Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO OCEANOGRÁFICO
DISCIPLINA: IOF-210 Introdução à Dinâmica da Atmosfera e dos Oceanos

Profa. Sueli Susana de Godoi

Dupla: 12412068 Rodrigo Fachina Fabrício


12412093 Marcos Alexandre Azevedo de Sena

Primeira Lista de Exercícios


Data de entrega: 14 de Maio

1. OCEANOGRAFIA FÍSICA DESCRITIVA E DINÂMICA

(1.1) Comentar e exemplificar sobre as características e efeitos das forçantes na interface ar-
mar.

As forças que atuam na superfície ar-mar são a radiação solar, tensão de cisalhamento do
vento e a evaporação/precipitação. Esses fatores influenciam direta ou indiretamente na
salinidade e temperatura que, juntamente com a pressão, são responsáveis diretas pela densidade
da água do mar em cada ponto do oceano e, consequentemente, causam a estratificação deste e o
movimentos das massas de água.
A radiação solar é proveniente dos raios ultravioletas do Sol que chegam a superfície dos
Oceanos. É a partir dessa transmissão de energia que a água vai elevar sua temperatura e, em
muitos casos, evaporar, contribuindo para a formação de chuvas pela condensação desse vapor
na atmosfera. Desconsiderando as demais forças, quanto mais quente a água, menor sua
densidade. Assim ocorrem diversos movimentos advectivos onde as massas de água mais quentes
(menos densas) sobem e as mais frias (mais densas) descem. Por exemplo, em uma praia de noite,
onde a água na superfície esfria mais rapidamente do que aquela localizada no fundo.
As tensões de cisalhamento podem ser percebidas e sentidas pela formação de ondas. É a
principal força que que rege os movimentos dos oceanos na superfície.
Já a evaporação/precipitação tem maior influência na salinidade, visto que maior
quantidade de água da chuva em uma determinada região faz com que o sal se dilua em uma maior
quantidade de água precipitada, diminuindo assim a concentração. Se considerarmos apenas a
salinidade, quanto maior a concentração de sal (maior salinidade) maior a densidade

(1.2) Conceituar e exemplificar abordagens em estudos com enfoques em Oceanografia


Física Descritiva ou Sinótica e Dinâmica.

A oceanografia física descritiva ou sinótica foca no estudo dos oceanos baseado em


observações de parâmetros específicos, que se tenta reduzir à descrição mais simples possível
dos parâmetros em si e de suas relações recíprocas. A ideia é descrever o movimento dos fluidos
da forma mais qualitativa possível. Por exemplo, observando os movimentos das correntes
sabemos que eles têm relação com o vento; ou percebendo que a densidade da água varia em

1
diferentes regiões de acordo com a temperatura, salinidade e pressão. Podemos perceber tais
fatores sem, necessariamente, precisarmos da equação que rege isso.
Já o tratamento dinâmico consiste em aplicar uma lei física já conhecida ao oceano,
considerado como um corpo sujeito à ação de forças, e tentar resolver as equações matemáticas
resultantes para conhecer os movimentos que resultarão das forças atuantes. Pegando os
exemplos acima seria como obter uma equação que descrevesse o movimentos das correntes ou
a densidade da água em função dos parâmetros de entrada.

(1.3) Considerar as Seções verticais de temperatura e de salinidade médias, referentes ao


Oceano Atlântico Oeste, fornecidas. Baseado neste conjunto:

(1.4) Traçar perfis verticais de Temperatura, Salinidade em função da profundidade


correspondentes às posições A e B.

2
Temperatura: azul / Salinidade: laranja

(1.5) Identificar em cada perfil vertical, obtido na questão anterior, a camada de mistura,
termoclina e haloclina.

PONTO A:
Camada de mistura: Primeiros 50 metros de profundidade
Termoclina: Entre 50 e 1000 metros de profundidade
Haloclina: Entre 50 e 750 metros de profundidade

PONTO B:
Camada de mistura: Primeiros 50 metros de profundidade
Termoclina: Entre 50 e 750 metros de profundidade
Haloclina: Entre 50 e 750 metros de profundidade

(1.6) Esquematizar como seria um perfil vertical de densidade convencional nos pontos A e B.
Comentar sobre as características desse perfil.

O perfil de densidade seria similar ao perfil de temperatura e salinidade em ambos os


pontos, A e B. Apesar de, em ambos os casos, tanto a temperatura quanto a salinidade diminuírem
com o aumento da profundidade, sabe-se que os efeitos da temperatura tem maior influência na
densidade das massas de água, fazendo com que esta aumente com a profundidade.
— No ponto A: Uma região mais próxima à superfície (até 1200 metros de profundidade,
aproximadamente) onde a variação de densidade será praticamente uniforme com o decréscimo
de profundidade (Camada de Mistura);

3
— Uma região onde há uma rápida mudança do gradiente vertical de densidade (picnoclina),
causando grande aumento da densidade, entre 1250 e 2500 metros de profundidade; e
— Uma região onde a densidade se manteria, praticamente, constante (abaixo de 2500 metros de
profundidade).

