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EDIFÍCIOS
LICENCIATURA EM ARQUITECTURA
Outubro de 2005
Prefácio
A ideia da utilização de misturas de pedras e areia com um ligante é talvez tão antiga como o
Homem, mas as realizações mais primitivas não chegaram aos tempos actuais, certamente
devido à natureza do ligante que seria provavelmente a argila, a qual, secando, perde as suas
propriedades ligantes. O betão mais antigo que foi descoberto é datado de 5600 a.C. e situa-se
em Lepenski Vir, na ex-Jugoslávia, nas margens do rio Danúbio, constituindo o pavimento
térreo de uma habitação, com a cal parda com função de ligante. Também se julga que a
mistura de agregados com um ligante, provavelmente cal ou gesso, foi empregue na
construção das pirâmides do Egipto. Num mural de Tebas naquele país, datado de 1950 a.C.,
existe uma referência ao emprego de argamassa e betão.
O uso deste material estendeu-se certamente a toda a zona mediterrânica de tal modo que os
Romanos utilizaram largamente misturas de pedras e areia (por vezes de natureza pozolânica),
cal e água na construção das grandes obras públicas, como aquedutos, pontes, cais, molhes,
grandes edifícios e outras obras maciças que, geralmente, revestiam com alvenaria de tijolo ou
de pedra. Durante a Idade Média e o Renascimento, a tradição do emprego deste material
nunca se perdeu pois era utilizado em fundações e pavimentos térreos.
Pode considerar-se que o betão, tal como é conhecido hoje em dia, teve início no século XIX,
com a invenção do cimento artificial por Louis Vicat em 1817, através da cozedura conjunta
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de calcário e argila, que começou a ter uma utilização mais ampla devido à hidraulicidade e à
rapidez com que endurecia. Em 1820, Joseph Aspdim obtém um cimento de resistência mais
elevada do que o de Vicat aquecendo fortemente o calcário e a argila. Com ele surge a
primeira fábrica de cimento portland, em Inglaterra.
Em meados do século XIX, o betão teve o seu grande impulso com a invenção do betão
armado [1] quando o agricultor Joseph-Louis Lambot construiu um bote colocando num
canudo de cimento uma armadura de ferro. Porém, certos autores atribuem a invenção do
betão armado ao jardineiro do palácio de Versailles, Joseph Monnier, com a inclusão de
armaduras no betão na construção das suas caixas para plantas.
A partir de 1890, o betão armado iniciou a enorme expansão, graças às realizações do notável
construtor François Hennebique e aos estudos experimentais e teóricos de Considére, Rabut e
Mesnager que estabeleceram as leis fundamentais da resistência do betão armado.
Verifica-se, em todo o mundo, um progressivo aumento do peso relativo do betão nas constru-
ções em geral, em virtude de ter sido este o material estrutural dominante nos últimos 50 anos.
Em Portugal e, em particular, nas décadas mais recentes, as construções em betão armado (e-
difícios correntes e pontes rodoviárias, Figura 1 à direita) têm sido uma esmagadora maioria.
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Fig. 1 - Pavilhão Central do Instituto Superior Técnico (à esquerda) e Ponte Vasco da Gama (à
direita), ambos em Lisboa
Com a evolução de novos produtos e conceitos, desenvolveu-se uma série de novos tipos de
betão, onde se procurou dar novas aplicações a este produto e melhorar as já existentes:
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Fig. 4 - Estrutura reticulada, com lajes, vigas e pilares (à esquerda) e estrutura laminar, com
lajes e paredes (à direita)
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Fig. 5 - Betão leve de argila expandida no Pavilhão de Portugal, Expo 98, Parque das Nações
(à esquerda) e betão branco na Torre do Tombo, em Lisboa (à direita)
1.2. Vantagens
Este material apresenta diversas vantagens em relação a outros, como por exemplo o aço, tais
como: disponibilidade de matéria-prima, em especial em Portugal (competitividade
económica), fácil adaptabilidade em termos geométricos, incombustibilidade.
Para um correcto comportamento da peça que se deseja fabricar, é conveniente que o betão
apresente os seguintes requisitos: compacidade, resistência à compressão, impermeabilidade,
aderência às alvenarias, constância de volume durante a presa e endurecimento, permanência
de resistência e facilidade de moldagem.
Ao longo das primeiras décadas do século XX, numerosos estudiosos tentaram melhorar as
características do betão, nomeadamente no que respeita à sua compacidade através do estudo
de curvas granulométricas de referência, factor fundamental para o aumento da tensão de
rotura, e desenvolveram novos conceitos como a trabalhabilidade, o módulo de finura dos
agregados e o efeito de parede. Um conceito também importante para melhorar a
compacidade do betão foi descoberto acidentalmente durante a construção de um hangar em
Orly, criando uma técnica que permite aumentar a compacidade do betão através da expulsão
do ar existente no seu interior.
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1.3. Desvantagens
O peso próprio constitui a sua principal desvantagem (≈ 2400 kg/m3), assim como o baixo
isolamento térmico.
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A durabilidade do betão é, sem dúvida, a propriedade que actualmente mais preocupações jus-
tifica, como é visível nas situações de deterioração das primeiras construções de betão arma-
do, precisamente pela falta de conhecimentos que havia então sobre os factores que aumenta-
vam a durabilidade do betão (Figura 7): a redução da relação água / cimento, a boa compacta-
ção e cura do betão, conjuntamente com o recobrimento adequado a cada situação (2 a 5 cm).
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Designa-se por “Patologia” a parte da medicina que estuda as origens, sintomas e natureza das
doenças [27]. Quando aplicado à construção civil, este termo designa a ciência que estuda os
fenómenos que afectam o comportamento de uma construção. A patologia é dividida em
estrutural e não estrutural. A “função estrutural” é entendida como a capacidade que uma
construção deve possuir para suportar com segurança as acções, normalmente com o carácter
de forças ou deformações impostas, que o meio ambiente ou os seus utentes lhe aplicam [15].
Neste capítulo, far-se-á uma classificação dos fenómenos causadores de patologia no betão
(armado e pré-esforçado) relacionados com o meio ambiente. Alguns destes fenómenos serão
mais sucintamente referidos que outros por não se inserirem no âmbito das construções
correntes ou por não ocorrerem normalmente em Portugal.
No entanto, é importante frisar aqui que os desastres e estragos mais espectaculares só muito
raramente são devidos a uma única causa. Quase sempre se devem a acasos que deram origem
à simultaneidade de actuação de vários efeitos patológicos que, em conjunto e em
interdependência, dão origem aos problemas [16]. Daí a grande dificuldade que por vezes se
sente em identificar a ou as causas de uma patologia em face do edifício danificado.
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Neste capítulo, são analisadas as causas de patologia relacionadas com o ambiente (Figura 8),
e que se devem quer à influência do clima, quer à agressividade intrínseca ao ambiente, quer
ainda às acções biomecânicas sobre o betão. São referidos, tanto o envelhecimento natural das
estruturas como a deterioração precoce devida a erros de concepção ou à concentração de
agentes agressivos.
De uma forma directa ou indirecta, as condições climatéricas são responsáveis por uma parte
importante dos casos de patologia referenciados no dia a dia. Apesar disso, a causa primeira é
geralmente outra ligada a um erro humano: má concepção da estrutura, má pormenorização,
erros de execução (principalmente na cura do betão), errada escolha dos materiais ou outros.
A debelação dos problemas que inevitavelmente surgem é bastante mais onerosa que os
cuidados, regras construtivas ou medidas de bom senso que os teriam evitado.
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2.2.1. Temperatura
A temperatura ambiente pode constituir problema para a durabilidade do betão por ser muito
baixa, muito alta ou por uma excessiva amplitude. Em qualquer dos casos, é perfeitamente
válido o argumento de que é possível prever a gama de temperaturas a que uma determinada
estrutura num determinado local estará sujeita durante o seu período de vida esperado. Com
esses dados, podem ser tomadas medidas de índole preventiva, particularmente na escolha dos
materiais e na compactação e cura do betão, pelo que nunca se pode imputar unicamente à
temperatura os defeitos eventuais que venham a surgir.
Os efeitos mais gravosos do frio excessivo no betão dão-se quando este é jovem e está ainda
na sua fase de endurecimento, podendo mesmo chegar a pará-lo completamente; por outro
lado, pode contribuir para que a água capilar solidifique no interior do betão.
A influência do frio excessivo no betão endurecido é bastante menor, em particular se este for
compacto e resistente. Por um lado, a inércia térmica do betão é grande e, por outro, só muito
raramente o betão endurecido se encontra saturado de água. Estes factos, aliados à maior
resistência à tracção entretanto adquirida, fazem com que uma ocorrência isolada de gelo no
betão não tenha consequências de maior. Já o mesmo não se poderá dizer da ocorrência
repetida de ciclos gelo-degelo, situação pouco corrente em Portugal.
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alto calor de hidratação, colocação temporária de cobertas nas superfícies expostas, evitar
betonagens a temperaturas muito baixas, curar convenientemente o betão jovem, etc..
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Fig. 9 - Evolução da resistência do betão com a temperatura para 1 dia e 28 dias de idade [12]
(à esquerda) e influência da temperatura média anual na agressividade relativa do ambiente
expressa em termos do recobrimento necessário (à direita) [17]
Todos estes efeitos são particularmente sentidos no betão jovem, ficando bastante atenuados
no betão endurecido. Pode-se mesmo dizer que o comportamento deste é excelente até à
temperatura de 150 ºC [12].
Pelo que foi dito, os efeitos patológicos e medidas a tomar para os prevenir, dependem das
condições climatéricas da altura da betonagem e terão muito a ver com a estação do ano.
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A chuva e a neve podem contribuir para danificar o betão de duas formas: alterando a relação
água / cimento no betão fresco e / ou contribuindo para a saturação dos poros capilares do
betão com água.
O primeiro efeito pode dar-se, quer pela molhagem dos materiais antes de estes serem
misturados, quer pelo depósito de água nas superfícies recentemente betonadas. A molhagem
dos sacos de cimento é particularmente perigosa por poder precipitar a hidratação daquele
antes da sua colocação em obra. Por outro lado, a exposição das armaduras às intempéries,
contribui para o início precoce da corrosão nas mesmas.
O gelo é destas manifestações climatéricas a que pode ter efeitos mais perniciosos sobre o
betão e, em particular, o betão jovem. A água, ao solidificar, aumenta 9% em volume, pelo
que os efeitos mais graves no betão só se dão para coeficientes de saturação deste superiores a
0.9. É exactamente nas primeiras horas de cura do betão que essa saturação é necessária para
a total hidratação do cimento. Como coincide com as menores resistências mecânicas do
betão, a solidificação de água nele contida nas primeiras horas é suficiente para levar à sua
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ruína por fendilhação generalizada devido às tensões internas geradas. Acontece por vezes
que a resistência do betão aumenta ligeiramente após o degelo, mas o betão resultante é tão
débil e poroso que tem de ser demolido.
Como já referido, a ocorrência isolada de gelo no betão endurecido não é, em geral, motivo de
preocupações mas, mesmo num bom betão, a repetição prolongada de ciclos gelo-degelo
acaba por provocar estragos (Figura 10, à direita).
2.2.3. Vento
O vento tem quase sempre um efeito negativo sobre o betão. É fundamental assegurar que,
nas suas primeiras horas, a superfície exterior do betão não se desidrata completamente. De
facto, essa desidratação, acompanhada de uma fraca resistência à tracção, leva, em geral, a
largas fendas de retracção plástica. Isto deve-se à corrente interna de migração de água do
interior para a superfície para colmatar a insuficiência em água desta última, acompanhada de
uma tendência do betão para a diminuição do seu volume.
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A exposição ao sol contribui para o aumento da temperatura do betão, com todos os efeitos
patológicos daí decorrentes, e que são referidos na rubrica sobre os efeitos das altas
temperaturas no betão. Enumeram-se aqui alguns deles: perda de trabalhabilidade, aumento
das temperaturas internas durante a cura, maior retracção, maior relação água / cimento, maior
risco de fissuração, menores resistências finais, existência de regiões de betão mal
compactadas e porosas junto às armaduras por estas se encontrarem excessivamente quentes
aquando da betonagem, etc..
Deve procurar-se fazer as betonagens ao fim da tarde para que, nas primeiras horas, o betão
jovem não esteja exposto ao sol. Todos os materiais devem estar à sombra durante a sua
armazenagem, devendo, se possível, os depósitos de materiais ser pintados de branco.
A influência da humidade nesses processos é pouco linear, podendo-se dizer que os ataques
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químicos e o devido ao ciclo gelo-degelo serão tanto maiores quanto maior a humidade relati-
va. No lº caso, a água funciona como um catalisador das reacções transportando em solução
os agentes agressivos. No 2º caso, isto deve-se à saturação dos poros com água que, ao con-
gelar e aumentar de volume, dá origem a estragos no betão. No Quadro 1, apresenta-se de uma
forma qualitativa a influência da humidade relativa nos processos de deterioração do betão.
A agressividade do ambiente pode constituir uma causa de patologia no betão (armado e pré-
esforçado). Começa-se por descrever os efeitos relacionados com a corrosão das armaduras
que essa mesma agressividade pode ter, tanto no betão, como no aço. De seguida, analisam-se
os diversos tipos de ataque a que o betão pode estar sujeito, associados às respectivas causas
directas e às medidas preventivas que, em cada caso, se deve tomar para anular ou minorar os
efeitos patológicos.
O betão constitui a primeira e melhor protecção das armaduras contra a corrosão pela passi-
vação que lhes confere. Isto deve-se à sua alcalinidade que faz com que o pH da água contida
nos seus poros possa até ser superior a 12.5. Quando se atingem valores do pH desta ordem de
grandeza, forma-se uma camada oxidada em volta da superfície exterior das armaduras,
chamada película passiva. Esta película impede a dissolução do aço (Figura 11). Deste modo,
a corrosão das armaduras torna-se impossível mesmo que estejam preenchidos todos os outros
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Este valor crítico não é um valor fixo e depende de vários factores: o estado da passivação ou
carbonatação do betão, a qualidade deste, a humidade relativa do ambiente e a sensibilidade à
corrosão das armaduras (Figura 13).
Anulada a protecção constituída pelo betão, para que a corrosão nas armaduras ocorra é ainda
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Fig. 13 [17] - Concentração crítica de iões cloro para as armaduras pouco sensíveis à corrosão
Como é o hidrogénio de cálcio que dá o carácter alcalino ao betão, a carbonatação tem como
consequência a diminuição do pH deste. A carbonatação dá-se da superfície exterior para o
interior (Figura 14), dependendo a velocidade de propagação essencialmente da difusão de
carbono no seio do betão. Esta difusão só é possível em poros cheios de ar. Daí o facto de a
carbonatação não se dar em betões completamente saturados de água.
Quanto maior a relação água / cimento, maior a taxa de carbonatação. As fendas transversais
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aos varões da armadura são praticamente inofensivas, se a sua espessura for inferior a 0.2 a
0.3 mm. No entanto, fendas paralelas aos varões são sempre motivo de preocupação. A
influência da fendilhação será tanto maior quanto menor o recobrimento e mais alta a
qualidade do betão compatível com esse recobrimento.
A difusão de iões cloro livres (isto é, não combinados química ou fisicamente) é um processo
que, ao contrário da carbonatação, se dá em poros parcial ou totalmente cheios de água. Como
resultado do processo de difusão, a concentração de iões cloro decresce da superfície para o
interior do betão (Figura 16). Daí que o ataque às armaduras seja tanto maior quando mais
próximas estas estiverem da superfície exterior, ou seja, quanto menor for o seu recobrimento.
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A taxa de penetração dos iões cloro no betão obedece a uma lei aproximadamente de raiz
quadrada em relação ao tempo, dependente essencialmente da profundidade de penetração da
água no betão e da permeabilidade da superfície exterior deste.
Dá-se um enriquecimento da taxa de iões cloro no betão sempre que ocorrem situações
alternadas de molhagem e secagem deste. Os iões entram com a água no betão por sucção de
capilaridade e, quando esta seca, depositam-se (Figura 17).
O aumento da relação água / cimento no betão contribui para uma maior permeabilidade deste
aos iões cloro. O mesmo se passa em relação aos aditivos incorporadores de ar.
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• corrosão generalizada - dá-se em quase toda a superfície das armaduras, dando origem
a fendilhação e descasque do betão mas comparativamente pequenas reduções nos
diâmetros das secções das armaduras; está geralmente associada à carbonatação;
• corrosão localizada (Figura 19) - ocorre quando o filme passivo só é destruído em
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pequenas áreas, dando origem a grandes perdas da secção útil dos varões e mesmo à
rotura destes sem estragos visíveis no betão; está geralmente associada à contaminação
por iões cloro;
• corrosão provocando rotura frágil por um processo anódico - ocorre em armaduras
pré-esforçadas;
• corrosão provocando rotura frágil por processo catódico - fragilização por hidrogénio;
• corrosão química - não provoca danos graves nas armaduras.
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Fig. 20 [12] - Redução da secção resistente das cintas do pilar até à sua total eliminação
devida ao descasque do betão provocado pela corrosão das armaduras
As medidas preventivas para evitar ou minorar os efeitos da corrosão das armaduras são de
dois tipos:
O macroclima à volta das estruturas tem apenas uma importância relativa no que se refere à
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Referido este aspecto, vai-se agora descrever os diversos tipos de ataque a que o betão pode
estar sujeito e que serão sempre característicos dos ambientes muito agressivos.
A presença das substâncias agressivas no betão ou junto a ele, não chega por si só para que se
dê o ataque do betão. Não haverá reacção química se não houver transporte dessas substâncias
na direcção das substâncias reagentes existentes no betão. Para tal, a presença da água sob a
forma líquida ou gasosa é um pré-requisito indispensável para que o ataque do betão tenha
alguma importância no tempo de vida da estrutura.
A temperatura acelera as reacções, na medida em que provoca uma maior mobilidade de iões
e moléculas. Quanto mais alta a temperatura, maior a taxa de deterioração do betão (Figura
19, à direita).
Inclui-se nesta designação uma variada gama de ataques do betão: ataques de ácidos
propriamente ditos, sais de amónia e magnésio, gases contidos na atmosfera, águas puras,
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turvas ou ácidas e compostos fluidos ou sólidos de natureza orgânica tais como azeites,
gorduras, combustíveis, líquidos alimentícios, etc..
O que se passa quando uma destas substâncias entra em contacto com o betão é uma
conversão de todos os compostos de cálcio (hidróxido, silicato hidratado e aluminato
hidratado) nos sais de cálcio do ácido reagente ou em novos compostos incoerentes ou
expansivos [17]. O resultado prático desta conversão é a destruição da capacidade
aglutinadora do cimento endurecido, que se desagrega com a maior facilidade, ou a sua
fissuração generalizada por acção dos sais expansivos (Figura 21).
Há neste aspecto uma diferença fundamental entre o ataque dos ácidos e os dos sulfatos e
álcalis que serão referidos posteriormente. No primeiro, há uma conversão completa do
cimento endurecido com a destruição do sistema de poros. A permeabilidade do betão antes
do ataque é portanto de menor importância. Nos outros tipos de ataque, ela é o parâmetro
fundamental na prevenção e retardamento da deterioração do betão.
Os factores que mais influenciam a taxa de reacção neste tipo de ataque são a solubilidade do
sal resultante e a capacidade de transporte dos agentes agressivos.
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A protecção das estruturas em relação a este tipo de ataque deve ter por objectivo principal
evitar o contacto directo dos agentes agressivos com o betão. Para tal, recorre-se a
recobrimentos superficiais impermeáveis do tipo asfáltico, resinas asfálticas, etc.. Em
complemento, pode-se tomar outras medidas, ainda que menos eficazes: utilização de
cimentos de conteúdo rico em sílica e pobres em silicato tricálcico, cimentos pozolânicos, de
alto forno, super-sulfatados, aluminosos ou impregnados de polímeros ou fibras de aço
inoxidável ou plásticas, maiores e mais compactos recobrimentos, etc..
Como característica comum destas reacções, tem-se o facto de serem todas altamente
expansivas gerando portanto elevadas tensões internas. O resultado prático é a desagregação
do betão através da perda do aglomerante pelo que os agregados ficam livres (Figura 22).
Outra consequência é a formação de betões porosos e de alta permeabilidade.
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Enquanto que no ataque dos ácidos o sistema poroso como um todo é destruído, porque os
ácidos reagem com todas as componentes do cimento, o ataque dos sulfatos dá-se apenas
sobre alguns dos componentes do cimento (Figura 23).
Os factores que mais afectam a taxa de deterioração do betão devida aos sulfatos são:
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O ataque dos álcalis é caracterizado pela formação de gel de álcali-sílica. Os álcalis existem
livres nas soluções alcalinas nos poros de betão apesar de estes se encontrarem em geral
saturados. A sílica pode ou não existir nos agregados dependendo a reactividade dos
agregados da quantidade de sílica existente.
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A diferença principal entre o ataque dos sulfatos e o dos álcalis é que, enquanto no primeiro a
substância reactiva está no cimento, no segundo está nos agregados.
Os factores que mais afectam a taxa de deterioração do betão devida a esta reacção são:
A prevenção deste tipo de ataque passa pela actuação na permeabilidade e tipo do cimento e na
escolha dos agregados. Para tal, são preferíveis cimentos de alto forno e pozolânicos e agre-
gados não reactivos (com baixos teores em sílica) e deve-se reduzir a relação água / cimento,
melhorar a cura e tomar as providências já conhecidas para conseguir um betão compacto.
2.4.1. Abrasão
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milhões de vezes e que tendem a arrastar consigo as partículas superficiais do betão. São
particularmente sensíveis à abrasão os finos que se vão soltando até que os agregados de
maior dimensão deixam de estar ligados à peça e acabam por se soltar também.
São exemplos deste tipo de erosão a acção do tráfego pedestre ou rodoviário (Figura 26), o
escorregamento de objectos pesados, a acção de partículas pesadas suspensas em zonas de alta
velocidade de água e a acção de areias levadas pelo vento.
A taxa de erosão depende da quantidade, forma, tamanho e dureza dos sólidos transportados,
da velocidade de escoamento destes e da qualidade do betão.
2.4.2. Cavitação
A cavitação está associada à existência de turbulência na água (ou no ar), devida à existência
de irregularidades exteriores impostas ao seu caudal livre. Dá-se, por exemplo, em correntes
rápidas de água sem transporte de sólidos significativo que, ao encontrar uma mudança brusca
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A melhor forma de evitar estes efeitos é eliminar a sua causa, ou seja, os perfis de escoamento
descontínuos e de ângulos muito fechados. Em simultâneo, deve-se procurar obter uma
superfície exterior do betão resistente e sem irregularidades à custa de uma pasta de cimento
densa e de boas características mecânicas. Pode-se usar também betões contendo fibras de aço
ou impregnadas com polímeros.
Nesta rubrica, são analisadas patologias de ordem e consequências diversas mas que têm em
comum ter como causa primeira um organismo vivo, vegetal ou animal, mas que não o
homem. Delas salientam-se:
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turbulência do escoamento, este composto pode isolar-se da solução e ser oxidado por
acção bacteriológica, formando ácido sulfúrico (Figura 27); este composto é altamente
agressivo e origina um ataque ácido no betão acima do nível do escoamento; a médio
prazo, a argamassa de cimento transforma-se completamente em gesso e perde todas as
suas características resistentes; as únicas medidas eficazes nestes casos são o tratamen-
to das águas, a utilização de camadas protectoras impermeabilizantes ou a substituição
do betão armado por outro material mais adequado; mesmo os betões mais compactos
e resistentes a ataques de ácidos não resistem muito tempo nestas condições;
• ataque de origem animal - para além do atrás referido (moluscos), o ataque destes
agentes é de muito pequenas consequências.
Define-se “sintomatologia” como o estudo dos fenómenos indicadores das doenças. Quando
aplicado ao betão (armado e pré-esforçado), este termo diz respeito ao estudo das diversas
manifestações de deficiência estrutural ou não que eventualmente permitem identificar as
causas de patologia ou pelo menos limitar o número de causas possíveis.
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Esta é uma ciência extremamente complexa e sujeita a graves erros mesmo com técnicos com
largos anos de experiência. As dificuldades são entre outras:
2.5.1.1. Fendilhação
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De seguida, vai referir-se de forma bastante sumária os diversos tipo de fissuras de acordo
grosso modo com a classificação em função da sua causa. Procurar-se-á evitar repetir a
informação a fornecer num quadro-resumo mais adiante e ilustrar-se-á esquematicamente as
diferentes fissuras.
É a que ocorre enquanto o betão está no estado plástico e que por vezes é recuperável se for
efectuada uma revibração logo após o seu aparecimento.
Retracção plástica
Estas fendas ocorrem quando a velocidade de perda de água por evaporação é superior à
velocidade com que a água chega à superfície por exsudação. São mais correntes em peças
esbeltas muito expostas (Figura 28).
Fig. 28 [12] - As fendas devidas à retracção plástica têm tendência para aparecer na lâmina de
compressão (zona mais esbelta) nas lajes aligeiradas com blocos cerâmicos
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Assentamento plástico
Estas fendas devem-se à migração da água para a superfície exterior. Dá-se uma redução do
volume de betão que faz com que, por acção da gravidade, se dê um assentamento do betão
fresco ao mesmo tempo que a água exsudada chega à superfície. Quando esse assentamento é
impedido localmente pela armadura ou pela cofragem, dá-se a fendilhação (Figura 29).
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Estas fendas devem-se à expansão de cerca de 9% que a água sofre quando passa a gelo e às
baixas resistências mecânicas do betão jovem.
É a que ocorre após o betão ter endurecido, podendo ter as mais variadas origens e cujo
controlo depende fundamentalmente da garantia de percentagens suficientes de armadura e da
sua pormenorização cuidada.
Efeitos diferidos
Estas fendas devem-se aos efeitos reológicos do betão. A fendilhação não ocorre
necessariamente no elemento que mais directamente sofre os efeitos diferidos mas em outros
que a ele estejam ligados (Figura 31). As tensões geradas serão tanto maiores quanto mais
rígida for a estrutura.
A retracção a longo prazo tem como características ser independente do carregamento e dar-se
ao longo do tempo devido à diminuição do volume do betão por perda de água. As fendas de
retracção não têm sempre o mesmo aspecto dependendo este bastante da rigidez relativa dos
elementos e dos confinamentos a que cada elemento está sujeito. Exemplos deste tipo de
fendilhação são os provocados por diferentes taxas de armadura superior e inferior no mesmo
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Fig. 31 [12] - Fendas provocadas por retracção de viga de pórtico de pilares de pequena rigidez
Aumentam com a dosagem de cimento, teor em finos, relação água / cimento, juntas de
betonagem, fluência do betão, temperatura e diminuem com a humidade relativa do ambiente
e com a introdução de juntas de retracção e armadura de pele.
Calor de hidratação
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Ciclos gelo-degelo
Estas fendas têm características semelhantes às provocadas pela solidificação da água capilar
antes da presa do betão. Aumentam com o número de ciclos gelo-degelo.
Variações de temperatura
Verifica-se em geral que sempre que a diferença entra a temperatura ambiente e a do núcleo
do betão seja superior a 20 ºC, é de esperar que se produzam fendas de características
semelhantes às provocadas pelo calor de hidratação (Figura 34, à esquerda).
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Fig. 34 [12] - Fendilhação numa laje devida à diminuição da temperatura (à esquerda) e corrosão
das armaduras principais num pilar com consequente desprendimento do betão de recobrimento
As fendas devem-se ao ataque de agregados contendo sílica por soluções alcalinas dando
origem a um gel alcalino-silicioso e posterior fendilhação.
Diminuem com a escolha correcta dos agregados e com a execução de um betão compacto e
impermeável.
Carbonatação do betão
O processo da carbonatação ou despassivação do betão origina tensões internas que podem ser
suficientes para dar origem a fendilhação. Este é, no entanto, um fenómeno perfeitamente
secundário sob este ponto de vista.
A fendilhação devida a esta causa é tanto mais intensa quanto mais rígida for a estrutura
(vigas-parede e paredes) e maiores as tensões induzidas pelos deslocamentos impostos. Não
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existe um exemplo-tipo deste tipo de fendilhação por esta depender em cada caso da estrutura
em questão, da localização das tracções e pontos mais fracos.
Fig. 35 [12] - Fendilhação numa consola curta devida à sua execução deficiente
Cargas de cálculo
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e extensão das fendas depende do tipo de carga que as provoca. Pode, no entanto, dizer-se
que, de um modo geral, a fendilhação se verifica transversalmente às armaduras colocadas
para absorver as extensões desenvolvidas pelas acções. Ter-se-á então:
Fig. 36 [12] - Rotura por tracção simples (à esquerda) e por compressão simples (à direita)
Estas fendas devem-se quer à subestimação em projecto das cargas previstas de cálculo quer a
uma utilização indevida da estrutura não prevista no projecto inicial (Figura 40, à esquerda).
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Fig. 37 [12] [17] - Fendilhação associada à flexão circular (à esquerda) e rotura por flexão
simples com esforço transverso (à direita)
Fig. 39 [12] [17] - Fendilhação associada à torção (à esquerda) e rotura com perda de
aderência entre o aço e o betão (à direita)
Estas fendas devem-se à deformação excessiva do elemento estrutural por utilização de aços e
betões de alta resistência e elementos pré-fabricados e/ou pré-esforçados sem continuidade
nos apoios.
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2.5.1.2. Desagregação
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Fig. 40 [12] [17] - Fendilhação de uma laje devida a carga de punçoamento não prevista (à
esquerda) e desagregação de um provete atacado pelos sulfatos
As causas principais da desagregação do betão são o ataque dos sulfatos, cloretos e ácidos.
2.5.1.3. Descasque
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Fig. 41 [12] - Descasque do bordo de uma laje provocado pela corrosão adiantada das
armaduras longitudinais (à esquerda) e descasque local numa laje provocado por uma carga
concentrada excessiva (à direita)
Fig. 42 [12] [19] - Descasque provocado pelos ciclos gelo-degelo (à esquerda) e descasque
provocado pela reacção expansiva de um agregado grosso (popout) (à direita)
As medidas de índole preventiva para evitar este tipo de fenómeno coincidem em cada caso
com as medidas relativas à fendilhação correspondente já referidas atrás.
2.5.1.4. Coloração
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A coloração superficial do betão pode ainda dar indicações sobre: maior ou menor presença
de leitada, ataque dos ácidos, sulfatos e álcalis, existência em excesso de cal livre (eflorescên-
cias), ataque da poluição, desenvolvimento de vida animal ou vegetal, forma de drenagem nas
paredes verticais de betão, exposição relativa à chuva e ao vento de zonas verticais, etc..
Do ponto de vista estético (para betão à vista), situações como coloração heterogénea, zonas
porosas e bolhas de pele (Figura 43, à direita), manchas claras (finos) ou escuras (nós da
madeira da cofragem) e sujidades (eflorescências e manchas de ferrugem - Figura 44) são
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anomalias a ter em conta. Também as juntas de betonagem mal executadas (Figura 45, à
esquerda) e a má qualidade das cofragens, dando origem a uma superfície muito irregular
(Figura 45, à direita) ou a crostas, são situações inaceitáveis em betão à vista, estando ainda,
no primeiro caso, potencialmente associadas a anomalias de durabilidade.
Fig. 43 [19] - Zonas porosas (honeycombing) (à esquerda) e bolhas de pele (bug-holes) (à direita)
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Fig. 45 - Junta de betonagem mal executada (cold joint) (à esquerda) e superfície irregular (à
direita)
O problema que mais seriamente afecta as armaduras é a sua vulnerabilidade à corrosão. São
sintomas dessa mesma corrosão as manchas de ferrugem de coloração característica na super-
fície exterior dos elementos, a fendilhação e o desprendimento do recobrimento de betão.
Em estruturas danificadas pelo fogo (Figura 46, à direita), grandes deformações nos varões
são em geral um sintoma de perdas inaceitáveis de resistência pelo que têm de ser substituídos.
Fig. 46 [12] [8] - Armaduras em adiantado estado de corrosão (com perda total de secção), à
esquerda, e danos numa ponte devido ao fogo (à direita)
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2.5.3.1. Deformações
As deformações são dos sintomas mais frequentemente medidos em obra não só pela
facilidade de detecção e interpretação dos resultados como também pela importância das
conclusões que delas se tiram. Medem-se não só deformações verticais mas também
horizontais assim como afastamentos da verticalidade. Para tal, recorre-se a níveis de água,
clinómetros, deflectómetros, fios-de-prumo ou raios laser.
2.5.3.2. Assentamentos
Os assentamentos de apoio podem ser uniformes ou diferenciais (Figura 47). Os primeiros são
de um modo geral inofensivos no que respeita aos estados limite últimos a não ser que atinjam
valores muito exagerados. Os assentamentos diferenciais, pelo contrário, podem introduzir
esforços muito importantes que podem levar à ruína de toda ou parte da estrutura. Em
qualquer dos casos, os assentamentos revelam problemas de fundações geralmente associados
a uma má concepção destas. Tal como acontece em relação às deformações, deve-se actuar
tão rapidamente quanto possível para que os estragos não se acentuem e possam levar a um
estado de rotura da estrutura.
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Os movimentos de terras dão-se em geral de uma forma repentina sucedendo-se a uma forte
chuvada ou aquando da aplicação de sobrecargas muito elevadas no topo de um talude. Os
estragos provocados são normalmente tão elevados que a única solução é a demolição total ou
parcial da estrutura afectada e respectiva reconstrução sempre complementadas com medidas
adequadas de estabilização das terras. Tal como os assentamentos, os movimentos de terras
revelam problemas de concepção inadequada das fundações.
2.5.3.4. Infraescavaçõess
Este sintoma dá-se em estruturas fundadas em leitos de rios ou na costa marinha em zonas em
que a velocidade de caudal é ou pode ser bastante elevada e está muitas vezes associado à
existência de assentamentos de apoio. Mais uma vez, a causa primeira destes problemas é
uma concepção deficiente. As causas directas são a existência de um caudal muito volumoso e
de rápido escoamento associado a granulometrias com predominância de finos nos solos na
base e nas paredes laterais das fundações.
Como nota final a este capítulo, não pode deixar de se chamar a atenção para o facto de a
sintomatologia aqui tratada ser fundamentalmente a associada a edifícios e outras construções
correntes de estrutura em betão. Em pontes e outras estruturas especiais, haveria que referir
problemas específicos como o assentamento do solo sob as lajes de transição, deslizamento ou
assentamento dos taludes junto aos encontros, erosão / infraescavação das fundações de
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Todas as anomalias susceptíveis de serem encontradas em pontes de betão (num total de 94)
foram classificadas em 9 grupos diferentes.
Os capítulos A-C. Elementos em Betão (Figura 48, à direita) e A-D. Armaduras / Cabos têm
um âmbito bastante alargado: permitem classificar cada anomalia, respectivamente em betão e
armadura ordinária ou de pré-esforço, independentemente do local onde ocorram. Desta forma
se evita repetir estas anomalias para elementos específicos incluídos noutros capítulos
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(passeios, fundações, vigas de bordadura, etc.). Se, por exemplo, se detectar descasque de
uma viga de bordadura, essa anomalia deve ser classificada como A-C7 (delaminação /
descasque) em alternativa a A-I14 (deterioração das vigas de bordadura).
Fig. 48 [2] [3] - Anomalia A-A1 - Deformação permanente (à esquerda) e Anomalia A-C7 -
Delaminação / descasque (à direita)
Foi feito um esforço no sentido de cobrir qualquer anomalia que pode vir a ser detectada
numa ponte cuja estrutura é na sua totalidade de betão armado ou pré-esforçado. De forma a
atingir esse objectivo, foram criados capítulos especiais como juntas de dilatação (Figura 49, à
esquerda), aparelhos de apoio (Figura 49, à direita), elementos secundários, etc., que não são
específicos das pontes de betão mas são essenciais ao seu funcionamento normal. Estes
capítulos podem ser utilizados directamente em qualquer classificação que se faça das
anomalias em pontes metálicas ou mistas.
Fig. 49 [4] - Anomalia A-F1 - Desnivelamento (acção de choque sob tráfego), à esquerda, e
Anomalia A-E12 - Deslocamento do aparelho de apoio (à direita)
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entre anomalias semelhantes (por exemplo, A-D4 varão corroído e A-D5 varão com
diminuição de secção). Nesta ficha, devem ser fornecidos os critérios de classificação da
gravidade da anomalia em função da sua extensão e grau de evolução.
Quadro 5 [6] - Lista de anomalias em pontes de betão
A-A. COMPORTAMENTO GLOBAL DA SUPERSTRUTURA
A-A1 deformação permanente A-A3 inclinação dos pilares
A-A2 deslocamento relativo A-A4 vibração
A-B. FUNDAÇÕES / ENCONTROS / TALUDES
A-B1 infraescavação A-B6 escorregamento dos taludes
A-B2 assentamento A-B7 vegetação / tocas de animais
A-B3 rotação A-B8 obstrução do curso de água por detritos
A-B4 assentamento / rotura em laje de transição A-B9 assoreamento
A-B5 erosão dos taludes
A-C. ELEMENTOS EM BETÃO
A-C1 mancha de ferrugem A-C8 esmagamento do betão
A-C2 eflorescência / mancha de humidade A-C9 fendilhação em "pele de crocodilo"
A-C3 concreção / intumescimento A-C10 fenda longitudinal
A-C4 escamação / desgaste / desintegração A-C11 fenda transversal
A-C5 vazios / zona porosa / ninho de agregados A-C12 fenda diagonal
A-C6 estratificação / segregação A-C13 fenda sob / sobre varão
A-C7 delaminação / descasque
A-D. ARMADURAS / CABOS
A-D1 varão à vista (descasque do recobrimento) A-D7 cabo cortado
A-D2 bainha à vista (descasque do recobrimento) A-D8 bainha deficientemente injectada
A-D3 cabo à vista (descasque do recobrimento) A-D9 zona de selagem da ancoragem da armadura de
A-D4 varão corroído pré-esforço defeituosa
A-D5 varão com diminuição de secção A-D10 ancoragem corroída
A-D6 varão cortado
A-E. APARELHOS DE APOIO
A-E1 impedimento do movimento por detritos / A-E8 destacamento dos ferrolhos (chumbadores) /
vegetação rebites
A-E2 impedimento do movimento por ferrugem A-E9 esmagamento do chumbo
A-E3 rotura da(s) guia(s) A-E10 fluência do neoprene
A-E4 fissuração no rolamento A-E11 esmagamento do neoprene
A-E5 rotura do rolamento A-E12 deslocamento do aparelho de apoio
A-E6 corrosão do metal A-E13 fractura do betão sob o aparelho de apoio
A-E7 deterioração do berço / placa de apoio A-E14 humidade / água estagnada
A-F. JUNTAS DE DILATAÇÃO
A-F1 desnivelamento (acção de choque sob tráfego A-F6 corrosão do metal
A-F7 arranque / rotura dos ferrolhos
A-F2 falta de paralelismo A-F8 desaperto / rotura dos parafusos / rebites
A-F3 corte transversal A-F9 fissuração das partes metálicas
A-F4 impedimento do movimento por detritos / A-F10 enchimento / selagem (neoprene ou mastique)
vegetação
A-F5 impedimento do movimento por ferrugem A-F11 humidade / água estagnada
A-G. REVESTIMENTO (BETUMINOSO) / ESTANQUEIDADE
A-G1 fendilhação em “pele de crocodilo” A-G7 marcas dos pneus dos veículos (rodeiras)
A-G2 fenda ao longo de uma zona reparada A-G8 irregularidades superficiais
A-G3 outro tipo de fenda A-G9 descolamento / delaminação
A-G4 ninho de agregados A-G10 exsudação do asfalto
A-G5 buraco A-G11 membrana de impermeabilização danificada /
A-G6 desrevestimento acentuado inexistente
A-H. DRENAGEM DE ÁGUAS
A-H1 retenção de água A-H5 gárgula obstruída
A-H2 dreno obstruído A-H6 drenagem directamente sobre elementos
A-H3 fuga numa ligação estruturais
A-H4 estreitamento na tubagem A-H7 falta de drenagem em secções ocas
A-I. ELEMENTOS SECUNDÁRIOS
A-I1 sinalização inadequada / inexistente A-I9 soldadura partida
A-I2 sinalização deteriorada A-I10 passeios com desgaste acentuado / danificados
A-I3 guarda-rodas / separador inexistentes A-I11 tubagem de serviços danificada
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Em cada capítulo, as anomalias são divididas grosso modo segundo a sua semelhança, causa
comum ou proximidade de forma a facilitar a utilização da lista apresentada no Quadro 5.
Fichas de anomalia
A lista de anomalias (Quadro 5) dá origem a uma ficha por cada anomalia. Nesta, a anomalia
é descrita e classificada pseudo-quantitativamente. É criado um quadro causa / consequência /
perigo futuro em que se relaciona os sintomas susceptíveis de serem detectados numa
observação visual com as respectivas causas possíveis e as prováveis consequências futuras.
Este conjunto de fichas, do qual se apresenta um exemplo na Figura 50, constitui um apêndice
muito importante do manual de inspecção que deve sempre ser levado para a visita.
A ficha de anomalia deve ser complementada, sempre que possível, com uma foto ou
gravura exemplificativa.
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Todas as causas possíveis (directas e indirectas) destas anomalias (num total de 117) foram
então classificadas de acordo com um critério cronológico também em 9 diferentes grupos.
