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A) A Bíblia
Isto implica dizer que, a Bíblia, sendo a palavra de Deus aos homens, em todo
época e cultura é suficientemente poderosa em si mesma. Portanto, o homem não precisa
buscar inovações para transmitir a mensagem viva e poderosa (cf. Rm 1, 16-17) contida
nas Escrituras Sagradas e, também não tem o direito de interpretá-la de acordo às suas
vontades e desejos (cf. II Co 4,2 e II Pd 3,16) – perfil do falso profeta. Nisto consiste a
afirmação de Roy Zuck, ao relatar que, o que a Bíblia tem por “objetivo é revelar a
verdade e não ocultá-la”, exigindo da parte de seu leitor e interprete que a entenda da
melhor maneira possível e sem quaisquer tipos de manipulação e distorções. Como
afirmou precisamente Zuck (1994, p.25), “As Escrituras são chamadas de santa e deve ser
tratada como tal (2 Tm 3,15)”.
Por ser a Bíblia um livro escrito a séculos e séculos atrás, acompanha a essa
realidade muitos fatores que dificultam sua interpretação, por exemplo, as questões
culturais, de escritas, geográficas, costumes, literários, etc. Considerando este e outros
fatos, não podemos cair na maligna ideia de que a Bíblia é fácil de ser interpretada. Não
queremos aqui dizer que é impossível. Antes, o que afirmamos, é que o processo de
interpretação exige disposição, pesquisa, sensibilidade, dedicação, oração,
direcionamento do Espírito Santo, bom senso e fidelidade à palavra de Deus.
B) Hermenêutica
Basicamente entendida como ciência da interpretação, a hermenêutica tem um
papel fundamental na história desde a antiguidade. Terry se tratando sobre a grandeza e
necessidade da hermenêutica, afirma que:
A hermenêutica, por sua vez, é o percurso que se toma para a boa interpretação
bíblica. A hermenêutica enquanto disciplina apresenta ao intérprete as ferramentas as
quais o auxiliará no processo da interpretação. O principal aspecto da hermenêutica está
no fato de podermos “compreender [o] sentido [da Bíblia] para a época”, e então
estarmos aptos para trazer também “seu significado [...] para nossos dias” (ZUCK, 1994,
p.10). Sabe-se que para a mensagem bíblica refletir à realidade atual, é necessário e
exige-se do intérprete a leitura social de sua sociedade, ambiente o qual pretende realizar
a proclamação do Evangelho de Cristo.
Dito isto, e tendo em vista as muitas questões que nos dificultam na interpretação
bíblica. Precisamos fazer todo o possível para que não haja de nossa parte interpretações
equivocadas das Escrituras, Zuck (1994, p.15) nos alerta sobre este perigo, dizendo que
“quando a bíblia não é interpretada corretamente, a teologia de um indivíduo ou de uma
igreja pode ser desorientada ou superficial...” diríamos que quando a Bíblia é mal
interpretada, a vida corre grande perigo. Pois, o resultado da interpretação manipulada,
equivocada e distorcida reflete na relação comprometida dos indivíduos com Deus, e
automaticamente a vida.
C) O intérprete e o ouvinte da Bíblia
Quem são os ouvintes da palavra de Deus pregada? São pessoas repletas de dilemas
e, em situações muitas vezes delicadas de vida, em que, buscam de Deus respostas de
como e quando proceder, pois sabem e acreditam em um Deus que pode fazer algo. Em
vista disto, entendemos certamente que a pregação deve ter por base a cruz de Cristo e
visa glorificar, exclusivamente, a Deus, à medida que alcança corações e transforma
realidades pelo poder do Espírito Santo (PIPER, 2003, p.19).
Atividade Prática:
Sim. Observe primeiramente que o versículo em si, é isolado, pois faz parte de um
relato mais amplo, ou seja, o texto completo em que se encontra o conselho do versículo
15 é I Pedro 3, 8-22. Esses cristãos eram difamados e condicionados a situações delicadas
por conta de seu testemunho e fé (cf. I Pd 1,6; 2,12; 3,14-17). A comunidade chamada
como Povo de Deus pelo apóstolo Pedro se caracteriza por sua pureza de fé frente ao
sistema dominante e opressor romano – Período de Nero. O versículo não pode ser
interpretado sem considerar todo contexto.
Atividade Prática:
Autoria do Salmo 29 – Rei Davi; Qual estilo é o texto do Salmo em questão – Poema;
Quais as questões sociais podem ser percebidas no texto – As questões giram em torno da
necessidade de todos os homens, independentemente de sua condição (v,1-2), saber quem
ele é como criatura diante do Criador e reconhecendo a sua grandeza como único e
verdadeiro Rei (v,4) e também permite pensar em um povo que está com certo receio
quanto a sua segurança (v,11), sendo convidado a descansar no cuidado soberano do
Senhor.
Mas, esta afirmação não isenta nenhum daqueles que desejam expor as verdades do
texto bíblico à negligência de atitudes básicas e necessárias para tal. É, em vista disto,
que pensaremos aqui algumas regras básicas, que vemos como sendo indispensáveis para
o processo da interpretação bíblica.
