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DESCRIÇÃO

A Teoria do Adensamento de Terzaghi; a compressibilidade de argilas; o recalque; a


deformação e o deslocamento no tempo.

PROPÓSITO
Compreender a origem, saber quantificar e mitigar os recalques por adensamento,
responsáveis por grande parte das patologias e problemas pós-construção que
envolvem o solo de fundação, a partir da Teoria do Adensamento de Terzaghi e da
interpretação de ensaios de laboratório.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos uma calculadora científica.

/
OBJETIVOS

MÓDULO 1

Reconhecer o fenômeno do adensamento e estimar os recalques

MÓDULO 2

Calcular parâmetros do adensamento para estimar o tempo de ocorrência dos


recalques

MÓDULO 3

Reconhecer os possíveis desvios do adensamento em campo com relação à Teoria


do Adensamento de Terzaghi

MÓDULO 4

Reconhecer os efeitos do adensamento e saber como mitigá-los em obras civis

ADENSAMENTO DO SOLO

/
MÓDULO 1

 Reconhecer o fenômeno do adensamento e estimar os recalques

RECALQUES POR ADENSAMENTO E


COMPRESSIBILIDADE DE ARGILAS

O FENÔMENO DO ADENSAMENTO
Imagine que uma obra civil qualquer, como um edifício ou um aterro, será
construída em um solo de fundação que possui diversas camadas de solos de
distintas origens e características. /
Foto: Shutterstock.com

Sabemos que o solo saturado é um material bifásico constituído por grãos (fase
sólida) e água (fase líquida), em que a tensão total (

) nesse solo pode ser dividida em duas parcelas:

PORO-PRESSÃO OU PRESSÃO NEUTRA (U)

Age na água em todas as direções.

TENSÃO EFETIVA (

Σ′

Sentida pelos grãos sólidos.

σ = σ′ + u

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A construção de um edifício nesse solo é traduzida por um acréscimo de carga (


/
Δσ

), que provoca o aumento da tensão total em

Δσ

na argila.

Se o Princípio das Tensões Efetivas preconiza que só pode haver variação da tensão
efetiva se houver variação de volume ou distorção, e, se segundo a Lei de Darcy,
não pode haver variação de volume instantânea, só nos resta concluir que, no
tempo

t1 = 0

(instantaneamente após a aplicação da carga),

Δσ

deve ser suportado exclusivamente pela água.

Essa carga extra suportada pela água é chamada de excesso de poro-pressão (

Δu

):

t 1 = 0 : σ + Δσ = σ ′ + u + Δu t1, para Δσ = Δu t1

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Como a água não possui resistência ao cisalhamento, com o tempo, ela procurará
se livrar do aumento de tensão que sofreu, transferindo a carga aplicada para os
grãos até que todo excesso seja suportado apenas por eles. Em outras palavras, no
tempo, o excesso de poro-pressão é transferido para um acréscimo de tensão
efetiva (

Δu → Δσ ′

):

t 2 > 0 : σ + Δσ = σ ′ + Δσ t2′ + u + △u t2, para Δσ t2′ = Δu t1 − Δu t2

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Essa transferência ocorrerá até que o acréscimo de tensão efetiva se iguale ao


acréscimo de tensão aplicado (

Δσ = Δσ ′ /
) e não haja mais excesso de poro-pressão:

t 3 → ∞ : σ + Δσ = σ ′ + Δσ t3′ + u, para Δσ t3′ = Δσ

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 ATENÇÃO

Lembrando que a variação da tensão efetiva só ocorre com variação de volume, isto
é, a expulsão da água dos poros do solo. Afinal, ela sofreu um “estresse” que não
consegue suportar, e na natureza os elementos sempre procuram uma
configuração mais estável.

A saída de água resulta, naturalmente, na diminuição da camada do solo. A essa


diminuição dá-se o nome de recalque por adensamento (

). Ressalta-se que em fundações, devido às grandes dimensões em planta, o


recalque é tomado na vertical, assim como a tensão efetiva:

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos, adaptada por Renato Teixeira


 Figura 1 – Recalque por adensamento em solo de fundação.

O que foi explicado até aqui nada mais é que o fenômeno do adensamento: a
expulsão de água dos poros de um solo saturado ao longo do tempo,
devido a um acréscimo de tensão, que tem como consequência o recalque
por adensamento e o ganho de tensão efetiva.
/
Podemos representar o que discutimos até aqui, que compõe a Teoria do
Adensamento de Terzaghi, por uma “Analogia de Molas”: seja um cilindro
preenchido por água em que submergimos uma mola. Sem cargas externas, a mola
estaria em condição indeformada.

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 2 – Analogia de molas de Terzaghi para o processo de adensamento.

SISTEMA A
SISTEMA B
SISTEMA C
SISTEMA D

SISTEMA A

Nesse sistema, a mola representa os grãos de solo, e a água é a que preenche os


vazios do solo de fundação.

SISTEMA B

A construção de uma obra civil qualquer pode ser representada pela aplicação de
uma carga (Δσ) a esse sistema. Pela Lei de Darcy e pelo Princípio das Tensões
Efetivas, quem suporta essa carga instantaneamente é a água que preenche o
cilindro, pois a mola não pode sofrer deformação instantânea.

/
SISTEMA C

Com o tempo, a água “estressada” verte do cilindro, procurando a pressão


atmosférica e dissipando a poro-pressão. Nesse processo, sobra para a mola
suportar a carga aliviada e, como consequência, ela sofre deformação: é a
manifestação do adensamento!

SISTEMA D

O processo termina quando a água não possui mais excesso de poro-pressão e a


mola suporta sozinha a carga aplicada. O ganho de tensão efetiva sofrido pela mola
deve ter a mesma magnitude da tensão inicialmente aplicada, e toda deformação
sofrida pela mola representa o recalque por adensamento.

ESTIMATIVA DE RECALQUES
A redução de volume no tempo e aumento de tensão efetiva que ocorre durante o
adensamento pode ser expresso por meio de um gráfico índice de vazios (e) versus
tensão efetiva vertical em escala semilogarítmica, chamada Curva de
Compressão:

/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 3 – Curva de compressão.

Observando o formato dessa curva, dois comportamentos distintos podem ser


enunciados:

Na parte inicial da curva há significativa variação de tensão vertical efetiva sem


grande variação de volume. Essa fase é chamada de recompressão, e a inclinação
do trecho é chamada de coeficiente de recompressão (CR);


Após essa fase inicial, o solo sofre grande variação de volume. Essa fase é chamada
de compressão, e a inclinação do trecho é chamada de coeficiente de
compressão (Cc).

Os coeficientes CC e CR são admitidos como constantes durante o adensamento.

Logo:

Δe R
CR = −
Δlogσ V′

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Δe C
CC = −
Δlogσ V′

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal


/
 ATENÇÃO

O sinal negativo indica que está havendo diminuição de volume. A tensão que
separa esses dois comportamentos é chamada de tensão de pré-adensamento


(σ p)

Quando um solo apresenta esses dois trechos na curva de compressão, significa


que anteriormente esse solo chegou a sofrer uma tensão

σ p′

e foi descarregado até

σ 0′

. Isso pode ter ocorrido por uma retirada de carga ou uma erosão, por exemplo.
Esse tipo de solo é chamado sobreadensado ou pré-adensado.

A relação entre


σp

σ 0′

é chamada de razão de sobreadensamento (RSA), mais conhecida como OCR,


que no inglês significa overconsolidation ratio. Quanto maior o OCR, mais
sobreadensado é o solo.

σ p′ / σ 0′ = OCR

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Quando um solo não apresenta a parte inicial de recompressão, e sua tensão


efetiva inicial coincide com a tensão de pré-adensamento (

σ 0′ = σ p′

), entende-se que o solo nunca passou por descarregamentos passados, sendo


chamado de normalmente adensado. O trecho de compressão do solo após
/
σ p′

é também chamado de compressão virgem.

PODEMOS CONCLUIR QUE A TENSÃO DE PRÉ-


ADENSAMENTO É A MAIOR TENSÃO VERTICAL
EFETIVA QUE O SOLO JÁ SE SUBMETEU EM TODA A
SUA HISTÓRIA. ESSA TENSÃO PODE SER OBTIDA
PELOS GRÁFICOS QUE SERÃO APRESENTADOS NO
MÓDULO 2.
A deformação sofrida por um solo por causa do adensamento – o recalque (

) – pode ser obtida por:

( ) ( )
ρ = h 0 − h f = h v0 + h s − h vf + h s = h v0 − h vf

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Onde

h0

é a espessura de solo inicial e

hf

a final;

h v0

é a espessura de vazios inicial e

h vf

a final; e

hs

é o volume de sólidos, que não varia, pois os grãos são incompressíveis.

Como a espessura h é o volume de um sólido V dividido pela sua área da seção


transversal A, que, por sua vez, é constante, pois a deformação é unicamente
vertical, tem-se que:
/
V v0 V vf
ρ= −
A A

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Dividindo ambos os lados da equação acima por

h0

(sólidos mais vazios iniciais):

Vs V v0
h 0 = h s + h v0 = +
A A

V v0 V vf
ρ A
− A V v0 − V vf
= =
h0 Vs V v0 V s − V v0
+
A A

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 ATENÇÃO

Onde

ρ / h0

é a deformação específica vertical,

εv

Dividindo o lado direito por

Vs

, tem que:

V v0 V vf
− e0 − ef
ρ Vs Vs △e
= = =
h0 Vs V v0 1 + e0 1 + e0
Vs
+ V
s

/
Δe
ρ= h
1 + e0 0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 ATENÇÃO

Para

e0

ef

o índice de vazios inicial e final, respectivamente.

Voltando à curva de compressão, sabemos que a variação do índice de vazios pode


ser expressa em termos dos coeficientes de recompressão e compressão,

CR

CC

, e da tensão vertical efetiva. Logo:

ρ=
h0
1 + e0 [ ( ) ( )]
C R log
σ′p
σ′0
σ′f
+ C C log ′
σp

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Essa é a equação para estimativa de recalques por adensamento. Onde

σ f′

é a tensão efetiva final, dada por

σ 0′

Δσ ′
/
(acréscimo de tensão). Note que, caso o solo seja normalmente adensado, inexiste
a parcela de recompressão e


σp

σ 0′

COMPRESSIBILIDADE

Foto: Shutterstock.com

Seja uma camada de argila mole de espessura

h0

em contato com camadas de areia por cima e por baixo. Como sabemos, a
permeabilidade da argila é muito menor que a da areia. Logo, quando uma carga é
aplicada, as areias e a argila se comportam de formas distintas.

ENQUANTO A AREIA VAI CONSEGUIR EXPULSAR A


ÁGUA MUITO RAPIDAMENTE, SOFRENDO UM
RECALQUE IMEDIATO, A ARGILA DEMORARÁ UM
TEMPO CONSIDERÁVEL PARA QUE PASSE PELO
/
PROCESSO DE ADENSAMENTO. POR ESSE MOTIVO,
DIZ-SE QUE SOLOS ARGILOSOS, QUE SOFREM
RECALQUE POR ADENSAMENTO, SÃO SOLOS
COMPRESSÍVEIS.
A compressibilidade de uma argila pode ser estimada por meio de coeficientes
que aprenderemos no módulo 2.

Os fatores associados à compressibilidade são relacionados principalmente à sua


formação e mineralogia: solos marinhos e com presença de matéria orgânica são
mais compressíveis, assim como argilas compostas por montmorillonitas
apresentam maior compressibilidade que as compostas por caulinitas, por exemplo.
O que está por trás desse comportamento são ligações químicas e processos de
energia que não cabem ser explorados aqui.

 ATENÇÃO

Enquanto o recalque imediato pode ser calculado pela Teoria da Elasticidade, o


recalque por adensamento pode ser calculado pela Teoria do Adensamento de
Terzaghi, pois depende do tempo.

Quanto mais próximo das camadas de areia, menor o caminho que a água
“estressada” deve percorrer para ser expulsa dos vazios do solo. Dessa maneira, no
meio da camada de argila, a distância até as camadas de areia – chamadas
também de camadas drenantes – é máxima.

A figura a seguir expressa a poro-pressão (u) em termos da profundidade (z), onde


nota-se que u é máximo sempre no meio da camada de argila, e que, ao fim do
adensamento, a poro-pressão volta à condição hidrostática. Como no meio da
camada de argila o processo do adensamento demorará mais tempo para ser
concluído, esse é o ponto de referência para o cálculo das tensões da equação do
recalque.

/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 4 – Poro-pressão versus profundidade durante o adensamento.

MÃO NA MASSA

1. O PROCESSO DE EXPULSÃO DE ÁGUA, NO TEMPO, DOS


POROS DE UM SOLO DEVIDO À IMPOSIÇÃO DE UM ACRÉSCIMO
DE CARGA É CHAMADO NA MECÂNICA DOS SOLOS DE

A) adensamento.

B) recalque.

C) cisalhamento.

D) desaguamento.

E) liquefação.

2. COM A IMPOSIÇÃO DE UMA CARGA A UM SOLO ARENOSO, O


RECALQUE É SOFRIDO RAPIDAMENTE, ENQUANTO EM ARGILAS
ESSE RECALQUE PODE DEMORAR MUITO TEMPO PARA
OCORRER. ESSE FATO OCORRE DEVIDO À (AO)
/
A) coeficiente de permeabilidade da argila ser muito maior que o da areia.

B) coeficiente de permeabilidade da argila ser muito menor que o da areia.

C) índice de vazios da areia ser muito maior que o da argila.

D) índice de vazios da argila ser muito maior que o da areia.

E) espessura da camada de argila ser sempre maior que a da areia.

3. UM ENGENHEIRO CIVIL, DESEJANDO CONHECER O


COMPORTAMENTO DE UMA ARGILA DIANTE DA APLICAÇÃO DE
CARGAS, REALIZOU ENSAIOS NESSE MATERIAL E ENCONTROU
UMA TENSÃO EFETIVA INICIAL DE 26KPA E UM OCR DE 2,3.
SOBRE ESSE SOLO, PODE-SE DIZER QUE

A) ele é normalmente adensado, e a sua tensão de pré-adensamento é de


11,30kPa.

B) ele é normalmente adensado, e a sua tensão de pré-adensamento é de


59,80kPa.

C) ele é sobreadensado, e a sua tensão de pré-adensamento é de 59,80kPa.

D) ele é sobreadensado, e a sua tensão de pré-adensamento é de 11,30kPa.

E) ele é sobreadensado, e a sua tensão de pré-adensamento é de 26kPa.

4. UMA CAMADA DE ARGILA DE 4M DE ESPESSURA,


COEFICIENTE DE COMPRESSÃO DE 1,2, ÍNDICE DE VAZIOS
INICIAL DE 2,0 E TENSÃO EFETIVA INICIAL NO MEIO DA
CAMADA DE ARGILA DE 14KPA, RECEBERÁ UM ACRÉSCIMO DE
TENSÃO DE 12KPA. SEU RECALQUE SERÁ DE

A) 0,54m.

B) 0,98m.

C) 0,11m.

D) 0,21m.
/
E) 0,43m.

5. UMA CAMADA DE ARGILA DE 3M DE ESPESSURA APRESENTA


EM CAMPO UMA TENSÃO EFETIVA NO MEIO DA CAMADA DE
ARGILA DE 22KPA E OCR DE 1,8. SABENDO QUE SE DESEJA
CONSTRUIR UM ATERRO DE GRANDES DIMENSÕES QUE
APLICARÁ UMA CARGA DE 10KPA DIRETAMENTE NESSA
ARGILA, PODE-SE DIZER QUE

A) a argila apresentará um recalque devido à recompressão, apenas.

B) a argila apresentará um recalque devido à compressão, apenas.

C) a argila apresentará um recalque devido à recompressão e à compressão.

D) a argila apresentará um recalque devido a um descarregamento.

E) a argila não sofrerá recalques.

6. SEJA A ESTRATIGRAFIA ABAIXO DO SOLO DE FUNDAÇÃO


QUE RECEBERÁ UM ATERRO DE 1,5M DE ALTURA E PESO
ESPECÍFICO DE 18KN/M³. CONSIDERE QUE O PESO ESPECÍFICO
DA AREIA SATURADA SEJA DE 19KN/M³ E O DA ARGILA DE
15KN/M³; QUE O COEFICIENTE DE RECOMPRESSÃO DA ARGILA
SEJA DE 0,13, O DE COMPRESSÃO 1,3; QUE O OCR SEJA DE 1,5;
E QUE O ÍNDICE DE VAZIOS INICIAL DA ARGILA SEJA DE 2,3.

/
IMAGEM: MIRELLA DALVI DOS SANTOS

O RECALQUE SOFRIDO DEVIDO À CONSTRUÇÃO DO ATERRO


SERÁ DE

A) 0,88m.

B) 0,39m.

C) 0,61m.

D) 0,76m.

E) 0,47m.

GABARITO

1. O processo de expulsão de água, no tempo, dos poros de um solo


devido à imposição de um acréscimo de carga é chamado na Mecânica dos
Solos de

A alternativa "A " está correta.

O processo a que o enunciado se refere é o adensamento, o qual pode ser explicado


pela Teoria do Adensamento de Terzaghi. O recalque é o deslocamento que ocorre
em consequência do efeito do adensamento, pois a saída de água provoca uma
diminuição de volume no solo.

2. Com a imposição de uma carga a um solo arenoso, o recalque é sofrido


rapidamente, enquanto em argilas esse recalque pode demorar muito
/
tempo para ocorrer. Esse fato ocorre devido à (ao)

A alternativa "B " está correta.

O coeficiente de permeabilidade das areias é da ordem de 10-5cm/s enquanto o da

argila é da ordem de 10-7. Com menor permeabilidade, a expulsão da água dos


poros do solo devido ao acréscimo de carga é muito lenta, caracterizando o
adensamento.

3. Um engenheiro civil, desejando conhecer o comportamento de uma


argila diante da aplicação de cargas, realizou ensaios nesse material e
encontrou uma tensão efetiva inicial de 26kPa e um OCR de 2,3. Sobre
esse solo, pode-se dizer que

A alternativa "C " está correta.

O OCR é a divisão da tensão de pré-adensamento pela tensão efetiva inicial. Logo, a


tensão de pré-adensamento pode ser calculada por:

σ ’p
OCR = σ ’ → σ’ p = OCR. σ’ 0 = 2, 3. 26 = 59, 8kPa
0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Solos normalmente adensados apresentam OCR = 1,0, enquanto em solos


sobreadensados o OCR é maior que 1,0, como no caso enunciado.

4. Uma camada de argila de 4m de espessura, coeficiente de compressão


de 1,2, índice de vazios inicial de 2,0 e tensão efetiva inicial no meio da
camada de argila de 14kPa, receberá um acréscimo de tensão de 12kPa.
Seu recalque será de

A alternativa "E " está correta.

O recalque pode ser calculado por:

ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f

σ'p
4
[ (
= 1 + 2 , 0 1, 2 log
14 + 12
14 )] = 0, 43m

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

5. Uma camada de argila de 3m de espessura apresenta em campo uma


tensão efetiva no meio da camada de argila de 22kPa e OCR de 1,8.
Sabendo que se deseja construir um aterro de grandes dimensões que
aplicará uma carga de 10kPa diretamente nessa argila, pode-se dizer que
/
A alternativa "A " está correta.

A argila em questão apresenta uma tensão de pré-adensamento de:


σ ’p
OCR = σ ’ → σ’ p = OCR. σ’ 0 = 1, 8. 22 = 39, 6kPa
0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

E a tensão efetiva final, considerando a construção do aterro é de:

σ' f = σ' 0 + ∆ σ = 22 + 10 = 32kPa

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Como a tensão efetiva final é inferior à tensão de pré-adensamento, o recalque


sofrido será dado apenas pelo trecho de recompressão.

6. Seja a estratigrafia abaixo do solo de fundação que receberá um aterro


de 1,5m de altura e peso específico de 18kN/m³. Considere que o peso
específico da areia saturada seja de 19kN/m³ e o da argila de 15kN/m³;
que o coeficiente de recompressão da argila seja de 0,13, o de
compressão 1,3; que o OCR seja de 1,5; e que o índice de vazios inicial da
argila seja de 2,3.

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos

O recalque sofrido devido à construção do aterro será de

A alternativa "B " está correta.

Veja a solução no vídeo abaixo:

/
ESTIMATIVA DE RECALQUES EM SOLOS
SOBREADENSADOS

GABARITO

TEORIA NA PRÁTICA
Em regiões de baixada, os solos depositados apresentam altos índices de vazios,
que inferem grande compressibilidade. Na região da Barra da Tijuca – Rio de
Janeiro, os índices de vazios podem chegar a 10, o que significa que grandes
recalques por adensamento são esperados quando se deseja construir acima
desses solos.

Suponha que você seja o engenheiro responsável pelo projeto de um aterro de


grandes dimensões com 3m de altura e 18kN/m³ em um solo dessa região. Sabendo
que esse solo se encontra em condição sobreadensada com OCR de 1,6, para
coeficiente de compressão de 2,0 e de recompressão de 0,20, que possui uma
espessura de 8,6m e peso específico de 14kN/m³, responda:

a) Qual o recalque esperado no trecho sobreadensado?

b) Qual o recalque esperado no trecho normalmente adensado?

c) Qual o recalque total esperado para a camada de argila?

RESOLUÇÃO
/
Veja a resolução no vídeo abaixo:

ESTIMATIVA DE RECALQUES EM SOLOS


COMPRESSÍVEIS

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. UMA CAMADA DE ARGILA MOLE DE 4M DE ESPESSURA FOI


ENSAIADA EM LABORATÓRIO, ONDE SE ENCONTROU O
COEFICIENTE DE COMPRESSÃO DE 1,4 E ÍNDICE DE VAZIOS DE
3,0. SABENDO QUE A TENSÃO EFETIVA NO MEIO DESSA
CAMADA É DE 72KPA E QUE SERÁ CONSTRUÍDO UM EDIFÍCIO
DE 12 ANDARES NESSE SOLO, EM QUE CADA ANDAR
CONTRIBUI COM 10KPA NO ACRÉSCIMO DE CARGAS, O
RECALQUE TOTAL SERÁ, EM CENTÍMETROS:

A) 60

B) 0,60

C) 9

D) 30

E) 36 /
2. UM ENGENHEIRO CIVIL ESTIMOU QUE O ACRÉSCIMO DE
CARGA A SER APLICADO EM UMA ARGILA SERIA DE 40KPA.
SABENDO QUE A TENSÃO EFETIVA INICIAL É DE 64KPA E A DE
PRÉ-ADENSAMENTO, 73,6KPA, A RAZÃO DE
SOBREADENSAMENTO (OCR) DESSE SOLO É IGUAL A

A) 0,87

B) 1,41

C) 0,71

D) 1,84

E) 1,15

GABARITO

1. Uma camada de argila mole de 4m de espessura foi ensaiada em


laboratório, onde se encontrou o coeficiente de compressão de 1,4 e
índice de vazios de 3,0. Sabendo que a tensão efetiva no meio dessa
camada é de 72kPa e que será construído um edifício de 12 andares nesse
solo, em que cada andar contribui com 10kPa no acréscimo de cargas, o
recalque total será, em centímetros:

A alternativa "A " está correta.

O recalque pode ser calculado por:

ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f

σ'p
4
[ (
= 1 + 3 1, 4 log
72 + 12 . 10
72 )] = 0, 596m = 60cm

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

2. Um engenheiro civil estimou que o acréscimo de carga a ser aplicado


em uma argila seria de 40kPa. Sabendo que a tensão efetiva inicial é de
64kPa e a de pré-adensamento, 73,6kPa, a razão de sobreadensamento
(OCR) desse solo é igual a

A alternativa "E " está correta.


/
A razão de sobreadensamento é dada por:
σ ’p 73 , 6
OCR = σ ’ = 64
= 1, 15
0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

MÓDULO 2

 Calcular parâmetros do adensamento para estimar o tempo de


ocorrência dos recalques

OS PARÂMETROS DO ADENSAMENTO

AS HIPÓTESES DA TEORIA DO
ADENSAMENTO DE TERZAGHI

/
Foto: Shutterstock.com

Como a expulsão de água dos poros do solo argiloso, devido ao adensamento,


ocorre muito lentamente, faz-se importante estimar quanto tempo levará até que o
adensamento acabe, além de estimar a magnitude dos recalques.

Para tal, continuamos trabalhando com a Teoria do Adensamento de Terzaghi, cujas


hipóteses são:

1 O solo é homogêneo;

2 O solo é saturado;

A compressibilidade da água nos poros do solo e da água são


3
desprezíveis em relação ao conjunto solo-água;

O adensamento ocorre de forma homogênea em um solo, seja a


4
camada de pequena espessura, seja ela de grande espessura;

5 A compressão é unidimensional, na vertical;

6 O fluxo de água é unidimensional, na vertical;

7 Vale a Lei de Darcy;


/
8 Parâmetros físicos que variam durante o processo são admitidos como
constantes, como a permeabilidade do material;

O índice de vazios (e) varia linearmente com o aumento da tensão


efetiva vertical
9
(σ 0′ )

durante o adensamento; e

10 As deformações e os deslocamentos são admitidos infinitesimais.

Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 SAIBA MAIS

A Teoria do Adensamento de Terzaghi é a melhor ferramenta que se tem para


estimar o tempo de ocorrência para os recalques. Não cabe aqui demonstrar toda a
formulação da Teoria do Adensamento. Para tal, você pode consultar qualquer livro
de Mecânica dos Solos.

PARÂMETROS DO ADENSAMENTO
Quando o processo de adensamento já se encontra em desenvolvimento, é muito
útil saber quanto ainda de recalque a camada sofrerá. Para tal, define-se o grau de
adensamento

¯
(U)

, que representa a relação entre o adensamento já desenvolvido e o adensamento


total:

/
¯ ε (t) ρ(t) e 0 − e(t) σ′(t) − σ′ 1
U= = = =
εf ρ e(t) − e f σ′ f − σ′ 1

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 ATENÇÃO

Para

ε(t)

ρ(t)

e(t)

σ ′ (t)

a deformação específica, o recalque, o índice de vazios e a tensão vertical efetiva


para um tempo

qualquer.

Podemos dizer que o grau de adensamento

¯
U

) equivale ao ganho de tensão efetiva durante o adensamento até o tempo

. Se esse ganho é função da dissipação da poro-pressão, em módulo:

σ' f - σ ' ( t ) = |u 0 - u( t ) |
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal /
O grau de adensamento também pode ser escrito como o grau de dissipação da
poro-pressão:

()
u0 - u t
ˉ =
U u0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

O coeficiente de compressibilidade (

aV

) é a relação entre a variação linear do índice de vazios e das tensões verticais


efetivas (lembre-se de que essa é uma hipótese da teoria). Logo:

e0 - ef ef - e0 de de
av = σ ' - σ ' = - ' ' = - = du
f 0 σ f-σ 0 dσ '

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 ATENÇÃO

Observação: não confunda coeficiente de compressibilidade (

av

) com de compressão (

CC

)!

O coeficiente de variação volumétrica (

mV

) é a relação entre a variação de deformação específica e de tensão vertical:

dε V
mV =
dσ ′

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Note que:

(
aV = 1 + e0 mV ) /
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A velocidade no qual ocorre o adensamento é chamado de coeficiente de


adensamento (

cV

), admitida como constante durante o processo de adensamento. Como ao longo do


tempo se dissipa o excesso de poro-pressão, tem-se que:

∂u k(1 + e)
cV = =
∂t av γw

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para k o coeficiente de permeabilidade do solo,

av

o coeficiente de compressibilidade e

γw

o peso específico da água (9,81kN/m³, rotineiramente admitido como 10kN/m³).

Outro parâmetro definido no adensamento é o fator tempo (T), adimensional,


dado por:

c Vt
T=
Hd2

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Sendo

Hd

a distância de drenagem da água. Caso uma camada de argila de espessura

h0

esteja “sanduichada” por duas de areia, essa distância de drenagem é

h0 / 2

. Caso só exista uma camada drenante na fronteira e a outra seja, por exemplo,
uma rocha sã,

Hd = h0
/
:

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 5 – Distâncias de drenagem para drenagem dupla e única.

EQUAÇÃO E CURVA DO
ADENSAMENTO
Os parâmetros do adensamento se combinam para formar a Equação do
Adensamento, cuja solução é dada definindo condições de contorno, de forma a
chegarmos à sua solução:


ˉ =1−
U ∑
m=0
2
M (
sen
Mz
Hd ) 2 π
e − M T, M = (2m + 1)
2

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Uma condição de contorno é que o adensamento não se dá por igual para toda
profundidade, pois a dissipação da poro-pressão ocorre muito mais rapidamente
próximo às fronteiras drenantes e mais lentamente no meio da camada
compressível.

Assim, para diversos tempos após o carregamento, a solução gráfica é dada por:

/
Imagem: Pinto (2006, p. 213)
 Figura 6 – Grau de adensamento em função da profundidade e do fator tempo.

AS CURVAS DESSA FIGURA SÃO ISÓCRONAS, O QUE


SIGNIFICA “MESMO TEMPO”, E INDICAM COMO SE
DESENVOLVE O ADENSAMENTO EM PROFUNDIDADE
PARA CADA FATOR TEMPO. RESSALTA-SE QUE ESSAS
CURVAS PODEM SER UTILIZADAS SEJA QUAL FOR O
SOLO, MAS FIQUE ATENTO PORQUE, CASO A CAMADA
COMPRESSÍVEL TENHA APENAS UMA FRONTEIRA
DRENANTE, SERÁ VÁLIDA APENAS A METADE DA
FIGURA ANTERIOR.
O grau de adensamento médio (U) pode ser simplificado por:


2
U=1− ∑ M²
2
e −M T
m=0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Cuja solução gráfica é dada pela figura seguinte, a Curva de Adensamento:

/
Imagem: Pinto (2006, p. 214)
 Figura 7 – Curva de adensamento

 ATENÇÃO

Nota-se que essa curva pode ser dividida em dois trechos:

• uma para U menor que 60%, em que a relação com o fator tempo T é parabólica;

• outra para U superior a 60%, quando a relação é mais “aberta”.

Podemos usar as equações simplificadoras a seguir, úteis quando não se dispõe da


curva U x T em mãos:

T= ()
π
4
U 2 => U ≤ 0, 6

T = − 0, 933log(1 − U) − 0, 085 => U > 0, 6

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Os valores indicados na tabela a seguir são pares de valores U (%) x T retirados da


curva de adensamento.

U U U
T T T
(%) (%) (%)

/
U U U
T T T
(%) (%) (%)

1 0,0001 35 0,0962 70 0,197

5 0,0020 40 0,126 75 0,477

10 0,0078 45 0,159 80 0,567

15 0,0177 50 0,197 85 0,684

20 0,0314 55 0,239 90 0,848

25 0,0491 60 0,287 100 ∞

30 0,0707 65 0,340

Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 1 – Pares U x T da Curva de adensamento. Adaptado de Pinto (2006, p.


215).

ENSAIO EDOMÉTRICO
O ensaio edométrico é o mais empregado para simular o adensamento em
laboratório. Nesse ensaio, confina-se uma amostra de solo indeformado em um anel
rígido de aço, de modo que as laterais da amostra não sofram deformação.

São colocadas pedras porosas no topo e na base da amostra, de modo que o fluxo
seja vertical por duas fronteiras drenantes. Um esquema da montagem da amostra
encontra-se ilustrado na figura a seguir.

/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 8 – Montagem esquemática do ensaio edométrico.

Então, aplica-se a esse sistema uma carga (

Δσ

) por meio de prensas ou de cargas mortas, com anilhas, conforme ilustrado na


figura seguinte. Do que entendemos por adensamento, a amostra deverá sofrer
deslocamentos à custa da saída de água sob pressão nos poros do solo, que
buscarão as pedras porosas. Quando a deformação cessa, dobra-se o
carregamento. Geralmente, o tempo para o incremento da carga é de 24h.

Imagem: COTENCO. Acesso em 20 fev. 2021


 Figura 9 – Aparelhos edométricos com carregamento mecânico e automático.

Por meio de extensômetros ou medidores de deslocamento automatizados (LVDT –


Linear Variable Differential Transformer), são realizadas leituras no tempo do
/
deslocamento vertical que a amostra sofre.

ASSIM, DO ENSAIO, OBTÉM-SE DIRETAMENTE OS


DESLOCAMENTOS VERTICAIS. AS CARGAS APLICADAS
EM CADA ESTÁGIO DO ENSAIO DEVEM SER
CONHECIDAS E O TEMPO DEVE SER CRONOMETRADO.
É POSSÍVEL, ENTÃO, TRAÇAR UM GRÁFICO
DESLOCAMENTO X TEMPO PARA SE AVALIAR COMO O
RECALQUE SE DESENVOLVE COM O TEMPO. TAMBÉM É
POSSÍVEL OBTER A VELOCIDADE – O COEFICIENTE DE
ADENSAMENTO – PELO MÉTODO DE CASAGRANDE OU
MÉTODO DE TAYLOR, APRESENTADOS MAIS À
FRENTE.
Sabendo o peso específico do solo, o peso específico da água, as dimensões do
corpo de prova e a variação da altura durante o ensaio, é possível determinar a
tensão total, a poro-pressão e a tensão efetiva em qualquer instante do ensaio.
Conhecendo a densidade real dos grãos desse solo, é possível obter o índice de
vazios e a sua variação com o desenvolvimento do adensamento. Sendo assim, é
possível traçar a curva de compressão para esse solo.

Também podem ser realizadas fases de descarregamento para determinação do


coeficiente de recompressão do solo ensaiado. Para a garantir a qualidade dos
resultados encontrados, é de suma importância que a amostra seja indeformada e
que seja mantida saturada até o fim do ensaio.

 SAIBA MAIS

A norma técnica brasileira que padroniza os procedimentos para o ensaio de


adensamento edométrico é a ABNT NBR 12007. Também se toma a norma
americana ASTM D2435 / D2435M como referência para a realização desse tipo de
ensaio.

/
MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DA
TENSÃO DE PRÉ-ADENSAMENTO
Para determinar a razão de sobreadensamento de um solo e saber se ele possuirá
comportamento sobreadensado ou normalmente adensado em campo após a
aplicação de um carregamento, é preciso conhecer qual a sua tensão de pré-
adensamento (


σp

).

O Método de Casagrande é um procedimento gráfico para determinar

σ p′

, cujos procedimentos a serem seguidos são:

Marcar o ponto A na curva de compressão, onde a curvatura é máxima.

Traçar uma reta horizontal (

rh

) a partir de A.

3
/
Traçar uma reta tangente (

rt

) a partir de A.

Traçar a bissetriz do ângulo (

^
rh

) formado pelas retas

rh

rt

Traçar uma reta de prolongamento do trecho de compressão virgem (

rv

).

Determinar

σ p′

pela abscissa correspondente à interseção da reta

rv

com
/
rb

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 10 – Determinação de σ’p pelo Método de Casagrande.

