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UNIDADE III

COMPRESSIBILIDADE,
ADENSAMENTO E
RECALQUES NO SOLO
1. INTRODUÇÃO
Compressibilidade é uma característica de todos os materiais de quando
submetidos a forças externas (carregamentos) se deformarem. O que difere o
solo dos outros materiais é que ele é um material natural, com uma estrutura
interna o qual pode ser alterada, pelo carregamento, com deslocamento e/ou
ruptura de partículas. Portanto, devido a estrutura própria do solo
(multifásica), possuindo uma fase sólida (grãos), uma fase fluída (água) e
uma fase gasosa (ar) confere-lhe um comportamento próprio, tensão-
deformação, o qual pode depender do tempo.

Define-se compressibilidade dos solos como sendo a diminuição do seu


volume sob a acção de cargas aplicadas.

Eng.º Ronaldo Paulo Sérgio


1. INTRODUÇÃO
A compressibilidade depende do tipo de solo, por exemplo: a
compressibilidade em areias (solos não-coesivos) devido a sua alta
permeabilidade ocorrerá rapidamente, pois a água poderá drenar facilmente.
Em contrapartida, nas argilas (solos coesivos) a saída de água é lenta devido
à baixa permeabilidade, portanto, as variações volumétricas
(deformações/recalques) dependem do tempo, até que se conduza o solo a
um novo estado de equilíbrio, sob as cargas aplicadas. Essas variações
volumétricas que ocorrem em solos finos saturados, ao longo do tempo,
constituem o processo de adensamento.

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1. INTRODUÇÃO

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2.1. MODELO MECÂNICO DE TERZAGHI

Figura 2. Analogia hidromecânica para ilustrar a distribuição de cargas no adensamento.

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2.1. MODELO MECÂNICO DE TERZAGHI

Figura 8.3 - Variações de tensões e de volume durante o adensamento.

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2.2. TEORIA DE ADENSAMENTO DE
TERZAGHI
A partir dos princípios da Hidráulica, Terzaghi elaborou a sua teoria, tendo,
entretanto, que fazer algumas simplificações, para o modelo de solo
utilizado. As hipóteses básicas de Terzaghi são:
a) Solo homogêneo e saturado;
b) Partículas sólidas e a água contida nos vazios do solo são
incompressíveis;
c) Compressão (deformação) e drenagem unidimensionais (vertical);
d) Propriedades do solo permanecem constante ( k, mv, Cv);
e) Validade da lei de Darcy ( v = k . i );
f) Há linearidade entre a variação do índice de vazios e as tensões
aplicadas.

Mv – coeficiente de variação volumétrica; Cv – coeficiente de consolidação.


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2.2. TEORIA DE ADENSAMENTO DE
TERZAGHI
Ao admitir escoamento unidireccional de água, algumas imprecisões
aparecem, quando se tem o caso real de compressão tridimensional,
entretanto, a hipótese condicionante de toda a teoria é a que prescreve a
relação linear entre o índice de vazios e a variação de pressões. Admitir tal
hipótese significa admitir que toda variação volumétrica se deva à expulsão
de água dos vazios, e que se afasta em muitos casos da realidade, pois
ocorrem juntamente com o adensamento, deformações elásticas e outras, sob
tensões constantes, porém crescentes com o tempo (Creep). As demais
hipóteses podem facilmente ser reproduzidas em laboratório ou se
aproximam da realidade.

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2.2. TEORIA DE ADENSAMENTO DE
TERZAGHI
A Figura 8.4 a seguir mostra um perfil de solo muito comum: uma camada
de solo saturado compressível intercalada entre outras camadas pouco
compressíveis. O carregamento que foi imposto é do tipo unidimensional,
isto é, não há distorção lateral do solo. Na mesma figura (item b) mostra um
elemento de solo da camada na qual o incremento de carga aplicada foi ΔP.
Analisando a pressão neutra (u) dentro da camada, observa-se que ela será
zero (ou igual a um valor hidrostático inicial constante, dependente do lençol
freático na areia) no contacto superior. A areia possui uma permeabilidade
muito alta em relação à argila e fornece uma condição de drenagem livre,
portanto.

