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UNIDADE 1: POESIA TROVADORESCA

NOME: DATA N.º TURMA

TESTE DE EDUCAÇÃO LITERÁRIA COTAÇÃO: 200 pontos

Parte A (50 pontos)

1. Seleciona a opção que completa corretamente cada afirmação sobre a poesia


trovadoresca e o seu contexto histórico-cultural.

1.1 A região onde cresceu e se desenvolveu a poesia trovadoresca foi


(A) nos reinos de Leão e Galiza.
(B) em toda a Península Ibérica.
(C) no Condado Portucalense.
(D) no noroeste da Península Ibérica.

1.2 Os autores das composições eram


(A) homens do povo.
(B) nobres.
(C) nobres e homens do povo.
(D) elementos do clero.

1.3 As composições estão escritas em


(A) castelhano.
(B) galego-português.
(C) português Antigo.
(D) português e castelhano.

1.4 Esta poesia desenvolveu-se


(A) no século XII.
(B) entre os séculos XII e XIII.
(C) entre os séculos XII e XIV.
(D) no século XIV.

1.5 As 1680 composições trovadorescas que chegaram até nós apresentam


(A) apenas um género de cantiga.
(B) dois géneros de cantigas.
(C) três géneros de cantigas.
(D) quatro géneros de cantigas.
Parte B (100 pontos)

Lê a cantiga de João Soares Coelho e responde às questões apresentadas.

Ai madr,’o que eu quero bem Se por mi morrer, perda mi é,


nom lh’ous’eu ante vós falar e pesar-mi-á, se o nom vir,
e há end1’el tam gram pesar 6
115 pois per al nom pode guarir ,
7

que dizem que morre por en2; bem vos juro, per bõa fé8:
5 5 e se assi morrer por mi, e se assi morrer por mi,
ai madre, perderei eu i3. ai madre, perderei eu i.

Gram sazom há4 que me serviu


e nom mi o leixaste veer,
e veerom-mi ora dizer
5
10 10 ca morre porque me nom viu;
e se assi morrer por mi,
ai madre, perderei eu i. In Cantigas medievais galego-portuguesas,
Projeto Littera, FCSH (consultado em 23/07/2020)

Vocabulário:
1
ende – disso, daí. 5
ca – que.
2
por en – por isso. 6
al – mais nada.
3
i – disso, nisso, em relação a isso. 7
guarir – salvar-se.
4
Gram sazom há – há muito tempo. 8
per bõa fé – (fórmula de juramento – por Deus).

1. Explicita a intenção da donzela ao dirigir-se à mãe.

2. Explica a estratégia argumentativa usada pela donzela.

3. Explicita a função do refrão.


Parte C (50 pontos)

Lê, agora, a cantiga de Fernão Velho e responde às questões.

A maior coita1 que eu vi sofrer E por maior hei eu, per bõa fé9,
d’amor a nulh’home2, des que naci, aquesta10 coita de quantas fará
eu mia a sofro; e já que est assi, 15 Nostro Senhor, e por maior mi a dá
meus amigos, assi veja prazer!, de quantas fez; e por que assi é,
3
5 gradesc ’a Deus que mi faz a maior gradesc’a Deus que mi faz a maior
coita do mundo haver por mia senhor. coita do mundo haver por mia senhor,

E bem tenh4’eu que faço gram razom5 pois que mi a faz haver pola melhor
d’a maior coita muit’a Deus gracir6, 20 dona de quantas fez Nostro Senhor.

que m’El dá por mia senhor, que servir


7 8
10 hei mentr ’eu viver: mui de coraçom
gradesc’a Deus que mi faz a maior
coita do mundo haver por mia senhor.
In Cantigas medievais galego-portuguesas,
Projeto Littera, FCSH (consultado em 23/07/2020)

Vocabulário:
1
coita – sofrimento. 6
gracir – agradecer.
2
nulh’home – ninguém. 7
mentre – enquanto.
3
gradecer – agradecer. 8
de coraçom – sinceramente.
4
teer – achar, considerar. 9
per bõa fé – (fórmula de juramento – por Deus).
5
faço gram razom – agir com sensatez; proceder bem. 10
aquesta – esta.

4. Identifica, comprovadamente, o destinatário do discurso do trovador.

5. Esclarece o sentido das palavras que compõem o refrão.


SOLUÇÕES

Parte A 1.
1.1 D. 1.2 C. 1.3 B. 1.4 C. 1.5 C.

