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03.

TESTES DE AVALIAÇÃO

04. TESTE DE AVALIAÇÃO


Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Leia o seguinte excerto do capítulo 148 da Crónica de D. João I.

Ó quantas vezes encomendavom nas missas e preegações que rogassem a Deos devotamente
por o estado da cidade! E ficados os geolhos1, beijando a terra, braadavom a Deos que lhes acorres-
se, e suas prezes nom eram compridas! Uũs choravom antre si, mal-dizendo seus dias, queixando-
-se por que tanto viviam, como se dissessem com o Profeta: “Ora veesse a morte ante do tempo,
5 e a terra cobrisse nossas faces, pera nom veermos tantos males!” Assi que rogavom a morte que
os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer, que lhe seerem cada dia renovados desvairados
padecimentos. Outros se querelavom2 a seus amigos, dizendo que forom desaventuirada gente, que
se ante nom derom a el-Rei de Castela que cada dia padecer novas mizquiindades3, firmando-se de
todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar4.
10 Sabia porem isto o Meestre e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ouvir taes novas; e
veendo estes males a que acorrer nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor do poboo.
Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguũs hom~ ees e molheres,
que tanta deferença há d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom5, como há da vida aa
morte? Os padres e madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam6 as faces
15 e peitos sobr’eles, nom tendo com que lhe acorrer, senom planto7 e espargimento de lagrimas; e
sobre todo isto, medo grande da cruel vingança que entendiam que el-Rei de Castela deles havia
de tomar; assi que eles padeciam duas grandes guerras, ũa dos ~ emigos que os cercados tiinham, e
outra dos mantiimentos que lhes minguavom, de guisa que eram postos em cuidado de se defen-
der da morte per duas guisas8.
20 Pera que é dizer mais de taes falecimentos9? Foi tamanho o gasto das cousas que mester haviam
que soou uũ dia pela cidade que o Meestre mandava deitar fora todolos que nom tevessem pam
que comer, e que soomente os que o tevessem ficassem em ela; mas quem poderia ouvir sem ge-
midos e sem choro tal ordenança de mandado aaqueles que o nom tiinham? Porem sabendo que
non era assi, foi-lhe já quanto10 de conforto. Onde sabee que esta fame e falecimento que as gentes
25 assi padeciam, nom era por seer o cerco perlongado, ca nom havia tanto tempo que Lixboa era cer-
cada; mas era per aazo das muitas gentes que se a ela colherom de todo o termo; e isso meesmo da
frota do Porto quando veo, e os mantiimentos seerem muito poucos.
Ora esguardae11 como se fossees presente, ũa tal cidade assi desconfortada e sem neũa certa
feúza de seu livramento12, como veviriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de taes
30 aflições? Ó geeraçom que depois veo, poboo bem aventuirado, que nom soube parte de tantos ma-
les, nem foi quinhoeiro13 de taes padecimentos! Os quaes a Deos por Sua mercee prougue de cedo
abreviar doutra guisa, como acerca14 ouvirees.
Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária),
Crónica de D. João I de Fernão Lopes (textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, pp. 197-199.

1
ajoelhados; 2 queixavam; 3 misérias; 4 firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar: só pensando nos
maiores males que naquelas circunstâncias lhes podiam acontecer; 5 d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom: entre
ouvir estas coisas e passá-las; 6 feriam; 7 pranto; 8 maneiras; 9 misérias; 10 um pouco; 11 olhai; 12 sem neũa certa feúza de seu
livramento: sem certeza da libertação; 13 participou; 14 daqui a pouco.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Refira as diferentes reações do povo face às privações que enfrentava.

2. Identifique as duas situações que, segundo o cronista, mais preocupavam as pessoas que estavam
cercadas.

3. Releia o último parágrafo do excerto.


Explique a intenção de Fernão Lopes ao comparar duas gerações distintas.

Leia a cantiga de escárnio a seguir apresentada.

Vem um ricome1 das truitas,


que compra duas por muitas,2
e coz’end’a ũa.3

Por quanto xi querem ch~


eas,4
5 compra ém duas pequenas,
e coz’end’a ũa.

Vendem cem truitas vivas,


e compra ém duas cativas,
e coz’end’a ũa.

10 E, u as vendem bolindo5,
vai-se’ém com duas friindo6,
e coz’end’a ũa.

Roi Paes de Ribela, V 1027, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos,


A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 276

1
homem rico (pertencente à nobreza); 2 duas por muitas: duas como se fossem muitas; 3 e coz’end’a ũa: e coze uma delas; 4 Por
quanto xi querem ch~eas: apesar de se quererem grandes (grossas); 5 fresquinhas, a saltar; 6 como se estivessem a frigir, isto é,
não frescas, por oposição a bolindo (v. 10)

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

4. Identifique o alvo de sátira desta cantiga, apresentando as razões para tal.

5. Justifique a importância da antítese nesta composição lírica.

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1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta.

