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Se o solo for arenoso, de elevada permeabilidade, a água é expulsa rapidamente, seus poros diminuem de volume e o
solo se comprime rapidamente. Nesse caso, os recalques são praticamente instantâneos. A Teoria do Adensamento não
se aplica a esse caso.
Por outro lado, se o solo for argiloso, de baixa permeabilidade, a água sai lentamente, e os recalques demoram mais a
se completar. Como essa demora, nos casos práticos, pode ser de alguns meses ou mesmo anos, é preciso calcular qual
será esse tempo.
Além disso, o excesso de pressão neutra provocado pelo carregamento externo, diminui a tensão efetiva (lembre-se do
princípio das tensões efetivas: s’ = s – u), diminuindo como consequência a resistência interna do solo, pois diminui a
interação entre as partículas (esse assunto será estudado mais tarde no capítulo “Resistencia ao cisalhamento dos
solos”). Por esse motivo é interessante saber também em cada instante do processo de adensamento qual é a pressão
neutra atuante, já que dela depende a resistência do solo.
Portanto, essas são as principais aplicações da Teoria do Adensamento que iremos ver:
• Evolução do recalque no tempo; e
• Evolução da pressão neutra no tempo.
CONCEITUAÇÃO INICIAL
Analogia mecânica de Terzaghi: procura simular o que ocorre no solo de baixa permeabilidade, com os poros saturados
de água, quando submetido a um carregamento externo.
TEORIA DO ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL DE TERZAGHI
HIPÓTESES DA TEORIA
GRAU DE ADENSAMENTO
Definição: quanto da deformação final já ocorreu em um determinado instante. Ou, em outras palavras, a relação
entre a deformação que já ocorreu, em um determinado instante, e a deformação final.
𝜌
𝜀𝑓 =
𝐻1
𝑒1 − 𝑒2 𝑒1 − 𝑒2
𝜌 = 𝐻1 . portanto 𝜀𝑓 =
1 + 𝑒1 1 + 𝑒1
𝑒1 − 𝑒
Então 𝑈𝑧 =
𝑒1 − 𝑒2
𝑢
ou 𝑈𝑧 = 1 −
𝑢𝑖
∆𝑢 (eu prefiro escrever assim para lembrar que se
𝑈𝑧 = 1 −
∆𝑢𝑖 trata de acréscimo de pressão neutra)
EQUAÇÃO QUE EXPRESSA A TEORIA DO ADENSAMENTO DE TERZAGHI (ver dedução no livro de C.S. Pinto)
onde
É o chamado “coeficiente de adensamento”, que expressa a velocidade com que se processa o fenômeno do
adensamento.
A definição de “Altura Drenante” é: “a maior distância que uma partícula de água no interior da camada de argila
precisa percorrer para ser drenada”.
Portanto:
• Se a situação física é de uma camada de argila saturada entre duas camadas drenantes de areia, Hd será igual à
metade da espessura H da argila.
• Se a situação física é de uma camada de argila saturada com apenas uma camada de areia drenante, situada no
topo ou na base da camada de argila, Hd será igual à espessura, H, da camada de argila.
A solução da equação do adensamento, Uz, para vários pontos da massa (valores de Z em função de z/Hd onde
z = profundidade do ponto considerado em relação ao topo da camada de argila) e para vários intervalos de tempo
decorridos após início do adensamento, expressos pelo Fator Tempo, T, está expressa na figura abaixo. As curvas que
aparecem na figura são chamadas de “isócronas”, porque cada uma representa a situação de adensamento da camada de
argila em um determinado instante. Note que no desenho há um erro de digitação: no eixo horizontal está expresso o
Grau de Adensamento, e não a Porcentagem de Adensamento, como está escrito.
A porcentagem de recalque, U (U = (r/rtotal)x100 [%]), que se observa na superfície do terreno, para cada instante do
processo de adensamento, também pode ser expressa em função do Fator Tempo, T, através de uma equação, cujos
resultados encontram-se na Tabela 10.1 abaixo.
EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADENSAMENTO
Exemplo 1. No caso de uma camada de argila de 4 m de espessura, com coeficiente de adensamento de 8x10-2 m2/dia,
situada entre duas camadas de areia, com nível d’água na superfície da argila, ser submetida a um acréscimo de tensão
total de 20 kPa devido à colocação de um aterro horizontalmente infinito na superfície do terreno, calcule:
a) Quantos dias serão necessários para que ocorram 90% dos recalques; e
b) O valor da pressão neutra, u, no centro da camada de argila mole, quando tiver ocorrido 60% do recalque.
Solução:
𝑐𝑣 𝑡 0,08𝑡
Mas 𝑇 = = t = 42 dias
𝐻𝑑2 22
∆𝑢 ∆𝑢
Da Figura 10.5 (isócronas), para T = 0,287 e Z = z/Hd = 2/2 = 1 Uz = 0,4 = 1 − ∆𝑢 = 1 − 20 Du = 12 kPa
𝑖
u = uo + Du = 10x2 + 12 = 20 + 12 = 32 kPa
Estudar após a aula o item 10.4, pg 216, do livro Curso Básico de Mecânica dos Solos de Carlos de Sousa Pinto: