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força tangencial
induzida pelo vento
Ft direcção do movimento no
estado estacionário
V0
Fb
vento.
A determinação da direcção exacta do movimento relativamente ao
vento, seria feita mais tarde (entre 1905 e 1932) por Ekman, com base em
argumentos quantitativos, ao contrário de Nansen que utilizou apenas
argumentos qualitativos. Ekman teve de recorrer à matemática! ( Nansen era
biólogo... )
Fgrad.P
FCoriolis
Fatrito
( µ = 10 −6 m 2 .s −1 ).
A utilização do coeficiente dinâmico de viscosidade vai fazer com que as
forças de atrito venham em Força / Unidade de volume. O coeficiente de
viscosidade cinemático faz as forças virem em Força / Unidade de massa, que
tem sido o que temos utilizado nas equações de Navier-Stokes já escritas.
Estes são os valores “moleculares” que se usam nos escoamentos
laminares, ou seja, escoamentos suaves, de pequeno diâmetro, com baixos
números de Reynolds ( < ≈ 10 3 ). No entanto, no oceano o movimento é em
geral turbulento e o valor efectivo da viscosidade cinemática é a “eddy
viscosity” cinemática, que já vimos, e que são Ax, Ay e Az, com Ax e Ay com
∂u ∂u ∂v
valores até 10 5 m2 s −1 para o “shear” horizontal (por exemplo, ; ; ; etc... )
∂x ∂y ∂x
∂u ∂v
e Az com valores até 10 −1m2s −1 para o “shear” vertical (por exemplo, ou ).
∂z ∂z
As tensões de atrito turbulento (eddy friction stress, também chamado
em português “tensões de corte”) escrevem-se portanto, por exemplo:
∂u ∂u
τ xz = ρA z ou τ xy = ρA y
∂z ∂y
e expressam a força que uma camada de fluído faz numa área da camada
vizinha, acima ou abaixo. Para substituir na equação do movimento
necessitamos dessa força mas feita na massa do fluído vizinho:
perfil da
velocidade:
A z 10 −1
H ≈
2
= −4 ≈ 10 3 m2 ⇒ H ≈ 30 m ; com H ≈ 100m o termo de atrito será ainda
f 10
10% do termo de Coriolis. Estamos, pois, à espera de ter que entrar em linha
de conta com os termos de atrito dentro destas distâncias, quer do fundo quer
da superfície. Isto corresponde a dizer que, dentro destas distâncias da
⎛ A ⎞
superfície ou do fundo, o número de Ekman vertical ⎜ E z = z2 ⎟ deve ser da
⎝ fH ⎠
ordem da unidade.
A SOLUÇÃO DE EKMAN
A dificuldade com estas equações é que ficamos com duas causas para
o movimento: a distribuição da massa (ou seja, a densidade) que dá origem ao
termo do Gradiente de Pressão e o termo do Atrito, que na solução de Ekman é
o atrito do vento.
Podemos separar estas duas acções forçadoras e resolver
separadamente a influência do vento e a influência do gradiente de pressão e
depois juntá-las. Esta separação só é possível se assumirmos que as
expressões são lineares. Se os efeitos não lineares se tornarem importantes
esta separação já não pode ser feita (tivemos um exemplo disso quando
fizemos a decomposição “à Reynolds”, em que, ao achar medias de
perturbações não pudemos considerar nulos os termos que continham o
produto de duas perturbações não independentes!).
Mas enfim, são lineares!!!! Uff!!!!
Então podemos fazer:
∂P ∂ 2u
fv = f (v g + v E ) = α − Az 2
∂x ∂z
∂P ∂ 2u
onde: fv g = α → v g é a velocidade geostrófica e fv E = − A z → vE é a
∂x ∂z 2
velocidade de Ekman, associada ao “shear” vertical.
A solução de Ekman é para v E apenas, ou seja, admitiu v g = 0 , ou seja,
2A z
DE = π a profundidade de Ekman, ou seja, a profundidade até onde a
f
o
ent
dov
ão
ecç
dir
corrente à superfície
Profundidade (-z)
Espiral
de Ekman
2π × 1,8 × 10 −3 W 2 W2
V0 = = 0,79 × 10 −5 m/s
DE × 1025
123 × f D E f
ρ da água
do mar
2Az
de Ekman DE depende de Az (DE = π ), logo, em princípio, Az aumenta
f
TRANSPORTE E AFLORAMENTO
A corrente de Ekman induzida pelo vento é máxima à superfície e
decresce em profundidade à medida que vai rodando para a direita no
Hemisfério Norte! Vamos ver que o transporte integrado na camada de Ekman
faz-se com 90º para a direita relativamente à direcção do vento.
Na ausência de gradiente de pressão, uma das formas das equações do
movimento, que já tínhamos escrito, era:
∂τ x
ρfv + = 0 ⇒ ρfvdz = −dτ x
∂z
∂τ
ρfu + y = 0 ⇒ ρfudz = −dτ y
∂z
Analisemos o que significa ρvdz : representa a massa que flui por
unidade de tempo na direcção y através de uma área de profundidade dz e
largura uma unidade (1 metro...) na direcção x, perpendicular ao escoamento
→ o mesmo para ρudz!!!
0
Logo ∫ ρvdz
−z
será a massa total passa desde a profundidade –z até à
0 0
fM XE = f ∫ ρudz = −
− 2DE
∫ dτ
− 2D E
y = −τ y sup + − τ y( −2DE )
total induzido pelo vento faz-se para a direita e com um ângulo de 90º em
relação à direcção de onde sopra o vento! (vice-versa no Hemisfério Sul).
