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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA


ENGENHARIA CARTOGRÁFICA E DE AGRIMENSURA

FRANCINEI OLIVEIRA MATOS

GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO


DAS GEOTECNOLOGIAS
Estudo de caso no Bairro de Fátima, Belém – PA

BELÉM
2018
FRANCINEI OLIVEIRA MATOS

GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO


DAS GEOTECNOLOGIAS
Estudo de caso no bairro de Fátima, Belém – PA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Cartográfica e de
Agrimensura da Universidade Federal Rural
da Amazônia como requisito para o grau de
bacharel em Engenharia Cartográfica e de
Agrimensura.

Orientador: MSc. Carlos Rodrigo Caldeira


Coorientadora: Dra. Maria de Nazaré Maciel

BELÉM
2018
Dedico primeiramente a Deus pelo dom da vida,
a toda minha família, em especial aos meus pais.
Enfim, a todos que contribuíram para esse
momento de vitória.
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.


A minha família, em especial aos meus pais; Pedro Rodrigues Matos, Maria Helena
Oliveira e minha tia, Maria Rosilene Santana pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
Aos meus irmãos, por estarem sempre me orientando e que em muitos momentos
assumiram papel de pai e mãe.
Á Universidade Federal Rural da Amazônia pela oportunidade de realizar este
curso e pela disponibilização de equipamentos.
Aos professores que contribuíram para a formação profissional e pessoal.
Ao professor e orientador Carlos Rodrigo pelo suporte no pouco tempo que lhe
coube e por ter depositado confiança para realização do trabalho, a professora Mayara
Caldeira e Maria de Nazaré Maciel pelas suas correções e incentivos.
Á equipe da COSANPA, por permitir a realização deste trabalho, em especial a
Ione Maria Brito e Roberto Mendes, pelo auxílio na obtenção de documentos necessário
das bases cartográficas e pelas sugestões valiosas.
Aos amigos da COSANPA, Waldirene Salles, André, Bárbara, Lígine que muito
contribuíram para entendimento do funcionamento do sistema de abastecimento de água.
A turma de 2013 que durante todos os anos de graduação mantiveram-se unidos
para que todos alcançassem o objetivo final. Em especial todos aos meus amigos, pela
amizade, incentivo, momentos vividos que me auxiliaram em primeira instância, Thamyres
Marques, Paulo Victor, Gabriela Rodrigues, Gerson Lima, Soraya Oliveira, Wesley Dan,
Ronaldo Matos, Kelly Amaral, Wellington Wagner, Ingrids Araújo, Wendel Lopes, Patrick
Dias, Gilvandro Amoras, Marcelo Santiago e Arthur Brender.
Aos amigos Marília Rocha e Haroldo Filho, primeiras pessoas que conheci em
Belém e que foram essenciais na minha caminhada.
E a todos que direta ou indiretamente dispuseram suas valiosas colaborações para a
realização deste trabalho.
“A medida final de um homem não é onde ele
fica nos momentos de conforto e conveniência,
mas onde fica em fases de desafio e
controvérsias.”
(Martin Luther King, Jr.)
RESUMO

A pesquisa apresenta o uso das ferramentas de Geoprocessamento e Sistema de


Informação Geográfica (SIG) para o apoio a gestão da rede de distribuição de água da
Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA). As técnicas utilizadas com essas
ferramentas foram aplicadas no bairro de Fátima, do município de Belém–PA.
Primeiramente foram verificadas as informações do cadastro técnico existente, em seguida,
estas informações foram identificadas nas visitas de campo e posteriormente
georreferenciadas através das técnicas de Global Navigation Satellite System (GNSS). A
integração das informações obtidas com as técnicas de SIG e GNSS, aliado as informações
disponibilizadas pela concessionária, possibilitaram a criação de um banco de dados
geográfico, criado na plataforma do ArcGIS versão 10.1. Este banco de dados permitiu a
criação da rede geométrica, o que possibilitou o estabelecimento de relações espaciais
entre as feições através da extensão Network Analyst, ferramenta de análise e simulação de
redes que leva em consideração a relação de conectividade entre linhas e pontos. Outra
extensão utilizada foi o geocoding que transforma endereços físicos em coordenadas,
ferramenta útil quando se necessita espacializar dados tabulares, mas não se tem
informações de coordenadas, apenas CEP, endereços e bairros. Essa ferramenta foi
utilizada para integrar os dados de ocorrências registrados no Serviço de Atendimento ao
Consumidor (SAC) entre os meses de março e abril de 2017. Com as análise e simulações
realizadas foram então elaborados mapas temáticos com as consultas sobre condições
técnicas da rede, tais como: diâmetros, material das tubulações; ocorrências; fluxo entre
dois pontos na rede e análise de trechos de redes desativadas. Os objetivos estabelecidos
para esta pesquisa foram atingidos, já que as metodologias utilizadas para as aplicações a
análise em SIG mostraram-se capaz de gerar resultados significativos em produtividade e
qualidade nos serviços de operação e manutenção de redes de distribuição de água.

Palavras-chave: Cadastro de Redes de Água, Sistemas de Informação Geográfica (SIG),


Geoprocessamento, GNSS, Banco de Dados.
ABSTRACT

The research presents the use of geoprocessing tools and Geographic Information
System (GIS) to support the management of water distribution network of the Companhia
de Saneamento do Pará (COSANPA). The techniques used with these tools were applied in
the neighborhood of Fatima, city of Belem – PA, where was first verified the information
from existing technical records, identified in field visits and subsequently geocoded
records of existing water through the techniques of Global Navigation Satellite System
(GNSS). The integration of information obtained with the techniques of SIG and GNSS,
coupled with the information provided by the concessionaire has enabled the creation of a
geographical database, created on the platform of the ArcGIS version 10.1. This database
has allowed for the creation of the geometric network which allowed the establishment of
spatial relationships between the features through the extension Network Analyst, tool for
analysis and simulation of networks that takes into account the relationship of connectivity
between lines and points. Another extension used was the geocoding that transforms
physical addresses into coordinates, useful tool when you need to specialize tabular data,
but not if you coordinate information, only Cep, addresses and neighborhood, this tool was
used to integrate the data of occurrences registered in Customer Service (SAC) between
the months of March and April 2017. With the analysis and simulations were then prepared
thematic maps with consultations on technical conditions of the network such as:
diameters, material of the pipelines; occurrences; flow between two points in the network,
analysis of excerpts of networks disabled. The objectives established for this research were
achieved, since the methodologies used for the analysis in GIS applications can generate
significant results in productivity and quality in services for operation and maintenance of
water distribution networks.

Keywords: Register of water networks, Geographic Information Systems (GIS),


geoprocessing, GNSS, database.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Sistema de Abastecimento de Água. ................................................................. 20


Figura 2 - Estágios de um projeto em SIG. ........................................................................ 22
Figura 3 - Partes fundamentais para a execução de um projeto em SIG. ........................... 24
Figura 4 - Cadastro comercial ............................................................................................ 28
Figura 5 - Plataforma do GSAN ......................................................................................... 29
Figura 6 - Teoria dos Grafos .............................................................................................. 32
Figura 7 - Conectividade entre pontos por End Point e AnyVertex ................................... 34
Figura 8 - Unidades de Negócios ....................................................................................... 37
Figura 9 - Localização Bairro de Fátima ............................................................................ 37
Figura 10 - Etapas no ambiente SIG................................................................................... 39
Figura 11 - Pontos coletados na UFRA .............................................................................. 40
Figura 12 - Coleta com os dois receptores ......................................................................... 41
Figura 13 - Registros Visitados .......................................................................................... 42
Figura 14 - Registros Encontrados x Não encontrados ...................................................... 43
Figura 15 - Registro localizado na Travessa Curuzu com Antônio Baena......................... 44
Figura 16 - Registro localizado nas Castelo Branco com Domingos Marreiros ................ 44
Figura 17 - Registro de Hidrante Localizado na Av. José Bonifácio em frente ao
supermercado Formosa ........................................................................................................ 44
Figura 18 - Registro localizado nas Ruas 13 de abril com domingos Marreiros ............... 44
Figura 19 - Processo de Geocodificação ............................................................................ 47
Figura 20 - Etapas para a Criação da Rede Geométrica ..................................................... 48
Figura 21 - Funcionalidades do Network Analyst............................................................... 49
Figura 22 - Rede de distribuição de Água (Diâmetros)...................................................... 51
Figura 23 - Rede de distribuição de Água (Materiais das tubulações) ............................... 51
Figura 24 - Endereços Geocodificados............................................................................... 52
Figura 25 - Redes afetadas e Cientes Afetados .................................................................. 53
Figura 26 - Rede Desativada .............................................................................................. 54
Figura 27 - Fluxo entre dois pontos da Rede Geométrica .................................................. 55
Figura 28 - Trecho da Rede desativada .............................................................................. 56
Figura 29 - Nova direção do fluxo na rede ......................................................................... 56
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Pontos com Coordenadas Conhecidas ............................................................... 40


Tabela 2 - Rede de Distribuição (Diâmetros x Materiais) .................................................. 50
Tabela 3 - Coordenadas obtidas com os dois receptores .................................................... 57
Tabela 4 - Discrepância entre as Coordenadas E, N e Resultante. ..................................... 57
Tabela 5 - Coordenadas dos Registros Levantados com MM10 ........................................ 58
ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


CAD Computer Aided Design
C.A Cimento Amianto
COSANPA Companhia de Saneamento do Pará
DGPS Differential Global Positioning System
EE Estação Elevatória
ESRI Environmental Systems ResearchInstitute
ETA Estações de Tratamento de Água
FºF Ferro Fundido
GLONASS Globalnaya Navigatsionnaya Sputnikovaya Sistema
GNSS Global NavigationSatellite System
GSAN Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saneamento
GPS Global Positioning System
HRMS Horizontal Accuracy
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia E Estatística
INCRA Instituto Nacional de Reforma Agrária
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
NBR Norma Brasileira
PVC/PBA Cloreto de polivinila
RBMC Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS
RMB Região Metropolitana de Belém
RTK Real Time Kinematic
SAA Sistema de Abastecimento de Água
SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor
SIG Sistema de Informação Geográfica
SIRGAS Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
SIPAM Sistema de Proteção da Amazônia
UFRA Universidade Federal Rural da Amazônia
UN Unidades de Negócios
VRP´s Válvulas Redutoras de Pressão
VRMS Accuracy vertical
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 15

1.1 Justificativa ............................................................................................................ 16

1.2 Objetivos ................................................................................................................. 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 19

