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Escola Comunitária Santa Rita De Xinavane

Cadeira de Filosofia

Jean Paul-Sartre “Liberdade”

Discente: Ezilda Emilio Macome.

11a classe Turma: B1 No -19

Docente: Chivite

Xinavane, Agosto de 2021.


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Índice Págs.
Introdução...............................................................................................................................3

I. Vida e obras de Jean-Paul Sartre.........................................................................................4

II. Principais obras de Jean Paul-Sartre..................................................................................4

III. Ideias Fundamentais de Jean-Paul Sartre.........................................................................5

IV. Contributo de ideias de Jean-Paul Sartre no contexto Moçambicano..............................7

V. Crítica................................................................................................................................8

Conclusão.............................................................................................................................10

Bibliografia...........................................................................................................................11
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Introdução

Jean Paul Sartre é provavelmente o filósofo mais conhecido do século XX. Sua busca
incansável pela reflexão filosófica, sua criatividade literária e, na 2a metade de sua vida, o seu
compromisso político ativo deram-lhe renome mundial, quando não admiração. Ele é
geralmente considerado o pai da filosofia existencialista, cujos escritos definiram o tom da
vida intelectual na década imediatamente após a 2ª Guerra Mundial. Sartre,ajudou a
compreender o Homem, a História e a Religião. Afirmou a liberdade contra todas as formas
de determinismo psicológico ou sociológico. A justificativa se dá ao buscar refletir o quanto
o ser humano tem conseguido ao longo de sua história fazer suas escolhas, sejam elas
profissionais, amorosas e políticas, com responsabilidades dentro da sociedade em que vive.
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I. Vida e obras de Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Sartre (1905-1980) nasceu em Paris, França, no dia 21 de junho de 1905. Seus
primeiros passos na produção de textos filosóficos e literários começaram em 1921, quando
Sartre entra para o tradicional Liceu Louis-le-Grand.

Em 1924, ele entra para o curso de Filosofia da Escola Normal Superior de Paris, onde
conhece outro intelectual que marcou o século XX, o filósofo e cientista político Raymond
Aron.

Em 1931, Sartre é nomeado professor de filosofia em Havre. Nessa época, escreveu o


romance, "A Lenda da Verdade", que não foi aceito pelos editores. Em 1933, interrompe sua
carreira após receber uma bolsa de estudos que lhe permitiu estudar na Alemanha no Instituto
Francês de Berlim.

II. Principais obras de Jean Paul-Sartre.

As obras de Sartre, tanto literárias quanto filosóficas e dramatúrgicas, sempre tiveram o


existencialismo como ponto de partida conceitual. Destacamos, a seguir, os seus principais
escritos:

A náusea: primeiro romance publicado de Sartre, o texto foi escrito como se fosse um diário
do personagem principal. O protagonista perambula pelas ruas de uma cidade e, em suas
vivências, nota coisas corriqueiras e absurdas, o que, por vezes, coloca-o de frente à questão
da condição humana. Nesse livro já existem as ideias existencialistas de Sartre.

O ser e o nada: Sartre, em sua obra “O ser e o nada”, trata da liberdade. Nesse tratado o
filosófico, o escritor francês expõe a sua filosofia existencialista, enraizada em Kierkegaard,
Heidegger e Jaspers, definindo conceitos e explicando os significados de termos corriqueiros
do vocabulário existencialista. Sartre tenta explicar o mundo e a sua (des) ordem via
concepção existencialista.

O existencialismo é um humanismo: aqui há o intuito de rebater críticas de marxistas e


cristãos ao mostrar que existe uma dimensão otimista do existencialismo (a liberdade) e uma
dimensão coletiva e ética (a escolha individual estendida à humanidade).
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III. Ideias Fundamentais de Jean-Paul Sartre


Arte e Filosofia

A estratégia de “comunicação indireta” tem sido um instrumento dos “existencialistas” desde


que Kierkegaard adotou o uso de pseudônimos em seus escritos filosóficos no início do
século XIX. A ideia é comunicar um sentimento e uma atitude que o leitor/espectador adota,
em que certos temas existencialistas como angústia, responsabilidade ou má-fé são sugeridas,
mas não ditadas como em uma palestra.

