase G constam a reavaliação dos objectivos prioritários
922 para o modelo, inicialmente determinados na Fase A, estabelecimento de
923 procedimentos de utilização do modelo, planeamento do desenvolvimento
924 continuado do modelo e estabelecimento de procedimentos de actualização do
925 modelo, estabelecimento e escolha de uma estratégia futura de software.
926
927 2.6.1 Ferramentas de simulação hidráulica
928 De acordo com O.M. Awe et al. (2019), diferentes softwares licenciados e
929 produtos freeware estão disponíveis para projectar e modelar várias categorias de

91 35
92
93

930 sistemas de distribuição de água, desde simples a complexos, realista e até


931 hipotético dos quais destacam-se:
932  WaterGEMS;
933  Pipe Flow Expert;
934  Branch (2014);
935  EPANET;
936  HydrauliCAD;
937  Synergi Water;
938  H2Onet and H2Omap;
939  HYDROFLO3.
940
941 Alguns softwares avançados como WaterGEMS, Synergi Water, H2Onet e
942 H2Omap permitem actualizações de tempos em tempos e podem ser integrados
943 com GIS e outras plataformas, mas o software de modelagem livre/open-ware, como
944 EPANET e Branch estão aquém dessas funcionalidades. Portanto, a decisão sobre
945 qual software usar para o projecto de sistemas de distribuição de água é baseado na
946 precisão do software, o custo geral do projecto, complexidade do sistema, aspecto
947 do sistema a ser modelado, especificidade do software relacionada aos tipos de
948 sistemas de distribuição que ele pode gerenciar e critério computacional e hidráulico
949 (O.M. Awe et al., 2019).
950
951 O WaterGEMS é um software de modelagem e análise de água robusto,
952 abrangente e fácil de usar com os avanços na otimização do sistema,
953 interoperabilidade de plataforma e construção de modelos. WaterGEMS é um
954 superconjunto de WaterCAD. WaterGEMS é uma ferramenta de modelagem
955 eficiente e versátil software que ajuda a melhorar a compreensão do
956 comportamento do sistema, a reação do sistema a estratégias operacionais e
957 capacidade do sistema para atender às demandas futuras. Sua multiplataforma
958 flexível espaço de trabalho permite simulação de fluxo de incêndio e qualidade da
959 água, fluxo de tubulação e análise de pressão e análise de custos de energia. O
960 software foi construído com um forte algoritmo de projecto para atender aos critérios
961 de precisão na modelagem, análise e projecto de sistemas de abastecimento de
962 água (O.M. Awe et al., 2019).
94 36
95
96

963
964 2.6.2 Dados necessários para a construção do modelo
965 A construção de um modelo de simulação passa pela recolha ou geração, e
966 pela compilação em formatos específicos, da informação que descreve (Coelho et
967 al., 2006):
968  A topologia, geometria, altimetria e características (passíveis de influenciar o
969 comportamento hidráulico e dos parâmetros de qualidade da água) da infra-
970 estrutura física – tubulações, válvulas, reservatórios, bombas e outros
971 elementos;
972  As solicitações ao sistema, sob a forma de consumos e caudais, tanto na
973 sua distribuição espacial como na escala e variação temporal;
974  O funcionamento operacional do sistema, para os vários cenários de gestão
975 técnica a simular.
976
977 A escolha dos métodos a empregar para executar qualquer das três tarefas, mas
978 sobretudo as duas primeiras – que representam a maior parcela do volume de
979 trabalho acarretado pelo desenvolvimento de um modelo, é um passo crucial na
980 racionalização do esforço a realizar e no aproveitar das eventuais sinergias que
981 possam ser conseguidas, nomeadamente com o desenvolvimento paralelo dos
982 outros sistemas de informação da entidade gestora.
983
984 2.6.3 Aplicações dos modelos de Simulação
985 Os modelos de simulação têm múltiplas aplicações nos domínios do
986 planeamento, projecto, operação, manutenção e reabilitação de sistemas de
987 transporte e distribuição de água. De entre as utilizações mais comuns poderão
988 destacar-se (Coelho et al., 2006):

97 37
98
99

989  o dimensionamento dos sistemas, através da procura das melhores


990 topologias, da escolha de diâmetros e materiais para as tubulações e
991 restantes componentes, e do dimensionamento de reservatórios e
992 instalações elevatórias;
993  o apoio à elaboração de planos de desenvolvimento estratégico, com
994 recurso à simulação das grandes opções, em escala não detalhada, mas
995 com projecções no tempo, sobretudo das solicitações (consumos);
996  a simulação de problemas e cenários de operação corrente, como sejam
997 consumos de ponta sazonal, gestão dos níveis em sistemas com múltiplos
998 reservatórios de serviço, ou situações de emergência como falhas em
999 grupos elevatórios ou o combate a incêndios;
1000  o treino de operadores em sistemas de operação complexa, evitando que a
1001 aprendizagem incorra em riscos directos para o sistema e para os
1002 consumidores;
1003  o controlo e optimização de parâmetros de qualidade da água, como por
1004 exemplo a manutenção de um residual adequado de cloro, a localização de
1005 equipamentos de re-cloragem, o controlo de tempos de percurso ou a
1006 escolha de pontos de amostragem;
1007  a reabilitação de sistemas deficientes, e a programação das intervenções
1008 com minimização de impacto no consumidor.
1009
1010 2.6.4 O uso do SIG na criação dos modelos de simulação
1011 Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) podem ser definidos como
1012 conjunto integrado de software e dados que permitem a visualisação e gestão de
1013 informação relactiva a lugares , analisar relações espaciais e modelar processos
1014 espaciais. O software SIG é representado por uma grande diversidade de aplicações
1015 informáticas de natureza livre ou comercial, dos quais se destacam, pela sua
1016 relevância, o ArcGIS, MapInfo, Geomedia, na categoria comercial, e QGIS, Grass e
1017 gvSIG, na categoria de código-fonte aberto (Silva at al., 2016). O autor destaca o
1018 programa ArcGIS, como a provável aplicação comercial mais completa e mais
1019 utilizada em todo mundo, especialmente no que diz respeito à elaboração de
1020 cartografia temática, e considera que a grande variedade de aplicações que esta

100 38
101
102

1021 inclui, associada a uma vastíssima gama de ferramentas de análise espacial, faça
1022 com que esta aplicação seja uma das mais versáteis e completas.
1023
1024 Em sistemas de abastecimento de água, o georreferenciamento possibilita a
1025 espacialização dos seus elementos e de dados de manutenção, facilitando a
1026 identificação de áreas atendidas, regiões de intervenções e manobras necessárias,
1027 além da possibilidade de interação com as características topográficas e
1028 ocupacionais destas localidades (BEUKEN et al., 2009, citado por Pladevall at al.,
1029 2019).
1030
1031 2.6.4.1 Caracterização do ArcGIS
1032 O ArcGIS é um pacote de softwares da ESRI (Environmental Systems
1033 Research Institute) de elaboração e manipulação de informações vectoriais e
1034 matriciais para o uso e gerenciamento de bases temáticas. Uma das primeiras
1035 operações de grande relevância a ser feita quando se inicia um trabalho no ArcGIS é
1036 a definição do Sistema de coordenadas. Na vista Coordinate system deve ser
1037 definido o sistema de Projecção de trabalho. O aplicativo dispõe de um conjunto
1038 vasto de sistemas de coordenadas predefinidos, que permitem de modo simples
1039 associa-los aos temas. O ArcGIS está organizado de forma compreensível e intuitiva
1040 e está estruturado em três módulos funcionais: ArcCatalog; ArcMap e ArcToolbox.
1041 (Rubert, 2011).
1042
1043 O aplicativo central usado no ArcGIS é o ArcMap, cuja descrição da tela
1044 apresenta-se na Figura 2.6, onde se pode exibir e explorar conjuntos de dados GIS
1045 para a área de estudo, onde se atribui símbolos e se criam layouts de mapas para
1046 impressão ou publicação. ArcMap também é o aplicativo usado para criar e editar
1047 conjuntos de dados e representa informações geográficas como uma coleção de
1048 camadas e outros elementos em um mapa. Os elementos comuns do mapa incluem
1049 o quadro de dados que contém as camadas do mapa para uma determinada
1050 extensão, além de uma barra de escala, seta para o norte, título, texto descritivo,
1051 uma legenda de símbolo e assim por diante (Rubert, 2011).
1052

103 39
104
105

1053 O ArcCatalog é a aplicação em ArcGIS que permite a gestão da informação


1054 geográfica, conexão a base de dados externas e produção/visualização de
1055 metadados. Desta forma é através do ArcCatalog que muitos projectos de gestão de
1056 dados geográficos têm o seu início, inclusive a criação de novos shapefiles. O
1057 ArcCatalog permite navegar pelas pastas do sistema operacional e torna eficiente a
1058 gestão de qualquer conjunto de dados geográficos, sejam eles nativos do ArcGIS ou
1059 não (Rubert, 2011). ArcToolbox, como o própro nome sugere, é a caixa de
1060 ferramentas do ArGIS. Esta aplicação reúne as ferramentas/funcionalidades de
1061 geoprocessamento do ArcGIS. Todas as acções que se efectuem directamente nas
1062 aplicações ArcMAp e ArcCatalog correspondem à execução de uma ferramenta
1063 incluída no ArcToolbox (Silva at al., 2016). O formato shapefile é um dos formatos
1064 base do ArcGIS, podendo ser criado neste ambiente ou em outros softwares. Neste
1065 formato, a geometria é gravada num ficheiro com extensão ‘.shp’. Associados a este
1066 ficheiro (e com o mesmo nome) existem ficheiros com outras extensões e que
1067 incluem informação como a tabela com os atributos (´.dbf`) ou o sistema de
1068 coordenadas (´.prj`) (Rubert, 2011; Silva at al., 2016).
1069

106 40
107
108

1070

109 41
110
111

1071

112 42
113
114

1072
1073
1074 2.7 Dimensionamento de redes de distribuição de água
1075 O dimensionamento de sistemas de distribuição de água tem como principais
1076 objectivos, do ponto de vista hidráulico, a garantia de fornecimento dos consumos
1077 previsíveis, em condições de conforto hidráulico, minimizando os custos de energia
1078 e as perdas de água na rede. Do ponto de vista de qualidade da água, a rede deve
1079 ser dimensionada de forma a garantir o seu fornecimento em condições sanitárias
1080 adequadas e a minimizar a necessidade de pontos de recloragem ou de descargas
1081 periódicas (Coelho et al., 2006).
1082
1083 No dimensionamento de rede deve-se determinar os diâmetros, caudais nos
1084 Trechos e cotas piezométricas nos NÓS, com o condicionamentos nas velocidades
1085 e pressões, essas pressões são a pressão dinâmica mínima e a pressão estática
1086 máxima (Tsutiya, 2006).
1087
1088 Estabelecem-se pressões mínimas para que a água alcance os reservatórios
1089 domiciliares. A fixação de pressões máximas é função da resistência das tubulações
1090 e controle de perdas da água. É recomendável que, obedecidas às condições de
1091 pressões mínimas, as máximas sejam as menores possíveis. As limitações de
1092 velocidade estão associadas, tanto à segurança e durabilidade das tubulações,
1093 como ao custo de implantação e operação. As baixas velocidades favorecem a
1094 durabilidade, sob aspecto da abrasão das tubulações e peças especiais e ainda
1095 minimizam os efeitos dos transitórios hidráulicos ocasionados pelas variações de
1096 pressão e, por outro lado, facilitam o depósito de materiais existentes na água. As
1097 altas velocidades diminuem o diâmetro da tubulação e consequentemente o custo
1098 de aquisição e assentamento da tubulação, entretanto, causam aumento da perda
1099 de carga com aumento dos custos de energia eléctrica nos bombeamentos ou na
1100 altura dos reservatórios, causam ruído na tubulação, favorecem o desgaste por
1101 abrasão e cavitação de peças e válvulas, aumentando os custos de manutenção
1102 (Tsutiya, 2006).
1103