1.1. O texto dá-nos conta de uma nova investigação que


(A) comprova que os macacos não se conseguem reconhecer ao espelho.
(B) atesta que os macacos desde sempre se conseguiram reconhecer ao espelho.
(C) revela que, apesar de não possuírem mecanismos para o efeito, os macacos conseguem
aprender a reconhecerem-se ao espelho.
(D) evidencia que os macacos têm a mesma capacidade que outros símios maiores quanto a
reconhecerem-se ao espelho.
1.2. Os resultados desta nova investigação
(A) permitirão conhecer melhor o cérebro de pessoas com problemas cerebrais.
(B) poderão possibilitar o tratamento de défices de reconhecimento.
(C) ajudarão a compreender o porquê de algumas pessoas com problemas cerebrais terem
défices de reconhecimento.
(D) poderão contribuir para evitar défices de reconhecimento em pessoas com problemas ce-
rebrais.
1.3. Na frase “Os grandes símios, incluindo chimpanzés, orangotangos, bonobos e gorilas” (l. 2), a
palavra “símios” e os restantes nomes comuns
(A) pertencem ao mesmo campo lexical.
(B) estabelecem uma relação de hiperonímia/hiponímia.
(C) pertencem ao mesmo campo semântico.
(D) estabelecem uma relação de holonímia/meronímia.
1.4. O termo “aspeto-chave” (l. 3), foi formado por
(A) composição morfossintática.
(B) composição morfológica.
(C) derivação parassintética.
(D) derivação por prefixação e sufixação.
1.5. Na frase “Mas uma nova investigação de cientistas chineses mostrou que os macacos Rhesus
podem ser ensinados a reconhecer que a face que está a olhar para eles no espelho é a sua
própria face” (ll. 5-7), estão presentes
(A) uma oração subordinada substantiva completiva e duas adjetivas relativas.
(B) uma oração subordinada substantiva completiva, uma adverbial consecutiva e uma adjetiva
relativa.
(C) uma oração subordinada adverbial consecutiva e duas adjetivas relativas.
(D) duas orações subordinadas completivas e uma adjetiva relativa.
1.6. Na frase “pôs-se uma mancha de tinta na cara dos macacos” (l. 8), a expressão sublinhada de-
sempenha a função sintática de
(A) modificador.
(B) predicativo do complemento direto.
(C) complemento oblíquo.
(D) complemento indireto.
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1.7. A forma verbal “estivessem” (l. 9) encontra-se no


(A) pretérito mais que perfeito do indicativo.
(B) pretérito imperfeito do indicativo.
(C) presente do conjuntivo.
(D) pretérito imperfeito do conjuntivo.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Na frase “O autorreconhecimento ao espelho é uma indicação de consciência de si próprio”


(ll. 10-11), identifique a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.

2.2. Indique duas palavras que integrem o mesmo constituinte etimológico que “neurocientista”
(l. 12).

2.3. Classifique a oração sublinhada em “Quando o macaco olhava no espelho e tocava no ponto de
luz, apesar de não ter sentido irritação, era recompensado com comida” (ll. 25-26).

GRUPO III

Redija a síntese do artigo apresentado no grupo II, num texto com cerca de 110-130 palavras.