FICHA DE ANOMALIA
TIPO: ARMADURAS / CABOS
FICHA: A-D5
ASPECTOS A -cor da ferrugem negra: (origem provável: iões cloro => maiores perdas de secção) ou
INSPECCIONAR: avermelhada (origem provável: carbonatação => menor perigo)
-estado de corrosão dos varões vizinhos
-aderência do recobrimento
-carbonatação, presença de iões cloro, infiltrações de água
-estado da estanqueidade
-fissuração na zona observada
-deformações
-estado do sistema de drenagem
-proximidade do mar
-utilização no presente ou no passado de sais anti-congelantes
CLASSIFICAÇÃO DA ANOMALIA:
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Foi dada uma ênfase especial aos capítulos C-A. Erros de Projecto e C-B. Erros de Execução,
já que estes são a principal causa das anomalias em estruturas de betão, quer em pontes quer
em edifícios. As acções de acidente, algumas das quais têm uma probabilidade de ocorrência
muito baixa mas têm também uma capacidade de produzir estragos muito importantes, foram
divididas em naturais (capítulo C-C.) e de origem humana (capítulo C-D.).
Dedicou-se um capítulo (o C-E.) às acções ambientais que, isoladas, não produzem deteriora-
ção significativa. Deve no entanto ser referido que, na grande maioria das anomalias em be-
tão, podem ser encontradas várias causas e só por vezes uma delas é preponderante. Os agentes
agressivos foram também divididos em naturais (capítulo C-F.) e artificiais (capítulo C-G.).
Finalmente, o capítulo C-I. diz respeito a situações nas quais a alteração das condições de
serviço inicialmente previstas na ponte é passível de criar problemas futuros no seu
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funcionamento. Na maioria das classificações, estas situações são ignoradas o que não é
correcto se se tomar em conta, por exemplo, a variação que se faz sentir nas solicitações
devidas ao tráfego.
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Uma primeira tentativa de relacionar as anomalias com as respectivas causas foi feita em que
só as anomalias relacionadas com a corrosão foram incluídas. As causas possíveis foram
divididas em causas próximas e causas primeiras.
As causas primeiras podem ser bastante distantes da anomalia e a sua relação é por vezes
muito indirecta. Por exemplo, uma repavimentação defeituosa do tabuleiro pode ser
responsável por fendilhação ao longo da zona reparada. A água pode então infiltrar-se sob o
betuminoso e, sem uma membrana de impermeabilização em condições, penetrar até aos
varões. Se esta água contiver cloretos provenientes do mar ou de sais anti-congelantes, pode
dar-se início à corrosão que, num estado mais avançado, pode produzir descasque do betão.
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Daí que uma repavimentação defeituosa do tabuleiro possa vir a ser a causa primeira de
descasque do betão. Como é evidente pelo exemplo dado, uma causa primeira é por si só
relativamente inofensiva. É a existência de várias causas primeiras e a passagem do tempo
que permite que a deterioração atinja níveis nos quais os problemas já são visíveis. Portanto, a
lista de causas primeiras de uma anomalia deve ser entendida como um grupo de factores que
contribuem sinergicamente para o desenvolvimento da anomalia.
Ainda que se tenha procurado eliminar causas possíveis com um nível de probabilidade muito
pequeno, algumas poderão ter ficado. Em alguns casos, em que as causas possíveis, ainda que
extremamente improváveis, possam causar estragos importantes, foi decidido adicioná-las à
lista (por exemplo, sismo ou explosão / bombardeamento).
A lista assim elaborada foi depois transformada numa matriz de correlação ainda incluindo
apenas as anomalias relacionadas com a corrosão. Nessa matriz, na intersecção de cada linha
(representando uma anomalia) com cada coluna (representando uma causa possível) é inscrito
um número que representa o grau de correlação entre uma e a outra. O critério adoptado para
esse número foi:
A utilização da matriz não invalida o recurso a uma lista de correlação que poderá conter
informação mais detalhada e específica que não pode constar da matriz.
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Através de uma descrição objectiva de cada uma destas entidades, complementada com as
designadas fichas de anomalia e fichas de reparação, é possível diminuir grandemente a
subjectividade de apreciação e relato das manifestações patológicas detectadas durante as
inspecções e auxiliar assim o decisor na selecção dos trabalhos de manutenção / reparação a
ser posteriormente efectuados, sempre numa perspectiva de fundos limitados.
Quadro 7 [6] - Extracto da matriz de correlação entre anomalias em pontes de betão e as suas
causas possíveis
C-A1 C-A2 C-A3 C-A4 C-A5 C-A6 C-A7 C-A8 C-A9 C-A10 C-A11 C-A12 C-A13 C-A14 C-A15 C-A16
A-A1 0 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
A-A2 0 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
A-A3 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
A-A4 1 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0 0 0 0
A-B1 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-B2 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0 1 2 0 0 0 0
A-B3 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0 1 2 0 0 0 0
A-B4 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
A-B5 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
A-B6 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
A-B7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-B8 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
A-B9 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0
A-C1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0
A-C2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C4 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C5 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
A-C7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
A-C8 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
A-C9 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C10 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1
A-C11 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1
A-C12 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1
A-C13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0
A-D1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
A-D2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
A-D3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
A-D4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0
A-D5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0
A-D6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-D7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-D8 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
A-D9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
A-D10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
A-E1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-E2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-E3 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-E4 1 0 1 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0
A-E5 1 0 1 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0
A-E6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-E7 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-E8 0 0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1
A-E9 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0
A-E10 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0
A-E11 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0
A-E12 1 0 0 1 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0
A-E13 1 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1
A-E14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 - SEM RELAÇÃO
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1 - PEQUENA CORRELAÇÃO
2 - GRANDE CORRELAÇÃO
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3. METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO
No presente capítulo, analisa-se como tomar decisões e seleccionar o procedimento mais ade-
quado em face de cada caso particular. Assim, define-se um conjunto de procedimentos tipo a
implementar antes de qualquer tipo de acção e descreve-se a análise complementar a realizar
nas situações em que são detectadas potenciais deficiências graves de carácter estrutural.
Ainda que a necessidade de intervenção se possa pôr em relação a qualquer estado limite, é a
correcção de situações associadas ao estado limite último (resistência, encurvadura ou perda
de equilíbrio global) que normalmente origina as intervenções mais profundas. A intervenção
consiste fundamentalmente em aumentar a diferença entre as acções e a resistência (em
termos dos respectivos efeitos comparáveis), ou seja, aumentar o factor de segurança global
da estrutura. A intervenção sobre as acções traduz-se normalmente pela imposição de
restrições à utilização normal da construção e não será objecto de grandes considerações neste
capítulo. A intervenção sobre as resistências, ou seja, actuando sobre a construção existente e
a sua estrutura é de carácter mais lato e passará de seguida a ser exposta.
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A decisão final será condicionada, por um lado, pelo alcance pretendido com as intervenções
a efectuar, pelo tipo de construção em presença, pelas condições técnicas existentes, pelo
custo total previsto em face da valorização de capital pretendida e por outros factores de
índole técnico-económica e, por outro lado, pelo interesse arquitectónico ou histórico da
construção, pelo seu tipo de utilização e consequências nos seus utentes dos diversos tipos de
intervenção e por outros factores de índole cultural-humana. O factor político pode ter e tem
geralmente um grande peso nesta decisão.
Abstraindo de outros factores que não os técnicos, as únicas hipóteses de intervenção que têm
interesse sob o ponto de vista do presente documento são a reparação e o reforço. A própria
definição destes conceitos não é tão matemática e rigorosa quanto seria de desejar sendo por
vezes bastante difícil saber onde acaba a reparação e começa o reforço.
De uma forma esquemática, apresenta-se de seguida alguns aspectos técnicos que devem ser
alvo de reflexão em situações de reparação e reforço [15]:
a) Segurança estrutural
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b) Análise estrutural
colagem;
soldadura;
adesão, aderência;
fricção, atrito;
confinamento (pressão transversal);
ferrolhos (corte e tracção);
comportamento diferido;
funcionamento em serviço;
resistência última;
interacção entre materiais novos e originais;
funcionamento “em série” e “em paralelo”;
tipo de esforço (compressão, tracção, flexão, esforço transverso);
e) Durabilidade
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Qualquer que seja a forma de intervenção por que se opte, ela terá de procurar uma
racionalização geral da construção e da sua estrutura e uma interligação dos diferentes
elementos de construção, nomeadamente entre os existentes e os novos.
Deverá também procurar-se uma distribuição das medidas de reforço por oposição a
intervenções pontuais que, embora garantindo por si um comportamento estrutural local
suficiente, podem dar origem a interacções não previstas e provavelmente nefastas nos pontos
de ligação às construções existentes. Por exemplo, quando materiais de maior resistência são
adicionados à construção em substituição do material danificado original, a secção reparada
ficará substancialmente mais resistente que a original o que pode provocar estragos fora da
zona reparada. Por outras palavras, a reparação ou reforço têm uma função de translação dos
problemas para secções adjacentes às iniciais. Para evitar este efeito, pode conceber-se uma
variação gradual em termos de resistência e rigidez entre as zonas reparadas e as não
reparadas. Em geral, a melhoria de resistência num número reduzido de secções individuais
não é suficiente por si só para garantir a estabilidade e resistência globais da estrutura.
Uma noção muito importante sobre estes trabalhos de reabilitação é o facto de o seu custo
depender menos do grau de intervenção do que aconteceria numa estrutura nova. Por outras
palavras, os principais custos são fixos, associados à deslocação de material e equipamento e
à contratação da mão-de-obra, em geral muito especializada. É portanto anti-económico estar
a fazer um grande investimento inicial para a realização de um pequeno trabalho de
intervenção. O custo dos materiais utilizados na recuperação é em geral uma percentagem
bastante pequena dos custos totais pelo que não faz sentido perder muito tempo tentando
optimizar as quantidades de material. A adopção de uma atitude crítica levemente pessimista
e conducente a maiores factores de segurança é sempre aconselhável.
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As acções a tomar em face de uma situação de deficiência da construção são muito variáveis
de caso para caso e devem ser objecto de um estudo de viabilidade económica e depender da
sua exequibilidade. Para isso, há que seguir um processo racional de análise da construção
existente que compreende diversas fases que passarão de seguida a ser expostas.
Deve ser promovida uma visita de inspecção da construção por uma equipa técnica com
experiência de projecto do tipo de construção em causa. Nesta visita, devem ser efectuadas
observações e medições nos elementos estruturais mais importantes e ver da necessidade de
tomada de medidas urgentes: evacuações, escoramentos, cintagens, eliminação de cargas,
demolições, etc.. Se o problema é de índole a levantar dúvidas à equipa técnica, por forma a
exigir um exame mais elaborado da situação existente, passa-se à fase seguinte.
O projecto de execução deve ser objecto de uma análise minuciosa de forma a detectar
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eventuais erros que tenham sido a causa dos problemas ou para eles tenham contribuído. Para
tal, deve-se recorrer à regulamentação em vigor na altura da sua execução e não à actual. Dos
desenhos de execução podem não constar eventuais alterações posteriores à construção. Há
ainda a possibilidade do projecto de execução se ter extraviado ou nunca ter existido em cujo
caso há que preparar novos cálculos de estabilidade.
As dimensões dos elementos estruturais principais devem ser verificadas em obra de forma a
se saber se foram excedidas as tolerâncias máximas regulamentares. Em casos em que surjam
dúvidas prementes, deve-se recorrer ao descasque localizado de peças de forma a pôr à vista
as armaduras principais que se comparam com as do projecto. Poder-se-á ainda verificar os
recobrimentos e determinadas disposições construtivas. Aspectos não estruturais como o
traçado das redes prediais, a existência ou não de materiais de isolamento térmico e outros,
poderão merecer também uma verificação.
Para se efectuar este levantamento, deve à equipa de peritagem ser adstrito pessoal
especializado e o equipamento necessário para a determinação dos dados principais
(extensómetros, macacos planos, aparelhagem de raios X e de ultra-sons, esclerómetro, etc.).
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De referir que a análise visual tem as suas limitações uma das quais é o facto de se desconhe-
cer a história do carregamento da construção. Para isto, são instrumentos fundamentais,
quando disponíveis, os relatórios da construção e de eventuais visitas de inspecção. Nesta
fase, é de crucial importância o recurso aos ensaios in-situ, destrutivos ou não.
Com base na análise do projecto e no levantamento dos danos existentes, é possível na grande
generalidade dos casos identificar as causas de degradação da construção. Qualquer
melhoramento desta passa sempre pela eliminação dessas mesmas causas. Na prática, os
fenómenos são sempre mais complexos do que as teorias analíticas o fazem crer. De facto, só
muito raramente as deficiências graves numa construção, nomeadamente as estruturais, se
devem a uma única causa. De um modo geral, os insucessos são provocados por uma
acumulação de erros graves de projecto e/ou execução com a ocorrência de acidentes naturais.
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Associado a este problema, está normalmente o da previsão da vida útil restante da estrutura
que dá nesta altura os seus primeiros passos na investigação laboratorial.
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Esta análise visa confirmar a exactidão do diagnóstico: deverá demonstrar que os sintomas
observados resultam efectivamente das causas postuladas. Ela basear-se-á nos valores reais
das solicitações, características dos materiais e geometria dos elementos estruturais.
Nesta fase, são analisadas várias hipóteses possíveis de reforço ou reparação da construção
existente. Devem ser postas de parte à partida as soluções que, pelas suas características, não
sejam de aplicação viável no caso em estudo. Para tal, recorre-se a critérios como o nível de
reforço pretendido, o grau de dificuldade de execução e o nível de segurança exigido durante
a mesma, o estado de ocupação da construção, o perigo eventual associado à não tomada de
medidas, o prazo de execução, a importância da obra, o factor económico, o eventual valor
arquitectónico e/ou histórico do edifício, o impacte ambiental, a reversibilidade da
intervenção e as suas consequências sobre a construção existente, etc. [23]. Também devem
ser tidas em conta as necessidades do utente / dono da obra: vida útil remanescente
pretendida, urgência da intervenção, limitações orçamentais, requisitos técnicos e de
desempenho, a estética da solução final, entre outros [23].
reparação - reconstituição das características de resistência que a obra teria caso não
tivesse ocorrido degradação anómala nem danos ou, em alternativa, introdução das
características resistentes correspondentes a uma caracterização correcta das solicitações
de cálculo; pode ter um carácter estrutural ou apenas cosmético;
reforço - meio de tornar a construção capaz de resistir a cargas superiores àquelas que
foram previstas no projecto inicial melhorando todos ou alguns dos seus elementos
estruturais;
consolidação - meio de melhorar o normal desempenho em serviço duma construção
existente aumentando a rigidez da sua estrutura por eliminação de deformações,
vibrações ou fendilhação excessiva.
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• não fazer reparações estruturais mas apenas cosméticas, isto é, reconstituir o aspecto
exterior da construção - considera-se que a construção tem capacidade resistente
suficiente;
• não fazer reparações estruturais, embora tenham sido encontradas insuficiências, mas
manter a construção sob observação para se detectar eventuais sinais de agravamento
do seu estado;
• proceder a reparações mas apenas com o intuito de restabelecer a capacidade original
da estrutura, isto é, repor a estrutura no seu estado inicial pondo-se a hipótese de
limitar as sobrecargas de utilização;
• reparar e reforçar a estrutura de forma a conferir-lhe maior capacidade resistente
modificando-lhe ou não o sistema estrutural, desocupando-a ou não;
• demolir a construção existente ou parte dela (por exemplo, os pisos mais elevados) por
representar um perigo potencial.
Nesta fase, em que já se optou por reforçar a construção, vai escolher-se definitivamente o
processo construtivo a utilizar. Para tal, recorre-se aos seguintes critérios: custo do reforço,
mais valia resultante daquele, vida útil remanescente da construção reforçada, custo da
desocupação da construção ou de parte dela e da imobilização de equipamentos em edifícios
industriais, etc..
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No subcapítulo anterior, foi já analisada a sequência lógica necessária à análise de uma estru-
tura para que se tome uma decisão racional quanto à forma de intervenção a implementar. No
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Localizado no tempo porque o processo se inicia apenas quando se está perante uma situação
anómala. É um processo sem passado e não permite conhecer a história da estrutura.
Localizado no espaço na medida em que se aplica a uma única construção, ignorando o que se
passa em construções idênticas sujeitas a circunstâncias semelhantes. Uma análise
probabilística é fundamental para que se possa tirar conclusões sobre a aleatoriedade de
determinados fenómenos e sobre a influência dos factores de deterioração e dos agentes
agressivos sobre um determinado tipo de construção. Outra aplicação é saber se os danos
apresentados pela construção em estudo são normais para esse tipo de construção com o
respectivo tempo de vida ou se revelam má qualidade construtiva, defeituosa manutenção,
ambiente anormalmente agressivo ou outra causa anómala.
Existem algumas noções de base fundamentais no estudo deste problema que convém referir:
em que:
g.c. - grau de confiança da estrutura em geral expresso sob a forma de uma percentagem
em relação aos valores de cálculo da sua capacidade resistente inicial;
t- número de anos em serviço da estrutura;
∆i - constante função do modo de rotura, do tipo de construção, da respectiva
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A determinação dos factores ∆i atrás referidos só é possível através de uma análise estatística
in-situ quer dos factores de deterioração quer da intensidade dessa degradação (Figura 52).
Esta análise faz-se através de inspecções periódicas de muitas construções.
Apresenta-se de seguida uma listagem das principais prioridades das visitas de inspecção [25]:
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Toda esta documentação deve estar acessível às pessoas integrantes do processo de criação de
uma construção. Devem ser elaborados guias práticos em que se dêem regras simples que, a
serem seguidas, impeçam o aparecimento dos problemas mais comuns em cada tipo de
construção. Devem ser publicadas anualmente as estatísticas referentes às inspecções
efectuadas de forma a alertar os diversos intervenientes para os problemas mais prementes.
Sempre que possível, é preferível fazer uma análise quantitativa da capacidade resistente
residual da construção do que uma análise qualitativa. No entanto, nem sempre existem as
condições para a realização da primeira pelas seguintes razões:
Por outro lado, a determinação quantitativa da capacidade resistente residual é uma ciência
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ainda nos seus primeiros passos pelo que seja opinião unânime que os resultados obtidos não
têm em geral uma grande fiabilidade.
O Task Group 12 do C.E.B. definiu níveis de degradação de edifícios danificados pelo sismo,
por incêndio ou por ataque químico e atribuiu-lhes determinadas relações de capacidade.
Definiu relação de capacidade como sendo o quociente entre a capacidade resistente residual
de um sistema ou elemento e a acção - efeito a que esse sistema ou elemento deveria resistir
de acordo com os regulamentos em vigor.
A classificação que se vai de seguida expor [17] é válida apenas para edifícios e está adaptada
a pilares mas pode ser seguida uma classificação semelhante para lajes e vigas.
Nível A - fendas de flexão isoladas com larguras inferiores a 1 a 2 mm desde que um cálculo
simples demonstre que estas fendas não são devidas a deficiência de armadura mas
apenas a defeitos localizados;
Nível B - muitas e largas fendas de flexão ou fendas diagonais isoladas de esforço transverso
(com larguras inferiores a cerca de 0.5 mm), desde que não se tenham verificado
quaisquer deformações permanentes na peça;
Nível C - fendas de esforço transverso bidiagonais e/ou descasque localizado intenso do betão
devido a esforço transverso e compressão, desde que não existam grandes
deslocamentos residuais; fendas nos nós viga-pilar;
Nível D - o núcleo de betão rompeu, os varões das armaduras encurvaram-se por compressão
(o elemento não tem continuidade mas não colapsou), desde que apenas pequenos
deslocamentos residuais (quer horizontais quer verticais) tenham sido detectados;
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Fig. 55 [17] - Níveis de danos em pilares danificados pela corrosão das armaduras
Esta classificação pode ser uma excelente ferramenta para o Engenheiro Projectista sem
experiência no assunto e que não pretende grande rigor na avaliação estrutural. Permite
também determinar o máximo tempo de espera antes da implementação de medidas de
intervenção. Este tempo diminuirá conjuntamente com a relação de capacidade da estrutura.
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Enquanto que o grau de refinamento do cálculo das estruturas tem vindo a sofrer progressos
assinaláveis, o mesmo não tem acontecido com a concepção racional de construções
existentes e/ou edifícios deficientemente construídos ou concebidos. Isto deve-se a um longo
leque de razões das quais se destacam as incertezas relacionadas com a avaliação de
construções resistentes assim como os métodos analíticos pouco convencionais para tomar em
conta as várias descontinuidades no tempo.
por cálculo analítico - só possível quando todos os dados de base são conhecidos ou
podem ser estimados com um rigor suficiente; para se conseguir a mesma probabilidade
de ruína em construções existentes que a que é conseguida na regulamentação em vigor
para construções novas, seria necessária uma adaptação dessa mesma regulamentação;
por ensaios in-situ - o rigor neles atingido deixa em geral bastante a desejar pelo que os
resultados devem ser analisados com as reservas daí decorrentes; no entanto, podem
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Os ensaios in-situ foram já analisados extensivamente noutro capítulo deste documento, pelo
que apenas se referem aqui os métodos de cálculo analítico.
A via mais formal para a estimação das características estruturais residuais (rigidez,
resistência, ductilidade) dos elementos de betão armado sujeitos à flexão seria a determinação
dos diagramas momentos - curvatura que por sua vez dependem das relações constitutivas dos
materiais. Uns e outras podem ser alteradas em relação ao cálculo ordinário
fundamentalmente por três tipos de razões:
Com base nas novas relações constitutivas e por recurso a programas elaborados de cálculo
automático, obtêm-se as curvas momentos - curvatura da construção existente. Este sistema
implica um grande esforço de cálculo baseado em hipóteses muito falíveis e de difícil
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aferição. Uma dificuldade adicional neste tipo de análise tem a ver com a influência que a
história do carregamento tem na capacidade resistente residual (particularmente importante
nas estruturas sujeitas a incêndios).
Fig. 56 [17] - Aderência aço-betão a altas temperaturas: a) varões deformados a frio; b) varões
de pré-esforço; c) varões de aço macio (não nervurado)
A avaliação não está completa enquanto não se atender às redistribuições de esforços. Estas
devem-se sobretudo a duas razões: a acção acidental localizada e/ou a deterioração natural da
estrutura que provocou a necessidade da sua avaliação; as acções de reparação / reforço.
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Neste tipo de situações, há que tomar em conta algumas incertezas adicionais referentes não
só aos modelos de comportamento da estrutura mas também às probabilidades de rotura
aceitáveis e à qualidade dos materiais quer novos quer antigos. Estas incertezas são
quantificadas de uma forma semi-empírica através dos seguintes coeficientes [17]:
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O estado actual do conhecimento não permite uma estimativa completa e com uma filosofia
coerente dos factores parciais de segurança modificados para utilização em
redimensionamento. Daí que em muitos casos a única alternativa seja o recurso ao know-how
que é conferido pela experiência. Em face das muitas incertezas envolvidas e do reduzido
custo da intervenção nos casos correntes quando comparado com os da demolição e
reconstrução, uma análise pessimista da capacidade resistente residual da estrutura tem
sempre razão de ser. Por outras palavras, deve-se utilizar coeficientes de segurança adicionais
sempre que surjam dúvidas sobre as hipóteses de cálculo utilizadas. Esta atitude deve ser
estendida à avaliação estrutural em geral.
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4. TÉCNICAS DE PROTECÇÃO
Do ponto de vista da abordagem de uma obra de reparação, deve ter-se em conta que
restabelecer equilíbrios perdidos entre o meio envolvente e a própria estrutura passa, sem
dúvida, por proteger as superfícies de forma a evitar que os agentes que levaram à degradação
da estrutura se tornem menos agressivos ou diminuem a sua influência sobre a mesma.
Este tipo de trabalhos deve também ser acompanhado de um controlo de qualidade rigoroso,
onde é imperativo o seguimento das cláusulas técnicas definidas pelo projecto. As empresas
fabricantes de materiais assumem aqui também um papel importante, devendo fornecer todos
os elementos referentes à caracterização dos materiais bem como ensaios, especificações e
certificados que garantam a qualidade dos produtos.
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Fig. 59 [23] - Performance de uma estrutura do tempo ao longo da sua vida útil
Neste capítulo são descritas as diversas medidas adicionais que podem ser adoptadas para
conferir uma protecção das superfícies e elementos estruturais de betão contra os agentes
agressivos a que estarão sujeitos. Na primeira parte, são referidas as diversas estratégias que
podem ser implementadas para atingir esse objectivo. Na segunda parte, são descritos os
métodos utilizados, com particular ênfase nos baseados numa protecção superficial.
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As estratégias que irão de seguida ser referidas tratam os problemas da corrosão das
armaduras induzida por cloretos e pela carbonatação, do ataque químico do betão, do ciclo
gelo-degelo e da entrada de água nas estruturas.
Este sub-capítulo corresponde a três situações possíveis: estruturas novas; estruturas existen-
tes; juntas de construção e fendas (independentemente de a estrutura ser nova ou existente).
Pode actuar-se directamente na protecção das armaduras utilizando estratégias que evitam a
corrosão do aço sob acção dos cloretos (Figura 60a). A aplicação de resinas epóxidas ou
híbridos de resina e cimento sobre as armaduras é um dos métodos mais utilizados. Podem-se
também utilizar armaduras não corrosivas como ligas metálicas especiais, aço galvanizado ou
inox. No entanto, existe alguma controvérsia associada à tolerância de alguns desses sistemas
aos cloretos, nomeadamente as resinas, e limitações relativas aos custos de aços especiais.
Estas são algumas estratégias que de uma forma pouco onerosa contribuem para a
durabilidade das estruturas. A actuação com pinturas ou selantes (Figura 60e) é um método
testado e que minimiza a indução dos cloretos contribuindo assim de uma forma
preponderante para extensão da vida útil da estrutura.
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a) b) c) d) e)
Fig. 60 [23] - Diversas estratégias de protecção contra a penetração de cloretos em estruturas
novas: a) pintura das armaduras com resina epóxida; b) betão com aditivos inibidores; c)
revestimento cimentoso de baixa permeabilidade; d) betão de baixa permeabilidade; e) selante
/ pintura / membrana superficial
Uma abordagem correcta e directa passa pela remoção do betão contaminado com cloretos,
seguida da aplicação de betões ou argamassas de reparação com baixa permeabilidade (Figura
61a). Devem ser usados em conjunção métodos de pintura, membranas e protecção das
armaduras de reforço (Figura 61b) de forma a garantir uma protecção adicional. A aplicação
de selantes de penetração superficial (sem - Figuras. 61c e 61d - ou com remoção do betão
contaminado - Figura 61e) tem vindo a tornar-se na técnica mais usada para minimizar a
penetração de cloretos no betão.
Os selantes devem permitir um fluxo livre do vapor de água, do interior para o exterior do
betão, afim de garantir a boa aderência e durabilidade do sistema. Uma das formas de
minimizar a acção dos cloretos é controlar a humidade do betão ou argamassa.
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a) b) c) d) e)
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a) b) c)
a) b) c)
Betões com frentes de carbonatação muito elevadas e eventualmente fendilhados podem ser
protegidos pela aplicação de barreiras de superfície (Figuras 64c, 64d e 64e). Estas barreiras,
para além da baixa permeabilidade à água, permitem efectuar um processo de realcalinização
do betão fazendo regredir a frente de carbonatação. Os sistemas de protecção podem ser:
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Existe ainda uma técnica designada de realcalinização forçada (Figura 64f), que consiste na
aplicação de uma pasta alcalina na superfície do betão que contém no seu interior uma grelha
que é ligada electricamente às armaduras. Através de uma corrente forçada, a pasta impregna-
se no betão, num processo que pode durar de dias a semanas.
a) b) c) d) e) f)
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de ar, sobre o qual pode ainda ser aplicada uma barreira de superfície (Figura 66b).
a) b) c)
a) b)
Uma situação corrente de repatologia é a que ocorre quando, numa parede reparada contra o
ciclo gelo-degelo, a camada de reparação não atinge a isotérmica dos 0 ºC permitindo, devido
à passagem de vapor de água através da superfície não reparada, que a água volte a congelar
nos poros expulsando a camada de reparação. Nesses casos, existem três estratégias possíveis:
instalação de drenos a toda a espessura da parede (Figura 67a); aplicação de uma barreira
estanque à água e ao vapor de água na face não reparada (Figura 67b); reparação para lá da
isotérmica de congelamento (Figura 67c).
Para além das pinturas ou impregnações de superfície (Figura 68), outras técnicas podem ser
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a) b) c)
Fig. 67 [1] - Diversas estratégias de protecção contra repatologia em paredes devidas ao ciclo
gelo-degelo: a) drenos; b) barreira na superfície não exposta; c) aprofundamento da reparação
Fig. 68 [23] - Diversos exemplos de estratégias de protecção contra a entrada de água nas
estruturas através de pinturas / membranas superficiais
Existe ainda a possibilidade de, detectado um caminho de entrada da água, direccionar a água
que por aí passa para o sistema de drenagem (Figura 69e). Estes tratamentos acessórios
revelam-se importantes já que as fissuras são fragilidades da estrutura que facilitam a entrada
de água e dos agentes agressivos em geral.
Os métodos ou técnicas disponíveis para protecção do betão podem dividir-se nos seis
seguintes tipos:
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a) b) c) d) e)
Fig. 69 [23] - Diversas estratégias de protecção contra a entrada de água nas estruturas: a)
grouting; b), c) e d) selagem com mástiques; e) redireccionamento do fluxo
a) b) c)
Fig. 70 [23] - Técnicas de protecção do betão: a) impregnação; b) pintura; c) revestimento
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a) b) c)
Fig. 71 [23] - Técnicas de protecção do betão: a) membrana; b) selagem de junta; c) grouting
a) b) c)
Nos cuidados a ter num trabalho de protecção superficial, que são os mais usuais, pode-se
resumidamente indicar os procedimentos gerais a efectuar numa obra no que se refere ao
controlo de qualidade da execução. Pode-se identificar duas fases distintas: a preparação de
superfície e aplicação da protecção.
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• foscagem por jacto abrasivo para remoção de camadas de tinta não aderente ou em
mau estado e pontos de corrosão;
• desengorduramento com solventes ou emulsionantes;
• lavagem a jacto de água a alta pressão.
Após a preparação das superfícies, estas devem ser protegidas com um primário, seguindo-se
a aplicação das demãos seguintes consoante o indicado nas fichas técnicas dos produtos. A
inspecção dos procedimentos pode-se dividir em três fases respectivamente antes, durante e
depois da execução dos trabalhos.
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a) b) c)
d) e) f)
• aferição da espessura - são utilizadas placas de aferição para ensaios por zonas a
pintar;
• recepção dos materiais em obra em relação a: formação de pele à superfície; tendência
para a formação de depósito e possibilidade de serem mexidos facilmente; cor
(amostragem por catálogo RAL ou NCS);
• verificação do estado da superfície em relação a: conformidade com as condições
especificadas; limpeza, existência de gorduras, humidade, etc.; verificação das
condições atmosféricas; verificação visual das embalagens de tinta por controlo de
embalagem; verificação visual durante a preparação da tinta em termos de
homogeneização, diluição, cor, viscosidade, etc..
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• verificação visual dos aspectos da camada de tinta aplicada (uniformidade, cor, poder
de cobertura, escorridos, etc.);
• verificação da espessura de camada aplicação por método não destrutivo, por aparelho
magnético ou electromagnético, devendo seguir o seguinte critério:
• controlo de tempo entre demãos, isto é, intervalo de tempo entre o final da aplicação
de uma camada e a seguinte;
• ensaios de aderência à película seca, segundo normas em vigor para tintas e
revestimento;
• ensaios laboratoriais, sempre que exigido, para testar as características dos sistemas
aplicados.
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Assim, define-se como técnica de reparação (em oposição a técnica de reforço) uma técnica
cuja intenção é repor e não aumentar a capacidade resistente inicial. Em termos práticos,
muitas das técnicas e a própria tecnologia são comuns entre a reparação e o reforço. Por outro
lado, em face do estado actual do conhecimento, os coeficientes de segurança relativos aos
materiais e às acções nos trabalhos de reabilitação são bastante gravosos, o que conduz a que
por vezes se reforce, quando apenas se pretendia reparar. Esta margem de segurança adicional
da realidade em relação à teoria é em geral ignorada.
Este capítulo inicia-se com uma descrição sumária dos vários tipos de materiais utilizados nos
trabalhos de reabilitação de estruturas de betão armado e pré-esforçado, suas vantagens e
desvantagens e os cuidados necessários na sua aplicação.
Passa-se depois à descrição das várias técnicas de reparação de acordo com a definição
apresentada acima. Só são descritas as que respeitam a estruturas cujo esqueleto estrutural
original era já constituído por betão armado ou pré-esforçado. São portanto excluídas soluções
de reabilitação em estruturas de alvenaria, madeira ou metálicas ainda que essa reabilitação
pudesse ser conseguida à custa de betão armado.
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Por estas razões, achou-se conveniente fazer uma referência a todos estes materiais antes de se
descrever as diversas técnicas. Pode-se dizer que são as seguintes as principais características
a exigir destes materiais [12] [13] [26]:
ser mais duráveis (tanto aos agentes atmosféricos - água da chuva, gelo-degelo, raios
ultravioleta, chuva ácida - como às agressões físicas - abrasão, impacto - e químicas -
sulfatos, ácidos, cloretos, carbonatação) que o material existente;
ter rigidez e propriedades térmicas semelhantes às do material original;
proteger a armadura existente e/ou a nova (se possível, não só fazendo aumentar a
alcalinidade do revestimento como também constituindo-se em barreira à penetração dos
agentes agressivos);
ser estável do ponto de vista dimensional (retracção mínima);
garantir uma excelente aderência ao material existente assim como entre o aço e o betão;
ganhar resistência apreciável num curto espaço de tempo (o factor tempo é mais
condicionante neste tipo de trabalho que na construção inicial) e ter trabalhabilidade
adequada (suficiente para se moldar mas não demasiada para não escorrer).
O betão de cimento portland normal, quando utilizado em trabalhos de reabilitação, tem como
principal inconveniente a instabilidade volumétrica devida à retracção. De facto, estando a
retracção praticamente estabilizada no betão existente, é muito difícil conseguir um bom
contacto entre este e o novo betão (aumento de tensões de tracção na superfície de contacto
com a consequente diminuição da adesão e eventual separação e fendilhação).
Tem, no entanto, algumas vantagens como sejam o conhecimento que dele se tem, o seu baixo
custo e o facto de se integrar bem com o material existente.
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retirar todo o betão deteriorado, solto (identificar delaminações não visíveis através de
pancadas de martelo - passo 1 na Figura 75) ou desintegrado através de um escopo,
cavilhas mecânicas, um martelo pneumático, manual ou associado a uma giratória, ou por
hidrodemolição (Figura 76);
formar mais irregularidades de forma a obter uma superfície rugosa (partindo localmente
o betão) e deixar a descoberto a armadura existente - passo 2 na Figura 75;
criar juntas de betonagem bem vincadas - passo 3 na Figura 75;
retirar gorduras do betão e ferrugem do aço - passo 4 na Figura 75;
retirar a poeira por lavagem com água sob pressão - passo 5 da Figura 75;
saturar a superfície de contacto do betão existente durante pelo menos 6 horas antes da
colocação do novo betão; no entanto, na altura da betonagem não pode haver depósitos de
água no betão existente;
conseguir uma trabalhabilidade adequada do novo betão até este ficar fluido e despejá-lo /
pressioná-lo a partir de uma das extremidades da cofragem para evitar o aprisionamento
de ar - passo 6 da Figura 75;
se necessário e possível, compactar o novo betão por apiloamento, vibração ou outro
meio adequado;
curar todas as superfícies expostas por molhagem ou cobrindo-as com serapilheiras
molhadas durante o tempo necessário (pelo menos 10 dias).
Para além das medidas acima referidas, deve-se utilizar betões de melhor qualidade (valor
característico da tensão de rotura por compressão pelo menos superior em 5 MPa ao do betão
existente [13]) para conseguir melhores características de aderência e controlo de retracção.
Deve-se também reduzir substancialmente a relação água / cimento ainda que para tal seja
necessário recorrer a adjuvantes super-plastificantes (por forma a obter um betão com um
slump de pelo menos 200 mm [3] mas que ao mesmo tempo não segregue).
Uma das formas de evitar os efeitos negativos da retracção é a utilização de argamassas secas
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(dry pack mortar na literatura anglo-saxónica). São constituídas por uma parte de cimento
portland normal e três de areia fina. A relação água / cimento está entre 0.33 e 0.4 [27]. Têm a
vantagem adicional de se poder dispensar a cofragem mesmo em superfícies verticais. O
maior inconveniente deste material é a dificuldade que existe em conseguir uma boa
compactação e um bom contacto com o betão existente (Figura 77).
Passo 5
Passo 4
Passo 6
Fig. 76 [22] - Processos de remoção de betão: da esquerda para a direita, cavilhas mecânicas,
martelo pneumático manual e associado a uma giratória e hidrodemolidora
Uma modalidade útil em danos de difícil acesso ou onde existe uma grande concentração de
armaduras é o betão de agregados pré-colocados (grouted preplaced aggregates) [27]. A
técnica consiste em bombear argamassa para o espaço deixado pelos agregados grossos
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Fig. 77 [26] - Reparação usando uma argamassa seca (A), uma argamassa fluida (B) e uma
argamassa não retráctil (C)
Também para situações em que é difícil a penetração do betão no interior das peças a reparar /
reforçar, o betão auto-compactável (BAC) oferece bastantes potencialidades. É conseguido
através de um estudo minucioso dos constituintes da composição, limitando o volume de
agregados, utilizando uma relação água / material fino baixa e empregando superplastifican-
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tes, obtendo-se assim uma mistura rica em ligante e com maior teor em argamassa.
No âmbito dos betões de alta resistência, surgiu muito recentemente o chamado betão de pó
reactivo (RPC - Reactive Powder Concrete), com características mecânicas semelhantes às do
aço estrutural (resistência à compressão entre 200 e 400 MPa - Figura 79). Os métodos de
preparação e composição deste betão diferem bastante dos normalmente utilizados nos betões
correntes e mesmo nos de elevado desempenho. Referem-se as seguintes diferenças [35]:
Apresenta muitas outras vantagens em relação aos betões correntes [35]: elevada resistência
aos ciclos gelo - degelo, à carbonatação, à abrasão, à corrosão, aos produtos químicos e à
exposição à humidade; menor peso próprio para a mesma resistência; possibilidade de
dispensar armadura transversal e suplementar. No entanto, é um material excepcionalmente
oneroso que, nesta fase, não é uma alternativa viável aos restantes, não obstante as suas
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Fig. 79 [36] - Comparação das curvas tensão - extensão entre o betão normal (BN), o betão de
elevado desempenho (BED) e o betão de pó reactivo (BPR)
Foi também já utilizado betão feito com cimento com um alto teor em gesso. Não parece no
entanto haver qualquer vantagem deste em relação ao portland normal. Um outro betão
utilizado é o de rápido endurecimento que deve ser betonado e curado num ambiente seco.
Finalmente, os betões leves (feitos com agregados leves, tais como a argila expandida, a
esferovite ou o aglomerado de cortiça) podem ter vantagem no reforço de elementos
laminares (sobretudo lajes) com camadas suplementares de betão.
No Quadro 12, apresenta-se as principais características do betão feito com este tipo de cimento.
Quadro 12 [13] - Características mecânicas dos betões feitos com cimentos portland normal
CARACTERÍSTICA BETÃO CONVENCIONAL
Resistência à compressão fcc
Resistência à tracção fct ≈ 0.453√fcc2
Resistência à tracção por flexão fctflexão ≈ 0.80 3√fcc2
Módulo de elasticidade estático Cargas instantâneas: E ≈ 21000 √fcc
Cargas permanentes:
- clima húmido E ≈ 8000 √fcc
- clima seco E ≈ 14000 √fcc
Coeficiente de dilatação térmica ≈ 1.0 x 10-5 oC-1
Retracção ao fim de um ano (condições normais) ≈ 25 x 10-5
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Estes betões são conseguidos com cimentos expansivos em vez dos normais, obtendo-se
assim um aumento de volume considerável que se pretende que compense a retracção da
amassadura (betão não retráctil) ou lhe seja mesmo superior (betão expansivo) (Figura 80).
São conseguidos por substituição de parte do cimento normal por determinados polímeros (lá-
tex) que são utilizados como modificadores do cimento ou por substituição de parte ou de to-
da a água de amassadura por polímeros. Estes são em geral aplicados como difusões em água.
A técnica de impregnação dos polímeros inclui as seguintes fases [13]: secagem (a cerca de
140 ºC por 8 horas), arrefecimento (até aos 20 a 30 ºC), impregnação dos monómeros
(durante 5 horas) e aquecimento para polimerização (a cerca de 80 ºC durante 1 a 3 horas).
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Vantagens e desvantagens
• quando sujeitos a altas temperaturas, estes betões perdem pelo menos todas as suas
propriedades adicionais;
• a alcalinidade e a consequente resistência à carbonatação são muito inferiores às dos
cimentos normais, pelo que é conveniente assegurar uma protecção adequada à
corrosão das armaduras através de um revestimento na superfície exterior;
• são extremamente onerosos.
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São conseguidos por substituição do cimento por um sistema de duas componentes: uma resi-
na líquida (epóxida, poliéster, poliuretano, acrílico, etc.) que reage com a segunda componen-
te chamada endurecedor. Os agregados são geralmente constituídos por areias siliciosas.
A formulação pode ser estudada para que a argamassa apresente tixotropia (grau de fluidez
quando em movimento e elevada viscosidade quando em repouso) para facilitar a aplicação
em superfícies verticais ou tectos sem escorrer ou que, pelo contrário, apresente propriedades
autonivelantes para facilitar a aplicação em pavimentos.
Cuidados na aplicação
Na utilização deste tipo de betões, deve-se ter em consideração os seguintes pontos [13]:
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Este tipo de betão é designado na literatura anglo-saxónica por gunite, shotcrete ou pneumati-
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cally applied concrete e, apesar de na sua essência não passar de um betão normal com poso-
logia controlada (máxima dimensão dos agregados < 10 a 20 mm), tem tido uma cada vez
mais alargada aplicação em trabalhos de reparação e reforço em estruturas de betão armado.
Existem fundamentalmente dois sistemas de gunitagem designados por via seca e via húmida
consoante o estágio em que é adicionada a água à mistura de cimento / agregados.