Parte B
1. A donzela tenta convencer a sua mãe a deixá-la ver o seu amigo.
2. A donzela argumenta que se a mãe proibir o encontro com o amigo, este acabará por morrer e ela ficará mal vista por isso.
3. O refrão serve a estratégia de persuasão da donzela, reiterando a ideia de que o amigo morrerá se não a vir e que esta
será alvo de crítica.

Parte C
4. O trovador dirige-se aos seus amigos, como se verifica pela presença do vocativo «meus amigos» (v. 4).
5. O trovador considera que só pode agradecer a Deus o seu sofrimento. É o mais intenso de todos, mas, se sofre, é
também pela melhor dona do mundo.

SOLUÇÕES
1.
1.1 A. 1.2 B. 1.3 C. 1.4 B.
2.
2.1 «ninguém percebeu porque é que um grupo de investigadores poderia estar interessado numa planta que nem servia para
alimentar os animais» (ll. 3-5)
2.2 «A investigação começou em 2001, no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, na Biblioteca Municipal do Porto.» (ll. 13-14)
3.
3.1 «a esses trapos» – complemento indireto
«que serviam como base de aguarelas» – modificador do nome apositivo
«um conhecimento muito grande» – complemento direto.
«de forma excecional» – modificador GV.
3.3 «que está na origem da cor» – modificador do nome restritivo.
4.
4.1 «bastava colocá-lo numa concha»
4.2 «Quando queriam fazer as iluminuras»
4.3 «como se fosse uma aguarela»
4.4 «e adicionar uma goma arábica, uma espécie de cola»
5.
5.1 Apócope de m e palatalização de li.
5.2 Síncope de n e assimilação de r.
5.3 Síncope de e e sonorização de p.

DOMÍNIO: EDUCAÇÃO LITERÁRIA


FICHA DE TRABALHO 1 – UNIDADE 1: CANTIGA DE
NOME: DATA N.º TURMA

AMOR
Lê a cantiga de D. Dinis e responde às questões.

De mi vós fazerdes,
senhor, bem ou mal,
to’est’em vós é1, e
sofrer m’é, per bõa fé2,
o mal, ca3 o bem, sabedor
5 sõo4 que o nom hei d’haver;
mais5 que gram coit6’há de sofrer
quem é coitado7 pecador!

Ca no mal, senhor, viv’hoj’eu,


que de vós hei; mais nulha rem8
9
10 nom atendo de vosso bem
e cuido10 sempre no mal meu,
que pass’e que hei de passar,
com haver sempre’[a] desejar
o mui gram bem que vos Deus deu.

15 E pois que eu, senhor, sofri


e sofro por vós tanto mal
e que de vós nom atend’al11,
em que grave dia naci!
Que eu de vós por galardom12
13
20 nom hei d’haver se coita nom ,
que sempre’houvi des14 que vos vi.

In Cantigas medievais galego-portuguesas,


Projeto Littera, FCSH (consultado em 23/07/2020)

Vocabulário:
1
to’est’em vós é – tudo está nas vossas mãos. 8
nulha rem – nada, coisa nenhuma.
2
per bõa fé – (fórmula de juramento – por Deus). 9
atender – esperar, aguardar.
3
ca – pois, porque. 10
cuidar – pensar.
4
seer sabedor – saber. 11
al – mais nada.
5
mais – mas. 12
galardom – recompensa.
6
coita – sofrimento, mágoa. 13
se coita nom – senão coita.
7
coitado – infeliz, triste. 14
des – desde.
1. Expõe, fundamentadamente, dois traços próprios das cantigas de amor.

2. A partir da leitura da segunda estrofe, sintetiza o estado de espírito do trovador.

3. Verifica a alternância da pessoa gramatical entre a primeira estrofe e as estrofes


seguintes.

