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PROPÓSITO
Compreender a origem, saber quantificar e mitigar os recalques por adensamento,
responsáveis por grande parte das patologias e problemas pós-construção que
envolvem o solo de fundação, a partir da Teoria do Adensamento de Terzaghi e da
interpretação de ensaios de laboratório.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos uma calculadora científica.
/
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
ADENSAMENTO DO SOLO
/
MÓDULO 1
O FENÔMENO DO ADENSAMENTO
Imagine que uma obra civil qualquer, como um edifício ou um aterro, será
construída em um solo de fundação que possui diversas camadas de solos de
distintas origens e características. /
Foto: Shutterstock.com
Sabemos que o solo saturado é um material bifásico constituído por grãos (fase
sólida) e água (fase líquida), em que a tensão total (
TENSÃO EFETIVA (
Σ′
σ = σ′ + u
Δσ
na argila.
Se o Princípio das Tensões Efetivas preconiza que só pode haver variação da tensão
efetiva se houver variação de volume ou distorção, e, se segundo a Lei de Darcy,
não pode haver variação de volume instantânea, só nos resta concluir que, no
tempo
t1 = 0
Δσ
Δu
):
t 1 = 0 : σ + Δσ = σ ′ + u + Δu t1, para Δσ = Δu t1
Como a água não possui resistência ao cisalhamento, com o tempo, ela procurará
se livrar do aumento de tensão que sofreu, transferindo a carga aplicada para os
grãos até que todo excesso seja suportado apenas por eles. Em outras palavras, no
tempo, o excesso de poro-pressão é transferido para um acréscimo de tensão
efetiva (
Δu → Δσ ′
):
Δσ = Δσ ′ /
) e não haja mais excesso de poro-pressão:
ATENÇÃO
Lembrando que a variação da tensão efetiva só ocorre com variação de volume, isto
é, a expulsão da água dos poros do solo. Afinal, ela sofreu um “estresse” que não
consegue suportar, e na natureza os elementos sempre procuram uma
configuração mais estável.
O que foi explicado até aqui nada mais é que o fenômeno do adensamento: a
expulsão de água dos poros de um solo saturado ao longo do tempo,
devido a um acréscimo de tensão, que tem como consequência o recalque
por adensamento e o ganho de tensão efetiva.
/
Podemos representar o que discutimos até aqui, que compõe a Teoria do
Adensamento de Terzaghi, por uma “Analogia de Molas”: seja um cilindro
preenchido por água em que submergimos uma mola. Sem cargas externas, a mola
estaria em condição indeformada.
SISTEMA A
SISTEMA B
SISTEMA C
SISTEMA D
SISTEMA A
SISTEMA B
A construção de uma obra civil qualquer pode ser representada pela aplicação de
uma carga (Δσ) a esse sistema. Pela Lei de Darcy e pelo Princípio das Tensões
Efetivas, quem suporta essa carga instantaneamente é a água que preenche o
cilindro, pois a mola não pode sofrer deformação instantânea.
/
SISTEMA C
SISTEMA D
ESTIMATIVA DE RECALQUES
A redução de volume no tempo e aumento de tensão efetiva que ocorre durante o
adensamento pode ser expresso por meio de um gráfico índice de vazios (e) versus
tensão efetiva vertical em escala semilogarítmica, chamada Curva de
Compressão:
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 3 – Curva de compressão.
Após essa fase inicial, o solo sofre grande variação de volume. Essa fase é chamada
de compressão, e a inclinação do trecho é chamada de coeficiente de
compressão (Cc).
Logo:
Δe R
CR = −
Δlogσ V′
Δe C
CC = −
Δlogσ V′
O sinal negativo indica que está havendo diminuição de volume. A tensão que
separa esses dois comportamentos é chamada de tensão de pré-adensamento
′
(σ p)
σ p′
σ 0′
. Isso pode ter ocorrido por uma retirada de carga ou uma erosão, por exemplo.
Esse tipo de solo é chamado sobreadensado ou pré-adensado.