2.1 Normas técnicas para o cadastro de Redes de Água .......................................... 19

2.2 Sistema de Abastecimento de Água Urbano ....................................................... 20

2.3 Sistema de Informação Geográfica – SIG ........................................................... 22

2.3.1 Componentes do Sistema de Informação Geográfica (SIG) .................................... 23

2.3.2 Estrutura dos dados Espaciais .................................................................................. 24

2.3.3 Topologia Arco-Nó .................................................................................................. 25

2.3.4 Banco de dados Geográfico ..................................................................................... 25

2.4 SIG Aplicado ao Sistema de Abastecimento de Água ........................................ 26

2.5 Cadastro nas Companhias de Saneamento ......................................................... 27

2.5.1 Cadastro Comercial ................................................................................................. 27

2.5.2 Cadastro Técnico (Operacional) .............................................................................. 29

2.6 Geocodificação de Endereços ................................................................................ 30

2.7 Representação de Redes ........................................................................................ 31

2.7.1 Teoria dos Grafos na modelação de redes em SIG .................................................. 31

2.7.2 Redes no modulo Network Analyst .......................................................................... 32

2.8 Posicionamento GNSS ........................................................................................... 34

3 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO .................................................... 36


3.1 Área de estudo ........................................................................................................ 36

3.2 Aquisição de dados ................................................................................................ 38

3.2.1 Levantamento dos dados GNSS dos pontos de interesse para análise comparativa 39

3.3 Levantamento dos registros encontrados ............................................................ 41

3.4 Processamento dos dados GNSS........................................................................... 44

3.5 Banco dos dados ..................................................................................................... 45

3.5.1 Processo de Geocodificação .................................................................................... 46

3.5.2 Preparação e Criação da Rede Geométrica .............................................................. 47

3.5.3 Simulação de redes .................................................................................................. 49

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 50

4.1 Caracterização do Bairro de Fátima quanto aos seus elementos ...................... 50

4.2 Geocodificação ....................................................................................................... 52

4.3 Análise de Redes .................................................................................................... 53

4.4 Avaliação das Coordenadas obtidas com o Mobile Mapper 10 .......................... 56

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 59

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60

APÊNDICE – MAPAS TEMÁTICOS DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE

ÁGUA DO BAIRRO DE FÁTIMA ...................................................................... 64

APÊNDICE A – REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA (DIÂMETROS) .... 65

APÊNDICE B – REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA (MATERIAIS DAS

TUBULAÇÕES) .................................................................................................... 66

APÊNDICE C – OCORRÊNCIAS NA REDE DE ABASTECIMENTO......... 67

APÊNDICE D – REDES AFETADAS E CLIENTES AFETADOS ................. 68


APÊNDICE E – FLUXO ENTRE DOIS PONTOS NA REDE GEOMÉTRICA

................................................................................................................................. 69

APÊNDICE F – TRECHO DA REDE DESATIVADO ..................................... 70

APÊNDICE G–NOVA DIREÇÃO DO FLUXO NA REDE .............................. 71


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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

1 INTRODUÇÃO

A necessidade de determinar a posição correta na superfície terrestre sempre foi um


desafio para a humanidade. As primeiras formas de localização datam o período do homem
pré-histórico, quando esse começou a representar seus caminhos percorridos e seus territórios
de caça nas paredes das cavernas (TULER e SARAIVA, 2016). Com o decorrer dos anos e os
diversos avanços na área tecnológica, ocorreu o aprimoramento das técnicas de
posicionamento no globo, possibilitando eficiência e rapidez na coleta e processamento de
informações geográficas.
Nesse contexto surge as Geotecnologias, que segundo Rosa (2005) são compostas por
soluções em hardware, software e peopleware que juntos constituem poderosas ferramentas
para tomada de decisões. Dentre as geotecnologias podemos destacar o Sistema de
Informação Geográfica (SIG), Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto e o Sistema de
posicionamento GNSS (Global Navigation Satellite System).
De acordo com Contador e Matias (2017apudGenovezetal. 2007) as geotecnologias
apresentam-se como instrumento para subsídio dos estudos, visando à definição de políticas
públicas, possibilitando a integração de diversos dados na mesma base territorial. Além disso,
enfatiza a importância das geotecnologias na gestão territorial, ao afirmar que qualquer plano
de ordenamento territorial requer subsídios técnico-científicos projetados numa base
cartográfica (CONTADOR e MATIAS, 2017 apud CARVALHO e MÜLLER, 2006, p. 89).
A utilização dessas técnicas no gerenciamento e gestão dos serviços públicos permite
aperfeiçoar a tomada de decisão por parte dos gestores, como, por exemplo, auxiliar as
companhias de saneamento e abastecimento de água a manter o cadastro de redes de água
atualizado, pois, suas atividades compreendem a produção, distribuição, controle, análise e
manutenção dos sistemas de abastecimento urbano, bem como a coleta e tratamento desse
recurso vital para as sociedades (CAMARGO, 1997).
Segundo o Diário Oficial (2016) a Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) é
uma sociedade formada por ações de economia mista, ou seja, financiada por capital público e
privado, criada com a missão de atender a população urbana do Estado do Pará com os
serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, operando atualmente em 55
municípios e 9 vilas, com uma cobertura urbana de 62,3% em abastecimento de água.
No entanto, no que concerne ao municio de Belém-PA, suas atividades estão divididas

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

em quatro Unidades de Negócios (UN), que são gerenciadas pela diretoria de operações, cada
unidade é responsável pelo controle operacional, manutenção e intervenção dos setores de
abastecimento.
De acordo com Novaes e Silva (2016)atualmente existem quatro Unidades de
Negócios em operação, com o objetivo de facilitar a gestão financeira em cada região. As
unidades UN-NORTE e UN-SUL, compreendem as áreas localizadas na cidade de Belém,
assim como a UN-AM, entretanto esta última abrange as áreas da Avenida Augusto
Montenegro, também situados em Belém. Além disso, existe também a UN-BR, que gerencia
os bairros localizados ao longo da rodovia BR-316.
Diante deste exposto, este trabalho tem por finalidade empregar geotecnologias como
subsídio para a análise, manutenção e planejamento do sistema de abastecimento da Região
Metropolitana de Belém (RMB 1 ), por meio das técnicas de posicionamento pelo GNSS,
geoprocessamento e o sistemas de informações Geográficas (SIG), e com isso, fornecer um
cadastro georreferenciado dos principais componentes do sistema de abastecimento,
possibilitando a prestação de um serviço público com qualidade, que afeta direta ou
indiretamente diversos setores da sociedade, como a saúde pública, qualidade de vida e
economia, além de funcionar como uma ferramenta para prevenir impactos futuros nas redes
de fornecimento de água.

1.1 Justificativa

Uma das grandes dificuldades encontradas pelas empresas responsáveis pela gestão de
redes de água das grandes cidades, é fornecer aos órgãos administrativos informações básicas
que permitam um conhecimento amplo dos problemas que afetam o sistema de abastecimento.
Além disso, segundo Filho (2005), o crescimento populacional, o uso irracional da água, a
carência na manutenção planejada e a falta de um cadastro atualizado, que possibilite um
conhecimento preciso dos componentes essenciais de uma rede de distribuição de água,
agrava ainda mais o contexto abordado.

1
A Região Metropolitana de Belém (RMB) é composta pelos municípios do Pará: Belém, Ananindeua,
Marituba, Benevides, Castanhal, Santa Bárbara do Pará, Santa Izabel do Pará e Barcarena.
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

No contexto atual, para a realização das manobras, a COSANPA necessita do


conhecimento e experiência de funcionários antigos dos setores de manutenção e operação,
que descobriram por meio da prática o que fazer e como operar, ou seja, que utilizam o
conhecimento empírico para solucionar os problemas nas redes de abastecimento. Dessa
forma a companhia fica dependente desses funcionários, e os serviços prestados ficam sujeitos
ao empirismo e a improvisação (NASCIMENTO, 2009).
Ao analisar os dados existentes no cadastro da COSANPA e as informações coletadas
com os profissionais responsáveis pela atualização da base cadastral e execução de obras nas
redes de distribuição, foram identificados os principais problemas existentes no sistema de
abastecimento, comprovando que há a necessidade de uma ferramenta que seja capaz de
gerenciar, integrar e armazenar as informações disponíveis sobre os componentes de uma rede
de abastecimento.
Dentre esses problemas destacam-se a falta de comunicação entre os setores de
manutenção e de cadastro, uma vez que as manutenções ocorridas nem sempre são
encaminhas para a devida atualização. Além disso, a falta de localização precisa das redes,
registro e hidrantes, provoca na maioria das vezes, a sensação de insegurança ao realizar as
operações nas redes de água.
Segundo Morais e Trojan (2011 apud Marques e Gasparini, 1995) todo sistema de
produção e distribuição de água estão sujeitos a falhas no abastecimento, pelo simples fato de
existir. Essas perdas aumentam quando não ocorrem manutenção e atualização das
informações cadastrais dos principais componentes do sistema de abastecimento,
ocasionando, na maioria das vezes, a tomada de decisões ineficientes para tal problemática
(MORAIS, 2006).
O gerenciamento desse sistema por meio das geotecnologias possibilita um
conhecimento amplo e integrado dos problemas que acometem a rede de distribuição de água,
uma vez que essas técnicas permitem a localização geográfica exata das áreas de maiores
ocorrências. Além do mais com a geração do banco de dados georreferenciados, contendo a
localização dos principais registros, é possível realizar a simulação de manobras por meio de
um SIG e prever qual área afetada em decorrência da manutenção ou manobra desse registro,
o que facilitaria a execução de obras para essa área, aumentando a eficiência e produtividade
na execução dos serviços (CAMARGO, 1997).

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

O SIG, além de permitir a realização de simulações, torna possível, em um único


ambiente, o intercâmbio de informações entre o cadastro técnico, contendo os dados sobre a
rede, e o cadastro comercial, responsável pelas informações dos consumidores. Essas
informações sobre (diâmetro, material, localização, registros e hidrantes) são fundamentais
para uma futura manutenção, pois, além de reduzir o tempo de serviço, mão de obras e
desperdício de material evita escavações desnecessárias.
A utilização do SIG, para efetuar o levantamento cadastral, facilita a análise de um
problema, sabendo rapidamente como e onde atuar em situações de fugas ou vazamentos, bem
como, criar bases de dados que descriminarão as áreas com maior recorrência. Esta
ferramenta irá melhorar a gestão e compreensão da rede de água, conseguindo assim reduzir
as perdas econômicas e o desperdício de água. Assim a pesquisa irá contribuir tanto para o
acervo cientifico quanto para população, visto que, aperfeiçoará a manutenção dos serviços
prestados pela empresa e consequentemente tornará mais eficiente à disponibilidade e
prestação do serviço para a população.