115 43
116
117

1104 De acordo com o autor supracitado, a determinação dos caudais nos Trechos e
1105 o metódo aplicado ao dimensiomento dependem do tipo de rede a ser implantada.
1106 Para o dimensionamento de redes ramificadas o autor destaca o método tradicional
1107 e o método de Granados. Já para o dimensionamento de redes malhadas, o autor
1108 destaca o método do seccionamento fictício e o método de cálculos iterativos de
1109 Hardy-Cross.
1110
1111 2.8 Gestão de pressão nas redes de distribuição de água
1112 Para garantir um uso eficiente da água é conveniente que as pressões não sejam
1113 excessivas, limitando-se desejavelmente aos valores que permitam uma utilização
1114 confortável. Esta medida consiste num controlo cuidado, pelas entidades gestoras
1115 de sistemas públicos de abastecimento de água, das pressões nos sistemas de
1116 distribuição, o que passa por aspectos não só de concepção do sistema, mas
1117 também de operação e manutenção corrente. Esse controlo deve permitir garantir
1118 em toda a rede, em permanência, pressões acima dos mínimos regulamentares mas
1119 evitar valores excessivos e desnecessários, que contribuem para um maior consumo
1120 durante a utilização de dispositivos como torneiras, chuveiros ou bocas de rega
1121 (Alegre et al., 2005).
1122
1123 A gestão das pressões pode resultar no aumento ou diminuição das pressões
1124 em diferentes sectores das redes de distribuição, sendo muitas vezes necessário
1125 adoptar sistemas dinâmicos que tenham uma resposta activa às variações diárias ou
1126 outras. Os autores Alegre et al. (2005)consideram como principais benefícios
1127 resultantes da gestão da pressão os seguintes:
1128  Redução do caudal de perdas;
1129  Redução do consumo em dispositivos sujeitos à pressão do sistema público;
1130  Estabilidade da pressão na rede de distribuição;
1131  Protecção do estado estrutural da rede e redução do número de novas
1132 roturas;
1133  Garantia dos caudais de incêndio.
1134
1135 A análise e avaliação do sistema existente, identificando problemas com níveis
1136 de pressão, perdas e roturas, baseiam-se na informação disponível sobre o sistema,

118 44
119
120

1137 incluindo o recurso a ferramentas de análise como sendo a modelação matemática e


1138 sistemas de cadastro informatizado. O modelo de simulação do sistema, é de
1139 grande utilidade não só na fase de avaliação do sistema existente mas também para
1140 a definição e análise de alternativas, facilitando deste modo a identificação de áreas
1141 com pressões excessivas, de zonas com grandes perdas de carga (onde
1142 controladores com modulação por caudal podem ser de grande utilidade), de áreas
1143 com pressão deficientes e avaliados diferentes cenários de consumo (incluindo
1144 caudais de combate a incêndio) (Coelho et al., 2006).
1145
1146 Alegre et al. (2005) destacam a sectorização, o uso das válvulas redutoras de
1147 pressão (VRP), estação pressurizadora ou booster e reservatórios e instalações
1148 elevatórias como as alternativas que estão disponíveis para efectuar o controlo de
1149 pressões nas redes de distribuição, e chamam atenção à necessidade destas
1150 alternativas serem adequadamente combinadas no dimensionamento de um
1151 esquema de gestão da pressão.
1152
1153 a) Sectorização
1154 Uma forma de controlar a pressão num sistema é proceder à sua sectorização,
1155 frequentemente com recurso a operação de válvulas, de forma a estabelecer
1156 “andares” de pressão. Sistemas com abastecimento por gravidade podem ter a
1157 sectorização relacionada com a topografia enquanto que, em sistemas com
1158 alimentação por elevação, a sectorização estará dependente do nível dos
1159 reservatórios (Thornton, 2002, citado por Alegre et al., 2005).
1160
1161 A sectorização deve ser concebida considerando não só a garantia da pressão
1162 mínima, mas também a pressão máxima e a manutenção de um nível de pressões
1163 estável. Devem ainda ser encontradas soluções adequadas para os edifícios altos e
1164 instalações industriais. A sectorização com o objectivo do controlo da pressão -
1165 Zonas de Gestão da Pressão, (ZGP) deve estar associada ao estabelecimento de
1166 ZMC de forma a compatibilizar os seus limites. Na Figura 2.7 apresenta-se o
1167 exemplo de esquema da sectorização de um sistema para atender diversas zonas
1168 de pressão.

121 45
122
123

1169

Figura 2.7 - Esquema da sectorização de um sistema para atender diversas zonas de pressão. Fonte:
Tsutiya (2006).

1171 b) Válvulas redutoras de pressão (VRP)


1172 A VRP, é uma válvula de controle automático projectado para reduzir a pressão
1173 de montante a uma pressão constante a jusante, independentemente da variação de
1174 vazão e pressão do sistema. As VRP’s, são usadas na divisão de um sector de
1175 abastecimento em zonas com comportamento homogêneo dos planos de pressão
1176 (zoneamento piezométrico) de modo a resolver problemas de pressão quando a
1177 solução estrutural no âmbito da sectorização clássica, criar mais uma zona de
1178 pressão a partir de um reservatório, revela-se muito onerosa (Tsutiya, 2006). Na
1179 Figura 2.8 apresentam-se os exemplos de uma válvula redutora de pressão e a
1180 instalação de válvula redutora de pressão.
1181
1182 A utilização de VRP no sector pressupõe a criação de um subsector
1183 perfeitamente definido pelo fechamento de registros limítrofes, em condições de
1184 operação que assegurem a estanqueidade da área, e elas são normalmente
1185 instaladas em “by pass” da tubulação principal, guarnecidas por registros de
1186 bloqueio a montante e a jusante para as manutenções.
1187

124 46
125
126

1188
1189 c) Estação pressurizadora ou Booster
1190 A estação pressurizadora ou estação elevatória de reforço, também conhecido
1191 com o nome de booster, é geralmente utilizada em instalações que necessitam de
1192 aumento de pressão ou de caudal, podendo estas serem utilizadas na adução e na
1193 distribuição de água. A utilização das boosters na rede de distribuição de água
1194 mostra-se uma solução interessante para o controle de pressões nos sectores de
1195 abastecimento. Em grande parte das vezes, todavia, o emprego desses
1196 equipamentos é para solucionar em curto prazo problemas de abastecimento que
1197 estão ocorrendo na região. Em associação com VRP, o uso de booster permite
1198 optimizar o zoneamento piezométrico, explorando ao máximo o potencial de redução
1199 de pressão de uma VRP e reforçando a carga nos pontos mais altos que porventura
1200 ficarem com pressões muito baixas ou totalmente despressurizados (Tsutiya, 2006).
1201
1202 d) Reservatórios e instalações elevatórias.
1203 Qualquer reservatório ou instalação elevatória apresenta algum potencial para
1204 controlo de pressão a um custo relativamente baixo. Os níveis operacionais dos
1205 reservatórios devem ser estabelecidos de modo a minimizar as pressões elevadas e
1206 a evitar a ocorrência de extravasamentos que podem estar na origem de perdas
1207 significativas. A monitorização dos níveis permite avaliar oportunidades de correcção
1208 tanto em termos de gestão da pressão como de redução de extravasamentos. A
1209 escolha dos períodos de bombeamento deve ser feita de modo a evitar causar um
1210 aumento significativo das pressões na rede (Alegre et al., 2005).
1211

127 47
128
129

1212 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


1213 3.1 Introdução
1214 Em vista da importância de um adequado sistema de abastecimento de água,
1215 grandes esforços vêm sendo feitos, particularmente nas últimas décadas, com
1216 elevados investimentos, de modo a se levar a água de boa qualidade ao maior
1217 número de usuários, especialmente nos bairros que de uma forma ou outra vão
1218 surgindo e onde a situção de abastecimento de água é menos favorável. A
1219 população a ser abastecida corresponde ao crescimento demográfico em um certo
1220 número de anos. A esse período de tempo, chama-se período de projecto ou plano
1221 de projecto, ou ainda, horizonte de projecto. Podendo variar entre 20 a 30 anos,
1222 sendo comum adoptar-se o período de 20anos. O autor do presente trabalho, da
1223 análise realisada na área de estudo e tendo em vista a condição de ocupação do
1224 solo do bairro interior ao distrito do Hoji Ya Henda, pressupõe existir pouca variação
1225 em termos de crescimento territorial e consequentemente adoptou para o
1226 desenvolvimento do trabalho o número de população estimada existente.
1227
1228 3.2 Densidade demográfica pelo método da modelagem estatística
1229 Tal como visto no item 2.2, o método da modelagem estatística apresenta-se
1230 como um dos modelos demográficos alternativos para estimativa em pequenas
1231 áreas propostos na literatura de geoprocessamento.
1232
1233 Uma das abordagens utilizadas nesse método, é análise de correlação entre
1234 população e unidades domiciliares. A população total de uma área pode ser
1235 estimada através da multiplicação do número de habitação pela média do número de
1236 pessoas por habitação. Pode-se também categorizar os tipos de habitações e aplicar
1237 uma razão diferente para cada categoria. Esta razão pode ser obtida por
1238 amostragem ou calculada a partir dos dados do censo. Considerando que cada casa
1239 é ocupada por uma categoria de habitação, o número total de casas em uma área
1240 pode ser estimado a partir de fotografias aéreas e imagens de satélite (França,
1241 2012).
1242
1243 Para o caso de estudo, o levantamento da densidade demográfica foi feito
1244 aplicando o conceito modelagem estatística, analisando espacialmente a área a

130 48
131
132

1245 partir do software ArcGIS. Com recurso ao ArcGIS foi feito um levantamento
1246 populacional apenas da zona abastecida pelo CD Cazenga. Com a ferramenta e
1247 através de imagens satélite foi possível traçar polígonos sobre as residências da
1248 área de estudo, consequentemente a ferramenta gerou uma tabela de atributos
1249 enumerando a quantidade de polígonos traçados, que são equivalentes ao número
1250 de habitações contadas. Foi considerada 6 pessoas como média do número de
1251 pessoas por residência conforme os dados do censo de 2014.
1252
1253 3.3 Levantamento topográfico assistido por computador
1254 A recolha de dados necessários à elaboração de uma planta ou carta
1255 topográfica de uma dada parcela da superfície terrestre é designada por
1256 levantamento topográfico podendo tradicionalmente ser divido em duas partes: o
1257 levantamento planimétrico, onde se procura determinar a posição planimétrica dos
1258 pontos (Coordenadas X e Y) e o levantamento altimétrico, onde o objetivo é
1259 determinar a cota ou altitude de um ponto (Coordenada Z). Com o levantamento
1260 topográfico altimétrico são obtidos diversos pontos com cotas/altitudes conhecidas.
1261 A partir destes é que as curvas serão desenhadas (Veiga et al., 2012).
1262
1263 Tal como visto no item 2.3, actualmente é possível conjugar o uso de um
1264 programa para cálculo topográfico. Basicamente o que estes programas fazem é
1265 calcular as coordenadas dos pontos e lançá-las no editor gráfico para a realização
1266 do desenho. Além disto, apresentam uma série de facilidades e utilitários para o
1267 desenho, como traçado de curvas de nível utilizando Modelos Digitais de Terreno,
1268 criação automática de malha de coordenadas, elaboração de perfis do terreno,
1269 inserção automática de folhas de desenho, rotulação de linhas com azimutes e
1270 distâncias, etc. Cabe salientar que, seja no método tradicional quanto utilizando o
1271 computador, o desenhador deve conhecer os conceitos de desenho técnico e de
1272 representação topográfica (Veiga et al., 2012).
1273
1274 No presente trabalho, o levantamento topográfico foi feito valendo-se da
1275 ferrameta de geoprocessamento SIG, o ArcGIS, auxiliado pelo aplicativo Google
1276 Earth e o utilitário online GPS Visualizer.
1277

