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Colégio

Ouro Grosso Programa em Rede - Filosofia 3º SÉRIE – Prof. Zeca

JEAN PAUL SARTRE


ean-Paul Sartre foi um filósofo e crítico francês. É

J considerado um dos maiores pensadores do século


XX e representantes da filosofia existencialista, ao
lado dos filósofos Albert Camus e Simone de Beauvoir.
A corrente existencialista é pautada na liberdade do ser
humano e de acordo com Sartre: “Estamos condenados a
ser livres.”

Jean-Paul Charles Aymard Sartre nasceu em Paris, dia 21


de junho de 1905. Era filho de Jean-Baptiste Marie
Eymard Sartre e de Anne-Marie Schweitzer.
Ficou órfão de pai muito cedo, quando tinha apenas um ano de vida.Diante disso,
mudou-se com sua mãe para a cidade de Meudon, próximo à capital, onde passaram
a viver na casa de seus avós maternos.

Desde cedo, Sartre lia muitos clássicos e se interessava pelas artes, especialmente o
cinema, o que mais tarde, o levaria a escrever peças de teatro e novelas.
Com apenas 10 anos, ganhou sua primeira máquina de escrever e ingressou no Liceu
Henri VI de Paris.

“Por ter descoberto o mundo através da linguagem, tomei durante muito


tempo a linguagem pelo mundo. Existir era possuir uma marca registrada,
alguma porta nas tábuas infinitas do Verbo; escrever era gravar nela seres
novos foi a minha mais tenaz ilusão, colher as coisas vivas nas armadilhas
das frases.”

Com 19 anos, ingressa no curso de Filosofia da “Escola Normal Superior”, onde


conheceu Simone de Beauvoir, sua parceira intelectual e amante por toda a vida.
Graduou-se em 1928, trabalhou como professor e, com isso,
decidiuaprofundarseusconhecimentosnafilosofiaexistencialistaparaassim, criar sua
própria teoria.

Logo, ganhou uma bolsa de estudos e foi estudar no Instituto Francês em Berlim.
Nesse momento, dedica-se aos estudos da fenomenologia e existencialismo dos
filósofos: Edmund Husserl (1859-1938), Martin Heidegger (1889-1976), Karl Jaspers
(1883-1969), Max Scheller (1874-1928) e Soren Kierkegaard (1813-1855).
Participou da segunda guerra mundial, como meteorologista. Ficou preso nos campos
de concentração de Trier e, por motivo de doença foi liberado.

Por conseguinte, fundou o grupo “Socialismo e Liberdade”.Espírito inquieto, Sartre foi


um intelectual engajado, filiou-se ao partido comunista Francês, donde participou de
muitos movimentos sociais, tal qual o movimento estudantil de 1968.
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Em 1945, junto aos intelectuais, Simone de Beauvoir (1908-1986), Merleau-Ponty


(1908-1961) e Raymnond Aron (1905-1983), fundou a revista de filosofia “Os Tempos
Modernos.”

Um fato curioso de sua vida é que Sartre se recusou a receber o Prêmio Nobel de
Literatura, em 1964:

“Nela invoquei duas espécies de razões; razões pessoais e razões


objetivas. As razões pessoais são as seguintes: minha negativa não é um
ato improvisado. Sempre recusei as distinções oficiais.”

Faleceu em sua cidade natal, dia 15 de Abril de 1980, com 75 anos.

O EXISTENCIALISMO DE SARTRE
Jean-Paul Sartre foi o expoente máximo do "existencialismo" – corrente filosófica que prega a
liberdade individual do ser humano. O existencialismo nasceu com o filósofo dinamarquês Soren
Kieekegaard (1831-1855) que combatia a filosofia especulativa.
Em 1943, Sartre publicou “O Ser e o Nada” (1943), seu trabalho filosófico mais conhecido, onde
formulou seus pressupostos filosóficos que determinou o pensamento e a posição essencial da
geração de intelectuais do pós-guerra. Sartre vinculou a filosofia existencial ao marxismo e à
psicanálise.

Para Sartre, “estamos condenados a ser livres” - essa é a sua sentença para a humanidade, uma
vez que a “existência precede a essência”, ou seja, não nascemos com uma função pré-definida.
Para ele, a consciência coloca o homem diante da possibilidade de escolher o que ele será, pois
essa é a condição da liberdade humana. Escolhendo a sua ação, o homem escolhe a si mesmo,
mas não escolhe a sua existência.

Para Sartre, a má-fé do homem seria mentir para si mesmo, tentando se convencer de que não é
livre. O problema surge quando seus projetos pessoais entram em conflito com o projeto de vida dos
outros. Eles, os outros tiram parte da sua autonomia, por isso, as escolhas devem ser pensadas,
uma vez que vão definir a existência de cada um. Ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que
reconhecemos a nos mesmos – daí a origem da célebre frase de Sartre: “O inferno são os
outros”.
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PRINCIPAIS IDEIAS E OBRAS


Sartre foi um ávido leitor e escritor. Produziu textos filosóficos, romances, novelas, contos e
ensaios.
Sua obra mais destacada intitula-se “O Ser e o Nada: ensaio de ontologia fenomenológica”,
publicada em 1943. Esse tratado filosófico aborda sobre a filosofia de Heidegger e alguns
pensamentos sobre a liberdade humana. No entanto, foi essencial para configurar suas próprias
teorias obre o existencialismo.
De acordo com Sartre, o ser humano existe como uma coisa e uma consciência (mente).
Em 1938, publicou a novela “Náusea”, seu primeiro sucesso literário:

