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Figura 4.1: Temperaturas médias da superfície do mar (TSM).
Figura 4.2. Isotermas mostrando a temperatura superficial do mar em (a) fevereiro e (b) agosto.
Figura 4.3. Variação da temperatura superficial, salinidade e densidade com a latitude (σt médio para
todos os oceanos)
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inferior ou ZONA PROFUNDA onde a temperatura varia suavemente a partir de 1.000 m até o fundo. A
Zona Superficial se divide em: (1.1) CAMADA DE MISTURA que se prolonga até 200 m, possui
temperaturas similares daquelas da superfície do mar devido aos processos de mistura ocasionados,
principalmente, pela ação do vento, ondas e correntes; (1.2) ZONA DE TERMOCLINA que se prolonga dos
200 – 1.000 m onde as temperaturas decrescem rapidamente;
Mas esta divisão é alterada quando se aumenta a latitude. Em médias latitudes (Figura 4.4b) a
termoclina é sazonal e se observa uma camada de mistura pouco característica, e ainda somente no verão.
Em altas latitudes (Figura 4.4c) não se observa nem termoclina nem camada de mistura, mas somente um
perfil com decréscimo suave da temperatura até o fundo.
Em função da latitude as zonas se dividem em:
1) Baixas latitudes (Figura 4.4a):
Não existem diferenças significativas nas estações do ano como em médias latitudes, e a radiação
solar é absorvida pela superfície ao longo de todo o ano. Esta água superficial aquecida mistura com água
de sub-superfície (mais fria) pela ação do vento, ondas e correntes turbulentas. Como resultado da
mistura, a camada mais superficial apresenta temperaturas uniformes, ou condições isotermas, sendo
denominada de Camada de Mistura (CM).
Na Zona de Termoclina, o gradiente de temperatura vertical é permanente durante todo o ano.
Assim, a profundidade do gradiente máximo de temperatura é chamada de Termoclina Permanente (TP).
Esta seria a faixa de profundidade, entre 200 e 1.000 m, que apresenta os maiores gradientes de
temperatura, comparados aos gradientes das porções superiores e inferiores à mesma na coluna de água.
Temperaturas típicas em baixas latitudes deverão estar entre 20°C na superfície, 8°C a 500 m, 5°C a
1.000 m e 2°C a 4.000 m.
Figura 4.4: Perfis típicos de temperatura com a profundidade para o oceano: (a) baixas (b) médias e (c)
altas latitudes.
ð Porque a ZONA DE TERMOCLINA é Permanente em baixas latitudes, sendo chamada então de TP?
Stommel, em 1958, sugeriu o seguinte: Enquanto ocorre transferência de calor de cima para baixo em
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médias e baixas latitudes por difusão turbulenta1 a partir da CM, existe também uma advecção2
simultânea para cima de águas frias provenientes do fundo devido aos deslocamentos por
afundamento de águas durante o inverno nos pólos, mantendo a TP entre 200-1.000 m. Stommel e
Arons, em 1960, estimaram a velocidade vertical para a distribuição da temperatura e salinidade
através do modelo de circulação profunda e obtiveram velocidades entre 0,5 e 3 cm/dia.
2) Médias latitudes:
Na Figura 4.4b a termoclina é sazonal sendo chamada então de Termoclina Sazonal (TS). Esta
ocorre somente no verão devido ao aumento da temperatura superficial e diminuição da ação de ondas em
comparação com as baixas latitudes. No inverno ocorre a diminuição da temperatura pela troca com a
atmosfera juntamente com a ação de fortes ventos e correntes, assim como grandes ondas que misturam a
camada superficial, desfazendo o gradiente de temperatura.
ð Como se processa a evolução temporal (ou sazonal) da TERMOCLINA SAZONAL em médias
latitudes? No inverno, a temperatura superficial é menor, ventos, grandes ondas e correntes são freqüentes
e intensas, e a CM é mais profunda, podendo se estender até a profundidade onde seria a TP, ou até não
existir. No verão, a temperatura superficial aumenta e a CM é mais característica, e a TS se desenvolve na
zona inferior.
3) Altas latitudes (Figura 4.4c)
Em altas latitudes não existe TP nem TS. Muitas vezes pode existir uma camada dicotermal em 50 a
100 m. É uma camada de água fria com temperaturas entre 0 a 1,6°C, que está entre duas camadas, uma
superficial quente e outra profunda também mais aquecida. A estabilidade é alcançada com o aumento da
salinidade com a profundidade devido ao congelamento. Este é o efeito do resfriamento da água em
contato com o ar e aumento na sua densidade, conseqüentemente a água afunda. Mas esta água não
desestabilizará a que está em baixo pois esta é mais densa devido ao aumento da salinidade.