133 49
134
135

1278 O levantamento planimétrico foi feito no Google Earth, inicialmente foi


1279 importado no Google Earth um shapfile da área de estudo de modo a permitir uma
1280 melhor visualização da área onde se pretende fazer o levantamento, daí foi traçado
1281 uma série de pontos em torno da área delimitada com a opção add path do
1282 aplicativo, gerando um arquivo no formato kml, contendo em seus atributos a
1283 posição planimétrica dos pontos (coordenadas X e Y).
1284
1285 Com a determinação da posição planimétrica dos pontos, no passo a seguir
1286 fez-se o levantamento altimétrico. Para tal foi usado o utilitário online GPS
1287 Visualizer. No ambiente de trabalho deste, é possível importar o arquivo kml que
1288 contem a posição altimétrica dos pontos, através da opção Choose File, e de
1289 seguida converter esse arquivo em um arquivo gpx através da opção Convert & add
1290 Elevation, o arquivo gerado contém em seus atributos a elevação de todos os
1291 pontos.
1292
1293 Obtidos a altmetria da área, torna-se possível o traçado das curvas de nível
1294 pela interpolação desses pontos no ArcGIS. Inicialmente converte-se as informações
1295 do ponto dentro de um arquivo GPX em feições do tipo pontos, selecionando a
1296 opção GPX to features na aplicação ArcToolbox, a mesma aplicação permite criar
1297 uma superfície de rede irregular triangulada (TIN) do terreno a partir daquelas
1298 feições através da opção Creat Tin From Features. Finalmente as curvas de nível
1299 são geradas pelo software (resultantes da interpolação linear da superfície de rede
1300 triangulada do terreno feita pelo mesmo) usando a opção surface contour.
1301
1302 3.4 Traçado da rede a partir de um SIG
1303 Tal como visto anteriormente, a geração da topologia, geometria, altimetria e
1304 características da infra-estrutura física do sistema de abastecimento (condutas,
1305 válvulas, reservatórios, bombas e outros elementos), constitui a primeira etapa da
1306 construção de um modelo.
1307
1308 O modelo de um sistema de distribuição de água não tem necessariamente de
1309 incluir todos os seus componentes. Um sistema completo pode frequentemente
1310 consistir de um número tão elevado de condutas e válvulas que torna pouco prática

136 50
137
138

1311 a sua consideração exaustiva num modelo, sobretudo porque a geração e


1312 manutenção de informação suficiente sobre todos os seus componentes pode
1313 tornar-se uma tarefa irrealizável. A simplificação da rede é tradicionalmente
1314 empregue em modelação para reduzir o tamanho de um modelo. É conseguida
1315 através da não-consideração de condutas abaixo de determinado diâmetro, pela
1316 agregação de grupos de consumidores ou pela substituição de partes da rede por
1317 tubagens hidraulicamente equivalentes, desde que não sejam alteradas as principais
1318 malhas da rede (caso existam). Uma simplificação cuidadosa produz
1319 frequentemente resultados hidraulicamente equivalentes ao modelo completo
1320 (Coelho et al., 2006).
1321
1322 O traçado-base do modelo da rede pode ser obtido no próprio ambiente de
1323 trabalho do software de simulação, sobretudo se for possível efectuá-lo tendo por
1324 base uma imagem de fundo da cartografia da zona, ou através da importação de
1325 ficheiros de cadastro em CAD ou SIG. Os dados de cadastro constituem a
1326 informação de base para a construção de um modelo e podem estar armazenados
1327 sob diversas formas, desde o formato numérico, ao suporte gráfico em papel, e ao
1328 suporte gráfico digital em CAD ou em SIG. Este último consiste na combinação entre
1329 o formato gráfico e o conjunto de dados de cadastro estruturados e armazenados
1330 numa base de dados. Quando o desenho é criado sobre um suporte deste tipo, com
1331 as coordenadas correctamente definidas e utilizando uma referenciação real, pode
1332 utilizar-se a capacidade de geração automática dos comprimentos das tubulações
1333 (auto-comprimento) que a maioria dos simuladores oferecem, e assim reduzir o
1334 volume do trabalho de introdução de dados numéricos e a possibilidade de erro,
1335 aumentando igualmente a fiabilidade dos valores gerados. Tal implica, no entanto,
1336 que as tubulações sejam desenhadas com rigor e respeitando as curvas e vértices
1337 do seu traçado (Coelho et al., 2006).
1338
1339 Os aspectos mais importantes a tomar em consideração, no que diz respeito à
1340 descrição da infra-estrutura física, são os seguintes:

139 51
140
141

1341  devem-se concentrar esforços na exportação correcta sobretudo dos elementos


1342 sobre tubulações e válvulas de rede;
1343  a descrição das instalações elevatórias, reservatório, entre outras,
1344 frequentemente devem ser feitas individualmente no modelo; a sua descrição no
1345 SIG pode não ter obedecido aos critérios de representação, detalhe e rigor
1346 requeridos pelo modelo; e o número de instalações deste tipo numa rede é
1347 habitualmente pequeno, onerando pouco a sua descrição no modelo por via não-
1348 automatizada;
1349  o estabelecimento dos NÓS de modelação deve ser individualizado, no SIG,
1350 através de um layer próprio;
1351  a altimetria deverá fazer parte dos dados exportados; caso não exista no SIG,
1352 deverá ser introduzida neste, aproveitando os referidos nós de modelação, e
1353 posteriormente exportada; deverá evitar-se introduzir a altimetria directamente no
1354 modelo, quando não existe no SIG, pois tal poderá criar situações indesejáveis de
1355 inconsistência entre os dois sistemas; no caso limite, não sendo possível a
1356 exportação, deverá ser introduzida simultaneamente nos dois sistemas;
1357  a exportação de dados de um SIG para um modelo não dispensa, naturalmente,
1358 um controlo de qualidade eficaz do lado do modelo, nomeadamente no que diz
1359 respeito à conectividade dos Trechos.
1360
1361 O software SIG usado para a construção do modelo da rede da área de estudo
1362 foi o ArcGIS. A rede existente da área de estudo dispõe de um cadastro em formato
1363 pdf, não editável e com as coordenadas correctamente definidas, no entanto o
1364 ArcGIS não suporta PDF como formato de entrada, daí surge a necessidade de
1365 conversão do arquivo PDF para um formato raster suportado pelo software usando a
1366 ferramenta 'PDF to TIFF' localizada na aplicação Arctoolbox, tornando-se possível
1367 abrir o cadastro georeferenciado da rede no ambiente software.
1368
1369 Com o arquivo aberto no ambiente ArcGIS, teve-se assim uma imagem de
1370 fundo da rede cadastrada, que serviu de base para o traçado do modelo da rede,
1371 obedecendo a sua correcta distribuição. O passo a seguir à importação foi a criação
1372 dos shapfiles que serviram para a descrição física da rede, para as tubulações foi
1373 criado um shapfile do tipo linha, para os NÓS e o reservatório foi criado do tipo

142 52
143
144

1374 ponto. Nesta fase do traçado da rede pelo ArcGIS, foram ainda compilados as
1375 altimetrias dos NÓS com base nas curvas de nível resultantes do levantamento
1376 topográfico.
1377
1378 3.5 Determinação dos caudais
1379 3.5.1 Determinação do caudal específico
1380 No dimensionamento das redes malhadas o caudal de dimensionamento a ser
1381 considerado é o caudal específico, determinada com base nas densidades
1382 demográficas (d), coeficiente per capita (q) e coeficientes de variação horária e
1383 diária de caudal, conforme a equação a seguir:
1384
K 1 K 2 dq
Qd = Equação 1
86400
1385
1386 onde:
1387 Qd = caudal específico de distribuição ou caudal total do sector, l/s.ha;
1388 d = densidade demográfica, hab/ha;
1389 K1 = coeficiente do dia de maior consumo;
1390 K2 = consumo da hora de maior consumo;
1391 q = consumo per capita, l/hab.dia.
1392
1393 Segundo Tsutiya (2006), quando não existirem medições de caudais, podem
1394 ser adoptados valores de consumo médio per capita de água e os seus coeficientes
1395 de variação de caudal encontrados em medições de sectores ou sistemas com
1396 características semelhantes. A Error: Reference source not found3.1 apresenta
1397 alguns valores de consumo per capita que podem ser adoptados em função do tipo
1398 de abastecimento.
1399
1400 Tabela 3.1 - Valores de consumo per capita. Fonte: PDGML Etapa 2D (2014).
Consumo típico Variação
Tipo de abastecimento de água
(l/hab.dia) (l/hab.dia)
Torneira(distância pedonal de 200m) 25 10 - 50
Ligação de quintal 55 50 - 100
Ligação domiciliária, nível de desenvolvimento:
Moderado 80 50 - 100
145 53
146
147

Moderado a elevado 130 80 - 150


Elevado 250 130 - 280
Muito elevado 450 260 - 480
1401
1402 A Tabela 3.2 apresenta o coeficiente do dia de maior consumo K 1 obtido em
1403 medições ou recomendadas para projecto, por diversos e a Tabela 3.3 apresenta o
1404 coeficiente da hora de maior consumo K2 obtido em medições ou recomendadas para
1405 projecto, por diversos autores ou entidades.
1406
1407 Tabela 3.2 - Coeficiente do dia de maior consumo (K1). Fonte: Tsutiya (2006).
Condições de
Autor/Entidade Local Ano Coeficiente
obtenção do valor
Recomendação
DAE São Paulo - Capital 1960 1.50
para projecto
Recomendação
FESB São Paulo - Interior 1971 1.25
para projecto
Recomendação
Azevedo Neto Brasil 1973 1.1 – 1.5
para projecto
Yossuda e Recomendação
Brasil 1976 1.2 – 1.2
Nogami para projecto
Medições de
Valinhos e
CETESB 1978 1.25 – 1.42 sistema operando
Iracemápolis
há vários anos
Recomendação
PNB-587-ABNT Brasil 1977 1.2
para projecto
Recomendação
Orsini Brasil 1996 1.2
para projecto
Azevedo Netto Recomendação
Brasil 1998 1.1 – 1.4
et al. para projecto
Medições de
Tsutiya RMSP - Setor Lapa 1989 1.02 – 3.8 sistema operando
há vários anos
Saporta et al. Barcelona - Espanha 1993 1.10 – 1.25 Medições de

148 54
149
150

sistema operando
há vários anos
Recomendação
Walski et al. EUA 2001 1.2 -3.0
para projecto
Medições dem
Hammer EUA 1996 1.2 – 4.0 sistemas norte-
americanos
Recomendação
AEP Canada 1996 1.5 -2.5
para projecto
1408
1409 Tabela 3.3 - Coeficiente da hora de maior consumo (K2). Fonte: Tsutiya (2006).
Condições de
Autor/Entidade Local Ano Coeficiente
obtenção do valor
Recomendação
Azevedo Neto Brasil 1973 1.50
para projecto
Yassuda e Recomendação
Brasil 1976 1.50 – 3.0
Nogami para projecto
Medições de
Valinhos e
CETESB 1978 2.08 – 2.35 sistema operando
Iracemápolis
há vários anos
Recomendação
PNB-587-ABNT Brasil 1977 1.5
para projecto
Recomendação
Orsini Brasil 1996 1.5
para projecto
Azevedo Netto Recomendação
Brasil 1998 1.5 - 2.3
et al. para projecto
Medições de
Tsutiya RMSP - Setor Lapa 1989 1.5 – 4.3 sistema operando
há vários anos
Medições de
Saporta et al. Barcelona - Espanha 1993 1.3 – 1.4 sistema operando
há vários anos
Recomendação
Walski et al. EUA 2001 3.0 – 6.0
para projecto
151 55
152
153