A relação entre
′
σp
σ 0′
σ p′ / σ 0′ = OCR
σ 0′ = σ p′
( ) ( )
ρ = h 0 − h f = h v0 + h s − h vf + h s = h v0 − h vf
Onde
h0
hf
a final;
h v0
h vf
a final; e
hs
h0
Vs V v0
h 0 = h s + h v0 = +
A A
V v0 V vf
ρ A
− A V v0 − V vf
= =
h0 Vs V v0 V s − V v0
+
A A
ATENÇÃO
Onde
ρ / h0
εv
Vs
, tem que:
V v0 V vf
− e0 − ef
ρ Vs Vs △e
= = =
h0 Vs V v0 1 + e0 1 + e0
Vs
+ V
s
/
Δe
ρ= h
1 + e0 0
ATENÇÃO
Para
e0
ef
CR
CC
ρ=
h0
1 + e0 [ ( ) ( )]
C R log
σ′p
σ′0
σ′f
+ C C log ′
σp
σ f′
σ 0′
Δσ ′
/
(acréscimo de tensão). Note que, caso o solo seja normalmente adensado, inexiste
a parcela de recompressão e
′
σp
σ 0′
COMPRESSIBILIDADE
Foto: Shutterstock.com
h0
em contato com camadas de areia por cima e por baixo. Como sabemos, a
permeabilidade da argila é muito menor que a da areia. Logo, quando uma carga é
aplicada, as areias e a argila se comportam de formas distintas.
ATENÇÃO
Quanto mais próximo das camadas de areia, menor o caminho que a água
“estressada” deve percorrer para ser expulsa dos vazios do solo. Dessa maneira, no
meio da camada de argila, a distância até as camadas de areia – chamadas
também de camadas drenantes – é máxima.
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 4 – Poro-pressão versus profundidade durante o adensamento.
MÃO NA MASSA
A) adensamento.
B) recalque.
C) cisalhamento.
D) desaguamento.
E) liquefação.
A) 0,54m.
B) 0,98m.
C) 0,11m.
D) 0,21m.
/
E) 0,43m.
/
IMAGEM: MIRELLA DALVI DOS SANTOS
A) 0,88m.
B) 0,39m.
C) 0,61m.
D) 0,76m.
E) 0,47m.
GABARITO
σ ’p
OCR = σ ’ → σ’ p = OCR. σ’ 0 = 2, 3. 26 = 59, 8kPa
0
ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f
σ'p
4
[ (
= 1 + 2 , 0 1, 2 log
14 + 12
14 )] = 0, 43m
/
ESTIMATIVA DE RECALQUES EM SOLOS
SOBREADENSADOS
GABARITO
TEORIA NA PRÁTICA
Em regiões de baixada, os solos depositados apresentam altos índices de vazios,
que inferem grande compressibilidade. Na região da Barra da Tijuca – Rio de
Janeiro, os índices de vazios podem chegar a 10, o que significa que grandes
recalques por adensamento são esperados quando se deseja construir acima
desses solos.
RESOLUÇÃO
/
Veja a resolução no vídeo abaixo:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) 60
B) 0,60
C) 9
D) 30
E) 36 /
2. UM ENGENHEIRO CIVIL ESTIMOU QUE O ACRÉSCIMO DE
CARGA A SER APLICADO EM UMA ARGILA SERIA DE 40KPA.
SABENDO QUE A TENSÃO EFETIVA INICIAL É DE 64KPA E A DE
PRÉ-ADENSAMENTO, 73,6KPA, A RAZÃO DE
SOBREADENSAMENTO (OCR) DESSE SOLO É IGUAL A
A) 0,87
B) 1,41
C) 0,71
D) 1,84
E) 1,15
GABARITO
ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f
σ'p
4
[ (
= 1 + 3 1, 4 log
72 + 12 . 10
72 )] = 0, 596m = 60cm
MÓDULO 2
OS PARÂMETROS DO ADENSAMENTO
AS HIPÓTESES DA TEORIA DO
ADENSAMENTO DE TERZAGHI
/
Foto: Shutterstock.com
1 O solo é homogêneo;
2 O solo é saturado;
durante o adensamento; e
SAIBA MAIS
PARÂMETROS DO ADENSAMENTO
Quando o processo de adensamento já se encontra em desenvolvimento, é muito
útil saber quanto ainda de recalque a camada sofrerá. Para tal, define-se o grau de
adensamento
¯
(U)
/
¯ ε (t) ρ(t) e 0 − e(t) σ′(t) − σ′ 1
U= = = =
εf ρ e(t) − e f σ′ f − σ′ 1
ATENÇÃO
Para
ε(t)
ρ(t)
e(t)
σ ′ (t)
qualquer.