3.1 Propõe uma interpretação para esta alteração.

4. Regista as formas verbais do verbo Sofrer e conclui do efeito de sentido produzido.


SOLUÇÕES

1. A cantiga desenvolve o tema do sofrimento por amor («cuido sempre no mal meu», v. 11; «sofro por vós tanto mal»
v. 16). Além disso, o sujeito lírico coloca-se numa posição inferior à da sua amada a quem trata por «senhor»).
2. O trovador sofre por não esperar que a amada lhe retribua o sentimento que ele por ela nutre.
3. Na primeira estrofe, verifica-se a presença da primeira e terceira pessoas gramaticais («hei», aqui um sujeito nulo
subentendido; «mais que gram coit’há de sofrer / quem é
coitado pecado»). Nas estrofes seguintes, verifica-se apenas a presença da primeira pessoa («eu»; «atendo»; «cuido»; «hei»;
«sofri»; «sofro»; «naci»; «houvi»; «vi»).
3.1 Na primeira estrofe, o sujeito lírico integra-se num grupo de quem, genericamente sofre por amor, passando de seguida a
expressar o seu sofrimento particular, como se mais nenhum outro homem sofresse como ele.
4. As formas verbais no pretérito perfeito simples «sofri» e no presente «sofro» sugerem que o sofrimento do trovador já dura
há algum tempo, não acreditando este que algum dia terminará, o que é sugerido pelo presente genérico.
DOMÍNIO: EDUCAÇÃO LITERÁRIA

FICHA DE TRABALHO 2 – UNIDADE 1: CANTIGA DE


NOME: DATA N.º TURMA

AMIGO

Lê a cantiga de Juião Bolseiro e responde às questões.

Fui hoj’eu, madre, veer meu amigo, que


envio[u] muito rogar por en1,
porque sei eu ca2 mi quer mui gram bem; mais
vedes, madre, pois m’el vio consigo,
3 4
5 foi el tam ledo que, des que naci, nunca tam
led’home com molher vi.

Quand’eu cheguei, estava el chorando e nom


folgava5 o seu coraçom, cuidand6’em mi, se
iria, se nom,
7
10 mais, pois m’el viu, u m’el estava asperando ,
foi el tam ledo que, des que naci,
nunca tam led’home com molher vi.

E, pois Deus quis que eu fosse u8 m’el visse,


diss’el, mia madre, como vos direi:
15 «Vej’eu viir quanto bem no mundo’hei»; e
vedes, madre, quand’el esto9 disse,
foi el tam ledo que, des que naci, nunca tam
led’home com molher vi.

In Cantigas medievais galego-portuguesas,


Projeto Littera, FCSH (consultado em 23/07/2020)

Vocabulário:
1
por en – por isso. 6
cuidar – pensar.
2
ca – que. 7
asperar – esperar.
3
ledo – alegre. 8
u – onde.
4
des – desde. 9
esto – isto.
5
folgar – descansar.
1. Tendo em conta os diferentes momentos da ação, identifica as reações do amigo.

2. Explicita a causa da mudança do estado de espírito do amigo.

3. Propõe um efeito de sentido para a presença do discurso direto na terceira estrofe.

4. Explicita a função do refrão.

5. Procede à análise formal da cantiga.


SOLUÇÕES

1. Antes da amiga chegar, o amigo estava a chorar, pois duvidava que ela fosse ao seu encontro.
2. Ao ver a sua amiga chegar, fica feliz, deixando de chorar.
3. O discurso direto corresponde ao que o amigo terá exclamado quando viu a sua amiga finalmente chegar, o que confere
vivacidade ao relato da rapariga à sua mãe.
4. O refrão reitera a felicidade do amigo ao ver a sua amiga e o prazer desta em verificar que o seu amado a quer como
nunca nenhum homem quis uma mulher.
5. A cantiga estrutura-se em três estrofes de quatro versos, seguidos de refrão (últimos dois versos a seguir a cada quadra.
Apresenta rima interpolada e emparelhada (segundo o esquema ABBA) nas quadras e emparelhada no refrão.

DOMÍNIO: LEITURA E GRAMÁTICA


FICHA DE TRABALHO 1 – UNIDADE 1: POESIA TROVADORESCA
NOME: DATA N.º TURMA

Lê o texto que se segue e responde às questões propostas.

