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A NECESSIDADE DA INTERPRETAÇÃO 1

Encontrar o sentido das Escrituras é uma tarefa árdua e, por vezes, complexa. Podemos prontamente explicar
o que a Bíblia diz, mas temos mais dificuldade em concordar sobre aquilo que ela quer dizer a partir daquilo
que diz. E, de forma ainda mais problemática, os cristãos modernos divergem profundamente sobre a
maneira pela qual as palavras da Bíblia devem influenciar suas vidas hoje, se é que elas devem fazê-lo.
Considere alguns pontos difíceis de tensão que enfrentamos nessa tarefa:

➢ A Bíblia é a Palavra de Deus, mas que chegou até nós por meios humanos. As instruções divinas se
apresentam como absolutas, mas foram estabelecidas em contextos históricos tão diversos que fica
difícil perceber como elas podem ser universalmente normativas.
➢ A mensagem divina tem que ser clara, ainda que muitas passagens pareçam ambíguas demais.
➢ Reconhecemos o papel crucial do Espírito Santo, mas, com certeza, o estudo é necessário para
entender o que o Espírito inspirou.
➢ As Escrituras apresentam a mensagem que Deus quer que ouçamos, mas essa mensagem é
transmitida em um cenário literário complexo, com gêneros variados e durante um longo período de
tempo.
➢ A interpretação adequada exige a liberdade pessoal do intérprete, mas essa liberdade vem
acompanhada de riscos consideráveis de parcialidade e distorção. Existe alguma função para uma
autoridade externa e corporativa?
➢ A objetividade da mensagem bíblica parece essencial para alguns leitores, mas enquanto por um lado
os pressupostos certamente inserem um grau de subjetividade no processo de interpretação, por outro
lado, a pós-modernidade questiona o próprio conceito de objetividade.

Como poderemos ter sucesso em nossas tentativas de entender as Escrituras corretamente? Precisamos de
uma abordagem bem refletida para interpretar a Bíblia. É exatamente nesse ponto em que a hermenêutica
entra em cena.
A hermenêutica descreve a tarefa de explicar o sentido das Escrituras. A palavra deriva do
1
verbo grego hermēneuō, que significa “explicar”, “interpretar” ou “traduzir”, enquanto o
substantivo hermēneia significa “interpretação” ou “tradução”.
Usando esse verbo, Lucas nos informa que Jesus explicou aos dois discípulos no caminho de Emaús o
que as Escrituras diziam sobre ele (Lc 24,27). Paulo usa o substantivo em 1Cor 12,10 para se referir ao dom
de interpretação de línguas. Em essência, portanto, a hermenêutica envolve interpretação ou explicação. Em
áreas como os estudos bíblicos ou a literatura, ela se refere à tarefa de explicar o significado/sentido de um
texto.2
A hermenêutica descreve os princípios usados para entender o que algo significa, para compreender o que
uma mensagem — oral, escrita ou visual — busca comunicar.

1
Cf. KLEIN, William, BLOMBERG, Craig, HUBBARD, Robert. Introduction to Biblical Interpretation. 3 ed.,
Capítulo 1.
2
Dois pontos precisam ser esclarecidos aqui. Primeiro, usamos o termo hermenêutica no seu sentido tradicional: um
estudo sistemático dos princípios e métodos de interpretação. Pensadores seminais como Schleiermacher, Dilthey,
Heidegger, Fuchs, Ebeling, Gadamer, Ricoeur e outros usam a hermenêutica em um sentido mais filosófico para
identificar como algo do passado pode “significar” hoje ou tornar-se existencialmente significativo no mundo
moderno. Segundo, às vezes o termo “hermenêutica” vem acompanhado por um adjetivo (feminista, womanist, afro-
americana, marxista, queer, freudiana etc.); isso porque faz referência a um ponto de vista ou quadro de referência
específico e reconhecido que um intérprete adota para interpretar um texto ou enunciado; normalmente, essa
abordagem implica uma ideologia estabelecida, atitudes específicas e uma perspectiva definida.
RAZÃO DE SER DA HERMENÊUTICA