E é disso que o existencialismo trata principalmente: desafiar o indivíduo a examinar a sua


vida para insinuações de má-fé, e aumentar a sua sensibilidade à opressão e exploração em
seu mundo.

A primeira obra de Sartre, Náusea (1938), é o próprio modelo de um romance filosófico. Seu
protagonista, Roquentin, permeia a muitos dos temas principais de “O Ser e o Nada”, que
aparecerá cinco anos depois. Ela pode ser lida como uma longa meditação sobre a
contingência de nossa existência e sobre a experiência psicossomática que capta esse
fenômeno.

Sartre era um defensor incondicional da liberdade. Em seus escritos, o filósofo deixa claro
que o ser humano estava, paradoxalmente, condenado a ser livre. Isso era o pressuposto para
a sua teoria existencialista e, mais profundamente, deixava claro a recusa dele por qualquer
tipo de amarra social.

No estudo da filosofia de Sartre, o conceito de liberdade está associado à solidão,


responsabilidade, conhecimento e escolha, de modo a entender as escolhas que a todo o
momento tem que ser fazer como ser humano e, diante destas condições, caberá a cada
homem estabelecer, através de suas ações concretas, meios que servirão para a tomada de
suas decisões.

Politicamente, Sartre tendia para aquilo que os franceses chamam de "socialismo libertário",
que é uma espécie de anarquismo. Sempre desconfiado da autoridade, que ele considerava "o
Outro em nós", seu ideal era uma sociedade de relações voluntárias em mesmo nível, que ele
chamou de "a cidade dos fins". Pôde vislumbrar isto em sua descrição de grupo em formação
(le groupe en fusion) na Crítica. Lá cada um deles era "o mesmo" que os outros em termos de
interesse prático. Cada um suspendeu seus interesses pessoais em prol de um objetivo
comum. Sem dúvida, essas práticas enrijeceram-se em instituições e a liberdade foi
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comprometida uma vez mais na máquina burocrática. Mas esse breve sabor de uma genuína
reciprocidade positiva foi revelador a respeito do que uma autêntica existência social poderia
ser.

Sartre chegou a reconhecer como o econômico condiciona o político no sentido de que a


escassez material, como Ricardo e Marx insistiram, determina as nossas relações sociais. Na
leitura de Sartre, a escassez emerge como a fonte da violência estrutural e pessoal na história
humana como nós a conhecemos. Disso decorre, ele acredita, que a libertação de tal violência
virá somente através da contra-violência da revolução e do advento de um "socialismo de
abundância".

O filósofo engajou-se na luta comunista, e muitos detratores viram na sua posição política
uma contradição quando comparada com a sua filosofia. No entanto, Sartre deixou claro
também que o que ele entendia por comunismo e marxismo ia muito além do que foi deixado
por Marx e aplicado na União Soviética.

O marxismo, para ele, tinha uma dimensão própria que havia ultrapassado as ideias de Karl
Marx, como se tivesse vida e inteligência próprias.

Na literatura e na crítica literária, o filósofo procurou estabelecer vínculos com escritores que
passassem a ideia da liberdade e da miséria da existência humana, cercada pela angústia da
liberdade exacerbada e do não amparo por Deus ou por qualquer instituição metafísica. Sartre
era materialista e ateu.

Ontologia

Sartre distinguia a ontologia da metafísica e favorecia a primeira. No seu caso, a ontologia é


basicamente descritiva e classificatória, enquanto que a metafísica pretende ser causalmente
explicativa, oferecendo explicações sobre as origens e fins dos indivíduos e do universo como
um todo. Ao contrário de Heidegger, no entanto, Sartre não tenta combater a metafísica como
uma aventura injuriosa. Ele simplesmente nota, de uma forma kantiana, que ela levanta
questões que não podemos responder. Por outro lado, ele subintitula O Ser e o Nada de uma
"Ontologia Fenomenológica".