Notas: “upwelling”
→ A equação da continuidade impõe que haja substituição de água que
é transportada para a direita relativamente à direcção do vento. Essa água terá
então que vir da esquerda (isto tudo no Hemisfério Norte). Contudo, se o vento
soprar paralelamente a uma linha de costa, deixando a costa à esquerda (no
Hemisfério Norte) de onde virá a água? ( para o oceano infinito de Ekman isto
não seria problema!!). O que ocorre na natureza é que essa água de
substituição vem das camadas subsuperficiais. Este comportamento é
conhecido como “afloramento costeiro” ou “upwelling” em inglês. As regiões de
upwelling são por isso regiões de divergência. Este fenómeno ocorre com
frequência ao longo das fronteiras Este dos oceanos. No Hemisfério Norte, o
vento tem que soprar para Sul ao longo da costa, o que ocorre com frequência
em especial no Verão, devido ao estabelecimento de baixas pressões de
origem térmica. No Hemisfério Sul o transporte é para a esquerda em relação
ao vento e o vento tem que soprar para Norte ao longo de fronteira Este para
ocorrer upwelling (o que ocorrer com frequência).
Ou seja, o upwelling ocorre quando o vento sopra para o Equador ao
longo de uma fronteira Leste do oceano ou para o Pólo ao longo de uma
fronteira Oeste (situação muito menos comum…)
→ De que profundidades vêm as águas afloradas? Não mais de 200 -
300 m de profundidade.
→ O upwelling tem grandes implicações biológicas.
→”Downwelling”: o vento sopra deixando a linha de costa à direita (no
Hemisfério Norte).
→ Correntes geostróficas asociadas ao Upwelling / Downwelling:
Estas correntes ao longo da costa têm em geral velocidades muito
maiores que as correntes para o largo ou para a costa induzidas directamente
pelo vento, via teoria de Ekman, tornando estas ultimas muito difíceis de medir.
Muitas vezes estas correntes geostróficas associadas ao upwelling não
são “bem” geostróficas!: perto das costas e/ou em águas pouco profundas, o
atrito no fundo pode ser importante e o balanço entre o gradiente de Pressão e
a Força de Coriolis não funciona!
A um dado nível, perto da superfície, a água junto à costa será mais
densa que a água ao largo. Esta diferença de densidades vai diminuindo em
profundidade, logo a corrente geostrófica associada ao afloramento vai
diminuindo em profundidade, sendo portanto baroclínica. Por vezes há uma
“sobre compensação” e o gradiente de pressão muda de sinal, gerando-se uma
“ undercurrent” (corrente de sub-superfície) para o Pólo (para norte no
Hemisfério Norte).
UPWELLING E DOWNWELLING LONGE DAS COSTAS
A teoria de Ekman assume que o vento é uniforme, o que não é
verdade. Por exemplo, se considerarmos um vento que é constante na
direcção e sentido, mas varia na intensidade, irá gerar zonas de convergência
e de divergência, que serão acompanhadas de movimentos de “downwelling” e
“upwelling” respectivamente, nas camadas superficiais do oceano:
Nesta situação há
convergência, logo
“downwelling”
Caso do Atlântico Norte: Nas altas latitudes o vento sopra para leste e nas
baixas latitudes para oeste:
Subida
Fgrad.P
corrente
Fatrito FCoriolis
Coisas interessantes:
→ Esta mesma solução aplica-se ao vento, ou seja à interface
Atmosfera – Terra (ou Oceano). Assim o vento à superfície, no hemisfério
Norte, sopra 45º para a esquerda do vento geostrófico e a corrente de
superfície é 45º para a direita do vento à superfície.
Assim, a corrente à superfície terá a mesma direcção do vento
geostrófico, ou seja, do vento acima da camada de Ekman atmosférica.
Contudo, estes resultados não são para ser levados muito a sério,
porque fizemos muitas aproximações ao escolher a forma de Az.... Assim, o
que se verifica na prática é que o vento à superfície roda menos que 45º , em
geral entre 10º e 20º, isto também porque o vento não sopra de forma
constante, é dependente do tempo e também a factores de estabilidade. Da
mesma forma, a corrente à superfície induzida pelo vento também não chega a
rodar 45º para a direita em relação ao vento à superfície, mas neste caso
aproxima-se bastante.
→ A 10 m de altitude o vento é cerca de 60 a 70% do vento geostrófico.
A redução para vento igual a zero ocorre muito perto da superfície. A
espessura da camada de Ekman atmosférica é tipicamente 10 vezes a do
oceano.
→ Se olharmos para o oceano real, verificamos que é possível pensar
na seguinte combinação: uma corrente geostrófica devido a um forçamento
termohalino, uma espiral de Ekman nas camadas superiores, uma espiral de
Ekman no fundo que se sobreporá à da superfície se o oceano for pouco
profundo (junto à costa, sobre a plataforma) e ainda uma corrente de maré. A
descrição do movimento torna-se assim muito complicada. Por isso é muito
difícil analisar o movimento nas suas três componentes: geostrófica, induzida
pelo vento e de maré, em particular se todas estiverem a variar no tempo.
→ À medida que a água se torna pouco profunda, na ordem de DE ou
menos, as espirais de Ekman de superfície e de fundo sobrepõem-se. As duas
espirais tendem a cancelar-se e o transporte total dá-se sobretudo na direcção
do vento à superfície e não perpendicularmente a ele. Quando a profundidade
decresce para cerca de DE/10, o transporte dá-se na direcção do vento, sendo
o efeito de Coriolis “abafado” pelo atrito → é o que acontece nas praias.
z1 e z2 (My).