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Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Centro de Ciências Exatas e Naturais


Departamento de Ciências Naturais, Matemática e Estatística
Laboratório de Eletricidade e Magnetismo | prof. Lázaro Lima

CARGA E DESCARGA DE CAPACITORES

O circuito RC mais simples é aquele constituído por um capacitor 𝐶 e um Figura 1 – Circuito RC - carga
resistor 𝑅 conectados em série. Eles são aplicados em circuito como filtros, em
adaptadores para mudança de corrente alternada para corrente contínua, pois
a corrente do circuito é variada no tempo enquanto o capacitor não estiver
totalmente carregado. Existem dois processos pelo qual o capacitor pode estar
passando, são eles a carga e descarga.
Para uma análise de um circuito RC no processo de carga, a ilustração da
Figura 1 traz uma fonte de alimentação 𝜀, uma chave 𝑎, um capacitor 𝐶 e
𝑑𝑉𝐶𝐶 1 𝜀
um resistor 𝑅, todos em série. Sendo o capacitor inicialmente + 𝑉𝐶𝐶 − =0 (1)
descarregado, ou seja, com carga nula no tempo 𝑡 = 0. A chave 𝑎 estando 𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑅𝐶
aberta não permite passagem de corrente pelo circuito. 𝑡
No momento em que a chave a é fechada, uma corrente percorre o 𝑉𝐶𝐶 (𝑡) = 𝜀 [1 − exp⁡(− )] (2)
𝜏
circuito, fazendo com que o capacitor, antes descarregado, comece a
acumular uma carga. Aplicando correntemente as leis de Kirchhoff no circuito da Figura 2 – Curva 𝑽𝑪𝑪 (𝒕)
Figura 1, quando fechado, admitindo que a corrente que atravessa o circuito é
dado por 𝑖 = 𝑑𝑄/𝑑𝑡, e que a ddp no capacitor 𝑉𝐶𝐶 é retirado pela 𝑉𝐶𝐶 = 𝐶𝑄 e a
ddp no resistor 𝑉𝑅 advém da lei de Ohm dado pela 𝑉𝑅 = 𝑅𝑖, então, é fácil mostrar
que a equação diferencial que relaciona a ddp no capacitor 𝑉𝐶𝐶 em função do
tempo 𝑡, do circuito da Figura 1 é dada pela Equação 1.
Resolvendo a equação diferencial da Equação 1, a equação direta de variação
de 𝑉𝐶𝐶 no tempo 𝑡, para o capacitor no processo de carga é dado pela Equação 2,
onde 𝜏 é chamada de constante de tempo, sendo igual a 𝑅𝐶, e tem unidade de
tempo, o que indica que o produto entre as unidades de resistência e capacitância Figura 3 – Circuito RC - descarga
equivale a uma unidade de tempo. A primeira constante de tempo é igual ao
tempo necessário para que a ddp do capacitor cresça até uma fração (1 − 𝑒 −1), ou
seja, aproximadamente 63% do valor máximo 𝜀. A ilustração da curva da Equação
2 é mostrada na Figura 2. No tempo onde 𝑡 → ∞, o valor de 𝑉𝐶𝐶 → 𝜀, e neste caso
o capacitor estará totalmente carregado.
Na Figura 3, um capacitor está inicialmente carregado com carga 𝑄0 , ou seja,
existe uma diferença de potencial entre seus terminais equivalente a
𝑉0 = 𝑄0 /𝐶, e está em série com um resistor 𝑅 e uma chave 𝑎, inicialmente 𝑑𝑉𝐶𝐷 1
+ 𝑉 =0 (3)
aberta. Fechando a chave a, o capacitor tende a descarregar ao longo do 𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝐶𝐷
tempo 𝑡, fazendo com que a ddp sobre seus terminais, dada por 𝑉𝐶𝐷 .
Aplicando as leis de Kirchhoff, a equação diferencial deste circuito é mostrada 𝑡
𝑉𝐶𝐷 = 𝑉0 exp⁡(− ) (4)
na Equação 3. 𝜏
A solução da Equação 3 apresenta a ddp no processo de descarga do
capacitor 𝑉𝐶𝐷 , escrita conforme a Equação 6, onde 𝜏 é a constante de tempo dada por Figura 4 – Curva 𝑽𝑪𝑫 (𝒕)
𝑅𝐶. É uma função que inicia com seu valor máximo, 𝑉0 e diminui de forma
exponencial, e fazendo 𝑡 → ∞, o valor de 𝑉𝐶𝐷 → 0. O gráfico desta função é ilustrado
na Figura 4. A constante de tempo 𝜏 tem o mesmo valor é independentemente do
tipo de processo que o capacitor esteja passando, valendo a situação em que se é
mantida as características de capacitância 𝐶 e de resistência de carga 𝑅. A seguir é
posta uma atividade experimental sobre a carga e descarga de capacitores. Nessa
proposta, o experimentador poderá acompanhar todo o processo de variação de ddp
sobre o capacitor, em função do tempo.

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Universidade Federal Rural do Semi-Árido Data de realização: ___/ ___ / 2023
Centro de Ciências Exatas e Naturais
Departamento de Ciências Naturais, Matemática e Estatística Turma: 4T23 (T5) 4T45 (T6)
Laboratório de Eletricidade e Magnetismo | prof. Lázaro Lima 4N12 (T7) 4N34 (T8)

ROTEIRO 10 (R10): CARGA E DESCARGA DE CAPACITORES

AVISOS IMPORTANTES: Preencha de forma legível as informações solicitadas por este roteiro. Abaixo é indicado o espaço
para assinatura dos membros do grupo. Cada membro deve assinar com o próprio punho. Preencha, também, a data e o
horário em que foi realizada a prática laboratorial. Estas informações são obrigatórias para que seja avaliado este documento
e são de responsabilidade dos discentes-autores. Para àquelas informações que ficarão em branco, favor passar um traço, ou
escrever INEXISTENTE. Este roteiro não pode ser veiculado por mídias digitais e/ou físicas sem a autorização de seu autor!

INFORMAÇÕES DE RESPONSABILIDADE DOS DISCENTES

NOME DOS INTEGRANTES DO GRUPO:


1. 4.
2. 5.
3. 6.

ATIVIDADES EXPERIMENTAIS

OBJETIVO: Esta atividade objetiva estudar um circuito divisor de tensão com diferentes cargas resistivas;

 Multímetro e pontas de prova;  Resistores;


MATERIAL NECESSÁRIO:  Capacitores;  1 protoboard;
 Fios link e cabos do tipo banana;  Fonte de alimentação;

PARTE I: PROCESSO DE CARGA

P1: Montar o circuito da Figura 5 composto por uma fonte de tensão 𝜀, um resistor 𝑅, um Figura 5 – Circuito RC - carga
capacitor 𝐶 e uma chave 𝑎 (quando fechada, ela faz com que o capacitor inicie o processo de
carga). Não se esquecer de observar a polaridade do capacitor para a conexão no circuito, no
caso de capacitor eletrolítico. Como sugestão de ddp para a fonte, ajuste a saída para 𝜀 = 5 V e
a ordem da resistência de 𝑅 seja de 𝑘Ω. Preencha a Tabela 1 e calcule a constante de tempo 𝜏.
Tabela 1 – Valores nominais dos componentes da Figura 5

𝜀= 𝑅= 𝐶= 𝜏=

P2: Para analisar o processo de carga, é necessária a medida da ddp Tabela 2 – Medidas de 𝑉𝐶𝐶 e tempo 𝑡
sobre o capacitor 𝑉𝐶𝐶 ao longo de seu carregamento, para várias medidas 𝑉𝐶𝐶 ⁡(𝑉) ln[𝜀/(𝜀 − 𝑉𝐶𝐶 )]⁡ 𝑡⁡(𝑠)
de tempo 𝑡. Inicialmente, provoque, com um fio link, um curto-circuito 0,0 0,00 0,0
entre os terminais do próprio capacitor, isso fará com que ele seja 0,5 0,11
descarregado instantaneamente. Com o cronômetro, meça o tempo 𝑡
1,0 0,22
necessário para que o capacitor 𝐶 adquira a ddp estipulada pela a Tabela
1,5 0,36
2 (este valor é o mesmo que aparece no visor do multímetro),
preenchendo os valores de 𝑡. Caso precise reiniciar a prática basta 2,0 0,51
provocar o curto no capacitor e ele estará com carga nula no início da 2,5 0,69
prática. Nesta tabela existe uma coluna com o cálculo do valor de 3,0 0,92
ln[𝜀/(𝜀 − 𝑉𝐶𝐶 )]⁡, ele será usado mais na frente.
P3: Com os valores da Tabela 2, faça o gráfico de 𝑉𝐶𝐶 em função de 𝑡. Comente sobre sua dependência.