Uma bela História da Língua Portuguesa

MARCO NEVES* / 29.01.2020

Pensar sobre a língua é difícil – mas não parece. É fácil encontrar quem jure saber
que os adolescentes já só usam X palavras; que garanta a pés juntos que a expressão Y
é um «erro que todos dão»; que saiba sem ninguém lhe dizer que a palavra Z entrou
na nossa língua nos últimos cinco anos… Sabemos estas coisas todas e, no entanto,
se tentarmos reproduzir, palavra por
5 palavra, uma conversa que tenhamos tido há poucos minutos, já só nos lembraremos
de uma ou outra expressão solta, umas quantas ideias, a impressão geral do sentido da
conversa. A língua é matéria mais fugidia do que parece e, por isso, com a nossa fome
de explicações, é terreno propício para impressões alçadas a certezas e para mitos que
enganam a mais informada das pessoas.
10 Os linguistas lá tentam perceber, com dados, aquilo que de facto se passa com a língua
– e, como acontece com outros cientistas, quanto mais trabalham, mais percebem a
dimensão do que falta saber. Cá fora, continuamos convencidos de que sabemos muito
– e é verdade que sabemos: temos uma gramática inteira na cabeça, que usamos para
criar frases sem fim. Mas sabemos muito menos do que julgamos sobre o
funcionamento e a variação dessa mesma
15 gramática.
Se isto é assim com a gramática, o que dizer da História da língua? Aí não serão os
mitos que nos bloqueiam a mente, mas antes o simplismo distraído. Sabemos que o
português vem do latim – e pronto. Quando ocorreu tal transição? Quando surge
Portugal, certamente. E onde? Em Portugal, obviamente. Exagerando um pouco (mas
só um pouco), a ideia que corre
20 por aí será esta: até ao século XII, o povo ali a Norte falaria latim; quando Afonso
Henriques se assume como rei, o povo decide mudar de língua. Enfim, com menos
exagero muitos diriam: falávamos latim, começámos a falar um português arcaico (ou
talvez galego-português) e logo nos decidimos pelo português tão belo, tão nacional.
Em Assim Nasceu Uma Língua – Sobre as Origens do Português, Fernando Venâncio
esborrata
25 esta bela pintura infantil. Mostra como as coisas foram muito menos simples do que
pensamos. Como tudo vinha já de trás, da língua desenvolvida na Galécia Magna, um
território que abrange grande parte da Galiza e um pouco do nosso Norte. Ficamos a
saber que o processo foi lento, muito lento – e que não chamámos português à língua
do reino até muito, muito tarde. Quando, por fim, lhe demos esse nome, já a língua
contava com séculos e séculos de percurso, com muitas
30 das suas estruturas já visíveis. O livro mostra-nos ainda como há séculos que muitos se
afadigam a tentar corrigir a língua, convencidos de que estão no fim dos tempos do
nosso pobre idioma.

O trabalho do linguista implica estudar a língua sem assumir que as primeiras


impressões estão certas. Implica lutar contra esse círculo da ignorância que nos
envolve, mas sem negar que ele existe e continuará a existir. Implica falhar, tentar de
novo, oferecer teorias ao teste dos
35 factos. E os factos são as palavras, o seu registo, a sua existência concreta, que
encontramos, para os séculos de formação da língua, apenas nos restos do que ficou
escrito. Um material frágil, disperso, incompleto. Um material que Fernando Venâncio
interroga com perícia, demonstrando um percurso de investigação de anos e anos, com
saudável ausência de certezas prévias e respeito pelo que não sabemos, com
trabalhosas contagens de palavras, através de comparação de textos,
40 usando ferramentas que o comum dos falantes nem imagina existirem.
Como é que se transmite este conhecimento para lá do círculo íntimo dos já
interessados, dos colegas, dos outros linguistas? Aí está um problema de uso da
língua. Ora, este livro sobre a língua usa a língua com mestria. É um livro muito bem
escrito sobre o próprio material em que está escrito. Nem sempre uma coisa
acompanha a outra. Há vários linguistas que escrevem
45 excelentes artigos académicos, com o estilo necessário para a comunicação científica,
mas que não se atrevem a expor o mesmo material ao público não especializado. Saber
muito sobre a língua não é garantia de saber usar bem essa língua na escrita de
divulgação. O mesmo acontece ao contrário, diga-se: quantos e quantos escritores não
usam a língua de forma esplendorosa e, depois, repetem impressões vagas sobre o
idioma, disfarçadas de profundas certezas?
50 Em Assim Nasceu Uma Língua, temos a rara junção dos dois conhecimentos: o
conhecimento
descritivo da língua – neste caso, da História da língua com base nos seus materiais – e
o conhecimento prático do uso dessa mesma língua para atrair, provocar e deliciar o
leitor. É uma obra de linguística que usa sem pedir licença boas estratégias literárias. É
um ensaio linguístico rigoroso – e uma história que apetece ler. No fim, ficamos a
conhecer bem melhor o percurso
55 desse estranho mecanismo que levamos dentro da cabeça e que se veio transformando
pelos séculos fora, desde os tempos em que ainda não havia Portugal.
*Marco Neves é prof. da FCSH da Universidade Nova de Lisboa, escritor e autor de vários livros sobre a língua
portuguesa, o último dos quais, publicado no verão de 2019, O Galego e o Português
São a Mesma Língua?
in Jornal de Letras-visão, Sapo online (consultado em 04/04/2020)
1. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta de acordo com o
sentido do texto.
1.1 O texto apresenta sobre a obra Assim Nasceu Uma Língua – Sobre as
Origens do Português
(A) uma perspetiva objetiva.
(B) uma opinião valorativa.
(C) uma descrição pormenorizada.
(D) uma impressão genérica.