— No ponto B: Uma região mais próxima à superfície (até 1750 metros de profundidade,
aproximadamente) onde a variação de densidade será praticamente uniforme com o decréscimo
de profundidade (Camada de Mistura);
— Uma região onde há uma rápida mudança do gradiente vertical de densidade (picnoclina),
causando grande aumento da densidade, entre 1750 e 2500 metros de profundidade; e
— Uma região onde a densidade se mantém, praticamente, constante (abaixo de 2500 metros de
profundidade).

4
(1.7) Esboçar uma seção meridional (norte/sul) de temperatura, salinidade e de densidade de
superfície em função da latitude. Comentar sobre as características da seção meridional.

5
Observa-se que a temperatura da superfície da água aumenta conforme se aproxima do
Equador (baixas latitudes) e diminui conforme se aproximam dos Pólos (altas latitudes). Isso
ocorre porque há maior incidência de radiação solar nas baixas latitudes.
A salinidade superficial tende a acompanhar a distribuição típica de precipitação, descarga
de água doce e precipitação nos Oceanos. Onde este saldo é negativo, que é entre 30ºS e 10ºS e
entre 10ºN e 30ºN, ocorre maior concentração de sal nas águas, como pode ser visto no gráfico
acima.
Já a densidade superficial é regida, principalmente, pela temperatura. Como pode-se
observar acima, nos Pólos, onde a água é mais fria, a densidade é maior; tal densidade vai

6
diminuindo conforme há diminuição das latitudes (afastamento dos Pólos e aproximação do
Equador).

2. A ESTRUTURA GEOFÍSICA DOS OCEANOS

(2.1) Conceituar sólidos e fluidos. Exemplificar.

Um elemento sólido é caracterizado por apresentar uma forma permanente e pela


tendência de retornar ao seu formato original quando a força externa que atua sobre ele cessa.
Já os fluidos não possuem formato preferencial, deformando-se continuamente ao ser
aplicada uma força externa sobre o mesmo. Os fluidos adotam o formato do recipiente que
ocupam.
Essas diferenças ocorrem porque, ao contrário dos fluidos, os sólidos possuem tensões
cisalhantes em seu interior quando em equilíbrio.

(2.2) Explicar e exemplificar o conceito de análise de escala.

Análise de escala é a análise da ordem de grandeza dos termos envolvidos a fim de que
simplificações possam ser feitas. Por exemplo, ao calcular a Razão de Aspecto no oceano, que é
dado pela razão entre a profundidade média do oceano (cerca de 3x metros) e a dimensão
horizontal do oceano (cerca de 3x ), percebe-se que, mesmo que os valores não estejam com
uma precisão elevada, um é 1000 vezes maior do que o outro.
Com isso, a análise de escala nos permite ter uma noção dos resultados apenas fazendo a
análise dos termos da operação, como no caso para calcular o tempo que um ponto do oceano
demoraria para percorrer a Thermohalina.

3. O NÚMERO DE FROUDE

(3.1) Como avaliar se a estratificação é ou não importante no estudo de processos oceânicos?


Exemplificar.

Para avaliar se a estratificação deve ou não ser levada em conta, compara-se a energia
cinética (EK) e a energia potencial (EP). Sabemos que esses dois tipos de energia se relacionam
pois, para satisfazer a conservação de energia, o aumento da energia potencial tem que ocorrer
às custas de decréscimo de energia cinética.
Para quantificar a relação entre ambas as energias, criou-se o Número de Froude ( ) ,
valor adimensional dado pela razão entre a energia cinética e potencial (EK/EP). Assim temos as
seguintes relações:
— ≈ 1: início da perturbação;
— << 1: limita a capacidade do fluido de mover verticalmente (ou a estratificação é
forte ou a corrente é fraca); e
— >> 1: estratificação não é importante (estratificação fraca ou corrente forte).

4. O NÚMERO DE ROSSBY

7
O número de Rossby pode ser interpretado como uma medida da importância da rotação da
Terrano movimento que se deseja investigar. Esse número pode ser escrito como:

𝐔
𝛜=
𝐟𝟎 𝐋

em que f0 é o valor do parâmetro de Coriolis na região de interesse. Então,

(4.1) Calcular o número de Rossby para o vórtice formado em sua pia (ou banheira),
estimando uma escala de movimento L e considerando uma velocidade de 45 cm/s. A rotação
da Terra é importante para esse movimento? Justificar.

