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GEOTECNOLOGIAS NO MAPEAMENTO DE
PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS
FLORIANÓPOLIS
2008
1
GEOTECNOLOGIAS NO MAPEAMENTO DE
PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS
FLORIANÓPOLIS
2008
2
3
Dedico
a Deus
à família
aos amigos
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar o mapeamento temático de duas pequenas
propriedades rurais do município de Alfredo Wagner (SC), bem como sua adequação com
relação à aptidão agrícola de uso das terras e a legislação ambiental por meio de
geotecnologias. Apresentam-se como objetivos específicos: avaliar as ortofotos digitais
geradas, a precisão das coordenadas dos pontos de controle e dos vértices das propriedades.
Isto, visando o mapeamento temático do uso e da aptidão das terras, que foram confrontados
com as recomendações (APP e reserva legal) da legislação ambiental vigente. O município de
Alfredo Wagner está localizado na Serra Geral, na região sul do Brasil e situa-se na parte mais
alta da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, no Alto Vale do Rio Itajaí, na região de transição
entre o litoral e o planalto catarinense. Foram utilizados: i) aerofotos (em papel fotográfico e
em filme) na escala nominal de 1:25.000; ii) scanner gráfico (scanner de mesa) e scanner
fotogramétrico; iii) receptores GPS topográfico (Leica GS20 e ProMark X) e GPS de
navegação (eTrex); e, iv) modelos digitais de elevação (SRTM e IBGE). A base cartográfica
em meio digital refere-se a escala 1:50.000 e o software SIG utilizado foi o ILWIS v3.2
Academic, ITC, Holanda (2004) que atendeu plenamente aos propósitos desta pesquisa. As
ortofotos foram geradas por oito combinações diferentes, a partir das fotografias aéreas
métricas (papel e filme), dos receptores GPS (navegação e topográfico) e dos MDEs (SRTM e
IBGE). As combinações foram testadas e avaliadas de maneira visual e numérica, esta última
considerou a orientação interior, exterior e a raiz do erro quadrático médio. A pesquisa
apontou viabilidade de utilização de todas as ortofotos geradas para apoiar a realização do
mapeamento temático de pequenas propriedades rurais, inclusive as combinações que
utilizaram aerofotos em papel com o emprego de GPS de navegação. O mapeamento pode
subsidiar, a baixo custo, profissionais de extensão rural na elaboração do planejamento,
orientação dos agricultores quanto à adequação das propriedades rurais à legislação ambiental
e na concepção de projetos agrícolas.
ABSTRACT
The main objective of this work is to analyze the thematic mapping of two small farms, as
well as their fitness related to the land use and environmental legislation suitability using geo-
technologies, in Alfredo Wagner municipality in the “Alto Vale do Itajaí” region, in Santa
Catarina state, southern Brazil. Besides, specific objectives include to evaluate the generated
digital orthophotos, the accuracy of the control points and farms corners coordinates, looking
at the land use and land suitability thematic mapping, which was compared to the
environmental legislation recommendations (APP – permanent preservation areas and legal
reserves). Alfredo Wagner is located in “Serra Geral”, in the upper part of Itajaí River
Watershed, in the transitional area between the coast and Santa Catarina plateau. It was used
the following materials: i) aerial photographs (photographic paper and film) from the 1977-
1979 survey period, made by Aerofoto Cruzeiro SA company, in 1:25 000 nominal scale; ii)
graphic scanner (table scanner) and photogrametric scanner; iii) topographic GPS (Leica GS
20 and ProMark X) and navigation GPS (eTrex model); and iv) digital elevation models
(SRTM and IBGE). The data cartographic base refers to a 1:50 000 scale, in digital format
and the GIS program used was ILWIS v3.2 Academic (ITC, The Netherlands, 2004), which
was fully appropriated to achieve the research objectives. The aerial photographs were
generated by the use of eight different combinations, from two kinds of metric aerial
photographs (paper and film), two types of GPS receptors (navigation and topographic) and
two digital elevation models sources (SRTM and IBGE). The combinations were tested and
evaluated by means of visual and numeric ways, considering the internal and external
orientation, and the root mean square error. The research shows the feasibility of the
orthophotos and navigation GPS use to support the thematic mapping in small farms. The
thematic mapping can help rural extensionists to make planning, to orient the farmers in
relation to the farms suitability to the environmental legislation and in the production of
agricultural projects.
Keywords: Orthophotos. GPS Receptors; Geographic Information Systems (GIS). Land use
and land suitability. Environmental Legislation.
7
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 15
1.1 Justificativa 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 32
2.1 Mapeamento 33
2.1.1 Mapa de Uso e Mapa de Aptidão de Uso das Terras 34
2.4 Geoprocessamento 48
2.5 Geotecnologias 49
3 MATERIAIS E MÉTODOS 51
3.1 Materiais 51
3.1.1 Softwares 51
3.1.2 Receptores GPS 53
3.1.3 Outros Equipamentos 54
3.1.4 Base Cartográfica 54
3.1.5 Aerofotos 55
3.1.6 Modelos Digitais de Elevação 55
13
3.2 Métodos 56
3.2.1 Geração de Ortofotos 56
3.2.1.1 Imagens Digitais 56
3.2.1.2 Modelo Digital de Elevação 60
3.2.1.3 Pontos de Controle Terrestres 61
3.2.1.4 Testes para a Geração das Ortofotos 63
3.2.1.5 Avaliação das Ortofotos Geradas 65
3.2.2 Mapeamento 67
3.2.2.1 Identificação dos Limites da Propriedade e dos Recursos Naturais 68
3.2.2.2 Mapa de Uso das Terras 69
3.2.2.3 Mapa de Aptidão de Uso das Terras 70
3.2.2.4 Adequação à Legislação Ambiental 71
3.2.2.5 Conflitos de Uso 71
3.2.2.6 Avaliação Econômica Simplificada 71
3.2.2.7 Avaliação dos Mapas 72
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 73
REFERÊNCIAS 123
1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.1 Justificativa
Para melhor se planejar e propor alternativas viáveis de uso das terras para uma
pequena propriedade rural é necessário conhecer as atividades agropecuárias que nela são
desenvolvidas, bem como, a realidade do meio rural, os aspectos sociais, econômicos e
ambientais.
Uma das grandes dificuldades encontradas quando se pretende planejar uma pequena
propriedade rural, ou orientar os agricultores na aplicação da legislação ambiental com vistas
à sua regularização, é a ausência de um cadastro rural atualizado e a falta de plantas
17
topográficas precisas em escalas adequadas. Até hoje, ainda se utilizam os croquis para
representar superficialmente e com pouca precisão os principais usos, infra-estrutura e
recursos naturais da propriedade; estes croquis contêm as áreas declaradas pelo agricultor
para cada gleba desenhada, normalmente sem levantamento preciso de campo ou utilizando-
se de métodos expeditos de campo como a calibração de passos1.
Os croquis2 foram muito utilizados pelos extensionistas durante o Projeto
Microbacias/BIRD (1993) para realizarem os Planos Individuais de Propriedade (PIPs). A
finalidade deste croqui era melhor visualizar a propriedade, facilitando o planejamento, para
tanto eram levantados os usos e aptidões de cada gleba, locação de estradas, cursos d’água,
nascentes, benfeitorias, limites, entre outros. Além do croqui, outras informações eram
obtidas para a realização dos PIPs: dados de produção, classes de solos, situação do
saneamento na propriedade e demais dados com objetivo de auxiliar técnicos e agricultores no
planejamento das ações de conservação do solo e da água. Geralmente eram elaborados sem
escala, sem um padrão definido, servindo para visualizar espacialmente os recursos
levantados. Havia muita subjetividade na elaboração e a qualidade dependia muito da
habilidade de cada técnico.
Atualmente, os métodos e equipamentos mais empregados para a “Execução de
levantamento Topográfico” (NBR 13.333/94), para fins de mapeamento e cadastramento das
propriedades combinam a utilização de estações totais e receptores GPS - topográfico e
geodésico - compatíveis para a realização do Georreferenciamento, Certificação e Cadastro
dos Imóveis Rurais (CCIR), conforme Lei Federal nº 10.267 de 28 de agosto de 2001. O
elevado custo dos equipamentos e, por conseguinte, o preço dos levantamentos topográficos,
acaba dificultando o acesso a esses serviços especializados para a maior parte dos
proprietários rurais.
Existe uma lacuna muito grande entre um simples croqui e um levantamento
topográfico. É neste sentido, que se torna importante uma metodologia para mapear e
caracterizar a pequena propriedade rural, aproveitando os benefícios oferecidos pelas
geotecnologias e o conhecimento do agricultor e de sua família, enriquecendo o processo de
planejamento, valorizando a participação e o saber local.
Procurando encontrar soluções com viabilidade técnica e econômica, esta pesquisa
foca a utilização de Ortofotos e GPS de navegação para apoiar a realização do mapeamento
de pequenas propriedades rurais. Por meio das ortofotos, torna-se mais fácil identificar e
1
Percorrendo no terreno uma distância conhecida, calibra-se o tamanho individual do passo.
2
Maiores detalhes ver figura no Anexo 1.
18
permite a análise de possíveis conflitos de uso, possibilitando ainda encontrar soluções mais
adequadas dos problemas no contexto local.
Para se mapear uma pequena propriedade rural a baixo custo tem-se que diminuir o
principal custo que é o dos levantamentos topográficos; a utilização das ortofotos
(ortoimagens) pode atender muito bem esta condição e aos objetivos de mapear para planejar
suprindo, assim, as dificuldades apontadas anteriormente. No entanto, permanecem as
dificuldades em obter ortofotos de alta resolução, principalmente em áreas rurais, por causa
do custo de aquisição das imagens, dos serviços de ortorretificação, do custo dos softwares e
da falta de profissionais capacitados. Atualmente as ortofotos têm sido mais utilizadas em
levantamentos do meio urbano, para a realização de cadastros, zoneamento, planejamento,
projetos de rede de água e esgotos, como também para hidrelétricas, estradas, e geralmente
são produzidas por empresas especializadas, implicando em custos elevados.
Na busca de soluções de baixo custo passa-se necessariamente pelo uso de softwares
livres e abertos, seguindo a tendência internacional, para diminuir as dependências
tecnológicas em relação aos softwares proprietários. Neste sentido, optou-se pelo uso de
softwares com tais características, destacando o ILWIS 3.2 Academic (2004), desenvolvido
pelo ITC/Holanda, atualmente na versão 3.4, livre e aberto. Foi utilizado tanto para a geração
das ortofotos, como para a estruturação do SIG e obtenção (restituição) de dados de imagens
de satélites (Sensoriamento Remoto). A proposta de usar softwares livres ou de baixo custo
visa também disseminar o uso de SIG e Sensoriamento Remoto, popularizando o
conhecimento acumulado pela comunidade científica ligada à ciência da geoinformação.