1.2 Segundo o autor do texto, um linguista é alguém que


(A) estuda a língua através de diversos mecanismos.
(B) reconhece o valor da língua e procura compreendê-la.
(C) investiga as origens da língua e apresenta resultados concretos.
(D) estuda a língua e fica-se pela observação superficial.

1.3 O livro Assim Nasceu Uma Língua – Sobre as Origens do Português tem como
objetivo
(A) apresentar a evolução da língua e o modo como é utilizada.
(B) evidenciar a importância do conhecimento da história da língua.
(C) destacar o estudo relativo à evolução da língua.
(D) reconhecer o valor documental da evolução da língua.

1.4 A utilização de perguntas retóricas ao longo do texto


(A) pretende que o leitor encontre as respostas no texto.
(B) permite conhecer as questões centrais da obra em análise.
(C) realça a utilidade de se conhecer a origem da língua.
(D) é um mecanismo de encadeamento do texto.

2. Transcreve do texto dois exemplos da subjetividade do seu autor.

3. Identifica as funções sintáticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados.

3.1 «Cá fora, continuamos convencidos de que sabemos muito». (l. 12)
3.2 «temos uma gramática inteira na cabeça, que usamos para criar frases sem fim.» (l.
13)

3.3 «um material que Fernando Venâncio interroga com perícia.» (l. 37)

4. Lê o excerto que se segue e transcreve as orações indicadas. (4.1 a 4.3)

«Implica lutar contra esse círculo da ignorância que nos envolve, mas sem negar que ele
existe e continuará a existir.» (ll. 34-35)

4.1 Oração subordinada adjetiva restritiva.

4.2 Oração coordenada adversativa.

4.3 Oração coordenada copulativa.

5. Indica o referente do pronome lhe em «Quando, por fim, lhe demos esse nome, já a
língua contava com séculos e séculos de percurso.» (ll. 28-29)
SOLUÇÕES

1.
1.1 B. 1.2 A. 1.3 B. 1.4 D.
2. «Em Assim Nasceu Uma Língua, temos a rara junção dos dois conhecimentos»; «É uma obra de linguística que usa sem pedir
licença boas estratégias literárias. É um ensaio linguístico rigoroso – e uma história que apetece ler.»
3.
3.1 Predicativo do sujeito.
3.2 Modificador do nome apositivo.
3.3 Modificador do grupo verbal.
4.
4.1 «que nos envolve»
4.2 «mas sem negar que ele existe»
4.3 «e continuará a existir»
5. Língua do reino.
Unidade 1 | Teste de avaliação

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

Que soidade de mia senhor hei1


quando me nembra dela qual a vi
e que me nembra que ben’a oí2
falar; e por quanto bem dela sei,
5 rog’eu a Deus, que end’3há o poder,
que mi a leixe, se lhi prouguer4, veer

cedo; ca, pero mi nunca fez bem,


se a nom vir, nom me posso guardar
d’ensandecer ou morrer com pesar;
10 e porque ela tod’em poder tem,
rog’eu a Deus que end’há o poder
que mi a leixe, se lhi prouguer, veer

cedo; ca tal a fez Nostro Senhor,


de quantas outras no mundo som
15 nom lhi fez par, a la minha fé5, nom;
e poila fez das melhores melhor,
rog’eu a Deus que end’há o poder,
que mi a leixe, se lhi prouguer, veer

cedo; ca tal a quiso Deus fazer,


20 que, se a nom vir, nom posso viver.
D. Dinis, in Graça Videira Lopes (coord.), Cantigas Medievais
Galego-Portuguesas – Corpus integral profano, Vol. 1, Lisboa, BNP, 2016, p. 187

NOTAS
1
hei – tenho.
2
oí – ouvi.
3
end’ – disso.
4
prouguer – quiser.
5
a la minha fé – por minha fé.