Medições em
Hammer EUA 1996 1.5 – 10.0 sistemas norte-
americanos
Recomendação
AEP Canada 1996 3.0 – 3.5
para projecto
1410
1411 Para o caso de estudo, foi considerado apenas a categoria de consumo
1412 doméstico, e a estimativa desses consumos foi feito adoptando valores de consumo
1413 médio per capita de água conforme a Tabela 3.1 e os coeficientes de variação de
1414 caudal apresentados nas Tabelas 3.2 e Tabela 3.3. Para Coeficiente do dia de maior
1415 consumo (K1) adoptou-se o valor relactivo a Medições de sistema operando há
1416 vários anos proposto por CETESB (1978) e Saporta et al. (1993), para o Coeficiente
1417 da hora de maior consumo (K2) adoptou-se também o valor relactivo a Medições de
1418 sistema operando há vários anos proposto por Saporta et al. (1993). Quanto a
1419 densidade demográfica, foi usada aquela resultante do estudo demográfico
1420 apresentado anteriormente.
1421
1422 3.5.2 Caudais concentrados nos NÓS
1423 Ao longo das redes principais, os caudais são distribuídos em marcha.
1424 Entretanto, para efeito de cálculo, sem prejuízo do dimensionamento, estes caudais
1425 são substituídos por caudais concentrados em determinados pontos,
1426 convenientemente localizados, denominados NÓS da rede de distribuição. A cada
1427 NÓ corresponde uma área de atendimento denominada área de influência do nó;
1428 devem obrigatoriamente ser localizados onde há uma ramificação da rede principal.
1429 Outros NÓS devem ser dispostos, principalmente junto a grandes consumidores.
1430 Obtém-se estes caudais multiplicando a extenção da área de influência dos NÓS
1431 pelo caudal específico (Tsutiya, 2006):
1432
q nó=Qd∗Ai Equação 2

1433
1434 onde:
1435 Qd = caudal específico de distribuição ou caudal total do sector, l/s.ha;
1436 Ai = área de influência do NÓ, ha.
1437
154 56
155
156

1438 A consideração de valores determinísticos do consumo nos NÓS, é uma


1439 simplificação importante utilizada nos modelos de simulação. Os métodos
1440 habitualmente empregues em modelação de sistemas de abastecimento envolvem
1441 essencialmente 3 tipos de estratégias (Coelho et al., 2006):
1442  os métodos que estimam os consumos nos NÓS a partir da análise da
1443 informação cartográfica;
1444  os métodos que recorrem à construção de tabelas de correspondência entre
1445 os valores registados no sistema de facturação e os NÓS do modelo; e
1446  os métodos que realizam uma ligação funcional entre o sistema de
1447 facturação, o sistema de informação geográfica e o modelo, por forma a
1448 contabilizarem os consumos associados aos NÓS do modelo.
1449
1450 Os métodos baseados na análise da informação cartográfica são métodos
1451 aproximados, que fornecem essencialmente estimativas, mas que possuem uma
1452 relativa flexibilidade. São a primeira escolha nos casos em que a informação é
1453 escassa ou quando não é possível ou aconselhável utilizar os valores de facturação.
1454 Incluem-se na primeira situação os casos de planeamento, dimensionamento ou
1455 expansão de sistemas, e pode ser dividido em Método das áreas de influência e
1456 Método dos coeficientes de utilização das tubulações (Coelho et al., 2006).
1457
1458 De acordo com os autores supracitados, relactivamente ao método das áreas
1459 de influência, este foi elaborado com o objectivo de tornar a preparação de dados
1460 relativamente simples e rápida pressupondo a hipótese simplificativa de se
1461 considerar que existe homogeneidade de comportamentos entre consumidores e
1462 baseia-se na delimitação em planta da área de influência de cada NÓ do modelo, na
1463 contabilização do número de consumidores existentes em cada área, e no cálculo
1464 dos consumos médios por consumidor, classificados em "ligações sem contador",
1465 "ligações com contador" e "grandes consumidores".
1466
1467 Para o caso de estudo foi aplicado um dos método que estima os consumos a
1468 partir da análise da informação cartográfica, o Método das áreas de influência. A
1469 determinação da área de influência de cada NÓ foi determinado usando o comando
1470 do WaterGEMS V8i denominado Thiessen Polygon.

157 57
158
159

1471
1472 Um polígono de Thiessen é um diagrama de Voronoi que também é referido
1473 como o Dirichlet Tesselação. Dado um conjunto de pontos definidos, um polígono
1474 Thiessen divide um plano de tal forma que cada ponto está dentro de um polígono e
1475 atribui a área para um ponto no conjunto de pontos. Qualquer local dentro de um
1476 polígono de Thiessen específico está mais próximo do ponto desse polígono do que
1477 de qualquer outro ponto. Matematicamente, um Thiessen é construída pela
1478 interseção de linhas bissetrizes perpendiculares entre todos os pontos (Bentley
1479 WaterGEMS V8i User’s Guide).
1480
1481 Inicalmente foi importado os shapfiles dos NÓS e da área correspondente a
1482 zona abastecida pelo CD Cazenga (considerando esta a área total envolvente dos
1483 NÓS) para o ambiente de trabalho do Watercad usando a sua ferramenta
1484 Modelbiulder, de seguida foi aplicado o referido comando, obtendo-se assim o
1485 traçado das áreas de influência de cada NÓ, cuja as áreas em hectares foram
1486 obtidos consultando a sua tabela de atributos no ArcGIS. Calculadas as áreas de
1487 influência dos NÓS, o passo seguinte foi calcular o caudal concentrado em cada NÓ
1488 aplicando a Equação 2.
1489
1490 3.6 Contrução do modelo da rede pelo WaterGEMS V8i
1491 Para fins da construção do modelo no WaterGEMS V8i os principais elementos
1492 do sistema são organizados nas seguintes categorias (Bentley WaterGEMS V8i
1493 User’s Guide):
1494  Tubulações: transporta água de um local (ou NÓ) para outro;
1495  Junções/ NÓS: pontos específicos, ou NÓS, no sistema em que um evento
1496 de interesse está ocorrendo;
1497  Reservatórios e Tanques: NÓS de limite com um grau hidráulico conhecido
1498 que definem os graus hidráulicos iniciais para qualquer ciclo computacional.
1499 Coelho et al. (2006), utilizam uma designação simplificada para cada um desses
1500 dois elementos, e tornam mais clara a distinção entre eles. O Reservatório é
1501 designado por esses autores como RNF (reservatório de nível fixo) e definem-o
1502 como NÓS especiais em que a cota da superfície livre é fixada pelo utilizador e não
1503 é alterada pelo processo de cálculo. Já o tanque é designado como RNV

160 58
161
162

1504 (reservatório de nível variável), e são definidos como NÓS especiais que possuem
1505 capacidade de armazenamento limitada, e em que o volume de água armazenado
1506 pode consequentemente ser alterado ao longo do tempo, numa simulação em
1507 período alargado.
1508  Bombas: representadas como NÓS. Sua finalidade é fornecer energia ao
1509 sistema e aumentar a pressão da água.
1510  Válvulas: dispositivos mecânicos usados para parar ou controlar o fluxo
1511 através de um tubo ou para controlar a pressão na tubulação a montante ou a
1512 jusante da válvula.
1513
1514 A Tabela 3.4 apresenta os dados básicos para modelação de um NÓ, a Tabela
1515 3.5 apresenta os dados básicos para modelação de tubulações, e a Tabela 3.6
1516 apresenta os dados essenciais para a modelação de RNV no WaterGEMS V8i.
1517
1518 Tabela 3.4 - Dados básicos para modelação de um NÓ. Fonte: Adaptado de Bentley WaterGEMS V8i User’s
1519 Guide.

Propriedade Descrição
ID Identificador exclusivo atribuído a este elemento.
Demand Collection Uma coleção de demandas de linha de base e padrões
temporais associados.
1520
1521 Tabela 3.5 - Dados básicos para modelação de tubulações. Fonte: Adaptado de Bentley WaterGEMS V8i User’s
1522 Guide.

Propriedade Descrição
ID Identificador exclusivo atribuído a este elemento.
Start Node Identificação do Nó onde começa a Tubulação.
Stop Node Identificação do Nó onde termina a Tubulação.
Exibe o comprimento dimensionado ou o comprimento
Length definido pelo usuário, dependendo de qual opção está
definida para a tubulação.
Material Tipo de material da tubulação
Altura de rugosidade de Darcy-Weisbach para a parede do
Darcy-Weisbach e
tubo.
Manning's n N de Manning

163 59
164
165

Hazen-Williams C Fctor C de Hazen-Williams


Representa o diâmetro interno de uma tubulação circular
Diameter ou quatro vezes o raio hidráulico para seções transversais
não circulares.
1523
1524 Tabela 3.6 - Dados básicos para a modelação de RNV. Fonte: Adaptado de Bentley WaterGEMS V8i User’s
1525 Guide.
Propriedade Descrição
ID Identificador único atribuído a este elemento.
Elevation Cota do terrreno do tanque
Elevação da base do tanque de armazenamento usada
Elevation (Base) como referência ao entrar nas elevações da superfície da
água no tanque em termos de níveis.
Elevação ou nível da superfície da água mais baixo
Elevation (Minimun) permitido. Se o tanque drenar abaixo deste ponto, ele será
automaticamente desligado do sistema.
Iniciando a elevação/nível da superfície da água no
Elevation (Initial)
tanque
Elevação ou nível máximo permitido da superfície da
Elevation (Maxi-
água. Se o tanque encher acima deste ponto, ele será
mum)
automaticamente desligado do sistema.
Definir a secção do tanque (Circular, Não Circular, Área
Section
Variável)
Diâmetro do tanque com seção transversal circular
Diameter
constante
1526
1527 De acordo com a fonte supracitada, antes de se iniciar o carregamento de dados
1528 para um modelo devem ser configuradas as opções relevantes do software relativas
1529 a este aspecto, em função do formato e das unidades em que se encontre registada
1530 a informação disponível, na entidade gestora do sistema em causa.
1531
1532 Diante de um serviço de engenharia, múltiplas soluções devem ser
1533 consideradas no período de análises. Os cenários e alternativas permitem ao
1534 usuário modelar um número infinito de soluções de uma maneira rápida e
166 60
167
168

1535 organizada dentro de um só modelo. Uma vez criados os cenários, o passo seguinte
1536 é configurar a opção de cálculo que o cenário terá. Cada cenário pode ter sua opção
1537 de cálculo própria ou, como opção, herdar uma opção de cálculo de um cenário
1538 parente (Bentley WaterGEMS V8i User’s Guide).
1539
1540 No caso concreto da modelagem da rede da área de estudo usando o
1541 WaterGEMS V8i, foram definidas inicialmete as unidades principais de cada
1542 parâmetro antes da importação dos dados do modelo, de seguida foi feita a
1543 importação automática da geometria da rede usando a ferramenta ModelBuilder,
1544 neste processo foi possível carregar além da geometria da rede, os comprimentos
1545 das tubulações da rede e as cotas de elevação dos NÓS. Realsar que ao importar o
1546 modelo sem a definição das propriedades das tubulações (diâmetros, coeficientes
1547 de rugosidade e material), o programa cria de forma automática essas propriedades,
1548 sendo necessária as suas definições de forma manual. Para as tubulações foi
1549 definido o material de acordo com a Tabela 3.7, e a determinação dos seus
1550 diâmetros foi feita conforme será apresentado no item 3.7. Para os NÓS foram
1551 inseridos os respectivos caudais calculados anteriormente. Já para o reservatório,
1552 tratando-se de um reservatório de nível variável foram definidos a sua cota de
1553 superfície livre, somando sua cota de terreno de 83 m, mais a altura da base do
1554 reservatório a partir do terreno de 30 m mais a altura de coluna de água (estimou-se
1555 uma altura de coluna de água igual 3 m para fins de simulação hidráulica) e definiu-
1556 se um reservatório circular de diâmetro 6.5 m para fins de simulação hidráulica.
1557
1558 Quanto as principais opções de cálculo, foi definida a simulação em estado
1559 estático e para o cálculo das perdas de carga das tubulações foi definido a Equação
1560 3 de Hazen-Williams.
1561
1 ,85 −1 ,85 −4 , 87 Equação 3
J=10 ,65 Q C D
1562
1563 onde:
1564 J - perda de carga unitária, m/m;
1565 Q - caudal, m3/s;
1566 C - coeficiente de rugosidade.
1567