“Os homens. É preciso amar os homens. Os homens são admiráveis. Sinto vontade de
vomitar – e de repente aqui está ela: a Náusea. Então é isso a Náusea: essa evidência
ofuscante? Existo – o mundo existe -, e sei que o mundo existe. Isso é tudo. Mas tanto
faz para mim. É estranho que tudo me seja tão indiferente: isso me assusta. Gostaria
tanto de me abandonar, de deixar de ter consciência de minha existência, de dormir.
Mas não posso, sufoco: a existência penetra em mim por todos os lados, pelos olhos,
pelo nariz, pela boca… E subitamente, de repente, o véu se rasga: compreendi, vi. A
Náusea não me abandonou, e não creio que me abandone tão cedo; mas já não estou
submetido a ela, já não se trata de uma doença, nem de um acesso passageiro: a
Náusea sou eu.”

Outras obras que se destacam:


O Muro (1939),
"O Muro" é o primeiro conto da série homônima de Sartre(O Quarto, Erostrato, A Intimidade, A
Infância de um Chefe e O Muro) . Nele o autor apresenta a história de três presos políticos na noite
de suas execuções que sobre o olhar de um médico imparcial –

A Idade da razão (1945),


O romance A Idade da Razão, publicado por Jean-Paul Sartre em 1946, é uma obra de cunho
filosófico-existencialista que trata da problemática da liberdade, da consciência e da moralidade na
constituição do homem, através da história de Mathieu Delarue, um professor de filosofia que, por
defender a ideia de uma liberdade.

Com a morte na Alma (1949),


é um romance de 1949, escrito por Jean-Paul Sartre, constituindo a terceira parte da trilogia Os
Caminhos da Liberdade. Retrata a queda da França, em 1940, e os sentimentos angustiantes de um
grupo de franceses cuja apatia pré-guerra dá lugar a uma consciência da dignidade da resistência
individual (à ocupação alemã) e de solidariedade com os povos oprimidos da mesma forma.

As Moscas (1943),
Explora a noção de livre arbítrio, um dos pilares do existencialismo que Jean-Paul Sartre modernizou um
antigo drama grego, o mito de Orestes em livro As moscas (1943). ... A obra retoma o mito e tem como tema
central a liberdade de escolha e a responsabilidade na ação humana

Mortos sem sepultura (1946),


Publicada em 1946, é uma peça de teatro composta por três atos e narra a história de um grupo de
partidários que, durante a segunda guerra mundial, atacou um vilarejo francês, matou muitas
pessoas consideradas inocentes e, consequentemente, foi preso pela milícia.
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A engrenagem (1948),
A peça A Engrenagem é um dilema moral e político que conta uma história de lutas e controvérsias, na qual eclode
uma revolução que derruba um ditador de um país latino americano. Jean Aguerra, antigo revolucionário,
transformou-se em ditador, pois munido por pressões peculiares deixou-se esmagar pela engrenagem que ele
mesmo ajudou a criar.

A Imaginação (1936),
Uma reflexão sobre o modo de existir e de educar. consiste em elaborar uma leitura sobre o
conceito de consciência à luz da fenomenologia no sentido compreendê-la não como um mero
efeito cognitivo, mas sim como algo relacionado à intencionalidade já que ela se apresenta
como movimento pré-reflexivo anterior ao próprio pensar.

A Transcendência do Ego(1937),
Em A transcendência do Ego, primeiro ensaio filosófico de Sartre, recusa-se a presença do Ego na
consciência. Apropriando-se da fenomenologia de Husserl, Sartre critica as posições filosóficas e
psicológicas que transformaram o Ego num habitante da consciência. É importante da trajetória de
Sartre onde identificamos as primeiras preocupações do filósofo, assim como compreender o
alcance da fenomenologia em obras posteriores.

Esboço de uma Teoria das Emoções (1939),


Sartre revisa as teorias contemporâneas da Psicologia até propor uma psicologia eidética. Nesse caso,
o Esboço para uma teoria das emoções foi a única obra publicada de todo o seu trabalho de revisão da
psicologia do século XX.

O Imaginário (1940),
apresenta e discuti o aspecto imaginante da consciência, segundo a obra O Imaginário (1940), de
Jean-Paul Sartre. O filósofo compreende que a imagem não é um objeto para a consciência
intencional, mas sim, uma maneira de a consciência visar os objetos mesmos; isto é, a consciência
visa pela intencionalidade o objeto real em um movimento distinto da percepção.

As palavras (1964)
Les Mots, é sua autobiografia, uma de suas últimas obras onde rememora e examina todo o
percurso da sua formação intelectual, refletindo sobre a importância e as possibilidades da escrita e
acerca da situação do escritor, relatando como surgiu a sua paixão por ler e escrever, vendo ambos
como o destino inescapável

Frases
“O homem deve ser inventado a cada dia.”
“Eu mudo para continuar o mesmo.”
“Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem.”
“Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.”
“Todo SOS homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a
ver com a coragem.”
“Viver é isso: Ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e conseqüências.”
“Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo que somos:
eis a verdade.”
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“Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem
saber como acabarão.”

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