¯
U
σ' f - σ ' ( t ) = |u 0 - u( t ) |
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal /
O grau de adensamento também pode ser escrito como o grau de dissipação da
poro-pressão:
()
u0 - u t
ˉ =
U u0
O coeficiente de compressibilidade (
aV
e0 - ef ef - e0 de de
av = σ ' - σ ' = - ' ' = - = du
f 0 σ f-σ 0 dσ '
ATENÇÃO
av
) com de compressão (
CC
)!
mV
dε V
mV =
dσ ′
Note que:
(
aV = 1 + e0 mV ) /
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
cV
∂u k(1 + e)
cV = =
∂t av γw
av
o coeficiente de compressibilidade e
γw
c Vt
T=
Hd2
Sendo
Hd
h0
h0 / 2
. Caso só exista uma camada drenante na fronteira e a outra seja, por exemplo,
uma rocha sã,
Hd = h0
/
:
EQUAÇÃO E CURVA DO
ADENSAMENTO
Os parâmetros do adensamento se combinam para formar a Equação do
Adensamento, cuja solução é dada definindo condições de contorno, de forma a
chegarmos à sua solução:
∞
ˉ =1−
U ∑
m=0
2
M (
sen
Mz
Hd ) 2 π
e − M T, M = (2m + 1)
2
Uma condição de contorno é que o adensamento não se dá por igual para toda
profundidade, pois a dissipação da poro-pressão ocorre muito mais rapidamente
próximo às fronteiras drenantes e mais lentamente no meio da camada
compressível.
Assim, para diversos tempos após o carregamento, a solução gráfica é dada por:
/
Imagem: Pinto (2006, p. 213)
Figura 6 – Grau de adensamento em função da profundidade e do fator tempo.
∞
2
U=1− ∑ M²
2
e −M T
m=0
/
Imagem: Pinto (2006, p. 214)
Figura 7 – Curva de adensamento
ATENÇÃO
• uma para U menor que 60%, em que a relação com o fator tempo T é parabólica;
T= ()
π
4
U 2 => U ≤ 0, 6
U U U
T T T
(%) (%) (%)
/
U U U
T T T
(%) (%) (%)
30 0,0707 65 0,340
ENSAIO EDOMÉTRICO
O ensaio edométrico é o mais empregado para simular o adensamento em
laboratório. Nesse ensaio, confina-se uma amostra de solo indeformado em um anel
rígido de aço, de modo que as laterais da amostra não sofram deformação.
São colocadas pedras porosas no topo e na base da amostra, de modo que o fluxo
seja vertical por duas fronteiras drenantes. Um esquema da montagem da amostra
encontra-se ilustrado na figura a seguir.
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 8 – Montagem esquemática do ensaio edométrico.
Δσ
SAIBA MAIS
/
MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DA
TENSÃO DE PRÉ-ADENSAMENTO
Para determinar a razão de sobreadensamento de um solo e saber se ele possuirá
comportamento sobreadensado ou normalmente adensado em campo após a
aplicação de um carregamento, é preciso conhecer qual a sua tensão de pré-
adensamento (
′
σp
).
σ p′
rh
) a partir de A.
3
/
Traçar uma reta tangente (
rt
) a partir de A.
^
rh
rh
rt
rv
).
Determinar
σ p′
rv
com
/
rb
rh
e0
).
rV
/
) até que toque a reta
rh
no ponto A.