169 61
170
171

1568 De acordo com Tsutiya (2006) o Coeficiente C depende da natureza e do


1569 estado das paredes da tubulações. A Tabela 3.7 apresenta os valores do coefiente
1570 C para a fórmula de Hazen-Williams normalmente utilizados em projectos.
1571
1572
1573 Tabela 3.7 - Valores do coeficiente C para a fórmula de Hazen-Williams. Fonte: Azevedo Netto et al. (1998).
Usados Usados
Tubos Novos ±10 ±20
anos anos
Aço corrugado (chapa ondulada) 60 - -
Aço galvanizado roscado 125 100 -
Aço soldado, comum (revestimento betuminoso) 110 90 80
Aço soldado com revestimento epóxico 140 130 115
Chumbo 130 120 120
Cimento-amianto 140 130 120
Cobre 140 135 130
Betão, bom acabamento 130 - -
Betão acabamento comum 130 120 110
Ferro fundido, revestimento epóxico 140 130 120
Ferro fundido, revestimento em argamassa de
130 120 105
cimento
Grês cerâmico, vidradrado (manilhas) 110 110 110
Latão 130 130 130
Madeira, em aduelas 120 120 110
Tijolos, condutos bem executados 100 95 90
Vidro 140 - -
Plástico (PVC) 140 135 130
1584 O uso de modelos de optimização para apoio ao dimensionamento dos
1585 sistemas não se encontra ainda generalizado na prática corrente de engenharia. Os
1586 principais aspectos que contribuem para este facto prendem-se com a
1587 disponibilidade de aplicações amigáveis nesta área, mas sobretudo com a
1588 dificuldade dos modelos de optimização em incorporarem todas as variáveis
1589 relevantes num processo de dimensionamento ou de reabilitação. Contudo, o uso de
1590 modelos de optimização não deve ser visto como um processo segundo o qual
1591 apenas uma única solução é encontrada, mas como um processo onde são

172 62
173
174

1592 analisados os custos e os benefícios de vários cenários alternativos (Coelho et al.,


1593 2006).
1594

1595 Um dos modelo de predimensionamento destacados pelos autores


1596 supracitados pela sua simplicidade conceptual e facilidade de aplicação é o Modelo
1597 de pré-dimensionamento baseado no critério de velocidades máximas, cuja
1598 sequência de cálculo se apresenta na Figura 3.1. De acordo com os autores, este
1599 critério tem como objectivo principal a determinação de uma colecção de diâmetros
1600 de tal modo que em nenhum deles a velocidade de escoamento exceda as
1601 velocidades máximas admissíveis, para as condições de dimensionamento, obtidas
1602 de acordo com a Equação 4, procurando-se, por razões de economia, que cada
1603 troço funcione em condições tão próximas quanto possível da sua capacidade
1604 máxima, e embora este critério controle também as perdas de carga nos Trechos,
1605 não garante que não haja violações de pressão em NÓS críticos da rede, resultando
1606 deste modo, duas etapas para a aplicação do critério. A primeira etapa refere-se ao
1607 dimensionamento das tubulações e a segunda etapa refere-se à verificação de
1608 pressões na rede. Neste item será apresentado apenas a primeira etapa deste
1609 critério, relactivo ao dimensionamento das tubulações, já a gestão das pressões da
1610 rede será avaliado no próximo item.

175 63
176
177

1611
1612 Figura 3.8 - Critério de velocidades máximas. Fonte: Adaptado de Coelho et al. (2006).
1613

1614 Conforme Coelho et al. (2006), a primeira etapa compreende o seguinte


1615 procedimento:
1616
1617 Passo 1: Adopta-se uma solução inicial de diâmetros. Uma solução inicial

1618 aconselhável consiste na consideração de diâmetros iguais para todos os Trechos a

1619 dimensionar. A situação de equilíbrio hidráulico corresponde ao estado de menor

1620 dissipação de energia no sistema devida ao transporte da água para satisfação dos

1621 consumos. A consideração inicial da igualdade de diâmetros privilegia, em redes

1622 malhadas e em igualdade de circunstâncias de diâmetro, os percursos com menores

1623 comprimentos e rugosidades – caminhos preferenciais do escoamento, fazendo

1624 passar por eles maiores caudais. Logo, o primeiro ciclo de correcção de diâmetros a

1625 partir da distribuição inicial vai aumentar os diâmetros das tubulações desses

178 64
179
180

1626 Trechos, em detrimento dos mais longos e rugosos, aos quais corresponderão

1627 diâmetros mais baixos. Assim, ainda que de modo indirecto, esta solução inicial

1628 conduz a uma solução final equilibrada em termos de custos de investimento. Tem

1629 ainda a vantagem de não ser necessário arbitrar uma distribuição inicial de caudais

1630 para se obter uma solução inicial de diâmetros;

1631 Passo 2: Com apoio do simulador, calculam-se os caudais em todas as tubulações,

1632 para a situação de equilíbrio hidráulico. De acordo com a noção de caminho

1633 preferencial do escoamento, descrita acima, é de esperar que os resultados

1634 evidenciem que existem Trechos que estão a trabalhar longe da sua capacidade

1635 máxima admissível, quer por excesso quer por defeito. Deste modo, há que fazer um

1636 novo redimensionamento da rede;

1637 Passo 3: A partir da distribuição de caudais obtido, calculam-se os diâmetros


1638 teóricos, de acordo com a Error: Reference source not found4, que se aproximam
1639 aos diâmetros comerciais imediatamente superiores. Deve atender-se nesta fase
1640 aos diâmetros mínimos impostos;

1641 Passo 4: Com base nos novos diâmetros, repete-se o cálculo do equilíbrio
1642 hidráulico. O processo continua até que deixe de haver alterações de diâmetros
1643 entre iterações sucessivas.

1644
1645 Com vista a determinação prévia de uma colecção de diâmetros das
1646 tubulações da rede, foi feito um pré dimensionamento usando software WaterGEMS
1647 V8i valendo-se do critério de velocidades máxima apresentada, essa primeira fase
1648 da simulação serviu para determinar a solução base do sistema, tendo como base
1649 para os critérios de dimensionamento os estabelecidos no Decreto Regulamentar nº
1650 23/95 – Artigo 21º de portugal.

1651

1652 O regulamento estabelece que a velocidade de escoamento para o caudal de


1653 ponta no ano horizonte de projecto não deve exceder o valor calculado de acordo
1654 com a seguinte equação:
181 65
182
183

V máx =0.127 D
0, 4 Equação 4
1655
1656 onde:
1657 D = diâmetro da tubulação, mm ;
1658 Vmáx = velocidade máxima, m/s;
1659
1660 A velocidade de escoamento para o caudal de ponta no ano início de
1661 exploração do sistema não deve ser inferior a 0,3 m/s, devendo-se prever
1662 dispositivos adequados para descarga periódica nas condutas onde não seja
1663 possível verificar-se este limite.
1664
1665 a) Limitação das pressões
1666 O regulamento estabelece que a pressão máxima (estática ou de serviço), em
1667 qualquer ponto de utilização, não deve ultrapassar os 600 kPa, medida ao nível do
1668 solo.
1669
1670 O regulamento refere ainda que a pressão de serviço em qualquer dispositivo
1671 de utilização predial, para o caudal de ponta, não deve ser, em regra, inferior a 100
1672 kPa. Deste modo, a pressão mínima, na rede pública e ao nível do arruamento pode
1673 ser calculada pela seguinte expressão:
1674
H = 100 + 40n Equação 5
1675
1676 onde:
1677 H = pressão mínima (kPa);
1678 n = o número de pisos acima do solo, incluindo o piso térreo.
1679
1680 b) Limitação dos diâmetros
1681 Para as tubulações principais o regulamento recomenda os seguites diâmetros
1682 mínimos:
1683  60 mm em aglomerado com menos de 20000 habitantes;
1684  80 mm em aglomerados com mais de 20000 habitantes.
1685
1686 O diâmetro considerado para todos os Trechos no passo 1 para o cálculo dos
1687 caudais foi o de 200 mm. Determinados os caudais nos Trechos foi possível calcular
184 66
185
186

1688 os novos diâmetros em função dos caudais máximos. Os caudais máximos para
1689 cada Trecho foi determinado usando o sistema de equação formado pela equação
1690 da velocidade máxima (Equação 4) e a equação da continuidade (Equação 6).

1691
2
πD V Equação 6
Q=
4
1692

1693 onde:
1694 D = diâmetro da tubulação, m ;
1695 V = velocidade média do escoamento, m/s;
1696 Q = caudal, m3/s.
1697
1698 3.8 Gestão de pressão na rede com a instalação de VRP’s
1699 Problemas de baixa pressão geralmente são identificados e corrigidos
1700 rapidamente, devido a reclamações de clientes. Problemas de alta pressão, por
1701 outro lado, pode persistir porque a maioria dos clientes não percebe que está
1702 recebendo pressões excessivas. Quando for determinado que as pressões estão
1703 muito altas em uma área, é melhor mover o limite da zona de pressão para que os
1704 clientes recebam pressões mais razoáveis de uma zona inferior. A redução da
1705 pressão deve reduzir o vazamento e melhorar a vida útil das instalações hidráulicas.
1706 É importante que o desempenho da VRP seja modelado antes da instalação para
1707 determinar os impactos nos clientes existentes e nos fluxos de incêndio. O modelo
1708 pode ajudar a apontar problemas que resultarão de fechamento de válvulas no
1709 sistema e pode ajudar o operador a identificar soluções (Walski et al, 2004).
1710
1711 Existem diversos tipos de válvulas redutoras de pressão, sendo as mais
1712 comuns as válvulas de mola, de pistão e de diafragma, a Figura 3.2 apresenta os
1713 diferentes tipos de válvulas redutoras de pressão (VRP). Genericamente, o princípio
1714 de funcionamento de uma VRP consiste em accionar o dispositivo de obturação
1715 sempre que a pressão a jusante for demasiado elevada, por forma a aumentar a
1716 perda de carga localizada no sistema, reduzindo o valor da pressão a jusante até ao
1717 valor pretendido (valor designado por carga de definição da válvula redutora de
1718 pressão, HVRP); se pelo contrário, a pressão a jusante descer abaixo de um

187 67
188
189

1719 determinado valor, a válvula abre, diminui a perda de carga, aumentando a linha de
1720 energia e a pressão a jusante atinge o valor pretendido. Deste modo, distinguem-se
1721 fundamentalmente três tipos de funcionamento, na Figura 3.3 apresenta-se o modo
1722 genérico de funcionamento de uma válvula redutora de pressão do tipo convencional
1723 (Ramos et al., 2004):
1724
1725 1) em que a válvula provoca uma perda de carga localizada no sistema reduzindo o
1726 valor da pressão a jusante e que se designa por estado activo da válvula (Figura
1727 3.3-(i));
1728 2) se a pressão a montante for insuficiente e inferior à carga de definição da VRP, a
1729 válvula abre totalmente, mantendo a montante e a jusante a mesma pressão a
1730 menos da perda de carga localizada introduzida pela válvula aberta designado por
1731 estado passivo com a válvula aberta. (Figura3.3-(ii))- por forma a minimizar a perda
1732 de carga localizada intrínseca à válvula aberta, a válvula deverá ser dimensionada
1733 de modo que a sua capacidade, para a abertura total, seja superior ao caudal de
1734 dimensionamento do sistema;
1735 3) sempre que, por qualquer razão, a pressão a jusante seja superior à pressão a
1736 montante, a válvula fecha totalmente funcionando como uma válvula de retenção
1737 que impede a inversão do escoamento, caracterizando assim o estado passivo da
1738 válvula fechada (Figura 3.3 - (iii)).
1739

Figura 3.9 - Diferentes tipos de válvulas redutoras de pressão (VRP): da esquerda para a direita, VRP
controlada por mola, VRP controlada por pistão e VRP controlada por diafragma. Fonte: Ramos et al. (2004).