O que a hermenêutica tem a ver com a leitura e a compreensão da Bíblia? O povo de Deus, ao longo dos
milênios, não tem lido e compreendido as Escrituras sem recorrer à hermenêutica? Na verdade, a resposta a
essa segunda pergunta é “não”. Porque, embora nem sempre estejamos conscientes disso, a menos que certas
coisas estejam definidas, não seríamos capazes de compreender nada.
Pense na vida cotidiana normal. Conversamos ou lemos um livro e, inconscientemente, interpretamos e
entendemos os significados do que ouvimos ou lemos. Quando assistimos a um programa de televisão,
ouvimos uma palestra ou lemos um blog ou um artigo sobre um assunto conhecido em nossa própria cultura
e idioma, interpretamos de forma intuitiva e sem pensar conscientemente em usar métodos. Embora não
tenhamos consciência do processo, empregamos métodos de interpretação que nos permitem entender com
precisão. Isso explica por que a comunicação normal “funciona”. Se não houvesse um sistema, a
compreensão só ocorreria – talvez – de forma aleatória ou ocasional.
Mas será que a leitura da Bíblia acontece dessa forma? Podemos entender a Bíblia de forma correta
apenas lendo-a? Algumas pessoas estão convencidas que sim. Um professor de teologia relatou como um
aluno aflito interrompeu um seminário em que se tratava sobre os princípios de interpretação bíblica.
Temeroso de que tivesse ofendido o estudante, o professor perguntou se havia algo de errado. Triste, o aluno
respondeu: “Sinto pena de você!” O professor ficou perplexo: “Por que você tem pena de mim?” O aluno
disse: “Porque é muito difícil para você entender a Bíblia! Eu apenas a leio e Deus me mostra o significado!”
Será que o Espírito Santo diz às pessoas o que a Bíblia significa? Embora essa abordagem da
interpretação bíblica possa refletir uma louvável confiança em Deus, ela manifesta uma compreensão
simplista (e potencialmente perigosa) da iluminação do Espírito Santo e da clareza da Escritura. O papel do
Espírito Santo no entendimento da Palavra de Deus é indispensável. Ele convence o povo de Deus da
verdade da mensagem bíblica e, depois, o convence e o capacita a viver de forma coerente com essa verdade.
No entanto, com exceção de circunstâncias bem raras e incomuns, o Espírito não informa aos leitores o
sentido da Escritura. Isto é, a ajuda do Espírito não substitui a necessidade de interpretar as passagens
bíblicas de acordo com os princípios da comunicação linguística.
Ao longo dos séculos, se as pessoas entenderam de forma correta a Palavra de Deus, foi porque
empregaram princípios e métodos de interpretação adequados. É claro que isto não quer dizer que todos
tenham tido um treinamento bíblico “formal”. Antes, eles eram bons leitores: usaram o senso comum e
2
tinham formação suficiente para lê-la de forma precisa. Da mesma maneira, outras pessoas seriamente
interpretaram de forma errônea o que a Bíblia queria dizer, às vezes com resultados lamentáveis.
A necessidade desses princípios torna-se cada vez mais óbvia quando se está em um domínio
desconhecido, como em uma palestra de astrofísica ou diante de um documento jurídico altamente técnico.
Os termos, as expressões e os conceitos são estranhos e possivelmente incompreensíveis. Imediatamente
sentimos a necessidade de auxílio para decifrar a mensagem. Como poderemos entender os antiquarks, o
princípio antrópico fraco ou os neutrinos? Quem pode nos dizer como distinguir um habeas corpus de um
corpus delicti? Não bastará simplesmente inventar nossos próprios sentidos, nem simplesmente perguntar
para alguma pessoa aleatória que esteja por perto. Precisaremos do auxílio de recursos especializados ou de
um especialista. Ter uma aula de física pode nos ajudar na primeira situação, ao passo que consultar um
advogado poderia ajudar na segunda.
Às vezes até mesmo entender a comunicação mais direta não é tão fácil assim. Por exemplo, entender a
afirmação de um pai para uma filha, “Você vai estar em casa à meia-noite, não vai?”, provavelmente vai
exigir a decodificação de várias pistas além do simples sentido das palavras em separado. Para determinar se
isso é uma consulta, uma suposição ou uma ordem, será necessário analisar cuidadosamente a situação como
um todo. Essa tarefa será mais complicada ainda se alguém buscar decifrar um texto antigo escrito por
pessoas há séculos! O que Gn 1,2 tem em mente quando diz “A terra era sem forma e vazia; trevas cobriam a
face do abismo”? O que Jesus quis dizer com “Eles alargam seus filactérios bem largos e alongam as franjas”
(Mt 23,5)? Poderíamos educadamente perguntar ao estudante aflito mencionado acima: “Será que o Espírito
Santo lhe dirá o que são os filactérios ou você precisará usar alguma fonte para descobrir seu significado?”
As grandes distâncias no tempo e na cultura entre esses escritores antigos e nós exigem algumas pontes se
quisermos alcançar algum entendimento.
Mas além do significado do texto em si (o que significava no contexto original para os autores e os
destinatários), os leitores bíblicos fiéis também querem saber a importância do texto para a vida deles. Eles
perguntam: “O que esse texto está dizendo para mim e qual a diferença que ele deve fazer na minha vida, se
é que deve fazer alguma?”
Se o objetivo é a compreensão correta da comunicação, precisamos de uma abordagem e de métodos
adequados para essa tarefa. A hermenêutica fornece os meios para entender as Escrituras e aplicar esse
significado de forma responsável. A fim de evitar interpretações arbitrárias, errôneas ou que simplesmente
atendam a caprichos pessoais, o leitor precisa de métodos e princípios para sua orientação. Um procedimento
deliberado de interpretação baseado em princípios sensatos e convencionados torna-se a melhor garantia de
que uma interpretação será precisa. Quando conscientemente nos dedicamos a descobrir e a usar esses
princípios, estamos fazendo hermenêutica, interpretação bíblica.