No Método de Pacheco e Silva, os procedimentos são:

Traçar uma reta horizontal (

rh

) de ordenada igual ao índice de vazios inicial da amostra (

e0

).

Prolongar o trecho virgem (

rV
/
) até que toque a reta

rh

no ponto A.

Traçar uma reta vertical a partir de A até encontrar a curva de compressão no ponto
B.

Traçar uma reta horizontal a partir de B até encontrar o prolongamento

rV

no ponto C.

Determinar


σp

pela abscissa pela abscissa correspondente ao ponto C.

/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 11 – Determinação de

σ p′

pelo Método de Pacheco e Silva.

MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DO


COEFICIENTE DE ADENSAMENTO
O Método de Casagrande para determinação do coeficiente de adensamento (

cV

) é baseado no formato da curva de porcentagem de recalque UxT em escala


semilogarítmica. Para determinar o coeficiente de adensamento, os passos desse
método são:

Determinar a altura do corpo de prova no início do ensaio (

h0
/
).

Da curva U x log T, tomar a ordenada (

δt

) para um tempo qualquer (t) no trecho inicial, onde a relação é parabólica.

Da curva U x log T, tomar a ordenada (

δ 4t

) para um tempo 4t.

Somar a diferença

δ t – δ 4t

à ordenada do tempo t, de forma a obter a ordenada correspondente ao início do


adensamento (elimina-se, assim, qualquer compressão inicial imediata).

Recomenta-se repetir o procedimento para outros dois valores de t, por exemplo,


para verificar a acurácia obtida para a compressão inicial.

5
/
Estimar a altura final do corpo de prova para o final do adensamento primário (

hf

), tomando a ordenada da interseção da tangente ao ponto de inflexão da curva


com a assíntota ao trecho final da curva.

Determinar a altura do corpo de prova quando 50% do adensamento tiver ocorrido


(U = 0,50), o que representa a média dos dois valores obtidos nas etapas
anteriores.

Verificar o tempo em que U = 0,50 por meio da curva U x log T

Calcular o coeficiente de adensamento por meio da fórmula:

T 50 H D ,250 0, 197 H D ,250


CV = =
T 50 T 50

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

/
RESSALTA-SE QUE 0,197 É O FATOR TEMPO
CORRESPONDENTE A U = 0,50, DA TABELA
APRESENTADA NO MÓDULO 1,

HD

É A ESPESSURA DISPONÍVEL DE DRENAGEM QUANDO


OCORREU 50% DO RECALQUE, E

T 50

É O TEMPO EM QUE OCORREU 50% DO RECALQUE.

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 12 – Determinação do coeficiente de adensamento pelo Método de
Casagrande.

O Método de Taylor baseia-se no formato da curva de UxT, para o eixo das


abscissas igual à raiz quadrada de T, segundo os passos:

Tomar a diferença entre o ponto que corresponde à altura do corpo de prova no


início do adensamento e a altura do corpo de prova antes do carregamento (

hi − h0
/
).

Traçar uma reta com as abscissas iguais a 1,15 vezes as abscissas correspondentes
da reta inicial, a partir do início do adensamento (após a compressão inicial).

A interseção da reta com a curva do ensaio indica o ponto em que teriam ocorrido
90% do adensamento. Como pela equação parabólica da parte inicial da curva de
adensamento para U = 0,90 e T = 0,64, a raiz quadrada é 0,80, e pela solução da
teoria do adensamento para U = 0,90 T = 0,848, cuja raiz quadrada é 0,92:

Definir o ponto onde ocorreu 90% do recalque o tempo necessário (

t 90

).

Calcular o coeficiente de adensamento por meio da fórmula:

2 2
T 90 H D 0, 848 H D
CV = =
T 90 T 90

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

4
/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 13 – Determinação do coeficiente de adensamento pelo Método de Taylor.

MÃO NA MASSA

1. A TAXA DE OCORRÊNCIA DOS RECALQUES NO TEMPO, OU


SEJA, A VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO SEGUNDO A TEORIA DO
ADENSAMENTO DE TERZAGHI, É CHAMADA DE

A) fator tempo.

B) coeficiente de compressão.

C) coeficiente de adensamento.

D) grau de adensamento.

E) coeficiente de deformabilidade.

2. UMA ARGILA MOLE FOI ENSAIADA EM LABORATÓRIO NO


APARELHO EDOMÉTRICO, EM QUE PARA DADO NÍVEL DE
TENSÕES, VERIFICOU-SE QUE, PARA 50% DO TEMPO DE
ADENSAMENTO, A ALTURA DO CORPO DE PROVA ERA DE
/
3,6CM, OCORRIDOS APÓS 3 HORAS DE APLICAÇÃO DO
CARREGAMENTO. O COEFICIENTE DE ADENSAMENTO
ESTIMADO PELO MÉTODO DE CASAGRANDE É, EM M²/S,

A) 2,36 . 10-8.

B) 2,13 . 10-5.

C) 5,91 . 10-5.

D) 2,36 . 10-4.

E) 5,91 . 10-9.

3. UMA ARGILA MOLE DE 3M DE ESPESSURA, DUAS


FRONTEIRAS DRENANTES E COEFICIENTE DE ADENSAMENTO
DE 0,50 M²/ANO, PRECISARÁ, PARA ATINGIR GRAU DE
ADENSAMENTO DE 92%, DO TEMPO DE

A) 4,22 anos.

B) 2,99 anos.

C) 16,88 anos.

D) 11,95 anos.

E) 4,98 anos.

4. UMA ARGILA MOLE DE 8M DE ESPESSURA, UMA FRONTEIRA


DRENANTE E COEFICIENTE DE ADENSAMENTO DE 0,70M2/ANO,
PRECISARÁ, PARA ATINGIR GRAU DE ADENSAMENTO DE 95%,
DO TEMPO DE

A) 100,00 anos.

B) 200,00 anos.

C) 168,88 anos.

D) 103,22 anos. /
E) 202,22 anos.

5. SEJA UMA ARGILA MOLE DE 5M DE ESPESSURA, QUE POSSUI


COEFICIENTE DE ADENSAMENTO DE 2,2 X 10-8 M²/S. SABENDO
QUE ESSA CAMADA POSSUI DUAS FRONTEIRAS DRENANTES, O
TEMPO PARA QUE OCORRA 60% DOS RECALQUES SERÁ DE

A) 1 ano.

B) 2,6 anos.

C) 1,3 anos.

D) 8,1 anos.

E) 3,3 anos.

6. PARA UMA ARGILA QUE POSSUI UM COEFICIENTE DE


ADENSAMENTO DE 1,8 X 10-8M²/S, ÍNDICE DE VAZIOS DE 1,0 E
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE DE 1,12 X 10-7CM/S, O
COEFICIENTE DE COMPRESSIBILIDADE É, EM KPA-1,

A) 3,214.

B) 0,012.

C) 1,244.

D) 0,062.

E) 0,622.

GABARITO

1. A taxa de ocorrência dos recalques no tempo, ou seja, a velocidade de


deformação segundo a Teoria do Adensamento de Terzaghi, é chamada de

A alternativa "C " está correta.

/
Segundo a Teoria do Adensamento de Terzaghi, a velocidade de ocorrência do
adensamento é chamada de coeficiente de adensamento.

2. Uma argila mole foi ensaiada em laboratório no aparelho edométrico,


em que para dado nível de tensões, verificou-se que, para 50% do tempo
de adensamento, a altura do corpo de prova era de 3,6cm, ocorridos após
3 horas de aplicação do carregamento. O coeficiente de adensamento
estimado pelo Método de Casagrande é, em m²/s,

A alternativa "C " está correta.

Como no ensaio edométrico são colocadas duas pedras porosas nas extremidades
verticais da amostra:
h 50 3,6
H d , 50 = 2
= 2 = 1, 8 cm = 0, 018m

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Logo, o coeficiente de adensamento pode ser estimado pelo Método de


Casagrande:

0 , 197 H d ,250 0 , 197 . 0 , 018 2


cV = t 50
= 3 . 60 . 60
= 5, 91 . 10 - 9 m 2 / s

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

3. Uma argila mole de 3m de espessura, duas fronteiras drenantes e


coeficiente de adensamento de 0,50 m²/ano, precisará, para atingir grau
de adensamento de 92%, do tempo de

A alternativa "A " está correta.

Veja a solução no vídeo abaixo:

CÁLCULO DO TEMPO PARA ADENSAMENTO

/
4. Uma argila mole de 8m de espessura, uma fronteira drenante e

coeficiente de adensamento de 0,70m2/ano, precisará, para atingir grau


de adensamento de 95%, do tempo de

A alternativa "D " está correta.

Para um grau de adensamento médio U = 92%, o fator tempo é:

T = - 0, 933log(1 - U) - 0, 085 = - 0, 933(log(1 - 0, 95)) - 0, 085 = 1, 129

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

O tempo, então, pode ser estimado:

c Vt Hd2 82
T= → t = T c = 1, 129 . 0 , 70 = 103, 22 anos
Hd2 V

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

5. Seja uma argila mole de 5m de espessura, que possui coeficiente de

adensamento de 2,2 x 10-8 m²/s. Sabendo que essa camada possui duas
fronteiras drenantes, o tempo para que ocorra 60% dos recalques será de

A alternativa "B " está correta.

Para o grau de adensamento de 60%, o fator tempo pode ser retirado da tabela
como equivalente a 0,287. Que também poderia ser calculado pela fórmula:

T= () ()
π
4
U2 =
π
4
0, 6 2 = 0, 287

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A partir da fórmula do fator tempo, o tempo para que ocorra o adensamento pode
ser calculado por:

/
Hd 2 ( )
5
2
2

t = T c = 0, 287 . = 8, 15 . 10 7 s ≅ 2, 6 anos
V 2 , 2 . 10 - 8

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

6. Para uma argila que possui um coeficiente de adensamento de 1,8 x 10-


8m²/s, índice de vazios de 1,0 e coeficiente de permeabilidade de 1,12 x

10-7cm/s, o coeficiente de compressibilidade é, em kPa-1,

A alternativa "B " está correta.

A partir da fórmula do coeficiente de adensamento, o coeficiente de


compressibilidade pode ser calculado por:

k(1+e) k(1+e) ( 1 , 12 . 10 ) ( 1 + 1 )
-9

cV = a γ → av = c γ = = 0, 012kPa - 1
v w V w
( 1 , 8 . 10 ) ( 10 )
-8

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

GABARITO

TEORIA NA PRÁTICA
Suponha que você seja o engenheiro responsável pelo projeto de um aterro de
grandes dimensões com 3m de altura e 18kN/m³ em um solo que tenha índice de
vazios inicial de 10. Sabendo que esse solo se encontra em condição normalmente
adensada, que possui uma espessura de 8,6m, peso específico de 14kN/m³, dupla
drenagem, que seu coeficiente de compressão é de 2,0 e de adensamento
0,7m²/ano, responda:

a) Qual o recalque esperado?

b) Em quanto tempo deverá ocorrer 50% do recalque esperado?

c) Qual o grau de adensamento depois de 6 anos de construção?

RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
/
ESTIMATIVA DE RECALQUES EM SOLOS
COMPRESSÍVEIS

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. O TEMPO NECESSÁRIO PARA OCORRÊNCIA DE METADE DO


ADENSAMENTO EM UM SOLO ARGILOSO COMPRESSÍVEL DE 4M
DE ESPESSURA, DUPLA FRONTEIRA DRENANTE E COEFICIENTE
DE ADENSAMENTO DE 0,30M²/ANO É DE

A) 2,63 anos.

B) 10,50 anos.

C) 1 ano.

D) 6,09 anos.

E) 12 anos.