Nestes sistemas, os agregados devem ter um teor de humidade entre os 4 e os 8% para que o
funcionamento do equipamento seja o ideal [12]. Para maiores teores de humidade, pode-se
ter problemas de entupimento da mangueira e de hidratações prévias e indesejáveis. Não se
deve utilizar demasiada água na boca da mangueira para evitar que o betão escorra nem água
de menos para permitir que o betão adira à superfície sobre a qual é projectado.
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Fig. 81 [12] [28] - Princípio de funcionamento do equipamento de gunitagem por via seca
O normal é utilizar relações água / cimento de 0.35 a 0.50 [12] ainda que equipas muito
experientes consigam trabalhar com relações da ordem dos 0.28. A relação água / agregados
média é de cerca de 17% o que equivale aproximadamente a 250 l/m3 na boca da mangueira.
A dosagem normal de cimento varia entre 300 e 375 kg/m3 embora possa ser superior [12].
Nos sistemas por via húmida, a argamassa já hidratada e misturada é bombeada até ao seu
local de aplicação. Aí, um sopro de ar comprimido difunde a argamassa e impele-a para a
superfície do substrato (Figura 82).
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Para além disso, há uma tendência do betão para formar “barrigas” que resultam em vazios na
face interior dos varões horizontais com a consequente diminuição de aderência. Por outro
lado, é um trabalho que exige mão-de-obra menos especializada ainda que possa ser mais caro.
Para além das já referidas, os sistemas por via seca têm as seguintes vantagens [12]:
Para além das já referidas, os sistemas por via húmida têm as seguintes vantagens [12]:
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Fig. 84 [12] - Utilização de uma armadura de pele na reparação de um canal por projecção de
betão (à esquerda) e textura superficial de um betão projectado (à direita)
5.2.2.3.Vantagens e desvantagens
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A principal desvantagem é:
• o elevado grau de ricochete dos agregados grossos na superfície a betonar com vários
efeitos: alterar a granulometria do betão aumentando-lhe a percentagem de finos (dimi-
nuição de resistência e aumento da retracção); provocar eventuais estragos quer no be-
tão existente quer no novo; criar desperdício de material; por isso, é habitual adicionar
na mistura uma percentagem extra de agregados grossos correspondente à percenta-
gem prevista de perdas por ricochete (a relação agregados / cimento baixa devido a este
fenómeno de entre 2 e 4 para entre 2 e 3.5 [2]); outro efeito possível ocorre quando se
faz a gunitagem em cantos devido à formação de remoinhos no fluxo de ar que fazem
com que se formem bolsas de areia; o mesmo efeito pode ocorrer atrás dos varões da
onde a combinação do efeito de parede do varão e dos remoinhos faz com que se
formem bolsas de areia ou vazios; por isso, quando se executa a gunitagem atrás de
varões de armadura, deve existir um espaçamento mínimo entre os varões de 60 a 75
mm e também um espaço livre atrás dos varões de pelo menos 35 a 50 mm [2]; este
intervalo pode ser reduzido a 12 mm quando se trate de uma rede electrossoldada.
Para se conseguir economia, o ricochete deve ser mínimo. A quantidade deste depende de
uma série de factores: eficácia da hidratação da mistura que sai da boca da mangueira, relação
água / cimento, conteúdo em areia e brita, granulometria dos agregados, velocidade de
projecção, caudal de projecção, ângulo (Figura 85) e distância do impacto, espessura da
camada a aplicar e, principalmente, perícia do operador.
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• não se conseguir bons acabamentos sendo difícil betonar determinados troços (Figura
87); daí que a qualidade e a eficácia da gunitagem sejam condicionadas pela destreza
do operador pelo que se exige pessoal altamente qualificado e experiente;
• dificuldade de aplicação em locais estreitos ou pequenos devido ao incómodo no
manejo da mangueira;
• os custos de transporte, amortização do material e utilização de pessoal especializado;
• relativa baixa velocidade de colocação em obra pelo que a gunitagem não é
recomendada para grandes secções (outra razão é o excessivo conteúdo em cimento
que faz aumentar a retracção).
Uma modalidade recente é o betão projectado reforçado com fibras de aço. É conseguido
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utilizando cimento (com um conteúdo cerca de 20% superior ao utilizado em betão normal),
agregados de pequeno diâmetro (5 a 10 mm) e uma quantidade limitada de fibras de aço (em
geral, de peso total inferior a 5% do peso do betão fresco, 1% do volume total ou ainda 80
kg/m3) de comprimento não superior a 50 mm e diâmetros entre 0.3 e 0.5 mm [12].
A sua principal vantagem é, no entanto, a sua baixa retracção. De facto, as fibras actuam
como inclusões rígidas que, armando o betão em todas as direcções, impedem que este se
fissure e se, por qualquer circunstância, a fissuração chega a ocorrer, fica completamente
controlada pela existência das fibras que actuam como agrafos entre os bordos de cada fenda.
Para evitar a corrosão das fibras situadas na ou perto da superfície exterior, a última camada
do betão projectado (pelo menos 20 mm) não deve conter fibras de aço ou, em alternativa,
estas devem ser galvanizadas.
Quadro 15 [12] - Características mecânicas de betões feitos com cimento portland e com
adição de fibras de aço
CARACTERÍSTICAS BETÃO CONVENCIONAL BETÃO COM FIBRAS DE AÇO
Resistência à compressão [MPa] 23.7 31.1
Resistência à tracção [MPa] 1.88 4.53
Resistência à tracção por flexão [MPa] 3.8 9.3
Resistência ao impacto [MPa] 200 1560
Resistência à fadiga [ciclos] 17200 > 1000000
5.2.2.5. GRC
O betão projectado reforçado com fibras de vidro (GRC) resistentes aos álcalis e dispersas na
sua matriz apresenta diversas vantagens relativamente ao betão convencional [35]:
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Existem dois processos alternativos de fabrico do GRC. No GRC projectado (Figura 88, à
esquerda), a argamassa (cimento, areia, água e adjuvantes) é produzida separadamente das fi-
bras (cerca de 5% do total, em termos de peso), sendo estas misturadas apenas à saída da pis-
tola de projecção (manual ou automática). Os cordões de fibra de vidro são cortados pela pró-
pria pistola com o tamanho requerido (entre 25 e 40 mm) através de um sistema de tambor ro-
tativo provido de lâminas. O sistema impele os cordões já cortados para o interior do jacto de
argamassa, garantindo assim que as fibras se encontram homogeneamente dispersas. O GRC é
posteriormente compactado com um rolo cilíndrico, o que assegura a sua adaptação ao molde,
a impregnação das fibras na argamassa, a remoção do ar preso na mistura e o desenvolvimen-
to da densidade adequada. A superfície pode posteriormente ser alisada com espátula. O
controlo da espessura é feito através da inserção de uma agulha de comprimento determinado.
No método alternativo, designado de GRC premix (Figura 88, à direita), é feita uma pré-
mistura da argamassa e da fibra cortada (cerca de 3.5% a 4% do total, em termos de peso, com
comprimento máximo de 25 mm), em duas fases preferencialmente realizadas no mesmo
recipiente: na primeira, é produzida uma pasta com a trabalhabilidade necessária e que
permita a incorporação uniforme das fibras; na segunda fase, é feita a dispersão das fibras na
pasta. O GRC é posteriormente injectado através de uma mangueira ligada a uma bomba.
Com aspectos semelhantes aos do GRC, existe o betão reforçado com fibras de carbono.
No Quadro 16, apresentam-se as proporções para fabrico de betão projectado com e sem
fibras de aço.
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Quadro 16 [13] - Proporções para fabrico de betão projectado com e sem fibras de aço
CARACTERÍSTICAS BETÃO PROJECTADO BETÃO PROJECTADO E ARMADO
cimento [kg/m3] 450 500
relação água / cimento 0.4 a 0.5 0.4 a 0.6
relação areia / agregados 100% / 0% (ømáx = 5 mm) 50 a 100% / 50 a 0% (ømáx = 10 mm)
relação fibras / cimento ------------ 5%
5.2.3. Resinas
As resinas são constituídas por um sistema de duas componentes: uma resina líquida
(epóxida, poliéster, poliuretano, acrílico, etc.) que reage com a segunda componente chamada
endurecedor (fenol, álcool, amina, amida, ácido carbóxilo, etc.).
Não se pode falar “da” resina de construção, já que existe uma grande variedade de produtos
cujas propriedades dependem do tipo dos componentes e das suas estruturas químicas, das
proporções da mistura, da quantidade e tipo do enchimento ou areia eventualmente
adicionados, etc.. O termo “epóxida” que lhes é geralmente associado tem a ver com uma
reacção química de ligação de um anel de óxido de etileno com um material reagente [32].
As características que se pretende que uma resina usada na construção tenha são
essencialmente as seguintes [12] [13] [29]:
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Fig. 89 [12] - Ensaio ao deslizamento da união entre o aço e o betão por colagem com resina
epóxida
Devido a estas características, as resinas são o material mais empregue nos trabalhos de
reabilitação de estruturas de betão armado ainda que nem sempre o mais económico.
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A maioria das resinas epóxidas não adere a superfícies húmidas ou molhadas ainda que tenha
um comportamento satisfatório num ambiente seco. Em geral, todas têm uma aderência muito
satisfatória quando aplicadas nas condições ideais dando-se a rotura sempre por tracção no
betão de menor resistência (Figura 90).
Fig. 90 [12] - Rotura por flexão de uma viga com a junta de betonagem realizada com resinas
epóxida: a rotura deu-se fora da secção colada
A maioria das resinas está sujeita a fluência que parece aumentar com a temperatura. Como
na maioria das aplicações deste material em reparações e reforços apenas parte da sua
resistência potencial é utilizada, a fluência tem uma importância limitada. No entanto, não se
deve utilizar tensões de carácter permanente na resina superiores a cerca de 15% da sua tensão
de rotura [27].
A pot life das resinas varia entre 5 e 30 minutos e diminui com a temperatura. Como a reacção
é quase sempre exotérmica, a quantidade de material misturado de cada vez afecta considera-
velmente a pot life. Devido à pequena duração desta, as componentes do sistema só devem ser
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misturadas mesmo antes da sua aplicação. O tempo necessário para adquirir resistência varia
entre 0.5 e 10 horas atingindo-se a máxima resistência por volta dos 7 dias [26] (Figura 91).
São de seguida referidos alguns cuidados a tomar na aplicação das resinas em geral. Referir-
se-á depois algumas normas de utilização em casos específicos de intervenção em estruturas
de betão armado.
Nem todas as resinas toleram bem variações acentuadas em relação às proporções de mistura
correctas, pelo que em alguns casos é necessário um certo rigor nesse aspecto para evitar
problemas graves a médio prazo. É necessária uma mistura apropriada e completa dos
componentes do sistema para que a resina se comporte nas melhores condições.
A superfície sobre a qual a resina é espalhada deve estar livre de poeiras, gorduras, leitada de
cimento ou substâncias contaminantes. Quando essa superfície é em betão, o melhor método
de preparação é por picagem ou por jacto de areia. Um outro método é a cauterização com
uma solução ácida. Quando este último método é utilizado, é indispensável que todos os
vestígios de ácido sejam eliminados antes da aplicação do betão, por exemplo, através de
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jacto de água. Como a superfície de colagem fica molhada, a resina deve ter aderência
compatível com essa mesma humidade. As manchas de tinta e os materiais betuminosos são
melhor removidos através de um tratamento a chama.
A quantidade total de calor gerada por uma resina depende da sua formulação, da quantidade
da massa de resina em causa e das temperaturas quer do ambiente quer da superfície do betão
existente. Por isso, é importante seleccionar uma formulação que tenha propriedades térmicas
compatíveis com os diversos factores previstos em cada caso individual. Por exemplo, quando
são necessárias grandes quantidades de material e especialmente quando a temperatura das
superfícies de betão existente é alta, deve ser escolhida uma resina de fraco calor de reacção.
Se a camada é muito fina e o clima é frio, pode-se utilizar resinas mais exotérmicas. Muitos
resultados insatisfatórios devem-se à ebulição da resina causada por calor excessivo [27].
Quando são necessárias grandes quantidades de resina, é frequente a mistura de areia ou brita
fina na resina. Com esta medida, não só se reduz a quantidade de calor desenvolvido na
reacção da resina como também se aumenta a capacidade total de absorção de meio. Em
alguns casos, a superfície de colagem, os agregados ou ambos são arrefecidos artificialmente
para aumentar a sua capacidade total de absorção de calor. Em casos extremos, são colocadas
tubagens de pequeno diâmetro no interior da massa de resina nas quais se faz fluir ar
comprimido ou um líquido arrefecido durante o período exotérmico.
Quando a superfície do betão existente está húmida, é necessário tomar cuidados especiais
para evitar que eventual condensação provocada pelo calor da reacção fique aprisionada no
interior da resina.
As componentes da resina são substâncias altamente tóxicas e podem dar origem a problemas
graves de saúde, em particular a pessoas alérgicas.
É necessário um controlo muito rigoroso da pot life da resina utilizada. Esta diminui com a
temperatura e depende da humidade. A partir do momento em que a resina endureça, é inútil
tentar que lhe adira qualquer material pois adquire uma consistência vítrea ausente de
qualquer atrito ou aderência. Por outro lado, é necessário um dissolvente especial para evitar
que nos instrumentos se acumule resina epóxida endurecida.
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As resinas não são eternas. Comportam-se de uma forma semelhante a camadas de protecção
e deterioram-se rapidamente com o tempo se não forem utilizados materiais de alta qualidade
e se não for pensada uma protecção mecânica adequada.
Uma das principais aplicações das resinas é nas injecções e impregnações. As técnicas mais
comuns são: injecção a baixa pressão (até 1 MPa), injecção a alta pressão (até 10 MPa) e
injecção a vácuo [13]. Para cada técnica, deve-se utilizar a resina que melhor se lhe adapta.
Para fendas até 0.1 a 0.2 mm, pode-se utilizar resina pura. Para fendas mais largas, é
recomendável a adição de agregados de enchimento para diminuir os problemas relacionados
com a retracção, a fluência e o calor de reacção. Pode-se utilizar pó de vidro ou de quartzo
para fendas até 1.0 a 1.5 mm e areia em fendas até 4.0 a 6.0 mm. A máxima dimensão dos
agregados deve ser inferior a 60% da mínima largura da fenda e nunca mais de 1.0 mm em
qualquer caso quando se utiliza relações agregados / resina perto da unidade [13].
Deve ter-se o cuidado de misturar apenas a quantidade de resina que pode ser usada antes de
se iniciar a polimerização. Quando a resina começa a polimerizar, a sua viscosidade modifica-
se e a injecção sob pressão torna-se cada vez mais difícil.
Deve-se ter o cuidado de injectar a resina de tal forma que a pressão nunca exceda a
resistência da selagem superficial nem atinja valores que possam danificar a estrutura.
Recorde-se que todos os elementos reparados por injecção ou impregnação de resinas devem
ser protegidos contra variações de temperatura e principalmente contra a acção do fogo.
Deve ser mencionado também que as injecções com resinas não podem ser consideradas
como uma medida de reparação eficaz nos casos de degradação da aderência (fendas largas e
deslizamentos entre faces da mesma peça), insuficiente secção das armaduras e/ou má
pormenorização das mesmas.
No Quadro 17, dão-se as características mecânicas de uma resina de injecção tipo epóxida
assim como de várias argamassas feitas com a mesma resina e diferentes relações formulação
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/ agregados.
Quadro 17 [12] - Características mecânicas de uma resina de injecção tipo epóxida assim como
de várias argamassas feitas com a mesma resina e diferentes relações formulação / agregados
ARGAMASSAS EPÓXIDAS
CARACTERÍSTICAS RESINA (relação formulação / agregados)
1:1 1:4 1:5
Resistência à compressão [MPa] 80 a 120 80 a 100 80 a 95 60 a 90
Resistência à tracção [MPa] 40 a 55 25 a 35 20 a 30 15 a 30
Resistência à tracção por flexão [MPa] 80 a 120 45 a 80 40 a 70 35 a 70
Módulo de elasticidade dinâmico [GPa] 2a3 16 a 18 17 a 20 18 a 25
Pot life para 2 kg a 20oC [min] 30 60 60 60
Para se conseguir uma aderência perfeita entre a resina e o betão, assim como entre a resina e
o aço, é necessário preparar convenientemente as superfícies de contacto e controlar as
condições climatéricas durante a fase da colagem. Em relação à superfície do betão, deve-se
retirar todas as partículas soltas ou pouco firmes e a leitada do betão endurecido (assim como
eventuais gorduras e óleos) através de jacto de areia, martelos pneumáticos ou escovas
metálicas. Deve-se evitar macro-irregularidades e limpar toda a poeira com jacto de ar ou
água. As chapas de aço devem ser mergulhadas durante um breve período de tempo em
soluções ácidas (para remoção de incrustações e ferrugem) após o que é aplicado
triclorouretano [12], um agente de limpeza que dissolve gorduras e óleos. Este tratamento
pode ser precedido de uma aplicação de jacto de ar nas superfícies das chapas. Se as chapas
não forem galvanizadas, devem ser pintadas com primário para proteger a superfície de
colagem contra a corrosão [12]. É necessário garantir que o tratamento anti-corrosivo não
prejudica a boa aderência das chapas à resina.
A espessura da camada de resina não deve ultrapassar 1.5 mm e a das chapas de aço 3.0 mm.
Se forem utilizados sistemas de ancoragem especiais, esta última espessura pode ser maior
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Deve-se evitar a todo o custo a formação de bolhas de ar entra a chapa e o betão. As chapas a
colar devem ser firmemente apertadas contra os elementos de betão, utilizando tornos que
lhes confiram uma pressão uniforme mas não excessiva durante pelo menos 24 horas
(dependendo do tipo de resina e da temperatura ambiente).
Toda a parte reforçada do elemento estrutural deve ser protegida contra as variações de
temperatura e principalmente contra a acção do fogo. Para isso, pode-se utilizar uma
argamassa rica em cimento com uma rede de capoeira incorporada ou placas de estafe.
No Quadro 18, dão-se algumas das características principais das argamassas epóxidas para
utilização na colagem de aço a betão.
Quadro 18 [12] - Características de uma argamassa epóxida tipo para utilização na colagem
de aço a betão
CARACTERÍSTICAS ARGAMASSA EPÓXIDA
Resistência à compressão [MPa] 100 a 120
Resistência à tracção por flexão [MPa] 40 a 45
Módulo dinâmico de elasticidade [GPa] 17 a 22
Módulo dinâmico de elasticidade transversal [GPa] 7 a 8.5
Coeficiente de Poisson 0.27
Coeficiente de dilatação térmica [ºC-1] (2.5 a 2.7) x 10-5
As resinas têm ainda outras aplicações como na ligação de betões de idades diferentes, na
protecção anti-corrosiva das armaduras, na selagem de fendas antes da sua injecção, na
impermeabilização e protecção física à entrada de substâncias agressivas em elementos de
betão armado em meios ambientes muito agressivos (Figura 92), na formação de anti-
derrapantes, na constituição de primários, na reparação de juntas de retracção, etc..
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Sempre que for de prever a necessidade de soldar os novos varões, é preferível utilizar aços
laminados a quente que aços endurecidos a frio. Isto deve-se, por um lado, à maior facilidade
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A soldadura eléctrica é o método mais corrente ainda que não seja o único. A intensidade da
corrente deve ser reduzida ao mínimo para diminuir a temperatura produzida em particular
nos aços endurecidos a frio pelo perigo de recristalização acima referido.
As armaduras adicionais podem também ser ligadas às pré-existentes por empalme se houver
comprimento de amarração suficiente para tal (pelo menos 1.5 vezes o comprimento de
amarração regulamentar em situações correntes [13]) complementado por arames enrolados
em hélice em volta de ambos os varões a amarrar. Um outro sistema muito eficaz mas
extremamente caro é a utilização de mangas metálicas nas quais se introduzem em cada
extremidade os varões a amarrar e que são depois esmagadas com os varões no seu interior.
Existem também mangas metálicas roscadas.
São várias as utilizações deste tipo de aço em soluções de reparação e reforço: chapas coladas
na direcção longitudinal, chapas transversais à peça coladas ou soldadas, perfis metálicos nos
cantos de peças existentes ou sob estas servindo-lhes de suporte, etc..
Pouco há a acrescentar ao que já foi dito atrás sobre a forma de colar chapas metálicas. Deve
ser mencionado que, quando se utiliza cantoneiras metálicas nos cantos de peças existentes,
estas devem ser assentes numa camada de argamassa de cimento não retráctil para se
conseguir um bom contacto [12].
Todas as superfícies metálicas devem ser protegidas contra a corrosão e o fogo. Há várias
técnicas para o fazer [30]:
• por encamisamento com betão colocado in-situ ou projectado armado com armaduras
longitudinais e transversais em varão ou com uma armadura de pele mínima (malha
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electrossoldada);
• por execução de uma camada fina de betão projectado ou de argamassa de cimento
incorporando uma rede de galinheiro;
• por utilização de placas de estafe ou de outro material ignífugo adequamente ancoradas.
Pelo facto de não ser em geral possível a concepção e colocação de armadura transversal na
zona das ancoragens, é necessário um estudo adequado a cada situação para evitar a rotura por
tracção transversal à acção do pré-esforço nessa zona.
Os compósitos à base de Polímeros Reforçados com Fibras (sistemas FRP), podendo ser pré-
fabricados (laminados unidireccionais - Figura 93) e moldados ou curados in-situ (fios,
mantas ou tecidos, podendo ser unidireccionais ou bidireccionais - Figura 94), e sendo
aplicados por meio de colagem externa, são um dos materiais mais recentes utilizados no
reforço de estruturas de betão.
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Fig. 94 [34] - Sistemas de FRP moldados in-situ (da esquerda para a direita, fio, manta e tecido)
As fibras são o elemento estrutural principal dos sistemas FRP, dando-lhe a resistência e a
rigidez necessárias. São fibras contínuas de um dos seguintes materiais [33], com
propriedades marcadamente diferentes (Figura 95):
Fig. 95 [33] - Relações constitutivas dos diversos materiais das fibras de FRP
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• excepcional resistência a todos os tipos de ataque químico, não sendo afectadas pela
corrosão, por serem agregados;
• óptima resistência à fadiga e à actuação de cargas cíclicas;
• leveza (peso específico de 18 kN/m3);
• bom comportamento sob deformações impostas (fluência);
• baixíssimo coeficiente de dilatação;
• rigidez excepcional.
Dos diversos sistemas comerciais credíveis existentes no mercado, a sua selecção deve ser
função das exigências de projecto e do comportamento dos sistemas a curto prazo (tendo em
conta as respectivas propriedades físicas, químicas e mecânicas) e a longo prazo (em termos
de durabilidade - temperatura, humidade e agressividade do meio, história de carga - fluência
e fadiga - e comportamento ao fogo).
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Qualquer acção de reparação deve sempre ser precedida de uma análise da sintomatologia que
obrigou a essa acção de forma a determinar as causas principais da patologia. Antes de gastar
tempo e dinheiro com trabalhos de reparação, é preciso garantir que não se irão repetir as
condições que permitiram o aparecimento dos danos. Para tal, há que tomar acções de carácter
preventivo actuando sobre as causas, eliminando-as ou reduzindo-lhes drasticamente a
intensidade, ou sobre a estrutura e respectivos materiais constituintes, conferindo-lhes
protecções adicionais que lhes permitam enfrentar com maior facilidade e menores estragos as
condições vigentes. Não se tomar esta linha de acção pode traduzir-se num insucesso total
com o ressurgimento dos danos em condições semelhantes pouco após a reparação.
Algumas das técnicas aqui descritas são também aplicadas como complemento às técnicas de
reforço que são referidas no capítulo seguinte.
5.3.1. Fendas
As fendas são a sintomatologia mais corrente em estruturas de betão armado podendo ser
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devidas às causas mais díspares. Nesta rubrica, não são feitas distinções muito acentuadas no
tipo de intervenção em função da causa de patologia. Como se vê mais adiante, o factor
fundamental na definição da forma de actuar é a dimensão e extensão das fendas, assim como
a estabilidade das mesmas.
A técnica mais comum na reparação de fendas é a sua injecção com um material aglutinante
(calda de cimento, resinas - à base de ligantes orgânicos - com epóxido, com poliéster, com
poliuretano, com silicone, com polisulfuretos, butílicas ou acrílicas ou silicatos) sob pressão.
A calda de cimento deve ter uma razoável fluidez para o que se utiliza uma relação água /
cimento da ordem de 0.8 e eventualmente se adiciona bentonite na proporção de 0.2% do peso
do cimento [27]. Se for empregue resina, a sua viscosidade deve ser tanto mais baixa quanto
menores as dimensões das fendas.
Sequência de trabalho
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as superfícies exteriores junto às fendas são limpas de qualquer material não estrutural de
forma a ficar desimpedidas; as fendas são inicialmente seladas para que o material
aglutinante não saia durante a operação de injecção; a selagem deve ser feita em todas as
faces exteriores da peça a reparar quando estas são acessíveis sob pena de não se obter
bons resultados (Figura 96); o material selante pode ser uma resina epóxida tixotrópica,
uma cera de tipo especial ou materiais à base de cimento; são utilizadas fitas isoladoras
para conter o material selante até este enrijecer; estes tipos de selagem são adequados
para fendas relativamente estreitas e em betões com pequenos danos aparentes; em betão
pouco são, realiza-se uma abertura superficial de secção em “V” a todo o comprimento da
fenda (Figura 97) utilizando um martelo pneumático, coroas de diamante ou martelo e
escopo; a abertura do “V” inicia-se a uns 15 mm de cada lado do eixo da fenda e a sua
profundidade é de cerca de 10 mm [12]; uma vez feita a abertura, limpa-se o pó e os
detritos dos bordos do “V”, selando-se a secção por meio de uma formulação epóxida
com um agente tixotrópico;
são feitos furos no material selante sendo-lhes adaptados tubos em aço de 5 a 10 mm ros-
cados numa das pontas para adaptação ao material de injecção (os tubos podem também
ser de latão, alumínio ou plástico); em alternativa, estes furos podem ser previstos à parti-
da antes da colocação do material selante; o espaçamento dos tubos deve ser ligeiramente
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maior que a espessura da peça a reparar (uma vez a uma vez e meia ou, em alternativa,
0.50 m [12]) e, em geral, vão até cerca de 2/3 dessa mesma espessura; o espaçamento dos
furos depende do facto de a injecção ser dada de um lado ou de ambos da peça, da largura
das fendas (menor largura obriga a um menor espaçamento para se conseguir uma pene-
tração completa da resina epóxida em toda a profundidade e largura do elemento) e da sua
profundidade, da viscosidade da resina e da pressão de injecção; se a fenda tiver bifurca-
ções, é conveniente colocar um tubo em cada ponto de bifurcação (Figura 98); se for
possível, deve-se colocar tubos em todas as superfícies exteriores do elemento a reparar;
Alargamento
Selante
Mínimo
6 mm
depois de fixados os tubos e seladas as juntas, se o material aglutinante for uma calda de
cimento, faz-se primeiro uma saturação das fendas com água trabalhando de cima para
baixo; se, pelo contrário, o material aglutinante é uma resina e se as fendas a injectar
estão húmidas ou absorveram água do terreno de fundação por capilaridade, é
conveniente secá-la internamente antes da injecção já que a união da maioria das resinas
epóxidas com o betão húmido é muito duvidosa; para tal, pode-se soprar ar quente pelos
tubos de injecção; antes de proceder à injecção, é conveniente esperar cerca de 24 horas
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se se estiver a realizar consumos excessivos de resina sem que esta saia num tubo
adjacente, deve-se interromper a injecção para determinar a causa possível do consumo
anormal; este pode dever-se à rotura de parte da selagem superficial, à sua inexistência
numa determinada zona ou ao facto de a fenda comunicar com um vazio de grandes
dimensões no interior do betão ou com uma parte da peça que tenha uma grande
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capacidade de dissipação de energia face a acções dinâmicas (Figuras 102, 103 e 104); de
qualquer forma, é sempre conveniente para efeitos de cálculo ter em conta uma redução
de resistência de cerca de 20 a 30% [12] para ter em conta a possibilidade de uma
injecção incompleta ou a penetração de impurezas.
Fig. 102 [31] - Diagrama carga - flecha de uma viga de betão armado injectada com resina
epóxida e distribuição de fendas (rotura por flexão)
Fig. 103 [31] - Diagrama carga - flecha de uma viga de betão armado injectada com resina
epóxida e distribuição de fendas (rotura por esforço transverso)
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Fig.104 [9] - Lei momento / deformada de uma viga fissurada antes e após a reparação por
injecção
A mistura das duas componentes da resina pode ser feita por um processo descontínuo (batch)
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Este último processo apresenta vantagens na medida em que é mais rápido e económico, per-
mitindo utilizar resinas de menor pot life o que é vantajoso em grandes massas. No entanto, os
seus resultados não são muito satisfatórios para fendas muito finas (menos de 0.12 mm) [28].
A injecção de resina epóxida sob pressão pode ser feita pelos seguintes métodos [28]:
Dentro das técnicas de injecção de resinas, a mais recente e também a mais cara é a injecção
por vácuo. Ela tem, no entanto, uma série de vantagens [12]:
permite encher com resinas e de forma simultânea um grande número de fendas situadas
próximas numa determinada zona;
permite encher vazios devidos a deficiente betonagem e zonas porosas superficiais;
não exerce pressão durante o processo de preenchimento das fendas o que, em alguns
betões, pode ser prejudicial.
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A técnica [12] consiste em colocar uma rede de galinheiro sobre a superfície a reparar cobrin-
do toda a zona com uma lâmina de polietileno grosso que fica selada em todo o seu contorno
a fim de haver um espaço em que se possa criar o vácuo (85 a 95%) por meio de bombas. A
extracção do ar arrasta pó e matérias soltas na superfície e inclusivamente a água e humidade
que possa existir nas fendas com o que se assegura uma melhor união com a resina injectada.
Uma vez feito o vácuo, deixa-se penetrar uma resina acrílica ou epóxida sem corantes
especialmente formulada para este fim que entra com grande facilidade em todos os vazios,
fissuras e poros, restabelecendo o monolitismo e selando os vazios. Antes que a resina
endureça, pode aplicar-se uma argamassa de superfície que fica completamente aderente à
capa de resina superficial devido à impregnação por vácuo.
A limpeza interior das fendas é um factor essencial para se conseguir uma boa aderência. Em
fendas relativamente recentes provocadas por sismos, pode-se conseguir esse objectivo apenas
por aplicação de vácuo antes da operação de selagem. Em fendas mais antigas, são
necessários métodos especiais como jacto de água ou dissolventes. Quando o material de
limpeza não é água, é muito importante confirmar a sua compatibilidade com o betão
existente assim como com a resina. A utilização de ácidos tem como principal desvantagem o
facto de os resíduos destes nem sempre serem eliminados por jacto de água. Mesmos resíduos
diminutos podem dar origem a danos graves por corrosão do aço das armaduras. É também
utilizado o ar comprimido com esta função. O principal inconveniente é a possibilidade de se
empurrar as substâncias contaminadoras ainda mais para o interior das fendas. Quando fendas
antigas estão já contaminadas a ponto de impossibilitar uma limpeza apropriada, não se deve
utilizar este tipo de reparação.
Os limites de aplicação das resinas epóxidas em fendas vão desde os 0.10 aos 6.0 mm. [27]
São as seguintes as formulações a empregar em função da largura das fendas [12]:
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As injecções e impregnações não são a única forma de reparação de fendas e nem sequer
serão sempre a mais adequada. As fendas inactivas podem, se forem suficiente mente
estreitas, acabar por se fechar por si só num processo que se denomina de auto-cicatrização.
Esta é devida à carbonatação do óxido e hidróxido de cálcio do cimento pela acção do
anidrido carbónico do ar e da água [12]. Os cristais de carbonato de cálcio formados
encaixam-se entre si dando lugar a forças de aderência mecânica e química entre eles e a
superfície do betão. Durante o tempo que dura a cicatrização (cerca de 90 dias), deve manter-
se a saturação de água na fissura assim como a estabilidade da mesma.
O processo de cicatrização pode ser provocado artificialmente quando a largura de fendas é in-
ferior a 0.2 mm [12]. Para tal, utiliza-se um gás de tetrafluosilicato que se introduz sob pressão
nas fissuras. Este gás reage com a cal libertada na hidratação do cimento da seguinte forma:
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sódio e potássio que penetra por capilaridade ao aplicar-se simplesmente com um pincel sobre
a superfície seca do betão [12]. O líquido introduz-se até ao fundo da fenda reagindo com a
cal livre e dando lugar à formação de fluosilicato de cálcio insolúvel que fecha a fenda de
dentro para fora, restabelecendo em grande parte a resistência à tracção do betão.
Um outro método de fecho de fendas é o de “agrafos” [12] que restitui a resistência à tracção
do betão e permite mesmo reforçá-la ainda que não torne as fendas estanques. Pode ser
complementado com uma selagem prévia que garanta a estanqueidade. O processo consiste na
colocação de agrafos de aço que como que cosem o betão fazendo de pontes entre as duas
partes do betão divididas pela fenda (Figura 106).
É preciso verificar se, ao reforçar uma zona fendilhada através da utilização dos agrafos, não
se estará a deslocar o problema para outra parte da estrutura e, se isto acontecer, é necessário
estudar se é ou não conveniente reforçar também esta nova zona.
Se as faces opostas da secção de betão forem ambas acessíveis, os agrafos devem ser
aplicados de ambos os lados a fim de evitar que trabalhem à flexão por movimentos
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posteriores da peça. Se a fenda reparada estiver activa, os agrafos vão estar submetidos tanto a
tracções como a compressões. Esta última solicitação pode criar problemas devido à esbelteza
dos agrafos concebidos apenas para absorver tracções. Nestes casos, impõe-se um estudo do
comportamento do agrafo e a possível solução do problema através de um recobrimento de
argamassa epóxida ou de betão projectado.
Mais importante que o método a aplicar na reparação de uma determinada fenda, é saber se
essa fenda de facto deve ser reparada, ou seja, tentar perceber se o esforço empregue na sua
reparação será recompensado ou se, pelo contrário, não solucionará o problema podendo
mesmo agravá-lo noutro local.
A primeira operação antes de reparar uma fenda é analisar as sobretensões e as suas causas já
que, se se repara uma fenda e posteriormente surgem novas tensões de tracção excessivas, o
mais provável é que o betão volte a fendilhar no mesmo local ou noutro muito próximo dele.
Este problema tem a ver com a divisão das fendas em fendas activas ou vivas e fendas
inactivas ou mortas. As primeiras surgem geralmente em estruturas submetidas a mudanças de
temperatura nas quais não se haja previsto juntas de dilatação ou que sejam submetidas a
acções alternadas. Caracterizam-se por não estacionarem ao longo do tempo, fechando-se e
abrindo-se alternadamente. Nestas fendas, não se deve dar continuidade ao betão sem que se
crie previamente as juntas de que a estrutura está necessitada.
Se a amplitude dos movimentos da fenda for suficientemente pequena, esta pode ser reparada
com injecção de resina epóxida. A formulação desta pode ser rígida se os movimentos forem
praticamente nulos ou deverá ser flexível se os movimentos forem apreciáveis. Neste último
caso, a resina funcionará como um selante impedindo a passagem da água e/ou agentes
agressivos para o betão e/ou as armaduras. A resina deverá possuir uma resistência à tracção
superior à do betão, assegurar uma aderência perfeita ao mesmo e poder garantir uma
extensão na rotura superior a 100% [12]. Para fendas activas com grandes amplitudes de
movimento, utiliza-se enchimentos elásticos ou plásticos que são colocados em entalhes feitos
no betão sobre a fenda (Figura 107).
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Uma hipótese mais drástica é o recurso a tensões de pré-esforço provocadas por cabos
exteriores ou macacos hidráulicos que eliminam o problema fechando as fendas [22].
São muitos os casos em que a textura do betão dá azo a preocupações pelo elevado índice de
vazios aparente ou os casos em que há razão para acreditar que existem vazios não visíveis.
Estes defeitos estão em geral ligados a uma baixa relação água / cimento, uma compactação
deficiente ou a uma forte concentração de armaduras que impeça a passagem dos agregados.
Para resolver este problema, são realizados furos de pequeno diâmetro (com cerca de 2.5 cm
de profundidade [27]) com frequência suficiente para interceptar os vazios. A extensão e
configuração destes podem ser determinadas por injecção de ar comprimido ou de água nos
furos combinada com o controlo adequado dos pontos de saída.
Como regra geral, pode dizer-se que, neste como noutros tipos de reparação de elementos de
betão armado, são preferíveis materiais à base de resinas nos trabalhos de pequeno volume e
para as situações em que se prevê um pequeno recobrimento do aço nas zonas reparadas. Para
reparação de maiores áreas ou volumes, são preferíveis materiais à base de cimento,
possivelmente melhorados pela adição de polímeros.
Para vazios de pequenas dimensões, tem-se usado resinas epóxidas ou acrílicas ou argamassa
de cimento expansivo para preencher os vazios. A argamassa é constituída por um cimento
portland normal, água e uma mistura expansiva e é injectada com uma consistência
relativamente fluida. Para melhorar a aderência, são por vezes incorporados aditivos do tipo
polímero. Esta argamassa pode ainda conter areia muito fina numa proporção de 1/2 a 1/0.5
com o cimento [27]. O cimento pode ser substituído até 50% do seu total por pozolanas [27].
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A argamassa ou a resina só são aplicadas após uma limpeza da zona deteriorada de acordo
com os processos atrás descritos.
Para vazios maiores, utiliza-se uma argamassa de cimento expansivo ou uma espuma
cerâmica à base de epóxidos. A argamassa tem mais areia e é mais consistente que a utilizada
para vazios menores e tem as vantagens da sua semelhança com os materiais que constituem o
substrato e do seu relativo baixo custo. Como desvantagens, tem o seu peso relativamente alto
e a maior dificuldade de aplicação. Uma injecção adequada obriga a uma prévia molhagem do
substrato por injecção de água. A água em excesso deve ser retirada e o elemento reparado
ficará húmido durante muito tempo. Estas condições afectam os acabamentos existentes e
podem inviabilizar este tipo de intervenção em edifícios ocupados. As espumas têm a
vantagem do peso relativamente baixo, a grande resistência por aderência e a relativa
facilidade no controlo dos limites de aplicação e das perdas devido ao seu rápido período de
endurecimento. As principais desvantagens são o alto custo do material e a relativamente
baixa resistência à compressão [27].
O betão deve ser retirado com a menor ferramenta que realiza o trabalho num período de tem-
po não muito longo. Martelos pneumáticos excessivamente grandes podem danificar o betão
saudável e assim a reparação pode tornar-se contraproducente. Por outro lado, em áreas verti-
cais de grandes dimensões, mostrou-se que a utilização de explosivos de pequena potência po-
de ser um método rápido, eficaz e económico de remoção de betão danificado ou defeituoso.
Um sistema muito utilizado consiste em aplicar na superfície do betão a reparar uma película
de resina epóxida adequada para a ligação de betões e encher os vazios com um betão de re-
sistência adequada (pelo menos 5 MPa superior à do betão existente [12]). O principal proble-
ma deste método relaciona-se com a retracção do novo betão. Para tal, recomenda-se a utiliza-
ção de superplastificantes ou de betões não retrácteis ou expansivos (Figura 108, à direita).
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Fig. 108 [12] - Reparação de um pilar que apresentava grandes vazios no seu interior (à
esquerda) e reparação de vazios em superfícies de betão através de uma argamassa epóxida (à
direita)
É muito frequente aparecer nas extremidades superiores de cada troço de pilar zonas mal
compactadas, cheias de vazios e, por isso, formadas por betões de fraca resistência. Isto
acontece preferencialmente quando concorrem na parte superior dos pilares vigotas pré-
fabricadas que dificultam a betonagem nessas zonas ou quando se deixa por betonar o topo
superior do pilar. Deve-se utilizar as técnicas atrás referidas cuja eficácia só poderá ser
assegurada se houver confinamento das zonas a reparar (Figura 109, à esquerda). Este
consegue-se através de colarinhos metálicos unidos ao betão através de uma argamassa
epóxida de ligação aço-betão (Figura 109, à direita).
Por vezes ficam vazios e chochos durante a construção de juntas de betonagem, pelo que estas
perdem a sua estanqueidade. Para evitar infiltrações, pode-se fazer uma injecção de resina
após o endurecimento do betão para o que devem ser deixados em fase de betonagem tubos de
injecção porosos (Figura 110).
Um estudo [27] revelou que resinas de baixa viscosidade não são adequadas para reforço de
paredes de alvenaria devido a problemas relacionados com perdas e com excessiva absorção.
As resinas à base de poliéster são inadequadas devidas à retracção. Muitas das espumas
resinosas mais comuns tiveram problemas devidos a excessiva pressão de expansão e, em
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Fig. 109 [12] - Injecção do topo de um pilar para reparação ao punçoamento (à esquerda) e
reparação da cabeça de um pilar através de um colarinho metálico (à direita)
Fig. 110 [26] - Varões deixados durante a betonagem para posterior injecção das juntas
Antes de se proceder à reparação de uma zona porosa, deve-se verificar a necessidade de in-
tervenção do ponto de vista estrutural. Pode ser preferível não intervir já que a acção de remo-
ção do betão para preparação da superfície para aplicação do material aglutinante pode causar
mais estragos do que os que resultariam se a zona em questão fosse deixada tal como estava.
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Fig. 111 [12] - Desprendimento do betão do recobrimento devido à corrosão das armaduras (à
esquerda) e excessiva concentração de armaduras que impediu a formação da camada de
recobrimento
Quando os descasques são relativamente pouco importantes, podem ser reparados por técnicas
semelhantes às descritas recorrendo a betão projectado, argamassa epóxida, argamassa de
cimento não retráctil ou mesmo betão de cimento portland normal. Todo o material que esteja
solto ou pouco seguro deve ser retirado, a superfície de contacto deve ser tornada irregular
para melhorar a aderência e ser eliminadas todas as eventuais substâncias contaminantes.