190 68
191
192

1741

Figura 3.10 - Modo genérico de funcionamento de uma válvula redutora de pressão do tipo convencional.
Fonte: Ramos et al. (2004).

1743 Do ponto de vista da modelação, as válvulas são Trechos especiais de


1744 comprimento nulo, que provocam uma perda de carga de acordo com determinadas
1745 características e limitam assim a pressão ou o caudal para jusante. Uma válvula
1746 pode ser utilizada no modelo para representar um dispositivo deste tipo que exista
1747 fisicamente no sistema, o que constitui a sua aplicação mais frequente, ou como
1748 artifício para simular condições de funcionamento específicas (Coelho et al., 2006).
1749
1750 Para o caso de estudo, valendo-se do software de modelação hidráulica
1751 WaterGEMS V8i, a gestão da pressão resultou da introdução de válvulas redutoras
1752 de pressão em alguns Trechos da rede cujas pressões a jusante encontranvam-se
1753 acima dos limites recomendados. Os dados básicos para a modelação de uma VRP
1754 no WaterGEMS V8i são os apresentados na Tabela 3.8.
1755
1756
1757 Tabela 3.8 - Dados básicos para a modelação de uma VRP. Fonte: Adaptado Bentley WaterGEMS V8i User’s
1758 Guide.
Propriedade Descrição
ID Identificador exclusivo atribuído a este elemento.
Status (Initial)
Setting Type Opções: Pressão, Grau Hidráulico.
Pressure Setting (Initial) Especifica o ajuste de pressão inicial para a válvula.
Hydraulic Grade Setting Especifica a configuração de grau hidráulico inicial
(Initial) para a válvula.
Diâmetro interno da válvula. Usado para calcular a
Diameter (Valve)
velocidade através da válvula e uma perda menor

193 69
194
195

correspondente quando um coeficiente de perda


menor é inserido.
Especifica o tipo de válvula. As opções são Borboleta,
Valve Type Agulha, Porta Circular, Globo, Bola e Definido pelo
Usuário.
Elevation Elevação no centroide da válvula.
1759
1760 Importa realsar que as opções Pressure Setting (Initial) e Hydraulic Grade
1761 Setting (Initial) são habilitadas em função da opção definida em Setting Type. No
1762 WaterGEMS V8i a introdução de uma VRP é feita clicando na opção PRV localizado
1763 na aba Layout. Depois de introduzidas foram feitas as devidas definições dos seus
1764 dados básicos. Para todas as válvulas foi definido o Estado (Inicial) como activo, o
1765 Tipo de configuração foi definido como pressão, foi definido uma válvula do tipo
1766 globo, as elevações do centroide das válvulas foram determinadas fazendo uma
1767 sobreposição entre as curvas de nível da área de estudo e o modelo da rede
1768 composta pelas VRP’s.
1769

196 70
197
198

1770 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES


1771 4.1 Caracterização da área de estudo
1772 Hoji ya Henda é um dos 6 distritos urbanos do município do Cazenga,
1773 província de Luanda e actualmente conta com 12 bairros. Estima-se que o distrito
1774 ocupa uma extensão territorial de 852.43 ha. São João é um dos bairros interior que
1775 compõe o distrito urbano do Hoji Ya Henda, com uma extensão territorial estimada
1776 de 79.20 ha, caracterizado por um crescimento urbano desordenado com um nível
1777 de vida populacional médio baixo onde grande parte da população não tem acesso
1778 regular ao saneamento base. Pelo anteriormente exposto, a solução para a
1779 problemática do abastecimento de água do bairro São João, passa
1780 necessariamente por compreender o sistema de abastecimento no distrito como um
1781 todo, por encontrar-se inserido na área de influência do centro de distibuição de
1782 água do Cazenga, cuja capacidade de reservação é de 30000 m 3 e é aduzido a
1783 partir da Estação de Tratamento de Água do Kifangondo de acordo com o relatório
1784 da EPAL de 06 à 12 de Setembro de 2021. Na Figura 4.1 apresenta-se o mapa de
1785 localização do Bairro São Jõao.
1786

199 Figura 4.11 -Mapa de localização do Bairro São Jõao. Fonte: Elaboração própria. 71
200
201

1787 A Figura 4.2 mostra o mapa temático das áreas de influência dos centros de
1788 distribuição que abastecem o distrito urbano do Hoji Ya Henda. Observa-se no mapa
1789 que a cor verde representa a área de influência do CD Cazenga envolvendo em si o
1790 Bairro São João representada pela linha tracejada de cor azul. As cotas altimétricas
1791 na área variam entre 29 a 82 metros, favorecendo o abastecimento de água por
1792 gravidade através do reservatório elevado de capacidade média de armazenamento
1793 de 500 m3, assente num terreno de cota igual a 83 m e com altura da base de 30 m.
1794 A cor amarela representa a área de influência do CD Mulemba e a cor vermelha
1795 representa a área privada de abastecimento por inexistência de rede de distribuição.
1796

1797
1798 Figura 4.12 - Mapa temático das áreas de influências dos centros de distribuição que abastecem o distrito
1799 urbano do Hoji Ya Henda. Fonte: Elaboração própria.

202 72
203
204

1800 4.2 Resultado do estudo demográfico da área de estudo


1801 O mapa temático da contagem das residências com recurso ao ArcGis
1802 apresentado na Figura 4.3, resulta do levantamento demográfico, obedencendo o
1803 método da modelagem estatística apresentado na secção 3.2. A linha verde do
1804 mapa representa o limite da área de influência do CD Cazenga e os polígonos de
1805 cor azul em seu interior representam as residências contadas. Ademais observa-se,
1806 zonas desprovidas dos polígonos traçados, essas zonas correspondem em grande
1807 parte às ocupações industriais, comerciais e hospitalares, cuja a percepção foi
1808 facilitada consultando o mapa da situação de uso do solo publicado no Plano
1809 Director Geral Metropolitano de Luanda de 2014. Na Tabela 4.1 apresenta-se os
1810 resultados da densidade populacional.

205 73
206
207

1812 Tabela 4.9 - Resultados da densidade populacional. Fonte: Elaboração própria.


Nº de Nº de pessoas População Área de influência Densidade
Residências por agregado total do CD cazenga demográfica

(hab) (hab) (ha) (hab/ha)


20823 6 124938 620 202
1813 4.3 Resultado do levantamento topográfico da área de estudo
1814 Na sequência do entendimento da problemática do abastecimento de água na
1815 área do caso de estudo, realisou-se a extração das cotas altimétricas com recurso a
1816 um mapa topográfico da área de estudo, costatando-se que esta correspondia a um
1817 plano inclinado, favorecendo o abastecimento por gravidade. A Figura 4.4 apresenta
1818 o mapa topográfico da área de estudo resultante da aplicação da metodologia
1819 apresentada no capítulo anterior, de onde foram extraídas as cotas de terreno dos
1820 NÓS e do reservatório. as linhas azuis do mapa representam as curvas secundárias
1821 com distâncias definidas entre si de 1m, as linhas vermelhas representam as curvas
1822 mestras distanciadas de 5m e a linha vermelha representa o limite do distrito urbano
1823 do Hoji Ya Henda, indicando que o terreno tem uma configuração de plano inclinado,
1824 o que reforça o dito anteriormente que o terreno favorece o abastecimento de água
1825 por gravidade.

1826

208 74
209
210

Figura 4.14 - Mapa topográfico da área de estudo. Fonte: Elaboração própia.

1828 4.4 Resultado do traçado da rede da área de estudo


1829 No caso em estudo, a simplificação do modelo foi obtido, limitando o número
1830 de Trechos originais da rede e traçando-do-os de modo a formarem malhas
1831 aproximadamente iguais sepre que possível, descartando os restantes Trechos no
1832 interior destas malhas e inserindo os NÓS nas intersecções dos Trechos que
1833 formam as malhas e sempre que fosse conveniente delimitar um Trecho.

211 75
212
213

1834 A Figura 4.5 mostra o mapa temático da rede cadastrada do distrito do Hoji Ya
1835 Henda, que serviu de base para o traçado da rede, onde se observam que as
1836 tubulações principais da rede, representadas pelas linhas de maiores espessuras de
1837 cor azul, tendem a formar malhas envolvendo as tubulações secundárias
1838 representadas pelas linhas de menores espessuras de cor azul. Na Figura 4.6
1839 apresenta-se o resultado do traçado da rede com base na rede existente, a partir do
1840 ArcGIS, nela é possível observar as tubulações principais traçadas, criadas com um
1841 shapfile do tipo linha, representadas com linhas de cor de rosa, os NÓS
1842 representados pelos pontos de cor verde criados com um shapfile do tipo ponto, as
1843 tubulações existentes representadas pelas linhas de cor azul e o posicionamento do
1844 reservatório elevado representado pelo ponto de cor amarela.
1845

214 76
215
216

Figura 4.15 - Mapa temático da rede cadastrada do distrito urbano Hoji Ya Henda. Fonte: Adaptado da rede
cadastrada de abastecimento de água do município de Cazenga elaborado pela EPAL.

217 77
218
219

1847
1848 Figura 4.16 - Resultado do traçado da rede com base na rede existente a partir do ArcGIS. Fonte: Elaboração
1849 própria.
1850
1851

220 78
221
222

1852 4.5 Resultado dos caudais da rede da área de estudo


1853 4.5.1 Resultado do caudal específico
1854 O caudal específico tem relação directa com a densidade populacional na
1855 altura do dimensionamento da rede, mas ao registar-se na área do caso de estudo o
1856 crescimento vertiginoso da densidade populacional, apesar de continuar a existir
1857 relação directa com o caudal específico não é aplicável nas condições actuais uma
1858 vez que na zona registou-se um crescimento desorganizado da urbanização. A
1859 Tabela 4.2 apresenta um resumo do cálculo do caudal específico resultante da
1860 aplicação da Equação 1. Tendo em conta o nível de vida populacional médio baixo
1861 da área de estudo, onde grande parte da população não tem acesso regular ao
1862 saneamento base o que implica necessariamente que a população não apresenta
1863 condições sanitárias suficientes para escoar grande parte da água resultante do seu
1864 uso, foi adoptado o consumo per capita de 110 l/ha.dia, recomendado para área de
1865 nível de desenvolvimento variando entre moderado a elevado, conforme a Tabela
1866 3.1, de modo a adequar-se a realidade da área de estudo.
1867
1868 Tabela 4.10 - Resumo do cálculo do caudal específico. Fonte: Elaboração própria.
Designação Unidade Valor
Densidade demográfica (d) [hab/ha] 202
Consumo per capita de água (q) [l/hab.dia] 110
Coeficiente do dia de maior consumo (K1) Adimensional 1.25
Coeficiente da hoara de maior consumo (K2) Adimensional 1.4
Caudal específico (Qd) l/s.ha 0.45
1869
1870 4.5.2 Resultado dos caudais concentrados nos NÓS
1871 Como resultado da aplicação do método apresentado no item 3.5.2 para a
1872 determinação das áreas de influência dos NÓS, apresenta-se na Figura 4.7 o mapa
1873 das áreas de influência dos NÓS reajustadas e calculadas através do ArcGIS, onde
1874 os NÓS estão representados por pontos de cor verde, as tubulações da rede de cor
1875 de rosa e os limites das áreas de influência dos NÓS com a cor cinzenta. Observa-
1876 se na figura que a cada NÓ corresponde uma área de influência onde estão
1877 inseridas um determinado número de consumidores (doméstico, industrial,
1878 comercial, etc.) afectas a esse NÓ, reitera-se que para o caso de estudo foram
1879 considerados apenas os consumidores domésticos.
223 79
224
225

1880
1881 Figura 4.17 - Mapa das áreas de influência dos NÓS reajustadas e cálculadas através do ArcGIS. Fonte:
1882 Elaboração própria.
1883