Seu método descritivo move-se do mais abstrato até o mais concreto. Começa por analisar
duas distintas e irredutíveis categorias ou tipos de ser: o em-si (en-soi) e o para-si (pour-soi),
aproximadamente o inconsciente e a consciência, respectivamente, adicionando uma terceira,
o para-outro (pour-autrui), mais tarde no livro, e conclui com um esboço da prática de
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"psicanálise existencial" que interpreta as nossas ações para descobrir o projeto fundamental
que unifica as nossas vidas

Na filosofia, o pensador francês encontrará em Nietzsche a afirmação da vida material e


corpórea; em Kierkegaard, uma defesa de uma filosofia voltada para o ser humano e para a
vida; em Heidegger, o início do existencialismo; e em Husserl, o método fenomenológico,
que defende uma espécie de aprofundamento dos sentidos como maneira de imergir no
mundo e no pensamento. Todo esse conjunto de ideias servirá de base para a formulação do
existencialismo sartriano.

IV. Contributo de ideias de Jean-Paul Sartre no contexto Moçambicano.

A liberdade ocupa lugar central na filosofia de Jean-Paul Sartre e nos dias atuais é um tema
que merece destaque, pois é justamente por vivermos em uma sociedade livre que
percebemos a importância de refletirmos sobre a liberdade, pois mais do que nunca se faz
mister termos consciência da liberdade que temos e somos para agirmos adequadamente
nestes tempos de grandes descobertas, de manipulação genética, onde chegamos ao ponto de
podermos clonar vidas, e tudo isso graças à liberdade que temos. Portanto, é a partir destas
constatações que queremos refletir sobre o homem livre, vivendo em uma sociedade livre, a
luz da teoria sartreana.

Portanto o princípio básico da tradição política que fundou Moçambique é a ideia de que a
liberdade do cidadão é função de um projecto político nacional.

A base do projecto político da Frelimo era uma concepção muito específica de cidadania
contra cujo pano de fundo o liberalismo, como filosofia política, se constituiu como crítica.
Com efeito, o liberalismo desenvolveu-se como crítica a esta ideia de que a liberdade
individual, isto é, a ideia de que a disposição sobre a vida individual não depende de
ninguém, mas só dos indivíduos eles próprios, possa ser condicionada a um projecto político.

É interessante notar, por exemplo, que mesmo aqueles filósofos como Thomas Hobbes, John
Stuart Mill e mesmo David Hume, que tentaram defender a prerrogativa real de conferir a
cidadania como acto soberano na Inglaterra, o fizeram com base num argumento que também
teve (e continua a ter) validade no nosso contexto.

Ele consiste na ideia de que só pode ser cidadão de pleno direito aquele que usa a razão como
instrumento de libertação.
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John Stuart Mill colocou muita ênfase nesta ideia e influenciou profundamente Marx, ao
ponto de este aparecer com a ideia de falsa consciência, ideia essa que tem aparecido sob
várias formas no cenário político moçambicano, primeiro, pela mão da Frelimo gloriosa que
desqualificou todo o anseio pela liberdade que não fosse compatível com o seu projecto
político como “falsa consciência”, segundo pela ideia extremamente paternalista segundo a
qual o exercício do poder local precisa de ser gradual e, terceiro, pelo direito que a indústria
do desenvolvimento se arroga de articular o bem-estar com tudo quanto é compatível com o
seu próprio discurso jacobino e totalitário.

Tudo isto, no contexto de Moçambique, acontece sob o pano de fundo de uma sociedade que
se constitui historicamente nos esforços individuais de garantia de dignidade humana
individual.

Esses esforços levam alguns a procurarem na assimilação a sua emancipação, outros nas
igrejas, outros ainda na educação, na migração, etc. Foram estes impulsos pela emancipação e
pela dignidade humana individual que alimentaram o nacionalismo moçambicano,
subsequentemente atrofiado por uma interpretação a-histórica e dogmática da História que
constituiu Moçambique e a sua redução grosseira a duas linhas, a revolucionária e a
reaccionária.

Mas, a partir desta interpretação, foi possível institucionalizar o exercício do poder em


Moçambique como algo que se legitimava pela capacidade que alguns esclarecidos tinham de
interpretar o “interesse nacional” e colocar essa interpretação ao serviço do bem-estar do
povo.