1.2 Objetivos

Este trabalho tem como objetivo aplicar as ferramentas de geoprocessamento e SIG


para auxiliar no planejamento e gestão do sistema de abastecimento de água da Cidade de
Belém, especificamente, no bairro de Fátima. Dessa forma, promover a difusão das
informações técnicas entre as unidades de negócios da COSANPA e integrar essas
informações com as demais esferas municipais, favorecendo a tomada de decisões por parte
dos Gestores.
Ademais, apresenta como objetivos específicos:
• Revisar, atualizar e otimizar o cadastro de rede de água do bairro de Fátima,
em Belém – PA;
• Verificar a precisão do Mobile Mapper 10, receptor utilizado pela
concessionária no mapeamento de seus elementos hidráulicos;
• Criar um banco de dados georreferenciado, de forma organizada, evitando a
redundância e a dispersão de informações;
• Criar um cadastro com maior precisão e confiabilidade; e

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• Avaliar a utilização de ferramentas de SIG na realização de simulações nas


redes de água, representando as condições técnicas da rede (Diâmetro, material
das tubulações, ocorrências, fluxos entre pontos da rede, trechos desativados)
por meio de mapas temáticos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção apresenta os fundamentos que fornecem suporte teórico e conceitual das
principais técnicas e processos compreendidos para a realização deste trabalho

2.1 Normas técnicas para o cadastro de Redes de Água

Para realização dos trabalhos cartográficos, geodésicos e cadastrais foram consultadas


as normas técnicas e a legislação estabelecida pelos órgãos competentes, no âmbito federal,
estadual e municipal, além de normas de outras empresas de saneamento. De acordo com a
Norma Brasileira (NBR) 12.211 de 1992 – Estudos de concepção de sistemas públicos de
abastecimento de água, subitem 5.1.2.1: “Os elementos cartográficos devem apresentar
precisão e detalhamento suficientes para que, na comparação de concepções, se evitem erros
que possam levar a preferir a solução mais vantajosa em benefício de outra qualquer”.
Para o cadastro de redes de água a escala recomendada pela NBR 12.211/1992,
Apêndice A item 2.3, deve possibilitar:
i. Definição da área servida pela rede com delimitação de perímetro das zonas de
pressão;
ii. Análise da rede existente, objetivando seu aproveitamento;
iii. Pré-dimensionamento da rede de distribuição;
iv. Indicação da posição de consumidores singulares baseada em inspeção;
v. Localização das unidades e partes acessórias do sistema;
vi. Indicação de etapas de execução baseada em inspeção;
vii. Estimativa de extensões de condutos; e
viii. Estimativa das pressões disponíveis.

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Diante disso foi determinado pela norma brasileira 12.211/1992 que a escala que
melhor representa esses itens está no intervalo das escalas 1:5000 e 1:2000. Na COSANPA a
escala utilizada para as plantas cadastrais do sistema de abastecimento de água é de 1:2000.

2.2 Sistema de Abastecimento de Água Urbano

Um Sistema de Abastecimento de Água (SAA) pode ser definido como o conjunto de


tubulações, equipamentos, obras civis e serviços destinados à produção e fornecimento de
água a comunidades, com fins de consumo doméstico, industrial e público, podendo ainda
atender a fins comerciais ou como auxílio no combate a incêndios. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2007).
O fornecimento de água de um SAA pode ser descrito como o processo que apresenta
várias etapas, iniciando na captação da água superficial ou subterrânea, através de bombas
hidráulicas de sucção, situadas em Casa de Bombas ou Estação Elevatória (EE). Tais bombas
são necessárias para elevar a água até as Estações de Tratamento de Água (ETA)(MORAIS e
TROJAN, 2011). De acordo com Tsutiya (2006) a rede de abastecimento de água é um
sistema complexo constituído pelo Manancial, captação, estação elevatória, adução, estação
de tratamento, reservatórios, e redes de abastecimento (Figura 1).

Figura 1 - Sistema de Abastecimento de Água.

Fonte: TSUTIYA(2006)

Para Tsutiya(2006)esses componentes apresentam as seguintes definições:

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

i. Manancial: É o corpo de água subterrâneo ou superficial de onde é retirada a água


para o abastecimento;
ii. Captação: Conjunto de estruturas e dispositivos construídos ou montados junto ao
manancial, para a retirada de água destinada a rede de abastecimento;
iii. Estação elevatória: São equipamentos destinados a recalcar a água bruta ou tratada
para as unidades seguintes, podendo também aumentar a pressão em adutoras ou redes
de distribuição de água;
iv. Adutora: Tubulação que se destina a conduzir a água entre as unidades que precedem
a rede de distribuição de água, mas não distribuem a água aos consumidores;
v. Estação de tratamento de água: Equipamentos responsáveis por fazer o tratamento
da água, de modo a adequar as suas características aos padrões de potabilidade;
vi. Reservatórios: Componente destinado a regularizar as variações de adução e de
distribuição e condicionar as pressões na rede de fornecimento; e
vii. Rede de distribuição: Parte do sistema de abastecimento formado por tubulações e
órgãos acessórios, destinada a coletar água potável à disposição dos consumidores.
Para o correto funcionamento e operação do sistema de abastecimento de água, fazem
parte das adutoras e de suas funcionalidades as seguintes peças acessórias: Válvulas ou
registros de parada, que tem por finalidade interromper o fluxo da água, permitem também
regular a vazão, na operação de enchimento da linha, evitando, assim, os golpes de aríete.
(NASCIMENTO, 2009)
As Válvulas Redutoras de Pressão (VRP) que são dispositivos instalados no sistema de
abastecimento de água com a função de manter a pressão de jusante constante
independentemente da pressão de montante ou da vazão, permitindo uma diminuição
permanente da pressão interna na rede (PÉREZ, 2008).
Existem também as válvulas e registros de manobra de rede: destinadas ao bloqueio do
fluxo de água nas redes de saneamento; os hidrantes: que tem por finalidade o suprimento de
água para combate a incêndio e manobras de descarga de redes de abastecimento para
lavagem e manutenções, sendo instalados em locais de fácil acesso e operação, além da
Estação Pitométrica que tem como objetivo medir o diâmetro da tubulação e a velocidade do
curso de água(DAURI e LUNARDI, 2011).

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

2.3 Sistema de Informação Geográfica – SIG

Segundo Silva(2006), o geoprocessamento pode ser entendido como um conjunto de


tecnologias que tem como objetivo coletar e tratar informações espaciais para um fim
específico, executado por meio de um SIG. O SIG é um conjunto integrado de softwares,
pessoas e informações que tem por finalidade organizar, gerenciar e otimizar as atividades
que fazem uso das informações geográficas. Este Sistema, surgiu da necessidade de analisar
as informações georreferenciadas e dar suporte nas tomadas de decisões.
De acordo com Cosme (2014) o SIG é um sistema que possui como principal
característica a capacidade de integrar, em uma única base de dados, informações espaciais
provenientes de dados geográficos, imagens de satélites, redes de transporte e de distribuição
de água e combinar essas informações através de algoritmos de manipulação.
A coleta e manipulação das informações espaciais supracitadas durante a execução de
qualquer projeto em SIG requer o envolvimento de uma série de etapas sequenciais (Figura
2). Para Longley et al. (2013) o fluxo de trabalho em SIG é iniciado com o planejamento,
seguido da preparação, digitalização/transferência (técnicas primárias e secundárias, como
mesa digitalizadora, entrada de dados topográficos, digitalização e fotogrametria), edição,
aperfeiçoamento e a avaliação.

Figura 2 - Estágios de um projeto em SIG.

Fonte: Adaptado deLONGLEY et al. (2013)

O planejamento é uma etapa importante para qualquer projeto, pois inclui os requisitos
do usuário e a obtenção de recursos bem como o desenvolvimento de um plano de trabalho, a

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

preparação envolve a obtenção de informações espaciais, como a edição de imagens


digitalizadas, configuração de hardware e software, a digitalização está associada à captura de
dados e a edição ao melhoramento desses dados. Já a avaliação é um processo de
identificação de sucesso e fracassos do projeto, sejam quantitativos ou qualitativos
(LONGLEY et al.2013).

2.3.1 Componentes do Sistema de Informação Geográfica (SIG)

Burrough e MCdonnell (1998)afirmam que o SIG possui três componentes principais,


que são fundamentais para que as suas funções sejam executadas utilizando sua máxima
eficiência. Fazem parte desses componentes os equipamentos e os programas computacionais
bem como um contexto organizacional próprio, que necessitam estar balanceados e integrados
para que o sistema funcione satisfatoriamente.
Os equipamentos são representados pela plataforma computacional que inclui os
computadores e as partes periféricas de entrada e saída (teclados, mesa digitadora, scanner,
impressora, dentre outros). Os softwares proporcionam os recursos e as ferramentas
necessárias para armazenamento, visualização e análise de dados espaciais e podem ser
utilizados para diversas funcionalidades.
O contexto organizacional é a integração dos componentes anteriores associadas às
metodologias criadas pelo usuário com a finalidade de aprimorar as tomadas de decisões.
Segundo Câmara et al.(1996)o usuário é um componente de relevância para o SIG, visto que,
as aplicações são desenvolvidas visando as suas necessidades. Desta forma, as
funcionalidades e a interface, homem-máquina, devem ser preparadas de maneira a se
tornarem mais intuitivas e de fácil utilização.
As metodologias consistem no conjunto de procedimentos que são estabelecidos e
executados durante o desenvolvimento do projeto. Para que um processo no ambiente SIG
seja bem-sucedido, é necessário que este opere de acordo com um planejamento pré-definido
e obedecendo as regras lógicas definidas por determinados softwares.
De acordo com Longley et al.(2013) o SIG é constituído por três partes fundamentais:
a interface do usuário, as ferramentas e o sistema de gerenciamento (Figura 3

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 3 - Partes fundamentais para a execução de um projeto em SIG.

Fonte: Adaptado deLONGLEY et al. (2013)

Sendo a interface do usuário composta por menus e barras de ferramenta e é a


responsável pela interação do usuário com o sistema. Já as ferramentas são definidas como os
recursos ou as funções que o software de SIG possui para processar os dados geográficos.