Traçar uma reta vertical a partir de A até encontrar a curva de compressão no ponto
B.
rV
no ponto C.
Determinar
′
σp
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 11 – Determinação de
σ p′
cV
h0
/
).
δt
δ 4t
Somar a diferença
δ t – δ 4t
5
/
Estimar a altura final do corpo de prova para o final do adensamento primário (
hf
/
RESSALTA-SE QUE 0,197 É O FATOR TEMPO
CORRESPONDENTE A U = 0,50, DA TABELA
APRESENTADA NO MÓDULO 1,
HD
T 50
hi − h0
/
).
Traçar uma reta com as abscissas iguais a 1,15 vezes as abscissas correspondentes
da reta inicial, a partir do início do adensamento (após a compressão inicial).
A interseção da reta com a curva do ensaio indica o ponto em que teriam ocorrido
90% do adensamento. Como pela equação parabólica da parte inicial da curva de
adensamento para U = 0,90 e T = 0,64, a raiz quadrada é 0,80, e pela solução da
teoria do adensamento para U = 0,90 T = 0,848, cuja raiz quadrada é 0,92:
t 90
).
2 2
T 90 H D 0, 848 H D
CV = =
T 90 T 90
4
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 13 – Determinação do coeficiente de adensamento pelo Método de Taylor.
MÃO NA MASSA
A) fator tempo.
B) coeficiente de compressão.
C) coeficiente de adensamento.
D) grau de adensamento.
E) coeficiente de deformabilidade.
A) 2,36 . 10-8.
B) 2,13 . 10-5.
C) 5,91 . 10-5.
D) 2,36 . 10-4.
E) 5,91 . 10-9.
A) 4,22 anos.
B) 2,99 anos.
C) 16,88 anos.
D) 11,95 anos.
E) 4,98 anos.
A) 100,00 anos.
B) 200,00 anos.
C) 168,88 anos.
D) 103,22 anos. /
E) 202,22 anos.
A) 1 ano.
B) 2,6 anos.
C) 1,3 anos.
D) 8,1 anos.
E) 3,3 anos.
A) 3,214.
B) 0,012.
C) 1,244.
D) 0,062.
E) 0,622.
GABARITO
/
Segundo a Teoria do Adensamento de Terzaghi, a velocidade de ocorrência do
adensamento é chamada de coeficiente de adensamento.
Como no ensaio edométrico são colocadas duas pedras porosas nas extremidades
verticais da amostra:
h 50 3,6
H d , 50 = 2
= 2 = 1, 8 cm = 0, 018m
/
4. Uma argila mole de 8m de espessura, uma fronteira drenante e
c Vt Hd2 82
T= → t = T c = 1, 129 . 0 , 70 = 103, 22 anos
Hd2 V
adensamento de 2,2 x 10-8 m²/s. Sabendo que essa camada possui duas
fronteiras drenantes, o tempo para que ocorra 60% dos recalques será de
Para o grau de adensamento de 60%, o fator tempo pode ser retirado da tabela
como equivalente a 0,287. Que também poderia ser calculado pela fórmula:
T= () ()
π
4
U2 =
π
4
0, 6 2 = 0, 287
A partir da fórmula do fator tempo, o tempo para que ocorra o adensamento pode
ser calculado por:
/
Hd 2 ( )
5
2
2
t = T c = 0, 287 . = 8, 15 . 10 7 s ≅ 2, 6 anos
V 2 , 2 . 10 - 8
k(1+e) k(1+e) ( 1 , 12 . 10 ) ( 1 + 1 )
-9
cV = a γ → av = c γ = = 0, 012kPa - 1
v w V w
( 1 , 8 . 10 ) ( 10 )
-8
GABARITO
TEORIA NA PRÁTICA
Suponha que você seja o engenheiro responsável pelo projeto de um aterro de
grandes dimensões com 3m de altura e 18kN/m³ em um solo que tenha índice de
vazios inicial de 10. Sabendo que esse solo se encontra em condição normalmente
adensada, que possui uma espessura de 8,6m, peso específico de 14kN/m³, dupla
drenagem, que seu coeficiente de compressão é de 2,0 e de adensamento
0,7m²/ano, responda:
RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
/
ESTIMATIVA DE RECALQUES EM SOLOS
COMPRESSÍVEIS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) 2,63 anos.