Quando o betão estiver muito danificado e fragmentado, é preferível que seja completamente
retirado e eliminado em particular em peças críticas tais como pilares ou vigas.
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pouca monta, os varões podem ser aquecidos a chama e martelados até ficarem na posição
original. A substituição faz-se retirando os troços danificados e substituindo-os por aço novo
soldado in-situ. É preferível utilizar cordões de topo ainda que em alguns casos se possa
utilizar cordões de ângulo [27]. Logo após a soldadura, a área soldada deve ser coberta com
um material isolante para evitar um rápido arrefecimento e consequente introdução de tensões
residuais importantes.
O betão deve também ser retirado de forma a expor o varão num mínimo de 10 a 15 cm antes
da soldadura [27]. O problema com as soldaduras é a possibilidade que têm os varões
endurecidos a frio de perder as propriedades adquiridas pelo tratamento térmico por
recristalização durante a operação de soldagem. Existe, no entanto, a possibilidade de,
mediante adequados procedimentos siderúrgicos nomeadamente por controlo de temperaturas,
proceder a soldaduras de varões de aço endurecido sem que daí advenha perda de resistência
por parte do aço [22].
Se a deterioração do betão tiver sido causada pelo ciclo gelo-degelo, o novo betão deve ter
maior resistência, menor permeabilidade e conter aditivos incorporadores de ar.
Neste tipo de intervenção, torna-se difícil diferenciar entre uma reparação e um reforço. De
facto, pode-se considerar como reforço a substituição dos materiais danificados por materiais
mais resistentes como em geral acontece neste caso. No entanto, no âmbito deste documento
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5.3.4. Desagregações
São os defeitos patológicos de mais difícil cura não sendo de estranhar que em muitas
ocasiões não tenham solução e obriguem portanto à demolição do elemento ou da estrutura
deteriorados. Isto dá-se sempre que o ataque está numa fase extremamente adiantada, não
tendo sido tomadas quaisquer medidas ao longo de um grande período de tempo, pelo que
todo o elemento apresenta sintomas de perda de aderência entre os materiais constituintes.
Quando a reparação é ainda viável, consiste na substituição da parte do betão que está
defeituosa por outro betão mais adequado ao meio ambiente agressivo (por exemplo,
resistente aos sulfatos) colocado com os procedimentos normais através de projecção. Em
alternativa ou como complemento, pode utilizar-se recobrimentos de argamassas resistentes
aos ataques químicos ou revestimentos impermeabilizantes.
Dos materiais utilizados neste tipo de revestimentos, as resinas epóxidas são provavelmente
os mais adequados devido à sua grande aderência ao betão, capacidade de impermeabilização,
resistência química e durabilidade. Podem ser aplicadas a pincel, rolo, espátula ou por pulve-
rização a quente com pistolas e pessoal especializado. As silicones utilizam-se também para
impedir o acesso da água ao betão. Em geral, aplicam-se directamente sobre as superfícies de
betão pois, devido à sua transparência, não afectam praticamente a textura e a cor deste.
O betão a utilizar na reparação deve ser muito compacto a fim de apresentar uma superfície de
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ataque menor aos agentes agressivos. Os agregados devem ser função do tipo de
agressividade do meio (por exemplo, evitando agregados reactivos). Por vezes, o meio é tão
agressivo que é fundamental revestir todos os elementos estruturais em contacto com o
mesmo com barreiras estanques adequadas do tipo epóxido, poliuretano, silicones, asfalto,
etc.. Os revestimentos são, por outro lado, necessários não só em fundações ou elementos
enterrados em contacto com um meio agressivo, mas também noutros que vão estar em
contacto com líquidos que possam atacar o cimento dando lugar a fenómenos de desagregação
como, por exemplo, em depósitos de azeites, gorduras, leite, vinho, cerveja, etc..
Refere-se aqui os métodos de reparação em estruturas de betão armado contaminadas quer por
carbonatação quer pela penetração de cloretos, assim como as que apresentam sintomas de
corrosão adiantada das armaduras (manchas de ferrugem, fendas longitudinais ou transversais
segundo as armaduras e eventual descasque). Os métodos são principalmente função da causa
de deterioração e do acesso a mão-de-obra especializada.
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Esta mistura é aplicada sobre as superfícies atingidas pelo fogo, sem que se tenha de aspirar
previamente a fuligem. A cal tem a função de se ligar aos cloretos e inverter a corrente
potencial dos iões de cloretos, a qual se dirige normalmente do betão para o aço. Após cerca
de 8 a 12 horas, deverá retirar-se a camada de cal e substitui-la por uma nova [30]. Este
procedimento deve ser repetido tantas vezes quantas as necessárias para se atingir a
concentração máxima admissível de cloretos. É necessário um controlo rigoroso para evitar a
continuação da penetração dos cloretos devida a um aumento de humidade. A camada
contaminada pode também ser retirada por jacto de areia e substituída por uma pintura com
cal (só para penetrações até 2 mm).
Quando o problema é a corrosão das armaduras, deve-se seguir os seguintes passos [13]:
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devem ser isolados do material que os cobre, se necessário cortando o betão para além
dos varões uns 10 mm adicionais;
limpeza dos varões de todos os produtos da corrosão e outras impurezas (gorduras, etc.);
pode-se utilizar martelos pneumáticos ou escovas de aço mas o método mais eficaz é o
recurso ao jacto de areia;
eventual corte e substituição de troços de varão excessivamente corroídos; o melhor
método de amarração é por soldadura; se houver vantagem nisso, o novo aço colocado
pode ter uma protecção adicional como a galvanização ou uma pintura com epóxidos ou
pode ser mais resistente à corrosão (aços inoxidáveis austeníticos);
posicionamento de eventuais estribos adicionais;
pintura com um primário das superfícies de aço e de betão existente para melhorar a sua
aderência; em função da técnica utilizada, recorre-se a uma mistura semi-líquida de
cimento com um aditivo de látex ou a um primário de epóxidos;
enchimento de todos os vazios com um material adequado; em função das condições
específicas, poder-se-á escolher entre uma betonagem normal ou um betão projectado;
cura apropriada e eventual protecção superficial.
A corrosão das armaduras pode ser tão acentuada que a secção do elemento fica
excessivamente debilitada para que seja suficiente apenas a sua reparação. Nesses casos, é de
encarar a possibilidade de demolição da peça e sua reconstrução ou a de a reforçar por um dos
métodos possíveis.
De acordo com o Bulletin n.º 162 do CEB, [3] se as técnicas de reparação atrás descritas
forem executadas correctamente, são de esperar resultados do tipo dos apresentados no
Quadro 19.
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em que:
R’ - resistência do elemento após a reparação;
R- resistência de cálculo inicial do elemento;
K’ - rigidez do elemento após a reparação;
K- rigidez de cálculo inicial do elemento;
µ’ - coeficiente de ductilidade do elemento após a reparação;
µ- coeficiente de ductilidade inicial do elemento.
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6. TÉCNICAS DE REFORÇO
A técnica exige também um tratamento das superfícies dos materiais existentes, semelhantes
às descritas para as técnicas de reparação em subcapítulo anterior. Tal como acontece no
reforço por encamisamento, o principal problema na execução deste tipo de reforço é garantir
uma ligação perfeita entre a secção existente e a armadura adicional colocada. Neste tipo de
reforço, o objectivo não é pura e simplesmente colar uma chapa metálica ao betão (isso
consegue-se facilmente com uma resina epóxida) mas sim uni-la ao betão para que trabalhe à
sua tensão de cálculo prevista e continue a fazê-lo ao longo do tempo. O que acontece por
vezes é que, apesar de a chapa metálica continuar ligada ao betão, ela não está a trabalhar com
a eficácia desejável por uma das seguintes razões: por não estar bem projectada, por o betão
não ser adequado, por não se ter preparado convenientemente a superfície de colagem quer no
betão quer no aço ou por a formulação epóxida utilizada não ser a mais correcta [12].
No que se refere a este último motivo, é conveniente alertar para o facto de uma formulação
epóxida muito rígida poder ser perigosa em face dos elevadíssimos valores das tensões de
corte nas extremidades das chapas junto aos apoios. Da mesma forma, um valor incorrecto do
módulo de elasticidade transversal fará com que a chapa deixe de trabalhar pouco tempo após
a sua aplicação e seja apenas um peso adicional na secção existente [12].
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• elevado custo;
• possibilidade de criação de efeitos secundários nas zonas de ancoragem;
• mão-de-obra relativamente especializada;
• necessidade de grande controlo na execução;
• necessidade de proteger as chapas metálicas do fogo e da corrosão através da
colocação de revestimentos exteriores de materiais adequados.
Uma vez que esta técnica de reforço está particularmente vocacionada para as vigas, orientar-
se-á a exposição para este tipo de elemento estrutural, acrescentando-se o que se considerar
relevante para os restantes tipos (lajes e, mais raramente, paredes). Após a descrição das
técnicas de execução e dos cuidados a ter na escolha e aplicação dos materiais, divide-se a
exposição em função do esforço cuja deficiência origina o reforço: flexão (simples) ou
esforço transverso.
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chapas de reforço e o betão existente, pela sua importância fulcral, uma atenção particular.
Referem-se de seguida algumas precauções para garantir a eficácia deste tipo de reforço.
Esta técnica depende bastante da adesão da argamassa ou resina epóxida aos materiais sobre
os quais vai ser aplicada. Daí a necessidade de ter superfícies completamente limpas de
líquidos, pó ou sólidos de pouca resistência que possam diminuir o efeito de aderência que se
pretende. Para tal, utiliza-se um jacto de areia em todas essas superfícies até ficarem com uma
cor branco mate.
Este tratamento proporciona uma limpeza adequada retirando a camada de leitada superficial
que, devido à sua alta relação água / cimento e consequente baixa resistência, é prejudicial pa-
ra este efeito. Ao mesmo tempo, cria uma rugosidade superficial que aumenta a superfície de
contacto entre a resina e a base [12]. Essa rugosidade pode também ser conseguida com um
martelo de agulhas (Figura 112, à esquerda) ou um esmeril [13] [38]. Outros métodos incluem
a utilização de água sob pressões muito altas (Figura 112, ao centro), eventualmente com par-
tículas metálicas, escovas de aço, martelos pneumáticos (pouco adequado por poderem con-
duzir a microfissuração do betão saudável) ou mesmo queimar a camada superficial [13] [38].
A experiência demonstrou que os melhores métodos são o jacto de areia (Figura 112, à
direita) e os martelos de agulhas porque eliminam as partículas de menor resistência sem
danificar excessivamente os componentes mais resistentes como os agregados. Para além
disso, permitem a remoção de zonas contaminadas [38] (neste caso, haverá geralmente a
necessidade de repor o betão retirado, recorrendo aos procedimentos descritos no documento
relativo ao reforço por encamisamento).
As gorduras, quando existem, podem ser eliminadas com acetona ou tricoloroetileno [12] [13]
[38]. Aliás, a preparação da superfície do betão pode também ser feita por processos químicos
[41]. Numa primeira fase, é aplicado um produto químico de limpeza, cuja aplicação tem por
objectivo retirar as impurezas da superfície do betão. Numa segunda fase, a aplicação de um
agente químico, com concentração apropriada, provoca a rugosidade da superfície. O agente
químico reage com o cimento da camada superficial do betão, expondo os agregados e,
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Fig. 112 [22] - Métodos de conferir rugosidade à superfície de betão: da esquerda para a
direita, martelo de agulhas, jacto de água e jacto de areia
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Fig. 113 [13] - Resistência à tracção da camada de resina em função da sua espessura
Em obra, o ideal seria conseguir espessuras da ordem do 1 mm, ainda que na maioria dos
casos seja praticamente impossível conseguir espessuras tão pequenas [12].
A escolha do tipo de formulação epóxida a utilizar na colagem das chapas é outro dos factores
que mais condiciona a eficácia da ligação. As características principais pretendidas são [12]
[13]: retracção muito reduzida, baixa fluência sob carga constante ao longo do tempo, bom
comportamento perante as diferenças de temperatura dentro de uma determinada gama,
adesão perfeita tanto ao aço como ao betão, estabilidade das suas características ao longo do
tempo, bom comportamento em serviço em atmosferas húmidas ou agressivas, elevadas
resistências mecânicas, adequado módulo de elasticidade transversal, etc.. Nem sempre é
possível conciliar todas estas características na mesma formulação apresentando, em geral,
cada formulação os seus pontos fracos. É preferível utilizar uma resina que não apresente
características particulares excepcionais mas também não tenha grandes deficiências de com-
portamento do que uma outra que se comporte excelentemente em determinadas circunstân-
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cias mas que possa comprometer a eficácia da ligação num outro tipo de situação [12].
Segundo Cánovàs [12], uma formulação que tem dado excelentes resultados na prática
consiste numa resina epóxida de viscosidade média, um endurecedor à base de poliamina e
uma carga composta por pó de quartzo, caulino, bióxido de titânio e minério de ferro. A
relação resina / carga é de 1 para 1.50. As características da formulação são as seguintes:
As chapas metálicas devem também ser objecto de um tratamento anterior à sua colocação
[12]. No estaleiro procede-se ao corte das chapas e ao seu desengorduramento e decapagem.
Se não vão ser colocadas imediatamente após a limpeza, o melhor é protegê-las com uma
camada de resina epóxida dada a pincel ou com pistola. Antes de se aplicar a argamassa
epóxida, é conveniente lixar ligeiramente a camada de protecção de resina epóxida que
eventualmente se tenha dado às chapas, se esta já tiver endurecido, com uma rebarbadora ou
uma escova de aço. Porém, o mais conveniente é aplicar a chapa com a capa de resina ainda
fluida. Uma vez colocada a chapa, exerce-se uma pressão uniforme sobre a mesma até
conseguir que a espessura da camada do ligante seja a adequada. Esta espessura é função da
rugosidade da superfície do betão. É fundamental evitar a formação de bolhas de ar que são
muito prejudiciais à ligação devendo a resina escorrer para o exterior quando se dá o aperto. A
pressão sobre a chapa pode exercer-se através de uma tábua de madeira sob a qual se coloca
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Fig. 114 [12] - Sistema de pressão nas chapas metálicas de reforço coladas ao betão
A pressão e o seu tempo de actuação são função da viscosidade da resina, da sua espessura
inicial e final e da geometria da união [12].
A pressão deve manter-se até que a resina tenha endurecido completamente, ou seja, até se ter
completado a reacção de polimerização. O tempo de pressão é portanto variável com a
temperatura diminuindo com o aumento desta ainda que nunca seja conveniente retirar as
escoras antes dos sete dias. Esse é também o período mínimo antes da aplicação de cargas no
elemento reforçado [12].
As resinas epóxidas são sensíveis ao calor e, a temperaturas da ordem dos 70 a 80 ºC, pode
produzir-se uma diminuição apreciável das suas características resistentes [12]. Por isso, é
aconselhável proteger as chapas contra o risco de incêndios através de um recobrimento de
espessura adequada de um isolante à base de amianto e vermiculite. Pode também utilizar-se o
betão projectado armado com rede de galinheiro ancorada na viga existente. Em alternativa, o
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reforço pode ser previsto para resistir apenas às sobrecargas sem carácter de permanência,
sendo refeito no caso de se atingir num incêndio temperaturas que levem à decomposição da
resina, ou prever-se que a ligação por colagem seja completada por uma ligação mecânica que
permita contar com uma resistência residual em caso de incêndio.
No manejo das resinas epóxidas, deve-se tomar precauções para evitar o seu contacto com a
pele e principalmente com os olhos, já que alguns tipos de endurecedores provocam alergias.
É recomendável utilizar luvas de borracha e roupa adequada e, caso algum dos componentes
da formulação ou ela própria entrem em contacto com a pele, lavar imediatamente as zonas
atingidas com sabão e água devendo abster-se do uso de dissolventes [12].
Como a reacção da resina com o endurecedor é exotérmica, não convém misturar grandes
quantidades de componentes pois a velocidade da reacção aumenta e pode acontecer que a
mistura endureça no recipiente que a contém. Por isso, há que misturar quantidades de
componentes tão pequenas quanto possível e aplicá-las imediatamente [12].
As superfícies a ser coladas nunca devem estar mais frias que as adjacentes para evitar que se
forme nas mesmas um filme de água condensada que impeça a aderência perfeita.
Os resultados obtidos experimentalmente com este tipo de reforço têm sido tão convincentes
que praticamente se pode dizer que as armaduras exteriores coladas às vigas podem substituir
as clássicas embebidas no interior da secção (Figura 115).
Apesar de, por esta forma, se conseguir aumentar a capacidade resistente da viga para a
mesma percentagem de armadura (já que a altura útil coincide com a altura total) (Figura
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116), seria insensato do ponto de vista económico utilizar esta técnica para fazer uma
estrutura de betão armado sem armaduras em varão. De facto e como já referido, esta técnica
é elaborada, exige mão-de-obra especializada e utiliza materiais muito caros.
Fig. 115 [12] - Vigas armadas convencionalmente e com armadura constituída por chapas
coladas para estudo comparativo
Fig. 116 - Reforço de uma viga à flexão por colagem de uma chapa metálica [28],
eventualmente complementada com um parafuso roscado [22]
Em ensaios efectuados pelos laboratórios Suíços EMPA [38], verificou-se que as deformações
medidas em vigas com chapas coladas eram semelhantes em todos os aspectos às obtidas em
vigas convencionais com igual percentagem de armadura em varão (Figura 117).
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chapas metálicas não atingiam, como nos casos anteriores, a tensão de cedência do material.
Só num dos ensaios é que a rotura na zona da ancoragem não se deu por rotura à tracção do
betão mas sim por rotura da argamassa epóxida. Em média, as tensões de corte na ancoragem
diminuíam até se anularem a cerca de metade do comprimento total da ancoragem.
Fig. 117 [38] - Flechas no meio vão de vigas ensaiadas em função da carga exterior
Demonstrou-se nos ensaios que o comportamento de chapas largas e finas é bastante melhor
que o de chapas de igual secção mas estreitas e espessas exigindo menores comprimentos de
ancoragem [38]. Foi ensaiada uma viga à fadiga, tendo esta passado todos os testes sem
qualquer estrago e sem diminuição no momento último de flexão. No ensaio à rotura
subsequente, a rotura deu-se por compressão do betão bastante após a chapa de reforço ter
atingido a sua tensão de cedência. Num ensaio de fluência numa viga com chapa metálica,
colada durante um período de cerca de 10 anos, verificou-se serem os resultados em tudo
semelhantes aos obtidos numa viga convencionalmente armada colocada nas mesmas
circunstâncias. A maior parte da fluência ocorreu no primeiro ano do carregamento. Concluiu-
se também não dever a espessura da camada de resina exceder 1.5 mm [38]. Isto deve-se ao
facto de, para deformações extremas perto da rotura, não haver já compatibilidade entre a
secção de betão e a chapa metálica colada pelo que a hipótese de Navier - Bernoulli da
manutenção das secções planas já não seria válida [38].
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longitudinal com de transversal. Verificou-se serem os resultados muito semelhantes, ainda que
as vigas com armadura colada tivessem um momento último e uma flecha ligeiramente supe-
riores. Quando se substitui a armadura transversal sob a forma de pequenas bandas (processo
demorado e anti-económico) por uma chapa transversal contínua com a mesma secção total, o
momento último subiu ainda um pouco mais. O comportamento das vigas com armadura
colada à fadiga foi também extremamente satisfatório e superior ao das vigas tradicionais.
No Instituto Eduardo Toroja [12], efectuou-se também um programa de ensaios deste tipo de
reforço. Tanto no ensaio de tracção simples como no de corte puro, verificou-se dar-se a
rotura sempre pelo betão e nunca pela camada de ligação de resina. Foram também ensaiadas
à rotura vigas com uma deficiência inicial, quer de armadura longitudinal quer de transversal,
reforçadas respectivamente com chapas longitudinais e bandas estreitas laterais. Em todos os
ensaios se verificou que a rotura ocorria para valores de momento último de cálculo
semelhantes aos que se obteriam para as mesmas percentagens de armadura em vigas armadas
de forma convencional.
A ligação da chapa metálica ao betão é assegurada da forma atrás descrita para espessuras de
chapa até 3 mm e da camada de resina até 1.5 mm [13]. Isto deve-se ao facto de, para espes-
suras de chapa superiores a este valor, se produzir a rotura por aderência ou à tracção do betão
antes de se esgotar a capacidade resistente da chapa. Pode-se, no entanto, ir até espessuras de
10 mm da chapa desde que se considere dispositivos especiais de ancoragem [13].
Uma outra hipótese é a aplicação de conectores de resistência ao corte conhecida junto aos
extremos da chapa metálica onde as tensões de corte são máximas.
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Quando existem fendas de flexão na viga a reforçar, estas devem ser previamente injectadas
com resina para dar continuidade à peça antes de se colar a chapa longitudinal (Figura 119).
Fig. 119 [22] - Injecção de fendas com resina epóxida antes da colagem das chapas
6.1.3.3. Lajes
Ainda que menos correntemente, este tipo de reforço é também aplicado em lajes para suprir
deficiências de armadura de tracção (Figura 120). Os cuidados a tomar na preparação das
superfícies e na execução do reforço são semelhantes aos atrás descritos para vigas. Este
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método é, no entanto, excessivamente caro para ser aplicado com frequência em lajes, pelo
que só circunstâncias excepcionais o justificarão.
Fig. 120 [12] - Reforço de uma laje à flexão por colagem de chapas metálicas
6.1.3.4. Paredes
De referir ainda a aplicação deste tipo de reforço em paredes resistentes, ainda que pouco
vulgarizada (Figura 121). Consiste na colagem de chapas metálicas nos topos das paredes e
faces laterais junto a esses mesmos topos para aumento da capacidade resistente [28]. A
ligação deve ainda ser complementada com chumbadores, buchas de expansão ou outros
meios de ancoragem adicionais. As superfícies nas quais a colagem se vai realizar devem ser
objecto de preparação especial do tipo da atrás descrita para as vigas. O mesmo se passa em
relação às chapas metálicas propriamente ditas que devem ser objecto de preparação especial
contra o fogo e a corrosão. A pouca popularidade deste método em paredes tem a ver com o
seu preço excessivo em relação a outros métodos e com a dificuldade em assegurar a
continuidade do reforço através das lajes.
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As chapas podem ser estreitas (em geral até 30 cm de largura [12]) e descontínuas como que
simulando estribos tradicionais (Figura 122) ou ser contínuas ainda que de menor espessura o
que, como já foi referido atrás, permite aumentar a resistência global da peça à flexão.
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esforço a absorver;
a sua resistência ao varejamento pois, se as chapas forem muito longas e pouco espessas,
podem encurvar ao ficarem comprimidas devido à flexão da viga;
a agressividade do ambiente em que a viga está que, se for corrosivo, pode levar a um
ligeiro aumento da espessura, para além de obrigar à criação de uma protecção adicional;
a espessura máxima é de 3 mm para que se explore a 100% a capacidade resistente das
chapas sem perigo de rotura por aderência ou à tracção do betão na superfície de
contacto; investigações mais recentes [42] permitiram demonstrar ser possível tirar
partido de chapas mais espessas, ainda que com um agravamento dos problemas na zona
da ancoragem (conduzindo a recomendações como a de a relação entre a largura e a
espessura das chapas não ser inferior a 50 e a de aplicar buchas ou cantoneiras metálicas
envolvendo os extremos das chapas).
Quando há fendilhação de esforço transverso anterior ao reforço, esta deve ser injectada com
resina para ser fechada e dar continuidade ao betão antes de se colar as chapas de reforço [12].
Dos ensaios efectuados nos laboratórios Suíços EMPA [38], concluiu-se que um espaçamento
excessivo entra as chapas de reforço ao esforço transverso em particular junto aos apoios,
promove a formação de fendas oblíquas entre as chapas em consequência da acção simultânea
das forças de corte e momentos flectores pelo que, em última análise, podem dar origem a
uma rotura por corte. Constatou-se também uma desvantagem que as chapas coladas têm em
relação aos estribos convencionais: enquanto que, nas primeiras, tem de ser a ancoragem da
própria chapa a transmitir à zona de compressão do betão as tensões de corte, a eficiência da
ancoragem dos estribos está automaticamente garantida pela sua forma fechada e pelo
envolvimento da armadura longitudinal de compressão.
O mais importante neste como noutros tipos de reforço, é assegurar a aderência entre a chapa
metálica colada e o betão existente de forma a garantir um funcionamento conjunto da peça
reforçada. A partir do instante em que se garanta esse monolitismo por adopção de disposi-
ções construtivas adequadas, os métodos de cálculo do elemento reforçado são em tudo seme-
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lhantes aos utilizados em peças novas. Tal como acontece em relação ao reforço por encami-
samento, a questão que levanta mais celeuma é a forma de estimar a resistência residual dos
materiais existentes. Focar-se-á de seguida o dimensionamento de peças reforçadas por esta
forma partindo do princípio que está assegurado o seu monolitismo. Mais adiante, voltar-se-á
à questão da verificação da eficiência da ligação entre a chapa e o betão existente.
No reforço à flexão, a descrição que se segue refere-se a uma zona de momentos positivos,
ainda que seja válida com as adaptações adequadas para uma zona de momentos negativos. A
chapa metálica terá de ter uma secção tal que, ao trabalhar conjuntamente com a armadura
existente, resista à acção produzida pelas cargas permanentes e sobrecargas de utilização.
A verificação ao estado limite último de resistência não tem qualquer novidade e pode-se
mesmo fazer recorrendo às tabelas existentes (Figura 124).
Fig. 124 - Exemplo do cálculo de uma viga reforçada por colagem de chapas metálicas
(flexão) descarregada totalmente antes da aplicação do reforço
Formulação:
d,eq = (As,i fsyd,i d,i + As,r fsyd,r d,r) / ((As,i + As,r) fsyd,r) (4)
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a viga existente não seja descarregada nem sequer parcialmente durante a operação de
reforço e possa portanto ter instalada na sua armadura de tracção uma extensão já
próxima da sua extensão máxima convencional regulamentar (10‰);
a armadura adicional tenha uma extensão de cedência bastante superior à da armadura
existente, ou seja, que tenha uma resistência mecânica muito maior.
A primeira situação pode ser evitada descarregando a viga antes da execução do reforço e, se
possível, eliminando mesmo o efeito do peso próprio e restantes cargas permanentes.
A segunda situação não se põe em geral, já que o aço utilizado nas chapas de reforço é em
geral o Fe 360 de tensão de cedência igual à do aço A235 que é a classe de aço de mais fracas
características mecânicas em armaduras ordinárias em varão. Obviamente, põe-se a hipótese
de ter havido degradação das propriedades da armadura existente mas em geral essa
degradação está mais ligada a uma perda de secção, por exemplo, por corrosão que a uma
diminuição da tensão de cedência. Há portanto em geral vantagem em utilizar na chapa de
reforço aços de resistência mecânica inferior à da armadura existente [40].
Se, no entanto, houver vantagem nisso, pode-se sempre fazer uma análise incremental de
tensões e extensões de acordo com a Figura 125 em que:
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Fig. 125 - Exemplo do cálculo de uma viga reforçada por colagem de chapas metálicas
(flexão) descarregada apenas parcialmente antes da aplicação do reforço
Na prática, só se põe duas hipóteses de atingir um estado limite último de flexão na viga
reforçada (já que a hipótese de o aço da chapa metálica de reforço atingir a extensão
correspondente ao estado limite último convencional antes de a armadura existente o fazer
não tem qualquer viabilidade):
1) εc,i = 3.5‰
O método referido a propósito do reforço por encamisamento, com recurso a uma armadura
total equivalente é ainda válido se ocorrerem simultaneamente as seguintes condições:
fsyd,i / Es,i ≤ εs,i ≤ 10.0‰ (a 2ª condição é redundante uma vez que, a não ocorrer, o
2) εs,i = 10.0‰
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No que se refere à verificação do estado limite de deformação, pode-se usar os métodos cor-
rentes de determinação de flechas em vigas normais (por exemplo, o método dos coeficientes
globais, o da integração de curvaturas ou o bilinear) adoptando uma simplificação do tipo da
atrás descrita por recurso a uma armadura fictícia de secção igual à soma das secções das ar-
maduras traccionadas colocada no centro de gravidade mecânico dessas mesmas armaduras. Se
a parcela das cargas aplicadas antes da colocação em serviço do reforço for muito significati-
va, deve ser feita uma análise incremental de deformações do tipo da atrás descrita para o
reforço por encamisamento. O incremento das deformações para as cargas adicionais será, na
estrutura reforçada, inferior ao que se obteria na estrutura inicial em resultado do aumento de
rigidez do elemento (em especial no estado fendilhado devido ao aumento da percentagem
geométrica das armaduras) e ao efeito da reparação da fendilhação. Por outro lado, todos os
efeitos relacionados com a fluência já estarão em geral praticamente estabilizados [40].
O estado limite de fendilhação requer uma adaptação regulamentar a este tipo de situações já
que é matéria pacífica que não lhes são directamente aplicáveis os conceitos regulamentares
direccionado para armadura em varão. Este tipo de reforço tem neste campo uma vantagem
evidente: o problema do controlo das tensões máximas nas armaduras é transladado para a
chapa de reforço que em geral estará menos traccionada que a armadura em varão existente
(porque, como já se disse, é em geral constituída por aço Fe360 de inferiores características
mecânicas e também porque só é solicitada pelas acções aplicadas após a entrada efectiva em
serviço do reforço). A confirmar esta ideia, os ensaios efectuados nos laboratórios suíços
EMPA [38] demonstraram que, para a mesma percentagem total de armadura, as vigas de
chapas coladas apresentam larguras máximas de fendas e espaçamento médio entre fendas
significativamente menores que em vigas armadas convencionalmente (Figura 126).
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Fig. 126 [38] - Comparação das vigas com armadura convencional com as reforçadas com
chapas coladas no que diz respeito à fendilhação
Por estas e outras razões, este tipo de reforço só pode ser eficaz se for aplicado em betões de
qualidade e com uma resistência característica à compressão não inferior a 17.5 MPa [12].
No reforço ao esforço transverso, e partindo do princípio que está assegurada a aderência per-
feita entre as chapas verticais de reforço e as faces laterais da viga de betão, o dimensiona-
mento da peça reforçada não levanta novas questões em relação às vigas normais. Parte-se do
princípio que tanto a armadura transversal existente como as chapas metálicas trabalham na
sua capacidade máxima, os seja, atingem a tensão de cedência de cálculo (Figura 127).
Formulação:
VRd = Vcd,i + Vwd,i + Vwd,r = τ1,i b d + 0.9 d (Asw / s),i fsyd,i (7)
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Fig. 127 - Exemplo de aplicação de uma viga reforçada por colagem de armaduras (esforço
transverso) descarregada totalmente antes da aplicação do reforço
em que:
VRd - valor de cálculo do esforço transverso resistente;
Vcd,i - termo corrector da teoria da treliça de Mörsch relacionado com o betão;
Vwd,i; Vwd,r - parcela do valor de cálculo do esforço transverso resistente que depende res-
pectivamente da armadura de esforço transverso existente e da adicional;
τ1,i - tensões relacionadas com os valores de cálculo do esforço transverso
Toda a formulação e conclusões atrás referidas partem do princípio que a viga inicial é
completamente descarregada antes da colocação em serviço do reforço pelo que a totalidade
do esforço transverso de cálculo é já aplicado na viga reforçada. Se tal não acontecer, isto é,
se houver cargas aplicadas na viga existente antes de o reforço ser efectivado, a situação é
outra pois vai haver desigualdade na distribuição de tensões de corte na secção reforçada.
Duas análises se podem fazer:
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uma primeira, em que se admite que a secção tem uma capacidade de redistribuição total
das tensões de corte pelo que o estado limite último só é atingido quando a resistência de
todos os seus componentes tiver sido esgotada; cai-se então numa formulação igual à
atrás referida e, portanto, independente do nível de cargas antes da execução do reforço;
é, no entanto, necessário fazer uma verificação adicional das tensões de compressão no
betão da seguinte forma:
em que:
V0 - esforço transverso de cálculo associado às acções que actuam a viga antes do
funcionamento efectivo do reforço, não afectado dos coeficientes de majoração;
∆V - esforço transverso de cálculo associado às acções que podem actuar a viga após a en-
trada efectiva em funcionamento desse mesmo reforço tal que V0 + ∆V = VRd ≥ VSd;
τ2,i - tensão relacionada com o valor de cálculo do esforço transverso para o betão
existente.
uma segunda, em que se admite não haver qualquer redistribuição lateral das tensões de
corte inicialmente instaladas e, portanto, a secção rompe quando a sua parte mais fraca
atingir a rotura; nesse caso virá (Figura 128):
Fig. 128 - Exemplo de aplicação de uma viga reforçada por colagem de armaduras (esforço
transverso) descarregada apenas parcialmente antes da aplicação do reforço
Formulação:
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Repare-se que, para Vwd,r = 0 (ou seja, quando não há reforço), vem:
Quando:
(ou seja, se a carga inicial já provoca a rotura da viga existente por esforço transverso), vem:
Quando V0 = 0 (ou seja, quando não há carregamento inicial na viga existente antes da
execução do reforço), vem:
ou seja, volta-se à primeira situação aqui referida em que a resistência total é igual à soma das
resistências da viga existente e do reforço.
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A realidade situar-se-á algures entre estas duas abordagens extremas. A segurança manda que
se aceite o 2º método mas só um vasto programa de ensaios pode tirar conclusões definitivas
sobre este assunto e originar disposições regulamentares aplicáveis a este tipo de reforço.
O documento [13] recomenda o recurso a uma armadura efectiva superior em 50% à teorica-
mente necessária pelos cálculos ou, o que é equivalente, a utilização de um factor de seguran-
ça em relação ao aço 50% superior ao normal. Recomenda ainda que o incremento da capaci-
dade resistente ao esforço transverso não ultrapasse os 50% da capacidade resistente inicial.
Neste tipo de reforço, a adesão é a propriedade mais fundamental. Esta depende da qualidade
do ligante a utilizar, do estado da superfície dos materiais a unir e das propriedades destas
superfícies [12] [13]. Se a adesão não for adequada, a rotura da peça reforçada dá-se
praticamente pelo plano de ligação.
Dos três materiais que estão em jogo neste tipo de reforço (betão, aço e argamassa epóxida),
este último tem umas propriedades mecânicas muito superiores às do betão e inferiores às do
aço de tal forma que a rotura se produzirá sempre por corte associado a tracção no betão [13].
Bresson [39] efectuou ensaios de corte puro da união aço / betão colada com resina epóxida e
concluiu que a tensão de corte na camada de argamassa τx depende do esforço aplicado por
unidade de largura da placa metálica P, dos módulos de elasticidade do aço E1 e do betão E2,
da espessura da chapa metálica t1 e do betão t2, da espessura da camada epóxida d e do seu
módulo de elasticidade transversal G, do comprimento da chapa colada l e da distância desde
o ponto de tensão de corte nula até ao ponto considerado x, da seguinte forma:
τx = P ω ch (ω x) / sh (ω l) (16)
em que:
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De ensaios à flexão em vigas em que se tinha colado chapas metálicas na face inferior,
Bresson [39] concluiu que a distribuição de tensões de corte na ligação aço / betão seguia uma
distribuição qualitativa semelhante à obtida no ensaio de corte puro ainda que o tipo de
solicitação fosse diferente (Figura 129).
Fig. 129 [12] - Distribuição das tensões de corte na chapa de reforço colada com resina
epóxida à viga
Verificou-se, no entanto, que os valores de pico não eram tão elevados como os teóricos.
Outra constatação foi que a tensão média de corte à rotura, igual à carga de rotura dividida
pela secção colada, aumentava mais rapidamente que a espessura da chapa de aço [39]. Ao
aumentar a espessura da chapa metálica, a transmissão de tensões ao aço era menos
importante o que demonstra que a espessura óptima da chapa é de importância capital na
eficácia do reforço.
Dos ensaios efectuados nos laboratórios Suíços EMPA [38], concluiu-se que, apesar de as
tensões de corte máximas reais serem inferiores às teóricas, é necessária na realidade uma
maior força global de transmissão e um maior comprimento de ancoragem do que os obtidos
por considerações teóricas. Foram também efectuados ensaios sobre a eficácia de emendas
por sobreposição em chapas metálicas. Verificou-se que parte da força de tracção na armadura
se transmite através do betão junto à emenda em vez de o fazer através das chapas e da
emenda. Quanto menor o comprimento de sobreposição, maior a percentagem de força
transmitida através do betão [38]. A capacidade de carga da emenda é directamente
proporcional ao factor de forma:
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em que:
lu - comprimento de sobreposição;
b - largura das chapas metálicas;
t - espessura das chapas metálicas.
A resistência ao corte de uma determinada ligação pode ser melhorada utilizando duas
argamassas de módulos de elasticidade transversal diferentes na mesma chapa para que,
quando as tensões de corte começam a atingir valores perigosamente elevados, se coloque
uma outra argamassa de módulo mais baixo [12] (Figura 130).
Fig. 130 [12] - Distribuição das tensões de corte na chapa de reforço colada com resina
epóxida à viga quando se utiliza resinas de módulo de elasticidade transversal diferente
Passando ao dimensionamento de casos concretos [12], seja o caso de uma viga sujeita à
flexão e reforçada inferiormente com uma chapa de secção adequada para a verificação do
estado limite último de flexão. Interessa agora garantir que não se ultrapassa a tensão limite
de aderência para o máximo valor do esforço de corte que se tem nos extremos da chapa.
dN = (M + dM) / z - M / z = dM / z (19)
em que, do lado da segurança, se prescinde da contribuição dos varões existentes. Vem ainda:
dN = b τd ds (20)
Logo:
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em que τRd é a tensão limite de cálculo de aderência que, como já foi referido atrás, depende
de vários factores.
Uma vez que a resistência da união chapa metálica / betão depende, mais do que da
resistência ao corte do ligante utilizado, da resistência do betão à tracção, recomenda-se [2]
que a tensão de corte máxima nessa união seja limitada pelo valor médio da tensão de rotura
do betão à tracção por flexão fctm (flexão). De acordo com o R.E.B.A.P. [9], vem então:
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em que:
fctm (tracção simples) - valor médio da tensão de rotura do betão por tracção simples;
lig
FSd = Fs,r / (l0 / 2) = 2 Fs,r / l0 = 2 As,r fsyd,r / l0 (24)
em que:
Fs,r - força última resistente de cálculo da armadura de reforço;
As,r - área da secção da armadura de reforço;
fsyd,r - valor de cálculo da tensão de cedência do aço da armadura de reforço.
lig
FSd = VRd S / I (25)
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em que:
VRd - esforço transverso de cálculo máximo correspondente à mobilização da
capacidade resistente à flexão do elemento estrutural;
S- momento estático da secção da armadura a ligar ao elemento existente;
I- momento de inércia da secção reforçada.
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1 / 2 τx,max ≤ fctm (tracção simples) / γm <=> τx,max ≤ 4 / 3 fctm (tracção simples) (27)
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Fig. 135 [13] - Determinação da máxima força a que a ancoragem pode resistir em função do
seu comprimento
τα,max ≤ fctm (tracção simples) / γm ≈ 0.3 fck2/3 / 1.5 τα,max; fck [MPa] (28)
em que:
VSd - esforço transverso actuante de cálculo em cada chapa de reforço;
d- altura útil da peça;
l0 - largura da chapa de reforço;
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Se esta condição não for cumprida, haverá que recorrer à utilização de dispositivos de
ancoragem especiais.
o reforço por chapas coladas, por ser eficaz do ponto de vista de incremento da
capacidade resistente à tracção, ser de rápida execução e ser relativamente bem
conhecido, constitui-se como uma técnica particularmente competitiva, ainda que o seu
domínio de aplicação se circunscreve sobretudo às vigas e lajes com problemas à flexão
simples (ao esforço transverso, a técnica apresenta algumas limitações);
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Fig. 136 [22] - Funcionamento das chapas como armadura passiva apenas após a introdução
de novas cargas
No presente subcapítulo, é tratada uma das técnicas de reforço mais correntes de estruturas de
betão, ou seja, o reforço por encamisamento. Consiste este na utilização de materiais
cimentícios mais ou menos tradicionais e armadura em varão para conferir maior resistência
e/ou rigidez aos elementos existentes danificados e/ou com deficiências estruturais. Com este
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A técnica exige também um tratamento das superfícies dos materiais existentes, semelhantes
às descritas para as técnicas de reparação em subcapítulo anterior (Figura 137). De facto,
neste tipo de reforço, com mais ênfase ainda que nos outros, o problema principal é conseguir
uma boa aderência entre os materiais novo e existente, garantindo assim um monolitismo de
comportamento.
Passo 5
Passo 4
Fig. 137 [22] - Passos de preparação das superfícies: 1) retirar betão deteriorado; 2) criar
superfície rugosa com jacto de areia e colocar armaduras à vista; 3) vincar juntas de
betonagem; 4) limpar armaduras; 5) retirar poeira com jacto de água
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se a sua execução for a correcta, oferece uma eficácia e garantia de funcionamento muito
boas e em geral superiores às dadas pelos outros métodos;
o seu custo é em geral menor;
rapidez de execução;
inexistência de efeitos secundários na maior parte dos casos;
mão-de-obra menos especializada.
poder dar origem a dimensões finais muito superiores às iniciais de projecto devido às di-
ficuldades de betonagem, com os inconvenientes que isso acarreta sob o ponto de vista de
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6.2.2. Vigas
Os dois tipos de reforço tipo com esta técnica são à flexão e ao esforço transverso.
No 1º caso, pode-se aumentar a altura da viga colocando armadura adicional embebida no no-
vo betão. Na Figura 138, apresenta-se um caso desse tipo numa zona de momentos positivos.