1. Explicite duas características de género das cantigas de amor. Apresente, para cada uma delas, uma
transcrição pertinente.
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2. Transcreva a hipérbole presente na terceira estrofe e interprete o seu sentido.

3. Refira a importância do dístico final para a compreensão global da cantiga.

4. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço.


Na folha de respostas, registe apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o número que
corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Do ponto de vista formal, a cantiga apresenta um refrão. Uma evidência é       a)      . Quanto
ao desenvolvimento temático, é possível associar o sentimento amoroso ao amor cortês. De facto, a
expressão “rog’eu a Deus” (v. 5) mostra não só a       b)       como também       c)      .

a) b) c)

1. o facto de este ser constituído 1. súplica 1. a submissão do trovador face à


por um dístico “senhor”

2. a repetição dos dois últimos 2. exigência 2. a proximidade entre a “senhor” e o


versos nas três primeiras trovador
estrofes

3. a existência de quatro estrofes, 3. ordem 3. a vassalagem da “senhor” perante o


todas elas constituídas por trovador
dísticos

GRUPO II

Leia o texto.

Nas minhas notas tinha assinalado o possível episódio emocional da travessia da


ponte medieval do Alcôrce1 – esta ponte é antiga, mas antes dela deve ter havido
outra mais antiga ainda. Romana. Quem sabe o que aconteceu a essa primeira ponte?
E talvez tenha existido ainda outra sucessiva, árabe, antes de se ter edificado esta que
5 eu agora quero atravessar.
Mandada construir por D. Dinis para transpor o rio do Alvisquer 2, para todos os
efeitos, a ponte do Alcôrce é um dos testemunhos mais genuínos da Idade Média que
fazem parte do meu caminho – aliás, um dos poucos que são o próprio caminho.
Certamente as fachadas de algumas igrejas, as muralhas e as alcáçovas, os bairros
10 históricos na sua dimensão e tortuosa complexidade também me poderão ilustrar as
linhas e os volumes urbanos que um viajante medieval teria encontrado na sua
viagem. Mas não são elementos do percurso, pertencem à paragem no final de cada
etapa.
À falta de vias romanas e caminhos árabes identificados e recuperados, de
marcos miliares a assinalar as milhas para Aeminium 3, de barcaças de madeira a ligar
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15

as margens e também de estações de muda onde os cavalos e os caminhantes


repousassem, à falta de mais património material que resista desde os tempos em que
o pequeno António passou por aqui, ergue-se este solitário vestígio da sua viagem
país acima.
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20 Daí a carga emocional que as minhas expectativas foram construindo sobre a sua
travessia. “Não atravesse a Vala por aí, essa é a ponte velha”, avisa-me uma senhora
apressada que se cruza no meu caminho. “Por ali tem a estrada com a ponte nova,
isso aí é só um desvio que lhe fica mais longe.” Hesito. Será que vale a pena explicar-
lhe que é isso mesmo que quero? Ou agradeço apenas, mas continuo a caminhar na
25 direção da ponte? Ao ver a minha hesitação, ela, para me convencer definitivamente
de que estou enganado, conclui com cumplicidade: “Vai para Fátima, não é?”
Gonçalo Cadilhe, Por este rio acima,
Lisboa, Clube do Autor, 2020, pp. 78-79

NOTAS
1
ponte medieval do Alcôrce – exemplar da arquitetura medieval, situada em Santarém.
2
rio do Alvisquer – troço de rio situado em Santarém.
3
Aeminium – antiga cidade romana de Coimbra.

1. O texto apresenta marcas características do género


(A) relato de viagem.
(B) apreciação crítica.
(C) exposição sobre um tema.
(D) artigo de opinião.

2. De acordo com o conteúdo do primeiro parágrafo, a travessia da ponte medieval mostra


(A) o desconhecimento do passado português.
(B) a existência de pontes romanas.
(C) o objetivo da sua viagem.
(D) a presença árabe em Portugal.