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 4 (pp. 45-49) marido, uma vez que tinha fama de preguiçosa
(“Como queres tu casar / com fama de preguiçosa?”,
1. Uns choravam, maldizendo a sua vida e admitindo que vv. 15-16).
preferiam morrer do que continuar a passar por tan-
tas privações; outros mostravam arrependimento por 2.1. Lianor Vaz afirma ter sido vítima de ataque por parte de
terem ficado do lado do Mestre, porque começavam um clérigo (“vinha agora pereli […] e um clérigo […] lan-
a acreditar que estariam em melhores condições, se çou mão de mi.”, vv. 42-45), o que a leva a colocar a hipó-
tivessem apoiado o rei de Castela. tese de apresentar uma queixa, ou ao Rei ou ao Cardeal,
uma vez que se tratava de um membro da Igreja.
2. Uma dizia respeito às consequências que o povo acre-
3. Lianor Vaz vem propor a Inês um pretendente, assegu-
ditava que poderiam advir do confronto que estava a
rando que se trata de um homem “rico, honrado, conhe-
viver com o rei de Castela; a outra prendia-se com a
cido”. No entanto, a donzela, não rejeitando de imediato
carência de alimentos que se fazia sentir na cidade,
a proposta, afirma que gostaria de saber como ele é,
pelo facto de a mesma estar cercada.
uma vez que só casaria com homem “avisado” que,
3. Ao dirigir-se à geração que veio depois da crise vivi- “ainda que pobre e pelado, seja discreto em falar.”
da em Portugal, apelidando-a de bem-aventurada B
por não ter passado por aquilo que o povo de Lisboa
4. A mãe é confidente, uma vez que a donzela lhe conta o
passou durante o cerco, Fernão Lopes destaca o sofri-
encontro que teve com o amigo e as razões pelas quais
mento e as privações que foram vividas nessa época
o foi visitar (“Fui oj’eu, madre, veer meu amigo”).
bem como reforça o papel preponderante que o povo
de Lisboa teve na história de Portugal, nomeadamen- 5. A donzela conta à mãe que foi visitar o amigo, uma vez
te por ter contribuído de forma incisiva para a época que este lhe pediu (v. 2), e o encontrou chorando (v. 7);
áurea que surgiu depois desta crise. contudo, quando a viu, o seu estado de espírito mudou,
tendo ficado “tan ledo” como nunca tinha visto, desde
4. Nesta cantiga é satirizado um fidalgo – “ricome” – que
que nascera, um homem tão contente com a visão de
demonstra, através das suas compras, ou ser avaren- uma mulher (vv. 5-6).
to ou estar a passar necessidades económicas, algo
que não estaria em conformidade com a sua condição. GRUPO II
1.1. (D); 1.2. (B); 1.3. (D); 1.4. (A); 1.5. (A); 1.6. (D); 1.7. (C).
5. A antítese serve para reforçar a avareza ou a necessida-
de do “ricome” que compra pouco e de fraca qualidade. 2.1. “um jogo”; 2.2. aditivo; 2.3. “Como há coisas que têm
GRUPO II mesmo de ser conversadas em família” (ll. 24-25).
GRUPO III
1.1. (D); 1.2. (B); 1.3. (B); 1.4. (A); 1.5. (D); 1.6. (C); 1.7. (D)
Resposta pessoal. No entanto, devem ser referidos os se-
2.1. Complemento do nome.
guintes aspetos:
2.2. Neurónio, neurologia, neurótico.
– representação de crianças/jovens, ocupando tempos li-
2.3. Oração subordinada adverbial concessiva. vres (provavelmente) em atividades diferentes – jogos
GRUPO III de computador por oposição à prática de desporto;
Ao contrário dos grandes símios e dos humanos com cer- – sedentarismo das crianças/jovens que jogam computa-
ca de dois anos que se conseguem reconhecer ao espelho, dor, que se opõe à prática de atividade física;
os macacos não têm revelado essa capacidade. Mas uma – prática desportiva dos jovens vs. desgaste psicológico (e
nova investigação veio demonstrar que o cérebro dos ma- físico) do jovem que utiliza a playstation (visível através
cacos está preparado para efetuar esse reconhecimento e da expressão facial e corporal).
que, por isso, eles podem aprender a fazê-lo.
Esta conclusão surgiu no seguimento de os macacos terem TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 6 (pp. 55-60)
sido capazes de identificar uma mancha de tinta vermelha, GRUPO I
visível apenas ao espelho, depois de terem sido treinados A–1
e reconhecê-la quando a mesma estava associada a uma
1. Roma pretende comprar a paz, o que conseguirá, se
sensação de irritação que lhes foi infligida.
levar “santa vida”, segundo o Serafim. No entanto, o
Os resultados deste estudo revelam-se, assim, fulcrais Anjo adverte a personagem de que isso será difícil,
para o desenvolvimento de terapias que permitam ultra- uma vez que a guerra em que se vê metida é fruto das
passar o défice de autorreconhecimento em pessoas com guerras que faz a Deus (“quem tem guerra com Deos,
problemas cerebrais. (119 palavras) / não pode ter paz c’o mundo”, vv. 17-18). Apesar de
todas as insistências e promessas de perdões a tro-
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 5 (pp. 50-54) co de bens materiais (“ e a troco de perdões, / que é
o tesouro concedido”, vv. 23-24), Roma não obtém do
GRUPO I Serafim o que deseja.
A 2.1. Mercúrio alerta Roma para o facto de esta perdoar
1. Quando chegou da missa, a mãe percebeu que a tarefa os pecados dos outros, cometendo, assim, os seus.
de bordar que tinha dado à filha não tinha sido cumpri- Critica esta personagem alegórica, que representa a
da; esta constatação não agradou à mãe, o que a levou Igreja, os perdões e indulgências que atribui àqueles
a afirmar que não admirava que Inês não arranjasse que lhe oferecem quantias em dinheiro ou penitências;

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