DEFINIÇÃO DA HERMENÊUTICA

Arte e ciência da interpretação


A interpretação não é nem simplesmente uma arte nem simplesmente uma ciência. Ela é tanto uma arte
como uma ciência. Todo tipo de comunicação usa “códigos” de algum tipo (sinais, ortografia, tom de voz
etc.) para transmitir o significado. Usamos regras, princípios, métodos e táticas para “decodificar” aquilo que
ouvimos, vemos ou lemos. Mas, mesmo assim, a comunicação humana não pode se reduzir somente a regras
precisas e quantificáveis. Nenhum sistema mecânico de regras jamais ajudará alguém a entender
corretamente todas as implicações ou nuances das três palavras “Eu te amo” quando são ditas por uma
adolescente ao namorado, quando são ditas por um marido para a esposa casada com ele há 25 anos, quando
são ditas por uma mãe para o filho ou por um senhor de idade que nasceu nos anos de 1940 para seu
Chevrolet modelo 1957 bem conservado. E aí entra a “arte” da interpretação. Os adultos podem pensar que
entendem as palavras populares entre os adolescentes como “da hora”, “suave” ou “parça” (ou qualquer 3
palavra adolescente atual), mas, sem saber os códigos de uma subcultura juvenil específica, eles podem errar
feio. Do mesmo modo, os jovens podem achar ininteligíveis as palavras “supimpa” ou “uma brasa”, termos
comuns usados por seus avós quando eram jovens.
Tendo em vista isso, os intérpretes bíblicos modernos devem procurar preencher as lagunas linguísticas,
históricas, sociais e culturais que existem entre o mundo antigo e o moderno, para que possam entender o
significado dos textos. Presumimos que as pessoas se comunicam para serem compreendidas, e isso inclui os
autores das Escrituras. A hermenêutica fornece uma estratégia que nos permite entender o significado e a
importância do que um autor ou orador pretendia comunicar.
Estamos pressupondo que existe apenas um significado possível de um texto ou enunciado, e que o nosso
objetivo é entender a intenção do autor ao escrever esse texto? Infelizmente, a resposta a essa pergunta não é
tão simples. Dentro de determinado texto, talvez tenhamos de perguntar se há apenas um sentido correto ou
se ele dá margem a vários ou muitos sentidos possíveis (talvez em níveis diferentes). Por um lado, existem
aqueles que dizem que o único sentido correto de um texto é o que o autor original pretendia que tivesse.3
Por outro lado, existem aqueles que insistem que o sentido é uma função do leitor, não dos autores, e que o