2.3.2 Estrutura dos dados Espaciais

A representação dos dados geográficos no ambiente SIG leva em consideração o tipo


de informação que se pretende representar. Dessa forma, segundo Santos (2010), no SIG é
possível processar informações do tipo linhas, polígonos e pontos, além de arquivos do tipo
imagens. A representação geométrica do tipo linha, polígono e ponto são chamados de
representação vetorial e o do tipo imagem é chamada representação matricial ou raster.
De acordo com Câmara et al. (1996) na representação vetorial, consideram-se três
elementos gráficos: ponto, linha poligonal e área (polígono). Um ponto é representado por um
par ordenado de coordenadas espaciais. Além das coordenadas, outros dados não espaciais
(atributos) podem ser arquivados para indicar de que tipo de ponto se está tratando. As linhas
poligonais, arcos, ou elementos lineares são um conjunto de pontos conectados.
Além das coordenadas dos pontos que compõem a linha, deve-se armazenar
informação que indique de que tipo de linha se está tratando, ou seja, a que atributo ela está
associada. Um polígono é a região do plano limitada por uma ou mais linha poligonais

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

conectadas de tal forma que o último ponto de uma linha seja idêntico ao primeiro da
próxima.
Câmara et al(2005) atribui também a definição para matriz ao afirmar que o espaço é
representado como uma matriz onde cada célula possui um número de linha, um número de
coluna e um valor correspondente ao atributo estudado. A representação matricial considera
que o espaço pode ser tratado como uma superfície plana, onde cada célula está associada a
uma porção do terreno.

2.3.3 Topologia Arco-Nó

Segundo Pimentel (2006) topologia é o método matemático usado para definir


relações espaciais, coordenadas dos nós, arcos e polígonos, são armazenados em tabelas que
instruem o computador sobre o relacionamento destas entidades, possibilitando a formulação
de algoritmos na resolução de problemas. Uma rede lógica é uma coleção de nós, arcos e
polígonos, com objetivo de armazenar informação sobre conectividade dos nós junto com
certos atributos.
A topologia arco-nó é definida como a representação vetorial que está associada a
redes lineares conectadas, sendo de grande interesse nas aplicações SIG baseadas em
estruturas de rede (BURROUGH, 1998). Entretanto, para que a rede fique bem definida,
quando se tratar de topologia de rede, nenhum arco poderá estar desconectado dos demais.
Para Câmara e Davis (2001)um nó pode ser definido como o ponto de intersecção
entre duas ou mais linhas, correspondente ao ponto inicial ou final de cada linha. Nenhuma
linha poderá estar desconectada das demais para que a topologia da rede possa ficar
totalmente definida. Dessa forma a topologia arco-nó é um método de armazenamento usado
em aplicações que são baseadas em estruturas de rede, como por exemplo, redes de
abastecimento de água, luz e telefone, vias públicas.
De acordo com Buckley (2008)neste tipo de estrutura, a base lógica das entidades é o
arco, que é definido como uma série de pontos unidos por segmentos de linhas que começam
e terminam em um nó. Um nó, por sua vez, é dito como a interseção entre dois ou mais arcos,
correspondente ao ponto inicial ou final de cada arco.

2.3.4 Banco de dados Geográfico

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

A crescente demanda por conhecimento tem provocado um aumento significativo no


acúmulo de informações nas últimas décadas, tal acontecimento caracteriza essa era
informatizada, onde a informação é utilizada como estratégia para a tomada de decisões.
Entretanto para se obter essa informação estratégica para uma gestão eficiente é necessário à
formação de um banco de dados.
A necessidade de representação e manipulação das informações geográficas
atualmente é intensiva necessitando de um local que possibilite armazenar e gerenciar esse
grande volume de informações. O banco de dados possibilita a interação e manipulação
dessas informações, uma vez que é um conjunto integrado de informações, softwares e
pessoas (MATSUMOTO, 2006).
O banco de dados geográficos (BDG) é o local de armazenamento das informações
espaciais obtidas durante o levantamento de dados. Para Câmara et al (2005)o banco de dados
possibilita a representação das informações geográficas em um ambiente computacional, onde
ocorre o armazenamento das estruturas geométricas e alfanuméricas que se relacionam com
os dados do mundo real.
De acordo com Matsumoto (2006) a existência desse banco de dados permite conhecer
a estrutura organizacional de uma instituição e o tipo de informação que a mesma necessita
para um gerenciamento eficiente. Para Velloso (1999), uma das principais razões para se
utilizar a metodologia de um banco de dados é ter um controle centralizado e seguro dos
dados de uma organização e dos programas de acesso a eles.

2.4 SIG Aplicado ao Sistema de Abastecimento de Água

O investimento na implantação do SIG é mundial e vem crescendo consideravelmente


nos últimos anos. Esse avanço se faz necessário para tornar as concessionárias mais ágeis em
seus processos de informação e em tomadas de decisão. Para Ferreira (2005) isso ocorre
porque o SIG é uma forma eficaz de interligar as informações dos componentes de uma rede
de água a uma base espacial, permitindo relacionar dados de carácter geográfico e dados
alfanuméricos, tornando as possibilidades de armazenamento e gestão da informação
praticamente ilimitada.
Atendendo ao elevado volume de informação que um sistema de abastecimento de
água representa, tais como, dados dos clientes, ramais, redes distribuidoras, registro de

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

leituras, registo de faturação, entre outros, torna-se difícil gerir essa mesma informação sem
recurso dos sistemas de informação geográfica.
Devido à grande necessidade de gerir grandes volumes de informação relativa aos
sistemas de abastecimento de água, é importante a existência de base de dados para
armazenamento e gestão da informação alfanumérica. A base de dados consiste não só em
armazenar a informação alfanumérica como permite fazer ligação de toda a informação à
respectiva geometria em ambiente de SIG, facilitando a gestão da informação (VIEIRA,
2011).
De acordo com Junior (2001) o SIG é uma ferramenta fundamental para disponibilizar
e gerenciar todas as bases e as informações pertinentes a cada componente do sistema de
abastecimento de água. O uso dessa ferramenta vai muito além das atividades empresariais e
sua correta aplicação torna todas as atividades empresarias mais eficiente.
Junior (2001) reforça o uso do SIG ao afirmar que com as diversas aplicações desse
sistema é possível identificar quais válvulas devem ser fechadas para que se obtenha a
interrupção do abastecimento no local desejado, interrompendo o mínimo de economias do
abastecimento, uma vez que no banco de dados criado é possível armazenar informações
sobre a interrupção, duração, serviços afetados, tipo de material, dentre outras.

2.5 Cadastro nas Companhias de Saneamento

A maioria das companhias de saneamento existentes no Brasil operam utilizando dois


tipos de cadastro; o cadastro comercial, que armazena as informações sobre os consumidores
e o cadastro técnico, que contém as informações necessárias para as manutenções no sistema
de abastecimento de água.

2.5.1 Cadastro Comercial

Coelho (2004) afirma que o cadastro comercial é constituído de um conjunto de


registros e procedimentos que permitem a identificação, localização e a qualificação dos
consumidores, apresentando suma importância para a gestão da empresa, sendo fundamental
para a emissão de contas, aviso de débitos, dentre outras atividades.
Através desse cadastro é possível identificar as informações sobre as características de
cada imóvel, se é utilizado para fins comerciais, residenciais, serviços ou outras a finalidades.
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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

No cadastro comercial (Figura 4) é encontrada a inscrição cadastral, que representa a


localização no mapa do imóvel, a partir de uma sequência numérica que identifica o local
(cidade), setor, quadra e lote (COELHO, 2004).

Figura 4 - Cadastro comercial

Fonte: COSANPA (2017)

De acordo com Maria e Pinheiro (2015), com o objetivo de atender às complexas


necessidades de informação e apoio na tomada de decisão e no combate a perdas de água, a
Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental em parceria com o Ministério das Cidades cria
em 2007 o GSAN – Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saneamento.
O GSAN é um sistema de gerência de operações comerciais, administrativas,
financeiras e de controle da execução de serviços internos e externos, específico para a área
de saneamento básico dos municípios. Com o GSAN (Figura 5) é possível a disponibilidade
imediata de implantação dos processos de cadastro, micromedição, faturamento, arrecadação,
cobrança, financeiro, execução de serviços, atendimento ao público, segurança e de
informações gerenciais (MARIA e PINHEIRO, 2015).

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 5 - Plataforma do GSAN

Fonte: MARIA ePINHEIRO (2015)

O cadastro comercial é gerenciado, desde 2009, por meio do Software GSAN, um


sistema de Gerência de Operações Comerciais e de Controle da execução de serviços internos,
disponível gratuitamente para prestadores dos serviços de saneamento brasileiros e para
atendimento de seus usuários.
É importante destacar que o cadastro comercial no município de Belém não está
georreferenciado e tampouco existe uma compatibilidade entre os cadastros técnico e
comercial. As informações do cadastro comercial apenas estão segmentadas por rotas de
leitura (grupos de faturamento), como informado pela COSANPA.

2.5.2 Cadastro Técnico (Operacional)

Consiste da elaboração de plantas contendo as informações obtidas através de


levantamentos de campo, de todas as estruturas e dispositivos que compõem os sistemas de
abastecimento de água (Captações, áreas de reservatórios, adutoras, estações de tratamento,
elevatórias, redes de distribuição).
Conforme Camargo (1997), o departamento de cadastro técnico de uma empresa de
saneamento é responsável pela atualização e manutenção dos dados, através de informações
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

geradas por outros departamentos, como projetos, obras, operação e manutenção. Também é
função da área de cadastro proporcionar que as diversas áreas da empresa tenham acesso às
informações cadastrais.
Gonçalves et al (2007) recomenda que seja estabelecida uma correspondência entre o
cadastro técnico e o cadastro comercial e que a base de dados seja única e disponível para os
setores da empresa segundo suas necessidades específicas, entretanto é importante ressaltar
que estes dados também sejam apresentados espacialmente em uma base cartográfica
georreferenciada.
Para Coelho (2004) pode-se citar alguns elementos que fazem parte do cadastro
técnico, tais como: rede de distribuição de água, adutoras, limites de setores e unidades de
negócios, peças e equipamento hidráulicas, toponímias, curva de nível, estrutura urbana
(quadras, lotes, logradouros, bairros), dentre outros.

2.6 Geocodificação de Endereços

A geocodificação do endereço (address geocoding) permite que se mostre dados de


uma tabela que contenham endereços como pontos em um mapa. Para isso, o processo de
geocodificação associa endereços armazenados em um arquivo tabular com um arquivo com
dados espaciais, frequentemente com um arquivo de eixos de logradouros que também
contenham os endereços. Dessa forma, as coordenadas das feições dos logradouros são
utilizadas para se calcular e se obter as coordenadas dos endereços no arquivo. O resultado é
um mapa no qual cada ponto representa um endereço do seu arquivo original de endereços.
Existem diversas aplicações para a geocodificação de endereços. Muitas pessoas
utilizam este recurso no dia a dia, sem perceber, por exemplo, quando acessam o Google
Maps ou o GPS (Global Positioning System) veicular para a localização de um ponto através
de seu endereço(LONGLEY et al, 2013).
Na área de Geomarketing este recurso é utilizado para localização de clientes,
fornecedores, concorrentes e pontos de venda; na logística para determinar pontos de coleta,
pontos de entrega, centros de distribuição e fornecedores; na segurança pública para a
localização de ocorrências policiais; na saúde pública para o controle de focos de doenças; e
qualquer outra aplicação que envolva localizar endereços em um mapa.