Cálculo de 𝑓0 = 2Ω sin(ϕ), adotando para a localidade de São Paulo a latitude ϕ = 23°27′𝑆 e


sin(23°27′) ≈ −0,4, então:

𝑓0 = 2 × (7,29 × 10−5 𝑠 −1 ) × (−0,4) ≈ −5,83 × 10−5 𝑠 −1

Adotando 𝐿 = 45 𝑐𝑚 e dado 𝑈 = 45 𝑐𝑚/𝑠. Logo, calcula-se o U:

45 𝑐𝑚/𝑠
𝜖= ≈ 1,71 × 104
|(−5,83 × 10−5 𝑠 −1 )| × (45𝑐𝑚)

Como ϵ ≫ 1, então a rotação da Terra não influencia o movimento analisado.

(4.2) Calcular o número de Rossby associado aos meandros, com aproximadamente 100 km
de escala horizontal, da Corrente do Brasil ao largo do Sudeste Brasileiro, considerando uma
velocidade típica de 50 cm/s. No caso da Corrente do Brasil, a rotação da Terra é importante
para o escoamento? Justificar.

- Considerar média latitude em seus cálculos.

Analisando-se a corrente do Brasil em uma área de influência do estado da Paraíba (𝜙1 ≈ 7°S)
ao estado do Rio de Janeiro (𝜙2 ≈ 23°S), calcula-se uma latitude média aproximada:

8
𝜙1 + 𝜙2 7 °S + 23°S
𝜙𝑚 = = = 15°S
2 2

Sendo assim:

sin(−15°) ≈ −0,26

Logo f0 será:

𝑓0 = 2 × (7,29 × 10−5 𝑠 −1 ) × (−0,26) ≈ −3,79 × 10−5 𝑠 −1

Sendo 𝐿 = 100 𝑘𝑚 = 107 𝑐𝑚 e 𝑈 = 50𝑐𝑚/𝑠, calcula-se o Número de Rossby (ϵ)

50 𝑐𝑚/𝑠
ϵ= ≈ 1,32 × 10−1
|(−3,79 × 10−5 𝑠 −1 )| × (107 𝑐𝑚)

Como 𝜖 < 1, então pode se dizer que a rotação da Terra é importante para o escoamento, porém
não de maneira predominante.

5. EFEITO DA CIRCULAÇÃO NA DISPERSÃO DE PLÁSTICOS

O pesquisador Erik van Sebille, um dos integrantes do projeto AtlantECO - Atlantic


Ecosystems Assessment, Forecasting & Sustainability desenvolveu uma ferramenta muito
interessante sobre o destino dos plásticos no oceano.

(5.1) Primeiramente consultar o link https://www.atlanteco.eu/ e descrever de forma sucinta


os objetivos e colaboradores do referido projeto.

O AtlantECO objetiva desenvolver e aplicar parâmetros novos e unificados baseados em


pesquisas para um melhor entendimento e conservação do Oceano Atlântico e seu ecossistema
associado. O projeto foca em três pilares de pesquisa: microbiomas; plástico e plastisfério; e
paisagem marinha e conectividade.
O projeto angariará cidadãos e agentes políticos e econômicos, a fim de fomentar um
comportamento responsável sobre o oceano. Além destes, também participam especialistas da
Europa, América do Sul e África do Sul.

9
É de valia de ressaltar alguns colaboradores: Universidade de São Paulo, Universidade
Federal de São Carlos, University of Cape Town, University of Liverpool, Universidad de Santiago
de Compostela, Sapienza Università di Roma, entre outros.

(5.2) Acessar o link http://plasticadrift.org/. Explorar e descrever o destino dos ”patinhos de


plásticos” em diversos pontos dos oceanos. Associar o destino dos plásticos com a circulação
oceânica.

Origem Destino Corrente(s) responsável(is)


Rio de Janeiro (Brasil) Sul da África Correntes do Brasil, do Atlântico Sul e de Bengala
Portugal Flórida, Cuba Correntes das Canárias, do Golfo
Sul da Índia Tailândia (1) Corrente das Monções (1)
Costa Leste da África (2) Correntes Sul-Equatorial, de Madagascar (2)
Califórnia Japão/China Correntes da Califórnia, do Japão
Groelândia Europa Corrente do Atlântico Norte
Terra do Fogo (Argentina) Costa do Brasil (1) Correntes das Malvinas, do Brasil (1)
Costa Leste da África (2) Corrente do Atlântico Sul (2)
Sul da África Costa do Brasil (1) Corrente Sul Equatorial (1)
Costa Oeste da Austrália (2) Corrente Antártica
Chile Incerto (Oceano Pacífico) Correntes Sul-Equatorial, do Pacífico Sul
Nova York Europa (1) Correntes do Golfo, do Atlântico Norte (1)
Norte da África Correntes do Golfo, das Canárias (2)
Costa Oeste da Austrália Costa Leste da África (1) Correntes Sul-Equatorial, de Madagascar (1)
Costa Leste da Austrália (2) Corrente Antártica (2)
Somália (Chifre Africano) Sul Asiático (1) Corrente das Monções (1)
Costa Leste da África (2) Correntes Sul-Equatorial, de Madagascar (2)
Japão Costa Oeste Americana Corrente do Japão

10

Você também pode gostar