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Princípio das Tensões Efetivas

Prof. Cleber Decarli de Assis


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Tensão Efetiva
 O solo pode ser visualizado como um esqueleto formado por
partículas sólidas e espaços vazios contendo água e/ou ar.

 Para os níveis de tensão usuais, tanto as partículas sólidas como


a água, podem ser consideradas como incompressíveis; por
outro lado, o ar é altamente compressível
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Tensão Efetiva

 O volume do esqueleto do solo pode variar, devido a um


rearranjo das partículas sólidas.

 Num solo totalmente saturado, uma redução de volume só é


possível se a água puder sair dos vazios.

 Num solo parcialmente saturado, uma redução de volume é


sempre possível, devido um rearranjo da partículas sólidas e à
compressão do ar contido nos vazios.

 Num solo, as tensões de cisalhamento só podem ser resistidas


pelo esqueleto de partículas sólidas, através de esforços
desenvolvidos nos contatos entre as partículas.

 Por outro lado, as tensões normais podem ser resistidas tanto


pelo esqueleto como pela água
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Tensão Efetiva

Princípio das tensões efetivas

 Conforme estabelecido por Terzaghi (1923), o principio das tensões


efetivas só vale para solos totalmente saturados.

 Este princípio relaciona as seguinte tensões: tensão normal total (),


pressão de água ou poropressão (u) e tensão normal efetiva (’ ).

 = ’ + u
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Tensão Efetiva

Variação da tensão efetiva com uma variação na tensão total

 Seja considerado um solo totalmente saturado que é submetido a um


acréscimo na tensão total, mantendo-se as deformações laterais nulas.

 A variação de volume é então conseqüência de somente deformações


verticais.

 Inicialmente, a poropressão é constante, sendo a sua intensidade


governada pela posição do nível freático. Este valor inicial é
denominado poropressão estática.
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Tensão Efetiva

 Imediatamente após o aumento da tensão total, as partículas sólidas


tentarão ocupar novas posições, umas mais próximas às outras.

 Entretanto, considerando que a água é incompressível, e que o solo


está lateralmente confinado, nenhum rearranjo será possível, ao
menos que a água possa escapar.

 Se a água não puder escapar, então, ela suportará todo o acréscimo


de tensão, impedindo um rearranjo das partículas sólidas. A pressão da
água é instantaneamente aumentada do mesmo valor do aumento da
tensão total.

 Se as deformações laterais não fossem impedidas, algum rearranjo das


partículas seria possível, resultando num aumento imediato da tensão
efetiva. O aumento da poropressão seria então menor do que o
aumento da tensão total vertical.
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Tensão Efetiva

 O aumento da poropressão faz surgir um gradiente, que resulta


num fluxo transiente em direção às fronteiras da camada de
solo que permitem com livre drenagem.
 Este fluxo ou drenagem continuará até que as poropressões
voltem a apresentar valores governados por uma posição
estável do nível freático. Esta poropressão final é denominada
poropressão estacionária.
 A quantidade de poropressão acima da poropressão
estacionária é denominada excesso de poropressão.
 O processo de redução das poropressões até que sejam
atingidos valores correspondentes a poropressões estacionárias
é denominado dissipação. Quando este processo chega ao seu
final, diz-se que o solo está numa condição drenada.
 Antes do início do processo de dissipação, diz-se que o solo está
numa condição não-drenada.
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Tensão Efetiva

 À medida que a dissipação do excesso de poropressões ocorre,


as partículas sólidas tornam-se livres para ocupar novas
posições, resultando num eventual aumento dos esforços nos
contatos entre elas.

 Ou seja, à medida que o excesso de poropressão se dissipa, a


tensão efetiva aumenta e o volume de solo diminui.

 Quando o processo de dissipação do excesso de poropressões


termina, o incremento na tensão total será totalmente resistido
pelo esqueleto do solo.
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Tensão Efetiva

 O tempo necessário para que ocorra a total dissipação do


excesso de poropressões, depende da permeabilidade do solo.

 Nos solos de alta permeabilidade, tais como as areias


saturadas, o processo de dissipação do excesso de
poropressões é bastante rápido.

 Nos solos de baixa permeabilidade, tais como as argilas


saturadas, o processo de dissipação do excesso de
poropressões é bastante lento, e denomina-se consolidação ou
adensamento.

 Quando as deformações ocorrem numa única direção, o


processo denomina-se adensamento unidimensional.
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Tensão Efetiva

 De um modo geral, quando ocorre uma redução da tensão


total, o aumento de volume é bastante limitado, pois o processo
de rearranjo das partículas devido a um aumento da tensão
total é quase que completamente irreversível.

 Entretanto, solos contendo uma grande quantidade de


partículas argilosas podem sofrer uma aumento de volume,
como conseqüência de uma redução da tensão total. Como
resultado, as poropressões diminuem, surgindo um excesso de
poropressão negativo. Este processo (inverso de adensamento)
é denominado inchamento.
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Tensão Efetiva

Analogia mecânica do processo de adensamento

 mola  esqueleto do solo (partículas sólidas)


 água  água presente nos poros
 válvula  permeabilidade do solo
 cilindro  condição de deformações laterais nulas
Tensões Geostáticas
e
Propagação de Tensões no Solo
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Tensões Geostáticas

 Os esforços no interior das massas de solo são gerados


pelas cargas externas aplicadas, e principalmente pelo peso
próprio do solo.

 Os esforços causados por carregamentos externos, de um


modo geral, são bastante complexos. O seu tratamento,
normalmente é realizado a partir de hipótese formuladas
pela Teoria da Elasticidade.
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Tensões Geostáticas
Esforços devido ao peso próprio

 Se a superfície do terreno for horizontal, as tensões totais numa


determinada profundidade são determinadas considerando apenas
o peso próprio do solo sobrejacente.