A superfície inferior da viga deve ser picada com um martelo pequeno de forma a retirar-lhe a
camada de leitada superficial após o que se descarna o betão até encontrar os estribos da viga.
A estes solda-se uns prolongamentos de dimensões adequadas para suportar os esforços de
deslizamento longitudinal que possam aparecer entre a viga e o betão de reforço. De seguida,
coloca-se as armaduras longitudinais adicionais e as cofragens (o recurso a cofragens e
colocação do betão por gravidade - Figura 139, à esquerda - deve ser considerado como uma
alternativa, porventura a mais comum, entre várias outras: o dry pack cofrado - Figura 139, ao
centro; o betão de agregados pré-colocados cofrado - Figura 169, à direita; o betão bombeado
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cofrado - Figura 140, à esquerda; o betão projectado não cofrado - Figura 140, ao centro; o
betão colocado à mão não cofrado - Figura 140, à direita) e betona-se o conjunto.
Fig. 138 [24] - Reforço de uma viga à flexão por aumento da armadura de tracção com
aumento da altura da viga
Fig. 139 [22] - Betão cofrado e colocado por gravidade (à esquerda), dry pack cofrado (ao
centro) e betão de agregados pré-colocados cofrado (à direita)
Fig. 140 [22] - Betão bombeado cofrado (à esquerda), betão projectado não cofrado (ao
centro) e betão colocado à mão não cofrado (à direita)
Para se conseguir uma boa união dos dois betões, é conveniente aplicar na superfície comum
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uma camada de resina epóxida. Em alternativa, deve-se saturar a superfície do betão existente
durante pelo menos 6 horas [37]. Em casos especiais, pode-se aplicar uma primeira camada
preparatória de 10 mm de espessura de betão mais rico em cimento e de granulometria mais
fina [12]. Esta ligação pode também ser conseguida à custa de varões em cavalete soldados às
armaduras existentes e às adicionais alternadamente de um lado e do outro. As superfícies de
betão devem manter-se saturadas durante pelo menos 10 dias após a descofragem [37].
Quando se realiza este tipo de reforço, deve-se ter em conta que as armaduras ficarão em
planos diferentes e que as distâncias dos baricentros das armaduras inicial e adicional ao
baricentro de compressões é diferente.
Um outro problema relaciona-se com a distribuição de tensões nas duas armaduras. Mesmo
quando se descarrega a viga, é muito provável que essa descarga não seja total pelo que a
armadura inicial está já em tensão quando a adicional ainda o não está. Apesar de no estado
limite último este problema não ter em geral grande relevância, nos estados limite de
utilização e para garantir um bom funcionamento em serviço, deve-se procurar que o reforço
se responsabilize pela máxima percentagem possível da carga total.
Se houver grande vantagem em manter a altura total da viga, recorre-se à execução de roços
longitudinais na face traccionada da mesma para que neles se possa introduzir a armadura
adicional (Figura 141, à esquerda), podendo também substituir-se eventuais varões da
armadura existente que se encontrem excessivamente deteriorados, pela corrosão por exemplo
(Figura 141, ao centro). O espaço deixado livre é preenchido com uma argamassa com
epóxidos ou uma argamassa de betão de alta resistência não retráctil ou expansivo após um
tratamento da superfície do betão existente conforme descrito em [37]. Os varões adicionais,
assim como os existentes que fiquem expostos durante a operação de reforço, poderão ser
pintados com uma resina epóxida para protecção adicional (Figura 141, à direita).
Este processo é, no entanto, de mais difícil execução que o anterior. Os varões iniciais e adici-
onais não trabalham sempre à mesma tensão a não ser que a descarga da viga seja total. O aço
das armaduras adicionais deve ter o mesmo limite elástico que o das armaduras iniciais.
Embora não seja recomendado, o processo que a seguir se expõe permite dispensar a coloca-
ção de estribos adicionais quando estes não são necessários do ponto de vista de cálculo.
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Fig. 141 - Reforço de uma viga à flexão por aumento da armadura de tracção sem aumento da
altura da viga (à esquerda [12]), substituição de varões danificados (ao centro [22]) e pintura
com resina epóxida dos varões (à direita [22])
Fig. 142 [12] - Reforço de uma viga à flexão com recurso a endentação da face traccionada da
viga pré-existente
Fig. 143 [12] - Reforço de uma viga à flexão com recurso a nova armadura embebida na viga
pré-existente
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Fig. 144 [12] - Reforço de uma viga à flexão com recurso a nova armadura embebida na laje
pré-existente
os furos para colocação dos estribos adicionais devem realizar-se com broca de 20 mm;
os varões longitudinais adicionais devem ser colocados abaixo dos existentes e tão próxi-
mos destes quanto possível para não introduzir grandes diferenças na altura útil da peça;
após a introdução dos estribos adicionais, os furos devem ser injectados manual ou
mecanicamente com uma pasta de cimento de relação água / cimento inferior a 0.40;
nas superfícies de contacto entre o betão novo e o existente é conveniente aplicar uma
camada de resina epóxida;
a betonagem deve realizar-se por tramos sucessivos não superiores a 1 m de comprimento
(para minorar os efeitos da retracção) devendo esperar-se 3 dias antes de cada betonagem;
o betão novo deve ser compactado correctamente para evitar a formação de vazios;
os estribos adicionais devem ser soldados a eventuais chapas metálicas que se introduzam
na face superior da viga.
No primeiro caso, deve-se escorar completamente a viga (Figura 145), demolir a parte
correspondente à zona comprimida e betoná-la novamente com um betão compacto e de
resistência adequada. A superfície de contacto dos dois betões deve ser tratada de acordo com
as regras atrás descritas. Este processo implica algumas dificuldades relacionadas com o
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Os sistemas indicados nas Figuras 144 e 146 permitem realizar o reforço ao esforço transver-
so em simultâneo com o reforço à flexão para tal bastando dimensionar os estribos adicionais.
Fig. 146 [24] - Reforço de uma viga simultaneamente ao esforço transverso e à flexão
Se se pretender colocar varões inclinados, as operações seriam idênticas se bem que fosse
necessário garantir uma amarração eficaz dos mesmos aos varões longitudinais existentes.
O recurso a esquadros e ao alargamento das vigas junto aos apoios facilita bastante o reforço
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ao esforço transverso e, em simultâneo, à flexão mas nem sempre é possível por razões de
índole estética e de falta de espaço.
Se se pretender manter a secção da viga, pode-se abrir roços verticais e horizontais em todo o
contorno da viga com uma profundidade suficiente para se atingir as armaduras principais e
de largura o menor possível. Nestes roços introduz-se os novos estribos que são conveniente-
mente amarrados à armadura principal existente. Os roços são depois preenchidos com uma
argamassa epóxida ou de cimento não retráctil ou expansivo após se ter aplicado uma camada
de resina epóxida pura (Figura 147). Uma solução muito menos comum consiste em inserir
em furos diagonais no eixo da viga, previamente feitos e limpos de todos os detritos, estribos
de reforço, após o que os furos são preenchidos com uma argamassa epóxida (Figura 148).
Fig. 147 [12] - Reforço de uma viga ao esforço transverso sem aumento da sua altura
Em todos estes tipos de reforço, há que escorar as vigas a reforçar e, se possível, descarregá-
las para tirar o maior partido possível das armaduras adicionais. Pode-se mesmo utilizar meios
de escoramento activos que localmente aliviem os esforços.
Um método muito simples e eficaz de conferir maior resistência à viga quer à flexão quer ao
esforço transverso é o aumento da altura desta por adição de betão na zona de compressão.
Não é indispensável a introdução de armadura adicional e, se a superfície de contacto for ade-
quadamente tratada de acordo com o atrás referido, não é necessário colocar chumbadores pe-
lo que o processo se torna bastante económico. O seu principal inconveniente é o factor este-
tico-funcional que pode inviabilizar a solução. É fundamental para um bom funcionamento
em serviço da viga reforçada que esta seja descarregada antes dos trabalhos de reforço.
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Fig. 148 [22] - Reforço de uma viga ao esforço transverso através de varões diagonais
6.2.3. Lajes
No primeiro método, são executados roços na face traccionada da laje onde se verifica haver
deficiência de armadura (a meio vão para armaduras inferiores ou nos apoios para armaduras
superiores) na direcção longitudinal à armadura em falta. São eliminadas as partículas soltas e
o pó resultante da abertura dos roços e aplica-se resina epóxida em toda a superfície interior
dos roços. É colocada a armadura adicional (e a cofragem, se necessário) e betonados os roços
com um betão expansivo. A cura deve ser prolongada pelo menos por 10 dias [37]. Os
comprimentos de amarração da armadura adicional devem ser pelo menos 1.5 vezes os
regulamentares em circunstâncias normais [29]. Este processo é muito moroso e caro mas tem
a vantagem de não aumentar as cargas permanentes nos pilares e vigas adjacentes.
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Fig. 149 [43] - Diversos tipos de reforço de laje por espessamento desta
Quando é feito na face inferior (Figura 150), só se aumenta a capacidade resistente aos
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momentos positivos por não ser de esperar um bom funcionamento do espessamento na zona
dos apoios. A superfície inferior da laje é picada e limpa da leitada superficial e aplica-se e
aplica-se uma camada de resina epóxida em toda a extensão da laje. A armadura adicional é
fixada ao betão existente através de chumbadores que são introduzidos em furos previamente
executados para o efeito e preenchidos com resina epóxida. Os furos podem também servir
para introdução do betão pela face superior da laje. É colocada depois a cofragem e feita a
betonagem com betão projectado.
Por razões óbvias, este reforço é de mais fácil execução se o espessamento for feito na face
superior. O espessamento nessa face tem também a vantagem de aumentar a capacidade resis-
tente para momentos positivos e negativos (por aumento da armadura de tracção). O tratamen-
to da superfície do betão existente é semelhante ao atrás descrito não sendo tão fundamental a
aplicação da camada de resina epóxida. Mesmo que o reforço de capacidade resistente preten-
dido seja apenas em relação aos momentos positivos, deve-se colocar uma armadura na cama-
da de reforço junto às vigas e pilares não só para aumentar a capacidade resistente mas tam-
bém para controlo de fendas na nova camada (Figura 151). A utilização de chumbadores é dis-
pensável ainda que melhore a ligação entre os dois betões. Após a colocação das armaduras,
faz-se a betonagem de preferência com betão não retráctil. Por vezes, utilizam-se agregados
leves para diminuir o aumento das cargas permanentes. Verifica-se experimentalmente que as
lajes assim obtidas têm um funcionamento monolítico bastante satisfatório.
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Pode-se espessar a laje tanto superior como inferiormente por recurso a microbetão sendo a
sua execução uma conjunção dos métodos atrás referidos para um espessamento superior e
um inferior (Figura 152). Se a laje for fungiforme aligeirada pode-se maciçar um em cada
quatro caixões para melhorar o monolitismo da laje reforçada (Figura 153).
Fig. 152 [12] - Reforço de uma laje fungiforme à flexão por adição de camadas de betão e
armaduras tanto na face inferior como na superior
Fig. 153 [12] - Reforço de laje fungiforme ao esforço transverso por maciçamento de caixão
Ainda incluídos neste método de reforço, estão os que representam um aumento de resistência
ao punçoamento em lajes fungiformes. De acordo com Janney [4], a tensão resistente de
punçoamento por unidade de contorno crítico deve ser reduzida a metade do valor geralmente
tomado no cálculo de estruturas novas quando a estrutura existente apresenta danos
apreciáveis. Se se concluir que nestas condições a laje não obedece ao estado limite último de
punçoamento, há que considerar formas de reforço que passam sempre pelo espessamento da
laje junto ao pilar (Figura 155). Uma primeira hipótese é a execução de uma espécie de
“colarinho” de fricção na cabeça do pilar de forma tronco cónica (Figura 154).
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Fig. 154 [29] - Exemplo de um reforço ao punçoamento de uma laje através da adição de
betão e armadura em varão
Fig. 155 [12] - Reforço de uma laje ao punçoamento por construção de um colarinho de fricção
Para conseguir uma boa aderência, é indispensável, para além do tratamento normal da
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superfície exterior do pilar existente (picagem, limpeza e colagem com resinas), a introdução
de chumbadores em furos feitos no pilar existente preenchidos com resina epóxida. No topo
do cone, deve ser injectada uma argamassa de betão expansivo para garantir um perfeito
contacto do reforço com a laje existente [27].
Em alternativa, pode-se considerar a execução de capitéis no topo dos pilares e sob as lajes
(Figura 156). A superfície do pilar e laje existentes em contacto com o novo betão devem ser
tratadas convenientemente. O betão deve ser não retráctil ou de preferência expansivo. Para
conseguir uma boa aderência entre o reforço e a estrutura existente e devido ao problema de
assentamento do betão fresco e à sua possível retracção, devem ser feitos furos na laje
existente para colocação de armadura vertical para garantir uma resistência ao corte suficiente
na superfície de contacto [29].
Fig. 156 [29] - Execução de um novo capitel sob uma laje existente
Os furos devem ser preenchidos com argamassa à base de epóxidos após a cura do betão
novo. Para se conseguir uma betonagem eficiente, devem ser feitos pelo menos dois furos de
dimensões razoáveis na laje existente: um para introdução do betão e o outro para que haja
saída do ar e se evitem vazios na superfície de contacto [29]. Estes furos são preenchidos à
posteriori com argamassa de epóxidos ou de betão não retráctil. Em qualquer destes tipos de
reforço ao punçoamento, é indispensável um escoramento muito eficaz junto ao pilar e uma
descarga tão total quanto possível dos panos de laje adjacentes.
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Fig. 157 [12] - Reforço de uma laje ao punçoamento sem execução de capitel
O terceiro método referido consiste na betonagem de uma nova laje com armaduras inferior e
superior por cima da laje existente. Esta solução só deve ser aplicada quando se pretende
aumentar muito a capacidade resistente da laje existente pois em geral obriga a reforço dos
elementos estruturais adjacentes devido ao aumento das cargas permanentes. A execução da
laje não obriga a quaisquer cuidados especiais pois no seu cálculo assume-se que a laje nova e
a antiga não têm qualquer interacção funcionando em paralelo, ou seja, com iguais
deformações verticais. Por outras palavras, a capacidade resistente total é tomada apenas
como a soma das capacidades resistentes consideradas isoladamente o mesmo se passando
com a rigidez total. Esta solução só é possível se não houver limitações graves de pé direito.
O quarto método referido consiste na introdução de vigas ou bandas de rigidez numa laje de
forma a diminuir os seus vãos de cálculo e, consequentemente, os esforços de cálculo. No
primeiro caso, o principal problema é conseguir que o sobre-espessamento local da laje que
vai formar a nova viga funcione em conjunto com a laje.
Se a nova viga for invertida, o problema é bastante menos grave e recorre-se a uma técnica
semelhante à atrás descrita para espessamentos de laje na sua face superior. A laje é escorada
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de cada lado da futura viga e, se possível, descarregada de parte das cargas permanentes. É
então feita uma preparação da face superior da laje na zona onde se irá situar a viga de acordo
com o atrás referido. Os estribos da nova viga devem, se possível, ser amarrados na face
inferior para tal realizando furos na laje. Esta solução é inestética mas é a mais eficaz. Em
alternativa, podem ser soldados aos varões existentes da laje ou chumbados nesta. Estes
estribos devem ser dimensionados para o esforço transverso e como armadura de suspensão
para a totalidade da reacção das lajes devida às acções que actuam após a realização do
reforço. Após a colocação da armadura longitudinal superior, realiza-se a betonagem da nova
viga com betão não retráctil. A armadura longitudinal inferior, indispensável na zona de
momentos positivos, é colocada após a abertura de sulcos longitudinais na face traccionada da
laje e respectivo tratamento. O espaço deixado livre é preenchido com uma argamassa
epóxida ou de betão de alta resistência não retráctil.
Se a nova viga não for invertida, o processo é bastante semelhante, ainda que o problema de
conseguir a aderência entre o novo betão e o existente se agrave. Por isso, é indispensável a
utilização de uma camada de resina epóxida na face inferior da laje onde surgirá a nova viga
após tratamento adequado da superfície de contacto. A ligação deverá preferencialmente ser
complementada por chumbadores introduzidos em furos previamente feitos para o efeito e
preenchidos com resina epóxida.
Finalmente, o recurso a bandas de rigidez tem a grande vantagem de não ser visível
exteriormente por não implicar espessamento da laje. Por outro lado, a rigidez das novas
“vigas” é muito pequena, o mesmo acontecendo com a altura útil da respectiva armadura de
tracção, pelo que as bandas têm de ser bastante largas. A armadura de tracção deverá ser
colocada por um processo semelhante ao atrás descrito para as vigas invertidas.
Todos estes métodos podem também servir o objectivo de rigidificar a estrutura em relação às
acções horizontais por criação de um diafragma horizontal distribuidor de esforços e que
permita a compatibilização de deslocamentos dos diversos elementos estruturais verticais. De
facto, para que uma laje possa ser considerada um diafragma rígido, o número mínimo de
elementos rigidificadores de que necessita é três, para resistir à acção lateral em duas
direcções perpendiculares assim como aos efeitos de torção.
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possível para que as armaduras existentes não fiquem sobretensionados em serviço em relação
às armaduras adicionais após o reforço.
6.2.4. Pilares
Nos reforços deste tipo em pilares, pode-se ou não tirar proveito do efeito de confinamento das
armaduras transversais adicionais que, ao criarem um estado triaxial de tensões, permitem au-
mentar a carga de rotura do pilar inicial e a sua contribuição para a capacidade resistente total.
Isto corresponde respectivamente a considerar cintas circulares ou cintas rectangulares [12].
No segundo caso, a espessura mínima da camada adicional do betão normal (não projectado)
está condicionada pela facilidade de colocação em obra e pelo tamanho máximo do agregado
utilizado. Daí que esse valor esteja em geral limitado a 10 cm excepto nos casos em que se
dispõe de meios adequados, se utilizam superplastificantes e agregados de tamanho máximo
não superior a 20 mm, em que a espessura mínima pode baixar aos 6 cm [12]. Por outro lado,
esta espessura mínima é obviamente condicionada pelo nível de reforço que se pretende
conferir ao pilar (Figura 158).
Fig. 158 [12] - Reforço de um pilar por encamisamento de betão e armadura em varão
A ligação dos dois betões em pilares é mais fácil que em lajes ou vigas por haver aderência
entre estes e assim se evitar o aparecimento de efeitos secundários [12].
Para melhorar essa mesma aderência, é necessário picar a superfície do pilar inicial para lhe
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retirar a leitada superficial, eliminar os troços de betão solto a jacto de areia, limpar o pó que
se tenha produzido com ar comprimido e aplicar uma camada de resina epóxida na superfície
de contacto com o betão novo. Em alternativa, deve-se saturar a superfície do betão existente
durante pelo menos 6 horas. [37] Antes de a resina endurecer, coloca-se as armaduras
longitudinais e transversais adicionais (todas as armaduras longitudinais adicionais devem
estar cintadas convenientemente de acordo com a regulamentação vigente, ignorando-se para
esse efeito as cintas existentes no pilar após remoção do betão deteriorado) e betona-se a
camada de reforço por troços de 0.5 a 1.5 m de altura de acordo com a facilidade de colocação
em obra [12]. Como o tempo decorrido entre a aplicação da resina e a betonagem pode ser
muito variável devido à necessidade de colocação das armaduras e montagem das cofragens, é
necessário que a resina epóxida tenha um tempo de presa adequado à duração dessas
actividades. Neste caso, a própria retracção do betão da camada de reforço contribui para
melhorar a aderência entre os dois betões. As superfícies do betão novo devem manter-se
saturadas durante pelo menos 10 dias [37].
Este tipo de reforço não tem de ser necessariamente simétrico em relação ao pilar existente se
houver para isso razões fortes de índole funcional ou arquitectónica (Figura 159). Pode-se
então recorrer à execução de um “pilar” adicional junto ao existente que lhe é ancorado
através de varões roscados ou pré-esforçados. Se numa ou mais das faces não se realizar o
encamisamento, devem ser considerados furos para introdução de cintas posteriormente
preenchidos com resina epóxida [22].
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Quando estes são localizados numa zona restrita e o pilar inicial tem uma capacidade
resistente residual estimada de pelo menos 45%, pica-se toda a superfície exterior do pilar
nessa zona, elimina-se todo o betão desintegrado e prepara-se as superfícies de betão são.
Solda-se as armaduras principais necessárias e coloca-se cintas de pelo menos ø8//0.10 na
zona danificada com uma camada de espessura conveniente. Em alternativa, pode-se recorrer
a uma gunitagem com uma espessura mínima de 3 cm e numa altura para cada lado da zona
afectada de pelo menos 1.5 vezes a maior dimensão do pilar [12] (Figura 160).
Quando os danos são muito importantes e em quase toda a extensão do pilar (sismos), a
capacidade resistente residual pode ficar reduzida a valores da ordem dos 10%. Nesse caso,
pica-se toda a superfície exterior e elimina-se o betão desintegrado de forma a pôr a descoberto
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Fig. 161 [12] - Reforço de pilares bastante danificados com recurso a conectores feitos em obra
Pode ocorrer que, por erro de execução, só seja necessário reforçar uma das faces do pilar em
cujo caso o reforço é em tudo semelhante ao primeiro método referido para as vigas.
Quando se reforça um pilar em toda a sua altura, a fase mais complicada é a betonagem do
troço superior (25 a 30 cm) junto à laje [12]. Uma forma de resolver o problema é betonar e
compactar o betão através de um orifício realizado na laje. Este processo é complicado,
moroso, caro, susceptível de por em perigo a capacidade resistente da laje e, por isso, nem
sempre possível. Em alternativa, betona-se até à máxima altura este último troço e enche-se o
intervalo até à laje com argamassa ou betão muito secos (dry pack) e, se possível, expansivos.
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A entrega das armaduras adicionais nas sapatas (Figura 162) deve ser feita por carotagem de
betão na profundidade de cerca de 15 diâmetros [28], sendo em seguida introduzida a
armadura que deve ser nervurada. A seguir, sela-se com argamassa epóxida.
Fig. 162 [28] - Reforço de um pilar tirando ou não partido da resistência da secção pré-
existente; pormenor da ancoragem das armaduras de fundação
Neste tipo de reforço, a armadura de reforço pode também ser conseguida à custa de rede
electrossoldada (Figura 163).
Quando se pretende tirar proveito do efeito de confinamento do pilar inicial, recobre-se o pilar
com uma envolvente geralmente cilíndrica capaz de se opor às dilatações transversais do pilar
inicial quando este é submetido a um esforço de compressão axial (Figura 162). As cintas
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Este efeito de contenção do betão pré-existente pode também ser conseguido através de
varões de aço macio com um diâmetro entre 5 e 6 mm previamente aquecidos e depois
martelados à volta do elemento até formar uma espiral rectangular com um passo de
aproximadamente 30 mm [13]. Esta solução pode ser complementada com cantoneiras
metálicas ou varões redondos colocados nos cantos e que são abraçados pela espiral assim
constituída. A espiral é-lhes então soldada em particular nos topos (Figura 164).
Só se deve considerar como secção útil do betão para efeitos resistentes a compreendida no
círculo interior das cintas [12]. O betão de recobrimento tem apenas uma função estética e de
protecção das armaduras contra a corrosão não sendo de estranhar eventual fendilhação que
nela surja devida à transmissão de tensões de tracção pelas cintas. Esta fendilhação não é
portanto indicadora de um estado limite último [12].
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realizar a betonagem. O diâmetro máximo dos agregados empregues não deve ultrapassar os
20 mm para que não se criem vazios por detrás das armaduras [12].
Como método alternativo aos anteriormente descritos, tem-se a solidarização de dois pilares
situados próximos em planta (Figura 165). Esta solidarização pode dar-se apenas ao nível da
base ou ocorrer em toda a altura correspondendo a um aumento drástico na rigidez global dos
pilares. O método de execução é semelhante aos atrás descritos e implica o descasque e
posterior limpeza das superfícies exteriores dos pilares que vão estar em contacto com o novo
betão. As armaduras existentes devem ser postas a descoberto. Após a colocação de uma
camada de resina epóxida de pot life adequada nessas superfícies, é soldada a armadura
adicional à existente, são colocadas as cofragens e é feita a betonagem por camadas e, de
preferência, com betão não retráctil. A cura deve ser particularmente cuidadosa para evitar a
formação de fendas de retracção nas superfícies de contacto entre os dois betões [24].
6.2.5. Paredes
Nos primeiros, aumenta-se a espessura da parede em todo o seu comprimento (Figura 166a).
Nos segundos, o reforço faz-se nas extremidades da parede (Figuras 166b e 167). Existem
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também possibilidades de reforço misto em que tanto a alma como os topos da parede são
aumentados (Figuras 166c e 166d).
Tal como acontece nos outros reforços deste tipo em pilares, vigas e lajes, o principal
problema é garantir uma boa aderência entre o novo material e o existente para se conseguir
um funcionamento de conjunto, tanto quanto possível monolítico. Para tal, toda a superfície
da parede deve ser picada para ficar com uma textura rugosa e para perder a camada de leitada
superficial. As partículas soltas e o pó devidos aos trabalhos devem ser eliminados recorrendo
a um jacto de areia.
Para além destas, devem ser tomadas outras medidas no sentido de “ancorar” efectivamente a
nova camada de betão na parede existente [13] [27]. Pode-se recorrer à execução de pequenos
cubos de betão ancorados na parede existente e protuberantes desta (Figura 168), à soldagem
de varões conectores de forma adequada aos varões existentes, à introdução de varões
roscados ou mesmo pré-esforçados, varões tipo estribo chumbados na parede existente (por
execução de pequenos furos que são preenchidos com resina epóxida, argamassa muito seca
(dry pack) ou não retráctil após a introdução dos varões) a intervalos regulares (Figura 168), à
introdução de laços pouco espaçados nos topos da parede chumbados à parede existente
(Figura 168) ou ao disparo de rebites que ficam protuberantes na parede existente.
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A aderência pode ainda ser aumentada com a execução de “dentes” na parede existente
conseguida fazendo roços espaçados regularmente (Figura 169).
A superfície da parede existente é então barrada com uma camada de resina epóxida, após o
que se coloca a armadura de reforço que pode ser uma malha electrossoldada e se procede à
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sua gunitagem com betão não retráctil. No caso de estruturas de betão armado com paredes de
enchimento de alvenaria, é bastante comum retirar uma ou duas fiadas de tijolos e substitui-
los por betão projectado [27]. Com este método de reforço de paredes existentes, consegue-se
com frequência manter a sua dimensão inicial e, ao mesmo tempo, reduzir o peso adicional a
introduzir no sistema de fundações existentes. Como as fachadas exteriores são geralmente as
mais decorativas e é portanto mais importante a sua preservação, este tipo de reforço é em
geral feito do interior da estrutura. Devem ser tomadas precauções para uma ancoragem
adequada de elementos decorativos não estruturais existentes (através de chumbadores, perfis
metálicos, varões do tipo estribo, varões roscados ou pré-esforçados, injecção de espuma
cerâmica à base de epóxidos, etc.) protegida contra a corrosão (Figura 170).
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Fig. 169 [27] - Ancoragem da camada de betão novo ao existente através de um denteado
executado na parede pré-existente
A resina deve ter uma pot life adequada ao trabalho que se está a realizar. Após a sua
aplicação, é ainda necessário colocar as armaduras adicionais e a cofragem (quando
necessária) e preparar a betonagem. Se o novo betão não for aplicado antes de se iniciar a
polimerização da resina, encontrará uma superfície completamente vidrada onde a aderência
será quase nula [37]. Embora o betão colocado em obra por meios tradicionais também seja
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usado, o betão projectado tem neste caso claras vantagens (não utilização de cofragem, maior
rapidez de aplicação, melhor controlo da superfície betonada e da existência de vazios,
garantia de melhor aderência, etc.). A superfície exterior deve ser curada durante pelo menos
10 dias. Se não se recorrer à aplicação de resina epóxida, a superfície do betão existente deve
ser saturada durante pelo menos 6 horas antes da betonagem.
As zonas da base e do topo deverão ser sempre cuidadosamente tratadas. Na base, para
permitir uma adequada entrega do betão e das armaduras de reforço; no topo, para assegurar
que a resistência do novo betão é mobilizada, evitando-se qualquer descontinuidade resultante
da retracção e da possível presença duma camada de leitada que sobrenade durante a
betonagem (betão tradicional) [26]. As armaduras verticais adicionais devem ter continuidade
através das lajes para o que o melhor sistema é a execução de furos nestas nos quais são
introduzidos os varões que são depois injectados com resina epóxida (Figura 171).
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Estas noções aplicam-se não só ao tipo de reforço em estudo neste subcapítulo como também
a todos os que se referirão no âmbito do presente capítulo.
Fig. 172 [22] - Esforços que podem pôr em causa a aderência perfeita entre o betão existente e
o novo (da esquerda para a direita, de corte, tracção e flexão)
6.2.6.2. Pilares
Compressão simples
NRd = 0,85 (fcd,i Ac,i + fcd,r Ac,r) + mín{2‰ Es,i As,i; fsyd,i As,i}+
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em que:
NRd - valor de cálculo do esforço normal resistente do pilar após o reforço;
fcd,i; fcd,r - valor de cálculo da tensão de rotura à compressão respectivamente do
betão existente e do novo;
Ac,i; Ac,r - área da secção transversal do pilar respectivamente do betão existente e
do novo;
Es,i; Es,r - módulo de elasticidade do aço respectivamente das armaduras ordinárias
existentes e das adicionais;
fsyd,i; fsyd,r - valor de cálculo da tensão de cedência ou da tensão limite convencional
de proporcionalidade a 0.2% à tracção do aço respectivamente das
armaduras ordinárias existentes e das adicionais;
As,i; As,r - área total da secção respectivamente das armaduras ordinárias existentes
e das adicionais;
NSd - valor de cálculo do esforço normal actuante no pilar após o reforço.
A fórmula é pacífica excepto na atribuição de valores para fcd,i e fsyd,i. A resistência residual
dos materiais existentes antes do reforço depende de uma série de factores dos quais avultam
o tipo de deterioração, a intensidade da acção ou agente danificador e o período de tempo sem
tomada de medidas correctivas [16]. Foram então referidos coeficientes pseudo-quantitativos
para ter em conta a degradação das propriedades dos materiais existentes que se passará a
denominar de ci [13]. Foi também referida a abordagem do problema que consiste na adopção
de coeficientes adicionais γf e γm [13] que tomam respectivamente em conta a correcção das
esforços a considerar nos cálculos e a correcção das capacidades resistentes dos materiais. Em
face destas diferentes abordagens, poder-se-ia pensar nas seguintes formas alternativas de
verificação do pilar reforçado à compressão simples:
substituir na fórmula anterior fcd,i por ci fcd,i e fsyd,i por ci fsyd,i com NRd ≥ NSd.
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substituir na fórmula anterior fcd,i por (fcd,i / γm,c) e fsyd,i por (fsyd,i / γm,s) com NRd ≥
γf NSd (as próprias características dos materiais de reforço são susceptíveis de ser
Toda a formulação e conclusões atrás referidas partem do princípio de que o pilar inicial é
completamente descarregado antes da colocação em serviço do reforço pelo que a totalidade
do esforço normal de cálculo é já aplicada no pilar reforçado. Se tal não acontecer, isto é, se
houver cargas aplicadas no pilar existente antes de o reforço ser efectivado (o que acontece na
realidade praticamente sempre), a situação é outra pois vai haver desigualdade na distribuição
de tensões de corte na secção reforçada. Duas análises limite se podem fazer:
uma primeira, em que se admite que a secção tem uma capacidade de redistribuição das
tensões de compressão infinita, pelo que o estado limite último só é atingido quando a
resistência de todos os seus componentes tiver sido esgotada; cai-se então numa
formulação igual à atrás referida e portanto independente do nível de cargas antes da
execução de reforço;
uma segunda, em que se admite não haver qualquer redistribuição lateral das tensões de
compressão instaladas no betão existente e, portanto, a secção rompe quando a sua
componente mais fraca atingir a rotura, ou seja, quando atingir o estado limite último
convencional para extensões quer no betão quer no aço de 2‰ (compressão simples);
nesse caso virá:
∆N = ∆N,i + ∆N,r = ∆N,i + 0.85 fcd,r (∆ε - 250 ∆ε2) x 103 Ac,r +
NRd = 0,85 [fcd,i Ac,i + fcd,r (∆ε - 250 ∆ε2) x 103 Ac,r] +
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+ mín{2‰ Es,i As,i; fsyd,i As,i} + mín{∆ε Es,r As,r; fsyd,r As,r} com NRd ≥ NSd (34)
em que:
ε,i - extensão na secção transversal do pilar existente antes da colocação em serviço do
reforço;
∆ε - extensão adicional admissível na secção transversal do pilar após a execução do re-
forço até este atingir o estado limite último convencional de compressão simples;
N0 - esforço normal de cálculo associado às acções que actuam o pilar antes do
funcionamento do reforço, não afectado dos coeficientes de majoração;
∆N - esforço normal de cálculo associado às acções que podem actuar o pilar após a
entrada efectiva em funcionamento do reforço e tal que N + ∆N = NRd ≥ NSd;
Repare-se que, para Ac,r = As,r = 0 (ou seja, quando não há reforço), vem:
NRd = 0.85 fcd,i Ac,i + mín{2‰ Es,i As,i; fsyd,i As,i} (35)
Quando:
(ou seja, quando a carga inicial corresponde já ao estado limite último de compressão simples
do pilar existente), vem:
∆ε = 0 (37)
NRd = 0.85 fcd,i Ac,i + mín{2‰ Es,i As,i; fsyd,i As,i} (38)
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Quando N0 = 0, (ou seja, quando não há carregamento inicial no pilar existente antes da
execução do reforço), vem:
∆ε = 2‰ (39)
NRd = 0.85 [fcd,i Ac,i + fcd,r Ac,r] + mín{2‰ Es,i As,i; fsyd,i As,i} +
+ mín{2‰ Es,r As,r; fsyd,r As,r} (40)
ou seja, volta-se à primeira situação aqui referida em que a resistência total é igual à soma das
resistências do pilar existente e do reforço.
NRd = 0.85 fcd,r Ac,r + mín{2‰ Es,r As,r; fsyd,r As,r} (41)
A realidade situar-se-á algures entre estas duas abordagens extremas. A segurança manda que
se aceite o segundo método mas só um vasto programa de ensaios permite tirar conclusões
definitivas sobre este assunto de forma a originar disposições regulamentares aplicáveis a este
tipo de reforço, disposições essas cada vez mais necessárias.
O problema em qualquer das análises é a aferição dos coeficientes correctivos. Ainda que já
exista muito trabalho desenvolvido neste campo, ainda se está longe de conseguir uma
unanimidade de opiniões no sentido da implementação de regulamentação adequada. No
estado actual do conhecimento, existem várias indicações e métodos de cálculo semi-
empíricos, uns mais conservativos que outros.
Por exemplo, Cánovàs [12] defende que, em encamisamentos de pilares sem cintas circulares,
o reforço deve ser dimensionado para resistir por si só à totalidade da carga vertical
prescindindo-se da contribuição do núcleo.
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Quando se coloca cintas circulares, o confinamento conferido por estas permite contar com a
contribuição do núcleo existente sem nunca ultrapassar o valor:
Flexão composta
A verificação dos pilares reforçados à flexão composta é um pouco mais complexa que a atrás
descrita para a compressão simples. Devido à variação das tensões no material em função da
sua extensão e das suas relações constitutivas, é necessário to mar em conta a forma do núcleo
existente e do reforço. Isto conseguir-se-á através da adaptação de programas de cálculo
automático já existentes à possibilidade de haver materiais distintos dentro da secção. Tal
como acontecia na compressão simples, o principal problema é a estimação das propriedades
mecânicas dos materiais existentes.
em que:
Ac,i - área da secção de betão pré-existente;
Ac,r - área de secção de betão adicional;
VRd,r - esforço transverso resistente de cálculo do elemento reforçado a usar nos cálculos;
VRd,r´ - esforço transverso resistente de cálculo calculado como se o elemento reforçado
fosse monolítico.
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Para danos de pequena monta, a zona reforçada deve estender-se para além dos limites
inferior e superior da zona danificada de pelo menos 1.5 vezes a maior dimensão do pilar;
para danos de maior monta, é recomendável que o encamisamento se faça em toda a altura do
troço danificado.
6.2.6.3. Paredes
A verificação das paredes reforçadas levanta problemas semelhantes aos referidos em relação
aos pilares pelo que não se lhes referirá especificamente.
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Chama-se a atenção para a maior sensibilidade da função estrutural das paredes à possível
fendilhação.
6.2.6.4. Vigas
Flexão simples
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No exemplo seguinte (Figura 203), aplica-se o método do diagrama rectangular a uma viga
rectangular reforçada à flexão por encamisamento e em que se assumiu uma descarga total da
mesma antes da colocação em serviço do reforço.
Equações de equilíbrio:
N = 0 <=> 0.85 (fcd,r br ∆h) + 0.85 [(fcd,i b,i + fcd,r (b,r - b,i)]
M = MRd <=> 0.85 (fcd,r br ∆h) (0.8 x - ∆h / 2) + 0.85 [(fcd,i b,i + fcd,r (b,r - b,i)] (0.8 x -
- ∆h)2 / 2 + fsyd,i As,i (d,i - 0.8 x) + fsyd,r As,r (d,r - 0.8 x) = MRd ≥ MSd (conhecido) (46)
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Pode então acontecer que toda esta carga possa introduzir nos materiais existentes extensões
próximas da extensão de rotura, em cujo caso basta um pequeno incremento de carga para
levar ao estado limite último convencional por rotura dos materiais existentes. Nesse caso, a
contribuição dos materiais do reforço é pequena por serem pequenas as extensões a que ficam
sujeitos quando a secção rompe e há portanto um subaproveitamento desses materiais.
Esta situação será tanto mais agravada quanto maior for a classe do aço da armadura de refor-
ço e portanto a sua extensão de cedência, tornando assim mais improvável a possibilidade de
trabalhar na sua tensão máxima admissível (fsyd,r). Daí não convir utilizar varões de alta
resistência deste tipo de reforço sendo, nesta perspectiva, o aço mais recomendável o A235.
Em face do que foi dito, é recomendável fazer-se uma análise incremental de extensões
(Figura 174) sempre que não se descarregue totalmente a viga existente e portanto seja de
temer que a hipótese de que todos os materiais estão a ser explorados na sua capacidade
máxima possa estar em causa.
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em que:
M0 - momento flector de cálculo associado às acções de cálculo que actuam a viga antes
do funcionamento efectivo do reforço, não afectado dos coeficientes de majoração;
∆M - momento flector de cálculo associado às acções que podem actuar a viga após a
entrada efectiva em funcionamento do reforço.
Em teoria, põe-se quatro hipóteses de atingir um estado limite último de flexão na viga
reforçada ainda que só as duas seguintes tenham fortes probabilidades de ocorrer:
1) εc,i = 3.5‰
εc,r ≤ 3.5‰ (esta condição é redundante uma vez que, se não fosse satisfeita, o estado
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2) εs,i = 10.0‰
εc,i ≤ 3.5‰ (esta condição é redundante uma vez que, se não fosse satisfeita, o estado
As outras duas hipóteses seriam εc,r = 3.5‰ e εs,r = 10.0‰ que só poderiam ocorrer se M0
Para verificação dos estados limite de utilização, é indispensável uma análise incremental de
tensões e extensões do tipo da atrás referida. Em face das extensões e das relações
constitutivas dos vários materiais, é possível obter as tensões neles instaladas para cada nível
de solicitação em serviço. As relações constitutivas dos materiais do reforço deverão ser as
regulamentares caso se trate de materiais convencionais. Se se tratar de materiais não
regulamentados (betão projectado, por exemplo) devem ser utilizadas com alguma precaução
relações constitutivas estabelecidas pelo fabricante e confirmadas por laboratórios idóneos.
Quanto aos materiais existentes, põe-se a eterna questão de saber quanto “valem” pelo que as
relações constitutivas deverão ser estimadas com base em ensaios ou literatura especializada e
com margens de segurança acrescidas.
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colocação em carga da viga inicial até à entrada em serviço do reforço, na qual a secção a
considerar é a inicial; uma final, que vai desde a entrada em serviço do reforço até ao tempo
infinito, na qual a secção a considerar é a reforçada com uma única camada equivalente de
armadura de tracção e uma única camada equivalente de armadura de compressão. Em cada
fase, deve ser considerada, para efeito de determinação do aumento da flecha por fluência, a
carga de serviço que corresponda à combinação de acções regulamentar em causa. Deve
também ser tomada em conta a eventual descarga da viga existente antes do reforço que
corresponderá a uma diminuição da flecha elástica.
No que se refere ao estado limite de fendilhação, parece evidente que o problema do controlo
de tensões máximas de tracção nas armaduras é de certa forma transladado para a camada da
armadura de reforço. De facto, desde que as fendas da viga existente sejam injectadas antes da
aplicação do reforço, a distância média e a largura máxima das fendas passa a depender
principalmente da camada de armadura mais exterior, ou seja, a de reforço. Uma vantagem
evidente é o facto de as tensões máximas na armadura diminuírem bastante, pois a armadura
de reforço só é solicitada pelas acções aplicadas após a entrada efectiva em serviço do
reforço. No entanto, é necessária investigação neste campo de forma a permitir a elaboração
de regulamentação adequada a este tipo de reforço já que é difícil de aceitar que a armadura
inicial não tenha qualquer influência na determinação da largura máxima de fendas.
Uma outra via possível seria o desenvolvimento de tabelas de dimensionamento para os tipos
de reforço por encamisamento mais comuns. Esta solução depara com um problema grave que
é a quantidade de parâmetros que podem variar para além dos já considerados nas tabelas
normais para vigas novas. Entre eles, refere-se o tipo de reforço, a espessura da camada de
betão de encamisamento e sua relação com as dimensões da peça existente, a quantidade de
armadura existente, a altura útil desta em relação à altura total, a classe do aço das armaduras
adicionais, a classe do betão adicional, etc.. Acima de tudo, a principal dificuldade está em
estimar a resistência dos materiais existentes cuja variabilidade é muito grande.