B) 10,50 anos.
C) 1 ano.
D) 6,09 anos.
E) 12 anos.
/
APÓS 2 ANOS ESSE SOLO HAVIA RECALCADO 10CM, O
COEFICIENTE DE ADENSAMENTO DESSE SOLO VALE
A) 0,04m²/ano.
B) 0,64m²/ano.
C) 1,57m²/ano.
D) 2,54m²/ano.
E) 0,39m²/ano.
GABARITO
Hd2 22
t = T c = 0, 197 . 0 , 30
= 2, 63 anos
V
/
Após 2 anos, o recalque desenvolvido em relação ao total estimado é 10/25 = 0,4.
Ou seja, U = 40%. Da tabela, para esse valor de U, o fator tempo é de 0,126.
c Vt T Hd ² 0 , 126 . 2 , 5 2
T= → cV = t
= 2
= 0, 39m 2 / ano
Hd2
MÓDULO 3
DESENVOLVIMENTO DO
ADENSAMENTO EM CAMPO
/
AJUSTE NO COEFICIENTE DE
ADENSAMENTO
Observa-se que em casos reais de adensamento em campo os tempos para o
desenvolvimento dos recalques são menores em relação àqueles indicados pela
Teoria do Adensamento de Terzaghi. Tal fato pode ser atribuído aos seguintes
fatores:
Hd
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 14 – Estrato de solo com a presença de lente de areia.
cV
cv
TAYLOR
Referente a
√t
CASAGRANDE
Referente ao
log(t)
SAIBA MAIS
AMOLGAMENTO
e0
) é menor.
O coeficiente de recompressão (
2 CR
) é maior.
σ p′
/
).
A tensão de pré-adensamento (
4 σ p′
) é menor.
O coeficiente de compressão (
5 CC
) é menor.
/
SAIBA MAIS
CC
Foto: Shutterstock.com
Por outro lado, caso o trecho de recompressão seja mais expressivo que o de
compressão para o nível de tensões a ser imposto em campo, como o
CR
/
SAIBA MAIS
ADENSAMENTO SECUNDÁRIO
No módulo anterior, vimos na relação teórica entre UxT que após o
desenvolvimento do adensamento a curva se aproxima a uma assíntota horizontal.
No entanto, nota-se em curvas obtidas em laboratório que após o adensamento
previsto pela Teoria do Adensamento de Terzaghi há uma mudança na inclinação da
curva e a continuação da deformação no tempo.
Adensamento primário
Adensamento secundário
σ′ /
= constante).
RESPOSTA
A Mecânica dos Solos Clássica, que estudamos no curso de Engenharia Civil, não
possui ainda uma resposta para essa pergunta. Nas últimas décadas, muitas
pesquisas foram desenvolvidas para tentar explicar o fenômeno do adensamento
secundário, sendo que a maioria delas envolve a aplicação de conceitos de
mecânica dos fluidos, reologia ou de ligações químicas entre partículas dos solos.
O fato é que mesmo que ainda não saibamos por que o fenômeno ocorre, é
importante que se tenha em mente que ele deve ser considerado em projetos.
Como o adensamento secundário ocorre muito lentamente, a deformação
acumulada devido a esse fenômeno pode ser expressiva mesmo décadas, centenas
e milhares de anos após a construção.
EXEMPLO
Enquanto não sabemos o que está por trás do adensamento secundário, a forma
mais rotineira para se calcular o recalque secundário é por meio do coeficiente de
adensamento secundário (
Cα /
), dado pela inclinação do trecho final da curva deformação x tempo em termos da
deformação específica (
):
ΔH
Δε H0
C αε = =
Δlog t Δlogt
Δe
C αe =
Δlogt
C αe
C αε =
1 + e0
SAIBA MAIS
/
Segundo Pinto (2006),
C αε
Cα
, existem severas limitações por trás dessa abordagem. Uma delas é que o solo não
pode se deformar infinitamente até que o índice de vazios chegue a zero. Ou seja,
esse coeficiente deve diminuir com o passar o tempo, de modo que a curva
deformação x tempo chegue a uma assíntota horizontal.