1884 Na Tabela 4.3 apresenta-se o resumo do cálculo dos caudais concentrados nos
1885 NÓS aplicando a Equação 2. Observa-se na tabela uma diferença assentuada entre
1886 a maior e a menor área, 20 e 3 ha respectivamente, e que os valores das áreas no

226 80
227
228

1887 geral variam dentro desses limites, sendo que algumas encontram-se nas mesmas
1888 faixas de valores. Essa variação das áreas tem relação directa com comprimento
1889 dos Trechos com o qual o NÓ está conectado, sendo que a área do NÓ tende a ser
1890 maior quanto maior os Trechos conectados a esse NÓ. Quanto aos caudais, são
1891 directamente proporcionais a área dos NÓS, ou seja, são maiores ou menores em
1892 função das áreas.
1893
1894 Tabela 4.11 - Resumo do cálculo dos caudais concentrados nos nós. Fonte: Elaboração própria.
N29 11 4.95
Área de Caudal N30 12 5.40
ID
influência do NÓ no NÓ
N31 12 5.40
(ha) (l/s) N32 15 6.75
N0 13 5.85 N33 9 4.05
N1 16 7.20 N34 9 4.05
N2 14 6.30 N35 6 2.70
N3 19 8.55 N36 6 2.70
N4 9 4.05 N37 8 3.60
N5 20 9.00 N38 11 4.95
N6 19 8.55 N39 4 1.80
N7 13 5.85 N40 7 3.15
N8 10 4.50 N41 5 2.25
N9 11 4.95 N42 7 3.15
N10 15 6.75 N43 5 2.25
N11 12 5.40 N44 3 1.35
N12 9 4.05 N45 5 2.25
N13 9 4.05 N46 7 3.15
N14 12 5.40 N47 6 2.70
N15 5 2.25 N48 3 1.35
N16 10 4.50 N49 3 1.35
N17 7 3.15 N50 5 2.25
N18 5 2.25 N51 6 2.70
8 3.60 N52 8 3.60
N19
5 2.25 N53 11 4.95
N20
12 5.40 N54 6 2.70
N21
11 4.95 N55 9 4.05
N22
5 2.25 N56 4 1.80
N23
11 4.95 N57 4 1.80
N24
N58 9 4.05
N25 9 4.05
N59 9 4.05
N26 8 3.60
N60 6 2.70
N27 8 3.60
N61 4 1.80
N28 10 4.50 N62 5 2.25
229 81
230
231

N63 5 2.25 N69 3 1.35


N64 8 3.60 N70 6 2.70
N65 9 4.05 N71 4 1.80
N66 4 1.80 N72 10 4.50
N67 6 2.70 N73 4 1.80
N68 6 2.70 Total 620 279
1895
1896
1897 4.6 Resultado da construção do modelo da rede da área de estudo pelo
1898 WaterGEMS V8i
1899 Com vista a obter um modelo da rede que apresente um comportamento que
1900 se mantenha tão próximo quanto possível da rede existente na área de estudo, foi
1901 feito até aqui a recolha dos dados básicos e o traçado desta rede. O carregamento
1902 do modelo foi feito obedecendo os passos apresentados no item 3.6, já o
1903 processamento do modelo dentro do ambiente do WaterGEMS V8i envolveu as
1904 definições dos dados básicos dos principais elementos do modelo da rede
1905 (tubulações, NÓS e reservatório), para as tubulações foi definido ferro fundido com
1906 revestimento epóxico usados a mais ou menos 20 anos como material de acordo
1907 com a Tabela 3.7, resultando num coeficiente de Hazen – Williams igual a 120. Na
1908 Tabela 4.4 apresenta-se a definição dos dados básicos dos principais elementos do
1909 modelo da rede, para o reservatório foi definido o RNV representando assim o
1910 reservatório elevado do CD Cazenga.
1911
1912 Tabela 4.12 - Definição dos dados básicos dos principais elementos do modelo da rede. Fonte: Elaboração
1913 própria.
Designação do dado
Componente Dado definido
a definir
Ferro fundido com revestimento
Tubulação Material
epóxico
C de Hazen-Williams 120
Caudais (l/s) Conforme calculados anteriormente
NÓS Adicionados de acordo com o mapa
Cota (m)
topográfico da área.
RNV Secção Circular
Diâmetro (m) 6.5
Cota do terreno (m) 83
Elevação da base (m) 113
Nível mímino (m) 113.5
Nível inicial (m) 115

232 82
233
234

Nível máximo (m) 116


1914
1915 4.7 Resultado do dimensionamento da rede da área de estudo
1916 Obedencendo os passos 1 e 2 do critério de velocidades máximas
1917 apresentados no item 3.7 obteve-se como resultado os caudais calculados com o
1918 apoio do WaterGEMS V8i considerando diâmetros iguais a 200 mm para todas as
1919 tubulações a dimensionar para a situação de equilíbrio hidráulico, representados na
1920 Figura 4.8, que serviram de base para o cálculo de diâmetros teóricos dessas
1921 tubulações, onde é possível observar que em alguns Trechos os caudais estão

1922 muito próximos de zero.


Figura 4.18 - Caudais calculados com o apoio do WaterGEMS V8i considerando diâmetros iguais à 200mm para
235 todas as tubulações. Fonte: Elaboração própria. 83
236
237

1923
1924 A partir da distribuição de caudais obtidos no passo anterior foram calculados
1925 os diâmetros teóricos com base na Tabela 4.5 que apresenta o caudal máximo
1926 determinado a partir da velocidade máxima recomendada, resultante do sistema de
1927 equação formado pela Equação 4 (equação da velociade máxima) e Equação 6
1928 (equação da continuidade).
1929
1930 Tabela 4.13 - Caudal máximo determinado a partir da velocidade máxima recomendada. Fonte: Elaboração
1931 Própria.
1932 D Vmáx Qmáx
1933
(mm) (m/s) (l/s)
1934
1935 100 0.80 6.29
1936
1937 150 0.94 16.65
1938
1939 200 1.06 33.20
1940
1941 250 1.16 56.72
1942
1943 300 1.24 87.85
1944
1945 350 1.32 127.19

400 1.40 175.23

450 1.46 232.48

500 1.53 299.37

600 1.64 463.70

1948 Feita a simulação da rede com os novos diâmetros observou-se que em alguns
1949 Trechos da rede os caudais resultavam em zero, e de modo a reverter a situação
1950 foram feitas várias iterações mudando-se os diâmetros desses Trechos e assim ter-
1951 se caudais a circularem por eles. Na Figura 4.9 apresentam-se os diâmetros da rede
1952 da área de estudo determinados represantados através da codificação de cores
1953 permitindo assim uma rápida percepção de como se desenvolvem os diâmetros da
1954 rede, seguida de uma legenda no canto superior esquerdo, tais diâmetros
1955 representam parte do dimensionamento da rede de abastecimento da área de
1956 estudo. Observa-se que a maior tubulação é a de cor vermelha, com diâmetro de
238 84
239
240

1957 500 mm por onde passa todo caudal que abastece a rede, quanto as tubulações
1958 principais de distribuição da rede, estão representadas por cores cinzentas com
1959 variação de diâmetros entre 100 à 200 mm, azuis entre 250 à 350 mm e rosa de 400
1960 à 450 mm, sendo que todas elas cingem às gamas de diâmetros comercialmente
1961 disponíveis. Os diâmetros das tubulações tendem a ser menores a medida que se
1962 vão distanciando do reservatório de abastecimento.
1963
1964

1965

1966

1967

241 85
Figura 4.19 - Diâmetros da rede da área de estudo determinados representados através da codificação de cores.
Fonte: Elaboração própria.
242
243

1968 Na Tabela 4.6 apresentam-se os caudais e velocidades resultantes do cálculo


1969 feito com base nos novos diâmetros, onde se pode observar que em alguns Trechos
1970 as velocidades não alcançaram o valor mínimo imposto pela norma, mesmo com as
1971 alterações dos diâmetros, em consequência dos baixos caudais verificados nesses
1972 Trechos, devendo-se prever dispositivos adequados para descarga periódica nesses
1973 Trechos, tal como sugere a Decreto Regulamentar nº 23/95 – Artigo 21º de portugal.
1974
1975 Tabela 4.14 - Caudais e velocidades resultantes do cálculo feito com base nos novos diâmetros. Fonte:
1976 Elaboração própria
Diâmetr Cau- Veloci- T32 350 38.22 0.4
ID
o dal dade T33 350 52.75 0.55
(mm) (l/s) (m/s) T34 200 6.47 0.21
T0 500 279 1.42 T35 250 3.07 0.06
T1 200 7.51 0.24 T36 200 20.33 0.65
T2 150 4.46 0.25 T37 200 4.93 0.16
T3 350 23.16 0.24 T38 200 25.6 0.81
T4 400 50.25 0.4 T39 200 8.99 0.29
T5 200 6.32 0.2 T40 200 17.34 0.55
T6 300 15.61 0.22 T41 200 6.93 0.22
T7 300 7.33 0.1 T42 200 4.65 0.15
T8 350 10.28 0.11 T43 250 6.53 0.13
T9 350 9.08 0.09 T44 200 5.2 0.17
T10 300 11.95 0.17 T45 250 12.96 0.26
T11 300 17.5 0.25 T46 150 10.27 0.58
T12 250 12.6 0.26 T47 400 113.97 0.91
T13 250 15.71 0.32 T48 400 96.34 0.77
T14 200 13.01 0.41 T49 400 79.31 0.63
T15 250 6.36 0.13 T50 350 58.3 0.61
T16 250 9.93 0.2 T51 350 36.76 0.38
T17 200 6.13 0.2 T52 350 20.9 0.22
T18 200 6.33 0.2 T53 250 8.21 0.17
T19 200 1.26 0.04 T54 300 11.36 0.16
T20 150 2.76 0.16 T55 250 12.1 0.25
T21 150 7.98 0.45 T56 250 12.87 0.26
T22 200 12.18 0.39 T57 250 5.86 0.12
T23 200 2.7 0.09 T58 200 3.02 0.1
T24 150 1.77 0.1 T59 200 17.87 0.57
T25 350 39.87 0.41 T60 200 23.22 0.74
T26 200 2.88 0.09 T61 200 17.44 0.56
T27 200 20.34 0.65 T62 200 23.98 0.76
T28 200 2.83 0.09 T63 200 9.77 0.31
T29 200 6.31 0.2 T64 250 39.88 0.81
T30 150 2.75 0.16 T65 400 53.48 0.43
T31 100 1.05 0.13 T66 250 25.56 0.52
244 86
245
246

T67 150 15.23 0.86 T114 150 3.41 0.19


T68 250 30.02 0.61
T69 150 5.49 0.31
T70 150 5.46 0.31
T71 200 5.13 0.16
T72 200 3.9 0.12
T73 200 7.87 0.25
T74 250 20.92 0.43
T75 200 2.71 0.09
T76 150 5.27 0.3
T77 150 6.64 0.38
T78 200 6.31 0.2
T79 150 4.34 0.25
T80 150 3.04 0.17
T81 150 1.02 0.06
T82 250 11.71 0.24
T83 200 7.4 0.24
T84 200 4.68 0.15
T85 150 1.08 0.06
T86 150 7.07 0.4
T87 150 6.8 0.38
T88 150 1.57 0.09
T89 150 2.15 0.12
T90 150 4.46 0.25
T91 200 5.61 0.18
T92 200 7.69 0.24
T93 250 1.01
T94 200 5.54 0.18
T95 200 5.65 0.18
T96 150 1.07 0.06
T97 100 1.76 0.22
T99 150 1.02 0.06
T100 200 7.82 0.25
T101 150 2.37 0.13
T102 100 2.57 0.33
T103 150 1.03 0.06
T104 250 6.37 0.13
T105 200 2.18 0.07
T106 200 3.98 0.13
T107 150 4.73 0.27
T108 200 1.84 0.06
T109 200 6.58 0.21
T110 200 1.53 0.05
T111 200 9.51 0.3
T112 200 7.26 0.23
T113 250 9.91 0.2
247 87
248
249

1977
1978
1979

250 88
251
252

1980 Na sequência da análise do comportamento da rede, a próxima variável a ser


1981 avaliada são as pressões nos NÓS, na Figura 4.10 apresentam-se as pressões
1982 existentes nos NÓS da rede, através de codificação de cores de acordo com os
1983 seus níveis de pressão. Tal como se previa dada as elevadas diferenças
1984 altimimétricas do terreno, existe uma clara violação dos limites de pressão
1985 estabelecidos pela norma, verificadas na zona superior mais a esquerda da rede,
1986 onde se concentram as menores cotas altimétricas do terreno resultando em
1987 pressões acima dos limites normativos, isto é, acima dos 60 m.c.a. As pressões
1988 acima do limite estão representadas a cor vermelha, sendo a maior de 82 m.c.a,
1989 verificada no nó N57, as que se encontram dentro dos limites normativos, estão
1990 representadas com a cor azul variando entre 31 à 48 m.c.a e cor de rosa variando
1991 entre 52 à 60 m.c.a, sendo estas últimas aquelas que se encontram bastante
1992 próximo e atingindo os limites normativos.
1993
1994

253 89
254
255

Figura 4.20 - Pressões existentes nos NÓS da rede. Fonte: Elaboração própria.