3
O nome frequentemente associado à ênfase no significado como uma função da intenção autoral é E. D. Hirsch. Ele
articula e defende essa visão em Validity in Interpretation [Validade na interpretação] (New Haven, 1967) e The Aims
of Interpretation [Os objetivos da interpretação] (Chicago, 1976). Um dos primeiros proponentes no campo dos
estudos bíblicos foi K. Stendahl, “Implications of Form Criticism and Tradition Criticism for Biblical Interpretation”
[Implicações da crítica da forma e da crítica da tradição para a interpretação bíblica] JBL 77 (1958): 33-38.
sentido de cada texto depende da percepção que os leitores têm dele.4 Os leitores – segundo eles – de fato
“criam” o sentido de um texto no processo de leitura. Entre esses dois polos há outras opções. Talvez o
sentido resida de forma independente nos próprios textos, independentemente do que o autor quis dizer ou do
que os leitores posteriores entenderam deles. Ou talvez o sentido resulte de um diálogo dinâmico e complexo
entre leitor e texto. Essas questões são fundamentais porque nossa definição da tarefa da hermenêutica
dependerá de nossa resposta à pergunta sobre onde reside o sentido: na mente do autor, no texto, na mente do
leitor ou em alguma combinação deles.

Papel do intérprete
Que papel desempenha o intérprete no processo hermenêutico? Devemos entender que, da mesma forma
que o texto bíblico surgiu dentro de processos e cisrcunstâncias históricos e pessoais, os intérpretes também
são pessoas em meio a circunstâncias e situações pessoais. Por exemplo, a frase “branco como a neve” pode
ser bem compreensível para alguém que mora no estado do Colorado nos Estados Unidos, ainda que pareça
um tanto trivial. Para esquiadores ou praticantes de snowboard, serão mais importantes os detalhes sobre a
qualidade da neve. Para um nativo de uma tribo de Kalimantan, na Indonésia, que não tem a mínima ideia do
que seja neve nem a cor que ela tem, a frase será completamente incompreensível. Em outras palavras, as
pessoas entendem (ou não) “branco como a neve” com base no que elas já conhecem ou experimentaram.
Isso significa que, por vivermos em época e local muito distantes das pessoas da Bíblia, estamos
condenados a não entender a sua mensagem? Não, mas significa que precisamos de abordagens e
ferramentas que nos orientem para a interpretá-la da maneira mais precisa possível, isto é, para que nos
tornemos leitores melhores. Mas também precisamos levar em conta as pressuposições e as pré-
compreensões que trazemos conosco na tarefa da interpretação. Desconsiderar isto, expõe o intérprete a
distorções e mal-entendidos.
Assim, ao mesmo tempo que a hermenêutica deva dar atenção ao texto antigo e às condições que o
produziram, a interpretação responsável não pode ignorar as circunstâncias e o entendimento daqueles que
tentam explicar as Escrituras hoje. Ninguém faz qualquer interpretação em um vácuo; todos têm
pressuposições e pré-compreensões. Basil Jackson, um importante psiquiatra cristão, aprendeu essa lição
hermenêutica durante sua juventude, quando um presbítero de Plymouth Brethren, na Irlanda, lhe disse:
“Vejo coisas maravilhosas na Bíblia, a maioria delas colocada lá por você e por mim”. Isso é mais
verdadeiro do que gostaríamos que fosse. 4
É claro que não se pode interpretar sem algum entendimento prévio do assunto.5 No entanto, ninguém
deve abordar a interpretação bíblica presumindo que seu entendimento prévio atual é suficiente para guiá-lo.
É compreensível que um cristão sincero afirme: “a Bíblia foi escrita para mim”, mas isso não significa que
ela foi escrita à sua pessoa. Na verdade, estamos lendo a correspondência de outra pessoa! Os autores e os
destinatários originais viveram há muito tempo.
Se buscarmos entender a Bíblia rigorosamente através das lentes das nossas próprias experiências,
corremos o risco de entender a mensagem de maneira errada. Um palestrante relatou o seguinte exemplo
extremo. Uma mulher explicou ao seu terapeuta que Deus havia lhe dito para se divorciar do marido e se
casar com outro homem (com quem estava envolvida romanticamente). Ela citou a ordem de Paulo em
Efésios: “Revesti-vos do novo homem” (4,24), como a chave para sua orientação “divina”. Por mais
engraçado que isso pareça, ela estava falando sério. Embora as traduções modernas esclareçam que Paulo
estava instruindo os crentes a substituir seu estilo de vida pecaminoso por um estilo de vida cristão, essa