2. UM ENGENHEIRO CIVIL ESTIMOU QUE UMA ARGILA MOLE DE


5M DE ESPESSURA E DUPLA DRENAGEM RECALCARIA 25CM
POR CONTA DA CONSTRUÇÃO DE UM ATERRO. SABENDO QUE

/
APÓS 2 ANOS ESSE SOLO HAVIA RECALCADO 10CM, O
COEFICIENTE DE ADENSAMENTO DESSE SOLO VALE

A) 0,04m²/ano.

B) 0,64m²/ano.

C) 1,57m²/ano.

D) 2,54m²/ano.

E) 0,39m²/ano.

GABARITO

1. O tempo necessário para ocorrência de metade do adensamento em um


solo argiloso compressível de 4m de espessura, dupla fronteira drenante e
coeficiente de adensamento de 0,30m²/ano é de

A alternativa "A " está correta.

Para metade do adensamento, U = 50%. Da tabela, o fator tempo T correspondente


é de 0,197. E como o solo tem duas fronteiras drenantes:
h0 4
Hd = 2
= 2 = 2m

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Logo, o tempo necessário nesse caso é de:

Hd2 22
t = T c = 0, 197 . 0 , 30
= 2, 63 anos
V

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

2. Um engenheiro civil estimou que uma argila mole de 5m de espessura e


dupla drenagem recalcaria 25cm por conta da construção de um aterro.
Sabendo que após 2 anos esse solo havia recalcado 10cm, o coeficiente de
adensamento desse solo vale

A alternativa "E " está correta.

/
Após 2 anos, o recalque desenvolvido em relação ao total estimado é 10/25 = 0,4.
Ou seja, U = 40%. Da tabela, para esse valor de U, o fator tempo é de 0,126.

Considerando duas camadas de drenagem, a distância de drenagem Hd = 5/2 =

2,5m. A partir da fórmula do fator tempo:

c Vt T Hd ² 0 , 126 . 2 , 5 2
T= → cV = t
= 2
= 0, 39m 2 / ano
Hd2

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

MÓDULO 3

 Reconhecer os possíveis desvios do adensamento em campo com


relação à Teoria do Adensamento de Terzaghi

DESENVOLVIMENTO DO
ADENSAMENTO EM CAMPO
/
AJUSTE NO COEFICIENTE DE
ADENSAMENTO
Observa-se que em casos reais de adensamento em campo os tempos para o
desenvolvimento dos recalques são menores em relação àqueles indicados pela
Teoria do Adensamento de Terzaghi. Tal fato pode ser atribuído aos seguintes
fatores:

EXISTÊNCIA DE CERTA DRENAGEM


HORIZONTAL NO SOLO DE FUNDAÇÃO
Deve-se lembrar de que o fluxo vertical é uma hipótese da teoria, mas em campo
não é possível impedir que ocorra drenagem também na horizontal. Quando isso
ocorre, tem-se um fluxo lateral, e outras abordagens para o cálculo do
adensamento podem ser aplicadas ao problema a fim se chegar mais próximo da
realidade.

EXISTÊNCIA DE LENTES DE AREIA


A existência de lentes de areia é comum em sedimentos marinhos da costa
brasileira e nas várzeas dos rios. O efeito de conter um material de alta
permeabilidade na camada compressível é a de diminuir a distância de drenagem (

Hd

) durante o adensamento e, como consequência, fazer com que o tempo de


dissipação da poro-pressão (do adensamento) seja menor:

/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 14 – Estrato de solo com a presença de lente de areia.

PASSAGEM DO ESTADO DE LIGEIRAMENTE


SOBREADENSADO PARA NORMALMENTE
ADENSADO
Lembre-se de que quando o solo se encontra sobreadensado a recompressão é
dada com baixa diminuição do índice de vazios, enquanto para o trecho
normalmente adensado a compressão é grande. Logo, próximo à fronteira que
separa esses dois comportamentos (próximo da tensão de pré-adensamento) o cv
sofre uma brusca variação, conforme ilustrado a seguir. Assim, o engenheiro civil
que está projetando uma estrutura deve ter isso em mente para escolher um cv
adequado para a sua situação de trabalho

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 15 – Variação do coeficiente de adensamento. /
O método mais acurado para se estimar

cV

é por meio da retroanálise de carregamentos reais no solo em estudo. Para tal,


deve-se medir os recalques em campo e determinar os valores de

cv

a partir dos métodos de Taylor ou de Casagrande.

TAYLOR

Referente a

√t

CASAGRANDE

Referente ao

log(t)

 SAIBA MAIS

Segundo Pinto (2006), retroanálises de recalques observados em aterros


construídos na Baixada Santista indicam valores de coeficiente de adensamento de
0,1 a 0,5m²/dia, valores de 30 a 100 vezes maiores do que aqueles obtidos de
ensaios de laboratório. Justifica-se, assim, a importância da calibração desse
parâmetro durante a execução de obras civis.
/
AMOLGAMENTO DO SOLO
O amolgamento consiste em perturbação e desarranjo da estrutura de um solo
por meio da distorção das partículas devido à execução de um furo de sondagem,
do processo de coleta e transporte de uma amostra, ou do preparo do corpo de
prova para a realização de um ensaio.

AMOLGAMENTO

Do verbo amoldar que tem por um de seus significados tornar amolecido.

Os efeitos da perturbação de uma amostra amolgada, em relação a uma amostra


indeformada, são:

O índice de vazios inicial (

e0

1 ) e para qualquer instante no ensaio (

) é menor.

O coeficiente de recompressão (

2 CR

) é maior.

3 A “quebra” entre o comportamento sobreadensado e normalmente


adensado é menos acentuada, o que dificulta a obtenção da tensão de
pré-adensamento (

σ p′
/
).

A tensão de pré-adensamento (

4 σ p′

) é menor.

O coeficiente de compressão (

5 CC

) é menor.

Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Esses efeitos encontram-se ilustrados na figura a seguir.

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 16 – Curvas de compressão de amostras amolgadas e indeformadas.

Deve-se ter em mente que as perturbações que provocam o amolgamento dos


solos para retirada de amostra não ocorrem em campo, quando um carregamento é
simplesmente aplicado na superfície. Assim, quanto menos perturbada estiver a
amostra, melhor a qualidade do ensaio e mais o resultado obtido deve se aproximar
do adensamento que ocorreria em campo.

/
 SAIBA MAIS

Existe um caso em que há a perturbação e amolgamento do solo de fundação que


não da retirada de amostras: a implantação de drenos verticais para aceleração de
recalques, que veremos no módulo 4.

É importante que o engenheiro civil envolvido na avaliação de resultados de


ensaios edométricos, cálculo do adensamento e monitoramento de recalques saiba
avaliar a qualidade de resultados obtidos e a sua aderência ao caso real em estudo,
pois a aplicação do

CC

menor, por exemplo, levaria a subestimar os recalques a serem desenvolvidos.

Foto: Shutterstock.com

Por outro lado, caso o trecho de recompressão seja mais expressivo que o de
compressão para o nível de tensões a ser imposto em campo, como o

CR

é maior em amostras amolgadas, o recalque pode ser superestimado. Caso o


engenheiro civil tenha optado por uma solução de redução dos efeitos do
adensamento, pode ser que a obra seja superdimensionada e até desnecessária.

/
 SAIBA MAIS

A norma técnica brasileira ABNT NBR 9820 preconiza os procedimentos para


retirada de amostras indeformadas de solos de baixa consistência a serem
utilizadas em ensaios de laboratório. Ressalta-se, no entanto, que ainda que essa
norma seja seguida à risca, a amostragem nunca é perfeita: sempre haverá uma
perturbação relacionada ao processo de retirada do solo, transporte e preparação
de corpos de prova, ainda que mínima.

ADENSAMENTO SECUNDÁRIO
No módulo anterior, vimos na relação teórica entre UxT que após o
desenvolvimento do adensamento a curva se aproxima a uma assíntota horizontal.
No entanto, nota-se em curvas obtidas em laboratório que após o adensamento
previsto pela Teoria do Adensamento de Terzaghi há uma mudança na inclinação da
curva e a continuação da deformação no tempo.

Adensamento primário

A deformação que ocorre no solo até o ponto onde há mudança na inclinação é


aquele previsto na Teoria de Adensamento de Terzaghi, relacionado ao processo de
adensamento primário.


Adensamento secundário

Toda deformação que ocorre após esse ponto é chamada de adensamento


secundário, que ocorre ainda mais lentamente que o primário e não é justificado
por essa teoria.

No fim do primário, todo carregamento imposto já foi transferido para a tensão


vertical efetiva, e não deve haver mais ganho de tensão efetiva no tempo (

σ′ /
= constante).

ORA, SE DISSEMOS ANTERIORMENTE QUE BASEADO


NO PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS O SOLO SÓ
PODE VARIAR DE VOLUME SE HOUVER VARIAÇÃO DE
TENSÃO EFETIVA, À CUSTA DE QUE ESTARIA
OCORRENDO ESSA COMPRESSÃO SECUNDÁRIA?

 RESPOSTA

A Mecânica dos Solos Clássica, que estudamos no curso de Engenharia Civil, não
possui ainda uma resposta para essa pergunta. Nas últimas décadas, muitas
pesquisas foram desenvolvidas para tentar explicar o fenômeno do adensamento
secundário, sendo que a maioria delas envolve a aplicação de conceitos de
mecânica dos fluidos, reologia ou de ligações químicas entre partículas dos solos.

O fato é que mesmo que ainda não saibamos por que o fenômeno ocorre, é
importante que se tenha em mente que ele deve ser considerado em projetos.
Como o adensamento secundário ocorre muito lentamente, a deformação
acumulada devido a esse fenômeno pode ser expressiva mesmo décadas, centenas
e milhares de anos após a construção.

 EXEMPLO

Considerando uma camada de argila de 10m de espessura e coeficiente de


adensamento secundário de 1%, enquanto o adensamento primário deve ser
terminado em cerca de 2 anos, o adensamento secundário após 20 anos seria de
10cm, de 20cm para 200 anos, e assim por diante. Ou seja: esse fenômeno não
pode ser ignorado em um projeto de fundações!

Enquanto não sabemos o que está por trás do adensamento secundário, a forma
mais rotineira para se calcular o recalque secundário é por meio do coeficiente de
adensamento secundário (

Cα /
), dado pela inclinação do trecho final da curva deformação x tempo em termos da
deformação específica (

):

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 17 – Recalque por adensamento secundário.

ΔH
Δε H0
C αε = =
Δlog t Δlogt

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Esse coeficiente também pode ser expresso em função do índice de vazios:

Δe
C αe =
Δlogt

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Em que a relação entre esses dois coeficientes é:

C αe
C αε =
1 + e0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 SAIBA MAIS
/
Segundo Pinto (2006),

C αε

varia de 0,5% a 2% para argilas normalmente adensadas, e pode atingir valores


ainda maiores a depender da plasticidade da argila e da presença de matéria
orgânica.

Embora pareça ser simples a estimativa do adensamento secundário por meio de

, existem severas limitações por trás dessa abordagem. Uma delas é que o solo não
pode se deformar infinitamente até que o índice de vazios chegue a zero. Ou seja,
esse coeficiente deve diminuir com o passar o tempo, de modo que a curva
deformação x tempo chegue a uma assíntota horizontal.

OUTRA CRÍTICA QUE PODE SER FEITA É QUE A


SEPARAÇÃO ENTRE ADENSAMENTO PRIMÁRIO E
SECUNDÁRIO É MERAMENTE DIDÁTICA. NA PRÁTICA,
AINDA QUE NÃO ESTEJA CLARO QUAL O MECANISMO
QUE MOTIVE O ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, NÃO
EXISTE RAZÃO PARA QUE ELE “ESPERE” O PRIMÁRIO
TERMINAR PARA QUE ELE COMECE.
O adensamento secundário e o amolgamento do solo são efeitos que fazem com
que o recalque estimado pela Teoria de Terzaghi e aquele observado em campo
sejam divergentes, enquanto a presença de lentes de areia e a existência de fluxo
lateral fazem com que o tempo estimado pela teoria seja diferente daquele ocorrido
em campo.