Para betão colocado da forma tradicional, recomenda-se que o encamisamento constitua pelo
menos 1/3 da largura ou espessura do elemento pré-existente [13] (Figuras 175 e 176).
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Fig. 175 [13] - Eficiência relativa do reforço à flexão de vigas por utilização de betão
projectado em função do aumento de secção relativo
Fig. 176 [13] - Eficiência relativa do reforço à flexão de lajes por utilização de betão
projectado em função do aumento de secção relativo
Esforço transverso
Formulação:
VRd = Vcd,i + Vcd,r + Vwd,i + Vwd,r = τ1,i b,i d,i + τ1,r (b,r - b,i) d,r + 0.9 d,i (Asw / s),i
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fsyd,i (1 + cotg α,i) sen α,i + 0.9 d,r (Asw / s),r fsyd,r (1 + cotg α,r) sen α,r (50)
Fig. 177 - Exemplo de aplicação de uma viga reforçada por encamisamento (esforço
transverso) descarregada totalmente antes da aplicação do reforço
em que:
VRd - valor de cálculo do esforço transverso resistente;
Vcd,i; Vcd,r - termo corrector da teoria da treliça de Mörsch relacionado respectiva-
mente com o betão existente e o novo;
Vwd,i; Vwd,r - parcela do valor de cálculo do esforço transverso resistente que depende res-
pectivamente da armadura de esforço transverso existente e da adicional;
τ1,i; τ1,r - tensões relacionadas com os valores de cálculo do esforço transverso
Toda a formulação e conclusões atrás referidas partem do princípio que a viga inicial é
completamente descarregada antes da colocação em serviço do reforço pelo que a totalidade
do esforço transverso de cálculo é já aplicada na viga reforçada. Se tal não acontecer, isto é,
se houver cargas aplicadas na viga existente antes de o reforço ser efectivado, a situação é
outra pois pode haver desigualdade na distribuição de tensões de corte na secção reforçada.
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uma primeira, em que se admite que a secção tem uma capacidade de redistribuição total
das tensões de corte, pelo que o estado limite último só é atingido quando a resistência de
todos os seus componentes tiver sido esgotada; cai-se então numa formulação igual à
atrás referida e, portanto, independente do nível de cargas antes da execução do reforço;
é, no entanto, necessário fazer uma verificação adicional das tensões máximas de
compressão no betão da seguinte forma:
em que:
V0 - esforço transverso de cálculo associado às acções que actuam a viga antes do
funcionamento efectivo do reforço, não afectado dos coeficientes de majoração;
∆V - esforço transverso de cálculo associado às acções que podem actuar a viga após a
entrada efectiva em funcionamento do reforço tal que V0 + ∆V = VRd ≥ VSd;
τ2,i - tensão relacionada com o valor de cálculo do esforço transverso para o betão
existente
uma segunda, em que se admite não haver qualquer redistribuição lateral das tensões de
corte e portanto a secção rompe quando a sua parte mais fraca atingir a rotura; nesse caso
virá (Figura 178):
Fig. 178 - Exemplo de aplicação de uma viga reforçada por encamisamento (esforço
transverso) descarregada apenas parcialmente antes da aplicação do reforço
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Formulação:
VRd = V0 + ((Vcd,i + Vcd,r + Vwd,i + Vwd,r) / (Vcd,i + Vwd,i)) (Vcd,i + Vwd,i - V0) =
= Vcd,i + Vcd,r + Vwd,i + Vwd,r - ((Vcd,r + Vwd,r) / (Vcd,i + Vwd,i)) V0 (52)
Repare-se que, para Vcd,r + Vwd,r = 0 (ou seja, quando não há reforço), vem:
Quando
(ou seja, quando a carga inicial já provoca a rotura da viga existente por esforço transverso),
vem:
Quando V0 = 0 (ou seja, quando não há carregamento inicial na viga existente antes da
execução do reforço), vem:
ou seja, volta-se à primeira situação aqui referida em que a resistência total é igual à soma das
resistências da viga existente e do reforço.
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A realidade situar-se-á algures entre estas duas abordagens extremas. A segurança manda que
se aceite o segundo método mas só um vasto programa de ensaios pode tirar conclusões
definitivas sobre este assunto de forma a originar disposições regulamentares aplicáveis a este
tipo de reforço.
Para além dos já citados, há que tomar em conta os seguintes aspectos [26]:
a secção e afastamento dos estribos e varões inclinados devem ser tais que em serviço não
se ultrapassem tensões de cerca de 50% das normalmente consideradas de segurança;
a tensão tangencial entre as faces dos betões de idades diferentes não deve ultrapassar os
valores regulamentares correspondentes à contribuição do betão mais fraco no
dimensionamento ao esforço transverso; tais valores só devem ser considerados desde
que se adoptem medidas específicas que assegurem a boa ligação entre betões como, por
exemplo, a introdução de materiais de colagem, utilização de aditivos anti-retracção ou
aplicação de armaduras transversais de costura.
em que:
VRd,r - esforço transverso resistente de cálculo do elemento reforçado a usar nos cálculos;
VRd,r´ - esforço transverso resistente de cálculo calculado como se o elemento reforçado
fosse monolítico.
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em que:
fsyd,r - valor de cálculo da tensão de cedência à tracção da armadura de reforço a
utilizar nos cálculos;
fsyd,r´ - valor de cálculo da tensão de cedência à tracção da armadura de reforço.
em que:
(Asw / s),r - armadura transversal do reforço;
d,r - altura útil da peça após o reforço;
Vcd,r + Vwd,r - acréscimo da capacidade resistente total da peça após o reforço.
rugosidade da superfície de contacto - de acordo com o Bulletin n.º 162 do C.E.B. [13], a
adesão entre dois betões de idade diferente varia entre 1.0 MPa para uma superfície lisa e
1.9 MPa para uma superfície endentada (saw-tooth na literatura anglo-saxónica), valendo
1.7 MPa para uma superfície tratada a jacto de areia;
tratamento da superfície de contacto - a remoção da camada de leitada do betão através de
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Por outro lado, concluiu-se que a adesão não é afectada significativamente pelos seguintes
factores [13]:
classe do betão;
retracção e fluência;
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idade relativa dos betões (não há ainda dados conclusivos sobre a influência deste factor
ainda que a aderência pareça ser menor quando as idades diferem menos de 7 dias do que
no caso contrário).
A carga transmitida por atrito na superfície de contacto entre dois betões de idades diferentes
é influenciada pelos seguintes factores [13]:
A existência de armadura transversal vai fazer aumentar o efeito de fricção (Figura 181)
através de um mecanismo do tipo do representado na Figura 180.
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Fig. 180 [13] - Sucessão de fenómenos que ocorrem na mobilização do atrito devido ao efeito
da armadura transversal: (1) é aplicada uma tensão de corte na superfície de contacto; (2) dá-
se um deslocamento relativo das superfícies em contacto na direcção da tensão; (3) em
consequência das irregularidades na superfície de contacto, cria-se uma abertura entre os dois
betões; (4) esta abertura mobiliza tensões de tracção na armadura transversal; (5) pelo
princípio da acção e da reacção, surgem tensões de compressão adicionais normais à
superfície de contacto nos pontos em que os dois betões estão ainda em contacto; (6) é
mobilizada por atrito uma resistência ao corte adicional
Fig. 181 [13] - Resistência ao corte em função da armadura transversal, da tensão normal
exterior e do tratamento da superfície de contacto
É grande a influência que pode ter na ligação entre dois betões a existência de varões embebi-
dos no betão pré-existente e protuberantes deste. Estas podem servir para complementar e ga-
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rantir a aderência total dos dois materiais. Para pequenos deslocamentos, o regime de trabalho
dos varões e betão adjacente é quase-elástico passando a plástico à compressão quando
associado à formação de uma rótula plástica para deslocamentos maiores [13] (Figura 182).
Fig. 182 [13] - Lei constitutiva extremamente simplificada para varões embebidos no betão
sujeitos a um carregamento monotónico
Na Figura 183, estão explícitas as duas fases para uma análise extremamente simplificada
baseada nas hipóteses de reacção do substrato (módulo de Winkler) geralmente utilizadas para
estimar o comportamento de estacas sob cargas horizontais.
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A eficiência desta ligação diminui, no entanto, de uma forma drástica para cargas cíclicas até
quase se anular por desagregação do betão junto à superfície de contacto dos dois betões.
Para se garantir a transmissão de forças entre varões diferentes pode-se recorrer quer a empal-
mes quer a soldaduras quer ainda a pequenos troços de armadura adicional. Nos empalmes,
parte-se do princípio que, em cada ponto do empalme, as forças são transmitidas de um dos
varões para o betão circundante por aderência e deste para o outro varão [13]. Essa transferên-
cia pode ser feita em regime plástico, em regime elástico ou num misto dos dois (Figura 184).
Fig. 184 [13] - Distribuição de tensões assumida na transmissão de forças entre varões
empalmados
Quando se solda varões, é necessário verificar se a propagação de calor não irá causar
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As ligações em que se recorre a varões adicionais podem ser do tipo rígido (pequenos troços
de varões de grande diâmetro amarrados ou soldados aos varões que se pretende ligar) ou do
tipo flexível (varões de menor diâmetro em forma de cavalete e com maiores comprimentos).
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Para qualquer dos tipos de ligações entre varões, o papel da armadura transversal adicional é
de grande importância. Nos empalmes, a contribuição desta armadura para a resistência por
aderência e para a ductilidade adiciona-se à do próprio betão de recobrimento. Nas ligações
soldadas, a presença destas armaduras é necessária para o equilíbrio de forças na ligação
assim como na redução da tendência para o alongamento local das armaduras adicionais [13].
Para ligar as armaduras adicionais ao betão pré-existente, vários sistemas se podem seguir. O
mais corrente é a ancoragem em furos executados para o efeito (Figura 186). Para tal, faz-se o
furo de diâmetro cerca de 5 mm superior ao do varão que é depois limpo com jacto de ar e
seco, após o que se enche o furo com resina ou argamassa especial de tal forma que não fique
qualquer bolha de ar dentro do furo e se mete o varão com uma pequena torção do mesmo.
Este deve ser mantido em posição até o ligante endurecer [27].
Por outro lado, a força máxima de ancoragem aumenta com o comprimento do furo; para o
mesmo comprimento, atinge um máximo para um determinado deslocamento após o que
diminui até atingir a rotura (Figura 188).
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Fig. 187 [13] - Relação tensões de aderência locais / deslocamento relativo para diversos ligantes
Fig. 188 [13] - Relação força de arranque / deslocamento relativo para diversos comprimentos
de ancoragem
A ancoragem pode ser conseguida apenas por transferência de tensões por aderência (adesão
+ atrito) entre o betão novo e o existente e entre o betão novo e a armadura adicional de
acordo com o que foi dito atrás.
Uma outra forma de ligar os dois betões ou as armaduras adicionais ao betão pré-existente é
através da utilização de camadas finas de resinas. A força total de ligação é proporcional à
área da superfície de contacto (e em particular à sua largura) ainda que a distribuição de
tensões não seja uniforme [31]. A rugosidade da superfície de contacto é importante na
medida em que aumenta a área de contacto para a ligação química ainda que o seu efeito na
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aderência mecânica seja mínimo na maior parte dos casos. Por outro lado, uma superfície
excessivamente rugosa torna difícil a aplicação da resina e pode levar ao aparecimento de
descontinuidades na camada de resina aplicada. Os melhores resultados obtêm-se com uma
superfície moderadamente rugosa como a que se obtém por meio de um jacto de areia [13].
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Fig. 190 [13] - Relação tensões de corte / pressão lateral para diversos tipos de tratamento da
superfície de contacto
Esta tensão aumenta com o valor do deslocamento relativo até atingir um máximo após o que
diminui até à rotura do betão (Figura 191).
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Tal como acontecia na ligação directa entre betões, a máxima adesão atinge-se para pequenos
deslocamentos relativos (≤ 0,2 mm) sendo a espessura óptima da camada de resina da ordem
dos 3 mm [13] (Figura 192).
Fig. 192 [13] - Relação tensões de corte / deslocamento relativo para diversas espessuras da
chapa metálica colada apenas nas áreas de ancoragem
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τα,max ≤ 2 / 3 fctm (tracção simples) / γm ≈ 2 / 10 fck2/3 / 1.5 τα,max; fck [MPa] (61)
em que:
τα,max - valor máximo da tensão de corte calculado na superfície de ligação entre os
Este valor pode ser aumentado de 50% se forem utilizados dispositivos de ancoragem ao corte
com um pequeno espaçamento sem necessidade de utilizar quaisquer métodos avançados de
redimensionamento.
τα,max ≤ 1 / 4 fctm (tracção simples) / γm ≈ 0.05 fck2/3 τα,max; fck [MPa] (62)
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Fig. 193 [22] - Ensaio pull-off para verificação da aderência entre o betão de reforço e o original
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resistentes dos elementos estruturais existentes, o reforço por encamisamento surge como
uma das hipóteses mais indicadas, em face das suas importantes vantagens;
caso a caso, haverá que estudar a envolvente dos elementos a reforçar para tentar
perceber qual a forma geométrica mais eficaz para eliminar as deficiências específicas em
causa; por exemplo, nalgumas situações fará mais sentido espessar a laje pela face
superior, noutras pela face inferir, noutras ainda, o espessamento conduz a problemas tais
que tem de ser posto de parte;
se fosse possível garantir um funcionamento monolítico entre os materiais novos e os
existentes, o cálculo dos elementos reforçados é semelhante aos dos elementos
construídos de raiz, ainda que a capacidade resistente final dependa em grande medida do
nível de cargas existente aquando das operações de reforço; para ambos os casos, são
fornecidas neste documento regras práticas de dimensionamento;
não se podendo garantir esse mesmo monolitismo, é mais complicado o cálculo dos
elementos reforçados; o método mais vulgar recorre aos chamados coeficientes de
monolitismo que, multiplicados pela capacidade resistente do elemento reforçado
calculado como se tivesse sido construído de raiz, fornecem uma estimativa da sua
capacidade resistente real.
Os sistemas FRP são constituídos por compósitos de resinas e fibras, estas últimas de carbono
(as que têm maiores potencialidades e as únicas sobre as quais este documento incide), vidro
ou outros materiais. Estes elementos de reforço se podem apresentar sob a forma de cordões
(de pequena aplicação na prática - Fig. 194, à esquerda), mantas (Fig. 194, à direita), tecidos
(Fig. 195, à esquerda) e laminados (Fig. 195, à direita - pré-fabricados). Podem ser utilizados
no reforço de edifícios (Fig. 196, à esquerda) e de estruturas especiais (Fig. 196, à direita).
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estrutura existente através de resinas, sendo que, no caso dos laminados, a aplicação da resina
precede a fixação e aplicação do material, enquanto que, nos caso das mantas e dos tecidos,
são aplicadas várias camadas de resina.
Fig. 196 [33] - Recurso a sistemas CFRP no reforço de uma laje de edifício (à esquerda) e de
um viaduto (à direita)
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O substrato no qual vai ser aplicada a resina não deve apresentar betão degradado,
delaminado, fendilhado, com armaduras expostas ou sintomas de corrosão. Se existirem
fendas, estas deverão ser seladas e, sempre que possível, injectadas. Outras irregularidades
consideráveis, que possam resultar em forças de desvio importantes, deverão ser pré-niveladas
pela aplicação de argamassa epóxida (funcionando como filler).
Fig. 197 [33] - À esquerda, controlo das irregularidades e, à direita, aspecto rugoso do
substrato de betão após a sua preparação
Após a limpeza do substrato, aplica-se o primário, cujas funções são melhorar a resistência
superficial do betão (garantindo uma tensão de arranque de pelo menos 1.5 MPa, verificada
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Fig. 198 [33] - Preparação do substrato de betão para laminados: por picagem com martelo de
agulhas (à esquerda), por jacto de água (ao centro) e por jacto de areia (à direita)
Fig. 199 - [33] - Preparação do substrato de betão para mantas e tecidos: por lixamento (à
esquerda), por arredondamento das arestas (ao centro) e por picagem com esmeril (à direita)
No caso dos laminados, segue-se a limpeza da superfície dos mesmos que irá ficar em
contacto com a resina recorrendo a um solvente (Figura 201, à esquerda) e a aplicação nessa
mesma face da resina (Figura 201, ao centro), cuja espessura deve ser controlada por forma a
não ultrapassar os 2 mm (devido à grande deformabilidade da resina, uma espessura elevada
diminui drasticamente a eficácia do funcionamento conjunto do reforço com o betão). Passa-
se então à fixação dos laminados, que consiste na sua aplicação através de rolos (Figura 201, à
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Fig. 200 [33] - À esquerda, preparação do ensaio de pull-off do betão após aplicação do
primário, ao centro, execução do ensaio numa fase posterior e, à direita, representação
esquemática da ligação laminado - betão
Fig. 201 [33] - À esquerda, limpeza do laminado com solvente e, ao centro, aplicação e
controlo da espessura da resina adesivo e, à direita, aplicação do laminado com recurso a rolos
Os laminados devem ficar, após aplicados, o mais planos possível recorrendo a resinas de
regularização do substrato de forma a evitar forças de desvio (Figura 202, à esquerda) ou
cunhas de rotura (Figura 202, à direita). Embora os laminados, por não permitirem curvatura,
estejam vocacionados para reforço de lajes e vigas (em betão, aço ou madeira) à flexão
(Figura 203, à esquerda), podem ser utilizados para reforço ao esforço transverso da
introdução de elementos adicionais de amarração em mantas (Figura 203, ao centro) ou em
peças metálicas (Figura 203, à direita).
A sequência de aplicação das mantas e tecidos é a seguinte: é aplicado o primário (Figura 204,
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Fig. 202 [33] - Situações a evitar na aplicação de laminados: forças de desvio (à esquerda) e
cunha de rotura (à direita)
Fig. 203 [33] - Reforço com laminados: à flexão simples (à esquerda) e ao esforço transverso
(ao centro, com mantas e, à direita, com mantas e cantoneiras metálicas)
Fig. 204 [33] - Fases da aplicação das mantas e tecidos: aplicação do primário (à esquerda),
reparação do substrato (ao centro) e undercoating (à direita)
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Fig. 205 [33] - Fases da aplicação das mantas e tecidos: aplicação do reforço (à esquerda),
overcoating (ao centro) e aplicação da protecção (à direita)
A aplicação das mantas e tecidos tem de ser muito cuidada para garantir uma boa adesão ao
betão, levando a eventual rotura por flexão para o interior do mesmo. Entre outros, podem-se
citar questões como a deficiente impregnação das fibras (Figura 206, à esquerda) e a
deficiente preparação do substrato, dando origem a bolhas (Figura 206, à direita). Para além
de funcionarem como complemento dos laminados (Figura 203, ao centro e à direita, e Figura
207, à esquerda), as mantas e tecidos estão particularmente vocacionados para o reforço de
pilares através de um efeito de confinamento (Figura 207, à direita)
Fig. 206 [33] - Sintomas de má execução em mantas e tecidos: na impregnação das fibras (à
esquerda) e na preparação do substrato (à direita)
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Fig. 207 [33] - Reforço com mantas e tecidos: em complemento a laminados (à esquerda) e
em cintagem de pilares (à direita)
Fig. 208 [33] - Aumento da resistência (à esquerda) e da ductilidade (à direita) dos elemento
reforçados com laminados, mantas ou tecidos de CFRP
Deve ser garantido um controlo de qualidade de todo o processo, muito baseado em ensaios
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de aderência (pull-off e torque) e corte (simples ou duplo) e de tracção pura dos CFRP. A
zona de ancoragem é a mais sensível, sendo necessário optar entre garantir essa ancoragem
apenas por colagem ou com recurso a meios e materiais auxiliares (Figura 210).
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Com este tipo de reforço, pretende-se em geral aumentar a capacidade resistente à flexão
composta e ao esforço transverso em pilares e vigas, a capacidade resistente ao corte e a
solidarização em paredes e modificar o sistema estrutural de apoio em lajes.
O principal problema deste tipo de reforço, tal como acontecia nos casos anteriores [57], é a
dificuldade em conseguir um funcionamento conjunto eficaz das peças existentes e dos perfis
metálicos de reforço. No caso particular de pilares, essa ligação é fundamental para evitar
problemas de varejamento nos perfis que resultariam do facto de estes não estarem
solidarizados ao betão existente. Por vezes, um reforço deste tipo em que tudo parece estar em
ordem vem a ter problemas quando posto em carga por deficiências na execução do mesmo.
No entanto, a partir do instante em que se garante o monolitismo da peça reforçada, o seu
cálculo é muito semelhante ao cálculo de um elemento estrutural novo e em particular ao de
peças reforçadas por colagem de armaduras [57].
Neste tipo de reforço, põe-se com mais premência um problema adicional que tem a ver com
os eventuais efeitos secundários do reforço de uma determinada peça estrutural nos restantes
elementos, mesmo quando estes não se encontram muito próximos. A alteração da
distribuição de esforços e de rigidezes deve ser cuidadosamente tomada em conta num cálculo
automático que simule a situação estrutural pós-reforço para verificar a necessidade de
eventuais reforços adicionais nas peças mais afectadas pela acção de reabilitação da estrutura.
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elevado custo;
possibilidade de criação de efeitos secundários na zona dos nós e nas peças adjacentes
não reforçadas;
mão-de-obra relativamente especializada;
necessidade de grande controlo na execução;
necessidade de proteger todas as peças metálicas (perfis, chapas, conectores, buchas, etc.)
contra o fogo e a corrosão através da colocação de revestimentos exteriores de materiais
adequados (muitas vezes betão armado com uma armadura de pele) (Figura 212);
perigo de concentração de tensões de corte nas lajes entre troços de pilar reforçados se
não for dada continuidade a esses mesmos reforços.
Fig. 212 [12] - Revestimento dos perfis metálicos para protecção contra o fogo
Referem-se de seguida algumas das precauções a tomar para garantir a eficácia deste tipo de
reforço.
As superfícies de betão da peça existente que irão estar em contacto com os perfis metálicos
devem ser picadas ou sujeitas a um jacto de areia para garantir a limpeza de líquidos,
partículas facilmente desagregáveis, leitada superficial ou pó que possam diminuir o efeito de
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aderência que se pretende [12]. Tal como acontece em relação ao tipo de reforço por chapas
coladas [57], é fundamental eliminar macro-rugosidades nessas superfícies para não haver
grandes variações na espessura do ligante [13]. Há também vantagem em eliminar as arestas
vivas do betão existente para conseguir que as faces interiores dos perfis metálicos de canto
(cantoneiras) encaixem o melhor possível nos cantos da peça [13].
O material mais adequado para ligante é uma argamassa epóxida não retráctil adequada às
circunstâncias [12]. De facto, para conseguir uma união perfeita da base e do perfil metálico,
é necessário um material de alta resistência à compressão que actue como elemento
intermédio entre o aço e o betão, criando um colchão rígido que transmita as cargas e elimine
os contactos pontuais. Se não se conseguir esta união, os perfis metálicos só entrarão em carga
após o esgotamento da capacidade resistente do betão. Os cuidados na utilização da
argamassa epóxida são extensamente referidos em [57], pelo que não serão aqui referidos.
Conseguida a união dos perfis metálicos à peça existente, pode haver necessidade de solidari-
zar os perfis entre si por chapas metálicas laterais. Estas podem ser soldadas por pontos aos
perfis metálicos conferindo assim um efeito de caixão ao reforço, melhorando a resistência ao
esforço transverso da peça reforçada e contribuindo para a formação de um estado triaxial de
tensões no betão existente. A ligação das chapas aos perfis pode também ser conseguida
através de colagem por resinas epóxidas (com as precauções referidas em [37]e [57]), por
recurso a rebitagem, conectores, buchas de expansão ou parafusos pré-esforçados [13].
6.4.3. Pilares
É neste elemento estrutural que este tipo de reforço tem sido mais utilizado em face das suas
características individuais. A técnica mais corrente consiste na colocação de cantoneiras nos
quatro cantos do pilar solidarizadas lateralmente por meio de chapas metálicas ou varões. As
partes superior e inferior do reforço terminam em capitel e base metálica respectivamente
(Figuras 213, 214 e 215).
Após a preparação dos cantos do pilar existente, solidariza-se as cantoneiras utilizando uma
argamassa epóxida. Conseguida a união entre o capitel e as vigas ou a laje superior e entre a
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base e a laje inferior ou a sapata (por intermédio de resinas epóxidas, argamassas de alta
resistência com agregados metálicos ou argamassa de cimento expansivo [13]), encaixa-se os
extremos superior e inferior das cantoneiras ao capitel e à base e liga-se por soldadura por
pontos. As chapas metálicas são depois ligadas aos perfis em geral também por soldadura por
pontos. Verificado todo o conjunto, procede-se de seguida à soldadura de todo o reforço
preenchendo os espaços entre os pontos de soldadura [2] (Figura 216).
Os vazios e intervalos entre o esqueleto do reforço metálico e o pilar existente podem ser
preenchidos com argamassa epóxida ou de cimento não retráctil [13].
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A maior dificuldade consiste na solidarização dos troços reforçados do pilar através das vigas
e lajes dos pisos. Esta solidarização é fundamental para não criar pontos sensíveis nos nós de
ligação. Quando a laje a atravessar é aligeirada de vigotas pré-esforçadas e não existe
nenhuma viga ou vigota num dos alinhamentos do pilar, podem utilizar-se chapas metálicas
que atravessam a laje de lado a lado em duas faces postas. Para tal, fazem-se rasgos nas
abobadilhas cerâmicas e soldam-se as chapas metálicas de cada lado da laje [12] (Figura 217).
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Em alternativa e quando existem vigas segundo qualquer dos alinhamentos dos pilares, pode-
se utilizar vergalhões soldados aos cantos das cantoneiras e de cada lado da laje [12]. Os
vergalhões estão colocados de tal forma que a execução dos furos por onde passarão não
interfira com as vigas mas apenas com as lajes (Figura 218).
Este tipo de reforço pode também ser conseguido à custa de perfis em U que são depois
soldados nas pontas e em toda a altura de maneira a formar um caixão fechado com um
espaço livre entre os perfis e o pilar existente que é depois preenchido com betão não retráctil
ou expansivo colocado in-situ (Figura 219).
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Este método tem, para além do inconveniente de se gastar mais aço, a desvantagem adicional
de não se poder garantir a aderência perfeita entre o aço e o betão. Daí que seja recomendado
que a máxima resistência que se pode considerar com esta solução mista seja de 4/3 da carga
que os perfis por si sós são capazes de suportar [12].
Uma solução em caixão pode também ser conseguida com chapas metálicas soldadas nos
cantos e em toda a altura (Figura 220) ou com chapas semi-cilíndricas soldadas nas
extremidades. Pelas razões já apontadas, são soluções pouco utilizadas. Apresentam os
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Fig. 219 [13] - Reforço de pilar com perfis metálicos em U soldados nas pontas
Tal como nas outras soluções de reforço, é conveniente descarregar o pilar ao máximo antes
de o reforçar eliminando pelo menos as sobrecargas de utilização. Se se considerar que no
pilar existente está a actuar a carga N, ao se realizar o reforço com o pilar sob carga, o reforço
só entrará em carga para incrementos positivos da carga N. Para um incremento ∆N, o pilar
inicial suportará uma carga N + α ∆N (0 < α < 1) superior à original que o pode levar à
rotura. Se o pilar inicial resiste, o reforço apenas suportará a carga (1 - α) ∆N. No entanto, se
se der a rotura do pilar existente, o reforço passará a estar sujeito à carga total N + ∆N, para a
qual eventualmente não estará dimensionado, dando-se a sua rotura também [12]. Esta análise
é provavelmente pessimista em relação à realidade já que ignora a capacidade resistente
residual das peças após a rotura convencional, mas deve ser tomada em conta. Daí que alguns
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autores [12] defendam que, neste tipo de reforço, o aço de reforço deva ser calculado para
resistir à totalidade dos esforços verticais transmitidos ao pilar. Outros argumentos a favor
desta regra de dimensionamento empírica são a pequena economia que se consegue quando se
entra com a contribuição do pilar existente em termos de resistência global (quando compara-
da com os altos custos de execução) e também o facto de se estar do lado da segurança.
Como regra geral, sempre que se reforce um troço de pilar deve-se reforçar todos os troços do
mesmo pilar que lhe sejam inferiores até à sapata a não ser que estes sejam de boa qualidade e
de resistência mecânica superior à do troço reforçado após esse mesmo reforço [12].
Recomenda-se que, neste tipo de reforços, a secção total do aço do pilar (armadura existente +
perfis metálicos + eventual armadura de reforço em varão) seja inferior a 6% da secção total
do betão do pilar (secção existente + eventual betão de reforço ou recobrimento) [13].
Ainda que seja mais um método de escoramento do que propriamente um reforço, pelo seu
carácter definitivo vai-se também apresentar a seguinte técnica [22]. Consiste na descarga
parcial do troço de pilar deficiente por aplicação de macacos hidráulicos entre lajes e na
inserção de dois ou mais perfis metálicos verticais que passarão a resistir a parte da carga total
do pilar. As escoras são em geral tubos cilíndricos que poderão posteriormente ser revestidos
em betão com rede de galinheiro ou malha electrossoldada para melhorar a resistência ao fogo
e o aspecto estético (Figura 221). Como vantagens deste método, há a sua simplicidade e
rapidez de execução e a sua relativa eficácia. Como desvantagens, tem o considerável espaço
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6.4.4. Paredes
O tipo de reforço que de seguida se vai descrever tem uma aplicação muito mais vulgarizada
em paredes de alvenaria de pedra pouco resistente e argamassa do que em paredes de betão
armado devido à maior facilidade de execução de roços para introdução dos perfis metálicos.
A técnica consiste na abertura de roços na parede existente segundo os eixos onde se colocam
as cantoneiras metálicas de reforço. Esses roços devem ser tratados de forma a eliminar todos
os líquidos e gorduras, leitada superficial, partículas facilmente desagregáveis e pó para melho-
rar a sua aderência. São depois preenchidos com argamassa epóxida ou de cimento não retrá-
ctil após o que se coloca as cantoneiras que devem ser prensadas enquanto a argamassa endu-
recer e ter sido objecto de tratamento adequado das superfícies de colagem. As cantoneiras são
depois recobertas com betão não retráctil para voltar a dar à parede a sua espessura original
[28]. Em alternativa, pode-se utilizar esta técnica na solidarização de elementos (por exemplo,
pilares) complementada eventualmente com o recurso a chapas metálicas coladas (Figura 223).
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6.4.5. Vigas
Este tipo de reforço tem pouca tradição em vigas por nem sempre ser realizável na prática e
por a sua eficácia deixar muito a desejar. De facto, é muito difícil garantir uma aderência
plena entre a viga existente e os perfis metálicos de reforço pelo que estes não trabalham em
conjunto com a secção existente mas sim de uma forma independente ainda que com
compatibilização de deformadas. Logo, a resistência total é a soma das resistências
individuais e não a resistência monolítica do conjunto [12] (Figura 224, à esquerda).
A técnica de reforço consiste na introdução de cantoneiras nos cantos da viga na face mais
traccionada que são objecto de um tratamento semelhante ao que foi atrás descrito para os
pilares. Estas cantoneiras são amarradas à parte superior da viga através de chapas metálicas
soldadas que atravessam a laje (Figura 224, à direita). A largura destas deve ser no máximo de
0.25 m sendo o seu espaçamento muito variável já que só tem uma função de amarração e não
rigidificadora como acontece nos pilares em que as chapas transversais evitam a encurvadura
das cantoneiras. Por vezes, contraventa-se o conjunto do reforço por meio de chapas diagonais
formando uma espécie de treliça [12].
Fig. 224 - Reforço de viga à flexão com recurso a perfis metálicos: à esquerda, sem funcio-
namento monolítico [22]; à direita, com solidarização total como o elemento existente [12]
A ligação do perfil metálico à viga existente não obriga a cuidados especiais pois no seu
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cálculo assume-se que a viga nova e a antiga não têm qualquer interacção funcionando em
paralelo. No entanto, é indispensável a injecção do espaço entre a viga existente e o perfil
com argamassa de cimento não retráctil ou expansivo (complementada com a introdução de
cunhas metálicas) para garantir que de facto as cargas verticais são transmitidas à viga
metálica [47]. Em complemento, esta pode ser chumbada à viga existente. Especial cuidado
deve ser tomado com os apoios da viga metálica que devem ter uma entrega suficiente, ser
pormenorizados com critério e dimensionados para a máxima reacção vertical prevista na viga
metálica. Estes apoios são em geral executados com recurso a cantoneiras metálicas
complementadas com chapas laterais soldadas ao perfil [47] (Figura 225).
Fig. 225 [47] - Reforço de viga por introdução de um perfil metálico (apoio do mesmo no
pilar existente)
6.4.6. Lajes
6.4.6.1. Flexão
Este tipo de reforço tem o mesmo objectivo em lajes que um método de reforço por encamisa-
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mento em lajes referido em [57] e que consiste na redução dos vãos de cálculo da laje e respe-
ctivos esforços de cálculo por introdução de novas vigas, constituindo-se num novo reticulado
estrutural. Esta solução é obviamente inestética e deve, na medida do possível, ser disfarçada,
para isso aproveitando o facto de ter de se conceber uma protecção dos perfis contra a
corrosão e o fogo. Pode também levantar problemas se houver fortes limitações de pé direito.
Tal como nos restantes tipos de reforço em lajes, é fundamental descarregar ao máximo a
estrutura existente antes da execução do reforço e escorá-la convenientemente durante os
trabalhos. É muito importante que as vigas de reforço acompanhem a deformação dos
pavimentos desde o início da instalação das novas cargas pois, se tal não acontecer, estes
podem atingir deformações inconvenientes antes de mobilizarem as vigas de reforço. Para tal,
é necessário solidarizar os perfis metálicos à laje existente num conjunto monolítico não
bastando garantir o seu funcionamento em paralelo [48].
Duas hipóteses se põem em relação à colocação relativa das vigas metálicas e laje existente:
ou aquelas estão embebidas nesta ou se lhe situam inferiormente. No primeiro caso, o trabalho
de execução é mais complicado mas há melhores garantias de funcionamento conjunto efecti-
vo. São realizadas aberturas nas lajes de largura superior à dos banzos dos perfis. As super-
fícies cortadas devem ser objecto de um tratamento semelhante ao atrás descrito para garantir
uma boa aderência. São chumbados varões em forma de U deitado com um espaçamento rela-
tivamente pequeno que são depois soldados à alma dos perfis. São também aí soldados esqua-
dros de apoio da laje. Após se barrar com resina epóxida as superfícies da laje existente ante-
riormente tratadas, realiza-se a betonagem dos troços de laje entra a laje existente e os perfis
metálicos com betão de alta resistência e não retráctil. Se for necessário, pode-se associar
perfis metálicos em paralelo que são ligados por chapas metálicas soldadas [48] (Figura 226).
No método alternativo, os trabalhos são bastante menos complicados mas há menor garantia
do monolitismo do todo. A laje existente não é mexida, sendo os perfis metálicos colocados
inferiormente a esta (Figura 227). Para garantir uma aderência perfeita (bastante discutível
neste tipo de reforço), a face traccionada da laje é tratada de forma a eliminar substâncias que
possam dificultar essa mesma aderência e é injectado o intervalo entre a laje existente e o
perfil metálico após a introdução de cunhas metálicas [12]. É indispensável a utilização de
outros meios de ancoragem adicionais como, por exemplo, rebites, chumbadores, conectores
ou buchas de expansão [13].
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Fig. 226 [10] - Pormenores de execução do reforço de uma laje por introdução de perfis
metálicos nela embebidos
Fig. 227 [12] - Reforço de uma laje por introdução de vigas adicionais constituídas por perfis
metálicos
Em tabuleiros de pontes, e se não houver problemas de gabarito, pode-se optar por uma
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solução de reforço bastante inestética, ocupando muito espaço mas também muito eficaz.
Consiste na execução de uma treliça sob o tabuleiro após a descarga deste e capaz de absorver
uma parte importante dos esforços devidos às sobrecargas de utilização (Figs. 228 e 229). A
treliça será obviamente constituída por perfis metálicos comerciais, deverá ser
convenientemente contraventada vertical e transversalmente e cuidado especial deve ser
tomado na ligação ao tabuleiro [24].
Fig. 228 [24] - Reforço do tabuleiro de uma ponte com uma viga-treliça
Fig. 229 [24] - Reforço do tabuleiro de uma ponte com uma viga I complementada com
carlingas
Utiliza-se também um reforço deste tipo para servir o objectivo de rigidificar a estrutura em
relação às acções horizontais por criação de um diafragma horizontal distribuidor de esforços
e que permite a compatibilização de deslocamentos dos diversos elementos estruturais
verticais. Para tal, recorre-se a elementos metálicos dispostos na diagonal das lajes e de
execução semelhante à das outras técnicas aqui referidas [49].
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Os reforços em lajes, neste como nos outros tipos, são em geral anti-económicos sendo na
maioria dos casos preferível demolir e fazer de novo. Isto deve-se aos grandes custos em geral
associados às técnicas de reforço e ao facto de muitas vezes obrigarem a reforços em peças
adjacentes, por exemplo, por aumento das cargas permanentes.
6.4.6.2. Punçoamento
A resistência ao punçoamento pode também ser objecto de reforço específico por introdução
de perfis metálicos (Figura 230).
Para tal, as bases e capitéis já atrás referidos podem ser dimensionados já tomando em conta
esse efeito de acordo com os métodos de verificação convencionais. Para garantir melhor a
transmissão de tensões nessas zonas, a argamassa pode ser injectada. Em alternativa, podem-
se utilizar capitéis metálicos com o único objectivo de aumentar a resistência ao punçoamento
por aumento do perímetro de contorno crítico (Figuras 231 e 232). Esta solução é eficaz se se
conseguir garantir uma transmissão de tensões eficaz mas pode ser inaceitável do ponto de
vista estético [22]. É conveniente que as bases do reforço do pilar no troço imediatamente
superior ao dos capitéis tenham a mesma superfície que estes [22].
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O cálculo das peças reforçadas por introdução de perfis metálicos apresenta poucos aspectos
novos em relação aos referidos em relação ao reforço por encamisamento e por colagem de
armaduras em [57]. Tal como referido, o principal problema em todos os métodos de reforço
que implicam a adição de novos materiais ou componentes é garantir o seu funcionamento
conjunto com a peça inicial existente. Aceitando que tal acontece, surge outro problema que é
o da forma de estimar a contribuição dos materiais existentes para a resistência final da peça
reforçada. No entanto, não se voltará aqui a referir essa problemática por ter sido já
extensamente discutida [57].
6.4.7.2. Pilares
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linha de raciocínio, formulação e conclusões referidas em [57] quer no que se refere à análise
independente da história de cargas quer na análise incremental das mesmas.
Fig. 233 - Exemplo de aplicação de um pilar reforçado por introdução de perfis metálicos
(flexão composta) descarregado totalmente antes da aplicação do reforço
A formulação é a seguinte:
a,eq = (As,i fsyd,i a,i + As,r fsyd,r a,r) / ((As,i + As,r) fsyd,r) ≈
≈ (A’s,i fsyd,i a,i + A’s,r fsyd,r a,r) / ((A’s,i + A’s,r) fsyd,r) (64)
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Das tabelas normais, tira-se ω em função de υ, µ, β e do aço dos perfis, valor que é
comparado com o calculado acima.
Fig. 234 - Exemplo de aplicação de um pilar reforçado por introdução de perfis metálicos
(flexão composta) descarregado apenas parcialmente antes da aplicação do reforço
em que:
N0, M0 - esforço normal e momento flector de cálculo associados às acções que actuam
no pilar antes do funcionamento efectivo do reforço, não afectados dos
coeficientes de majoração;
∆N, ∆M - esforço normal e momento flector de cálculo associados às acções que podem
actuar o pilar após a entrada efectiva em funcionamento do reforço tais que N0
+ ∆N = NRd e M0 + ∆M = MRd.
Na prática, só se põe duas hipóteses de atingir um estado limite último de flexão composta no
pilar reforçado (já que a hipótese de o aço dos perfis metálicos atingir a extensão
correspondente ao estado limite último convencional antes de a armadura existente o fazer
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1) εc,i = 3,5‰
Neste caso, o método atrás referido com recurso a uma armadura total equivalente é ainda
válido se ocorrerem simultaneamente as seguintes condições:
2) εs,i = 10,0‰
Neste caso, o método atrás referido é ainda válido se ocorrerem simultaneamente as seguintes
condições:
em que:
As,tot - secção total da armadura longitudinal (pré-existente + adicional);
Ac,tot - secção total de betão (pré-existente + adicional, se houver).
É recomendado que se confine a secção pré-existente por meio de chapas metálicas soldadas
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Fig. 235 [13] - Recomendações práticas no reforço de pilares por introdução de perfis
metálicos
No mesmo documento [13], são fornecidas expressões analíticas para cálculo das tensões de
confinamento lateral introduzidas na secção pré-existente pela colocação de chapas metálicas
soldadas ou chumbadas aos perfis longitudinais. Estas devem-se essencialmente a três efeitos:
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Fig. 236 [13] - Tensões de confinamento conferidas pelas chapas metálicas e devidas à
deformação diferencial por efeito de Poisson
em que:
fsyd,r - valor de cálculo da tensão de cedência à tracção da armadura de reforço a
utilizar nos cálculos;
fsyd,r’ - valor de cálculo da tensão de cedência à tracção da armadura de reforço;
Vwd,r - valor de cálculo da capacidade resistente da armadura de reforço ao esforço
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6.4.7.3. Vigas
No dimensionamento de vigas reforçadas à flexão por este método e como já foi referido, não
é de esperar um comportamento monolítico da viga reforçada pelo que esta deve ser
dimensionada para a hipótese mais desfavorável. Esta corresponde a um funcionamento em
paralelo da viga inicial e dos perfis. Quer isto dizer que a viga inicial terá de ser verificada
pelo métodos correntes para resistir não só aos momentos provocados pelas acções actuantes
antes da execução do reforço mas também a uma parcela dos momentos devidos às acções
aplicadas após a colocação efectiva em funcionamento desse mesmo reforço. Esta parcela
corresponde à relação entre a rigidez da viga inicial e a da viga após o reforço. Por seu lado,
os perfis metálicos apenas serão solicitados por uma parcela dos momentos devidos às acções
aplicadas após a colocação efectiva em funcionamento do reforço correspondente à relação
entre a rigidez desses mesmos perfis e a da viga após o reforço.