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

2.7 Representação de Redes

A definição de redes pode ser entendida como um conjunto de linhas interconectadas


que permitem representar a circulação ou movimento de um transporte, pessoas, bens,
comunicações, entre outros. Também pode ser representada por um conjunto de elementos
conectados entre si, onde é possível simular o movimento de acordo com determinadas
condições pré-definidas (MILLER eSHAW, 2001).
Uma aplicação comum em SIG, consiste em realizar análise de redes, que denota
informações associadas a tipos de dados referentes a serviços de utilidade pública (tais como,
água, luz e telefone), redes de drenagem (bacias hidrográficas) ou malha viária. Uma rede de
utilidade pública é útil para estabelecer, por exemplo, direções de fluxos dos recursos,
redirecionar fluxos, identificar partes isoladas da rede ou ainda, localizar instalações que
sirvam a um conjunto de clientes (PIMENTEL, 2006).
Assim um dos termos comuns é o movimento, a deslocação de algo sobre uma
estrutura, e neste caso as linhas são os canais por onde essa deslocação se realiza, e os pontos
são onde se inicia e termina o fluxo do movimento (MILLER e SHAW, 2001). Este
deslocamento pode ainda ser alvo de impedimento, ou seja, pode existir um fator de
resistência ou atrito ao movimento na rede.

2.7.1 Teoria dos Grafos na modelação de redes em SIG

As regras determinadas para definir as relações espaciais por meio da análise de redes,
através da topologia arco–nó obedece a critérios previamente definidos pela Teoria dos
Grafos (Figura 6), que estabelece as regras de conectividade entre vértices, linhas e polígonos.

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 6 - Teoria dos Grafos

Fonte: MATOS (2008)

A Teoria dos grafos é um ramo da matemática que lida com redes topológicas, é a
base conceitual para as funções que torna possível a análise de topologia vetorial em SIG. No
SIG, se um conjunto de dados possui topologia, significa dizer que as relações de adjacência
ou conectividade estão explicitamente armazenadas na base de dados (HARMON;
ANDERSON, 2003).
As relações topológicas entre elementos geográficos – continência, pertinência,
conectividade e proximidade – são utilizadas amplamente na representação e análise dos
objetos geográficos, vetoriais e raster. Dentre elas estão a análise de rede e a roteirização, que
se utilizam da conectividade entre elementos vetoriais (MATOS, 2008).
Um grafo é um diagrama representado por um conjunto de pontos ligados por
segmentos; uma representação abstrata de uma rede, em que os conceitos de localização,
distância, comprimento, orientação e forma são substituídos por propriedades topológicas, tais
como: acessibilidade, centralidade, adjacência, conectividade e ligação, e, a partir das quais,
mediante algoritmos as suas componentes são hierarquizadas, ou estudadas no seu todo.

2.7.2 Redes no modulo Network Analyst

De acordo com Miller e Shaw (2001) a partir da teoria dos grafos lançaram-se as bases
para a representação e análise de redes, um dos modelos mais utilizados para a concepção
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

destas, é o modelo arco-nó, como mencionado anteriormente, sendo um modelo muito


utilizado na construção geométrica de redes de transportes e abastecimento.
No âmbito deste trabalho foi modelada uma rede a partir de um software de SIG, o
ArcGIS, que possui um módulo de análise de redes, o Network Analyst, que permite conceber
redes e posteriormente realizar análises sobre a mesma, para solucionar determinados
problemas. Uma das vantagens importante na realização desta tarefa em SIG é a possibilidade
de suas entidades ou elementos serem armazenadas numa base de dados relacional.
Para Morais (2013) durante a construção de uma rede no ArcGIS existem três
propriedades que devem ser levadas em consideração, que são os elementos, a conectividade e
os atributos das redes. Nas regras de conectividade, um elemento do tipo arco só pode ligar a
outros arcos que pertencem ao mesmo grupo de conectividade, por outro lado, os nós podem
ser atribuídos a um ou mais grupos de conectividade e isto permite que arcos de diferentes
grupos se possam ligar (MILLER e SHAW, 2001).
Os arcos e os nós são elementos utilizados na construção de uma rede, os arcos são os
elementos que ligam os nós e são nestes que se processa o movimento ou o fluxo, nos nós são
onde se inicia ou termina o movimento, por isso, são considerados a estrutura básica de
qualquer rede.
Em uma rede, os nós garantem a conectividade, sendo nestes, que são estabelecidas as
regras de conectividade da rede, fundamentais para o correto funcionamento. No entanto, a
modelação da realidade é algo muito complexo, por isso, às vezes é necessário criar várias
regras de conectividade entre diferentes redes (CANÇADO, 2008).
Dessa forma, compreendendo que as regras de conectividade são importantes para o
bom funcionamento de uma rede, é necessário perceber quais as que existem para os
elementos lineares e pontuais da rede. Aquelas que são entre arcos, podem ser estabelecidas
de duas formas por End Point ou por Any Vertex (Figura 7). Se for por End Point, a ligação
entre arcos só será efetuada pelos pontos terminais de cada arco, se esta se realizar por Any
Vertex, o arco vai-se dividir no local onde dois arcos se intersectarem e irá criar assim novos
nós e novos arcos.

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 7 - Conectividade entre pontos por End Point e AnyVertex

Fonte: MORAIS (2013)

2.8 Posicionamento GNSS

Para Monico (2008), posicionar um objeto na superfície terrestre nada mais é que lhe
atribuir coordenadas . Determinar a posição foi um dos primeiros desafios científicos que o
homem procurou solucionar desde os primórdios da civilização, sendo que ao longo de sua
evolução aperfeiçoou técnicas para conhecer esse meio. Desta forma, os métodos de
levantamento de dados em campo também se desenvolveram nos âmbitos da praticidade,
agilidade e precisão, principalmente com o surgimento do GNSS (Global Navigation Satellite
System – Sistema Global de Navegação por Satélite).
O Sistema Global de Navegação por Satélite mais conhecido é o GPS (Global
Positioning System), desenvolvido pelos Estados Unidos na década de 70 e que permaneceu
por décadas como único recurso para fornecimento de dados geográficos em todo o planeta.
Com o avanço da tecnologia de posicionamento, outras nações foram desenvolvendo suas
próprias constelações, a China propôs o sistema Compass ou BEIDOU (China’s Compass
Navigation Satellite System – CNSS), a Agência Espacial Europeia elaborou o GALILEO e a
Rússia desenvolveu o GLONASS (Globalnaya Navigatsionnaya Sputnikovaya Sistema).
Com o objetivo de usufruir do potencial dos sistemas de posicionamento global
existentes, com o passar dos anos, os métodos de posicionamento vêm se aprimorando. Além
disso, novas técnicas têm surgido com o objetivo de realizar posicionamento com alta
acurácia.
As técnicas de posicionamento podem ser classificadas como estáticos e cinemáticos,
dependendo do movimento da antena, bem como em tempo real e pós-processado. Além
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

destas duas categorias, as técnicas podem ser divididas quanto à metodologia adotada, ou seja,
utilizando ou não uma estação de referência, sendo denominadas de posicionamento relativo e
posicionamento por ponto. Nesse sentido podem-se adotar as seguintes técnicas para a
realização do posicionamento por GNSS. (IBGE , 2008)
i. Posicionamento relativo;
ii. Posicionamento relativo estático;
iii. Posicionamento relativo estático-rápido;
iv. Posicionamento relativo semicinemático (Stop andGo);
v. RTK (Real Time Kinematic);
vi. Differential Global Positioning System (DGPS); e
vii. Posicionamento por ponto.
Ainda de acordo com o IBGE (2008), no posicionamento relativo, as coordenadas de
um ponto são determinadas em relação a um ou mais pontos de coordenadas conhecidas. A
estação com coordenadas conhecidas (base) é ocupada por um receptor, enquanto que outro
receptor é ligado simultaneamente no ponto cujas coordenadas deseja-se estimar, é necessário
que dados dos mesmos satélites sejam coletados simultaneamente por pelo menos dois
receptores.
Para o INCRA(2013), no posicionamento relativo estático o receptor da base e os
pontos, cujas coordenadas desejam-se estimar, são ocupados por cerca de 20 minutos a
algumas horas, dependendo da geometria local e do comprimento do vetor linha base formado
entre a base e o ponto ocupado, é o método que permite obter as melhores precisões, sendo
utilizado na medição de linhas de bases curtas (até 20 km) e longas (maiores que 100 km),
redes geodésicas, etc.
No método de posicionamento DGPS, uma estação em movimento é posicionada em
relação a uma estação de referência (fixa), associada a correções diferenciais, geradas em
tempo real pela estação de referência e enviadas a estação rover, equipamento que ocupará os
pontos cujas coordenadas se deseja determinar, por meio de um sistema de comunicação,
utilizando a correção pós-processada dos dados por meio da observável pseudodistância
obtida partir do código C/A (INCRA, 2013).
Como toda metodologia o levantamento por GNSS também apresenta limitações e
erros inerentes ao processo de levantamento que devem ser conhecidos e analisados
antecipadamente. Dentre essas limitações podem-se destacar a impossibilidade de utilização

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

deste tipo de levantamento em regiões onde não é possível detectar sinais transmitidos pelos
satélites, isto é, no interior de edificações, em áreas urbanas muito densas, túneis, minas, etc.
Entre as principais fontes de erro podem ser destacadas a geometria da constelação dos
satélites, atraso na propagação e processamento dos sinais pelos circuitos do satélite, efeitos
da atmosfera, relógio do receptor, relógios dos satélites, perda de ciclos e centro de fase da
antena portadora; sendo possível controlar, minimizar e corrigir os efeitos causados por estas
fontes (MONICO, 2008).

3 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

Neste trabalho, é proposto a utilização de SIG no gerenciamento de dados e


informações do Sistema de abastecimento de água, a fim de facilitar o armazenamento,
manipulação e monitoramento de dados. A metodologia empregada será dividida de acordo
com as etapas de desenvolvimento, até alcançar o objetivo do trabalho, iniciando com a
revisão bibliográfica dos principais tópicos sobre sistema de abastecimento, as diversas
aplicações das Geotecnologias e a integração dessas informações por meio de um Banco de
dados.