MÃO NA MASSA
/
A) estimar um recalque menor para o trecho de compressão.
/
E) o recalque em campo será duas vezes menor que o estimado.
A) 8 cm
B) 4 cm
C) 40 cm
D) 80 cm
E) 100 cm
/
6. DURANTE A AMOSTRAGEM DE UM SOLO ARGILOSO MOLE
PARA REALIZAÇÃO DE ENSAIO EDOMÉTRICO, A AMOSTRA FOI
AMOLGADA DURANTE O TRANSPORTE, DE MODO QUE O
COEFICIENTE DE COMPRESSÃO ERA 15% MENOR QUE AQUELE
EFETIVAMENTE OBSERVADO EM CAMPO. SABENDO QUE A
ARGILA ERA NORMALMENTE ADENSADA, O RECALQUE
ESTIMADO NO PROJETO COM PARÂMETROS AMOLGADOS FOI
GABARITO
A presença de lentes de areia em solos compressíveis faz com que haja um material
de alta permeabilidade, diminuindo a distância de drenagem e o tempo para
ocorrência do adensamento. O recalque estimado é de mesma magnitude, assim
/
como o coeficiente de adensamento, pois essas grandezas dependem dos
parâmetros de compressibilidade da argila, principalmente.
( )
h0 2
T
2
t1 = cV
( )
h0 2
T 4
t2 = cV
Assim:
T h 20
t1 4c V 16
= = =4
t2 T h 20 4
16 c V
ρ 2 = 1% . 8 = 0, 08 m = 8cm
/
O recalque em uma argila normalmente adensada pode ser calculada por:
ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f
σ'p
ρ amolgado CC
amolgado
ρ campo
= C = 1 - 0, 15 = 0, 85
C campo
GABARITO
TEORIA NA PRÁTICA
Para a elaboração de projetos de fundações, é comum a realização de ensaios de
simples reconhecimento (SPT) para reconhecimento da estratigrafia do solo. Devido
à natureza desse ensaio, muitas vezes camadas pouco espessas não são
identificadas. Um engenheiro durante a elaboração do projeto de um edifício de 20
andares, estudou como se daria o adensamento da camada compressível
identificada no ensaio SPT. O recalque estimado foi de 50cm, e o tempo para
ocorrência dessa deformação de 6 anos. Sabendo que havia uma lente de areia
simetricamente posicionada nessa camada de argila que não foi identificada para o
projeto, responda:
RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
/
PRESENÇA DE LENTES DE AREIA EM SOLOS
COMPRESSÍVEIS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) 12 meses
B) 6 meses
C) 24 meses
D) 3 meses
E) 18 meses
GABARITO
ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C R log
σ'p
σ'0
ρ amolgado CR
amolgado 0 , 14
ρ campo
= C = 0 , 10 = 1, 40
R campo
/
lente de areia no meio da camada. O tempo que efetivamente levará para
a ocorrência do adensamento será de:
situação. Para t1 o tempo sem a lente de areia, e t2 o tempo com a lente de areia,
tem-se que:
( )
h0 2
T
2
t1 cV 42
= = =4
t2 22
T
( )
h0
4
2
16 c V
t1 2
t2 = 4
= 4 = 0, 5 ano = 6 meses
MÓDULO 4
EFEITOS E MITIGAÇÃO DE
RECALQUES EM OBRAS CIVIS
/
EFEITOS DO ADENSAMENTO
Foto: Shutterstock.com
trincas a 45°;
ruptura de tubulações;
desaprumos.
/
Veja a seguir a definição de dois tipos de recalque:
Recalques diferenciais
Recalque uniforme
MONITORAMENTO DO ADENSAMENTO
Para saber se o que foi previsto em projeto é o que efetivamente ocorre em campo,
deve-se implantar instrumentos geotécnicos de monitoramento que meçam
grandezas de controle para comparação ao que era esperado em projeto.
