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Prática 2. Influência da temperatura na tensão superficial de um líquido.

Tensão
superficial de soluções

1.INTRODUÇÃO
A tensão superficial surge nos líquidos como resultado do desequilíbrio entre as forças que atuam
sobre as moléculas da superfície em relação às que se encontram no interior da solução. Moléculas que
se encontrem no seio do líquido interagem isotropicamente com as adjacentes, atuando sobre elas uma
força resultante nula. No entanto, as moléculas que se encontram na superfície, ou seja, na interface
líquido-gás, vão interagir muito menos com as moléculas do gás do que com as moléculas do líquido, o
que resulta numa força total atrativa dirigida para o interior do líquido. Quando uma molécula se dirige
da superfície para o interior do líquido, esta força atrativa irá realizar sobre a molécula um trabalho
positivo. Assim, suponhamos que um filme líquido seja estendido numa armação de arame que possui um
lado móvel, conforme mostra o dispositivo da Figura 2.1.

Figura 2.1. Filme esticado


Para se aumentar a área do filme de uma quantidade dA, deve-se realizar uma quantidade
proporcional de trabalho. A energia de Gibbs do filme aumenta de dA, onde  é a energia de Gibbs
superficial por unidade de área. O aumento da energia de Gibbs indica que o movimento do arame sofre
a oposição de uma força f; se o arame se move de uma distância dx, o trabalho infinitesimal, dw, realizado
é fdx. Os dois aumentos em energia são iguais, de forma que:

Eq.2.1
Se l é o comprimento do lado móvel, o aumento de área é 2(ldx), o fator dois aparece porque
o filme tem dois lados. Assim:

ou Eq.2.2
O comprimento do filme em contato com o arame é l de cada lado e, portanto, o comprimento
total é 2l; a força que atua por unidade de comprimento do arame em contato com o filme é a tensão
superficial do líquido, f/2l = . A tensão superficial atua como uma força que se opõe ao aumento da área
do líquido. A unidade SI para a tensão superficial é o Newton por metro (N/m), que é numericamente
igual à razão do aumento da energia de Gibbs superficial com a área, em joules por metro quadrado.
Nesta prática será determinada a tensão superficial utilizando o Método do Tensiômetro de
DuNüoy ou método do anel . Neste método, mede-se a força necessária para remover um anel de platina
iridiada, de raio e espessura conhecidos, da superfície de uma solução. O equipamento que será utilizado,
para medir quantitativamente esta força, um tensiômetro (Figura 2.2), que permite obter uma leitura
direta da força aplicada sobre o anel.

(b)
(a)
Figura 2.1. (a) Tensiômetro de Du Noüy para medir a tensão superficial. (b) Detalhes do anel

O anel, no momento em que é arrancado da superfície, arrasta consigo uma coluna de líquido,
que se admite ser perfeitamente cilíndrica. Quando o anel se desprende do líquido, se faz a leitura da
força equivalente, F. Esta força é igual ao comprimento do fio em contato com o anel 2(2R) vezes , a
força por unidade de comprimento. Assim:

Eq.2.3
Onde R é o raio do anel.
O comprimento é duas vezes a circunferência, pois o líquido está em contato com o lado de dentro
e o lado de fora do anel (Fig. 2.1b). Este método necessita de um fator de correção empírico, f, que se
refere à forma do líquido que é puxado e ao fato de que o diâmetro do anel, 2r, não é zero. Dessa forma,
a Eq. (2.3) pode ser escrita como:

Eq.2.4
Variação da tensão superficial com a temperatura
Como pode ser visto na Tabela 2.1 a tensão superficial de todos os líquidos diminui com a
temperatura e se torna zero à temperatura crítica (tc), pois na temperatura crítica não existe superfície de
separação entre o líquido e o vapor.
Para representar a variação da tensão superficial de um líquido com a temperatura muitas
equações têm sido propostas.
Tabela 2.1. Tensão superficial dos líquidos a diferentes temperaturas (Dinas/cm)

A dependência da tensão superficial com a temperatura tem sido representada pelas equações
comentadas a seguir.
a) Equação de Eötvös (1886), de acordo com esta equação:

𝑀 2/3
𝛾 [ ] = 𝐾(𝑡𝑐 − 𝑡)
𝑑
Onde  é a tensão superficial de um liquido a temperatura t e K é uma constante independente da
temperatura, M, d e tc são a massa molecular, densidade e temperatura crítica do líquido. Visto que [M/d]
é o volume molecular, o fator [M/d]2/3 é proporcional à área superficial molar do liquido e o produto 
[M/d]2/3 fornece a energia molar superficial.
b) Equação de Ramsay-Shields (1893), a equação proposta por W. Ramsay e J. Shields é uma
modificação da equação de Eötvös e é expressa como segue:

𝑀 2/3
𝛾 [ ] = 𝐾(𝑡𝑐 − 𝑡 − 6)
𝑑
Esta equação é sustentada para muitos líquidos. De acordo a esta equação, a tensão superficial 
será zero a uma temperatura 6 graus a baixo do ponto critico (tc -6) e será negativa no ponto critico.
c)- Equação de Katayama, esta equação substitui (tc – 6) da equação de Ramsay-Shields por tc
obviando a dificuldade de que a tensão superficial  seja zero a t=tc – 6. A equação proposta é a seguinte:
2/3
𝑀
𝛾[ ] = 𝐾(𝑡𝑐 − 𝑡)
𝑑𝑙 − 𝑑𝑣
Onde, dv é a densidade do vapor em equilíbrio com o liquido a temperatura t.
Nas equações (a), (b), e (c) o valor da constante K encontrado varia de 2 a 12 para os líquidos com
comportamento normal. Porém, aqueles líquidos tais como a água, álcool, ácido carboxílico etc. os quais
estão associados não só dão valores anormais de K senão também o valor de K muda com a variação da
temperatura.
A constante de Eötvös tem um valor de 2.1×10−7 J/(K·mol2/3).

