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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Departamento de Físico-Química
Físico-Química II – Prof. Raphael Cruz
1a Lista de Exercícios

TENSÃO SUPERFICIAL
Lista Resolvida e Comentada

Exercício 1.

a) é a densidade de energia (energia por unidade de área) em excesso que as moléculas na superfície
de um líquido ou de um sólido possuem quando em contacto com sua fase vapor; ou é a quantidade
de energia, na forma de trabalho, necessária para aumentar em uma unidade de área a superfície de
um líquido ou de um sólido em contacto com sua fase vapor num processo isotérmico e reversível;
ou é a força por unidade de comprimento tangente à superfície de contacto entre o líquido ou o
sólido e sua fase vapor, que se opõe a qualquer tentativa de se aumentar a área superficial.
b) tem a mesma definição de tensão superficial, no entanto, a superfície de separação é entre dois
líquidos (imiscíveis ou parcialmente miscíveis) ou entre um líquido e um sólido.
c) é o ângulo formado entre as interfaces sólido-líquido e líquido-vapor ou entre as interfaces
líquido-líquido e líquido-vapor (para líquidos imiscíveis ou parcialmente miscíveis).

Exercício 2.

[] = Energia/Área = Força/Comprimento

[] = erg/cm2 = dyn/cm (no C.G.S.) ou [] = J/m2 = N/m (no S.I)

Exercício 3.

a) O trabalho de adesão entre um líquido e um sólido é a quantidade de energia necessária para


separar um líquido da superfície de um sólido. Essa quantidade de trabalho é dada por: dwa = (S +
L - SL)dA.
b) O trabalho de coesão de um líquido é a quantidade de energia necessária para romper uma coluna
do líquido de seção reta uniforme igual a dA, ou seja, dwc = 2LdA.
c) O coeficiente de espalhamento é a diferença entre o trabalho de adesão e o trabalho de coesão,
isto é:
Interface sólido-líquido: coeficiente de espalhamento = S - L - SL
Interface líquido-líquido: coeficiente de espalhamento = A - B - AB

Exercício 4.

Os valores da pressão nos lados côncavo e convexo de uma superfície curva são diferentes e a
diferença entre esses valores depende da tensão superficial do meio.
Para a superfície de um esferóide se tem: p – po = (1/R1 + 1/R2)
onde p e po são as pressões dos lados côncavo e convexo da superfície; R 1 e R2 os raios dos semi-
eixos principais de curvatura do esferóide.
Para uma superfície esférica: R1 = R2 = R e p – po = 2/R
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Exercício 5.

A equação de Kelvin relaciona a pressão de vapor, p, de um líquido na forma de gotículas em


função do raio, r, das gotas em equilíbrio isotérmico com o vapor do líquido:
ln(p/po) = (2M)/(RTr)
onde po é a pressão de vapor do líquido com superfície plana, M a sua massa molecular;  a sua
massa específica, R a constante dos gases e T a temperatura absoluta.

Exercício 6.

Pela interação entre as moléculas do líquido e a superfície de um sólido. Havendo aderência do


líquido no sólido se forma no interior do tubo de raio pequeno (capilar) um menisco côncavo que
provoca a ascensão do líquido no tubo. Se ocorre uma repulsão entre o líquido e o sólido, se forma
no interior do tubo capilar um menisco convexo que provoca a depressão do líquido no tubo.
A relação entre a ascensão ou depressão capilar, h, com a tensão superficial, , do líquido é
dada por:

h = 2cos/gR

onde  é a massa específica do líquido, g a aceleração da gravidade, R o raio interno do tubo capilar
e  é o ângulo de contato entre o menisco do líquido e a superfície interna do tubo.

Exercício 7.

a) Ascensão Capilar: mede-se a ascensão ou depressão capilar, h, (diferença entre a altura da


superfície do líquido dentro do capilar e a altura da superfície do líquido contido no recipiente em
que o capilar está imerso). O cálculo da tensão superficial, , é realizado pela expressão:  =
(gRh)/2; onde  é a massa específica do líqudo, g a aceleração da gravidade e R o raio interno do
capilar.
b) Método da gota: determina-se a massa, m, de uma gota do líquido que se desprende, sob a ação
do campo gravitacional, da extremidade de um tubo capilar. A tensão superficial do líquido é
calculada pela equação:  = mg/2r, onde r é o raio externo do capilar.
c) Tensiômetro de Du Nouy: determina-se a força necessária para arrancar um anel metálico da
superfície de um líquido, através de uma balança de torção. Essa força, f, é o produto da tensão
superficial do líquido pelo dobro do perímetro médio do anel, L. A tensão superficial é calculada
por:  = f/2L

Exercício 8.

A tensão superficial dos líquidos diminui com o aumento da temperatura e anula-se na temperatura
crítica. Duas equações empíricas utilizadas são:
Equação de Eötvös: V2/3 = ke(tc – t)

Equação de Ramsay-Shields: V2/3 = ke(tc – t - 6)


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onde V é o volume molar do líquido, ke é a constante de Eötvös, tc a temperatura crítica e t a


temperatura do líquido.

Equação de van der Waals:  = o(1 – TR)n

onde o e n (= 11/9) são constantes e TR é a temperatura reduzida (= T/Tc)

Exercício 9.