MÃO NA MASSA

1. EM RELAÇÃO ÀS MAGNITUDES DOS RECALQUES, O EFEITO


DO AMOLGAMENTO DO SOLO É DE

/
A) estimar um recalque menor para o trecho de compressão.

B) estimar um recalque menor para o trecho de recompressão.

C) estimar um recalque menor para o trecho de compressão e recompressão.

D) estimar um recalque maior para o trecho de compressão e recompressão.

E) estimar um recalque igual ao de uma amostra indeformada.

2. QUANDO UM SOLO COMPRESSÍVEL APRESENTA LENTES DE


AREIA, OBSERVA-SE UM DESVIO DO ADENSAMENTO ESTIMADO
PELA TEORIA DO ADENSAMENTO DE TERZAGHI EM RELAÇÃO
ÀQUELE QUE EFETIVAMENTE OCORRE EM CAMPO. ESSES
DESVIOS SÃO DADOS POR

A) recalques menores em solos com lente de areia.

B) maior distância de drenagem em solos com lente de areia.

C) menor tempo de adensamento em solos com lente de areia.

D) menor coeficiente de adensamento em solos com lente de areia.

E) menores trechos de compressão.

3. UM ENGENHEIRO CIVIL ESTIMOU QUE O RECALQUE EM UMA


ARGILA MOLE DEVIDO À CONSTRUÇÃO DE UM EDIFÍCIO SERIA
DE 2,0M. APÓS A REALIZAÇÃO DO PROJETO, DURANTE A FASE
DE EXECUÇÃO DA OBRA, ELE CONSTATOU QUE NO MEIO DA
CAMADA DE ARGILA HAVIA UMA LENTE DE AREIA. SOBRE A
ADERÊNCIA ENTRE O PROJETO E A PRÁTICA, PODE-SE AFIRMAR
QUE

A) o tempo para desenvolvimento do recalque será quatro vezes menor em campo.

B) o tempo para desenvolvimento do recalque será duas vezes menor em campo.

C) o tempo para desenvolvimento do recalque em campo será igual ao estimado.

D) o recalque em campo será duas vezes maior que o estimado.

/
E) o recalque em campo será duas vezes menor que o estimado.

4. UMA ARGILA MOLE FOI ENSAIADA EM LABORATÓRIO NO


APARELHO EDOMÉTRICO EM UMA AMOSTRA AMOLGADA E
OUTRA INDEFORMADA. PARA A AMOLGADA, O ÍNDICE DE
RECOMPRESSÃO FOI DE 0,12 E DE COMPRESSÃO 1,2; E PARA A
INDEFORMADA, O ÍNDICE DE RECOMPRESSÃO FOI DE 0,15 E O
DE COMPRESSÃO 1,0. SABENDO QUE A TENSÃO EFETIVA
INICIAL É DE 12KPA, A DE SOBREADENSAMENTO DE 20KPA E A
FINAL DE 40KPA, O RECALQUE TOTAL DA AMOSTRA
AMOLGADA DEVE SER

A) 16% maior que da amostra indeformada.

B) 84% maior que da amostra indeformada.

C) 16% menor que da amostra indeformada.

D) 84% menor que da amostra indeformada.

E) igual ao da amostra indeformada.

5. POR MEIO DO MONITORAMENTO DE RECALQUES EM CAMPO,


UM ENGENHEIRO CIVIL TRAÇOU UMA CURVA DE FORMAÇÃO
ESPECÍFICA VERSUS TEMPO E OBTEVE A VARIAÇÃO DE 1%
APÓS A OCORRÊNCIA DO ADENSAMENTO PRIMÁRIO, QUE SE
DEU EM 4 ANOS. SABENDO QUE A CAMADA DE ARGILA
POSSUÍA UMA ESPESSURA DE 8M ANTES DO ACRÉSCIMO DE
TENSÕES, O RECALQUE DEVIDO AO SECUNDÁRIO APÓS 40
ANOS É DE:

A) 8 cm

B) 4 cm

C) 40 cm

D) 80 cm

E) 100 cm
/
6. DURANTE A AMOSTRAGEM DE UM SOLO ARGILOSO MOLE
PARA REALIZAÇÃO DE ENSAIO EDOMÉTRICO, A AMOSTRA FOI
AMOLGADA DURANTE O TRANSPORTE, DE MODO QUE O
COEFICIENTE DE COMPRESSÃO ERA 15% MENOR QUE AQUELE
EFETIVAMENTE OBSERVADO EM CAMPO. SABENDO QUE A
ARGILA ERA NORMALMENTE ADENSADA, O RECALQUE
ESTIMADO NO PROJETO COM PARÂMETROS AMOLGADOS FOI

A) igual ao observado em campo.

B) 15% do recalque observado em campo.

C) 85% do recalque observado em campo.

D) 66% do recalque observado em campo.

E) 11% do recalque observado em campo.

GABARITO

1. Em relação às magnitudes dos recalques, o efeito do amolgamento do


solo é de

A alternativa "A " está correta.

O amolgamento dos solos tem como efeito aumentar o coeficiente de recompressão


e diminuir o coeficiente de compressão em relação às amostras indeformadas.
Logo, os recalques estimados em amostras amolgadas são maiores para o trecho
de recompressão (superestimados) e menores para o trecho de compressão
(subestimados).

2. Quando um solo compressível apresenta lentes de areia, observa-se um


desvio do adensamento estimado pela Teoria do Adensamento de Terzaghi
em relação àquele que efetivamente ocorre em campo. Esses desvios são
dados por

A alternativa "C " está correta.

A presença de lentes de areia em solos compressíveis faz com que haja um material
de alta permeabilidade, diminuindo a distância de drenagem e o tempo para
ocorrência do adensamento. O recalque estimado é de mesma magnitude, assim
/
como o coeficiente de adensamento, pois essas grandezas dependem dos
parâmetros de compressibilidade da argila, principalmente.

3. Um engenheiro civil estimou que o recalque em uma argila mole devido


à construção de um edifício seria de 2,0m. Após a realização do projeto,
durante a fase de execução da obra, ele constatou que no meio da camada
de argila havia uma lente de areia. Sobre a aderência entre o projeto e a
prática, pode-se afirmar que

A alternativa "A " está correta.

O tempo estimado pelo engenheiro no projeto é:

( )
h0 2
T
2

t1 = cV

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A presença da lente de areia tende a diminuir a distância de drenagem. Como a


lente de areia foi identificada na metade da camada de argila, Hd = (h0/2)/2.

( )
h0 2
T 4

t2 = cV

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Assim:

T h 20
t1 4c V 16
= = =4
t2 T h 20 4
16 c V

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

O tempo estimado em projeto é quatro vezes maior que o de campo.

4. Uma argila mole foi ensaiada em laboratório no aparelho edométrico em


uma amostra amolgada e outra indeformada. Para a amolgada, o índice de
recompressão foi de 0,12 e de compressão 1,2; e para a indeformada, o
índice de recompressão foi de 0,15 e o de compressão 1,0. Sabendo que a
tensão efetiva inicial é de 12kPa, a de sobreadensamento de 20kPa e a
final de 40kPa, o recalque total da amostra amolgada deve ser
/
A alternativa "A " está correta.

Veja a solução no vídeo abaixo:

QUALIDADE DE AMOSTRAS NA ESTIMATIVA DE


RECALQUES

5. Por meio do monitoramento de recalques em campo, um engenheiro


civil traçou uma curva de formação específica versus tempo e obteve a
variação de 1% após a ocorrência do adensamento primário, que se deu
em 4 anos. Sabendo que a camada de argila possuía uma espessura de 8m
antes do acréscimo de tensões, o recalque devido ao secundário após 40
anos é de:

A alternativa "A " está correta.

O recalque devido ao adensamento primário se deu em 4 anos. Com a taxa de 1%


para o secundário, após 40 anos:

ρ 2 = 1% . 8 = 0, 08 m = 8cm

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

6. Durante a amostragem de um solo argiloso mole para realização de


ensaio edométrico, a amostra foi amolgada durante o transporte, de modo
que o coeficiente de compressão era 15% menor que aquele efetivamente
observado em campo. Sabendo que a argila era normalmente adensada, o
recalque estimado no projeto com parâmetros amolgados foi

A alternativa "C " está correta.

/
O recalque em uma argila normalmente adensada pode ser calculada por:

ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f

σ'p

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Ou seja, o recalque é diretamente proporcional ao coeficiente de compressão.


Sendo as demais grandezas iguais para a situação de campo e amolgada. Tem-se
que:

ρ amolgado CC
amolgado
ρ campo
= C = 1 - 0, 15 = 0, 85
C campo

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

O recalque estimado (ρamolgado) é 85% do de campo (ρcampo).

GABARITO

TEORIA NA PRÁTICA
Para a elaboração de projetos de fundações, é comum a realização de ensaios de
simples reconhecimento (SPT) para reconhecimento da estratigrafia do solo. Devido
à natureza desse ensaio, muitas vezes camadas pouco espessas não são
identificadas. Um engenheiro durante a elaboração do projeto de um edifício de 20
andares, estudou como se daria o adensamento da camada compressível
identificada no ensaio SPT. O recalque estimado foi de 50cm, e o tempo para
ocorrência dessa deformação de 6 anos. Sabendo que havia uma lente de areia
simetricamente posicionada nessa camada de argila que não foi identificada para o
projeto, responda:

a) Quanto tempo foi necessário para o adensamento ocorrer em campo?

b) Que recalque efetivamente ocorreu em campo?

RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
/
PRESENÇA DE LENTES DE AREIA EM SOLOS
COMPRESSÍVEIS

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. DUAS AMOSTRAS DE ARGILA MOLE FORAM ENSAIADAS NO


APARELHO EDOMÉTRICO, EM QUE SE OBTEVE OS
COEFICIENTES DE RECOMPRESSÃO DE 0,14 E 0,10 PARA A
CONDIÇÃO AMOLGADA E INDEFORMADA, RESPECTIVAMENTE.
SOBRE O RECALQUE ESTIMADO PARA ESSAS DUAS AMOSTRAS,
PODE-SE AFIRMAR QUE

A) o da amolgada é 40% maior que o da indeformada.

B) o da amolgada é 40% menor que o da indeformada.

C) o da amolgada é 70% maior que o da indeformada.

D) o da amolgada é 70% menor que o da indeformada.

E) os recalques são iguais para a amolgada e a indeformada.

2. ESTIMOU-SE UM TEMPO DE 2 ANOS PARA A OCORRÊNCIA DO


ADENSAMENTO EM UMA CAMADA ARGILOSA. APÓS A
/
FINALIZAÇÃO DO PROJETO, FOI IDENTIFICADA UMA LENTE DE
AREIA NO MEIO DA CAMADA. O TEMPO QUE EFETIVAMENTE
LEVARÁ PARA A OCORRÊNCIA DO ADENSAMENTO SERÁ DE:

A) 12 meses

B) 6 meses

C) 24 meses

D) 3 meses

E) 18 meses

GABARITO

1. Duas amostras de argila mole foram ensaiadas no aparelho edométrico,


em que se obteve os coeficientes de recompressão de 0,14 e 0,10 para a
condição amolgada e indeformada, respectivamente. Sobre o recalque
estimado para essas duas amostras, pode-se afirmar que

A alternativa "A " está correta.

Vimos no módulo 1 que o recalque pode ser estimado por:

ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C R log
σ'p

σ'0

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Ou seja, o recalque é diretamente proporcional ao coeficiente de recompressão.


Sendo as demais grandezas iguais para as duas situações estudadas, tem-se que:

ρ amolgado CR
amolgado 0 , 14
ρ campo
= C = 0 , 10 = 1, 40
R campo

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Logo, o recalque é 40% maior na condição amolgada.