As ortofotos foram geradas a partir de imagens de alta resolução, digitalizadas das
aerofotos do vôo realizado no período de 1977 a 1979, pela empresa Aerofoto Cruzeiro SA,
escala nominal de 1:25.000, do recobrimento aerofotogramétrico do Estado de Santa
Catarina3. No âmbito desta pesquisa, ortoimagem4 é sinônimo de ortofoto, e estas permitem a
interpretação e o reconhecimento detalhado das principais feições do terreno a ser mapeado.
A utilização deste vôo deve-se ao fato de ser o único aerolevantamento oficial
contemplando todo o município de Alfredo Wagner e com as seguintes vantagens: as imagens
são mais baratas e principalmente por conterem informações históricas do uso e ocupação do
território catarinense, ficando as desvantagens por conta da necessidade de visitas de campo
para a atualização do uso das terras e das dificuldades na identificação dos Pontos de Controle
3
Segundo levantamento realizado por Maranhão (2004), com base no Cadastro de Aerolevantamentos mantido
pelo Ministério da Defesa (Min. Defesa, 2003), o recobrimento aerofotogramétrico do Estado de Santa Catarina,
vôo realizado no período de 1977 a 1979 é o único que cobre todo o território catarinense.
4
Gerada a partir de uma imagem obtida de um sensor orbital ou aerotransportado.
20
Esteio
Exército
BASESERVICE
Exército Aerofoto
5
Entende-se como escala adequada aquela que permite a perfeita compreensão da natureza e das características
dimensionais básicas dos elementos representados.
22
Organização do Texto
6
Segundo Melado (2003), o PRV é um sistema intensivo de manejo do gado, da pastagem e do solo, proposto
pelo francês André Voisin. Este sistema procura manter um equilíbrio do trinômio solo-capim-gado, sem
prejudicar um em beneficio do outro. Isto é obtido quando o gado colhe o capim sempre próximo do seu ponto
ideal de desenvolvimento. Este sistema traz benefícios ecológicos e econômicos, pois reduz os custos de
produção, bem como os impactos negativos ao meio ambiente.
23
7
Definida pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001.
24
A prática de ocupação das áreas íngremes, das nascentes e cursos d’água para se
estabelecer e executar atividades produtivas tem como conseqüência a degradação das Áreas
de Preservação Permanente (APP), principalmente as matas ciliares que são “ecossistema de
extrema importância na manutenção da qualidade dos cursos d’água, fauna e flora, prevenção
de erosão do solo, assoreamento, filtragem e retenção de substâncias tóxicas proveniente das
lavouras e pastagens, além manter a biodiversidade”8.
De acordo com o Manual de uso, manejo e conservação do solo e da água (SANTA
CATARINA, 1994) “muitas áreas sem aptidão para uso com lavouras principalmente em
função da declividade, são utilizadas para esse fim, resultando em grande potencial de erosão
e degradação ambiental”. Outro fator levantado é “o uso de sistemas de preparo do tipo
convencional, que envolve um grande número de operações de preparo e resulta numa
pulverização excessiva do solo, é, sem sombra de dúvida, a principal causa de degradação dos
solos e dos mananciais de água. Isso porque a superfície do solo fica descoberta, condição
mais favorável para que ocorra a erosão.”
O potencial erosivo do solo é aumentado quando não se tem ou há pouca cobertura
vegetal, como restos de lavoura ou de adubação verde, que protegem o solo da erosão hídrica,
permitindo a infiltração da água e diminuindo o escoamento superficial (SANTA
CATARINA, 1994).
Além da relação demonstrada acima, observa-se, conforme o Plano da Bacia
Hidrográfica do Rio Itajaí (2006), também a degradação da qualidade da água, relacionada às
atividades industriais, as minerações, a ocupação desordenada das cidades e as atividades
agropecuárias no meio rural na maioria das regiões do Estado.
Uma das alternativas para reverter este cenário é promover a recuperação e a
preservação das florestas, principalmente as matas ciliares e os corredores ecológicos,
importantíssimos para equilíbrio ambiental, mantendo a biodiversidade, conservando o regime
hídrico. Para isto, é necessário intensificar a atuação nas pequenas propriedades rurais com
base na agricultura familiar, por meio dos serviços de pesquisa e extensão rural, do
envolvimento de universidades e entidades da sociedade civil no desenvolvimento de
metodologias participativas que propiciem a integração dos conhecimentos científicos com o
saber local dos agricultores, em busca da racionalização dos recursos naturais.
8
“Considerações sobre a importância, manutenção e conservação das matas ciliares no Estado de Santa Catarina
à luz da legislação federal vigente” de José Augusto Laus Neto e Mara Benez, agosto de 2007 (no prelo).
25
9
Alfredo Wagner é considerado um dos maiores produtores do Estado.
28
estas classes estão ausentes, configurando-se em alto risco para o uso agrícola com culturas
anuais. No Município, a aptidão de uso das terras predominante é a Classe 3, que apresenta
aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente adaptadas, aptidão regular para a
fruticultura e boa para pastagem e reflorestamento (UBERTI et al apud SACHET, 1993). Esta
microbacia é a mais estudada por ser a principal nascente do Itajaí do Sul, fonte de
abastecimento de água da sede do município e inventariada durante o projeto
Microbacias/BIRD.
De acordo com o Atlas de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1986), a vegetação
caracteriza-se pelas florestas primárias; vegetação secundária, capoeiras e capoeirinhas;
vegetação secundária nos estágios mais desenvolvidos, ou seja, capoeirões e floresta
secundária; áreas de vegetação rasteira, com predomínio de gramíneas; lavouras temporárias;
lavouras permanentes; reflorestamento de pinus e eucalipto.
As duas propriedades mapeadas neste estudo de caso são consideradas pequenas, pois
tem áreas menores que 30 ha, aqui denominadas de propriedade “A” e propriedade “B”, são
descritas sinteticamente a seguir.
A propriedade A, situada na Comunidade de Alto Demoras pertencente à Microbacia
Hidrográfica do Rio Barro Preto, pratica a agricultura familiar e pela classificação do Projeto
Microbacias 2 (MB2) é considerada “em transição”10. Segundo os técnicos do município, a
família de agricultores desta propriedade sempre buscou os serviços de extensão em busca de
alternativas a agricultura convencional, sendo pioneiros na adoção do Pastoreio Racional
Voisin (PRV) e na agroecologia11, esta última em fase de mudança e adaptação. Apesar de ser
uma pequena propriedade, 11,94 ha, a família tem conseguido permanecer no meio rural,
desenvolvendo atividades de alta densidade econômica, como a cebola e a bovinocultura de
leite.
10
Propriedade rural em transição, de acordo com o MB2, é aquela com renda anual por pessoa entre 1 e 2
salários mínimos.
11
Agroecologia representa um conjunto de técnicas e conceitos que surgiu em meados dos anos 90 e visa a
produção de alimentos mais saudáveis e naturais. Tem como princípio básico o uso racional dos recursos
naturais. (http://www.ambientebrasil.com.br)
31
12
Propriedade rural em periférica, de acordo com o MB2, é aquela com renda anual por pessoa com até 1 salário
mínimo.
32
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Mapeamento
Planta é uma carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita
para que a sua curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em
conseqüência, a escala possa ser considerada constante.
Pode-se citar como exemplo a carta topográfica “Alfredo Wagner”, utilizada neste
trabalho, que faz parte do mapeamento sistemático Brasileiro elaborada pelo IBGE na escala
1:50.000. Como exemplo de mapa cita-se o mapa de solos da Embrapa (2007), elaborado na
escala 1:250.000; e o mapeamento integrado de recursos naturais de todo o território nacional,
realizado pelo Projeto RadamBrasil13, resultando nos mapas temáticos na escala 1:1.000.000
sobre geologia, geomorfologia (relevo), pedologia (solos), vegetação e uso potencial da terra.
Estes mapas e cartas ainda são utilizados para realizar planejamento em grandes regiões,
devido principalmente às pequenas escalas resultantes de tais trabalhos. Com relação à planta,
o melhor exemplo é uma planta topográfica representando os limites de uma propriedade
urbana ou rural.
Ainda segundo o IBGE (2006), a planta é um caso particular de carta, na qual a
representação se restringe a uma área muito limitada e a escala é grande, conseqüentemente o
número de detalhes é bem maior. Como exemplo de planta cita-se a planta topográfica de um
imóvel rural, confeccionada após a realização de um levantamento topográfico, de acordo
com a NBR 13133/94. Para efeito desta pesquisa, o termo já popularizado como mapeamento,
13
Disponível em: <http://www.projeto.radam.nom.br/historico.htm>. Acesso em 24 de maio de 2007.
34
2.1.1 Mapa de Uso das Terras e Mapa de Aptidão de Uso das Terras
De acordo com Panichi (1994), o Mapa de Uso das Terras representa a distribuição
espacial do uso das terras existentes na microbacia hidrográfica. Este mapa fornece uma
noção global da forma como a microbacia (ou propriedade) está sendo trabalhada. É a
imagem do presente e seu confronto com as classes de aptidão aponta os conflitos de uso.
O Mapa de Aptidão de Uso das Terras representa a distribuição espacial das classes de
aptidão agrícola de uso das terras existentes na microbacia hidrográfica e deve ser elaborado
seguindo a metodologia para Classificação da Aptidão de Uso das Terras do Estado de Santa
Catarina (UBERTI et al, 1991). Esta metodologia estabelece cinco classes de aptidão de uso,
possibilitando uma melhor avaliação do potencial, tanto para uso com culturas anuais, quanto
para usos menos intensivos. As cinco classes estabelecidas são:
14
Entendem-se como culturas climaticamente adaptadas àquelas recomendadas pelo Zoneamento Agroclimático
do Estado de Santa Catarina. (http://www.epagri.rct-sc.br)
35
na verdade, nenhuma das definições está incorreta. Cada uma reflete uma visão
diferente sobre o tema, que expressa diferentes perfis e diferentes épocas. A
tendência, hoje em dia, principalmente com o desenvolvimento da fotogrametria
digital e de sensores orbitais compatíveis com a atividade fotogramétrica é que a
fotogrametria esteja inserida no contexto global de sensoriamento remoto, definido
como ‘ciência e tecnologia de aquisição de informação sobre um objeto sem contato
direto entre este e o sensor’. (BRITO; COELHO, 2002)
Este debate é pertinente e deixa claro que atualmente pode-se trabalhar com imagens
adquiridas de diversos sensores, orbitais e aerotransportados. O potencial de aplicação destas
imagens depende dos objetivos de cada estudo e da escolha dos sensores e, conseqüentemente
das resoluções espacial, radiométrica, espectral e temporal.
Filme
ajustamento possível. O IBGE adota 1/3 (0,33) do pixel como padrão para seus trabalhos com
fotogrametria digital.
Na orientação exterior necessita-se das coordenadas dos Pontos de Controle Terrestres,
para que o software calcule a coordenada do Ponto Principal ou centro de perspectiva e os
ângulos de rotação da câmara (Figura 9).