3. A perspetiva expressa pelo autor no segundo parágrafo do texto


(A) enfatiza o valor que este dá à caminhada.
(B) realça a importância dos vestígios medievais.
(C) comprova a escassez de elementos medievais.
(D) estabelece um contraste entre várias épocas.

4. Na expressão “solitário vestígio” (linha 17), a palavra “solitário” está associada à ideia de
(A) incomum.
(B) atual.
(C) exuberante.
(D) original.
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5. No último parágrafo do texto, a hesitação do autor realça


(A) a necessidade de repousar ao chegar à ponte velha.
(B) a importância da travessia da ponte no seu caminho.
(C) o medo da travessia de uma ponte tão velha.
(D) o receio de não seguir o conselho da senhora.

6. A oração destacada no segmento “Quem sabe o que aconteceu a essa primeira ponte?” (linha 3) é
(A) subordinada adjetiva relativa restritiva.
(B) subordinada adjetiva relativa explicativa.
(C) subordinada substantiva completiva.
(D) subordinada substantiva relativa.

7. A expressão “para Fátima” (linha 25) desempenha a função sintática de


(A) complemento oblíquo.
(B) complemento direto.
(C) predicativo do sujeito.
(D) modificador.

8. Identifique os processos fonológicos ocorridos em:

a) EGO > eo > “eu” (linha 4);

b) IBI > ii > i > “aí” (linha 20).

GRUPO III

Escreva uma exposição, de 120 a 150 palavras, sobre os diferentes papéis que a Natureza pode
desempenhar nas cantigas de amigo.
A sua exposição deve respeitar as orientações seguintes:
- uma introdução ao tema;
- um desenvolvimento no qual indique dois dos diferentes papéis que a Natureza pode desempenhar nas
cantigas de amigo, fundamentando cada um deles com referência a poemas lidos;
- uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

FIM
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Unidade 1 | Critérios de classificação

Grupo I

1. .................................................................................................................................................. 20 pontos

Exemplo de resposta: A coita de amor e o elogio cortês são duas das características presentes no
poema que o inserem no género das cantigas de amor. Por um lado, o sujeito poético exprime o seu
sofrimento amoroso (coita de amor), cuja responsabilidade recai na saudade que sente pela amada,
desde que a viu, confessando que não poderá evitar enlouquecer ou morrer de amor (“se a nom vir,
nom me posso guardar / d’ensandecer ou morrer com pesar”, vv. 8-9). Por outro lado, o elogio cortês,
presente na exaltação das qualidades da “senhor” – “nom lhi fez par” (v. 15) e “fez das melhores
melhor” (v. 16), torna-a perfeita em relação a todas as outras mulheres na perspetiva do “eu”.

• Aspetos de conteúdo (C) ....................................................................................................... 12 pontos

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

Explicita, adequadamente, duas características de género das cantigas de amor,


4 12
apresentando, para cada uma delas, uma transcrição pertinente.

Explicita, adequadamente, uma característica de género das cantigas de amor,


3 9
apresentando uma transcrição pertinente.

Identifica, adequadamente, uma característica de género das cantigas de amor,


2 6
apresentando uma transcrição pertinente.

Identifica, de modo incompleto e com imprecisões, uma característica de género das


1 3
cantigas de amor, apresentando uma transcrição pertinente.

• Aspetos de estruturação discursiva e correção linguística (F) .............................................. 8 pontos

• Estruturação do discurso .................................................................................................... 4 pontos

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

Os mecanismos de coesão textual utilizados asseguram, adequadamente, a


2 4
progressão e o encadeamento das ideias.

Os mecanismos de coesão textual utilizados asseguram, com alguma


1 2
descontinuidade, a progressão e o encadeamento das ideias.

• Correção linguística ............................................................................................................ 4 pontos

2. .................................................................................................................................................. 20 pontos

Exemplo de resposta: A hipérbole (“de quantas outras no mundo som / nom lhi fez par, a la minha
fé, nom; / e poila fez das melhores melhor,”, vv. 14-16) reforça a beleza da mulher amada, elogiada
como sendo a mais perfeita de todas e submetendo o sujeito poético ao seu poder.
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Marca a página 10 Testes de avaliação

• Aspetos de conteúdo (C) ....................................................................................................... 12 pontos

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

Transcreve a hipérbole presente na terceira estrofe, delimitando-a de forma rigorosa,


4 12
e interpreta, adequadamente, o seu sentido.