/
Para monitoramento das deformações, os instrumentos mais comuns são os
marcos superficiais ou placas de recalque. Esses instrumentos medem cotas
que, quando comparadas a um ponto fixo indeslocável, dão medidas de
deslocamento:
Imagem: Pires(2007)
Figura 19 – Placa de recalque para monitoramento de recalque.
Foto: Lamiot/wikibooks.org
Figura 20 – Piezômetro para monitoramento de poro-pressão.
ATENÇÃO
SUBMERSÃO
No módulo 1, vimos que a estimativa de recalques depende dos parâmetros do solo
e das tensões efetivas inicial, final e de pré-adensamento. Considere o caso no qual
o acréscimo de tensões é dado pela construção de um aterro em grandes
dimensões de peso específico
e altura
Δσ
pode ser dado por γH. No entanto, à rigor, com o desenvolvimento dos recalques
por adensamento no tempo, parte do aterro vai ficando submerso, de modo que o
peso específico dessa região abaixo do nível d’água fique saturado, conforme
ilustrado na figura seguinte.
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 21 – Aterro com submersão.
( )
Δσ = γ H − h sub + γ subh sub
Para
γ sub
γ sub
):
γ sub = γ sat − γ w
Calcular o recalque
ρ1
Δσ 2
h sub
, equivale a
ρ1
Calcular o recalque
ρ2
h sub = ρ 1
submerso.
ρ2
Calcular o recalque
ρ3
h sub = ρ 2
submerso.
Esse será o recalque mais próximo da realidade, uma vez que foi considerada a
submersão do aterro. Geralmente, duas ou três tentativas são suficientes para que
os resultados sejam convergentes.
MITIGAÇÃO DE RECALQUES EM
CAMPO /
Digamos que após a estimativa do adensamento por meio das ferramentas que
aprendemos nos módulos anteriores, o projetista chegue à conclusão de que a
deformação que ocorra no tempo inviabilize a construção porque, por exemplo,
após alguns anos haveria um degrau entre o nível do terreno e a obra.
REMOÇÃO DO SOLO
ATENÇÃO
Segundo Almeida e Marques (2014), essa técnica só deve ser vantajosa para
camadas de até 4,0m.
Cabe ressaltar que o solo argiloso compressível nem sempre ocorre na superfície do
terreno. Portanto, ainda que a camada de argila seja pouco espessa, se ela estiver
em profundidade, após várias estratigrafias distintas, o processo de remoção será
inviável.
Outro ponto importante é que solos argilosos são pouco aproveitáveis em outras
atividades da construção civil (construção de aterros e fabricação de outros
materiais), como a areia pode ser utilizada no concreto.
/
Foto: Shutterstock.com
A argila pode ser utilizada na confecção blocos cerâmicos, por exemplo, mas é
importante ter em mente que o material escavado deve ser destinado a um local
ambientalmente certificado. Caso esse local seja distante do local de escavação, o
transporte custoso pode inviabilizar essa atividade.
MELHORAMENTO DO SOLO
/
PRÉ-CARREGAMENTO
ATENÇÃO
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Como esse tipo de fundação transfere as cargas para o solo pela sua ponta e pelo
atrito lateral, a carga que chega no solo argiloso é menor, diminuindo os recalques
associados.
DRENOS VERTICAIS
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
Figura 23 – Drenos verticais para aceleração de recalques.
O efeito dos drenos verticais é de diminuir o caminho de drenagem e fazer com que
o fluxo seja radial, de modo que o tempo para que ocorra o recalque seja menor,
conforme vimos no módulo 3.
MÃO NA MASSA
B) piezômetros.
C) marcos superficiais.
D) medidor de vazão.
E) inclinômetros.
A) 66%
B) 33%
C) 50%
D) 60%
E) 25%
/
4. UMA CAMADA DE ARGILA COMPRESSÍVEL RECEBERÁ UM
ATERRO DE 2,5M DE ALTURA E PESO ESPECÍFICO DE 19KN/M³.