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2.2. TEORIA DE ADENSAMENTO DE
TERZAGHI

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2.2. TEORIA DE ADENSAMENTO DE
TERZAGHI
A expressão que rege o fenómeno do adensamento unidimensional é conhecida
como equação diferencial do adensamento. Sendo esta uma equação
diferencial de derivadas parciais de 2° ordem.

Desta equação define-se o coeficiente de consolidação (ou de adensamento),


pela seguinte expressão:

Quanto maior o valor do Cv, tanto mais rápido se processa o adensamento do solo. Assim como mv e
k, o Cv é uma propriedade dos solos.
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2.2. SOLUÇÕES APROXIMADAS DA
EQUAÇÃO DE ADENSAMENTO
A equação teórica U = f (T) é expressa com bastante aproximação, pelas
seguintes relações empíricas:

Estas relações nos fornecem valores para o factor tempo (T), em função da
percentagem de recalque para adensamento pela Teoria de Terzaghi, conforme
pode ser visto na Tabela 8.1 e no gráfico da Figura 8.8 (b).

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
O cálculo de recalques é de muita importância em obras como aterros
rodoviários, fundações directas, pistas de aeroportos, barragens, etc. Embora o
problema maior esteja nos recalques
diferenciais, pois são estes que provocam o aparecimento de fissuras e falhas,
não há meios de avaliá-los previamente. Entretanto, a experiência geotécnica
tem demonstrado que os danos às estruturas, devido a tais recalques, estão
associados à magnitude do recalque total. Na realidade, o recalque final que
uma estrutura sofrerá será composto de outras parcelas, como, por exemplo, o
recalque imediato ou elástico, estudado na Teoria da Elasticidade.

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Como não existe uma relação tensão-deformação capaz de englobar todas as
particularidades e complexidades do comportamento real do solo, as parcelas
de recalque de um solo são estudadas separadamente. Nesta seção, se estudará
o cálculo do recalque total que um solo sofrerá no campo, que se processam no
decorrer do tempo, e que se deve a uma expulsão de água dos vazios do solo a
partir de dados obtidos do ensaio de adensamento.

Para o cálculo do recalque total (ΔH) que uma camada de solo compressível de
espessura “H” passou por uma variação do índice de vazios (Δe) considerando
o esquema da figura 8.16.

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO

Figura 8.16 - Elemento de solo submetido à adensamento

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Admitindo que a compressão seja unidireccional e que os sólidos sejam
incompressíveis, tem se:

ΔV = V0 - Vf = Vv0 – Vvf

porém, e0 = Vv0 / Vs e ef = Vvf / Vs

ΔV = e0 . Vs - ef . Vs = (e0 - ef ) . Vs = Δe . Vs

como a compressão só se dá na direcção vertical, a área (A) da amostra de solo


permanece constante:

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
A . ΔH = Δe . A . Hs ⇒ ΔH = Δe . Hs

contudo,

e0 = Vv0 /Vs = (V - Vs)/Vs = (A . H - A . Hs)/(A . Hs) = (H - Hs)/Hs

Hs = H / (1 + e0 ) ΔH = deformação ou recalque
H = espessura da camada compressível
Assim: Δe = variação do índice de vazios
e0 = índice de vazios inicial

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Utilizando os dados obtidos no ensaio de adensamento (Figura 8.10), o
recalque total devido a uma variação do índice de vazios, numa camada
compressível é dado por:

Solos Normalmente Adensados (NA): σ’vm = σ’v0


ΔH = recalque por adensamento para argilas
normalmente adensadas
Cc = índice de compressão
eo = índice de vazios inicial
σ’vm = tensão de pré-adensamento
Δσ’v = acréscimo de tensão efectiva no centro da
camada (Teoria da Elasticidade)

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Solos Pré-Adensados (PA): σ’vo + Δσ’v > σ’vm

Para argilas PA o cálculo do Δe do índice de vazios depende da magnitude do


incremento de tensão. Se o acréscimo de tensão efectiva gerado por um
carregamento externo mais a tensão efectiva
actual for superior à tensão de pré-adensamento o solo sofrerá recompressão e
compressão virgem, então teremos:

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Solos em Adensamento
Por último, temos o caso em que σ’v0 > σ’vm, isto é, a argila ainda não
terminou de adensar, sob efeito de seu próprio peso (Figura 8.13 (c)).

Figura 8.13 - Condições de adensamento das argilas.

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Para argilas Pré-adensadas quando o acréscimo de carga somado com a tensão
efectiva actual não ultrapassar a tensão de pré-adensamento σ´v0 + Δσ´v < σ
´vm , o solo somente sofrerá recompressão, portanto teremos:

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Exemplo 2: Dado o perfil geotécnico abaixo, calcule: a) o recalque total da
camada de argila provocado pela sobrecarga (depósito circular- 20m de
diâmetro); b) o tempo para atingir 50% deste recalque; c) o tempo para atingir
47cm de recalque; d) o tempo para atingir 47cm de recalque, se houvesse uma
camada inferior impermeável.

a) Para o cálculo do recalque precisamos comparar a tensão actual com a tensão


de pré adensamento de laboratório, e determinar se o solo é normalmente
adensado ou pré-adensado.

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Cálculo da tensão efectiva actual:

σ´v0 = 0,5m . 16kN/m3 + 0,5m . (18kN/m3 - 10kN/m3 ) + 4m . (14,2kN/ m3 -


10kN/m3 ) σ´v0 = 28,8 kN/m2

OCR = σ´vm/σ´v0 = 30/28,8 = 1,0 (solo normalmente adensado)

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO
Para a determinação do acréscimo de carga no centro da camada de argila,
utilizamos a Teoria da Elasticidade (Unidade 7).

ÁBACO:
x/R = 0
y/R = 0,5
Factor de Influência (I) = 0,90
Δσ´v = 0,90 . 50 kN/m2 = 45 kN/m2

Utilizamos a seguinte expressão para estimar o recalque total:

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO

b) Para atingir 90% de recalque, teremos:

U = 90%, T = −0,9332 ⋅ log(1−U)− 0,0851= 0,848


(ver Ábaco da Figura 8.7 ou Tabela 8.1)

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO

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2.2. RECALQUES POR ADENSAMENTO

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2.2. RECALQUES DEVIDO AO
REBAIXAMENTO DO LENÇOL
FREÁTICO
Um caso interessante de recalques ocorre em algumas áreas urbanas onde há
bombeamento da água subterrânea (cidade do México, Veneza e outras).
Grandes áreas são afectadas e recalques consideráveis ocorrem. Estes recalques
são provocados pelo rebaixamento do nível d’água, no solo, em consequência
do aumento do seu peso específico aparente - não mais sujeito ao empuxo
hidrostático - um acréscimo de pressão entre as partículas constituintes do
terreno. A Figura 8.17 ilustra esta situação.

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2.2. RECALQUES DEVIDO AO
REBAIXAMENTO DO LENÇOL
FREÁTICO
solo submerso - γsub = γsat - γw , solo seco - γd
= γs . (1 - n)
γsat = (1 -n ) . γs + n . γw - γw
γsub = (1 - n) . γs + (n -1)γw
γsub = (γs - γw) (1 - n)

γsub (γs - γw) (1 - n) γs – γw

Adotando γs = 26,7 kN/m3 , temos γd = 1,6 γsub

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2.2. RECALQUES DEVIDO AO
REBAIXAMENTO DO LENÇOL
FREÁTICO

Figura 8.17 - Esquema do rebaixamento do nível d’água.

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2.2. RECALQUES DEVIDO AO
REBAIXAMENTO DO LENÇOL
FREÁTICO
Este aumento do peso específico gera um acréscimo de pressão, e em
consequência, o aparecimento de recalques. Se o solo for constituído por
camadas de areia e pedregulho (materiais permeáveis), o recalque se produz
simultaneamente com o rebaixamento do nível d’água e é, em geral, de pouca
importância. O mesmo já não acontece quando no terreno encontram-se
camadas de
argila compressível. A sobrecarga decorrente do rebaixamento provocará o
adensamento desta camada, podendo assim dar lugar a recalques, e surgindo
em estacas e tubulões atrito negativo.