Tensão Superficial das Soluções


A Figura 2.1 mostra o efeito de sustâncias dissolvidas sobre a tensão superficial do solvente. A
curva I mostra as soluções nas quais a adição de soluto conduz a um aumento da tensão superficial.
Porem, este aumento não é geralmente grande. Este comportamento é manifestado pela presença de
eletrólitos fortes tais como NaCl e KCl. Isto é um resultado da atração eletrostática interiônica, a qual faz
que os íons se desloquem juntos afastando-se da superfície. As medidas experimentais demonstram que
em soluções diluídas, a tensão superficial aumenta linearmente com a concentração. Na prática, é comum
que a tensão superficial manifeste uma ligeira queda a baixas concentrações (devido à presença de
impurezas) e logo sobe linearmente.

Figura 2.1. Dependência da tensão superficial da solução com a concentração de soluto


Os eletrólitos fracos ou os não-eletrólitos se comportam de maneira diferentes na água, como
pode ser observado na curva II. Este comportamento é comum, observando-se com certa regularidade a
diminuição da tensão superficial quando aumenta a concentração do eletrólito. Finalmente, a curva III
apresenta o comportamento de soluções aquosas de sabão, ácidos sulfônicos e sulfonatos, assim como
outras substâncias orgânicas. Estas substâncias são chamadas de agentes ativos superficiais ou
surfactantes e tem a capacidade de diminuir a tensão superficial da água a um valor baixo ainda a
concentrações muito pequenas. Assim, por exemplo o oleato de sódio a 0,0035 mol/L baixa a tensão
superficial da água de 75 a 30 Dinas/cm a 250C.
Os solutos que diminuem a tensão superficial da água com o aumento da concentração se diz que
apresentam uma atividade superficial positiva, contrariamente os que aumentam a tensão superficial se
diz que tem atividade superficial negativa.

2.MATERIAIS E MÉTODOS

Objetivo: Estudar a influência da temperatura sobre a tensão superficial. Estudar o efeito da concentração
de diferentes solutos na tensão superficial da água.

Para determinar a tensão superficial será utilizado um tensiômetro de Du Noüy Lauda Modelo TD1.

2.1 Materiais e substâncias químicas

2.1.1. Variação da tensão superficial com a temperatura


Liquido problema: água, álcool etílico.

2.1.2. Tensão Superficial das Soluções


Liquido problema: preparar soluções de diferentes concentrações de cloreto de sódio (0,5; 1, 2; 3; 4; 5
molL-1) e n-butanol (0,1; 0,2; 0,3; 0;5; 0;7; 0,8 molL-1).

2.2 Procedimento Experimental


Cada equipe vai realizar o estudo do efeito da concentração de soluto na tensão superficial
utilizando uma temperatura (250C, 400C, 500C, 600C).
2.2.1. Operação do Tensiômetro LAUDA (Manual do equipamento)
O Tensiômetro LAUDA é constituído por uma unidade eletrônica na qual são feitas as calibrações
e leitura da tensão superficial e de uma unidade mecânica onde são colocados a cubeta com a amostra e
o anel.
Observação: Limpeza do anel: Não tocar no anel. Antes de iniciar as medidas, limpar o anel, mergulhando-
o em etanol. Entre uma medida e outra, limpá-lo mergulhando-o em água, se as soluções que serão
medidas são aquosas o anel deve ser flambado a cada determinação.

2.2.2. Estudo da dependência da tensão superficial com a temperatura


1. Coloque a amostra problema na cuba, ajuste a temperatura a 250C, espere a atingir o equilíbrio
térmico. Efetue pelo menos três medidas para cada solução e tire a média dos valores lidos. A
média será o valor da tensão superficial para cada uma das soluções ensaiadas.
2. Repita o processo às temperaturas de 40, 50 e 600C.

2.2.3. Tensão Superficial das Soluções


1. Coloque a amostra problema na cuba, ajuste a temperatura, espere a atingir o equilíbrio térmico.
Efetue as medidas começando com as soluções diluídas. Realize pelo menos três medidas para
cada solução e tire a média dos valores lidos. A média será o valor da tensão superficial para cada
uma das soluções ensaiadas.

3. GERENCIAMIENTO DE RESÍDUOS
1. Retornar os solventes orgânicos não utilizados nas medidas para seu frasco de origem, evite a
contaminação rotulando a vidraria utilizada. Para posterior purificação por destilação e reutilização.
2. Descarte as soluções de NaCl na pia. Descarte as soluções de butanol em frasco apropriado.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.BUENO, W. A., DEGRÈVE, L. Manual de Laboratório de Físico – Química, Ed. MacGraw-Hill, 1980
2. ATKINS, P. W., PAULA, J., Físico-Química, Vol. 1, 2 e 3, LTC, 2004.

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