3.1 Área de estudo

O município de Belém está localizado no estado do Pará, na região norte do Brasil,


entre as coordenadas geográficas 1°28'43,62" S e 1°13'34,86” S, 48°29'33,69" O e
48°23'23,91” O. Segundo o IBGE (2017), possui cerca de 1.452.275,0 habitantes, 8 distritos
administrativos e 72 bairros. Para um melhor gerenciamento dos recursos financeiros, na
prestação dos serviços de abastecimento de água da RMB foi dividida em quatro unidades de
negócios denominadas de UN-NORTE, UN-SUL, UN-AM e UN-BR (Figura 8).

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Figura 8 - Unidades de Negócios

Fonte: AUTOR (2018)

A área de estudo compreende o bairro de Fátima, situado na UN-SUL que faz limite
com o bairro da Pedreira, Umarizal, São Brás e Marco (Figura 9). A escolha do local baseou-se
na quantidade de registros e hidrantes existentes no local; no número de ocorrências nas redes
e por se tratar de uma área relativamente pequena para uma aplicação.

Figura 9 - Localização Bairro de Fátima

Fonte: Adaptado COSANPA (2017)

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A ocupação é predominantemente residencial, com uma população estimada de


13.206,0 habitantes (IBGE, 2010), uma área de aproximadamente 61,9 hectares, com 30
quadras e 2608 lotes.

3.2 Aquisição de dados

A coleta dos dados foi realizada através da aquisição das bases cartográficas existentes
da área de estudo, e de dados referentes aos logradouros de maior ocorrência no bairro
selecionado. Posteriormente, foi realizada a análise do cadastro existente. Com esses dados foi
possível a visita, in loco, para um primeiro reconhecimento e identificação das principais
peças hidráulicas existentes, e se havia a possibilidade de serem rastreadas. Além disso,
ocorreu a avaliação dessas peças, se estão em bom estado de uso e funcionamento ou não. As
peças que necessitaram de manutenção foram cadastradas e encaminhadas para o setor
responsável por esses reparos.
Após a identificação foi realizado o rastreamento das peças, onde os dados coletados
foram processados e cadastrados em um banco de dados na plataforma SIG ArcGIS 10.1,
software já utilizado pela companhia, no formato shapefile (SHP), extensão nativa do
ArcGIS.
A integração dos dados georreferenciados com as informações já existentes,
fornecidas pela COSANPA, permitiu a realização da geocodificação por meio da extensão
geocoding que transforma endereços físicos em coordenadas e as simulações de redes através
da extensão Network Analyst. As etapas realizadas no ambiente SIG encontram-se ilustradas
na Figura 10.

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 10 - Etapas no ambiente SIG

Fonte: Adaptado de DAURI & LUNARDI (2011)

3.2.1 Levantamento dos dados GNSS dos pontos de interesse para análise comparativa

Os recursos tecnológicos necessários para o desenvolvimento e implementação da


pesquisa e do projeto foram concedidos pela Companhia de Saneamento e pela Universidade
Federal Rural da Amazônia – UFRA, através da Coordenação do Curso de Engenharia
Cartográfica e de Agrimensura, além de recursos próprios, sendo os mesmos relacionados a
seguir.
Para a coleta dos pontos na área de interesse, inicialmente seria utilizado o receptor
GNSS Ruide modelo R90-T, de dupla frequência, capaz de receber e gravar sinais das
constelações GPS e GLONASS, com precisão horizontal de 3 mm + 1 ppm e vertical de 5
mm + 1 ppm, captando os sinais da fase da onda portadora nas frequências L1 e L2.
Entretanto a COSANPA dispões do GPS ASHTECH Mobile Mapper 10 (MM10), receptor de
mapeamento com sistema DGPS, capaz de receber os sinais da onda portadora L1 e do código
C/A com precisão em tempo real de aproximadamente 2 metros, porém, pode proporcionar
uma precisão inferior a 50 centímetros, após pós - processamento em software apropriado.
Com a finalidade de se verificar a precisão ao utilizar o MM10, foi realizada a análise
comparativa do desempenho entre esses dois receptores, utilizando como referência o GNSS
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Ruide R90-T. A escolha dos pontos para essa análise ocorreu nas dependências da
Universidade Federal Rural da Amazônia. Foram rastreados simultaneamente com os dois
receptores,6 pontos (Figura 11). de coordenadas conhecidas.

Figura 11 - Pontos coletados na UFRA

Fonte: AUTOR (2018)

Para fins de identificação, os pontos de coordenadas conhecidas foram descritos


conforme apresentado na Tabela 1, com as descrições e coordenadas de cada ponto coletado
para análise comparativa.

Tabela 1 - Pontos com Coordenadas Conhecidas


PONTOS E (m) N (m) Latitude (S) Longitude (W)
P1 785500,107 9838557,178 01°27'32.930" 48°26'03.547"
P2 785517,205 9838548,352 01°27'33.220” 48°26'02.993”
P3 785428,485 9838521,693 01°27'34.113" 48°26'05.882"
P4 784280,269 9839051,406 01°27'16.894” 48°26'43.002”
P5 785337,395 9838684,95 01°27'28.779" 48°26'08.812”
P6 785070,661 9839120,079 01°27'14.631" 48°26'17.451”
Fonte: AUTOR (2018
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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

O método de posicionamento dos pontos utilizado foi o relativo estático, com um


tempo de coleta de 20 minutos., com configuração da máscara de elevação dos satélites em
10º e com intervalo de gravação de dados de 5 segundos. (Figura 12).

Figura 12 - Coleta com os dois receptores

Fonte: AUTOR (2018)

3.3 Levantamento dos registros encontrados

Após o levantamento para verificar a qualidade dos dados coletados com o MM10, e
de posse da listagem com os 18 pontos a serem levantados no bairro de Fátima, foi realizada
então uma vistoria nestes locais com o objetivo de verificar a informações do cadastro, a
existência dos registros e a viabilidade do levantamento. Após a vistoria foi possível
identificar que dos 18 registros (Figura 13) cadastrados foram encontrados somente 10
registros.

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 13 - Registros Visitados

Fonte: AUTOR (2018)

Para o levantamento dos registros, o receptor MM10 foi configurado para um tempo
de coleta de 10 minutos e intervalo de gravação de dados de 5 segundos, durante o
levantamento dos pontos foram atualizadas as informações sobre a localização dos registros
encontrados (Figura 14), que passaram então a compor a base de dados da COSANPA,
referente ao bairro de Fátima.
Nessa etapa constatou-se que as peças não encontradas foram cadastradas
erroneamente ou foram soterradas, uma vez que foram identificadas alterações nas calçadas
das residências, onde normalmente são implantados os registros.

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Figura 14 - Registros Encontrados x Não encontrados

Fonte: AUTOR (2018)

Durante o levantamento foram tomadas algumas fotos das medições dos pontos
encontrados (Figura 15 a Figura 18).

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Figura 15 - Registro localizado na Travessa Curuzu Figura 16 - Registro localizado nas Castelo Branco
com Antônio Baena com Domingos Marreiros

Fonte: AUTOR (2018) Fonte: AUTOR (2018)

Figura 17 - Registro de Hidrante Localizado na Av. Figura 18 - Registro localizado nas Ruas 13 de abril
José Bonifácio em frente ao supermercado Formosa com domingos Marreiros

Fonte: AUTOR (2018) Fonte: AUTOR (2018)

3.4 Processamento dos dados GNSS

Após a coleta de campo ocorreu o processamento desses pontos nos softwares Topcon
Tools e Mobile Mapper Office. O primeiro foi utilizado para processar os pontos rastreados
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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

com o receptor Ruide R90-T e o segundo para descarregar e processar os dados coletados com
o MM10. Para isso foram utilizadas como referência as duas estações da Rede Brasileira de
Monitoramento Contínuo do Sistema GNSS (RBMC 2 ) existentes em Belém, que são
respectivamente, BELE, localizada no Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e BEPA,
implantada no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A coordenadas corrigidas obtidas com o processamento foram utilizadas para calcular
a discrepância posicional existente entre os dois receptores. De posse dos dados foi possível
determinar as discrepâncias (Equações 1 e 2) entre coordenadas, e a discrepância resultante
(Equação 3), sendo:

∆𝐸 = 𝐸𝑇 − 𝐸𝑅 (1)
∆𝑁 = 𝑁𝑇 − 𝑁𝑅 (2)
∆𝑅 = √∆𝐸² + ∆𝑁² (3)

Onde ∆E são discrepâncias de coordenadas Este, N discrepâncias de coordenadas


Norte, ∆R discrepância resultante, T são as coordenadas a serem testadas obtidas com o
receptor MM10 e R são as coordenadas de referência coletadas com o receptor R90-T.
Posteriormente foi obtida a média das discrepâncias e o desvio padrão em cada componente.
Além do software para fazer o processamento dos dados GNSS foram utilizados
também os softwares ArcGIS versão 10.1 com as extensões, Network Analyst, Geocoding e o
AutoCadMap3D que auxiliaram na criação do banco de dados e manipulação da base
cartográfica.

3.5 Banco dos dados

A geração do banco de dados ocorreu após a aquisição da base cartográfica existente


na COSANPA e dos pontos de interesses rastreados e processados. Além dos arquivos
vetoriais fornecidos pela concessionária, há também os arquivos Computer Aided Design
(CAD) com extensões dwg e as plantas digitais que auxiliaram na elaboração dessa etapa do
projeto. A geração do banco de dados possibilitou a execução da geocodificação e das
simulações de redes, entretanto, primeiro ocorreu a preparação dos shapefiles (SHP), que

2
Disponível em https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/rbmc/rbmc.shtm?c=7
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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

consiste na verificação da topologia, das informações alfanuméricas, bem como a definição


do sistema de Referência de Coordenadas.