2. Estimou-se um tempo de 2 anos para a ocorrência do adensamento em


uma camada argilosa. Após a finalização do projeto, foi identificada uma

/
lente de areia no meio da camada. O tempo que efetivamente levará para
a ocorrência do adensamento será de:

A alternativa "B " está correta.

A presença da lente de areia no meio da camada de argila diminui pela metade a


distância de drenagem. Considerando dupla drenagem, Hd = (h0/2)/2 = h0/4 nessa

situação. Para t1 o tempo sem a lente de areia, e t2 o tempo com a lente de areia,

tem-se que:

( )
h0 2
T
2

t1 cV 42
= = =4
t2 22
T
( )
h0
4
2

16 c V

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Como t1 foi estimado em 4 anos:

t1 2
t2 = 4
= 4 = 0, 5 ano = 6 meses

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

MÓDULO 4

 Reconhecer os efeitos do adensamento e saber como mitigá-los em


obras civis

EFEITOS E MITIGAÇÃO DE
RECALQUES EM OBRAS CIVIS
/
EFEITOS DO ADENSAMENTO

Foto: Shutterstock.com

Os efeitos desfavoráveis do adensamento são diretamente ligados às deformações.


As patologias mais comuns observadas que advém do recalque do solo de fundação
são:

trincas a 45°;

ruptura de tubulações;

impossibilidade de abertura e fechamento de portas;

desaprumos.

/
Veja a seguir a definição de dois tipos de recalque:

Recalques diferenciais

Quando se tem uma estratigrafia no solo de fundação que não é homogênea ou as


camadas não horizontais, temos pontos com recalques desiguais, chamados de
recalques diferenciais.


Recalque uniforme

Caso a camada compressível seja horizontal, de modo a sofrer um deslocamento


vertical como um todo, temos um recalque uniforme.

Imagem: Renato Teixeira


 Figura 18 – Recalque uniforme e diferencial em solos.

MONITORAMENTO DO ADENSAMENTO
Para saber se o que foi previsto em projeto é o que efetivamente ocorre em campo,
deve-se implantar instrumentos geotécnicos de monitoramento que meçam
grandezas de controle para comparação ao que era esperado em projeto.

/
Para monitoramento das deformações, os instrumentos mais comuns são os
marcos superficiais ou placas de recalque. Esses instrumentos medem cotas
que, quando comparadas a um ponto fixo indeslocável, dão medidas de
deslocamento:

Imagem: Pires(2007)
 Figura 19 – Placa de recalque para monitoramento de recalque.

Caso o que se deseje avaliar seja o coeficiente ou o grau de adensamento em


campo, pode-se instalar piezômetros na camada compressível, que medem qual a
poro-pressão na cota de instalação:

Foto: Lamiot/wikibooks.org
 Figura 20 – Piezômetro para monitoramento de poro-pressão.

O monitoramento do adensamento é necessário para avaliar a aderência entre a


expectativa (o projeto) e a realidade (a obra). Isso porque, caso as duas situações
/
sejam muito divergentes, o engenheiro projetista e o engenheiro de obra devem
decidir como adequar o projeto para que os efeitos associados ao adensamento não
prejudiquem a obra.

 ATENÇÃO

Ressalta-se que, mais importante que a instalação desses instrumentos, é a correta


calibração, leitura periódica e correta interpretação dos resultados. Essas atividades
devem ser realizadas por engenheiro geotécnico competente e com experiência na
área.

SUBMERSÃO
No módulo 1, vimos que a estimativa de recalques depende dos parâmetros do solo
e das tensões efetivas inicial, final e de pré-adensamento. Considere o caso no qual
o acréscimo de tensões é dado pela construção de um aterro em grandes
dimensões de peso específico

e altura

, diretamente apoiado em um depósito de argila mole, cujo nível d’água coincide


com o nível do terreno.

Vimos que nesse caso

Δσ

pode ser dado por γH. No entanto, à rigor, com o desenvolvimento dos recalques
por adensamento no tempo, parte do aterro vai ficando submerso, de modo que o
peso específico dessa região abaixo do nível d’água fique saturado, conforme
ilustrado na figura seguinte.

/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 21 – Aterro com submersão.

Assim, devemos calcular o acréscimo de tensões considerando esse efeito de


submersão, visto que o acréscimo de tensões deverá ser dado por:

( )
Δσ = γ H − h sub + γ subh sub

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para

γ sub

o peso específico submerso (

γ sub

):

γ sub = γ sat − γ w

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

OU SEJA, COM O ADENSAMENTO, O ACRÉSCIMO DE


CARGA DIMINUI, UMA VEZ QUE O PESO ESPECÍFICO
CONSIDERADO NO CÁLCULO DIMINUI. E, DA EQUAÇÃO
PARA ESTIMATIVA DE RECALQUES VISTA NO MÓDULO
1, OS RECALQUES TAMBÉM SERÃO MENORES.
Assim, para se considerar o efeito da submersão do aterro, seguimos os seguintes
passos:
/
1

Calcular o recalque

ρ1

considerando todo o aterro em condição seca (conforme construído). Essa


estimativa é a que fizemos no módulo 1.

Calcular um novo acréscimo de tensões (

Δσ 2

) considerando que a espessura submersa,

h sub

, equivale a

ρ1

Calcular o recalque

ρ2

considerando que o aterro está com

h sub = ρ 1

submerso.

Calcular um novo acréscimo de tensões (


/
Δσ 3

) considerando que a espessura submersa equivale a

ρ2

Calcular o recalque

ρ3

considerando que o aterro está com

h sub = ρ 2

submerso.

Repetir os passos até que o recalque convirja para um só valor.

Esse será o recalque mais próximo da realidade, uma vez que foi considerada a
submersão do aterro. Geralmente, duas ou três tentativas são suficientes para que
os resultados sejam convergentes.

MITIGAÇÃO DE RECALQUES EM
CAMPO /
Digamos que após a estimativa do adensamento por meio das ferramentas que
aprendemos nos módulos anteriores, o projetista chegue à conclusão de que a
deformação que ocorra no tempo inviabilize a construção porque, por exemplo,
após alguns anos haveria um degrau entre o nível do terreno e a obra.

Para contornar esse problema, o engenheiro não precisa desistir do projeto,


encontrar um local mais favorável para construção ou aceitar o recalque excessivo.
Diversas são as soluções para mitigação dos problemas associados ao
adensamento. Veremos aqui as soluções mais comuns utilizadas na Engenharia
Civil.

REMOÇÃO DO SOLO

A primeira solução listada é a remoção do solo, que consiste em escavar o solo


compressível e reaterrar a área com um solo que apresente propriedades de
deformação e resistência melhores. Dessa maneira, o recalque calculado pode ser
eliminado.

 ATENÇÃO

Segundo Almeida e Marques (2014), essa técnica só deve ser vantajosa para
camadas de até 4,0m.

Cabe ressaltar que o solo argiloso compressível nem sempre ocorre na superfície do
terreno. Portanto, ainda que a camada de argila seja pouco espessa, se ela estiver
em profundidade, após várias estratigrafias distintas, o processo de remoção será
inviável.

Outro ponto importante é que solos argilosos são pouco aproveitáveis em outras
atividades da construção civil (construção de aterros e fabricação de outros
materiais), como a areia pode ser utilizada no concreto.

/
Foto: Shutterstock.com

A argila pode ser utilizada na confecção blocos cerâmicos, por exemplo, mas é
importante ter em mente que o material escavado deve ser destinado a um local
ambientalmente certificado. Caso esse local seja distante do local de escavação, o
transporte custoso pode inviabilizar essa atividade.

MELHORAMENTO DO SOLO

A segunda técnica é o melhoramento do solo, que consiste em se injetar ou


misturar algum material na argila mole, de modo que as características de
compressibilidade sejam diminuídas, assim como os efeitos do adensamento.

O MAIS COMUM É A UTILIZAÇÃO DE CALDA DE


CIMENTO PARA INJEÇÃO (JET GROUTING) OU
INCORPORAR CAL AO SOLO. RESSALTA-SE QUE
TÉCNICAS DE MELHORAMENTO DO SOLO PODEM SER
MUITO CUSTOSAS E, PORTANTO, ROTINEIRAMENTE
SÃO DESCARTADAS EM OBRAS CIVIS.

/
PRÉ-CARREGAMENTO

Outra técnica utilizada para mitigação dos recalques é o pré-carregamento, que


consiste em se construir um aterro para implicar em um acréscimo de carga no
terreno, de modo que os recalques sejam desenvolvidos conforme previsto na
Teoria do Adensamento.

QUANDO A DEFORMAÇÃO TIVER TERMINADO, O


ATERRO PODE SER REMOVIDO TOTAL OU
PARCIALMENTE PARA IMPOR O SOBREADENSAMENTO
DO SOLO. DAÍ, A OBRA ORIGINALMENTE PREVISTA
PARA AQUELE TERRENO PODE SER CONSTRUÍDA.
COMO SABEMOS QUE SOLOS SOBREADENSADOS
SOFREM RECOMPRESSÃO COM VARIAÇÃO PEQUENA
NO ÍNDICE DE VAZIOS, AS DEFORMAÇÕES
ESPERADAS SERÃO MUITO PEQUENAS.
Ressalta-se que, para que se garanta que o solo no novo carregamento fique na
região de recompressão do solo, o pré-carregamento aplicado deve ser de
magnitude similar à obra final prevista para aquele terreno.

 ATENÇÃO

Essa técnica é simples, barata e largamente utilizada na Engenharia Civil. No


entanto, sua viabilidade depende do tempo disponível para a entrega final do
empreendimento, pois vimos que pode demorar anos até que um grau de
adensamento superior de 90% seja atingido.

FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Outra técnica amplamente utilizada para contornar o problema dos recalques é a


utilização de fundações profundas, as estacas, que atravessam a camada
/
compressível e aplicam o acréscimo de carga em solos mais competentes,
conforme ilustrado na figura seguinte.

Como esse tipo de fundação transfere as cargas para o solo pela sua ponta e pelo
atrito lateral, a carga que chega no solo argiloso é menor, diminuindo os recalques
associados.

Imagem: Mirella Dalvi dos Santos


 Figura 22 – Estaca ultrapassando argila mole.

DRENOS VERTICAIS

A técnica da aceleração dos recalques por meio de drenos verticais consiste em


implantar, da superfície do terreno até a argila mole, colunas com material de
coeficiente de permeabilidade superior ao da argila, como areia ou geossintéticos:

/
Imagem: Mirella Dalvi dos Santos
 Figura 23 – Drenos verticais para aceleração de recalques.

O efeito dos drenos verticais é de diminuir o caminho de drenagem e fazer com que
o fluxo seja radial, de modo que o tempo para que ocorra o recalque seja menor,
conforme vimos no módulo 3.

ESSA TÉCNICA É MUITO EFETIVA E UTILIZADA EM


ATERROS RODOVIÁRIOS; ELA É ROTINEIRAMENTE
ASSOCIADA À CONSTRUÇÃO DE UM ATERRO DE
SOBRECARGA (PRÉ-CARREGAMENTO), PODENDO SER
POTENCIALIZADA COM O USO DE VÁCUO NOS
DRENOS, QUE SUGAM A ÁGUA DA ARGILA E ACELERA
AINDA MAIS O ADENSAMENTO. RESSALTA-SE QUE,
DEPENDENDO DA VULTOSIDADE DA OBRA, ESSA
TÉCNICA PODE SER MUITO CUSTOSA, CHEGANDO A
SER INVIÁVEL.

MÃO NA MASSA

1. OS RECALQUES POR ADENSAMENTO PODEM SER


MONITORADOS EM CAMPO POR MEIO DE INSTRUMENTAÇÃO
/
ESPECÍFICA DE VÁRIOS TIPOS, ENTRE ELAS POR

A) medidor de nível d’água.