4
Uma figura-chave entre as várias que poderíamos mencionar é S. E. Fish, Is There a Text in This Class? The Authority
of Interpretive Communities [Existe um texto nesta aula? A autoridade das comunidades interpretativas] (Londres e
Cambridge, 1980).
5
Sobre esses pontos, veja o artigo clássico de R. Bultmann, “Is Exegesis Without Presuppositions Possible?” [É
possível uma exegese sem pressuposições?] em Existence and Faith, ed., S. Ogden (Londres, 1961), 289-96.
mulher, preocupada com seus problemas conjugais, leu seu próprio significado na passagem. Exemplos
muito menos óbvios desse erro ocorrem regularmente quando as pessoas leem ou ensinam a Bíblia.
No entanto, uma análise precisa da Bíblia não é simplesmente uma questão de aplicar com honestidade e
precisão meticulosas algumas técnicas precisas. As coisas não são tão simples assim. Quando tentamos
entender a comunicação uns dos outros, a precisão científica parece escapar ao nosso alcance. De fato, até
mesmo os chamados pesquisadores de ciência pura reconhecem a influência dos valores. A maneira de um
pesquisador formular uma questão pode determinar a natureza dos resultados que surgirão. Exemplifiquemos
com uma questão polêmica: Existe alguma maneira “objetiva” de responder à pergunta sobre quando a vida
humana começa? Os valores (pré-compreensões) desempenham um papel importante nas respostas. O que a
pessoa traz para a pergunta influencia sua resposta. David Tracy observa: “Apelos antigos por uma
tecnologia livre de valores e uma ciência livre de história entraram em colapso. O caráter hermenêutico da
ciência tem sido agora fortemente confirmado. Mesmo na ciência, precisamos interpretar para entender”.6
Ninguém chega à tarefa de compreender como um observador objetivo. Todos os intérpretes trazem
pressuposições e agendas, que afetam o modo como eles entendem e as conclusões a que chegam. Além
disso, o escritor ou o orador que o intérprete deseja compreender também opera de acordo com um conjunto
de pressuposições. Nós, seres humanos, mediamos toda nossa compreensão por meio de uma grade de
história pessoal e ideias preconcebidas. Nossas experiências e nosso conhecimento anteriores (nosso
histórico total) moldam o que percebemos e a maneira como entendemos. Então, poderemos estudar os
textos bíblicos de forma objetiva e precisa? Embora argumentemos que a certeza objetiva na interpretação
sempre escapará ao nosso alcance, propomos uma abordagem hermenêutica crítica que fornecerá padrões e
táticas para nos orientar na navegação – em meio aos fatores humanos variáveis e subjetivos – para que
possamos chegar ao entendimento mais provável do significado dos textos bíblicos.

6
D. Tracy. Plurality and Ambiguity: Hermeneutics, Religion, Hope [Pluralidade e Ambiguidade: Hermenêutica,
Religião, Esperança] (San Francisco, 1987), 33.

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