3.5.1 Processo de Geocodificação

O processo de geocodificação de endereços foi utilizado para determinar a posição


geográfica correspondente a cada ocorrência relacionada à manutenção na rede de
abastecimento, registrada pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da COSANPA.
Nesse processo foi utilizada a ferramenta geocoding que envolve uma relação lógica entre um
endereço (Cep, Número e Rua) e coordenadas (E, N).
É um processo utilizado quando dados pontuais precisam ser tratados espacialmente,
mas suas coordenadas geográficas não estão disponíveis, sendo apenas conhecidos os seus
endereços. O objetivo da geocodificação de endereços é determinar, por estimativa, a posição
geográfica correspondente a cada endereço em um mapa.
Para a obtenção das informações sobre ocorrências de vazamento ou qualquer outra
falha no Sistema de abastecimento deve-se acessar a página do Sistema Integrado de Gestão
de Serviços de Saneamento (GSAN), que é um sistema comercial livre com a função de
armazenaras informações sobre a gestão comercial da empresa. Esse sistema foi utilizado para
fazer download das ocorrências no bairro selecionado, entre os meses de março a abril de
2017.
As informações cadastradas sobre as ocorrências, abrangendo todos os logradouros da
área de estudo, foram agrupadas em uma única planilha no Excel que juntamente com o
arquivo vetorial, contendo os eixos das ruas, serão inseridos na ferramenta. Uma das
condições para que o processo funcione corretamente é que o nome do logradouro cadastrado
na planilha seja o mais próximo possível do utilizado no SHP dos eixos de ruas, pois este é o
nome oficial utilizado pela prefeitura de Belém.
A primeira etapa na ferramenta geocoding, disponível no software ArcGIS foi criar a
condição para o serviço de geocodificação (Figura 19), que consiste em definir o estilo de
endereçamento que será utilizado no processo e selecionar o SHP com os logradouros, para
posteriormente gerar um Tema, ou Tabela de Referência, que será utilizada como referência
para a geocodificação da planilha de ocorrências, no caso foi utilizado o estilo brasileiro
“Endereço BR com Intersect”.

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 19 - Processo de Geocodificação

Fonte: AUTOR (2018)

Este método pode não localizar a posição geográfica em diversas situações, como por
exemplo, quando nenhum segmento de rua com o nome do endereço for encontrado (ex.
devido a erro de grafia), ou quando vários segmentos de rua foram encontrados (ex. devido à
sobreposição de suas faixas de numeração, todas contendo o número do endereço). Nestes
casos, é necessário realizar uma verificação das combinações e corrigir os erros manualmente.
Para minimizar estes erros, é importante realizar a uniformização da tabela de
endereços e da base de dados antes de se executar a geocodificação, pois a grafia correta dos
endereços pode influenciar diretamente na localização, ou não, de um ponto. Abreviações
como “AV” e “Avenida”, “R.”, “R” e “Rua”, “Pç” e “Praça”, “Marechal” e “Mal”, por
exemplo, devem ser levadas em consideração na localização.

3.5.2 Preparação e Criação da Rede Geométrica

A rede de abastecimento do bairro de Fátima foi a informação utilizada para a


construção da rede. Para tal, foi necessário preparar esta informação, editando algumas
informações de conectividade e atributos entre as linhas, A primeira fase, consiste na
definição dos elementos a incluir na construção da rede e a relação entre eles, uma vez que
uma rede geométrica é constituída por segmentos e junções que se encontram conectada.

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

O passo seguinte consiste na definição de alguns critérios da rede, nomeadamente a


tolerância a atribuir na detecção de entidades desconectadas, a definição dos elementos que
representam origens de água na rede e destinos, sendo de extrema importância a definição de
pontos de origem e de destino, uma vez que a partir desta informação torna-se possível fazer
análises na rede tendo em consideração o fluxo na rede.
O passo inicial para o processo de simulação de redes dentro de um SIG é criar um
geodatabase, um banco de dados relacional onde serão armazenados os dados com a mesma
referência espacial com a finalidade de estabelecer um relacionamento mais complexo entre
as feições. Para o banco de dados relacional foi importado os arquivos vetoriais arco - nó,
utilizados para a criação da rede geométrica (Figura 20).

Figura 20 - Etapas para a Criação da Rede Geométrica

Fonte: AUTOR (2018)

Com a criação do banco de dados relacional e com a importação das feições de linhas
com as redes e os pontos, representando as junções e peças respectivamente, a etapa seguinte
foi utilizar o Network Dataset presente no ArcCatalog, que serve para a construção de redes
em SIG. Neste caso denominou-se a rede criada por “Rede_Fátima”.

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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Para ativar a barra de ferramentas é necessário seguir o seguinte caminho: Tools >
Customize > Toolbars e em seguida marcar a caixa correspondente ao Network Analyst, mas
para ativar todas as funcionalidades da barra de ferramenta (Figura 21) é necessário ativar a
extensão (Tools >Extensions> Network Analyst) e é necessário que exista um Network
Dataset em um Data Frame ativo.

Figura 21 - Funcionalidades do Network Analyst


ÍCONE NOME FUNCIONALIDADE

Network Analyst Windows Mostra e esconde a janela do Network Analyst

Create Network Location Tool Cria uma localização na rede

Select / Move Network Location Tool Seleciona e move uma localização na rede

Solve Executa a análise atual.

Directions Window Mostra a janela das direções

Network Identify Identifica elementos na rede

Build entire network dataset Constrói por completo o conjunto de dados na rede.

Fonte: ESRI (2010)

3.5.3 Simulação de redes

O ArcGIS disponibiliza na ferramenta Networ kAnalyst a possibilidade de realizar


análises de rede, de modo a auxiliar o usuário nas decisões quanto às intervenções nas redes
de distribuição ou adutoras implementadas em SIG, onde a rede abastecimento de água será
representada por uma rede geométrica formada por uma estrutura topológica do tipo arco–nó.
Os arcos representam as tubulações existentes e os nós representam as conexões entre as
redes, indicando os registros ou hidrantes.
Nessa ferramenta é possível iniciar ou bloquear o fluxo em qualquer ponto da rede e
verificar a melhor rota a se seguir para realizar as operações de manutenção. Esta forma de
representação gráfica é transferida para a forma de representação matemática, que por sua vez
é utilizada na formulação de algoritmos. (FILHO, 2005)

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MATOS, F. O. (2018)
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção são apresentados e analisados os resultados alcançados com a aplicação


das ferramentas de geoprocessamento e SIG no gerenciamento da rede de abastecimento do
bairro de Fátima.

4.1 Caracterização do Bairro de Fátima quanto aos seus elementos

A caracterização do bairro quanto aos seus principais elementos permitiu concluirque


a rede de abastecimento, para a área em questão, tem uma extensão total de
aproximadamente21, 518 km, composta pelos materiais Cloreto de polivinila (PVC/PBA)
com 16,881 km; Ferro Fundido (FºFº), com 2,473 km, Cimento Amianto (C.A), 1,138 km e
PVC/DEF°Fº, com 1,026 km, como mostra a Tabela 2, Figura 223 e Figura 234, na qual a rede
está distribuída por diâmetro e material das tubulações, assim como, o comprimento
correspondente de cada tipo de rede. Na COSANPA a rede é formada por condutos primários
com diâmetros entre 100 e 400 mm e condutos secundários com diâmetros de 50 e 100mm.

Tabela 2 - Rede de Distribuição (Diâmetros x Materiais)


MATERIAIS
DIMETRO COMPRIMENTO (km)
PVC/PBA PVC/DEF°F° F°F° C.A
Ø050 mm 04,104 04,104 - - -
Ø075 mm 12,009 11,235 - 00,000 00,774
Ø100 mm 02,090 01,130 00,109 00,851 -
Ø150 mm 01,007 00,412 00,173 00,422 -
Ø200 mm 00,356 - - - 00,356
Ø250 mm 01,057 - 00,744 00,305 00,008
Ø300 mm 00,292 - - 00,292 -
Ø350 mm 00,573 - - 00,573 -
Ø400 mm 00,030 - - 00,030 -
TOTAL 21,518 16,881 01,026 02,473 01,138
Fonte: COSANPA (2017)

3
Ver apêndice A
4
Ver apêndice B
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MATOS, F. O. (2018)
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Figura 22 - Rede de distribuição de Água (Diâmetros)

Fonte: AUTOR (2018)

A Figura 23 apresenta a rede de abastecimento de água de acordo com o tipo de


material com que ela é feita. As tubulações de PVC/PBA são as mais utilizadas,
principalmente nos diâmetros 50 e 75 mm. As tubulações em PVC/DEF°F°, são usadas em
redes com diâmetro 100 e 150 mm quando a pressão na rede é maior, visto que as paredes
deste tipo de tubulação são mais resistentes. As tubulações em ferro fundido são apenas
utilizadas em alguns trechos mais antigos da rede e que ainda não passaram por manutenção.
Este tipo de material caiu em desuso pelos riscos de contaminação da água.

Figura 23 - Rede de distribuição de Água (Materiais das tubulações)

Fonte: AUTOR (2018)

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MATOS, F. O. (2018)
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

O conhecimento do diâmetro e material que compõe a rede permite ao projetista maior


nível de detalhamento nos projetos de expansão, substituição ou supressão de rede. Além
disso, possibilita aos técnicos da área operacional maior agilidade nas decisões quanto às
manutenções e reparos nas redes. A análise do mapa quanto aos tipos de matérias provoca um
alerta importante para a substituição da rede com o material C.A, pois o mesmo é proibido por
lei, por apresentar substâncias cancerígenas, porém, ainda compõem uma considerada
extensão da rede de abastecimento e a companhia já ultrapassou o prazo para a substituição da
mesma.

4.2 Geocodificação

O processo de geocodificação de endereços permitiu realizar a espacialização de


ocorrências (Figura 245) de vazamento no sistema de abastecimento para a área em questão, a
análise dessas informações é importante, pois possibilita identificar as redes e materiais que
estão mais suscetíveis a rupturas em seu sistema. No bairro de Fátima as ocorrências
concentraram-se, em sua maioria, nas redes compostas por material do tipo PVC/PBA, que
naturalmente apresenta um desgaste mais rápido que os demais materiais, devido a sua
composição.

Figura 24 - Endereços Geocodificados

Fonte: AUTOR (2018)

5
Ver apêndice C
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MATOS, F. O. (2018)
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

A obtenção e identificação dos imóveis atingidos por ocorrências de vazamento


oferece um maior nível de detalhamento para a gestão de interrupções em uma determinada
área. A análise dessas informações permitiu identificar a quantidades de clientes que foram
afetados por essas ocorrências.

4.3 Análise de Redes

Com o aprimoramento no uso dessa ferramenta foi possível realizar simulações para
diversas situações ocorridas na rede de abastecimento. Como, por exemplo, identificar a
distribuição espacial das redes desativadas, fazer simulações de fechamento e implantação de
novos registros, caso haja a necessidade de interromper o abastecimento de água de uma
determinada área, o conhecimento de quantos e, se possível, quais os clientes que serão
atingidos é um dos fatores importantes no planejamento das intervenções de rede.
A primeira simulação de fechamento de válvulas para atender as ocorrências acima
citadas permitiu identificar a distribuição dos trechos de rede que tiveram o abastecimento
interrompido e a quantidade dos clientes afetados com esse procedimento (Figura 256).