6.4.7.4. Lajes
Finalmente, o dimensionamento das lajes reforçadas por este método deve ter em conta os
esforços devidos às acções actuantes antes da execução do reforço, aplicadas na laje com as
suas condições de apoio iniciais, aos quais são somados os esforços devidos às acções
aplicadas após a entrada efectiva em funcionamento do reforço, com as novas condições de
apoio devidas à existência das novas vigas. A laje será dimensionada pelos métodos correntes
para os momentos totais em cada secção. Quanto às vigas metálicas, elas devem ser
dimensionadas pelos métodos correntes em peças metálicas para a reacção das lajes devida às
acções aplicadas após a entrada efectiva em serviço do reforço.
São tratadas neste capítulo as soluções de reforço que recorrem à imposição de uma pós-
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tensão em cabos de pré-esforço exteriores ou interiores à peça a reforçar. O traçado dos cabos
é criteriosamente escolhido para, em estruturas isostáticas, impor uma deformação de sinal
contrário à das acções permanentes existentes e, em estruturas hiperstáticas, somar a esse
mesmo efeito o do momento hiperstático. As dimensões das peças existentes não sofrem
praticamente qualquer alteração ainda que os cabos de pré-esforço devam ser protegidos da
corrosão e do fogo e, quando exteriores, ser disfarçados por razões de índole estética.
Com este tipo de reforço, pretende-se em geral aumentar a capacidade resistente à flexão e ao
esforço transverso assim como diminuir flechas excessivas em vigas (Figura 237) e lajes
sendo a sua aplicação noutros elementos estruturais muito pouco comum.
O principal problema deste tipo de reforço é a pormenorização das zonas de ancoragem onde
serão aplicadas grandes cargas segundo o eixo do pré-esforço e surgirão tensões de tracção
normais a esse mesmo eixo para as quais a peça existente não estará eventualmente preparada.
Quando as zonas de ancoragem são executadas simultaneamente com o reforço ao lado da
secção existente, é preciso garantir o funcionamento monolítico desta com aquelas. Em
complemento, a pormenorização dos desviadores de direcção do cabo deve ser cuidadosa.
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elevado custo;
mão-de-obra especializada;
possibilidade de criação de efeitos secundários em particular nas zonas de ancoragem e
nos elementos adjacentes não reforçados;
necessidade de proteger todos os cabos contra o fogo e a corrosão;
esteticamente inaceitável na maioria dos casos (Fig. 238).
Fig. 238 [28] - Disfarce do cabo de pré-esforço exterior por realização de roços na peça
existente
Referem-se de seguida algumas precauções para garantir a eficácia deste tipo de reforço.
O traçado dos cabos deve procurar reproduzir o mais fielmente possível o anti-funicular das
cargas exteriores para ter o seu rendimento máximo, o que nem sempre é possível. De facto,
na prática, é muito mais fácil impor traçados rectilíneos que parabólicos. A disposição em
anti-funicular dos cabos melhora também as características resistentes do elemento ao esforço
transverso devido à componente vertical do esforço normal no cabo ainda que, se esta medida
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não for suficiente, se possa aumentar a resistência local através de estribos ou varões
inclinados pós-tensionados [12].
Fig. 239 [12] - Desviador de direcção concebido para reduzir as tensões locais no betão
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O atrito entre os cabos e os desviadores de direcção (Figura 240) deve ser mínimo a fim de
não se gerar tensões excessivas perigosas mesmo para os próprios cabos.
Para evitar fenómenos de vibração nos cabos utilizados em reforços de pontes com
possibilidade de entrar em ressonância pela passagem sobre a estrutura de sobrecargas
móveis, devem ser previstos dispositivos adequados. Tem-se constatado que, para vãos
correntes de pontes, a frequência própria de vibração da estrutura está por vezes muito
próxima da dos cabos pós-tensionados. [24] Corre-se portanto o risco de estes entrarem em
ressonância gerando tensões adicionais importantes. Pela introdução dos dispositivos
representados esquematicamente na Figura 241, diminui-se o comprimento de vibração dos
cabos eliminando assim o problema de uma forma simples e eficaz.
Fig. 241 [24] - Dispositivos para diminuição da frequência de vibração dos cabos de pré-
esforço exterior de reforço em pontes
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As zonas de ancoragem (Figura 242) devem ser verificadas da forma regulamentar tomando
em conta não só a máxima pressão local no betão mas também as tracções laterais geradas
pelo desvio das isostáticas de compressão nessas zonas. Se forem construídas de raiz para o
efeito (Figura 243), deverão ser pormenorizadas convenientemente e ser assegurada a sua
interacção com a peça existente sem causar estragos nesta. Se for utilizada, uma zona
existente como zona de ancoragem, é necessário verificar se tem armadura transversal
suficiente e, caso tal não aconteça, reforçá-la, por exemplo, por encamisamento. Quando se dá
a amarração numa carlinga intermédia, é necessário verificar a segurança da ligação da
carlinga à alma da viga pois pode suceder que a armadura da carlinga não tenha entrega
suficiente, provocando, quando da introdução do pré-esforço, o seu arrancamento [13].
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Fig. 243 [13] - Zonas de ancoragens dos cabos de pré-esforço de reforço em pontes
Todos os cabos, zonas de ancoragem, desviadores de direcção e outro material anexo deve
ocupar um espaço mínimo para não criar problemas de índole estética. Em simultâneo, os
cabos de pré-esforço devem ser protegidos contra a corrosão (Figura 245) e contra o fogo
através de recobrimentos em betão projectado, vermiculite, amianto ou placas de estafe.
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Devido ao seu carácter especializado, este tipo de reforço só poderá ser executado por
empresas com grande experiência no ramo.
Ainda que por vezes cara, esta solução de reforço é praticamente a única possível em
situações em que a estrutura apresenta um aspecto muito deteriorado e principalmente
naquelas em que não há possibilidade de a descarregar. É também a solução ideal quando o
problema é mais de deformações excessivas (estado limite de utilização) do que propriamente
de falta de resistência da peça. Este tipo de reforço pode ser complementado com uma
injecção prévia das fendas de flexão na peça existente.
O pré-esforço pode ser completamente exterior ao sistema inicial ou ser-lhe pelo menos
parcialmente interior (Figura 248). Este último processo apenas redistribui de modo diferente
os esforços na estrutura. Utiliza-se para o fecho de fendas nalgumas secções de uma estrutura
cuja resistência global é suficiente para as solicitações previstas [24]. No entanto, tem como
inconvenientes a dificuldade em realizar os furos por onde passarão os cabos e o perigo de, ao
o fazer, danificar ou cortar algum varão da armadura existente.
O método mais corrente de realização deste reforço consiste pura e simplesmente na criação
de zonas de ancoragem e na introdução de desviadores de direcção nos pontos mais
adequados para conseguir um traçado de cabo que reproduza o mais aproximadamente
possível o anti-funicular das cargas permanentes (Figuras 246, 247 e 248). Se houver
necessidade de realizar furos na estrutura existente, estes deverão ser preenchidos com
argamassa de cimento expansivo após a introdução e colocação em carga dos cabos de pré-
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esforço [13]. Com a excepção dos cuidados redobrados atrás mencionados relacionados com
as zonas de ancoragem e de desvio da trajectória, não há quaisquer disposições construtivas
particulares que não sejam comuns aos trabalhos de pré-esforço correntes.
Fig. 246 [12] - Pré-esforço de uma consola com recurso a desviadores de direcção e a um
conector
Fig. 247 [12] - Pré-esforço por pontos intermédios permitindo uma redução substancial nas
perdas por atrito nos desviadores de direcção
Fig. 248 [12] - Pormenores de execução de um reforço com pré-esforço no tabuleiro de uma
ponte
É muito frequente a colocação de tirantes formados por barras de aço de alta resistência
roscadas nas suas extremidades, encostadas às faces laterais da viga e colocadas em carga por
meio de aperto de roscas que transmitem a sua tensão a dispositivos de ancoragem adequados
(Figura 249). Estes são geralmente constituídos por cantoneiras metálicas chumbadas,
roscadas ou pré-esforçadas contra a alma da viga [12].
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Uma outra técnica de reforço deste tipo é a adoptada quando se pretende suprimir um troço de
pilar para aumentar o vão livre num determinado piso por razões de índole arquitectónica.
Para que a estrutura não sofra grandes danos, é necessário que seja introduzida na base dos
troços superiores uma reacção vertical igual ao esforço normal no troço suprimido o que é
conseguido à custa da força de desvio de um cabo de pré-esforço (Figura 251).
Ainda que não se possa considerar propriamente um reforço de flexão, refere-se também a
técnica de cintagem em paredes de reservatórios baseada na utilização de conectores. A fim
de reduzir as perdas de pré-esforço, a colocação em carga é feita em três secções sendo o cabo
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Fig. 253 [50] - Corte transversal do tabuleiro da ponte mostrando a zona reforçada
Como já referido, o próprio reforço à flexão contribui para aumentar a resistência ao esforço
transverso através da componente vertical do pré-esforço de sentido contrário ao do esforço
transverso introduzido pelas cargas exteriores. Se for α o ângulo que, numa determinada sec-
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ção, o traçado médio do cabo faz com a horizontal, e se for P o valor do esforço normal total
no cabo resultante descontado de todas as perdas instantâneas e diferidas, o valor de cálculo
do esforço transverso actuante nessa secção pode ser diminuído da parcela N sen α ≈ N tg α.
Fig. 254 [12] - Reforço de uma viga ao esforço transverso por recurso a pré-esforço
Fig. 255 [24] - Reforço de um tabuleiro de ponte com deficiência de resistência ao esforço
transverso
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Desde que convenientemente executado, o cálculo deste tipo de reforço não tem nenhum
aspecto novo em relação ao cálculo habitual de estruturas armadas pré-esforçadas com pré-
esforço não aderente. Mesmo quando o cabo está solidarizado à estrutura existente pela
camada de recobrimento e protecção, deve-se assumir a hipótese da sua não aderência porque
esta é de facto muito discutível e porque se está do lado da segurança.
Nunca é de mais realçar os cuidados que há que ter nas zonas ancoradas sejam elas de betão
pré-existente ou de betão novo ligado ao pré-existente e nos desvios de direcção do cabo.
No caso de a secção apresentar fendilhação mas esta não ultrapassar 0.5 mm, ainda se pode,
com algumas precauções no respeitante aos coeficientes de segurança a adoptar, dimensionar
a estrutura como obra nova [24].
Se e secção apresentar fendas de largura superior a 0.5 mm, há que introduzir para cada caso
concreto coeficientes de redução das características estruturais do elemento (secção, inércia,
etc.) [24]. Tal como já foi referido anteriormente, a grande dificuldade consiste em estimar as
resistências residuais dos materiais pré-existentes.
São tratadas neste subcapítulo as soluções de reforço que correspondem à demolição total e
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Com este tipo de reforço, pretende-se aumentar as capacidades resistentes mais características
de cada elemento estrutural ou melhorar a solidarização global da estrutura, em particular na
resistência a acções horizontais.
Tal como acontece em todos os tipos de reforço, o principal problema é conseguir solidarizar
os novos elementos à estrutura pré-existente de forma a conseguir um funcionamento
conjunto do todo. Se não lhe for dada a devida atenção através de um cálculo e
pormenorização adequados das ligações, poder-se-ão verificar roturas nessas mesmas ligações
quando a estrutura reforçada for solicitada pelas acções previstas que obrigaram à execução
do reforço (por exemplo, o sismo).
Neste tipo de reforço, os materiais mais utilizados são o betão de cimento portland normal
(eventualmente projectado) e as armaduras em varão, por vezes complementados com perfis
metálicos. Nas ligações, recorre-se ao betão projectado, betão de cimento não retráctil ou
expansivo, argamassas epóxidas e resinas epóxidas [27].
Daí que o cálculo das estruturas reforçadas por este método não apresente quaisquer
particularidades em relação ao cálculo de estruturas correntes em betão armado se, de facto,
houver uma garantia absoluta do funcionamento efectivo das ligações.
As principais vantagens deste tipo de reforço são [22] [49]:
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Fig. 256 [12] - Redução dos esforços nos pilares existentes por introdução de paredes
resistentes
Referem-se de seguida algumas precauções para garantir a eficácia deste tipo de reforço.
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Os trabalhos de demolição têm de ser efectuados com as precauções necessárias para evitar ou
pelo menos minorar os estragos nos elementos adjacentes. As armaduras dos elementos a
substituir e que os ligavam à restante estrutura não devem ser danificadas por poderem vir a
servir para amarração das novas armaduras.
As superfícies de ligação dos materiais pré-existentes com os novos materiais devem ser
objecto de um tratamento cuidado. Para tal, devem ser picadas para criar uma superfície
rugosa e sujeitas a um jacto de areia para eliminar pó, gorduras, óleos, leitada superficial,
partículas facilmente desagregáveis e tudo o que possa contribuir para diminuir a eficácia da
ligação. Se houver vantagem nisso, deve-se criar dentes na superfície de ligação da peça
existente para melhorar a resistência ao corte da ligação. Outras formas de melhorar essa
mesma ligação consistem na utilização de chumbadores, varões soldados à armadura existente
e à nova, varões roscados ou pré-esforçados ou mesmo empalme de armadura nova na pré-
existente [27]. As superfícies de ligação devem ser barradas com uma camada de resina
epóxida antes da betonagem. O betão utilizado deveria de preferência ser não retráctil ainda
que tal medida possa encarecer excessivamente os trabalhos em face dos grandes volumes
envolvidos. Para debelar um pouco o efeito da retracção, deve-se utilizar relações água /
cimento o mais baixas possível, recorrendo a plastificantes se necessário. As superfícies
exteriores dos novos elementos devem ser curadas durante pelo menos 10 dias.
No caso particular de novas paredes resistentes construídas com o intuito de conferir uma
maior solidarização à estrutura, as zonas em que é mais difícil garantir uma betonagem eficaz
são a base e o topo. Na base, é necessário garantir uma adequada entrega do betão e das
armaduras de reforço. No topo, é preciso que a resistência do novo betão seja mobilizada para
o que se torna fundamental eliminar qualquer descontinuidade resultante da retracção e da
possível presença de uma camada de leitada que sobrenade durante a betonagem. Por isso, é
aconselhável a utilização de betão de cimento expansivo nessas zonas [49].
Quando se constrói novas paredes resistentes, uma das precauções mais importantes é garantir
a continuidade dos varões verticais dos vários troços entre lajes. Só assim se poderá garantir
um funcionamento dos vários troços de parede como um todo na resistência às acções
horizontais. O método mais eficaz parece ser a execução de furos nas lajes através dos quais
passam os varões que são depois injectados com resinas epóxidas [43].
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Esta solução, que implica a complexa e demorada operação de demolição de uma peça
estrutural existente (tarefa bastante difícil e onerosa na prática quando aplicada ao betão
armado - demolir 1 m3 de betão armado custa cerca do dobro de colocar 1 m3 de betão armado
numa obra de raiz) e construção de um novo elemento em substituição do inicial, não deve ser
encarada de ânimo leve. Deve ser tomada sempre como um último recurso aplicável apenas a
elementos cujo grau de danificação é de tal maneira elevado que a sua capacidade resistente
residual é já muito baixa e a sua recuperação se considera desaconselhável. Pode ainda ser
encarada quando um determinado elemento apresenta inconvenientes resultantes de outras
funções que desempenha (por exemplo, uma parede que associa funções de suporte e de
compartimentação). Como já foi referido atrás, aplica-se com mais frequência a lajes que a
outros elementos estruturais devido ao elevado custo relativo das outras soluções em lajes
pela sua elevada superfície.
Como já foi atrás referido, a demolição dos elementos deficientes é precedida de uma
descarga destes e de um escoramento adequado às peças adjacentes e às cargas a suportar.
Após a demolição de acordo com os métodos tradicionais, devem ser cortadas todas as
armaduras existentes excepto as que se encontram ligadas à restante estrutura que não devem
ser danificadas. São deixados troços ligados à estrutura existente de um comprimento pelo
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menos igual a 1.5 vezes o comprimento de amarração regulamentar para servir de empalme às
armaduras adicionais [29]. No caso de lajes e vigas, as armaduras inferiores pré-existentes
servem perfeitamente para os efeitos pretendidos. No entanto, o mesmo poderá não se dizer
em relação às armaduras superiores que naturalmente serão inferiores às dadas pelo cálculo
para as acções na nova laje ou viga. Nesse caso, deve-se dimensionar a nova peça para um
momento no apoio igual ao momento resistente de cálculo correspondente às armaduras
superiores pré-existentes. Em alternativa, e do lado da segurança, dimensionar-se-á a nova
peça para a hipótese de apoios com liberdade de rotação ainda que se deva colocar armaduras
superiores junto aos apoios pelo menos iguais às pré-existentes [27].
No caso de pilares e paredes, é preciso muito cuidado com o escoramento para evitar
problemas de punçoamento. As armaduras existentes junto aos nós devem também ser
deixadas intactas para conferir comprimento de amarração à nova armadura e para lhe dar
continuidade entre troços. Se houver necessidade de aumentar essa mesma armadura, deve-se-
lhe dar continuidade por execução de furos através das lajes.
A execução dos novos elementos não oferece grandes particularidades em relação a peças
correntes em estruturas novas devendo, no entanto haver um controlo mais cuidado e
precauções suplementares na cura do betão.
Esta solução é bastante popular na reabilitação de edifícios antigos ou novos mas danificados
ou deficientemente calculados em zonas de alto risco sísmico. Por utilização de elementos de
solidarização global de todos os elementos de construção, consegue-se uma distribuição de
esforços mais uniforme e que explora por igual a capacidade resistente desses mesmos
elementos. Esta redistribuição de esforços pode também ser conseguida em relação às cargas
verticais por introdução de compartimentação adicional criteriosamente disposta. Inserem-se
estes dois tipos de acção num objectivo de reorientação dos esforços dentro da estrutura de
forma a dirigi-los preferencialmente para zonas ou elementos com maior reserva de
resistência ou mais facilmente reforçáveis (que podem ser elementos pré-existentes ou os
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No que se refere a acções horizontais, existem fundamentalmente dois tipos de actuação para
prossecução deste objectivo e que se inserem no tipo de reforço aqui referido [49]:
rigidificação dos pavimentos no seu próprio plano (com elementos diagonais metálicos
ou com betonagem de lâminas adicionais de betão) para lhes conferir características de
diafragma distribuidor de esforços - este tipo de acção foi já referido em [57] e 2.4
quando se descreveu soluções de reforço em laje respectivamente por encamisamento e
por introdução de perfis metálicos;
criação de novas estruturas metálicas ou de betão armado susceptíveis de absorver as
forças horizontais aliviando os esforços sobre os elementos pré-existentes.
Se mesmo esta medida não for possível, haverá necessidade de chumbar os varões da nova
laje aos apoios para o que se recorrerá a furos posteriormente preenchidos com resina epóxida
(de profundidade de 10 a 15 vezes o diâmetro do varão [13]). Em qualquer dos casos, a nova
laje deve ser dimensionada para as cargas verticais como se estivesse simplesmente apoiada
nos quatro bordos. As superfícies de betão deixadas à vista pelo descasque devem ser tratadas
de forma a eliminar quaisquer substâncias que possam diminuir a aderência entre o betão pré-
existente e o novo. Em complemento, dever-se-á aplicar-lhes uma camada de resina epóxida an-
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tes de proceder à betonagem da nova laje [13]. Esta deverá ser objecto de cuidados especiais,
em particular na cura do betão, para evitar os efeitos desfavoráveis de uma eventual retracção
exagerada. Os elementos adjacentes à nova laje devem ser verificados tomando em conta o
incremento das acções verticais (peso da nova laje e respectiva sobrecarga de utilização).
Os novos elementos devem ser de preferência contínuos ao longo de toda a altura do edifício
para lhe conferir maior resistência. No entanto, se tal não for conveniente, devem pelo menos
ser contínuos até um determinado nível, não sendo de admitir a introdução de paredes
resistentes a um determinado nível sem que estes prossigam até às fundações [13] (Figura
257). As novas paredes resistentes devem ter pelo menos a mesma rigidez de eventuais
paredes pré-existentes [13].
em betão armado monolítico com a estrutura existente, para o que será necessário
conceber a sua ancoragem nos pisos e nas fundações; as paredes podem ser exteriores
(Figura 258) ou interiores (Figura 259) ao edifício existente; as primeiras têm a vantagem
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Fig. 257 [13] - Só a solução c) é correcta por não corresponder a mudanças bruscas na rigidez
em altura dos novos elementos resistentes e por estes serem executados até às fundações sem
interrupções
Fig. 258 [51] - Reforço de uma nova estrutura em relação às acções horizontais por adição de
uma parede resistente exterior
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Fig. 259 [51] - Ligação da nova parede resistente interior betonada in-situ à estrutura pré-
existente
Fig. 260 [49] - Ligação dos novos perfis metálicos à estrutura pré-existente
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Fig. 261 [49] - Ligação das faixas pré-fabricadas entre si e à estrutura pré-existente
Fig. 262 [49] - Ligação das faixas pré-fabricadas da nova parede resistente exterior à estrutura
existente
treliça constituída por perfis metálicos adicionais eventualmente coberta por betão ou
alvenaria para protecção contra o fogo e a corrosão (Figura 263) o que tem as vantagens
da rapidez de construção e da utilização de elementos estruturais leves [49]; pode
funcionar simultaneamente à compressão e à tracção (perfis metálicos) (Figura 264) ou só
à tracção (tirantes pré-esforçados) (Figura 265); é necessário pormenorizar
convenientemente as ligações entre a treliça e a estrutura existente.
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Fig. 263 [13] - Tipos possíveis de novas paredes resistentes por recurso a treliças de perfis
metálicos
Fig. 264 [49] - Ligação dos perfis metálicos da treliça à estrutura pré-existente
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armado e uma nova fiada de tijolo mantendo a aparência exterior (Figura 266). A nova parede
funciona como uma parede de alvenaria resistente. A nova fiada de tijolo deve estar
firmemente ancorada no betão armado e na fiada interior pré-existente. Esta deve ser limpa
preferencialmente por jacto de areia para assegurar uma boa aderência com o betão [51].
Fig. 265 [49] - Ligação dos tirantes pré-esforçados ou não à estrutura pré-existente
A alvenaria não resistente (de pedra ou tijolo) pode ter uma influência marcada na resposta da
estrutura à acção do sismo podendo em alguns casos precipitar o seu colapso. No entanto, em
certas circunstâncias, a alvenaria não resistente pode conferir suficiente resistência lateral a
um edifício para resistir ao sismo [13]. Daí que a construção de novos panos de alvenaria
possa também ser encarada como uma forma de conferir maior solidarização lateral à
estrutura existente melhorando assim o seu comportamento a acções horizontais (Figura 267).
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Fig. 266 [51] - Constituição de uma parede resistente por substituição de parte da espessura de
uma parede não resistente pré-existente
Fig. 267 [13] - Efeito da introdução de panos de alvenaria não resistente entre pilares
Para redistribuir os esforços devidos a cargas verticais em lajes de vãos excessivos, pode-se
considerar a execução de compartimentação adicional criteriosamente disposta. Esta pode ou
não ser resistente. Com alvenaria de tijolo, pode-se conseguir o efeito desejado se forem
concebidas bandas rígidas quer no topo quer na base preenchidas com betão expansivo para
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garantir uma transmissão eficaz das cargas [13]. Se houver necessidade de colocar estas novas
paredes a um determinado nível, elas devem ser prosseguidas até ao nível das fundações. Em
alternativa, deverão as lajes sobre as quais elas descarregam ser verificadas para as cargas
lineares por elas transmitidas não só à flexão mas também ao punçoamento [13]. Se a função
destas paredes for apenas a de transmitir cargas verticais, não é tão importante a sua
solidarização entre troços embora seja aconselhável que, em paredes de betão armado, se dê
continuidade às armaduras verticais através das lajes.
Umas das técnicas mais eficazes quer em edifícios quer em pontes é a redução dos vãos dos
elementos resistentes horizontais através da introdução de novos elementos resistentes
verticais (Figura 268, em cima) ou inclinados (Figura 268, em baixo), podendo ser só em
betão, em betão e aço (Figura 268, em cima) ou só metálicos (Figura 268, em baixo). Esta
solução, no entanto, só se torna possível se existir ou for introduzida nos elementos
horizontais existentes armadura resistente superior sobre os novos apoios.
Fig. 268 [22] - Reforço de vigas por redução do seu vão através da introdução de novos apoios
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Um outro tipo de reforço deste tipo é o que se faz por vezes em tabuleiros de pontes em laje
vigada. Consiste na introdução de carlingas a terços de vão quando estas não existem e tem
por função principal solidarizar transversalmente as vigas, permitindo assim um melhor
funcionamento em conjunto das mesmas. É particularmente útil na redistribuição transversal
dos esforços devidos ao veículo-tipo. A execução consiste na picagem superficial dos
intradorsos das vigas às quais a carlinga será ligada de forma a eliminar todas as substâncias
que possam interferir na boa aderência dos materiais novos com os pré-existentes. A
armadura da carlinga deve ser chumbada na superfície lateral das vigas. Antes da betonagem,
deve ser aplicada resina epóxida nas superfícies de contacto da carlinga com as vigas. Para
melhorar a ligação, a carlinga deve ser pré-esforçada através de varões roscados ancorados
nos extradorsos das vigas [27] (Figura 269).
O cálculo dos novos elementos estruturais que substituem elementos pré-existentes de defici-
ente capacidade resistente não apresenta qualquer novidade em relação ao cálculo destes últi-
mos. Se houver mudança na rigidez das peças, há que tê-la em conta no novo cálculo automá-
tico da estrutura. Se houver razões para duvidar da capacidade das novas vigas ou lajes para
resistir a momentos negativos na ligação à estrutura pré-existente, é recomendável assumir a
existência de rótulas ou apoios sem continuidade nessas mesmas ligações. Estas considera-
ções só terão validade se for garantida uma ligação eficaz da nova peça à restante estrutura.
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será um cálculo corrente em que se terá de ter em conta em especial os seguintes pontos [13]:
A análise de estruturas em que foram introduzidos novos elementos resistentes (Figura 270) é
difícil devido à natureza complexa das forças de interacção que se desenvolvem nas
superfícies de contacto dos novos elementos com a estrutura pré-existente. O comportamento
é ainda complicado pela ocorrência de deslocamentos relativos nessas mesmas superfícies e
pelo desenvolvimento de fendas nas ligações e nos novos elementos [13].
Fig. 270 [13] - Estudo comparativo de diversos tipos de reforço por introdução de paredes
resistentes
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As análises mais correntes até ao momento são baseadas na teoria da elasticidade (para
comportamento monolítico), o método da treliça equivalente (quando são utilizados
dispositivos especiais de resistência ao corte), o método das bielas equivalentes (quando não
são utilizados esses dispositivos) e o método dos elementos finitos [13].
O problema dos dispositivos especiais de resistência ao corte foi estudado, tendo-se chegado
às seguintes conclusões [13]:
mesmo paredes resistentes em que estes não são colocados, podem assegurar uma
resistência ao corte igual a cerca de 50% da de uma parede betonada monoliticamente
com a estrutura desde que se crie uma rugosidade nas superfícies interiores da estrutura
pré-existente e que o espaço horizontal por baixo da viga no topo superior do novo painel
seja preenchido com uma argamassa expansiva;
a resistência e ductilidade das estruturas reforçadas por este método são maiores se estes
dispositivos forem utilizados (Figura 271);
a concentração de tensões nos cantos à compressão das novas paredes resistentes, assim
como os momentos flectores e esforços transversos que actuam na estrutura pré-existente,
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Fig. 271 [13] - Curvas qualitativas resistência ao corte / deslocamento para estruturas
reforçadas por introdução de paredes resistentes
São tratadas neste sub-capítulo as soluções de reforço estrutural que não se podem englobar
directamente nos tipos atrás referidos. São apresentados dois tipos de técnicas:
• técnicas que têm como característica comum o facto de não reforçarem directamente
qualquer elemento estrutural na medida em que não fazem aumentar a capacidade
resistente da respectiva secção; jogam antes na redistribuição de esforços dos
elementos estruturais mais fracos ou deficientes para os que dispõem ainda de alguma
reserva na respectiva capacidade resistente, ou seja, correspondem a modificações da
concepção estrutural; correspondem portanto à manutenção das dimensões das peças
pré-existentes sem acrescento de qualquer camada extra de recobrimento; podem, no
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Acontece por vezes que a deficiência de capacidade resistente de determinados elementos está
associada ao facto de estarem rigidamente ligados à restante estrutura ou a peças muito mais
rígidas e resistentes. Na primeira situação, tem-se os casos em que existem grandes extensões
em planta sem qualquer junta de dilatação, o que pode vir a representar a introdução de
esforços muito grandes nas extremidades da estrutura, devida aos grandes deslocamentos que
aí ocorrem associados a variações de temperatura. Noutros casos, tem-se elementos
horizontais (lintéis) de fraca resistência ligados rigidamente por encastramento a outros
elementos de grande rigidez (paredes resistentes) que absorvem grandes esforços devidos a
acções horizontais (sismos). Estes elementos transmitem uma pequena parte desses esforços
aos elementos mais fracos para os quais essa pequena parte representa um incremento
excessivo dos esforços actuantes.
No primeiro caso, a solução passa pela criação de juntas de dilatação adicionais de forma a
dividir a estrutura em planta em troços que não ultrapassem os 30 m em qualquer das
direcções. Esta solução implica em geral a duplicação de pilares e vigas de cada lado da junta.
Uma via de execução possível, seria escorar as lajes de um dos lados das vigas que vão ficar
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fronteiras à junta de dilatação e criar os novos pilares e vigas. Estes ficariam praticamente
encostados respectivamente aos pilares e vigas pré-existentes mas fisicamente separados
deles. Após os novos elementos terem adquirido resistência suficiente, são cortadas as lajes
através de serras circulares na futura junta de dilatação, ou seja, entre as vigas pré-existentes e
as novas e é convenientemente executada essa mesma junta com os materiais habituais. Só
depois são retirados os escoramentos (que devem de preferência ser activos para descarregar
ao máximo os elementos estruturais fronteiros à futura junta). Os esforços introduzidos por
esses mesmos escoramentos devem ser devidamente quantificados e verificados os elementos
sobre os quais eles apoiam para evitar problemas de flexão ou punçoamento.
No segundo caso, a solução passa pela criação de ligações rotuladas entre as peças mais fracas
e as mais rígidas. No caso particular de lintéis ligados a paredes resistentes, uma possível
solução é cortar a armadura superior dos lintéis junto à ligação. É um processo muito simples
e eficaz na redução drástica dos esforços nos lintéis. Corresponde a um pequeno aumento
relativo dos esforços nas paredes que em geral poderá ser ignorado. Poderá também acontecer
o contrário, ou seja, uma viga de rigidez muito maior do que a dos pilares sobre os quais apoia
e que, devido a cargas ou vãos adjacentes muito desiguais, introduz esforços de carácter mais
ou menos permanente nos pilares, esforços estes excessivos para os mesmos. A libertação da
rotação junto ao apoio da viga no pilar permite resolver este problema (Figura 272).
Fig. 272 [22] - Libertação de momentos usada como técnica de “reforço” do pilar
Este tópico não seria cabalmente tratado sem uma menção ao isolamento dinâmico das
fundações (Figura 273) através de materiais que, por serem muito deformáveis, têm dois
efeitos sobre a superstrutura quando esta é actuada pelo sismo: tornam-na mais deformável,
baixando a sua frequência própria de vibração e as acelerações devidas às forças de inércia;
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O fecho de uma junta de dilatação é uma operação relativamente simples. Implica o descasque
profundo de uma faixa de cerca de 1/4 do vão das lajes adjacentes a essa mesma junta de cada
lado da mesma. A superfície obtida deve ser tratada da forma habitual para eliminar
substâncias que possam diminuir a aderência entre o betão pré-existente e o novo. É depois
barrada com uma resina epóxida, são colocadas as armaduras superiores dadas pela análise
incremental atrás referida e faz-se a betonagem com betão não retráctil ou expansivo.
A cura da nova camada deve durar pelo menos 10 dias [57]. Não há em geral qualquer
vantagem ou necessidade em ligar as vigas e pilares que normalmente se duplicam junto às
juntas de dilatação. Em ensaios em estruturas reforçadas por esta técnica, verificou-se um
considerável aumento na resistência e ductilidade em particular às acções cíclicas sem
qualquer aumento significativo na rigidez [22].
Para se conferir encastramento a uma laje ou viga existente, há que descascar profundamente
a zona na qual se vão colocar as armaduras suplementares e as respectivas zonas de
ancoragem (no caso de vigas, pode-se descascar um pequeno troço inferior do pilar para se
ancorar as novas armaduras ou, em alternativa preferível, realizar furos de lado a lado do pilar
para passagem da nova armadura). O processo de execução é semelhante ao atrás descrito
para fecho de juntas de dilatação.
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Fig. 275 [22] - Várias hipóteses de eliminação parcial de uma junta de dilatação entre dois
troços de laje mantendo alguma liberdade de movimento entre os bordos
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O principal problema deste tipo de solução é garantir o funcionamento efectivo das novas
armaduras para o que é conveniente não só garantir a sua aderência perfeita e funcionamento
conjunto com a estrutura existente mas também descarregar ao máximo as peças afectadas
directamente pelo reforço.
permite na maioria dos casos manter a estrutura em serviço durante a sua execução;
permite resolver problemas de má distribuição interna de esforços na estrutura;
permite atenuar problemas de excessiva flexibilidade de alguns elementos ou partes da
estrutura;
mantém o aspecto exterior da estrutura;
é bastante económico na maioria dos casos;
é de fácil execução;
não obriga a mão-de-obra muito especializada.
Pode-se então utilizar este método de redistribuição de esforços mesmo quando a causa dos
problemas não é o assentamento de apoios. Para tal, recorre-se a uma análise em cálculo
automático através da qual se estuda a melhor localização do deslocamento a impor e a
respectiva grandeza de forma a obter o melhor rendimento da técnica de reforço. Este será
tanto mais eficaz quanto maior for a reserva de resistência global da estrutura após a
intervenção. Esta é definida como o menor quociente entre o esforço resistente e o esforço de
cálculo de qualquer elemento da estrutura [13].
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Este tipo de intervenção é muito utilizado em pontes podendo, no entanto, ser estendido a
edifícios. Em pontes, o que se faz geralmente é impor um deslocamento nos apoios existentes
por intermédio de macacos hidráulicos após o que se coloca novos apoios definitivos com as
dimensões adequadas. Em edifícios, os deslocamentos são geralmente impostos na base das
sapatas por métodos idênticos o que implica quase sempre o seu descalce [13].
O principal problema destas técnicas é a efectivação dos deslocamentos pois nem sempre é
fácil dispor os dispositivos que os impõem. No entanto, com a variedade e possibilidades dos
equipamentos actuais, quase se pode dizer que não há problemas de resolução impossível.
na maioria dos casos, a estrutura tem de ser retirada de serviço durante a execução dos
trabalhos;
obriga à utilização de mão-de-obra especializada e equipamento caro;
não permite grandes aumentos da capacidade resistente da estrutura pelo que não serve
para resolver grandes deficiências estruturais;
obriga a um estudo das suas consequências em toda a estrutura podendo obrigar a
reforços adicionais localizados.
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De uma forma sucinta, vai-se passar em revista os danos mais comuns em estruturas de betão
armado colocadas em ambientes marinhos, ou seja, numa orla junto ao mar ou ao estuário de
um rio importante de cerca de 5 km para o interior [54].
A patologia mais importante é a corrosão das armaduras. O primeiro sintoma que aparece nos
elementos estruturais em que se tenha iniciado a corrosão é o aparecimento de uma
fendilhação coincidente com a posição dos varões longitudinais. Estas fendas, capilares no
princípio, são provocadas pelas tensões originadas pelo óxido expansivo formado em torno
dos varões e vão-se abrindo progressivamente ao mesmo tempo que começam a aparecer
outras coincidindo com a posição dos estribos e cintas [12] (Figura 276).
O processo continua até se iniciar o desprendimento dos cantos dos elementos estruturais
ainda que por vezes exista delaminação do recobrimento em toda a face mais exposta do
elemento [12] (Figura 277).
Fig. 276 [12] - Fendilhação devida à corrosão das armaduras longitudinais combinada com a
devida à corrosão das cintas
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Fig. 277 [12] - Desprendimento dos cantos e do recobrimento devido à corrosão das
armaduras
Como consequência da perda de secção das armaduras, a sua capacidade resistente vai
diminuindo, ao mesmo tempo que desaparece a sua aderência ao betão devido à camada de
óxido pulverulento que se forma entre os dois materiais. Com as armaduras expostas ao ar
livre, a taxa de corrosão aumenta e o volume aparente do óxido, que inicialmente era de 3 a 4
vezes o do aço consumido, pode chegar a ser 10 vezes superior [12].
Devido à sua menor secção, os estribos e as cintas acabam por ser totalmente consumidos
(Figura 278) com o que os varões longitudinais deixam de ficar confinados lateralmente e
podem ter problemas de varejamento. A sua contribuição para a capacidade resistente da peça
anula-se e as solicitações actuam apenas no núcleo de betão que, por sua vez, também perdeu
resistência numa zona contaminada pelos cloretos mais ou menos profunda conforme o tipo
de cimento utilizado [12].
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Fig. 278 [12] - Nível elevado de degradação devida à corrosão com perda total de secção das
cintas
A eliminação do betão deteriorado pode fazer-se por escarificação, a martelo e escopo ou por
outro meio manual, mecânico ou pneumático. A operação deve-se estender até à parte
posterior dos varões a fim de deixar livres uns 2.5 cm em redor dos mesmos para se poder
realizar com facilidade a limpeza dos varões. Em peças de pequena secção, esta operação
pode debilitá-los de tal forma e tornar-se tão cara que é melhor e mais prático eliminá-los e
substitui-los por novas [12].
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do núcleo de betão para detectar possíveis fissuras. Se estas existirem, devem ser injectadas
com uma resina epóxida de baixa viscosidade [12].
Para reparar as armaduras, corta-se os troços de varão demasiado debilitados que são substi-
tuídos por novos troços soldados aos sãos existentes. Se não se utilizar soldadura de topo, o
comprimento de sobreposição deve ser de 10 diâmetros e, se a ligação for feita por empalme,
o comprimento de amarração deve ser pelo menos de 40 diâmetros [12]. Por vezes, colocam-
se novos varões em substituição dos eliminados ligando-os directamente ao betão por meio de
ancoragens ligadas ao mesmo por resinas epóxidas ou outro sistema de ligação adequado.
Uma vez reparada a armadura principal e colocados os estribos ou cintas necessários, deve-se
realizar uma limpeza com jacto de areia que elimine os restos de óxido e as partículas soltas
de betão. Se o jacto de areia poder danificar elementos adjacentes, pode-se considerar outras
formas de limpeza do tipo mecânico. Logo após a limpeza das armaduras, deve-se aplicar
uma camada de resina epóxida tanto nelas como no betão. As suas funções são melhorar a
aderência do novo betão e criar uma barreira impermeável que proteja o exterior das
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armaduras [12]. Com essa camada ainda fresca, faz-se a betonagem do novo betão de
recobrimento. Se, por qualquer circunstância, a betonagem se vai demorar, não se deve aplicar
a resina no betão mas apenas nas armaduras tendo a precaução de espalhar sobre esta camada
areia fina para aumentar a aderência entre esta superfície tratada e seca e o betão que sobre ela
se colocará. Este procedimento deve-se ao facto de o aço recém limpo de óxido e, em
particular, se se tiver utilizado um jacto de areia, ser muito propenso a oxidar-se com grande
rapidez. Com a capa de resina, cria-se uma protecção eficaz [12].
Em vez de betão normal, pode-se utilizar no novo recobrimento uma argamassa de cimento
portland ou uma argamassa epóxida. O processo de colocação do betão pode ser por
gunitagem ou convencional.
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esta última solução. Consegue-se por esta via superfícies exteriores mais bem acabadas que
por gunitagem. Por outro lado, consegue-se uma boa regularidade na qualidade do betão posto
em obra e, com recurso a aditivos superplastificantes, pode conseguir-se facilmente betões
com relações água / cimento baixas [12]. Se as superfícies a reparar são pequenas, pode
utilizar-se argamassas de cimento com ou sem incorporação de látexes acrílicos. Em qualquer
caso, é necessário utilizar uma resina epóxida de união entre os dois betões ou uma leitada de
cimento, látex e areia ou ainda, se se trata apenas de reparações muito pouco importantes,
basta saturar a superfície de betão existente [12]. Se se utilizar argamassa de cimento na
reparação, a sua espessura não deve ultrapassar os 3 cm devendo a primeira camada que está
em contacto com as armaduras ser de uma argamassa de dosagem 1:2 em volume misturada
com látex diluído com água podendo as camadas seguintes ter dosagens mais pobres em
cimento. Se se utilizar uma argamassa epóxida, esta deve ter um coeficiente de dilatação
térmica e um módulo de elasticidade o mais parecidos possível com os do betão pré-existente.