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2.2. RECALQUES DEVIDO AO
REBAIXAMENTO DO LENÇOL
FREÁTICO
Este aumento do peso específico gera um acréscimo de pressão, e em
consequência, o aparecimento de recalques. Se o solo for constituído por
camadas de areia e pedregulho (materiais permeáveis), o recalque se produz
simultaneamente com o rebaixamento do nível d’água e é, em geral, de pouca
importância. O mesmo já não acontece quando no terreno encontram-se
camadas de
argila compressível. A sobrecarga decorrente do rebaixamento provocará o
adensamento desta camada, podendo assim dar lugar a recalques, e surgindo
em estacas e tubulões atrito negativo.

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2.2. RECALQUES DEVIDO AO
REBAIXAMENTO DO LENÇOL
FREÁTICO
Exemplo 3: Verifique o efeito de um rebaixamento do lençol freático para a
profundidade de 1,0m no exemplo anterior.

Verifica-se que houve variação da tensão efectiva


σ´v0 = 28,8 kN/m2

Após o rebaixamento, temos:

σ´v = 1,0m . 16 kN/m3 + 4m . (14,2kN/m3 - 10kN/m3) = 32,8 kN/m2

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2.2. CORRECÇÕES DO RECALQUE POR
ADENSAMENTO
Em função das limitações próprias da teoria do adensamento, os valores de
recalques obtidos devem ser corrigidos para determinadas situações não
previstas na teoria.
a) Recalques ocasionados por um carregamento lento
Esta correcção refere-se ao fato de que, na prática, nenhum carregamento é
aplicado instantaneamente, como se prescreve na teoria ou como se faz no
ensaio de adensamento.
A rigor, qualquer construção vai carregando o terreno gradativamente. Para
levar em conta tal efeito, existe uma construção gráfica - Gilboy - que permite
obter a curva tempo x recalque para o carregamento lento, a partir da curva do
carregamento instantâneo.

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2.2. CORRECÇÕES DO RECALQUE POR
ADENSAMENTO
A construção é baseada na hipótese de que o recalque, no final da construção
(tempo - tc) é igual ao recalque, no tempo tc/2, quando se considera o
carregamento aplicado instantaneamente.
A variação do carregamento é linear com o tempo, e é dada por:
σ = (t / tc) . σ0,
em que σ0 é a tensão final originada pelo carregamento. Nessa circunstância, a
relação entre os recalques instantâneos e lentos será proporcional a t/tc. A
Figura 8.18 esquematiza a construção gráfica.

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2.2. CORRECÇÕES DO RECALQUE POR
ADENSAMENTO
Para se obter o recalque, num tempo “t”, basta determinar o recalque
instantâneo no tempo “t/2”, traçar uma horizontal que interceptará a vertical
por “tc” no ponto “A”. Unindo-se “A” à origem “O”, esse segmento “AO”
intercepta a vertical em “t”, no ponto “B”, que será o recalque ocasionado pelo
carregamento lento. Pelas hipóteses formuladas:

MN = PQ
σ = (t / tc) .σ0 ⇒ P’Q’ = (t / tc) M’N’
após o tempo t = tc, os demais pontos são obtidos, deslocando a curva
carregamento lento de tc/2.

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2.2. CORRECÇÕES DO RECALQUE POR
ADENSAMENTO
b) Interferência de Efeitos Tridimensionais
As soluções apresentadas referem-se ao caso de compressão unidireccionais.
Há casos em que a espessura da camada é muito maior que área carregada,
quando os efeitos tridimensionais podem afectar a velocidade e a magnitude
do recalque.
Uma consideração semi-empírica, para levar em conta tais efeitos, foi
proposta por Skempton e Bjerrum (1957) e admite que a despeito dos efeitos
tridimensionais o recalque é ainda
unidimensional. Essa correcção utiliza os parâmetros de pressão neutra A e B
de Skempton:
Δu = B . Δσ3 + A (Δσ1 - Δσ3)

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b) Interferência de Efeitos Tridimensionais

Figura 8.19 apresenta os valores do factor de correcção (Ψ) a serem


multiplicados pêlos recalques obtidos, quando se considera compressão
unidireccional:

ΔH corrigido = Ψ . ΔH

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2.2. COMPRESSÃO SECUNDÁRIA (OU
SECULAR)
A compressão secundária corresponde à variação adicional de volume, que se
processa após total dissipação da sobre-pressão hidrostática (excesso de pressão
efectiva gerado por um carregamento), isto é, a variação de volume que ocorre a
um valor constante de tensão efectiva (seria o “creep” no solo). É uma variação
de volume que começa durante o adensamento primário (Adensamento de
Terzaghi) e usualmente ocorre a uma velocidade muito mais lenta.
Esta componente de deformação parece ser devida ao deslizamento lento das
ligações interpartículas e alguns outros fenómenos de escala microscópica. Tais
fenómenos são comandados por forças electroquímicas que ainda não são bem
conhecidas.