A leitura da Bíblia é uma prática natural do cristão. Mas, aqui queremos pensar
sobre não somente uma leitura cotidiana e, não estamos ignorando a necessidade da
mesma, mas pensar uma leitura à qual nos permite uma compreensão de fé e prática e,
consequentemente, uma leitura que nos permite a exposição da mesma, por meio da
compreensão.
Aqui temos que deixar algo claro. A leitura da Bíblia e a sua interpretação deve ser
desprovida de quaisquer interesses pré-concebidos por parte do intérprete. Hoje há muitas
formas de se ler e interpretar as Escrituras Sagradas, por exemplo, “materialista;
sociológica; feminista; psicológica; negra” e, nestes muitos processos se esquecem que a
Bíblia naturalmente já possui uma mensagem e ela não “defende os interesses humanos”
(cf. BRAKEMEIER, 2003, p.64). Isto não quer dizer que a mensagem bíblica não é
condicionada aos problemas humanos ou uma resposta a eles.
Antes, o que estamos buscando afirmar é que a Bíblia não deve ser utilizada para
alcançar fins puramente humanos, pois o fim da mensagem bíblica é revelar a vontade de
Deus, por meio de Jesus Cristo, a todas as pessoas na face da terra e em todos os tempos.
O que nos compete é sermos íntegros e morais na transmissão da mensagem, pois ela
senda a palavra de Deus, “é fidedigna e competente” (ZUCK, 1994, p.83), e não
podemos, em hipótese alguma, omitir estas grandezas.
Destacamos três, dentre tantos textos, que nos possibilitam perceber palavras
chaves, por exemplo, João 21,15-19, percebe que palavras chaves são dominantes no
discurso de Jesus e Pedro (me amas e apascente as minhas ovelhas); já no texto do antigo
testamento, por exemplo, Habacuque 2,1-4 (O justo viverá pela fé), é uma palavra
enfática/impacto, não é exclusiva, pois a ideia de uma vida pela fé rodeia toda Bíblia. As
vezes a palavra para ser perceber a trama do texto é de caráter exclusivo, por exemplo, a
mensagem de Filipenses 2, 5-11, é completamente desenrolado com base no versículo 7
por meio do termo grego ekenosen (esvaziar-se, despojar-se), ainda que a mensagem em
si conduz à mensagem de Isaías 53.
Atividade prática
Descobrindo palavras chaves no texto de Lucas 8,19-21
Diferencial do texto gira numa trama de relação familiar e fé prática. Nisto surge a ideia
que, quem compõem a verdadeira família de Deus, não é qualquer um, mas esta família é
composta por aqueles que ouve a palavra – conhece/ouvir - e a executa/praticar com toda
seriedade provinda do coração. Isto implica dizer que a verdadeira aceitação da palavra e
a conduta de vida reflete uma unidade. Neste caso vamos perceber que a ideia principal
do texto estará ligada com outras partes do livro e do pensamento do autor (cf. Lc 5,1;
11,28 e At 18,11 – pessoas que ensinam, ouvem e pratica a palavra).
Cientes de nossa plena limitação, dependemos daquele que conhece toda verdade e
pode alcançar todos os corações, o Espírito Santo (cf. ZUCK, 1994, p.25-26). Esta
dependência nos ajudará não somente a compreender a relação da palavra de Deus entre o
Antigo e Novo Testamento, mas a sermos verdadeiros com aqueles que nos escutam e
termos uma compreensão mais verdadeira quanto aos planos de Deus a todos nós.
Neste processo ainda podemos falar sobre a citação que os autores bíblicos fazem
entre si, por exemplo, pode se perceber isto em Mateus 12,18-21 em que há uma
referência direta de Isaías 42,1-9 também em Romanos 1,17 citando diretamente
Habacuque 2,4. Mas além das citações, podemos encontrar textos que nos remete a outras
partes da Bíblia pela relação de conteúdo, por exemplo, em Joel 2,28-32 e Atos 2,1,13
existe uma relação por meio de conteúdo. Isto não quer dizer, que, o que aparentemente
são idênticos é uma relação precisa, este é um erro grotesco que cometemos.
Muitas outras referências que ligam os dois testamentos podem ser aqui descritas,
tais como: o apóstolo Paulo recitando o livro de Jó 5,13 em I Coríntios 3,19; em Mateus
21,42 Jesus lembra do que outrora fora dito sobre ele, remetendo seus ouvintes ao Salmo
118,22; em Atos 2,34-35 Pedro menciona a mensagem contida no Salmo 110 (cf.
GEISLER E NIX, p.34-37), entre tantos outros assuntos.
Comparar conteúdo por similaridades não é a mesma coisa de uma relação genuína,
por exemplo, relacionar a alegria descrita em I Tessalonicenses 1,6 ou em Filipenses 4,4
com a alegria descrita em Habacuque 3,18, não é um ato prudente, pelas situações em que
ambos os textos foram escritos. Precisamos buscar a verdadeira relação entre os textos e
não meramente a repetição de termos.
Atividade Prática
BIBLIOGRAFIAS