SABENDO QUE A ARGILA SE ENCONTRA NORMALMENTE
ADENSADA E QUE FOI ESTIMADO QUE O ATERRO ESTARIA COM
30% DE SUA ALTURA SUBMERSO APÓS O ADENSAMENTO, O
RECALQUE DESSA ARGILA É DE:
A) 75 cm
B) 57 cm
C) 47,5 cm
D) 62 cm
E) 30 cm
A) 24
B) 30
C) 21
D) 29,7
E) 27
A) 13,5 kPa
B) 10 kPa
C) 6 kPa
D) 4,5 kPa
E) 1,5 kPa
GABARITO
ρ(t) 80
ˉ =
U = = 66%
ρ 120
O recalque sofrido pela argila deve ser de mesma magnitude que a submersão do
aterro. Logo:
ρ = 0, 30 . 2, 5 = 0, 75m = 75cm
5. O recalque por adensamento foi estimado para uma argila mole que
receberá um aterro de grandes dimensões e 1,5m de altura em sua
superfície. Sabendo que o peso específico do material do aterro é de
20kN/m³ e que após o adensamento a argila sofrerá um recalque de 30cm,
o acréscimo de carga que esse aterro efetivamente aplica na argila é, em
kPa:
O acréscimo de carga para aterros de grandes dimensões que possui parte de sua
altura submersa pode ser calculado por:
( )
Δσ = γ H - h sub + γ subh sub = 20(1, 5 - 0, 3) + (20 - 10)0, 3 = 27 kPa
MONITORAMENTO DO ADENSAMENTO
GABARITO
TEORIA NA PRÁTICA
Seja uma camada de argila mole de 4m de espessura que receberá um aterro de
grandes dimensões, 20kN/m³ de peso específico e 2m de altura. Sabendo que nos
ensaios realizados em amostras desse solo foram encontrados: um coeficiente de
recompressão igual a 0,12; de compressão igual a 1,4; OCR de 1,8; um índice de
vazios inicial de 3,50 e um peso específico de 14kN/m³, calcule o recalque esperado
para essa camada considerando a submersão do aterro.
RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
A) 1,30m
B) 1,40m
C) 1,50m
D) 1,60m
E) 1,70m
B) 2,07m
C) 4,55m
D) 1,76m
E) 1,76m
GABARITO
ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f
σ'p
=
3,5
1+1,8 [ (
1, 3 log
[ 7 + 17 . 3 , 5 ]
7 )] = 1, 59m
ρ=
3,5
1+1,8 [ (
1, 3 log
[ 7 + ( 17 . ( 3 , 5 - 1 , 59 ) + ( 17 - 10 ) . 1 , 59 ) ]
7 )] = 1, 39m
ρ=
3,5
1+1,8 [ (
1, 3 log
[ 7 + ( 17 . ( 3 , 5 - 1 , 39 ) + ( 17 - 10 ) . 1 , 39 ) ]
7 )] = 1, 42m
¯ ρ(t) ρ(t) 1, 5
U= →ρ= = = 1, 76m
ρ ¯ 0, 85
U
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, você aprendeu sobre o adensamento: por que ele ocorre, como ele
ocorre, como quantificá-lo, por quanto tempo ele ocorre, em que tipo de solo ele
ocorre e como lidar com seus efeitos.
/
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. S. S.; MARQUES, M. E. S. Aterros sobre solos moles – projeto e
desempenho. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2014. 245p.
PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2006, 367p.
EXPLORE+
Pesquise e leia o artigo O que vem a ser recalque nas fundações?, do blog
GeoSensori, que exemplifica o recalque uniforme e diferencial.
Pesquise e leia o artigo Prédios tortos de Santos: como eles estão hoje?, do
blog Massa Cinzenta, que explica como foram recuperados os prédios
/
recalcados da orla de Santos-SP.
CONTEUDISTA
Mirella Dalvi dos Santos
CURRÍCULO LATTES