Transcreve a hipérbole presente na terceira estrofe, delimitando-a de forma rigorosa,


e interpreta, com pequenas imprecisões e/ou omissões, o seu sentido.

3 OU 9

Transcreve a hipérbole presente na terceira estrofe, ainda que sem a delimitar de


forma rigorosa, e interpreta, adequadamente, o seu sentido.

Transcreve a hipérbole presente na terceira estrofe e interpreta, de modo incompleto


e impreciso, o seu sentido.

2 OU 6

Não transcreve a hipérbole presente na terceira estrofe, mas interpreta,


adequadamente, o seu sentido.

Não transcreve a hipérbole presente na terceira estrofe, mas interpreta, com


pequenas imprecisões e/ou omissões, o seu sentido.

1 OU 3

Transcreve a hipérbole presente na terceira estrofe, mas não interpreta o seu


sentido.

• Aspetos de estruturação discursiva e correção linguística (F) .................................................... 8 pontos

• Estruturação do discurso .................................................................................................... 4 pontos

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

Os mecanismos de coesão textual utilizados asseguram, adequadamente, a


2 4
progressão e o encadeamento das ideias.

Os mecanismos de coesão textual utilizados asseguram, com alguma


1 2
descontinuidade, a progressão e o encadeamento das ideias.

• Correção linguística ............................................................................................................ 4 pontos

3. .................................................................................................................................................. 20 pontos
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Exemplo de resposta: O dístico final (“cedo; ca tal a quiso Deus fazer, / que, se a nom vir, nom
posso viver.”, vv. 19-20) mostra a total submissão do “eu” face à amada, que é tão perfeita “ca tal a
fez Nostro Senhor” (v.13). Neste sentido, suplica a Deus que lhe permita ver a amada e,
consequentemente, o salve da morte.
Marca a página 10 Testes de avaliação

• Aspetos de conteúdo (C) ....................................................................................................... 12 pontos

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

Refere, adequadamente, a importância do dístico final para a compreensão global


4 12
da cantiga.

Refere, com pequenas imprecisões e/ou omissões, a importância do dístico final


3 9
para a compreensão global da cantiga.

Refere, de modo incompleto ou impreciso, a importância do dístico final para a


2 6
compreensão global da cantiga.

Refere-se, de forma vaga, à importância do dístico final para a compreensão global


1 3
da cantiga.

• Aspetos de estruturação discursiva e correção linguística (F) .............................................. 8 pontos

• Estruturação do discurso .................................................................................................... 4 pontos

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

Os mecanismos de coesão textual utilizados asseguram, adequadamente, a


2 4
progressão e o encadeamento das ideias.

Os mecanismos de coesão textual utilizados asseguram, com alguma


1 2
descontinuidade, a progressão e o encadeamento das ideias.

• Correção linguística ............................................................................................................ 4 pontos

4. .................................................................................................................................................. 18 pontos

a) 2. b) 1. c) 1.

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

3 Seleciona as três opções. 18

2 Seleciona as duas opções. 12

1 Seleciona uma opção correta. 7


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TESTES DE AVALIAÇÃO

Grupo II

1. a 7. ............................................................................................................................................ 70 pontos

Item Solução Pontuação


1. (A) 10
2. (C) 10
3. (A) 10
4. (A) 10
5. (B) 10
6. (D) 10
7. (A) 10

8. .................................................................................................................................................. 10 pontos

a) síncope, sinérese; b) síncope, crase, prótese.

Níveis Descritores de desempenho Pontuação

2 Identifica corretamente todos os processos fonológicos. 10

1 Identifica corretamente metade dos processos fonológicos. 5

Grupo III

• Estruturação temática e discursiva (ETD) ............................................................................. 24 pontos

• Correção linguística (CL) ....................................................................................................... 18 pontos

Sugestão de tópicos:
Diferentes papéis que a Natureza pode desempenhar nas cantigas de amigo:
– cenário dos encontros amorosos (“Bailemos nós já todas três, ai amigas”);
– confidente (“Ondas do mar de Vigo”);
– símbolo da variedade do sentimento amoroso (“Sedia-m’eu na ermida de Sam Simion”).

24 Lugares em Português 10
© Raiz Editora, 2021

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