Mais comumente conhecido sob a sigla abreviada GPS (Global Positioning System), o
nome completo deste sistema é NAVSTAR - GPS (Navigation System with Time and Ranging
- Global Positioning System). O Sistema de Posicionamento Global - GPS foi concebido pelo
Departamento de Defesa dos EUA, no início da década de l960, como um sistema de
navegação para fins exclusivamente militares e é composto de 24 satélites artificiais que
emitem simultaneamente sinais de rádio codificados (HOFMANN-WELLENHOF, 1994
apud FREIBERGER, 2002).
Como outros sistemas de rádio-navegação, os satélites enviam seus sinais de rádio
exatamente ao mesmo tempo, permitindo ao receptor avaliar o lapso entre emissão/recepção,
fornecendo a localização geográfica de uma posição 3D (latitude, longitude e altitude). O
sistema de referência para os satélites do GPS é o World Geodetic System 1984 (WGS-84).
O sistema GPS (americano) insere-se atualmente sistema conhecido como GNSS
(Global Navigation Satellite System) que agrega outros sistemas como o russo GLONASS,
num futuro próximo o europeu Galileo e o chinês Compass, ampliando as perspectivas de uso
e de melhoria da precisão das localizações geográficas.
O GPS é estruturado em três segmentos: espacial, de controle e de usuário (LEICK,
1995, apud FREIBERGER, 2002). O segmento espacial consiste na constelação de satélites
GPS que transmitem à Terra sinais modulados em duas freqüências e mensagens de
navegação. O segmento de controle, responsável pela operação do sistema GPS, é constituído
45
por estações de monitoramento que recebem os sinais dos satélites a partir das quais são
formulados os dados de navegação e de tempo. O segmento de usuário compreende todas as
classes de receptores GPS e seus componentes, que em geral são classificados em receptores
geodésicos e de navegação (HOFMANN-WELLENHOF, 2001, apud FREIBERGER, 2002).
Resumidamente, cada um dos segmentos pode ser assim descrito:
15
L1 = 1575,42 MHZ
16
L2 = 1227,60 MHZ
17
Modulado a partir da freqüência L1.
46
A Tabela 3 apresenta o erro médio previsto para cada fonte. Os maiores erros são em
função do tipo de receptor e dos efeitos da atmosfera. Para minimizar estes erros, foram
desenvolvidos equipamentos diferenciados para cada tipo de aplicação, topográfico ou
geodésico e o aperfeiçoamento das técnicas diferenciais GPS18.
18
O GPS Diferencial – DGPS – é uma técnica usada para melhorar a precisão do GPS pelo processamento
contínuo de correções nos sinais, que podem ser transmitidas em freqüência modulada ou via satélite e são
disponibilizadas em alguns países através de serviços de subscrição taxados (GORGULHO, 2007).
47
Por se tratar de uma estimativa, erros menores podem ser conseguidos se melhorarmos
duas condições de contorno possíveis para os modelos de navegação que são: o
multicaminhamento, que pode ser reduzido evitando a proximidade com vegetação densa,
edificações e os fundos de vale; além disto deve-se observar a geometria dos satélites,
evitando horários com poucos satélites, aumentado o EPE, refletindo na qualidade do
posicionamento.
Os usuários do sistema podem planejar a tomada de pontos e trilhas que apresentem as
melhores condições em termos de geometria e posição. A Leica Geosystems, fabricante de
receptores GPS, disponibiliza gratuitamente o programa Satellite Availability Program21 e o
Almanac22, ambos utilizados para planejar o melhor horário para os trabalhos de campo.
19
GDOP - Geometric Dilution of Precision.
20
PDOP - Position Dilution of Precision.
21
Disponível em: <http://www.leica-geosystems.com/corporate/en/downloads/lgs_page_catalog.htm?cid=2930>
22
Almanaque - Informações de localização (constelação) e status dos satélites, transmitida por cada satélite e
coletada pelo receptor. Estas informações são constantemente atualizadas.
48
2.4 Geoprocessamento
Segundo Moura (2000), para maioria dos autores da área, Geoprocessamento engloba
processamento digital de imagens, cartografia digital e o SIG. Já Teixeira (1992 apud
MOURA, 2000), associa também o sentido geográfico às informações quando diz que “um
sistema de informação geográfica utiliza uma base de dados computadorizada que contém
informação espacial, sobre a qual atuam uma série de operadores espaciais”.
Evidencia-se nas várias definições de geoprocessamento que a referência geográfica
dos dados aparece em todas. Também se nota que para alguns autores o geoprocessamento
deve ser considerado uma disciplina científica, enquanto que para outros, o geoprocessamento
é um conjunto de geotecnologias: Cartografia, SIG, Fotogrametria e Sensoriamento Remoto,
Sistema de Posicionamento Global, ou seja, o conjunto de várias disciplinas, cada qual com
seus conhecimentos científicos específicos.
Outra discussão importante, resgatada por Mello (2003), é a que busca os principais
fatos para adoção dos Sistemas de Informação Geográfica para a Participação Pública
(PPGIS) opondo-se às formas centralizadas dos SIGs tradicionais.
2.5 Geotecnologias
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
3.1.1 Softwares
• O ILWIS v3.2 Academic, ITC, Holanda (2004). Utilizado como software de SIG, sendo o
principal aplicativo empregado na pesquisa;
• GPS TrackMaker PRO 4.0, Ferreira (2005). Aplicativo utilizado para receber, gerenciar e
exportar os pontos tomados no campo com o receptor GPS de navegação;
• Erdas/LPS 8.7 (2004), estação fotogramétrica para PC, disponibilizado pelo Núcleo de
Geoprocessamento – Epagri/Ciram. Utilizado para transformação de Datum das orto-
imagens, conversão de SAD-69 para WGS-8423;
23
Esta conversão é uma operação complementar que permite inserir orto-imagens no google earth, agregando
outras informações num sistema global.
52
• GIS DataPRO v3 (2003) para pós-processamento dos pontos e linhas tomados com o
receptor GPS topográfico (modelo GS20);
• MSTAR v2.06, Magellan (1996) para pós-processamento dos pontos tomados com o
receptor GPS topográfico (modelo ProMark X);
• MAPGEO2004, aplicativo utilizado para determinar a ondulação geoidal;
• ArcMap/ArcInfo 9.0 (2005), disponibilizado pelo Núcleo de Geoprocessamento –
Epagri/Ciram para geração dos produtos finais, por exemplo, mapas temáticos;
• Planagri, Epagri (2007), software de Planejamento Agrícola, desenvolvido pela Epagri
utilizado para avaliação econômica simplificada da propriedade “A”.
Por ser o software base da pesquisa, cabe um maior esclarecimento sobre o ILWIS
v3.2 Academic, aplicativo que integra funcionalidades e ferramentas de Sistemas de
Informações Geográficas a funções espaciais de Sensoriamento Remoto, associa dados
temáticos em vetor e matricial (raster), com ferramentas de importação/exportação de
formatos SHAPE e DXF (dentre outros), dois formatos consagrados e utilizados
mundialmente. Este software auxilia no desenho, na edição, na análise de mapas e tabelas, no
georreferenciamento de mapas e imagens, geração de ortofoto, reamostragem e mosaicagem
de imagens, produção e visualização de pares de imagens estéreo entre outras ferramentas.
O ILWIS atende plenamente aos propósitos deste trabalho por ser um software livre e
de fácil utilização, indicado para técnicos que atuam no meio rural, que pretendem iniciar seus
estudos em geoprocessamento, incorporando o uso das geotecnologias as demais ferramentas
de levantamento e planejamento das propriedades rurais. A escolha do ILWIS foi motivada
pelo fato de este pesquisador utilizá-lo desde 1996, no setor de geoprocessamento da
Epagri/Ciram, com comprovada performance de processamento, de precisão, além do
reconhecimento do ITC, que o desenvolveu.
Tal aplicativo processou as informações da pesquisa num microcomputador
Athlon(tm) XP 2000+, 1.67 GHz, 512 MB de RAM, processador AMD, 80 GB de disco
rígido, placa de vídeo GForce 4 MX 440 de 128 MB, com monitor de 19 polegadas.
53
24
Disponível em: <http://www.epagri.rct-sc.br/>.
55
3.1.5 Aerofotos
Para gerar uma ortofoto é necessário utilizar um Modelo Digital de Elevação - MDE
da região que abrange a área da aerofoto, este procedimento permite a redução do efeito do
deslocamento na imagem original causado pelo relevo. Para a realização dos testes foram
utilizados dois MDEs: o gerado no próprio ILWIS, a partir da interpolação das curvas de nível
e pontos cotados da carta topográfica do IBGE (denominado MDE-IBGE); e o MDE-SRTM
disponível para download no site da Epagri27.
O MDE obtido dos dados produzidos pela Shuttle Radar Topography Misson (SRTM),
refere-se a um projeto conjunto entre a agência espacial americana (NASA) e a agência de
inteligência geo-espacial (NGA), representados em formato matricial com resolução espacial
de 90 metros para áreas da América do Sul, referente ao datum WGS-84. Foi obtido
gratuitamente na Internet, através do site <http://seamless.usgs.gov>. Tal modelo, no âmbito
desta pesquisa, foi denominado de MDE-SRTM.
25
Acervo do Incra, sobre a guarda da Epagri/Ciram.
26
Reprodução em papel fotográfico, na escala de execução do sensoriamento embarcado (BASE, 2007).
27
Disponível em: <http://www.epagri.rct-sc.br>.
56
3.2 Métodos
Resolução Tamanho Tamanho 1:5000 1:8000 1:10000 1:15000 1:20000 1:25000 1:30000
ótica Pixel Pixel
(dpi) ( µm ) ( mm ) Resolução espacial em metros
300 84,67 0,08467 0,42 0,68 0,85 1,27 1,69 2,12 2,54
600 42,33 0,04233 0,21 0,34 0,42 0,64 0,85 1,06 1,27
900 28,22 0,02822 0,14 0,23 0,28 0,42 0,56 0,71 0,85
1200 21,17 0,02117 0,11 0,17 0,21 0,32 0,42 0,53 0,64
1600 15,88 0,01588 0,08 0,13 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48
1800 14,11 0,01411 0,07 0,11 0,14 0,21 0,28 0,35 0,42
Fonte: Fallas (2004).
28
(dots per inch), pontos por polegada.
58
2,50
2,13
Resolução Espacial - Terreno (m)
2,00
1,50
1,06
1,00
0,71
0,53
0,43 0,35
0,50
0,00
300 600 900 1200 1600 1800
Resolução Ótica (DPI)
Figura 10 - Resolução espacial (em metros) versus resolução ótica (dpi) para a escala 1:25.000.
300
252
250
Tamnho arquivo - MB
196
200
150
112
100
63
28
50
7
0
300 600 900 1200 1600 1800
Resolução ótica - dpi
desejada para a imagem; a escala nominal da aerofoto utilizada; o tamanho do arquivo; tem-se
que considerar o resultado final desejado para as ortofotos em termos de qualidade, precisão e
exatidão; finalmente, a escala mais adequada para os produtos gerados. A resolução espacial
influencia na capacidade de processamento e armazenamento das imagens em banco de dados
ou em microcomputadores.