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P4: Com os valores da Tabela 2, faça o gráfico de 𝑡 em função de ln[𝜀/(𝜀 − 𝑉𝐶𝐶 )]. Ele deve Tabela 3 – Medidas
ter comportamento aproximadamente linear, com exceção de alguns pontos que podem sair
um pouco do padrão pelo erro experimental, e por isso, através do método da Regressão 𝑎 = 𝜏 =
Linear estipule a melhor reta que ajusta os pontos medidos na forma da equação 𝑦(𝑥) = 𝑎𝑥 +
𝑏. E neste caso, 𝑦 ≡ ln[𝜀/(𝜀 − 𝑉𝐶𝐶 )]⁡ e 𝑥 ≡ 𝑡 e pela análise da Equação 2, 𝑎 ≡ 𝜏 e 𝑏 deve ser 𝑏 =
nulo ou muito menor que o valor de 𝑎. Os valores encontrados na regressão linear devem ser
inseridos na Tabela 3, onde as constantes também têm unidades específicas. O experimentador não pode esquecer inseri-las.

P5: Compare os valores de 𝜏 da Tabela 3, obtido experimentalmente, com aquele obtido nominalmente pela Tabela 1 e
comente.

PARTE I: PROCESSO DE DESCARGA

P6: Para analisar a descarga de um capacitor, o circuito da Figura 6 mostra uma chave 𝑎, Figura 6 – Circuito RC - descarga
um capacitor 𝐶 e um resistor 𝑅 em série. O capacitor deve estar inicialmente carregado com
carga 𝑄0 (e ddp 𝑉0 ) para que haja a descarga ao longo do tempo 𝑡. Com o cronômetro, ao
decorrer do processo de descarga, meça o tempo 𝑡 necessário para que o capacitor 𝐶 esteja
com a ddp estipulada pela a Tabela 4 (este valor é o mesmo que aparece no visor do
multímetro), preenchendo os valores de 𝑡. Nesta tabela existe uma
coluna com o cálculo do valor de ln(𝜀/𝑉𝐶𝐷 )⁡, ele será usado mais na Tabela 4 – Medidas de 𝑉𝐶𝐶 e tempo 𝑡
frente. 𝑉𝐶𝐷 ⁡(𝑉) ln(𝜀/𝑉𝐶𝐷 )⁡ 𝑡⁡(𝑠)

P7: Com os valores da Tabela 4, faça o gráfico de 𝑉𝐶𝐷 em função de 𝑡. 5,0 0,0 0,0
Comente sobre sua dependência.] 4,5
4,0
P8: Com os valores da Tabela 4, faça o gráfico de 𝑡 em função de
ln(𝜀/𝑉𝐶𝐷 ). Ele deve ter comportamento aproximadamente linear, com 3,5
exceção de alguns pontos que podem sair um pouco do padrão pelo erro 3,0
experimental, e por isso, através do método da Regressão Linear estipule 2,5
a melhor reta que ajusta os pontos medidos na forma da equação
2,0
𝑦(𝑥) ⁡ = 𝑎𝑥 + 𝑏. E neste caso, 𝑦 ≡ ln(𝜀/𝑉𝐶𝐷 ) e 𝑥 ≡ 𝑡 e pela análise da
Equação 4, 𝑎 ≡ 𝜏 e 𝑏 deve ser nulo ou muito menor que o valor de 𝑎. Os valores encontrados
na regressão linear devem ser inseridos na Tabela 5, onde as constantes também têm Tabela 5 – Medidas
unidades específicas. O experimentador não pode esquecer inseri-las. 𝑎=𝜏=
P9: Compare os valores de 𝜏 da Tabela 5, com o encontrado na Tabela 3 no processo de
carga e, também com aquele obtido nominalmente pela Tabela 1 e comente. 𝑏=

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