Figura 25 - Redes afetadas e Cientes Afetados

Fonte: AUTOR (2018)

6
Ver apêndice D
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MATOS, F. O. (2018)
54
GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Em relação às tubulações de água dos sistemas de abastecimento, pode ocorrer de


tubulações serem desativadas (Figura 26) das redes, sem que, sejam removidas do seu local de
instalação original. Este procedimento é adotado na substituição de tubulações antigas de
grandes diâmetros compostas de cimento amianto, por exemplo, que se encontram instaladas
em locais de grande circulação de veículos.
Considerando que a informação da existência destas tubulações em vias públicas é de
importância para empresas de obras civis ou empresas de telefonia, assim, a continuidade do
cadastro destas redes no sistema, permite que, em caso de consultas por estas empresas, os
trechos de rede desativados sejam identificados e devidamente localizados.

Figura 26 - Rede Desativada

Fonte: AUTOR (2018)

Outra análise que pode ser realizada com essa ferramenta é o estabelecimento de um
ponto que gere fluxo na rede. Existem duas possibilidades: este ponto ter sido já definido no
momento de criação da rede geométrica ou durante a análise com o uso das bandeiras e das
barreiras. Tanto as bandeiras quanto as barreiras, podem ser por segmento da rede ou por

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MATOS, F. O. (2018)
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GESTÃO DE REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR MEIO DAS GEOTECNOLOGIAS: ESTUDO
DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

junção. Na Figura 277 está o exemplo de uma análise onde é desejado se estabelecer qual o
caminho do fluxo entre dois pontos especificados da rede, são estabelecidas duas bandeiras,
marcando origem e destino do fluxo. O caminho encontrado não está condicionado por pesos,
o que estabeleceria rotas de preferências, se houver mais de um caminho possível.
É interessante destacar que o fluxo na rede só ocorre onde existe a junção entre elas,
caso não exista, a mesma desvia para a junção mais próxima, considerando que todos os
registros estejam abertos e funcionando. Outra análise possível de realizar é a simulação com
a existência de redes desativadas, nesse caso o fluxo também desloca para a junção mais
próxima.

Figura 27 - Fluxo entre dois pontos da Rede Geométrica

Fonte: AUTOR (2018)

Considerando que o fluxo descrito na Figura 27 apresente algum trecho com a rede
desativada (Figura 28 8 ) o mesmo apresentará um desvio para a junção mais próxima,
alterando dessa forma a direção do fluxo (Figura 299).

7
Ver apêndice E
8
Ver apêndice F
9
Ver apêndice G
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MATOS, F. O. (2018)
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Figura 28 - Trecho da Rede desativada

Fonte: AUTOR (2018)

Figura 29 - Nova direção do fluxo na rede

Fonte: AUTOR (2018)

4.4 Avaliação das Coordenadas obtidas com o Mobile Mapper 10

Após a coleta e processamento dos dados adotando-se as coordenadas da base BELE e


BEPA referenciadas ao SIRGAS2000 foram obtidas as coordenadas apresentadas na Tabela 3,
posteriormente, com as coordenadas obtidas de cada ponto com os dois receptores foi
calculada então a discrepância entre as coordenadas.
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MATOS, F. O. (2018)
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Tabela 3 - Coordenadas obtidas com os dois receptores


Coordenadas MM10 Coordenadas GNSS
Ponto Receptor N E Receptor N E
P1 MM10 9838557,070 785499,782 RUIDE 9838557,156 785500,114
P2 MM10 9838548,566 785517,745 RUIDE 9838548,543 785517,234
P3 MM10 9838521,778 785428,093 RUIDE 9838521,693 785428,485
P4 MM10 9839050,916 784280,692 RUIDE 9839051,414 784280,248
P5 MM10 9839120,397 785071,656 RUIDE 9839120,070 785070,656
P6 MM10 9838683,299 785335,633 RUIDE 9838684,968 785337,394
Fonte: AUTOR (2018)

A Tabela 4 apresenta as diferenças entre as coordenadas estimadas, e os resultados são


apresentados em termos de diferenças de coordenadas UTM (ΔE, ΔN), e a resultante das
diferenças planimétricas (ΔR). É possível também observar as médias (∆̅ ) e precisão (𝞼)
alcançadas para cada ponto

Tabela 4 - Discrepância entre as Coordenadas E, N e Resultante.

PONTOS ΔN (m) ΔE (m) ΔR (m)


P1 -0,086 -0,332 0,343
P2 0,023 0,511 0,511
P3 0,085 -0,392 0,401
P4 -0,498 0,444 0,668
P5 0,327 1,000 1,052
P6 -1,669 -1,761 2,426
𝑀é𝑑𝑖𝑎(̅̅̅̅
∆) -0,303 -0,088 0,900
Precisão (𝞼) 0,722 0,977 0,789
Fonte: AUTOR (2018)

Analisando os valores obtidos com relação às diferenças planimétricas das


coordenadas estimadas por ambos receptores, verifica-se uma variação que recai no intervalo
de 0,343 m, para o P1 até 2,426 m, para o P6. Calculando o Erro Médio Quadrático (EMQ),
com base nos resultados de todos os pontos, obteve-se um EMQ de 0,789m para a
planimetria.

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DE CASO NO BAIRRO DE FÁTIMA

Os dados da Tabela 4 ainda permite concluir que: 50% dos pontos comparados
atingiram diferenças abaixo de 0,668 m; 66,7% dos pontos apresentaram diferenças abaixo de
0,7 m e 33,3% apresentaram valores superiores 1 m. Esses pontos foram coletados em
condições climáticas adversas havendo a necessidade de utilizar um plástico para proteger os
receptores, o que justifica os valores elevados de suas discrepâncias. Desta forma,
considerando uma linha-base curta, os resultados mostram de uma forma geral que, para a
posição horizontal foram obtidas diferenças centimétricas, em 66,7% dos casos.
Assim, considerando que a finalidade do levantamento é identificar os registros de
água de um determinado bairro, pode-se afirmar que o receptor Mobile Mapper 10 com os
seus dados pós-processados atende a essa necessidade, pois, de modo geral apresentou
pequenas discrepâncias ao compará-lo com um receptor geodésico.
Os 10 registros encontrados e rastreados no bairro de Fátima apresentaram valores de
HRMS variando entre 0,454 e 0,750 e VRMS entre 0,612 e 1,640 (Tabela 5). Essas
informações passarão a incorporar o cadastro técnico da COSANPA.

Tabela 5 - Coordenadas dos Registros Levantados com MM10

ID Nome E N Satélites PDOP Estado HRMS(m) VRMS(m)


R1 Registro 1 781612,536 9839951,250 10 1,2 DGPS 0,454 0,612
R2 Registro 2 781609,980 9840107,194 7 2,5 DGPS 0,577 1,294
R3 Registro 3 781627,657 9840129,307 9 2,0 DGPS 0,597 0,986
R4 Registro 4 781598,507 9840608,018 9 2,1 DGPS 0,748 1,421
R5 Registro 5 781607,833 9840604,062 7 2,5 DGPS 0,674 1,294
R6 Registro 6 781427,037 9840236,953 8 2,2 DGPS 0,454 0,665
R7 Registro 7 781428,931 9840239,830 8 2,2 DGPS 0,577 0,986
R8 Registro 8 781211,182 9840238,565 8 2,0 DGPS 0,597 0,612
R9 Registro 9 780851,614 9840548,244 10 1,2 DGPS 0,610 1,090
R 10 Registro 10 781413,610 9840234,939 9 1,9 DGPS 0,750 1,640
Fonte: AUTOR (2018)

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5 CONCLUSÃO

Os sistemas de informação geográfica e o geoprocessamento assumem uma elevada


importância na gestão dos sistemas de abastecimento de água, devido à quantidade de
informação que conseguem armazenar, modelar e disponibilizar, permitindo um rápido acesso
a toda a informação dos sistemas de abastecimento de água. Dessa forma o principal objetivo
desse trabalho foi analisar atualizar e gerenciar as informações disponíveis no atual cadastro
de redes da COSANPA e posteriormente realizar simulações em um software apropriado, bem
como, avaliar o receptor utilizado para a realização de cadastro na rede abastecimento.
Os resultados obtidos com a aplicação do SIG na gestão das redes de água mostraram
que a integração dos softwares com uma equipe especializada traz benefícios imediatos para
qualquer empresa que trabalha com manipulação de um grande número de informações, como
por exemplo, as informações do bairro utilizado no estudo de caso. A caracterização desse
bairro quanto aos seus elementos hidráulicos, extensões de rede, clientes, ocorrências,
diâmetros e tipos de materiais, foi fundamental para a atualização das informações cadastrais.
A análise dos resultados permitiu identificar que os objetivos definidos para essa
pesquisa foram alcançados, uma vez que o cadastro do bairro de Fátima foi atualizado.
Ocorreu a avaliação do receptor topográfico utilizado, comprovando que o mesmo é capaz de
coletar informações precisas para a finalidade do levantamento. Os registros de água foram
georreferenciados e foram realizadas as simulações, identificando o direcionamento do fluxo
na rede, levando em consideração a existência de redes desativadas.
Para a concretização da pesquisa foi essencial os diversos recursos utilizados, como os
softwares de SIG e geoprocessamento, os softwares utilizados para o processamento dos
pontos coletados com os receptores GNSS RUIDE R90-T e MM10, bem como as
informações utilizadas para o processamento dos dados brutos dos dois receptores.
No entanto, para que estas ações ou projetos em SIG sejam bem-sucedidas, é
necessário que haja por parte da Companhia um comprometimento com a atualização
constante da base cartográfica, pois ela é o “Alicerce” do SIG. Se não houver atualização
periódica, perde-se a qualidade dos dados e dos resultados, e consequentemente, a
credibilidade do sistema. Essas atualizações são fundamentais, pois um sistema de informação
geográfico necessita estar em constante atualização de forma a fornecer uma informação mais
correta possível aos utilizadores.

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APÊNDICE – MAPAS TEMÁTICOS DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DO


BAIRRO DE FÁTIMA

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APÊNDICE A – REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA (DIÂMETROS)


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APÊNDICE B – REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA (MATERIAIS DAS TUBULAÇÕES)


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APÊNDICE C – OCORRÊNCIAS NA REDE DE ABASTECIMENTO


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APÊNDICE D – REDES AFETADAS E CLIENTES AFETADOS


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APÊNDICE E – FLUXO ENTRE DOIS PONTOS NA REDE GEOMÉTRICA


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APÊNDICE F – TRECHO DA REDE DESATIVADO


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APÊNDICE G – NOVA DIREÇÃO DO FLUXO NA REDE

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