B) piezômetros.

C) marcos superficiais.

D) medidor de vazão.

E) inclinômetros.

2. A SUBMERSÃO DE ATERROS CONSTRUÍDOS DIRETAMENTE


SOBRE SOLOS MOLES TEM O EFEITO DE

A) aumentar os recalques por adensamento.

B) diminuir os recalques por adensamento.

C) aumentar o tempo para ocorrência do adensamento.

D) diminuir o tempo para ocorrência do adensamento.

E) evitar qualquer ocorrência do adensamento.

3. O RECALQUE EM UMA ARGILA COMPRESSÍVEL FOI


ESTIMADO EM 1,20M PARA UM TEMPO DE ADENSAMENTO DE 5
ANOS. SABENDO QUE NO TERRENO FORAM INSTALADAS
PLACAS DE RECALQUE PARA MONITORAMENTO DOS
DESLOCAMENTOS QUE IDENTIFICARAM O DESLOCAMENTO DE
80CM APÓS 3 ANOS DE CONSTRUÇÃO, O GRAU DE
ADENSAMENTO DESSA ARGILA PARA ESSE TEMPO ERA DE:

A) 66%

B) 33%

C) 50%

D) 60%

E) 25%
/
4. UMA CAMADA DE ARGILA COMPRESSÍVEL RECEBERÁ UM
ATERRO DE 2,5M DE ALTURA E PESO ESPECÍFICO DE 19KN/M³.
SABENDO QUE A ARGILA SE ENCONTRA NORMALMENTE
ADENSADA E QUE FOI ESTIMADO QUE O ATERRO ESTARIA COM
30% DE SUA ALTURA SUBMERSO APÓS O ADENSAMENTO, O
RECALQUE DESSA ARGILA É DE:

A) 75 cm

B) 57 cm

C) 47,5 cm

D) 62 cm

E) 30 cm

5. O RECALQUE POR ADENSAMENTO FOI ESTIMADO PARA UMA


ARGILA MOLE QUE RECEBERÁ UM ATERRO DE GRANDES
DIMENSÕES E 1,5M DE ALTURA EM SUA SUPERFÍCIE. SABENDO
QUE O PESO ESPECÍFICO DO MATERIAL DO ATERRO É DE
20KN/M³ E QUE APÓS O ADENSAMENTO A ARGILA SOFRERÁ
UM RECALQUE DE 30CM, O ACRÉSCIMO DE CARGA QUE ESSE
ATERRO EFETIVAMENTE APLICA NA ARGILA É, EM KPA:

A) 24

B) 30

C) 21

D) 29,7

E) 27

6. UM PIEZÔMETRO TEVE SUA COTA DE BASE INSTALADO EM


UMA ARGILA MOLE PARA MONITORAR O ADENSAMENTO
CONSEQUÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE UM ATERRO DE GRANDES
DIMENSÕES QUE IMPLICOU EM UM ACRÉSCIMO DE TENSÕES
/
DE 18KPA NESSA CAMADA. SABENDO QUE O PROJETO ESTAVA
CORRETO E PREVIU RECALQUE DE 20CM, E QUE DEPOIS DE 2
ANOS O RECALQUE DESENVOLVIDO EM CAMPO FOI DE 15CM,
NESSA OCASIÃO O PIEZÔMETRO INDICAVA UMA MEDIDA DE:

A) 13,5 kPa

B) 10 kPa

C) 6 kPa

D) 4,5 kPa

E) 1,5 kPa

GABARITO

1. Os recalques por adensamento podem ser monitorados em campo por


meio de instrumentação específica de vários tipos, entre elas por

A alternativa "C " está correta.

Dentre as alternativas, o único instrumento capaz de monitorar recalques por


adensamento (deslocamento vertical) é o marco superficial. Como o nome sugere, o
medidor de nível d’água e o de vazão monitoram a posição da superfície freática e
a vazão, respectivamente. Os piezômetros medem poro-pressão, enquanto os
inclinômetros medem ângulos.

2. A submersão de aterros construídos diretamente sobre solos moles tem


o efeito de

A alternativa "B " está correta.

A submersão de aterros diminui progressivamente o acréscimo de tensões na


camada compressível, reduzindo o recalque por adensamento.

3. O recalque em uma argila compressível foi estimado em 1,20m para um


tempo de adensamento de 5 anos. Sabendo que no terreno foram
instaladas placas de recalque para monitoramento dos deslocamentos que
identificaram o deslocamento de 80cm após 3 anos de construção, o grau
de adensamento dessa argila para esse tempo era de:

A alternativa "A " está correta.


/
Após 3 anos, a relação entre o recalque estimado e o observado, o grau de
adensamento, é de:

ρ(t) 80
ˉ =
U = = 66%
ρ 120

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

4. Uma camada de argila compressível receberá um aterro de 2,5m de


altura e peso específico de 19kN/m³. Sabendo que a argila se encontra
normalmente adensada e que foi estimado que o aterro estaria com 30%
de sua altura submerso após o adensamento, o recalque dessa argila é de:

A alternativa "A " está correta.

O recalque sofrido pela argila deve ser de mesma magnitude que a submersão do
aterro. Logo:

ρ = 0, 30 . 2, 5 = 0, 75m = 75cm

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

5. O recalque por adensamento foi estimado para uma argila mole que
receberá um aterro de grandes dimensões e 1,5m de altura em sua
superfície. Sabendo que o peso específico do material do aterro é de
20kN/m³ e que após o adensamento a argila sofrerá um recalque de 30cm,
o acréscimo de carga que esse aterro efetivamente aplica na argila é, em
kPa:

A alternativa "E " está correta.

O acréscimo de carga para aterros de grandes dimensões que possui parte de sua
altura submersa pode ser calculado por:

( )
Δσ = γ H - h sub + γ subh sub = 20(1, 5 - 0, 3) + (20 - 10)0, 3 = 27 kPa

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

6. Um piezômetro teve sua cota de base instalado em uma argila mole


para monitorar o adensamento consequência da construção de um aterro
de grandes dimensões que implicou em um acréscimo de tensões de
18kPa nessa camada. Sabendo que o projeto estava correto e previu
recalque de 20cm, e que depois de 2 anos o recalque desenvolvido em
campo foi de 15cm, nessa ocasião o piezômetro indicava uma medida de:

A alternativa "D " está correta.


/
Veja a solução no vídeo abaixo:

MONITORAMENTO DO ADENSAMENTO

GABARITO

TEORIA NA PRÁTICA
Seja uma camada de argila mole de 4m de espessura que receberá um aterro de
grandes dimensões, 20kN/m³ de peso específico e 2m de altura. Sabendo que nos
ensaios realizados em amostras desse solo foram encontrados: um coeficiente de
recompressão igual a 0,12; de compressão igual a 1,4; OCR de 1,8; um índice de
vazios inicial de 3,50 e um peso específico de 14kN/m³, calcule o recalque esperado
para essa camada considerando a submersão do aterro.

RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:

O EFEITO DA SUBMERSÃO DE ATERROS NOS


RECALQUES
/
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. UMA ARGILA NORMALMENTE ADENSADA DE 3,5M DE


ESPESSURA, 7KPA DE TENSÃO EFETIVA INICIAL, 1,8 DE ÍNDICE
DE VAZIOS INICIAL, E COEFICIENTE DE COMPRESSÃO DE 1,3
RECEBERÁ UM ATERRO DE GRANDES DIMENSÕES, ALTURA DE
3,5M, CONSTRUÍDO COM MATERIAL QUE APRESENTA 17KN/M³
DE PESO ESPECÍFICO. O RECALQUE ESPERADO PARA ESSA
ARGILA, CONSIDERANDO O EFEITO DE SUBMERSÃO DO
ATERRO, É DE APROXIMADAMENTE:

A) 1,30m

B) 1,40m

C) 1,50m

D) 1,60m

E) 1,70m

2. UM MEDIDOR DE RECALQUE IDENTIFICOU APÓS 3 ANOS QUE


O DESLOCAMENTO SOFRIDO EM UM TERRENO FOI DE 1,5M
DEVIDO AO ADENSAMENTO. SABENDO QUE PARA ESSE TEMPO
O GRAU DE ADENSAMENTO ESPERADO ERA DE 85%, O
RECALQUE TOTAL QUE ESSE SOLO SOFRERÁ SERÁ DE: /
A) 1,76m

B) 2,07m

C) 4,55m

D) 1,76m

E) 1,76m

GABARITO

1. Uma argila normalmente adensada de 3,5m de espessura, 7kPa de


tensão efetiva inicial, 1,8 de índice de vazios inicial, e coeficiente de
compressão de 1,3 receberá um aterro de grandes dimensões, altura de
3,5m, construído com material que apresenta 17kN/m³ de peso específico.
O recalque esperado para essa argila, considerando o efeito de submersão
do aterro, é de aproximadamente:

A alternativa "B " está correta.

O recalque pode ser calculado por:

ρ=
h0
1 + e0 [ ( )]
C C log
σ'f

σ'p
=
3,5
1+1,8 [ (
1, 3 log
[ 7 + 17 . 3 , 5 ]
7 )] = 1, 59m

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Considerando a submersão do aterro:

ρ=
3,5
1+1,8 [ (
1, 3 log
[ 7 + ( 17 . ( 3 , 5 - 1 , 59 ) + ( 17 - 10 ) . 1 , 59 ) ]
7 )] = 1, 39m

ρ=
3,5
1+1,8 [ (
1, 3 log
[ 7 + ( 17 . ( 3 , 5 - 1 , 39 ) + ( 17 - 10 ) . 1 , 39 ) ]
7 )] = 1, 42m

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

2. Um medidor de recalque identificou após 3 anos que o deslocamento


sofrido em um terreno foi de 1,5m devido ao adensamento. Sabendo que
/
para esse tempo o grau de adensamento esperado era de 85%, o recalque
total que esse solo sofrerá será de:

A alternativa "A " está correta.

Após 2 anos, a relação entre o recalque estimado e o observado, o grau de


adensamento, é de:

¯ ρ(t) ρ(t) 1, 5
U= →ρ= = = 1, 76m
ρ ¯ 0, 85
U

Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, você aprendeu sobre o adensamento: por que ele ocorre, como ele
ocorre, como quantificá-lo, por quanto tempo ele ocorre, em que tipo de solo ele
ocorre e como lidar com seus efeitos.

Esse conhecimento é indispensável a um engenheiro civil que trabalhe com projeto,


execução ou com o desempenho pós-obra. Você agora tem as ferramentas
necessárias para estimar os recalques e evitar que os diversos problemas
associados apareçam em sua obra.

/
AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. S. S.; MARQUES, M. E. S. Aterros sobre solos moles – projeto e
desempenho. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2014. 245p.

ASTM INTERNATIONAL. ASTM D2435 / D2435M-11(2020): Standard Test Methods


for One-Dimensional Consolidation Properties of Soils Using Incremental Loading.
West Conshohocken, PA, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9820: Coleta de amostras


indeformadas de solos de baixa consistência em furos de sondagem –
Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1997, p.5.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12007: Solo – Ensaio de


adensamento unidimensional – Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1990, 15p.

PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2006, 367p.

PIRES, L. G. S. Comportamento de aterro experimental sobre solo mole


tratado com colunas de brita. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

EXPLORE+

Pesquise e leia o artigo O que vem a ser recalque nas fundações?, do blog
GeoSensori, que exemplifica o recalque uniforme e diferencial.

Pesquise e leia o artigo Prédios tortos de Santos: como eles estão hoje?, do
blog Massa Cinzenta, que explica como foram recuperados os prédios
/
recalcados da orla de Santos-SP.

CONTEUDISTA
Mirella Dalvi dos Santos

 CURRÍCULO LATTES

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