A resolução espacial da imagem definida a priori foi de 1 metro ou menos, pois esta
resolução permite interpretar e identificar nas imagens, consideradas de alta resolução, objetos
(feições) no terreno com tamanho próximo a 1 metro. A Figura 10 mostra que as resoluções
espaciais estimadas em 1,06 e 0,71 metros, para imagens com resoluções óticas
respectivamente de 600 e 900 dpi, satisfazem esta condição.
Quanto ao tamanho previsto do arquivo pode-se perceber na Figura 11 que na região
compreendida entre 600 e 900 dpi acentua o crescimento geométrico do tamanho do arquivo
em função do aumento da resolução ótica. A partir desta região tem-se um crescimento mais
acelerado do tamanho do arquivo, confirmando a região como a de melhor
resolução/beneficio para o contexto deste trabalho.
Após as definições das resoluções é feita a digitalização das aerofotos. A partir das
imagens digitalizadas é realizada a localização das marcas fiduciais (Anexo 6) nas aerofotos
que visa à obtenção da orientação interior, necessária para o georeferenciamento da imagem.
Esta determinação e marcação requerem muita atenção, pois estas coordenadas influenciam o
processo de ajuste da orientação interior, na qual se trabalha com variáveis de dimensões
reduzidas (na ordem de micro).
Quando se trabalha com a aerofoto em papel fotográfico, as coordenadas das marcas
fiduciais devem ser obtidas da seguinte maneira: primeiro, determina-se o centro da foto
utilizando estas marcas como referência; a partir deste centro são realizadas as medidas em
milímetros até as 4 marcas fiduciais: a esquerda, a direita, superior e inferior.
Quando se trabalha com imagens digitalizadas em scanner fotogramétrico, obtidas a
partir dos filmes originais, (praticamente sem deformação) usam-se coordenadas x e y, em
milímetros das marcas fiduciais que são informadas no certificado de calibração da câmara,
conforme apresentado no Anexo 2.
A Figura 12 mostra uma seqüência de imagens, com ampliações que permitem uma
melhor visualização de uma marca fiducial. Geralmente numa aerofoto, são utilizadas quatro
marcas fiduciais; quando obtidas com a câmara RMK 15/23 da Carl Zeiis, que é o caso do
vôo de 1977-1979, as fiduciais estão localizadas no meio das laterais.
60
Marca
Fiducial
Dos dois modelos digitais de elevação foram testados para a geração de ortofotos, um
gerado no aplicativo ILWIS, o outro disponível na rede mundial de computadores.
O MDE gerado no ILWIS foi obtido por meio da interpolação das curvas de nível com
eqüidistância de 20 metros e dos pontos cotados da carta topográfica Alfredo Wagner (IBGE),
escala 1:50.000, com abrangência suficiente para a realização dos testes nas duas aerofotos.
Para a interpolação foi empregado o método bilinear, sendo adotada a resolução espacial de 5
metros. Este modelo de elevação gerado recebeu nesta pesquisa a nomenclatura de MDE-
IBGE.
Durante a geração do MDE-IBGE, muita atenção foi dada à análise dos pontos cotados
e das curvas de níveis, pois qualquer erro nos valores destas altitudes (falta ou troca) pode
comprometer a qualidade do modelo gerado, além de interferir muito no resultado final das
ortofotos. O fato de a base cartográfica estar disponível em meio digital facilitou muito a
geração do modelo, bastando seguir as orientações do software. A resolução do MDE-IBGE é
de 5 metros e foi definida no processo de interpolação (Bilinear), isto não significa que ele
seja melhor que o MDE-SRTM.
O outro modelo, MDE-SRTM, foi obtido a partir dos dados originais disponíveis em
<http://seamless.usgs.gov> com resolução espacial de 90 m. Estes dados foram processados
pelo Núcleo de Geoprocessamento da Epagri/Ciram, que utilizou o método de interpolação
bilinear para reamostrá-lo na resolução espacial de 30 m, com a finalidade de suavizar a
representação do terreno. O arquivo resultante, no formato Geotif, foi georeferenciado no
61
A obtenção dos Pontos de Controle Terrestres (PCTs) é uma etapa que requer muita
atenção, pois a quantidade, a distribuição, a identificação e a precisão são fundamentais para a
qualidade final das ortofotos. Os pontos de controle foram tomados com dois tipos de
receptores GPS: o topográfico, que possibilita o uso da técnica Diferencial GPS com
precisões submétricas, e o de navegação ou autônomo com precisões em torno de 10 metros.
Os PCTs influenciam na etapa de orientação exterior e conseqüentemente no erro
padrão (sigma29). A qualidade destes pontos deve ser a melhor possível, segundo Marchetti e
Garcia (1978), a falta de ponto de controle (apoio), distribuição deficiente, pouca precisão ou
dificuldade de identificá-los faz parte dos problemas que dificultam a preparação de mapas
precisos a partir de fotografias aéreas. Para a realização da orientação exterior é necessário
que sejam conhecidas às coordenadas geográficas de alguns pontos dentro da área da
aerofoto, estas coordenadas possibilitam que o software calcule os ângulos de rotação ou
atitude da câmara e realize também a transformação do sistema fotogramétrico para o sistema
de coordenadas adotado como referência.
Os PCTs com valores de desvios muito altos influenciam diretamente no erro padrão
(raiz do erro quadrático médio ou sigma), por isso devem ser analisados criteriosamente para
tentar descobrir as possíveis causas dos desvios (distribuição, identificação e precisão). Se as
causas não forem encontradas e os desvios continuarem altos esses pontos devem ser
desativados.
Os PCTs levantados em campo com o recpetor GPS de navegação seguiram os
seguintes passos:
1º Pré-seleção de potenciais PCTs na aerofoto buscando identificar locais como
interseções de estradas, pontes, residências antigas, etc.;
2º Planejamento do levantamento dos PCTs em campo (definição da melhor data e
horário para captura dos sinais), de acordo com almanaque dos satélites;
29
Representa o deslocamento médio dos pixels da imagem em relação a sua real posição geográfica e indica a
precisão da transformação de uma imagem distorcida e sem sistema de referência, em uma ortofoto.
62
Embora a Garmin, fabricante do modelo eTrex, informe que seu equipamento oferece
posições com erro em torno de 15 metros nesta pesquisa os erros encontrados ficaram na sua
maioria abaixo de 10 metros. Para isso são essenciais alguns cuidados, como evitar ao
máximo os horários com geometria dos satélites ruim e locais com vegetação densa, fundos
de vale cavados, ao lado de construções que impedem ou refletem os sinais GPS.
Para os PCTs levantados com os receptores GPS topográficos o método utilizado foi o
“relativo estático com pós-processamento dos dados”, também conhecido como Diferencial
GPS (DGPS). Conforme descrito anteriormente, foram utilizados dois modelos de receptores
GPS topográfico: GS20 da Leica e ProMark X (PMX) da Magellan, com tecnologias e
funcionamento diferenciadas, que influenciaram na precisão das coordenadas obtidas para
cada equipamento.
Os PCTs levantados em campo com os recpetores GPS topográficos seguiram os
seguintes passos:
1º Pré-seleção de potenciais PCTs na aerofoto buscando identificar locais como
interseções de estradas, pontes, residências antigas, etc.;
2º Planejamento do levantamento dos PCTs em campo (definição da melhor data e
horário para captura dos sinais), de acordo com almanaque dos satélites;
3º Visita in loco aos PCTs pré-selecionados;
4º Com o equipamento receptor ligado, aguarda-se a obtenção dos sinais;
5º Avalia-se o DOP em função do número de satélites e da qualidade dos sinais
recebidos;
6º Com o DOP dentro do limite adotado (menor que 4, valor adimensional) inicia-se a
tomada do PCT por um período de 2 minutos;
7º Após levantamento dos PCTs são descarregados para o PC;
8º Os PCTs são pós-processados com auxílio de softwares.
63
Cabe aqui salientar que, enquanto os dados (pontos e linhas) do GPS de navegação
serão descarregados no software GTM 4.0 para serem exportados ao formato de SIG
(SHAPE), os dados do GPS topográfico, além de descarregados, serão pós-processados no
software GIS DataPro, tendo como referência30 a base ativa GPS da CELESC SA, localizada
no bairro Itacorubi, Florianópolis, SC.
Para a consecução dos objetivos foram definidos dois testes, com diferentes MDEs,
diferentes tipos de receptores GPS, bem como diferentes formas de obtenção das imagens. Os
testes para a geração das ortofotos têm como objetivo avaliar a influência que cada fator
possui na geração de ortofotos no software ILWIS, combinando-os e avaliando os resultados.
Teste 1
Foram geradas quatro ortofotos combinando os PCTs tomados com dois tipos de
receptores GPS navegação e topográfico, com os dois modelos (MDE-IBGE e o MDE-
SRTM). Em síntese, o fluxograma da Figura 13 representa as etapas da geração das ortofotos
do teste 1, mostrando as quatro combinações possíveis e propostas.
Aerofoto
Papel Fotográfico
- Scanner Mesa
Pontos de Controle Modelo Digital
Terrestres de Elevação
Imagem Digital
600 dpi
Navegação Topográfico IBGE SRTM
Medição Marcas
Fiduciais Orientação Exterior
Ortofotos
30
Os arquivos RINEX são disponibilizados a Epagri/Ciram pela CELESC SA.
64
Teste 2
Foram geradas quatro ortofotos, combinando os PCTs (tomados com dois tipos de
receptores GPS navegação e topográfico) com duas formas de obtenção das imagens digitais:
a primeira através do filme, usando-se um scanner fotogramétrico e a segunda, através da
cópia em papel (fotocontato), usando-se um scanner gráfico A3 (mesa). Em síntese, o
fluxograma da Figura 14, representa as etapas da geração das quatro ortofotos do Teste 2.
Aerofoto
Ortorretificação
Ortofotos
Neste teste foram utilizadas duas imagens (Tabela 6), ambas com 900 dpi de
resolução, sendo a primeira denominada 08_20697M.tif, digitalizada no scanner de mesa
(gráfico) AV 8000S tamanho A3 (ABNT), a partir da aerofoto nº 20697 (cópia em papel
fotográfico). Para a obtenção da segunda imagem, foi feito o contato com a empresa BASE31
Aerofotogrametria e Projetos SA e foi solicitado o serviço de digitalização do filme negativo
(original) da aerofoto nº 20697, com resolução ótica de 900 dpi, utilizando o scanner
fotogramétrico UltraScan 5000, resultando no arquivo denominado 08_20697.tif. A partir
destas duas imagens foram geradas quatro ortofotos, com as siglas apresentadas a seguir, com
suas respectivas combinações:
REQM =
Sendo:
31
Atual detentora dos filmes originais do vôo de 1977-1979, realizado pelo Aerofoto Cruzeiro SA.