A região de TS ou TP possui alta estabilidade dificultando a mistura de águas, são essencialmente
zonas de picnoclina, i.e. igual densidade, e por esta razão separa águas de cima, menos densas, daquelas
das zonas profundas, mais densas. A Figura 4.5 mostra perfis de temperatura mensais de março a janeiro
no leste do Oceano Pacífico Norte, para médias latitudes. De março a agosto (verão HN), a temperatura
gradualmente aumenta devido à absorção da energia solar, diminuindo a densidade das camadas
superficiais. A CM, da superfície até 30m, é evidente todo o tempo. A partir de agosto há uma perda de
calor pelo mar tornando a temperatura superficial mais baixa, enquanto mistura pelo vento através das
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espalhamento de uma propriedade num fluxo turbulento
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transporte ou movimento de uma propriedade na água através de correntes verticais
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ondas e correntes desfaz a TS até chegar na condição isotermal (de igual temperatura) de março (Figura
4.5a).
Figura 4.5: Crescimento e decaimento da termoclina sazonal no leste do Oc. Pacífico Norte.
Na Figura 4.5b são mostradas também as profundidades das isotermas durante o ano. A termoclina
está a 50 m em maio, sobe para 30 m em agosto e desce novamente para 100 m em janeiro. Na Figura
4.5c são apresentadas as temperaturas em diferentes profundidades ou isóbatas de temperatura. A
termoclina aparece com uma grande separação nas isóbatas de 20 m e 60 m entre maio e outubro, e entre
as isóbatas de 60 m e 100 m depois que ela diminui.
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adiabaticamente (sem perda ou ganho de calor com a vizinhança devido a mistura), da profundidade in
situ até a superfície.
A temperatura potencial é computada através da temperatura in situ e pressão, e a densidade
potencial (σθ,S,P) é o equivalente ao sigma-t (σt ), só que com temperatura potencial. Um excelente
exemplo da diferença entre temperatura in situ e potencial é mostrado na Figura 4.6. Estes resultados
(tabela) foram obtidos com a expedição alemã Snellius de 1934, na fossa Mindanao (Filipinas). Na Figura
4.6a é mostrado um perfil vertical da temperatura in situ (t ), enquanto que na Figura 4.6b são mostrados
os resultados obtidos com o perfil da temperatura potencial (θ). Pode-se notar que enquanto t chega a um
mínimo em 3.500 m e então aumenta, θ decresce até o fundo, enquanto que a salinidade varia somente
0,02 unidade entre 3.500 m e o fundo. O efeito da correção da temperatura in situ (t) para a temperatura
potencial (θ) é mostrado em maiores detalhes nas Figuras 4.6c e 4.6d. A Figura 4.6c sugere um fluxo de
água fria (1,5 a 1,7°C) sobre a soleira, continuando a descer lentamente e cruzando a fossa, mas se
estabelecendo próximo da profundidade média (4.000 m) e não influenciando a água do fundo mais
quente. Na Figura 4.6d é mostrada a temperatura potencial com um padrão diferente, a água que passa
sobre a soleira flui até o fundo da fossa. O perfil de σt (Figura 4.6a) mostra um máximo em 4.000 m e
então diminui para o fundo dando uma aparência de instabilidade (água mais densa sobre a menos densa).
Entretanto, a temperatura potencial θ diminui até a aproximadamente 4.000 m e então permanece
constante mostrando que quando a compressão adiabática com o aumento da profundidade ocorre, a
água não está instável, mas sim em equilíbrio neutro abaixo dessa profundidade. Ou seja, não há uma
instabilidade! Em águas muito profundas é melhor computar valores de densidade com a temperatura
potencial em vez da temperatura in situ devido a INSTABILIDAE APARENTE resultante do efeito da
pressão.
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Figura 4.6: Resultados tabelados de temperatura in situ e potencial, e perfis destas propriedades e da
densidade na Fossa Mindanao: (a,b) perfis verticais, (c,d) seções verticais.
Figura 4.7: Distribuição da salinidade nos oceanos em (a) agosto e (b) média nos oceanos.
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A salinidade superficial é determinada diretamente pelos efeitos opostos de evaporação e
precipitação (Figura 4.8). O máximo de salinidade está em regiões de trade winds que são sistemas de
ventos originados nas regiões sub-tropicais, onde dominam os centros de alta pressão atmosférica, e que
sopram a partir destes centros em direção a baixa pressão atmosférica no equador; no HS são chamados
de alísios provenientes de SE, e no HN são os alísios provenientes de NE. Nos sistemas de alta pressão
atmosférica em médias latitudes, o movimento descendente de ar frio, que foi resfriado pela circulação na
alta atmosfera, promove uma menor precipitação em comparação com a evaporação. Nos sistemas de
baixa pressão o movimento ascendente de ar quente que foi aquecido pelos processos na interface
oceano-atmosfera altera o Balanço E-P fazendo com que este seja negativo, i.e. evaporação é menor, e
portanto a precipitação é maior na região equatorial.