1996 Na Figura 4.11 com as cores azul ciano se apresentam os perfís traçados na
1997 rede para análise das pressões, na Figura 4.12 o gráfico do comportamento das
1998 pressões na rede em função das características do terreno para o perfíl (a) e na
1999 Figura 4.13. o gráfico do comportamento das pressões na rede em função das
2000 características do terreno para o perfíl (b). Nas duas últimas figuras os gráficos das

256 90
257
258

2001 curvas de pressões estão representadas pela cor azul, enquanto que a do perfíl do
2002 terreno está representado pela cor de laranja, onde é possível observar que as
2003 pressões na rede tendem a aumentar a medida que a cota do terreno vai baixando.
2004
2005

(a) (b)
Figura 4.21 - Perfís traçados na rede para análise das pressões. Fonte: Elaboração própria.
2007 Figura 4.23 - Gráfico do comportamento das pressões na rede em função das características do terreno para o
2008 perfíl (b). Fonte: Elaboração própria.
2009

Figura 4.22 - Gráfico do comportamento das pressões na rede em função das características do terreno para o
perfíl (a). Fonte: Elaboração própria.

2010 4.8 Resultado da gestão das pressões com a instalação de VRP’s


2011 Conhecendo o comportamento da rede em termos de pressões e sabendo-se
2012 que esta apresenta elevadas pressões em alguns NÓS, torna-se claro que a gestão

259 91
260
261

2013 de pressão através da instalação de VRP’s apresenta-se como a alternativa mais


2014 viável para o caso de estudo, cujo processo de instalação foi apresentado no item
2015 3.8.
2016
2017 Na Figura 4.14 apresentam-se o resultado das pressões após a Instalação das
2018 VRP’s na rede, onde as VRP’s instaladas na rede estão representadas com a cor
2019 castanha, com a cor azul representam-se os NÓS com pressões que se encontram
2020 dentro dos limites normativos e com a cor de rosa representa-se os NÓ com a
2021 pressão no limite máximo. Observa-se na figura que a redução das pressões na
2022 zona afectada, foi conseguida com a instalação de sete VRP’s pemitindo uma
2023 redução da maior pressão verificada no NÓ N57 de 82 para 58 m.c.a. Observa-se
2024 ainda que o efeito das VRP’s sobre as pressões da rede foi bem mais abrangente
2025 não se limitando apenas aos NÓS que definem os Trechos sobre os quais eles
2026 foram instalados, isto é, aos NÓS a jusante e a montante dos Trechos.
2027

262 92
263
264

2028
2029 Figura 4.24 - Resultado das pressões após a Instalação das VRP’s na rede. Fonte: Elaboração própria.
2030
2031 De modo a se conseguir uma análise mais apurada dos resultados obtidos na
2032 rede após a instalação das VRP’s estão apresentadas nas Figuras 4.15 e 4.16
2033 comparações feitas entre os gráficos das pressões na rede antes da intalação das
2034 VRP’s (gráfíco representado com a cor azul) e depois da instalação (gráfico
2035 representado com a cor laranja) nos caminhos definidos na Figura 4.10, onde é
2036 possível observar a redução das pressões nos NÓS que excediam os 60 m.c.a.

265 93
266
267

2037 (NÓS N44, N57, N56, 48 e 49 da Figura 4.14 e N42, N43, N45, N47 e N56 da
2038 Figura 4.15) para valores que cumprem com a norma.
2039

2040
2041 Figura 4.25 - Comparação das pressões na rede antes e depois da instalação das VRP’s no perfil (a). Fonte:
2042 Elaboração própria.
2043
2044

2045
2046 Figura 4.26 - Comparação das pressões na rede antes e depois da instalação das VRP’s no perfil (b). Fonte:
2047 Elaboração própria.
2048

268 94
269
270

2049 5 CONCLUSÕES
2050 Para o presente trabalho de Fim do Curso, cujo objectivo de estudo foi modelar
2051 e analisar o comportamento das pressões na rede de distribuição de água do Bairro
2052 São João no Distrito Urbano do Hoji Ya Henda usando a ferramenta de modelação
2053 hidráulica WaterGEMS V8i, chegou-se as seguintes conclusões:
2054  Os valores dos diâmetros das tubulações principais da rede de distribuição
2055 de água do bairro São João determinados com o apoio da ferramenta de
2056 simulação hidráulica WaterGEMS V8i variam entre 100 a 500 mm sendo a
2057 tubulação de 150mm a de maior incidência na rede;
2058  A pressão máxima nos NÓS de consumo da rede existente no Bairro São
2059 João determinadas com o apoio WaterGEMS V8i atinge um valor máxímo
2060 de 82 m.c.a resultante das cotas topográficas acentuadas que se verifica na
2061 área, o que representa um comportamento desfavorável em termos de
2062 pressões. Quanto as velocidades mínimas, a rede apresenta um
2063 comportamento razoável atingindo um valor mínimo de 33 m.c.a;
2064  A redução da pressão, através da introdução de novas VRPs, mostrou-se
2065 eficiente para rede da área de estudo, e verifcou-se que para todos os nós
2066 do sistema que apresentavam valores de pressão excessivos, chegando
2067 aos 82 m.c.a, a introdução VRP’s permituiu que se mantivesse as pressões
2068 dentro dos limites normativos, sendo que para para a mínima pressão
2069 obteve-se o valor de 33 m.c.a e para a máxima o valor de 60 m.c.a, esta
2070 última no entanto é um valor exclusivo no NÓ N37 funcionando com a
2071 pessão no limite máximo.
2072

2073

271 95
272
273

2074 6 RECOMENDAÇÕES
2075 Para os futuros trabalhos recomenda-se a realização de simulações para
2076 diferentes categorias de consumo de modo a se avaliar o comportamento da rede
2077 para essas variações.
2078
2079 Recomenda-se na continuidade deste trabalho a realização das simulações
2080 em período alargado definindo-se as condições operacionais das válvulas redutoras
2081 de pressão e as condições de fronteira do reservatório elevado de modo a se avaliar
2082 os seus comportamentos em função do tempo.
2083
2084 Recomenda-se a introdução de ferramenta de análise geoespacial e simulação
2085 hidráulica no programa de estudo de engenharia FEUAN para que os estudantes
2086 ganhem habilidades e desta forma fortaleçam os critérios de análise na hora do
2087 desenvolvimento de projectos.
2088

274 96
275
276

2089 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


2090 Alegre et al., H. (2005). Controlo de Perdas de Água em Sistemas Públicos de
2091 Adução e Distribuição.
2092 Amaral, I. (1983). Luanda e os Seus Muceques. Problemas de Geografia Urbana.
2093 Lisboa.
2094 Ambiental, A. B. (2019). O Uso do GIS em Sistemas de Abastecimento de Água,
2095 Integrado à Modelagem Hidráulica Para Melhoria da Gestão e Operação. 30º
2096 Congresso ABES 2019.
2097 Baptista, M., & Lara, M. (2014). Fundamentos de Engenharia Hidráulica (3ª ed.).
2098 Belo Horizonte: UFMG.
2099 Bentley WaterGEMS V8i User’s Guide. (s.d.). Bentley WaterGEMS V8i User’s
2100 Guide.
2101 Coelho et al. (2006). Modelação e Análise de Sistemas de Abastecimento de Água.
2102 Instituto Regulador de Águas e Resíduos.
2103 EPAL. (2013). Boletim Informativo. Especial Adutor EPAL.
2104 EPAL. (06 à 12 de Stembro de 2021). Caracterização do Abastecimento de Água à
2105 Cidade de Luanda. .
2106 França, V. O. (2012). Avaliação de Métodos Dasimétricos Para Estimativa
2107 Populacional em Pequenas Áreas.
2108 Governo da província de Luanda / Administrção municipal do Cazenga. (2020).
2109 Relatório das actividades anuais. Luanda: Governo da província de Luanda.
2110 Guimarans et al. (Agosto de 2007). Saneamento Básico.
2111 INE. (Setembro de 2014). Censo 2014, Resultados Preliminares do Recenseamento
2112 Geral da População e da Habitação de Angola 2014.
2113 Jacinto, M. M. (2012). A Problemática da Água em Angola (1975-2010). Lisboa.
2114 Magalhães et al, M. A. (2004). Manual de Abastecimento de Água. Orientações
2115 técnicas.
2116 Ministério das obras públicas, t. e. (23 de agosto de 1995). Decreto regulamentar nº
2117 23/95 de 23 de agosto. Portugal. Acesso em 2022
2118 Netto et al., A. M. (2005). Manual de Hidráulica. Editora Edgard Blucher LTDA.
2119 O.M. Awe et al. (2019). International Conference on Engineering for Sustainable
2120 World. Journal of Physics: Conference Series.
2121 ONU. (1992). O Direito Humano à Água e aos Saneamento. Conferência
2122 Internacional das Nações Unidas sobre População. Zaragoza.
277 97
278
279

2123 PDGML Etapa 2D. (Novembro de 2014). PDGML ETAPA 2D, Plano director geral
2124 metropolitano de Luanda.
2125 Ramos et al., H. (12 de Março de 2004). Válvulas Redutoras de Pressão e Produção
2126 de Energia. 7º congresso da água.
2127 Rei, A. I. (Janeiro de 2019). Gestão de Pressão no Sistema de distribuição de água
2128 a Seia. Coimbra.
2129 Rubert, A. V. (2011). Curso básico de geoprocessamento em ArcGIS DESKTOP.
2130 Brasília.
2131 Silva at al., A. N. (2016). Sistemas de Informação Geográfia.
2132 Silva, G. (Agosto de 2007). Saneamento Básico.
2133 Souza, W. A. (2007). Tratamento de água. CEFET-RN.
2134 Técnicas, A. B. (1994). Projecto de Rede de DIstribuição de Água para
2135 Abastecimento Público, NBR 12218/1994.
2136 Téran, J. M. (2013). Manual para el Diseno de Sistemas de Agua Potable y
2137 Alcantirillado Sanitario.
2138 Tsutiya, M. T. (2006). Abastecimento de Água (3ª ed.). SÃO PAULO.
2139 Veiga et al., L. Z. (2012). Fundamentos da Topografia.
2140 Vieira, C. (18 de Março de 2014). Angola Cluster da água. (Parceria portuguesa
2141 para água) Acesso em 20 de Abril de 2022, disponível em www.ppa.pt:
2142 http://www.ppa.pt
2143 Vilas-Boas, P. R. (2008). Modelação de uma Rede Distribuição de Água.
2144 Walski et al, T. D. (2004). Advanced Water Distribution Modeling and Management.
2145 Janeiro.
2146
2147
2148

280 98
281

Você também pode gostar