Em geral, estas argamassas têm uma formulação epóxida/agregados entre 1:6 e 1:8. Por isso,
são argamassas secas que devem ser amassadas energicamente para conseguir uma boa
uniformidade e nas quais a areia a utilizar deve ser siliciosa e seca [12].
Uma estrutura está bem protegida contra a corrosão se nela se tiver empregue agregados e ci-
mentos adequados, uma boa granulometria sem excesso de finos, uma relação água / cimento
baixa da ordem dos 0.45, um recobrimento adequado com um mínimo de 4 cm e um máximo
de 5 cm e uma boa cura [12]. No entanto, pode julgar-se conveniente a utilização de protec-
ções adicionais como asfalto de coque, pinturas epóxidas ou mesmo protecções catódicas das
armaduras. A protecção mais corrente é asfáltica ou de resina epóxida de baixo módulo de
elasticidade para penetrar nos poros e selá-los mais convenientemente. Nas zonas da maré,
pode-se projectar uma argamassa de cimento, areia e látex dissolvido em água ao qual se junta
à saída da mangueira fibras de vidro cortadas resistentes aos álcalis do cimento [12].
A primeira atitude face a uma estrutura sinistrada pelo fogo consiste na análise e na avaliação
dos danos e da capacidade resistente residual dos elementos estruturais de betão armado. Re-
sumindo, pode-se dizer que este passo engloba as seguintes acções [28]: visita de inspecção à
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construção por uma equipa técnica com experiência no tipo de construção em causa; análise
do projecto ou de outra documentação acompanhada de comparação com a obra existente; es-
timativa das solicitações que actuam a estrutura e esforços por elas provocados; diagnóstico;
análise retrospectiva; avaliação da capacidade estrutural (prognóstico). Nesta fase, é ainda
indispensável o recurso a ensaios de materiais e da estrutura tanto in-situ como no laboratório.
Identificados os problemas, é preciso seleccionar as medidas a tomar para recuperação das es-
truturas. A reparação e reforço de estruturas de betão armado danificadas pelo fogo têm mui-
tos pontos em comum com a reparação e reforço das mesmas devido a outras causas.
A avaliação da capacidade resistente residual dos materiais não é uma tarefa fácil não
podendo ser apenas função de uma análise visual. Por exemplo, ensaios de provetes retirados
de estruturas danificadas pelo fogo, demonstraram que, mesmo em zonas expostas pelo
descasque do recobrimento e onde os varões tinham encurvado, não se havia registado perdas
assinaláveis de resistência e ductilidade do aço das armaduras [12].
Na avaliação de estruturas danificadas pelo fogo, os parâmetros mais importantes a definir são
[30] o grau de descasque do betão, a tonalidade da sua superfície exterior, a intensidade e
distribuição da fendilhação, a presença de varões encurvados, a proporção de armadura
provavelmente exposta directamente às chamas durante o incêndio e o valor das flechas.
Considera-se que o betão danificado e portanto a eliminar corresponde ao que tiver estado
submetido a temperaturas superiores a 300 ºC a que corresponde uma coloração rosada [55].
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Se a estrutura tiver estado submetida à acção de gases contendo ácido clorídrico, procedentes
por exemplo de canalizações em PVC, haverá que determinar a profundidade de penetração
dos iões cloro para perceber se há ou não risco de corrosão das armaduras [12]. Em [53],
foram referidas de forma extensa as técnicas de reparação de peças contaminadas por cloretos.
De uma forma muito resumida e qualitativa, são as seguintes as principais medidas a tomar na
reparação de peças de betão armado danificadas pelo fogo em função do tipo de elemento
estrutural e do nível de danos [12]:
Placas e lajes
• estragos grandes ou moderados - eliminação dos elementos e sua reconstrução; as lajes
apenas moderadamente danificadas são demolidas por, neste tipo de elemento, o custo
da reparação ser, em geral, superior ao custo da reconstrução;
• estragos ligeiros - reparação com betão projectado (gunitagem) e reforço de
armaduras;
Vigas
• estragos grandes - demolição e reconstrução;
• estragos moderados - corte de troços de betão seleccionados incluídos na zona de
compressão adjacente aos pilares; colocação de armaduras longitudinais, estribos
malha electrossoldada e recobrimento de todo o conjunto por gunitagem;
• estragos ligeiros - eliminação das zonas danificadas e reparação por gunitagem;
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Pilares
• estragos grandes ou moderados - reforço com uma camada de betão colocada em todo
o perímetro do pilar e confinada por cofragem exterior após se ter previamente
eliminado todo o betão danificado;
• estragos ligeiros - eliminação das zonas danificadas e reparação por gunitagem.
Pilares
De acordo com Cánovàs [2], o dimensionamento de pilares danificados pelo fogo e reforçados
por encamisamento deveria ser feito de acordo com as seguintes regras semi-empíricas:
ca = 1.30 cd (74)
cn ≥ ca = 1.30 cd (75)
em que:
cd - resistência do betão pré-existente aos 28 dias;
ca - resistência do mesmo betão antes da ocorrência do incêndio;
cr - resistência do mesmo betão depois de retirada toda a camada de tonalidade rosa;
cn - resistência do betão novo utilizado na reparação.
Quanto às barras encurvadas, o mesmo autor [12] indica como referência geral que não é
necessário tomar precauções quando o deslocamento lateral do varão for inferior a metade do
seu diâmetro. Quando o deslocamento for superior, o varão deve ser cortado, endireitado e
soldado. Normalmente, torna-se mais prático colocar armadura suplementar. Deve-se reforçar
a ligação do betão novo ao pré-existente através de uma malha electrossoldada de reforço.
Esta malha deverá ser ligada às armaduras pré-existentes e impedirá também a retracção do
novo betão. Demonstrou-se, em ensaios recentes [12], que a presença da malha permitiu
quase duplicar a resistência ao fogo do pilar ao impedir que o recobrimento salte e exponha as
armaduras longitudinais. Outra forma de unir os dois betões é por meio de uma camada de
resina epóxida aplicada no betão pré-existente após tratamento da superfície [12].
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O reforço de pilares deve ser feito após uma descarga e escoramento eficaz de modo a que o
reforço venha a suportar não só as sobrecargas mas também parte do peso próprio. Deve tam-
bém ser efectuado o mais rapidamente possível pois acontece por vezes que o escoramento é
de aluguer caro, complexo e, inclusivamente, de mais lenta execução que o próprio reforço. É
fundamental uma vigilância total e constante durante os trabalhos de recuperação [12].
Em casos de emergência, recorre-se à seguinte técnica [12]. A primeira acção a tomar no caso
de um pilar ter colapsado e perdido a sua capacidade de absorção de cargas (com o que estas
tiveram de se redistribuir pelo resto da estrutura), é estudar a nova distribuição de esforços e
ver como ela afecta os outros elementos a fim de estabelecer uma ordem de prioridade nos
reforços. Uma vez realizado esse estudo, passa-se ao escoramento dos elementos
sobrecarregados e à sua reparação e/ou reforço pelas técnicas habituais. Segue-se a injecção
das fendas no pilar colapsado de forma a dar-lhe monolitismo e procede-se ao seu reforço
através de sistemas que permitam aumentar a sua capacidade resistente. As injecções devem
ser feitas com resinas de rápido endurecimento.
Vigas
Uma primeira consequência do incêndio sobre o betão das vigas é a calcinação do mesmo se-
guida da possível esfoliação ou desprendimento do recobrimento. A calcinação é caracteriza-
da por uma perda de água no betão e uma diminuição apreciável na sua resistência. Antes de
se proceder aos trabalhos de reparação, haverá que eliminar essas camadas calcinadas e
inclusivamente aplicar-lhes um jacto de areia para obter uma superfície sã sobre a qual se
possa aplicar o novo betão. Se as armaduras tiverem perdido a sua aderência ao betão, impõe-
se uma limpeza a fundo das superfícies de betão e de aço e mesmo o corte e colocação de
novas armaduras de reforço se as existentes estiverem muito deformadas [12] (Figura 280).
Por vezes, as deformações lentas de peças danificadas pelo incêndio fazem com que se dê
uma redistribuição de esforços e se possa atingir a rotura em determinadas peças dias após a
extinção do fogo [12]. Por isso, é conveniente, antes de proceder ao reforço, observar e
controlar as possíveis deformações dos elementos.
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Placas e lajes
As placas e lajes são os elementos estruturais que mais danos sofrem durante um incêndio
devido à menor espessura dos recobrimentos das armaduras e à sua maior superfície de
exposição ao fogo. Os problemas agravam-se quando se utilizam aços deformados a frio por
diminuir drasticamente a sua tensão de cedência com as temperaturas elevadas [12].
A utilização de betões projectados aos quais se adiciona fibras de aço permite em muitos
casos eliminar as malhas electrossoldadas e aumentar a rapidez de aplicação [12].
Nos trabalhos de reparação e reforço, procura-se em geral fazer cumprir os estados limite
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últimos mas não há uma preocupação tão grande com os estados limite de utilização. Se, por
exemplo, nos trabalhos de recuperação de lajes, não forem tomadas medidas adequadas de
descarga, as flechas exageradas ocasionadas pelo incêndio permanecerão na totalidade após a
recuperação podendo mesmo vir a aumentar ao longo do tempo. O material do reforço ou de
aumento da secção resistente permanecerá livre de tensões se não forem tomadas essas
medidas suplementares e só suportará diferenças de carga que actuem após a recuperação.
Logo, a rigidez acrescida do reforço só vai funcionar para as acções variáveis que
correspondem à menor fracção da carga total [55].
Fig. 281 [12] - Reforço de uma laje danificada pelo fogo com malha electrossoldada
Em estruturas pré-esforçadas, há que considerar duas situações distintas [30]. Nos incêndios
de grande intensidade e curta duração, originam-se grandes gradientes térmicos no betão que
podem levar o aço de pré-esforço a entrar em cedência sem que o aumento de temperatura a
que foi sujeito seja suficiente para produzir degradação permanente das suas propriedades
mecânicas. Quando a temperatura torna a descer, permanecem grandes deformações no
elemento, embora o aço esteja de novo na zona elástica. Se, pelo contrário, se trata de um
incêndio de pequena intensidade e longa duração, dar-se-á uma relaxação do aço com
consequente perda de pré-esforço. A degradação do aço será permanente. A recuperação
destes estará posta fora de questão.
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Um edifício só poderá ser considerado seguro em relação à acção sísmica se uma das
seguintes condições for cumprida [44]:
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Sobre os vários métodos de reforço neste tipo de situações já quase tudo foi dito. Convirá, no
entanto, acrescentar que, no caso de reforço por encamisamento, o melhor comportamento sob
acções sísmicas se obtém quando o encamisamento é feito nas quatro faces em pilares e nas
duas em paredes resistentes pré-existentes [43].
Quanto ao reforço por adição de novos elementos resistentes, pode ser realizado de várias
formas [44] (Figura 282):
Fig. 282 [44] - Reforço de estruturas ao sismo por adição de novos elementos estruturais
resistentes
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Outro problema fundamental é a distribuição dos novos elementos na estrutura. Esta deve ser
tão regular quanto possível tanto em planta como em altura [44]. O objectivo é fazer diminuir
a distância entre o centro de massa e o de rigidez em todos os pisos, para reduzir os problemas
relacionados com a torção. Para tal, os novos elementos devem ser colocados
preferencialmente de uma forma simétrica em relação ao centro de massa. Para além disso, as
aberturas nas paredes resistentes devem ser reduzidas ao mínimo e dispostas de forma a
maximizar a rigidez das paredes [49].
Em edifícios rectangulares em planta em que uma das dimensões é bastante maior que a outra,
as paredes resistentes colocadas nos cantos e orientadas da direcção longitudinal limitam a de-
formação devida às mudanças de temperatura e podem provocar forças internas consideráveis
em toda a estrutura. Deve-se orientá-las preferencialmente na direcção transversal [49].
No exemplo apresentado (Figura 283), existe uma grande excentricidade da força sísmica
resultante na direcção longitudinal ao mesmo tempo que as duas paredes transversais têm uma
distância entre si excessivamente pequena diminuindo assim o efeito de binário resistente.
Irregularidades verticais, causadas pelo não preenchimento dos panos entre pilares em todos
os níveis, podem originar comportamento sísmico deficiente da estrutura e transladar os danos
e eventuais roturas para as zonas não reforçadas [49] (Figura 284).
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Para evitar níveis de esforços transversos e momentos flectores inadmissíveis nos pilares das
estruturas formadas por mais de um corpo não separados fisicamente por juntas de dilatação, é
recomendável ligar os vários corpos do edifício com paredes resistentes estendidas aos vários
corpos [49] (Figura 286).
Fig. 286 [49] - Ligação dos vários corpos com uma parede resistente
As fundações dos novos elementos devem ser concebidas criteriosamente para evitar
assentamentos diferenciais após o reforço [44].
De uma forma sucinta, vai-se passar em revista os danos mais comuns em fundações de
estruturas de betão armado.
Um dos problemas mais comuns é uma excessiva tensão de contacto sapata - solo quer devido
à subestimação das cargas quer devido à sobrevalorização da tensão de segurança do terreno.
Por outro lado, as próprias cargas podem ter aumentado por alteração no tipo de utilização da
estrutura e consequentemente nas suas sobrecargas de serviço. Pode ainda acontecer que se
tenha aumentado o número de pisos da estrutura [12].
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Os terrenos formados por areias soltas sofrem modificações importantes na sua capacidade
resistente e na sua estabilidade de acordo com o grau de humidade que possuam. As argilas
podem sofrer alterações muito perigosas devido ao facto de formarem um terreno forte e
estável quando secas mas, após a saturação em água, ficarem plásticas, perderem estabilidade
e darem lugar a que se produzam movimentos importantes nos solos não só verticais mas
também horizontais (por deslizamento) [12]. A água pode proceder do exterior (chuvas e
inundações) ou do subsolo devido a variações no nível freático, a variações devidas às marés
nas estruturas próximas do mar, a águas que se escoem entre camadas impermeáveis de
terreno em taludes, a roturas de canalizações, etc. [12]. Alguns destes problemas podem-se
resolver de uma forma preventiva dispondo de uma rede de drenagem bem projectada ou até
mesmo de poços de recolha e bombagem de águas. O escoamento de águas sob as sapatas é
extremamente perigoso e de evitar a todo o custo por poder originar lavagem dos finos e
mudanças na compacidade do solo [12].
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Fig. 287 [12] - Perigo de assentamentos maiores na zona central devido à sobreposição de tensões
Quando se executam dois edifícios com um determinado espaçamento entre eles, existe o
perigo de ambos rodarem para dentro devido à sobreposição de tensões no terreno entre eles
[12] (Figura 288).
Fig. 288 [12] - Rotação de dois edifícios devido à sobreposição de tensões no intervalo entre eles
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1/300, podem produzir-se danos e, se for de 1/50, pode provocar a encurvadura de pilares de
betão armado. Para danos estruturais, pode aceitar-se o limite de 1/500 e de 1/300 para
defeitos arquitectónicos. Estes limites são um pouco empíricos já que, em teoria, deveriam
depender da rigidez da estrutura [15].
Fig. 289 [12] - Perigo de rotação do novo edifício devido à falta de compactação do terreno à
sua direita
Para situações em que as causas não sejam removíveis, terá de se proceder a trabalhos de re-
calce de fundações, alteração do tipo de fundação, reforço do terreno ou alívio das cargas [15].
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Escoramentos
O escoramento e descarga das sapatas, quando necessário, pode ser conseguido por meio de
perfis metálicos colocados obliqua (Figura 290), vertical (Figura 291) ou horizontalmente
[12] (Figura 292).
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Deve ser feita uma nova análise de esforços da estrutura tomando em conta a existência das
escoras por estas poderem introduzir momentos de sinal contrário ao esperado nas secções de
apoio. O apoio das escoras no solo deve também ser dimensionado adequadamente.
Reforço de sapatas
São muitas as técnicas de reforço de fundações. Uma das mais correntes e eficazes é a
execução sob a sapata existente de uma nova sapata de betão armado (Figura 293) que tenha
dimensões em planta suficientes para suportar a nova carga com o que o terreno continuará a
trabalhar a tensões inferiores à sua tensão de segurança.
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Fig. 293 [56] - Recalce de uma sapata pré-existente em que se realça o problema da retracção
do novo betão
Fig. 294 [12] - Alteração dos diagramas de momentos devidos ao recalce da sapata de um pilar
Fig. 295 [47] - Fases de execução do recalce de uma sapata sem necessidade de a descarregar
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A melhor solução para recalce de sapatas é realizar a escavação do terreno até obter o novo
caboco e depois cortar com um martelo pneumático parte da zona inferior da sapata existente
até conseguir um tronco de pirâmide invertida com faces inclinadas a 30º (Figura 296). Desta
forma, a betonagem da nova sapata realiza-se com mais facilidade e consegue-se assim um
bom contacto entre os dois betões [12].
Fig. 296 [12] - Execução correcta do recalce da sapata para minorar o efeito da retracção
No caso de muros de suporte, faz-se o recalce em troços de cerca de 1.20 m que são marcados
na sapata. De seguida, escavam-se poços de 1.20 m de largura separados de 2.40 m que passam
debaixo da sapata existente e vão até à profundidade pretendida. Feito isto, betonam-se os po-
ços abertos. Quando o betão atingiu a resistência necessária, realiza-se a mesma operação nas
outras zonas separadas entre si de 2.40 m e assim sucessivamente até recalçar toda a sapata
(Figura 297). O sistema é muito prático, rápido e não levanta quaisquer problemas [12].
Quando não há possibilidade de descalçar completamente a sapata, pode-se abrir uma vala a
toda a volta da sapata existente introduzindo-se um pouco sob ela. Essa vala é depois
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preenchida com betão novo. Com esta técnica, consegue-se aumentar as dimensões laterais da
sapata existente, absorvendo-se os importantes esforços de corte que aparecem entre os dois
betões por meio de um coto de betão que se introduz por baixo da sapata existente (Figura
298) e por meio de uma resina epóxida que se aplica em toda a superfície lateral da sapata
[12] (Figura 299). É fundamental conseguir-se uma boa limpeza do terreno contra o qual se
vai betonar, descarnar e limpar de terra as superfícies de betão da peça existente para
conseguir uma boa união dos dois betões por meio da resina epóxida. As armaduras de
reforço também contribuem para essa mesma aderência [12]. Na Figura 300, representa-se
uma técnica alternativa sem qualquer recalce da sapata existente.
Fig. 298 [12] - Reforço de uma sapata por aumento da sua área de contacto com o solo mas
praticamente sem recalce
Fig. 299 [12] - Aplicação de resina epóxida em toda a superfície exterior da sapata pré-
existente após picagem desta
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Fig. 300 [43] - Reforço de uma sapata por aumento da sua área de contacto com o solo mas
sem recalce
Ao calcular a área necessária para a nova sapata, deve tomar-se em conta que as cargas
verticais actuantes sobre a sapata quando se executa o reforço só induzem tensões na sapata
existente. Só as cargas posteriores se dividem igualmente por toda a sapata reforçada. Daí que
as tensões sob a sapata existente continuem sendo as mais condicionantes e que seja
fundamental descarregar ao máximo a sapata existente antes da execução do reforço.
Está cada vez mais vulgarizada a utilização de micro-estacas neste tipo de trabalhos. As
micro-estacas cravam-se na direcção vertical ou inclinada para conseguir o efeito desejado e a
máxima eficácia ligando-se depois as suas cabeças através de um embasamento que passa
debaixo da sapata existente e recebe a carga desta. Um sistema possível é unir as cabeças das
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estacas através de cabos de pré-esforço enquanto que a componente dada pelos cabos é
absorvida por bielas postas em tracção por roscas ou mangas metálicas roscadas que
transmitem parte ou a totalidade da carga do pilar às cabeças das micro-estacas [12].
Fig. 301 [12] - Transmissão das cargas do pilar às estacas por intermédio de escoras metálicas
e pré-esforço
Quando não se consegue resolver o problema com um recalce da sapata, pode-se executar
furos cilíndricos nesta por onde se introduzem e cravam micro-estacas até atingir terrenos
mais resistentes. Posteriormente, faz-se a ligação das cabeças das estacas à sapata através de
acoplamentos cónicos ou denteados ou com outro sistema qualquer que garanta uma união
eficaz e impeça o deslizamento entre a sapata e as estacas [12].
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Fig. 302 [24] - Reforço de uma fundação de uma ponte com introdução de estacas metálicas
A medida mais eficaz para evitar estes problemas é, sempre que possível, o escoramento dos
edifícios de um lado e do outro da escavação através de perfis metálicos ou treliças
convenientemente dimensionadas (Figura 303).
Em alternativa, pode-se executar micro-estacas sob as sapatas do edifício existente que ficam
junto à escavação [12]. Em qualquer das soluções, é sempre recomendável diminuir as cargas
sobre as sapatas do edifício existente mais próximas da escavação.
Uma outra solução ainda que mais complicada é efectuar um recalce das sapatas existentes até
as levar a um nível igual ou inferior ao das fundações do novo edifício ou ao da rua a
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construir. Mais simples mas eventualmente mais cara é a construção de um muro de suporte
de terras ou uma cortina de estacas-prancha que se ancora perfeitamente no terreno sob o
edifício existente por meio de ancoragens pré-esforçados [12] (Figura 304).
Fig. 303 [12] - Apoio lateral dos edifícios através de escoramento metálico
Ainda que não esteja perfeitamente integrado no assunto deste trabalho, vai-se aqui referir
resumidamente as técnicas de melhoramento do solo de fundações.
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As leitadas mais utilizadas neste tipo de injecções são de cimento portland e eventualmente
areia fina, de cimento e argila coloidal, de silicato de sódio e um reactivo (por exemplo, uma
solução alcalina de cloreto de cálcio) para formar gel injectado separadamente constituído por
resinas orgânicas do tipo da acrilamida, ureia-formol, etc.. O consumo de cimento em terrenos
arenosos pode oscilar entre 200 e 300 kg/m3 de terreno a tratar [12].
Fig. 305 [12] - Rigidificação do terreno sob a sapata existente através da sua injecção
Em pilares de pontes, pode-se substituir o material levado pelas águas por betão ou por um
enchimento de rochas de dimensões criteriosamente escolhidas [16].
Os solos são ambientes muito agressivos em relação ao betão armado. Neles se pode
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encontrar sais de magnésio e cálcio sob a forma de sulfatos e cloretos e ainda sais de amónia
[12]. A agressividades destes produtos será tanto maior quanto mais dissolvidos eles
estiverem em águas que estejam em movimento diminuindo bastante o seu efeito se as águas
estiverem em repouso ou estagnadas. Por esta mesma razão, estão mais ameaçadas de ataque
químico as partes da infraestrutura que estão em contacto com o nível freático e nas quais
existe em alternância água e ar [12]. Daí que seja frequentemente considerada a hipótese de
conferir protecções adicionais adequadas às fundações.
As superfícies de betão a tratar devem estar limpas de terras e secas, em particular se se usa
um tratamento a quente [12]. Existem outros métodos tais como a utilização de rebocos hidró-
fugos, revestimentos impermeáveis de várias camadas à base de feltros impregnados, chapas
de alumínio, materiais termoplásticos, resinas sintéticas, etc. [12]. No entanto, a melhor
protecção que se pode dar às fundações é impedir o acesso das águas agressivas a elas sempre
que seja possível, para tal executando drenos profundos em todo o perímetro do edifício [12].
As vibrações que se podem fazer sentir nas fundações das estruturas, para além de poderem
provocar movimentos de terras, podem ainda originar fenómenos de fadiga nos materiais [12].
Para diminuir os efeitos das vibrações, pode-se optar por vários métodos como, por exemplo,
a adopção de pavimentos flexíveis e a criação de barreiras em torno da estrutura. As vibrações
provocadas pelo tráfego nas estruturas podem ser praticamente eliminadas se o piso da estrada
e dos passeios públicos próximos dos edifícios for flexível, realizado à base de betume
asfáltico ou betão, sem juntas nem ondulações ou ressaltos. Em alternativa, pode-se criar
barreiras separadas do edifício e que absorvam as vibrações do tráfego [12] (Figura 306). O
inconveniente do sistema é ser caro.
Uma solução mais económica ainda que não tão eficaz pode consistir em rodear o topo e as
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faces laterais das fundações com camadas espessas amortecedoras das vibrações [12]. Estas
camadas podem ser de cortiça ou de materiais plásticos expandidos. A vantagem destes
últimos é a de não apodrecerem na presença de humidade.
Para máquinas de impacto, as fundações devem ter grande massa mas ser de suspensão
flexível permitindo assim transformar uma onda de choque de grande intensidade noutra de
intensidade mais baixa e de maior duração e, portanto, menos perigosa. Em máquinas
rotativas, a primeira preocupação deve consistir em conseguir o seu equilíbrio dinâmico e
projectar fundações livres de ressonância para que a frequência própria da fundação com a
máquina instalada fique bastante afastada por excesso ou por defeito da frequência excitadora
[12]. É muito importante conseguir a total separação do bloco de fundação da máquina em
relação ao terreno e fundações da estrutura. Daí que seja normal as máquinas estarem
colocadas sobre grandes blocos de betão que descarregam por sua vez em molas ou
amortecedores de borracha ou cortiça [12]. Estes elementos amortecedores devem ser
facilmente acessíveis para se proceder à sua limpeza, inspecção e eventual substituição.
6.7.8.1. Paredes
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A 1ª operação a efectuar é a descarga da parte do muro que se vai suprimir das cargas que as
vigas e lajes lhe transmitem através da colocação dos escoramentos necessários (Figura 307).
É em geral necessário proceder ao recalce das fundações do muro na zona que fica intacta de-
vido ao incremento de cargas nessa zona, cargas essas que anteriormente eram absorvidas pe-
las fundações do troço de muro a eliminar. Logo, o terreno vai ficar submetido a uma tensão
muito superior à inicial sendo o incremento tanto maior quanto o for o vão da abertura preten-
dida. O recalce executa-se abrindo uma vala de cada lado da antiga sapata a uma profundida-
de superior à desta. As duas valas comunicam-se por baixo da sapata existente a fim de se
poder colocar uma malha de varões ou perfis laminados que armem a nova fundação.
Seguidamente, procede-se à betonagem das zonas abertas no terreno procurando que as
armaduras adicionais fiquem completamente embebidas no novo betão [12] (Figura 308).
Fig. 308 [12] - Recalce da sapata do muro de suporte existente junto aos limites da futura
abertura por incremento das tensões de contacto nessas zonas
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pilares e com o eixo coincidente com o destes. Para que os novos pilares fiquem
perfeitamente travados e ligados monoliticamente ao muro existente, realiza-se uns encaixes
nestes constituídos por zonas reentrantes e salientes na zona do muro que se irá manter e que
serão preenchidas por parte do betão dos novos pilares dando lugar a uma ligação muito
perfeita destes com o muro [12] (Figura 309).
Fig. 309 [12] - Denteado da parede existente para solidarização dos novos pilares a esta
Coloca-se depois a armadura necessária nos pilares e betona-se estes. Os pilares vão ficar a
delimitar o vão da abertura a realizar-se. Após a realização destas operações prévias de
reforço e quando os novos materiais tenham adquirido resistência suficiente, procede-se à
abertura de roços para o alojamento do lintel no topo do muro. O comprimento destes roços
será igual ao vão da abertura mais as correspondentes entregas do lintel e uns 5 a 10 cm de
cada lado para se poder trabalhar sem empecilhos na colocação do lintel [12]. É preciso um
cuidado especial com as faces superiores dos roços procurando que sejam totalmente
horizontais e planos, a fim de que tenham um bom contacto com a parte superior do lintel. O
lintel é em geral formado por perfis metálicos em I ou U ainda que não haja inconveniente em
executá-los em betão armado colocado in-situ ou com recurso a pré-fabricação.
Quando os lintéis são formados por perfis metálicos, a colocação dos mesmos faz-se abrindo
um primeiro roço correspondente à metade mais carregada do muro que, nos edifícios,
corresponde ao paramento interior (Figura 310).
Este roço terá a altura do perfil que irá receber e uma largura igual a metade da espessura do
muro. Uma vez aberto o roço, coloca-se no seu interior um dos perfis metálicos, ligando-o bem
com argamassa de cimento de alta resistência, em particular nas zonas dos apoios, procurando
que assente perfeitamente na parte inferior do roço (Figura 311). O objectivo é que, quando se
realize a abertura do roço correspondente à outra metade do muro, o perfil não fique sujeito à
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flexão suportando assim a totalidade da carga que na altura actuasse sobre ele [12].
Fig. 310 [12] - Abertura do roço para colocação do primeiro perfil metálico
A parte superior do muro no qual se pretende fazer a abertura deve transmitir as suas cargas
ao lintel colocado o que se consegue metendo cunhas de aço no espaço compreendido entre a
face superior do lintel e a inferior do topo da abertura. O espaço restante compreendido entre
as duas faces pode ser preenchido por uma argamassa expansiva ou por meio de betão, se o
espaço for muito grande [12].
Finda a operação anterior e quando se estime que a argamassa ou betão utilizados atingiram
suficiente resistência, procede-se ao derrubamento ou demolição da secção do muro a
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eliminar, que já é desnecessária do ponto de vista resistente que se deixará livre para a
abertura que se pretende. A demolição pode ser feita por martelo pneumático, corte com lança
de oxigénio (Figuras 313 e 314) ou corte com disco de diamante [12].
Fig. 312 [12] - Demolição do muro para criar a abertura já com o par de perfis metálicos na
sua posição definitiva
Fig. 313 [12] - Demolição do muro existente através da técnica da lança de oxigénio
O martelo pneumático tem como desvantagens o facto de ser lento e introduzir efeitos
dinâmicos apreciáveis que podem produzir, em alguns casos, estragos na estrutura [12]. O
corte com lança de oxigénio é rápido mas caro ainda que o custo com mão-de-obra seja
menor. Tem como vantagens os factos de se obter superfícies limpas e planas se o operário
tiver experiência e for hábil e de o equipamento ser muito ligeiro e a execução isenta de
ruídos e vibrações. Devido à alta temperatura a que se submete o betão (da ordem dos 4000
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ºC), este fica danificado numa espessura de uns 5 cm a partir do bordo cortado o que obriga a
eliminar o betão dessas zonas, em particular no roço para introdução do lintel. É
imprescindível que o local em que se trabalha com este sistema esteja bem ventilado devido à
quantidade de gases que se produzem durante as operações de corte [12] [26]. O corte com
disco de diamante é caro devido ao custo elevado dos discos e à escassez de equipas
especializadas. Obtêm-se, no entanto, superfícies muito regulares. Os cortes podem ser
praticados independentemente da existência de armaduras sendo a execução isenta de
vibrações, poeiras e ruídos incómodos [12] [26].
Fig. 314 [12] - Demolição do muro existente através da técnica da lança de oxigénio
Uma vez efectuadas todas as operações atrás descritas, elimina-se todo o sistema de
escoramento utilizado.
O principal problema deste tipo de reforço é o controlo de flechas nos lintéis [12]. Estas
devem ser calculadas tomando em conta a intensidade e forma de actuação das cargas antes e
depois da execução da abertura.
6.7.8.2. Lajes
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Quando as aberturas são de pequenas dimensões em relação ao painel em que são realizadas,
a única disposição construtiva é concentrar nos bordos livres armadura que tenha a mesma
capacidade resistente da totalidade da armadura interrompida pela execução da abertura. A
técnica de execução não apresenta nenhum aspecto novo integrando-se no reforço por
encamisamento referido em [57].
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investigação necessária que importa implementar para que o cálculo de estruturas reparadas
e/ou reforçadas possa ser encarado com a mesma facilidade com que se encara o cálculo de
estruturas novas.
As acções de reabilitação nas estruturas de betão armado podem ou não alterar as suas
características de comportamento quer a acções verticais quer a acções horizontais.
No que se refere às acções verticais, essas alterações devem-se principalmente à alteração das
rigidezes de determinados elementos (em geral, um aumento), na introdução ou eliminação de
ligações internas e na fluência diferencial entre os materiais pré-existentes e os adicionais [2].
Por outras palavras, elas estarão geralmente associadas a redistribuição de esforços. Daí que
algumas zonas da estrutura que não sofreram danos antes do reforço possam precisar de ser
reforçadas após a execução deste. [13] Por estas razões, é necessária uma nova análise
estrutural que tenha em conta [13]:
a rigidez máxima dos elementos reforçados (na hipótese de estes serem monolíticos) para
determinação dos esforços nestes;
uma rigidez reduzida desses mesmos elementos de acordo com critérios pré-definidos
para determinação dos esforços nos elementos não reforçados.
Esta análise deve também tomar em conta o faseamento de aplicação das cargas (antes e
depois da reabilitação) de uma forma tão rigorosa quanto possível e com uma verificação
adequada da validade das hipóteses de sobreposição de efeitos.
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acções horizontais. Por todas estas razões, é necessário fazer uma nova análise às acções
horizontais de acordo com os critérios atrás referidos para as acções verticais com as novas
características dinâmicas (maiores acções sísmicas) e todos os novos elementos introduzidos.
Na quantificação das acções que irão actuar a estrutura após a reabilitação, deve-se tomar em
conta que, se o tempo de vida útil residual esperado para a estrutura reabilitada é inferior ao
tempo de vida útil de uma estrutura nova em iguais circunstâncias, então há uma menor
probabilidade de se atingirem os valores mais elevados para essas acções [13]. No entanto,
pode não ser prático considerar uma redução correspondente nos coeficientes f de
majoração das acções devido a incertezas relacionadas com a redistribuição de esforços. Daí
que seja recomendado que, nos cálculos, se utilize os mesmos coeficientes f que em
construções novas excepto no que se refere às acções sísmicas [13]. Há que tomar em conta a
possibilidade de uma maior frequência própria de vibração e também de uma diminuição na
ductilidade. A relação entre a força sísmica a que a estrutura deve poder resistir após a
intervenção e a força sísmica a que teria de resistir se fosse calculada como nova deve ser
aproximadamente unitária para reparações e ser sempre maior que 0.5 para reforços
independentemente do período de vida útil residual previsto.
Na National Technical University de Atenas foi feito um estudo comparativo dos efeitos das
diversas técnicas de reforço e/ou reparação em edifícios de betão armado de 3 e 7 pisos. As
conclusões foram semelhantes e resumem-se da seguinte forma [13]:
para reforços locais por encamisamento ou em reparações por substituição do betão e aço
danificados, a redistribuição de esforços (momentos flectores, esforços transverso e
normal) em pilares e em vigas não tem significado no cálculo da estrutura após a
intervenção (redistribuições inferiores a aproximadamente ± 10%);
para encamisamentos cobrindo toda a altura dos pisos mais baixos, a redistribuição de
esforços é importante apenas nos momentos flectores e esforços transversos dos pilares
reforçados (+10 a 20% nos edifícios de 7 pisos e até +75% nos de 3) e nos não reforçados
nos edifícios de 3 pisos (até -50%); em vigas, a redistribuição é desprezável;
para novos elementos estruturais do tipo paredes resistentes, é de esperar uma grande
redistribuição de esforços em pilares (até -75%) assim como em vigas (até -25%), ainda
que esta redução seja menor em elementos adjacentes aos novos elementos.
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Os materiais utilizados devem ser objecto de ensaios rigorosos assim como as suas ligações.
O pessoal deve ser examinado de forma a analisar da sua competência e experiência nos
trabalhos específicos em questão. Deve ser efectuado um controlo minucioso nas operações
de soldagem, colagem de resinas epóxidas, gunitagem, injecções, pré-esforço, etc. [13]. Este
controlo deve ser complementado com ensaios in-situ. Neste campo, têm especial interesse os
seguintes ensaios [13]:
A eficácia da intervenção pode também ser verificada à posteriori por ensaios globais (Fig
315). O ensaio de carga é o mais corrente devido à forma categórica como permite comprovar
essa eficácia. São também muito utilizados os ensaios dinâmicos para determinação das
características dinâmicas da estrutura reabilitada.
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Fig. 315 [12] - Ensaio de carga de uma ponte através de camiões carregados com areia
em que:
Vu,o, V´u - resistência antes dos danos e após a reabilitação;
Nesta expressão, o termo correctivo µ’ / µo pretende ter em conta o efeito indesejado de com-
portamento frágil quando a intervenção envolve quantidades de armadura consideráveis [13].
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Por todas estas razões, há necessidade de estabelecer regras razoáveis (ou seja, não
excessivamente anti-económicas) para o reforço de estruturas existentes. Essas regras devem
relacionar o nível de melhoria necessário com a idade, tipo de ocupação e de utilização de
cada estrutura em particular [27]. Em muitos casos, uma melhoria bastante apreciável na
estabilidade global de uma estrutura pode ser conseguida através de um pequeno custo ainda
que a estrutura continue a não cumprir as limitações impostas para construções novas [27].
Em consonância, dever-se-ia implementar regulamentação modificada que encoraje os Donos
da Obra a reforçar os seus imóveis sem grandes custos.
Deveriam ser propostos critérios simples de aceitação e utilização de materiais e técnicas não
cobertos pela regulamentação actual. Em particular, seria necessário formular um guia de
procedimentos adequados para a reparação de estragos devidos a sismos. Este tipo de
reparação envolve materiais e técnicas que não são utilizados com muita frequência e que, por
isso, não estão geralmente incluídos nas regulamentações existentes. Devido à falta de
conhecimento sobre estas técnicas especializadas e à necessidade de executar rapidamente
grandes trabalhos deste teor após um sismo, os engenheiros e construtores estão em geral
inferiorizados na aplicação dos métodos óptimos [27]. Um guia desse tipo com técnicas
provadas e aceites pela experiência seria da maior utilidade na assistência a esses técnicos e
facilitaria muito a obtenção de reabilitações de boa qualidade e simultaneamente económicas.
Para isso, são necessários estudos mais extensos e aprofundados sobre as várias técnicas de
reparação e/ou reforço (por exemplo, a introdução de elementos resistentes pré-fabricados na
estrutura existente) e em particular as mais recentes e menos comprovadas pela experiência.
Seria extremamente interessante um programa de ensaios de estruturas reais reforçadas por
vários métodos submetidas a sismos simulados [27]. Se tal fosse economicamente viável, os
edifícios deveriam preferencialmente levados à ruína. É fundamental conhecer o
comportamento estático e dinâmico de estruturas, substruturas e elementos individuais que
tenham sido reparados e/ou reforçados com materiais de propriedades físicas diferentes das
dos materiais existentes.
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que são atribuídas aos materiais de construção e aos elementos estruturais assim como
implementar modelos de comportamento real das estruturas de betão armado submetidas a
temperaturas muito elevadas [27].
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7. CONCLUSÕES
O betão é um material que, por si só, pode garantir uma durabilidade perfeitamente
compatível com a vida útil expectável das construções correntes: 50 a 60 anos. Para tal, basta
que seja relativamente compacto e com uma resistência razoável (para o que contribuem
factores como a relação água / cimento, a dosagem de ligante, a quantidade e teor das adições
e adjuvantes, a prescrição de um recobrimento adequado e de pormenorização correcta das
armaduras, os cuidados na mistura, betonagem, colocação, compactação e cura e uma
utilização adequada na fase de exploração, com particular relevância no sistema de
drenagem). Em suma, em circunstâncias normais, o betão não exige protecções adicionais.
No entanto, vários factores podem contribuir para que esta situação se inverta:
O conhecimento quer das caudas quer do aspecto visível das anomalias é um passo essencial
para se perceber como surgiram e para se prescrever formas de as colmatar e eliminar os
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respectivos efeitos.
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O reforço de estruturas está muito dependente do material estrutural principal: madeira, pedra
natural, ferro forjado, aço ou betão (armado ou pré-esforçado). Naturalmente, está dependente
também do tipo de estrutura a reparar: edifícios correntes ou industriais, pontes, reservatórios,
outras estruturas especiais, etc.. Finalmente, depende ainda bastante da característica cuja
deficiência provoca a necessidade de reforçar: resistência (flexão simples ou composta,
compressão, tracção, corte, aderência, etc.), deformabilidade, estética, funcionalidade,
impermeabilidade, etc.. Não se pretendeu por isso ser enciclopédico neste documento,
restringindo-se as técnicas de reforço às relativas às estruturas de betão em edifícios correntes
e em pontes. Para além disso, duas das técnicas mais correntes de reforço (o encamisamento e
a colagem de chapas metálicas) foram tratadas em documentos independentes.
Assim, procurou-se neste documento mencionar de uma forma expedita as diversas técnicas
de reforço susceptíveis de serem utilizadas em estruturas de betão. Para cada técnica, fez-se
uma breve introdução em que se mencionaram, sempre que possível, as suas vantagens e
desvantagens, descreveram-se com detalhe o processo construtivo e os cuidados a ter durante
a execução e forneceram-se algumas indicações não exaustivas sobre os critérios de
redimensionamento (dimensionamento do reforço).
para cada problema que suscita a necessidade de reforçar, existe geralmente uma panóplia
alargada de técnicas mais ou menos apropriadas; tratando-se de uma vantagem do ponto
de vista do Projectista e do Dono da Obra, representa também uma dificuldade acrescida
na concepção do reforço;
em muitas situações, as técnicas, pela sua diversidade e complexidade de execução, não
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estão validadas estatisticamente nem em termos de durabilidade; daí que se deva adoptar
uma filosofia conservativa na concepção do reforço;
a qualidade da mão-de-obra e a garantia de determinados requisitos (funcionamento
conjunto dos novos materiais com os existentes, descarga da estrutura antes da execução
do reforço, manutenção da segurança durante todo o processo, etc.) representam a
diferença entre o sucesso e o falhanço neste tipo de intervenção;
há uma gritante falta de regulamentação sobre este assunto que prejudica os projectistas
conscienciosos mas não especialistas e favorece os incautos e os prevaricadores.
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[13] C.E.B., “Assessment of Concrete Structures and Design Procedures for Upgrading
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[14] H. Rezai-Jorabi, "Corrosion of Reinforcement in Concrete", Polytechnic of Central
London, 1987, London
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