32
A imagem passou do sistema de coordenadas em pixels para o sistema fotográfico em milímetros.
66
Galo (2001) realizou uma revisão na literatura em busca de métodos que tratam da
avaliação de produtos cartográficos e utilizaram feições, como estradas, ao invés de pontos de
apoio recomendados pelo PEC, na tentativa de avaliar estatisticamente os produtos
cartográficos. Devido à complexidade dos métodos propostos por Galo (2001.) optou-se por
não aplicá-los neste trabalho. No entanto, a utilização de feições, como as estradas, é uma boa
alternativa, pois permite uma boa análise visual das concordâncias ou discrepâncias entre os
vetores (estradas) tomados com o receptor GPS topográfico, com as estradas visíveis na
ortofoto, tal procedimento auxilia na avaliação visual da qualidade das ortofotos.
67
3.2.2 Mapeamento
Após o processo de geração das ortofotos, que inclui a digitalização das aerofotos, a
obtenção dos MDEs e dos PCTs, bem como a avaliação das imagens geradas, as ortofotos
serão impressas visando a realização do mapeamento temático das duas propriedades rurais.
Neste sentido, este subitem, aborda: a etapa de identificação dos limites da propriedade; o
processo de geração do mapa temático de uso das terras, bem como o mapa de aptidão de uso
das terras; a delimitação das áreas legalmente protegidas; os conflitos entre os mapas de uso e
aptidão de uso das terras, com a adequação da legislação ambiental (áreas de reserva legal e
APPs); a avaliação econômica simplificada da propriedade “A”; e, por último, a proposta de
avaliação dos mapas a serem produzidos neste trabalho.
Após análise das oito ortofotos geradas nos dois testes, adotou-se para a realização do
mapeamento das duas propriedades a combinação B1 (NAV_SRTM) do teste 1, por tratar-se
da combinação menos onerosa, conforme será discutido adiante. Ou seja, gerada a partir das
imagens obtidas do papel fotográfico, com os pontos de controle tomados com o receptor GPS
de navegação e utilizando o MDE-SRTM. Para ambas as propriedades (“A” e “B”) a
combinação foi esta, diferenciando apenas as aerofotos (imagens) utilizadas, sendo, a aerofoto
20697 para a propriedade “A” e a aerofoto 20894 para a propriedade “B”.
De modo auxiliar, serão promovidos Dias de Campo33, com a participação do
agricultor e família, e dos extensionistas, visando agregar informações locais, bem como
detalhar e atualizar o uso das terras da propriedade. Para a realização do mapeamento
utilizando as geotecnologias, foram planejados dois Dias de Campo, um para cada
propriedade selecionada, sendo proposto os seguintes questionamentos:
33
Prática de difusão de tecnologia e compartilhamento do conhecimento, com visitas de campo.
68
áreas estimadas com base nos pontos tomados com o GPS topográfico. Os pontos levantados
com os receptores GPS topográfico e navegação serão levantados de forma simultânea, ou
seja, estarão submetidos à mesma geometria espacial dos satélites (GDOP).
O receptor GPS de navegação deverá permanecer ligado durante todo o percurso
realizado na propriedade, permitindo a gravação das trilhas: estradas, caminhos, divisão dos
usos, etc. Tanto as trilhas (segmentos) quanto os demais pontos serão transferidos para o
computador e utilizados no SIG como mais uma camada de informação.
A identificação dos recursos naturais e dos limites das propriedades visa facilitar as
etapas subseqüentes, mapeamento de uso e aptidão de uso das terras e adequação à legislação
ambiental vigente.
De acordo com Panichi (1994), o Mapa de Uso das Terras representa a distribuição
espacial do Uso das Terras existentes na microbacia hidrográfica. Este mapa visa dar uma
noção global da forma como a microbacia (ou propriedade) está sendo trabalhada. É a
imagem do presente, e seu confronto com as classes de aptidão aponta os conflitos de uso.
Neste sentido, ao longo do caminhamento, será realizada a atualização das glebas de
uso das terras da propriedade. Devido às intensas alterações no uso, pontos auxiliares tomados
com o GPS de navegação serão tomados para facilitar a elaboração dos mapas no escritório,
eliminado assim, possíveis dúvidas relativas aos limites entre glebas.
Para efeito desta pesquisa serão estabelecidas classes de uso das terras em conjunto
com técnicos e agricultores locais, tantas quantas forem necessárias a fim de representar com
fidelidade os usos atualizados das terras de cada propriedade.
Para facilitar a interpretação visual da ortofoto, a ser realizada em escritório, serão
elaborados em campo croquis, na própria ortofoto, adicionando pontos e informações
referentes aos limites das glebas de uso e localização de feições dos recursos naturais. De
posse destas informações, em escritório, de acordo com a legenda definida em campo, será
feita a interpretação visual da ortofoto na tela do computador, utilizando recursos e
ferramentas computacionais do SIG. Com os pontos sobrepostos na ortofoto é realizada a
vetorização (desenho) dos limites das propriedades e das glebas de uso, seguido da atribuição
da legenda correspondente para cada área delimitada. Nas eventuais áreas em que a
70
interpretação possa causar dúvidas, será necessária a verificação em campo e/ou com os
agricultores e técnicos (extensionistas) locais.
O Mapa de Aptidão de Uso das Terras representa a distribuição espacial das classes de
aptidão de uso existentes nas propriedades rurais e, no âmbito desta pesquisa, foi elaborado
seguindo a metodologia para Classificação da Aptidão de Uso das Terras do Estado de Santa
Catarina proposta por Uberti et al (1991), descrita na revisão bibliográfica. Esta metodologia,
que estabelece cinco classes de aptidão de uso, possibilitou uma melhor avaliação do
potencial, tanto para uso com culturas anuais quanto para usos menos intensivos.
O mapa de aptidão de uso das terras associa cada gleba de uso atualizado, a sua
aptidão correspondente. Neste entanto, para gerar o mapa temático de Aptidão de Uso das
Terras, conforme Uberti et al (1991) é necessária a obtenção das seguintes características da
gleba:
- declividade (% e graus): determinada em campo com auxílio do clinômetro;
- profundidade efetiva (cm): indicada de acordo com a experiência do agricultor e confirmada
pelo técnico (extensionista) local;
- pedregosidade: verificada in loco, de acordo com as cinco classes pré-estabelecidas na
metodologia;
- suscetibilidade à erosão: verificada in loco e analisada com a experiência do técnico;
- fertilidade (t/ha calcário): indicada de acordo com a experiência do agricultor e do técnico,
conforme a necessidade de calagem e adubação do solo; e,
- drenagem: definida in loco, entre agricultor e técnico.
Neste sentido, é proposto o Quadro 3, a ser preenchido nos levantamentos de uso das
terras em campo, adaptado de Uberti et al (1991).
Quadro 3 - Proposta de classificação de aptidão de uso das terras das glebas, a ser preenchido em campo.
Declividade Média Profundidade Suscetibilidade Fertilidade
Gleba de Pedregosidade Drenagem Classe
(%) (graus) Efetiva (cm) à Erosão (t/ha calc.)
Uso Aptidão
(de) (d) (pr) (p) (e) (f) (h)
Estas informações, definidas para cada gleba de uso, serão compiladas de acordo com
o Quadro 3, a ser transferido para o computador e, com auxílio das ferramentas de SIG, serão
processadas.
Com base nos dados levantados em campo e de acordo com a legislação ambiental
vigente, foram delimitadas as APPs e os remanescentes florestais, para o cruzamento com o
mapa de uso das terras. Na delimitação das APPs foram consideradas as resoluções 302/2002
e 303/2002 do CONAMA, redigidas com base no Código Florestal (Lei 4.771/1965).
- uso das terras com aptidão de uso das terras: visando confrontar o uso atual com as
recomendações técnicas (aptidão de uso); e,
- uso das terras com adequação à legislação ambiental: visando confrontar o uso atual
considerando a demarcação da reserva legal e das APPs;
Por intermédio de um banco de dados interno, próprio deste aplicativo, são sugeridas
alternativas de uso e recomendadas técnicas visando um melhor aproveitamento da
propriedade e dos recursos naturais. A principal característica do aplicativo é a simulação de
alternativas (cenários), em função dos dados fornecidos.
Para avaliação da qualidade dos mapas gerados, foi realizada análise de dois
parâmetros, a saber:
- Diferenças entre as áreas totais das propriedades, levantadas pelos receptores GPS de
navegação e GPS topográfico;
- Desvios entre as coordenadas dos vértices (divisas) das duas propriedades,
levantadas pelos receptores GPS de navegação e GPS topográfico.
Para a avaliação das diferenças entre as áreas totais das propriedades, foram
determinadas as áreas da poligonal das propriedades, com base nos vértices, levantados
simultaneamente com o GPS de navegação e o topográfico. Já a avaliação dos desvios entre
as coordenadas dos vértices consiste na análise das diferenças entre as coordenadas obtidas
com os dois receptores GPS.
Complementarmente, ainda foram analisados os percentuais de uso atual, de aptidão
de uso das terras, de conflitos de aptidão de uso das terras e conflitos de adequação à
legislação ambiental, bem como é proposta uma análise visual de todos os produtos (mapas
temáticos gerados), por intermédio da sobreposição pontos, linhas e polígonos sobre a
ortofoto, permitindo assim avaliar espacialmente os deslocamentos existentes.
73
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo destina-se a apresentar e discutir os resultados dos testes propostos para
geração de ortofotos por intermédio da avaliação numérica e visual, bem como avaliar os
resultados dos mapeamentos realizados com estas. Neste sentido, aborda-se a aplicação da
metodologia de mapeamento com ortofotos e GPS, a elaboração dos mapas temáticos,
finalizando com as análises do uso e da aptidão de uso das terras, a adequação a legislação
ambiental e por último, uma avaliação econômica simplificada.
4.1.1 Imagem
As imagens utilizadas para geração das ortofotos para o mapeamento das duas
propriedades rurais são detalhadas na Tabela 6. Da aerofoto número 20697, que recobre a área
da propriedade “A”, foram digitalizadas três imagens, com scanners e resoluções diferentes, a
serem utilizadas nos testes 1 e 2. Já a aerofoto número 20894, que recobre a área da
propriedade “B”, foi empregada exclusivamente para gerar uma única ortofoto para o
mapeamento desta propriedade, não sendo utilizada nos testes. A distância focal (152,856
mm) foi utilizada em todos os testes.
A Tabela 6 mostra a resolução adotada, o nome do arquivo, o tipo de scanner e o
tamanho final do arquivo, das duas aerofotos obtidas na conversão para imagens digitais dos
fotocontatos e do filme original. O formato TIF é do tipo matricial de imagens.
foram tiradas das aerofotos em papel, com o uso da régua de aço, foram feitos ajustes finos,
+/- 0,01 mm, nos valores das coordenadas das marcas fiduciais, a fim obter-se o melhor
ajustamento.
Ainda no Teste 2, agora para a imagem obtida a partir do filme, detalham-se na Tabela
9 as características resultantes. O valor calculado da resolução, 906,95 dpi, valor próximo do
adotado na digitalização da aerofoto, porém mais discrepante que as imagens anteriores. O
valor do tamanho do pixel da imagem ficou em 0,03 mm (valor arredondado). As colunas da
direita mostram os desvios (diferenças) nas linhas e nas colunas da imagem obtida a partir do
filme com scanner fotogramétrico com resolução ótica de 900 dpi.
A Tabela 11 detalha os valores das coordenadas (UTM) dos 20 PCTs tomados com o
receptor topográfico que serão comparados com os pontos tomados com o receptor GPS de
navegação. Nesta Tabela, na coluna da direita (Modelo GPS), indica-se o modelo do receptor
GPS utilizado.
78
Para o modelo GS20 o tempo de rastreio foi de 3 minutos, enquanto que para o
modelo PMX o tempo foi de 5 minutos, ambos processaram apenas o Código C/A. Percebe-se
uma diferença nos desvios para cada modelo em função de tecnologias diferentes de cada
equipamento. O modelo GS20 apresentou melhores resultados, com precisões centimétricas
(abaixo de 20 cm), já com o PMX as precisões foram sub-métricas (80 a 100 cm) para os
desvios na posição. Em suma, as precisões alcançadas para ambos os receptores topográficos
ficaram dentro da margem de erro garantida pelos fabricantes e são compatíveis com os
objetivos da pesquisa e com os testes realizados.
Para comparação dos PCTs tomados com os dois tipos de receptores, apresenta-se a
Tabela 12, com as coordenadas e respectivas diferenças encontradas nos 20 PCTs obtidos
pelo método DGPS em relação as coordenadas obtidas diretamente com o receptor GPS de
navegação (autônomo). Na Figura 16, pode-se observar a dispersão destas diferenças.
34
Altitude Ortométrica = Altitude Elipsoidal - Ondulação Geoidal (média).
79
Diferenças
Média
DP
12
10
8
6
4
DP; 3,74; 4,27
2
Média; 2,24; 2,66
0 UTM E (m)
-6 -4 -2 -2 0 2 4 6 8 10
-4
-6
-8
A análise dos 20 PCTs levantados em campo resultou na média das diferenças das
coordenadas em 2,24 m (E) e 2,66 m (N) com desvio-padrão de 3,74 m (E) e 4,27 m (N).
Entretanto, para cada ortofoto gerada, em função do modelo digital de elevação, dos
80
receptores GPS e das imagens, o número de PCTs efetivamente utilizados variou. O número
de PCTs utilizados (ativos) é descrito nas Tabelas 19 e 20 do subitem 4.1.5.2.
A análise destas diferenças é importante, pois permite avaliar os erros encontrados nas
coordenadas do receptor GPS de navegação com base nas coordenadas pós-processadas,
obtidas com o receptor GPS topográfico, consideradas mais precisas (exatas) e não apenas
com base em uma estimativa de um provável erro (EPE), mostrado no visor do receptor GPS
de navegação.
Além da precisão requerida aos PCTs uma boa identificação e distribuição são
fundamentais para o processo de ortorretificação. A Figura 17 mostra a distribuição espacial
dos pontos de controle da combinação B1 (teste 1), pode-se perceber que algumas regiões
apresentam inexistência (falhas) destes pontos, apesar do esforço em encontrar pontos de
controle nesta parte da aerofoto, dificultada devido à falta de um sistema viário ou de
caminhos com interseções nítidas, explicado em parte por se tratar de áreas rurais.
Outra importante análise refere-se aos vértices das extremas das propriedades
mapeadas em conjunto com agricultores e técnicos locais, conforme ilustra a Figura 19, que
apresenta o levantamento dos vértices (marcos, cercas, etc.) com os receptores GPS
topográfico e de navegação nas duas propriedades.
Figura 19 - Levantamento dos vértices com os receptores GPS, auxiliado pelo agricultor (família) e técnicos. Na
esquerda, Dia de Campo na propriedade “A” e, na direita, Dia de Campo na propriedade “B”.
A Tabela 13 mostra os pontos tomados nos vértices com os dois receptores GPS e as
diferenças (desvios) encontradas na comparação com os valores das coordenadas para a
propriedade “A”. Já a Figura 20 mostra a dispersão destas diferenças, a média e o desvio
82
padrão, também para a propriedade “A”. O desvio padrão ficou em 4,79 metros, bem abaixo
da precisão informada pelo fabricante do eTrex (15 metros).
Esta diferença média pode estar associada em parte pela boa geometria dos satélites
GPS, ver Figura 21 que mostra a distribuição dos satélites em função do horário do dia, em
apenas dois períodos críticos, entre 11 e 12, e 15 e 16 horas, os valores altos de GDOP e
PDOP foram maiores, por isso evitou-se trabalhar nos horários críticos. A provável causa para
algumas diferenças elevadas é o fato de alguns vértices localizarem-se ao lado de vegetação
densa, que serve como obstáculo para o sinal dos satélites. Esta condição prejudicou a
recepção dos sinais GPS, piorando a precisão de alguns pontos tomados com os receptores
GPS, principalmente o de navegação. No entanto, a diferença pode ser considerada pequena e
aceitável se considerarmos os objetivos do mapeamento.
Tabela 13 - Comparativo entre diferenças das coordenadas DGPS x NAV (Propriedade “A”).
Pontos tomados com GPS topográfico Pontos tomados com GPS de Navegação Diferenças
Vértices UTM E (m) UTM N (m) Vértices UTM E (m) UTM N (m) UTM E (m) UTM N (m)
VM1 666037,10 6939737,95 VM1_NAV 666031,04 6939736,06 6,07 1,89
VM2 666290,56 6939858,34 VM2_NAV 666283,03 6939856,13 7,53 2,21
VM3 666223,39 6940010,47 VM3_NAV 666221,98 6940007,00 1,42 3,47
VM4 666415,04 6940096,96 VM4_NAV 666410,63 6940102,50 4,41 -5,54
VM5 666286,02 6940183,27 VM5_NAV 666287,50 6940187,05 -1,48 -3,78
VM7 666215,92 6940236,79 VM7_NAV 666215,56 6940237,50 0,36 -0,71
VM8 666131,49 6940228,94 VM8_NAV 666131,69 6940232,16 -0,20 -3,22
VM9 666080,65 6940198,84 VM9_NAV 666074,69 6940205,05 5,96 -6,21
VM10 666024,75 6940161,95 VM10_NAV 666026,19 6940165,03 -1,44 -3,08
VM11 666061,57 6940092,43 VM11_NAV 666056,19 6940093,50 5,38 -1,07
VM12 666037,26 6940055,03 VM12_NAV 666037,65 6940056,12 -0,39 -1,09
VM13 666004,45 6940050,74 VM13_NAV 665997,94 6940047,23 6,51 3,50
Média 2,84 1,13
DP 3,43 3,35
UTM N (m)
0 UTM E (m )
-2 0 2 4 6 8
-2
Média; 2,84; -1,13
-4
-6
-8
Nº satélites
Tabela 14 - Comparativo das diferenças entre coordenadas DGPS x NAV (Propriedade “B”).
Pontos tomados com GPS de
Pontos tomados com GPS topográfico Diferenças nas coordenadas
Navegação
Vértices UTM E (m) UTM N (m) Vértices UTM E (m) UTM N (m) UTM E (m) UTM N (m)
NS1 661.668,50 6.944.488,28 26 661.660,89 6.944.486,33 7,62 1,95
NS2 661.908,45 6.944.514,34 27 661.902,54 6.944.513,38 5,91 0,96
NS3 661.929,62 6.944.504,58 28 661.927,57 6.944.503,38 2,05 1,21
NS4 661.895,60 6.944.394,39 29 661.894,02 6.944.392,38 1,58 2,01
NS5 661.794,08 6.944.315,47 30 661.791,56 6.944.310,92 2,52 4,55
NS6 661.731,14 6.944.226,76 33 661.728,07 6.944.225,33 3,07 1,43
NS7 661.584,15 6.944.184,97 36 661.581,54 6.944.176,68 2,61 8,29
NS8 661.609,72 6.944.266,12 37 661.607,35 6.944.259,37 2,37 6,74
Média 3,47 3,39
DP 2,13 2,81
84
UTM N (m)
9
3
Média; 3,47; 3,39
DP; 2,13; 2,81
2
0 UTM E (m )
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Nº satélites (barras)
Foram geradas oito ortofotos (Tabela 15), a partir de dois testes (Teste 1 e Teste 2),
com três imagens obtidas da aerofoto número 20697, duas com resolução ótica de 900 dpi e
uma com 600 dpi. As imagens foram digitalizadas em dois tipos de scanner, sendo os
resultados discutidos nos testes, conforme a nomenclatura da Tabela 6.
85
A avaliação da qualidade de cada uma das ortofotos geradas foi feita pela análise dos
testes descrita no item seguinte.
Já a orientação interior do teste 2 foi diferente do teste 1, uma vez que considerou duas
imagens, 08_20697M e 08_20697, advindas dos dois scanners (mesa e fotogramétrico). A
partir dos desvios nas linhas e nas colunas da imagem digitalizada pelo scanner
fotogramétrico (A2 e C2) foi calculado o desvio-padrão da orientação interior, que ficou em
0,378 pixels (Tabela 17). O resultado encontrado pode ser considerado bom, ficando entre os
valores empíricos - 0,3 e 0,4 pixel, que indicam um bom ajustamento.
A partir dos desvios nas linhas e nas colunas da imagem digitalizada em scanner de
mesa, foi calculado o desvio-padrão da orientação interior, que ficou em 1,890 pixels (Tabela
18). O resultado encontrado ficou muito acima dos valores empíricos - 0,3 e 0,4 pixel. Neste
contexto, não se pode afirmar que houve um bom ajustamento, mas surge uma questão: qual a
influência do desvio-padrão na qualidade da ortofoto gerada com esta imagem?
87
Tabela 20 - Resultados da orientação exterior e altura de vôo estimada para as combinações do teste 2.
Coordenadas do centro de Altura
PCTs Ângulos Atitude Sensor
Combinação Perspectiva estimada
ativos
E N H Kappa Phi Omega de Vôo (m)
A2 - NAV_SRTM BASE 14 665235,20 6938151,01 4568,11 -91,02 0,61 -0,91 3816,11
B2 - NAV_SRTM ELET 15 665229,95 6938144,87 4556,08 -91,25 0,57 -0,85 3804,08
C2 - DGPS_SRTM BASE 13 665232,20 6938146,49 4570,21 -91,04 0,54 -0,81 3818,21
D2 - DGPS_SRTM ELET 15 665232,16 6938141,36 4568,11 -91,24 0,54 -0,77 3802,40
A Tabela 21 sintetiza os desvios para cada PCT, na linha (DRow) e na coluna (DCol),
em pixels, correspondentes as diferenças calculadas entre os valores das coordenadas UTM e
das linhas e colunas (Row e Col) correspondentes na imagem. Rossiter; Hengl (2002)
recomendam que os desvios (DRow e DCol) fiquem abaixo de 2 pixels para uma boa
distribuição dos PCTs. Foram aceitos valores acima do proposto pelos autores, desde que não
comprometessem os valores do desvio-padrão. Na tentativa de encontrarmos os menores
desvios, alternou-se entre ativo (True) e desativado (false) alguns PCTs, até obtermos os
melhores valores da REQM.