A ideia de que alguém possa ser intérprete da vontade do povo funda-se, em certa medida, na
ideia gémea de que alguém tem competência para definir os limites da liberdade individual,
ao mesmo tempo em que pode também definir os horizontes do poder legítimo do Estado
sobre os seus cidadãos.

Este é o terreno natural da cultura política dos “movimentos de libertação no poder”, um


terreno minado e todo ele baseado na ideia de que o protagonismo histórico confere
qualidades especiais e uma aptidão única para interpretar a “vontade do povo”.
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V. Crítica

Para começar com o que é mais importante, comecemos pela obra “O ser e o nada” onde
Sartre identifica o ser humano apenas com a liberdade, com o projeto livremente escolhido. É
um erro. Na verdade, Sartre não associa a existência humana à liberdade. Ao contrário,
apressa-se em apontar que a liberdade implica algo que não é a liberdade.

De outro lado a obra existencialismo surge como uma tentativa de compreender o homem
através de seu modo de ser na existência. Para tanto, leva em consideração não apenas sua
individualidade, mas também as diversas circunstâncias enfrentadas por ele no cotidiano,
situações estas imediatamente refletidas na sua vida em sociedade.

De maneira geral, é possível afirmar que o existencialismo concentra grande preocupação no


indivíduo que, através de sua liberdade, mostra-se protagonista de sua existência, mas que, ao
mesmo tempo, encontra-se diante de uma encruzilhada por perceber que, ao projetar sua vida
através de suas escolhas, baseadas em suas experiências e perspectivas, carrega sobre si a
total responsabilidade por todas as suas ações.

O problema está, precisamente, na compreensão da concepção de existência imputada à


filosofia de Sartre. Ao admitir que a existência se dê através de escolhas individuais, que o
sujeito faz livremente nas situações que ele venha a encontrar durante seu percurso vivencial,
é possível compreendê-la apenas como o resultado de uma subjetividade isolada e, até
mesmo, que essa filosofia pode dar margem para uma permissividade desmedida.

Em contrapartida, na visão dos críticos, ainda que o homem exprimisse alguma


responsabilidade em sua ação, isto é, mesmo que ele atue como construtor de sua vida, nesse
construir, é como se ele considerasse apenas a preocupação consigo mesmo e deixasse de
lado a ação social; como se cada homem, de fato, justificadamente só pensasse em si, em seu
bem, nos seus projetos, na sua vida, não havendo espaço para as ações e projetos do Outro.
Em suma, como se para ele só a preocupação pela individualidade e jamais pelo coletivo
pudesse ser justificado.
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Conclusão

Concluído o trabalho o Jean-Paul Sartre é provavelmente o filósofo mais conhecido do século


XX que nasceu em Paris, França. Constatou-se que ele é um defensor da liberdade. Destacou-
se a posição de que o homem é livre e que a liberdade é um dos conceitos fundamentais da
filosofia de Sartre, visto que essa é, para ele, a condição da existência humana. O homem
pode escolher livremente o que fazer, sem determinismo, ou seja, não podendo determinar as
decisões que o ser humano toma, pois para Jean-Paul Sartre, tudo que acontece na vida vem
do passado e das escolhas feitas. A importância desta análise é refletir sobre a liberdade na
sociedade atual, pensar nela é pensar em resgatar a dimensão da responsabilidade do ser
humano.
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Bibliografia

ALLES, Luis. A ética de Sartre na obra: “O Existencialismo é um Humanismo”: um


confronto conceitual com Levinas. Dissertação (Mestrado em Filosofia). Pós-graduação em
Filosofia da PUCRS. 223 p.

PERDIGÃO. Paulo. Existência e Liberdade: uma introdução à filosofia de Sartre. Porto


Alegre: L&PM, 1995.

SARTRE, Jean-Paul, O Ser e o Nada - Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Tradução de


Paulo Perdigão. 17. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.

SARTRE, Jean-Paul, O Existencialismo é um Humanismo 1a. ed. Tradução e notas de


Vergílio Ferreira. São Paulo, 1973.

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