O trabalho para pulverizar um líquido será igual ao trabalho necessário para aumentar a área do
líquido, ou seja:
w = A
onde A é a variação da área superficial do líquido e  a tensão superficial.
No caso presente a área superficial inicial é desprezível em relação à área final, assim pode-
se escrever:
A = Af = (no de gotas)x(área de uma gota)
 
 
A  
m 
 4r 3 

4r 2  
3m

3x1000
r 0,05 x 0,998
 6,0x10 4 cm 2
 
 3 
onde m é a massa do líqudio,  a sua massa específica e r o raio de uma gota.
O trabalho será de:
w = 72x6x104 = 4,32x106 erg = 0,432 J

Exercício 10.

Por definição corresponde ao valor do volume molar de uma substância quando sua tensão
superficial é unitária. Matematicamente podemos escrever:

P = V1/4

onde V é o volume molar da substância.


A parácora é uma propriedade aditiva e constitutiva e assim sua importância reside no fato
de se poder calcular a tensão superficial de estruturas mais complexas a partir das estruturas
constituintes mais simples.

Exercício 11.

Interface Água-benzeno: coeficiente de espalhamento = 72,8 – 28,9 – 33,6 = 10,3


Interface Água-mercúrio: coeficiente de espalhamento = 485,0 – 72,8 – 427,0 = -14,8
Interface Benzeno-mercúrio: coeficiente de espalhamento = 485,0 – 28,9 – 444,0 = 12,1

Pelos valores do coeficiente de espalhamento, pode-se concluir que benzeno se espalha tanto
na água quanto no mercúrio, enquanto, a água não se espalha sobre o mercúrio.
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Exercício 12.

Usando a equação de Laplace reduzida para a forma esférica e sabendo que a bolha de sabão possui
duas superfícies livres em contato com o ar (uma interna e outra externa)‡ pode-se escrever:
4
P  Po 
R
logo, se tem:
4x 30
P  P  Po   120 dyn / cm 2
1

‡ – Uma gota de água possui apenas uma superfície livre em contato com o ar, a externa.

Exercício 13.

Usando a equação de Kelvin vem:


 P  2M 2x18 x 72,8
ln  vo     0,036
 Pv  rRT 0,998 x3x10 x8,31x10 x 293
6 7

e
Pv  17,5. exp 0,036   18,2mmHg
Usando a lei de Dalton, se obtém:
Par = Pv/xágua = 18,2/0,016 = 1137,5 mmHg = 1,50 atm

Exercício 14.

Considerando o raio do capilar pequeno de tal forma que o ângulo de contato é próximo de zero,
vem:

2 2x 72
R   0,018cm ou D = 0,036 cm
gH 0,998 x980 x8,37
e
 Hg H Hg 13,6x3,67 x 72
 Hg   H 2O   430,2dyn / cm
 H 2O H H 2O 0,998 x8,37

Exercício 15.

O menisco do líquido entre as duas lâminas corresponde a uma canaleta com um raio
aproximadamente igual a metade da distância entre as placas (0,005 cm) e o outro raio é infinito,
logo a expressão de Laplace se torna:

Po  P 
r

A equação da ascensão capilar toma a forma:


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H
gR
ou
 = gHR = 0,870x980x5,3x0,005 = 22,6 dyn/cm

considerando que o ângulo de contato, , é aproximadamente 0o e cos  = 1.

Exercício 16.

A relação entre  e Wid é dado pelo equilíbrio de forças no momento da ruptura da gota do capilar:

2r = mg = Wid
Como a gota não se desprende completamente do capilar, introduz na equação anterior um
termo de correção:
2r f = W
onde
W = fWid
Cálculo de r:
O volume da gota pode ser expresso por: V = m/, onde m é a massa da gota, ou V = W/g,
onde g é a aceleração da gravidade.
Como r/V1/3 = 0,5, substituindo V por W, tem-se:
W = g(r/0,5)3 = 2rf
Da equação anterior se obtém o valor de r:
1/ 2 1/ 2
 2f (0,5) 3   2x 26,0x 0,65(0,5) 3 

r  
     0,13cm
  g   0,800 x 980 
O peso da gota é obtido por:
W = g(r/0,5)3 = 0,800x980(0,13/0,5)3 = 13,8 dyn (W = mg, logo, m = 13,8/980 = 14,1
mg)

Exercício 17.

A equação de Ramsay e Shields informa a influência da temperatura na tensão superficial dado por:
_
γ(V) 2 / 3  k e ( t c  t  6)

27,4(60/1,049)2/3 = ke(tc – 26)


e
22,3(60/0,9892)2/3 = ke(tc – 46)

Resolvendo simultaneamente as duas equações acima se obtém:


ke = 3,14 e tc = 155,6oC

Exercício 18.
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A estimativa da tensão superficial é realizada utilizando a expressão:

4
P
  
V

M
onde V  e P a parácora é obtida pelo somatório dos valores da parácora das estruturas

constituintes.
A tabela abaixo fornece os valores calculados:

Substância P V (cm3/g)  (dyn/cm) erro (%)


acetona 51,3+2x55,5=162,3 73,53 23,74 1,16
ácido acético 55,5+73,8=129.3 56,72 27,00 2,14
acetato de etila 2x55,5+63,8+40,0=214,8 97,55 23,51 1,92

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