89
De modo geral não houve grandes diferenças nos erro-padrão e todos ficaram abaixo
de 3, valor recomendado por Nagelhout; Hofstee (2007).
91
O fato mais relevante é que mesmo usando GPS de navegação e imagens digitais
obtidas a partir das aerofotos em papel, convertidas em scanner de mesa (combinação B2),
solução de menor custo e de fácil obtenção resultando num erro-padrão de 2,05 metros, ou
seja, pouco acima do erro-padrão de 1,70 metros da combinação C2, a combinação mais cara,
que usou imagem do filme digitalizado em scanner fotogramétrico com pontos de controle
terrestres vindos do GPS topográfico.
O erro-padrão para as combinações do teste 2 ficou com valores abaixo do
recomendado por Nagelhout; Hofstee (2007), isto é, menor que três. Portanto, estas ortofotos
são mais recomendadas para uso no apoio do mapeamento, inclusive a ortofoto da
combinação B2 que resultou no erro-padrão mais alto dentre as combinações testadas.
A avaliação das ortofotos geradas com base nas estradas levantadas com GPS
topográfico foi realizada adicionando-se o tema estradas sobre ortofoto, o que possibilitou
uma análise visual dos deslocamentos da imagem ortorretificada em relação posição das
estradas mapeadas.
Como deveria ser, a feição estrada não coincidiu com sua homóloga na imagem apenas
georreferenciada (imagens da esquerda), fato bem evidenciado nas Figuras 24 a 26,
provavelmente devido a distorção causada pelo relevo. Já para imagem ortorretificada
(imagens da direita), a feição estrada coincidiu com sua homóloga, com pequenas
discrepâncias que sugerem-se ser melhor analisadas. As prováveis causas destas discrepâncias
estão associadas aos erros do sistema GPS, tanto no levantamento das estradas como na
tomada dos PCTs. Outras prováveis causas estão associadas à qualidade das ortofotos,
principalmente quanto a qualidade dos MDEs utilizados no processo de ortorretificação.
desta feição (estrada) com sua homóloga. As Figuras 28 e 29 ilustram esta mesma situação
para pontos diferentes.
Também para o Teste 2 a feição estrada coincidiu com sua homóloga na imagem
ortorretificada (ortofoto), com pequenas discrepâncias, com as mesmas prováveis causas do
Teste 1. Quanto aos testes pode-se concluir que:
Para o levantamento das áreas das propriedades foram realizados dois Dias de Campo.
Para a propriedade “A”, o Dia de Campo foi realizado em 19 de outubro de 2006, com a
participação do agricultor e família, do extensionista rural da Epagri e de três extensionistas
do projeto Microbacias 2 que atuam em Alfredo Wagner, além de um Engenheiro
Agrônomo35, colaborador da Epagri/Ciram, convidado para participar desta prática.
O Dia de Campo da propriedade “B”, realizado em 02 de fevereiro de 2007, contou
com a participação do agricultor e esposa, do extensionista rural da Epagri e dos quatro
extensionistas do projeto Microbacias 2 que atuam em Alfredo Wagner. Os procedimentos
adotados para o mapeamento da propriedade “B” foram idênticos aos da propriedade “A”.
Nos dois eventos foram feitos breves relatos aos presentes, principalmente aos
agricultores e familiares, sobre os objetivos da pesquisa e como seriam os trabalhos do dia de
campo.
35
Pedólogo.
95
Com relação à propriedade “B”, o agricultor informou que não tinha escritura em
mãos, nem planta e não soube informar as áreas totais e parciais da propriedade. A área
encontrada com base nos pontos tomados com o GPS topográfico (DGPS) foi de 7,21 ha,
enquanto que a área calculada com base nos pontos do GPS de navegação ficou em 7,18 ha.
A diferença entre as áreas foi de 0,4%, considerada muito pequena, provavelmente
pela localização privilegiada desta propriedade, num patamar com céu aberto, livre de
obstáculos contribuiu para uma boa recepção dos sinais, além da boa geometria dos satélites
98
A propriedade “A” (Figura 32) tem ao Norte uma divisa curvilínea, um antigo
caminho, na qual foi necessário tomar seis pontos com os receptores GPS, que foram
marcados (desenhados) na ortofoto. O restante desta divisa foi identificado na ortofoto através
da interpretação conjunta do agricultor, do pesquisador e dos técnicos participantes do dia de
campo, que reconheceram na orto-imagem as feições necessárias para delimitar o restante
daquela divisa.
Tanto para a propriedade “A” quanto para a propriedade “B”, o recurso de utilizar a
ortofoto para a melhor definição dos limites (acessíveis e inacessíveis) foi essencial para a
qualidade e agilidade na delimitação e atualização das glebas de uso das terras, mesmo que a
aerofoto tenha sido tomada há 30 anos.
36
Azimute: é o posicionamento em relação ao Norte, neste caso tomado com bússola.
101
A Figura 35 mostra duas paisagens revelando parte do uso das terras da propriedade.
Cabe destacar que foi realizado registro fotográfico que auxiliou os trabalhos de escritório,
principalmente na elaboração dos mapas de uso e de aptidão de uso das terras,
complementando a fotointerpretação das ortofotos e das localizações obtidas com o GPS.
102
De acordo com informações obtidas em campo, as áreas das glebas de uso declaradas
pelo agricultor da propriedade “A” referem-se às descritas na Tabela 26.
37
Mapa na escala 1:2.500.
103
A comparação entre as áreas declaradas (Tabela 26) e levantadas (Tabela 27) denota a
eficiência do levantamento com os receptores GPS, por exemplo, as áreas declaradas e
calculadas para o cultivo de cebola convencional referem-se a 2,5 ha e 2,46 ha,
respectivamente. A área de reflorestamento declarada pelo agricultor foi 0,5 ha enquanto a
calculada foi 0,53 ha. A área declarada e calculada para pastagem nativa foi 4,1 ha e 4,89 ha,
104
respectivamente, já que na delimitação desta classe não foram descontadas as áreas das
estradas e dos cursos d’águas.
38
Mapa na escala 1:2.000.
105
Os mapas de aptidão das terras foram elaborados com base na metodologia proposta
por Uberti et al. (1991), de acordo com o quadro-guia (Quadro 1) e seus fatores
determinantes. Com base nas glebas de uso já mapeadas, estas foram enquadradas associando
cada gleba de uso das terras a sua aptidão de uso recomendada.
Para classificar a aptidão de uso das terras as glebas foram analisadas e categorizadas
de acordo com os fatores determinantes do Quadro 1. O Quadro 4 sintetiza os dados
levantados durante o dia de campo. A Figura 39 e o Apêndice C39 mostram as glebas de
aptidão de uso desta propriedade.
Quadro 4 - Classes de aptidão de uso das terras das glebas da propriedade “A”.
Declividade Média Profundidade Suscetibilidade Fertilidade
Gleba de Pedregosidade Drenagem Classe
(%) (graus) Efetiva (cm) à Erosão (t/ha calcário)
Uso Aptidão
(d) (d) (pr) (p) (e) (f) (h)
Ac1 - - - - - - - -
Ac2 - - - - - - - -
Bat_O 15,8 9 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Ceb_C1 36,4 20 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 3d
Ceb_C2 17,6 10 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Ceb_O 15,8 9 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Flo1 - - - - - - - 5
Flo2 - - - - - - - 5
Flo3 - - - - - - - 5
Flo4 - - - - - - - 5
Past_N1 28,7 16 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 6 a 12 Bem dren. 3df
Past_N2 12,3 7 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Past_N3 7 4 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 1
Past_N4 10,1 8 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Past_N5 15,8 9 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Ref1 10,1 8 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Oa - - - - - - - -
Fonte: Adaptado de Uberti et al (1991).
39
Mapa na escala 1:2.500.
107
O mapa de aptidão de aptidão de uso das terras (Figura 40) e o Quadro 5 a seguir,
foram elaborados de maneira semelhante aos da propriedade “A”. O mapa na escala 1:2.000
pode ser visto no apêndice D.
Quadro 5 - Classes de aptidão de uso das terras das glebas da propriedade “B”.
Declividade Média Profundidade Suscetibilidade Fertilidade
Gleba de Pedregosidade Drenagem Classe
(%) (graus) Efetiva (cm) à Erosão (t/ha calcário)
Uso Aptidão
(d) (d) (pr) (p) (e) (f) (h)
Ceb_C1 17,6 10 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 2d
Ceb_C2 15,8 11 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 6 a 12 Bem dren. 2df
Flo1 - - - - - - - 5
Past_N1 38,4 21 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 3d
Past_N2 28,7 16 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 3d
Past_N3 32,5 18 50 a 100 Não pedreg. Nula a ligeira 0a6 Bem dren. 3d
Oa - - - - - - - -
Fonte: Adaptado de Uberti (1991).
Neste subitem apresentam-se dois tipos de conflitos, o primeiro entre o uso das terras
com a aptidão, o segundo, entre o uso das terras com a legislação ambiental, isto para as
propriedades “A” e “B”. O cruzamento dos mapas de uso das terras com aptidão de uso das
terras representa o conflito existente entre o uso atual e aptidão agronômica da propriedade
rural, recomendada tecnicamente. Já o mapa de conflitos com a legislação refere-se ao
cruzamento do mapa de uso atual das terras com o que preconiza a legislação ambiental, aqui
considerando a necessidade de proteção das florestas e das faixas marginais das nascentes e
dos rios (matas ciliares).
A Figura 41 mostra o Conflito de Aptidão de Uso das Terras para a propriedade “A”.
110
O cruzamento do mapa de uso das terras com as áreas de APPs identifica os conflitos
existentes entre estes temas (uso e APP) e está apresentado na Figura 42. Antes de avaliarmos
os conflitos é necessário analisar se a propriedade enquadra-se como pequena ou não,
determinar as áreas de preservação permanentes e definir as áreas passíveis de tornarem-se de
reserva legal40, com base no código florestal e na IN-1541 da FATMA. Em termos de APPs
aplicam-se a propriedade “A” faixa marginal de 50 metros em uma nascente e faixa marginal
de 30 metros sobre dois cursos d’água, definindo-se assim as APPs que poderão compor a
área de reserva legal.
40
Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente,
necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;
41
Instrução Normativa nº 15 - Averbação da Reserva Legal.
112
para interesse social e em atividades de baixo impacto ambiental, através do manejo florestal,
por exemplo.