 Como a superfície é horizontal, não existem tensões de


cisalhamento nos planos horizontais. Conseqüentemente, estes
planos são planos principais e as tensões totais verticais são
tensões principais.
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Tensões Geostáticas

 Se o solo for estratificado, as tensões totais verticais são


determinadas por meio da seguinte expressão:
z
 v   dz
0
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Tensões Geostáticas

 As tensões totais horizontais são, geralmente, uma fração da tensão


total vertical atuante:

 h  K . v
onde K é uma constante denominada coeficiente de empuxo.
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Tensões Geostáticas
 Admitindo-se que o solo seja isotrópico e homogêneo, e que não ocorram
deformações horizontais, pela Teoria da Elasticidade, o valor do coeficiente de
empuxo em repouso seria:

K0 
1 
onde  é o coeficiente de Poisson do material.
 Para solos normalmente adensados, de acordo com Jaky, o coeficiente
de empuxo em repouso pode ser relacionado com o parâmetro de
tensão efetiva ’:

K 0  1  sin '

 Para solos sobreadensados, de acordo com Mayne e Kulhawy, o


coeficiente de empuxo em repouso pode ser relacionado com o
parâmetro de tensão efetiva ’ e com a razão de sobreadensamento
OCR :

K 0  (1  sin ' )(OCR ) sin  '


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Tensões Geostáticas

 A título de ilustração, são mostrados abaixo alguns valores de


do coeficiente de empuxo em repouso:

Solo K0

Areia densa 0.35

Areia fofa 0.6

Argila normalmente adensada 0.5 a 0.6

Argila sobreadensada (OCR=3.5) 1.0

Argila sobreadensada (OCR=20) 2.8


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Tensões Geostáticas

Propagação de tensões no solo

 Apesar de suas limitações, é usual utilizar soluções da


Teoria da Elasticidade na determinação de esforços no
interior de massas de solo, devido a carregamentos
externos.

 A seguir, são apresentadas algumas destas soluções, sem


se preocupar com o seu desenvolvimento matemático.
Todas soluções assumem que o maciço é semi-infinito,
homogêneo, isotrópico e que a relação tensão deformação
é linear (validade da Lei de Hook).
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Tensões Geostáticas

Solução de Boussinesq (1885)


 Esta solução permite determinar as tensões devido a uma
carga pontual aplicada na superfície do terreno.
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Tensões Geostáticas
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Tensões Geostáticas
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Tensões Geostáticas

Carga aplicada ao longo de uma linha horizontal


 Esta solução permite determinar as tensões devido a uma
carga linear aplicada na superfície do terreno.
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Tensões Geostáticas

Carga uniforme aplicada numa faixa contínua


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Tensões Geostáticas

 A figura abaixo mostra as curvas de isovalores das tensões


verticais na vizinhanças da faixa carregada.

 A área limitada pela curva de isovalor correspondente a 0.2q é


denominada bulbo de tensões ou bulbo de pressões.
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Tensões Geostáticas

Carga uniforme aplicada numa área retangular


 Esta solução fornece a tensão vertical numa profundidade z sob
um canto de uma placa retangular, de dimensões mz e nz,
suportando uma carga uniforme q.
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Tensões Geostáticas
Carga uniforme aplicada numa área retangular

A solução pode ser escrita na forma z = qIr , sendo que os valores
de Ir são fornecidos pelo ábaco devido a Fadum
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Carga uniforme aplicada numa área retangular


 Através de superposições, qualquer área baseada em retângulos poder
ser considerada, permitindo a determinação da tensão vertical em
qualquer ponto sob a área considerada ou sob a área externa.
 Curvas de isovalores de tensões verticais, nas vizinhanças de uma área
quadrada estão mostradas na figura abaixo:
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Tensões Geostáticas

Carga variando linearmente aplicada numa faixa contínua


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Tensões Geostáticas

Carga uniforme atuando numa área circular


 A tensão vertical, numa profundidade z sob o centro de uma área
circular de diâmetro D=2R, onde atua uma carga uniforme q, é dada
por:

 Valores do fator de influência Ic , em termos de D/z são dados pelo


ábaco mostrado abaixo:
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Tensões Geostáticas

Carga uniforme atuando numa área circular


 As tensões radial e circunferencial sob o centro da área circular
têm o mesmo valor, e são dadas por:
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Tensões Geostáticas

Gráfico de Newmark
 Newmark propôs um gráfico de influência, baseado na solução de
Boussinesq, que permite a determinação da tensão vertical em
qualquer ponto sob uma área de qualquer formato, onde atua
uma carga uniforme q.
 O gráfico é constituído de áreas de influência, delimitadas por
duas linhas radiais e duas linha circunferenciais, conforme
mostrado abaixo:
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Tensões Geostáticas

Gráfico de Newmark
 A área carregada é desenhada em papel vegetal numa escala tal
que o comprimento da linha de escala no gráfico represente a
profundidade z na qual se deseja determinar a tensão vertical.
 A posição da área carregada no gráfico deve ser tal que o ponto
sob o qual se deseja determinar a tensão vertical esteja no centro
do gráfico.
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Tensões Geostáticas

Gráfico de Newmark
 Para o gráfico mostrado abaixo, o valor de influência é igual a
0.005, isto é, cada área de influência representa uma parcela de
tensão vertical igual a 0.005q.
 Se o número de áreas de influência cobertas pelo desenho da área
carregada for N, então o valor da tensão vertical é dado por  =
0.005Nq

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