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2.2. COMPRESSÃO SECUNDÁRIA (OU
SECULAR)
Nas estruturas reais, é difícil separar os adensamentos primário e secundário,
pois ambos podem ocorrer simultaneamente, e isto é mais acentuado quanto
maior for a espessura da camada. O solo mais próximo das camadas drenantes
estará sofrendo compressão secundária enquanto que, no meio, o solo estará
ainda com baixos graus de adensamento (Ver Figura 8.7).

A Figura 8.14 apresenta um trecho de recalque claramente devido a


compressão secundária (a partir de H100). A magnitude da compressão
secundária pode ser expressa pela inclinação do trecho referido acima (no
gráfico). Define-se normalmente a inclinação como:

Cα = Δe / Δ log t
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2.2. COMPRESSÃO SECUNDÁRIA (OU
SECULAR)
Quanto mais plástico o solo, maior será sua compressão secundária. Isto é
acentuado ainda mais com solos orgânicos e turfas, nas quais o fenómeno pode
ser quase tão importante quanto o adensamento primário. A Tabela 8.2
apresenta alguns valores típicos de Cα.

Tabela 8.2 – Valores típicos de Cα

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2.2. COMPRESSÃO SECUNDÁRIA (OU
SECULAR)

onde :
h1 = recalque após 1 dia com carga
constante
h10 = recalque após 10 dias com
carga constante

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2.2. RECALQUES
Recalques são deslocamentos verticais que todas as fundações apresentam. Em
geral, deve-se classificar os recalques de fundações directas em recalque
imediato (elástico), recalque por adensamento, e compressão secundária
(creep).

ΔH = ΔHi + ΔHa + ΔHcs


onde:
ΔHi = recalque imediato ou recalque elástico resultante da distorção do solo a
volume constante, presente em todos os materiais;
ΔHa = recalque por adensamento resultante da dissipação do excesso de
pressão neutra, típico de solos argilosos saturados (recalques ocorrem ao longo
do tempo);
ΔHcs = recalque secundário evolui com o tempo, porém a tensões efectivas
constantes (após a dissipação das pressões neutras);
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2.2. RECALQUES
A magnitude dos recalques depende da magnitude das tensões não geostáticas
(tensões resultantes de carregamento externo) desenvolvidas no solo e das
propriedades dos solos atingidos pelo acréscimo (Δσ’) destas tensões.

Para o cálculo das tensões não geostáticas e dos recalques imediatos utiliza-se
à teoria da elasticidade.

O cálculo dos recalques por adensamento é feito com base na teoria do


adensamento.

O cálculo dos recalques secundários é feito com base em métodos empíricos.

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2.2. RECALQUES
Recalques em solos granulares são predominantemente imediatos. Como para a
utilização da teoria da elasticidade é necessário o conhecimento das
propriedades elásticas dos materiais e estes solos são difíceis de serem
amostrados e ensaiados em laboratório, emprega-se na prática uma série de
métodos empíricos e semi-empíricos.

O recalque total em solos argilosos será a soma do recalque imediato, recalque


por adensamento e recalque secundário ou secular. Quando ocorrem
carregamentos do tipo rápido (não drenado) em solos argilosos saturados,
utiliza-se a teoria da elasticidade para a previsão de recalques imediatos da
camada.

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2.2. RECALQUES
O recalque vertical imediato de uma camada submetida a um carregamento
superficial Q (tensão) pode ser obtido através da expressão:

onde:
ΔHi = recalque vertical imediato
Cd = factor de forma e rigidez
B = diâmetro ou largura da área carregada
μ = coeficiente de Poisson
E = módulo de elasticidade do solo

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