Batata
Açude ; 0,05; Orgânica
APP; 0% ; 0,21; 2% Cebola
3,52; 29% Convencional
; 2,29; 19%
Outras Áreas Cebola
; 0,25; 2% Orgânica;
1,16; 10%
Reflorestame
nto ; 0,53; Floresta;
Pastagem
4% 0,68; 6%
Nativa; 3,25;
27%
A propriedade “B” também tem área menor que 30 ha (7,18 ha) e enquadra-se como
“pequena”, de acordo com o Código Florestal e a Lei da Mata Atlântica, assim pode-se
considerar as áreas de APPs no cômputo da área de Reserva Legal. Em termos de APPs,
aplicam-se os mesmos critérios utilizados para a propriedade “A”, ou seja, faixa marginal de
50 metros em nascentes e faixa marginal de 30 metros sobre curso d’água, definindo-se assim
as APPs que poderão compor a área de Reserva Legal.
Para atender ao aspecto da reserva legal, descritos no parágrafo 6º do artigo 16 do
Código Florestal, é necessário que 25% dos 7,18 ha de área total da propriedade (1,80 ha)
sejam preservados. Entretanto, de acordo com as áreas de uso atual das terras desta
propriedade (Tabela 28), apenas 1,21 ha (16,8%) referem-se à classe floresta, ou seja, a
propriedade “B” também não atende à legislação ambiental em termos de reserva legal.
A Figura 44 permite a visualização do uso atual das terras nas APPs. Em termos de
conflito de uso das terras aponta-se cultivo de cebola, áreas de pastagens e outras áreas
(edificadas) em APPs.
116
Cebola
Convencional
; 4,52; 63%
Pastagem
Outras Áreas Nativa;
; 0,09; 1% 0,07; 1%
Para estimar o impacto econômico é necessário obter a Renda Bruta Total Anual da
propriedade, utilizamos o Planagri45, considerando as duas situações: o uso atual das terras em
comparação com o uso “legal”, admitindo-se o cômputo das APPs para o caso de pequenas
propriedades rurais, resulta em:
Renda Bruta Total (R$) = 14.555,75 , considerando o uso atualizado das terras
Diferença = 1.395,77
45
Software de planejamento agrícola da Epagri.
119
Dividindo-se a Renda Bruta Total = 14.555,75 (em reais) pelo total de mão-de-obra
disponível em UTH46 (2,67), tem-se R$ 5.451,59, que dividido por 12 (meses), obteve-se R$
454,30; ou seja, 1,20 salários mínimos, confirmando a classificação de agricultor em
“Transição I”, com renda entre 1 e 2 salários mínimos47 por pessoa ocupada.
Não foi realizado estudo do impacto econômico para a propriedade “B”, mas supõem-
se que a redução das áreas de uso (pastagem e cebola) a fim de atender a legislação ambiental,
também causem uma redução na renda desta propriedade.
46
Unidade de Trabalho Homem (Planagri).
47
R$ 380,00, valor do Salário Minimo em novembro de 2007.
120
Tanto as imagens obtidas a partir das aerofotos em papel fotográfico quanto às obtidas
do filme demonstraram-se apropriadas para a geração de ortofotos e para o mapeamento
proposto. Entretanto, indica-se a utilização de imagens a partir do filme, pois é menos sujeito
a deformações causadas pela variação de temperatura e de umidade; recomenda-se também o
uso do scanner fotogramétrico na obtenção das imagens, pois propicia uma melhor geometria.
Os dois MDEs mostraram-se adequados aos objetivos propostos. Deve-se procurar
trabalhar com MDEs de melhor resolução espacial, que representam melhor a superfície do
terreno e, por conseqüência, melhoram a qualidade dos produtos gerados. O MDE-SRTM tem
a vantagem de estar disponível para toda a superfície terrestre, enquanto o MDE-IBGE
normalmente requer interpolação.
Com relação à qualidade dos PCTs, destaca-se a importância de identificar e coletar o
maior número possível de pontos de controle, em toda a região da aerofoto, para distribuir
melhor o erro. Esta qualidade deve ser sempre almejada, pois tais pontos interferem na
orientação exterior, na qualidade das ortofotos e nos demais produtos derivados da
fotogrametria digital. Os PCTs com desvios elevados foram desativados e para as
combinações foram considerados no mínimo 13 pontos ativos. O Planejamento dos
levantamentos dos PCTs em campo, considerando o almanaque dos satélites, buscou definir a
melhor data e horário para captura dos sinais.
Para melhorar os resultados com o uso dos receptores GPS de navegação são
necessários um bom conhecimento do sistema, ou seja, aguardando sinal de no mínimo 4
satélites, evitando obstáculos (morros, edificações, árvores, etc.), deve-se trabalhar nas horas
do dia com uma boa geometria dos satélites, pode-se assim minimizar os erros, obtendo-se
precisões abaixo de 10 metros. A prática tem mostrado resultados melhores que os estimados
pelo fabricante, fato observado nos resultados obtidos na tomada dos pontos de controle para
ortorretificação.
Os valores de erro-padrão encontrados, conforme visto nos testes, demonstram o
potencial do software ILWIS no processo de ortorretificação de aerofotos, mesmo usando o
receptor GPS de navegação e scanner de mesa. A realização de outros testes pode ser útil para
verificar se há uma tendência ou não.
121
Recomendações
REFERÊNCIAS
BELCHIOR, Daniel. Curso básico de GPS on line. Rio de Janeiro: Orb Rio Systems, 2001.
CÂMARA, Gilberto; MEDEIROS, José Simeão de. In: ASSAD, A.D.; SANO, E.E. Sistema
Geográfico de Informações: aplicação na agricultura. 2 ed. Brasília: EMBRAPA/CPAC,
1998. 274p.
FERREIRA JUNIOR, Odilon. GPS TrackMaker. Guia de Referência (Versões PRO 4.0. e
Free 13.0). Disponível em: < http://www.gpstm.com/download/ref_guide_port.pdf>. Acesso
em 18 de junho de 2007.
<http://www.cienciasgeodesicas.ufpr.br/alunos/freiberger/CAP2.pdf>. Acesso em 21 de
janeiro de 2007.
FUNDAÇÃO AGÊNCIA DE ÁGUA DO VALE DO ITAJAÍ. Plano de Recursos Hídricos
da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí: Construindo o Futuro da Bacia. [Relatores: Aurélia
Maria Santos, Beate Frank]. Blumenau, 2006.
NAGELHOUT A.; HOFSTEE P. Soil Science Division, ITC - APPLICATION 27, Creating a
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<http://www.itc.nl/ilwis/applications/application27.asp.>. Acesso 07 de novembro de 2007.
126
PANICHI. J. de A.V.; BACIC, I. L .Z.; LAUS NETO, J. A.; CHANIN. Y. M. A.; SEIFFERT.
N. F.; VIEIRA H. J. Metodologia para o inventário das terras em microbacias
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ROSSITER, D. G. Lecture Notes: Methodology for Soil Resource Inventories. ITC Lecture
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ROSSITER, D. G.; HENGL T. Soil Science Division, ITC - Technical note: Creating
geometrically-correct photo-interpretations, photomosaics, and base maps for a project GIS
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<http://spatial-analyst.net/PDF/TN_Ortofoto_in_ILWIS.pdf>. Acesso 07 de novembro de
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terras do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: EPAGRI, 1991. 19 p.
XAVIER DA SILVA, Jorge. Geoprocessamento para análise ambiental. In: Revista Brasileira
de Geografia, n. 54, jul/set 1992. p 47-61.
Legislação
_______. Lei n. 7.803, de 18 de julho de 1989. Altera a redação da Lei nº. 4.771, de 15 de
setembro de 1965 e revoga as Leis nºs. 6.535, de 15 de junho de 1978, de 15 de junho de 1978
e 7.511, de 7 de julho de 1986. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7803.htm#art2>. Acesso em 09 de junho de
2007.
_______. Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001. Altera os arts. 1o, 4o, 14,
16 e 44, e acresce dispositivos à Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código
Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, que dispõe
sobre o Imposto sobre a propriedade Territorial Rural - ITR, e dá outras providências.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2166-67.htm#art1%C2%A71>.
Acesso em 09 de junho de 2007.
_______. Decreto nº 5.975 de 30 de novembro de 2006. Regulamenta os arts. 12, parte final,
15, 16, 19, 20 e 21 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, o art. 4o, inciso III, da Lei no
128
_______. Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Lei da mata atlântica. Dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11428.htm>
Softwares
ANEXO 2 (continuação)
2
ANEXO 3
ANEXO 3 (continuação)
ANEXO 4
ANEXO 4 (continuação)
ANEXO 5
ANEXO 5 (continuação)
ANEXO 6
Figura 46 - Localização das marcas fiduciais, dados de entrada e saída do Teste 1 (no ILWIS)
Figura 47 - Localização das Marcas Fiduciais Teste 2 - Scanner de mesa - 900 dpi.
Figura 48 - Localização das Marcas Fiduciais - Filme, Scanner Fotogramétrico - 900 dpi.
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ANEXO 7
10
ANEXO 7 (continuação)
ANEXO 8 -. CÓDIGO FLORESTAL
O Código Florestal, instituído pela LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. sofreu varias
alterações desde a sua promulgação, que afetam diretamente as pequenas propriedades rurais
e sua adequação à legislação ambiental vigente. Vale aqui destacar a Medida Provisória nº
2.166-67, de 24 de agosto de 2001 , na qual apontam-se os aspectos relevantes no âmbito da
pesquisa
§ 2o Para os efeitos deste Código, entende-se por: (Vide Decreto nº 5.975, de 2006)
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos
naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;
........
V - interesse social:
O caput do artigo 2º não foi alterado, no entanto, em quase todo o seu conteúdo a Redação foi
dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989.
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa
marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
b) a fixar as dunas;
I .....
3
III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras
formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e
§ 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser
utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e
critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as
hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações
específicas.
§ 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual
competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra
instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de
aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos,
quando houver:
I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até
cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de
4
II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices
previstos neste Código, em todo o território nacional.
II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e
III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b"
e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o.
§ 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de
uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a
aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações
referentes a todos os imóveis envolvidos." (NR)
"Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa,
natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão
5
inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos
seus §§ 5o e 6o, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:
I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos,
de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies
nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual
competente;
III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica
e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma
microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento.
§ 5o A compensação de que trata o inciso III deste artigo, deverá ser submetida à
aprovação pelo órgão ambiental estadual competente, e pode ser implementada
mediante o arrendamento de área sob regime de servidão florestal ou reserva legal,
ou aquisição de cotas de que trata o art. 44-B.
§ 6o O proprietário rural poderá ser desonerado, pelo período de trinta anos, das
obrigações previstas neste artigo, mediante a doação, ao órgão ambiental
competente, de área localizada no interior de Parque Nacional ou Estadual, Floresta
Nacional, Reserva Extrativista, Reserva Biológica ou Estação Ecológica pendente de
regularização fundiária, respeitados os critérios previstos no inciso III deste
artigo." (NR)
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