Figura 4.8: Salinidade superficial (S, média para todos os oceanos) e diferenças entre evaporação e
precipitação (E-P) em função da latitude.
Em médias latitudes, a evaporação (E) anual excede a precipitação (P) anual, portanto E-P é
positivo (Figura 4.8), enquanto que a temperatura máxima está em baixas latitudes devido ao balanço de
energia ter máximos nesta região (Figura 4.3). Este padrão determina que os valores de salinidade
decrescem em direção as altas latitudes. O mínimo de E-P ocorre um pouco ao norte do equador na
ITCZ (Inter-Tropical Convergence Zone, Zona de Convergência Inter-Tropical), onde o ar converge
horizontalmente com os ventos alísios de SE e NE, e então sobe causando condensação e precipitação.
A amplitude dos valores médios da salinidade superficial no oceano aberto está entre 33 e 37 psu
(Figura 4.7). Valores menores ocorrem localmente perto de costas onde há descargas fluviais e em regiões
polares quando o gelo começa a derreter. Valores altos ocorrem em regiões de alta evaporação tal como
o leste do Mar Mediterrâneo (39 psu), Mar Vermelho (41 psu), Mar Morto (81 psu) e Lagoa de
Araruama, no Brasil, RJ, com 50 psu. Porém, em média, o Atlântico Norte é mais salino na superfície
(37,5 psu) do que o Atlântico Sul e Pacífico Sul (36,0 psu). O Pacífico Norte é menos salino ainda (35,0
psu).
4.2.2 Distribuição da salinidade (escala vertical)
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4.2.2.1 Camada superficial e Haloclina
A distribuição vertical da salinidade nas regiões equatorial e subtropical é caracterizada por um
mínimo de salinidade entre 600 a 1.000 m (Figura 4.9a,b), com um aumento a partir dos 2.000 m. No
Atlântico ela decresce suavemente abaixo dessa profundidade (Figura 4.9a). Nos trópicos (Figura 4.9c),
existe muitas vezes um máximo de salinidade entre 100 e 200 m próximo a termoclina. Isto resulta de um
movimento de água descendente no máximo de salinidade nos trópicos (Figura 4.8) que flui em direção ao
equador. Em latitudes baixas e médias observa-se um decréscimo acentuado na salinidade com a
profundidade entre a camada superficial e a camada profunda (Figura 4.9a,b linha cheia). Esta zona é
chamada de Haloclina. Em altas latitudes não se observa a existência de haloclina.
Figura 4.9: Perfis típicos de salinidade média, para o Atlântico e Pacífico, juntamente com o perfil de
salinidade e temperatura para os trópicos.
Em regiões costeiras, onde existe muita descarga fluvial (river runoff ), ocorre geralmente uma
camada de água superficial de baixa salinidade e uma camada mais profunda e mais salina. Aqui a
picnoclina é melhor determinada pela distribuição da salinidade do que da temperatura. Ex. Rio Itajaí-açu,
estuário tipo cunha salina.
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variação anual na salinidade. Estas variações são confinadas na camada superficial devido ao pequeno
efeito da salinidade em comparação ao efeito da temperatura em alterar a densidade da água do mar,
portanto a água permanece na superfície. Isto nos dá uma água de salinidade pequena na superfície.
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a densidade aumenta rapidamente com a profundidade, chamada de Picnoclina (entre 100 – 1.000 m), e
abaixo uma zona profunda onde a densidade aumenta mais levemente (Figura 4.10).
Figura 4.10: Perfis típicos de densidade em função da profundidade para diferentes latitudes.
Em circulação oceânica, observa -se que existe uma tendência do fluxo de água seguir por
superfícies com densidades constantes, i.e. ao longo das picnoclinas. Por exemplo, os processos que dão
origem às águas oceânicas ocorrem quase que exclusivamente à superfície e podemos descobrir a origem
de qualquer massa de água relacionando as suas propriedades físicas de temperatura, salinidade e
densidade. A água profunda, por exemplo, possui alta densidade, isto implica que esta deve ser formada
em latitudes altas, nas quais o mesmo tipo de água é encontrado à superfície. Depois de sua formação, esta
afunda ao longo das superfícies de densidade constante, picnoclina. O afundamento é lento e sempre
acompanhado de movimentos horizontais. Portanto, a água na picnoclina é muito estável e requer-se muito
mais energia para mover uma partícula de água para cima ou para baixo da mesma, do que em regiões de
menor estabilidade.
A picnoclina funciona como uma barreira ao movimento de água e propriedades, para cima ou para
baixo, na direção vertical. Assim, abaixo da camada superficial as instabilidades são pouco comuns. Estas
podem ser encontradas perto das interfaces entre corpos de água diferentes durante um processo de
mistura.
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