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º ANO
Nome: ________________________________________________________________________
10.º ano
1
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Poesia Trovadoresca
1. Indique dois sentimentos expressos pelo sujeito poético em relação ao seu destinatário, ilustrando
a sua resposta com os respetivos exemplos textuais.
3
5. Explicite dois sentimentos expressos pelo sujeito poético em relação ao seu destinatário, ilustrando
a sua resposta com os respetivos exemplos textuais.
6. Indique o recurso estilístico presente em «[…] que nom poss'hoj'osmar7/ end'a maior, tantas forom
sem par8;» (vv.8 e 9), comentando o seu valor expressivo.
7. O texto apresentado é
(A) uma cantiga de amigo.
(B) uma cantiga de amor centrada no elogio cortês.
(C) uma cantiga de amor centrada nos efeitos do amor cortês.
(D) uma cantiga de escárnio e maldizer.
Glossário:
1. Foão: fulano; certa pessoa, alguém; 2. preço de livão: reputação de pessoa
leviana; ligeiro; cobarde; 3: genetes: de Zenetas – nome da grande tribo de
Marrocos que usava a maneira de cavalgar depois chamada à gineta e na qual
os reis de Granada recrutavam os seus melhores cavaleiros ágeis em matar;
4. fer: fere; 5. tavão: moscardo; 6. tenreiro: tenro, delicado;7. prez de
liveldade: o mérito da ligeireza; 8. grade: gradeamento.
8. Relacione a intenção crítica subjacente à composição poética com a repetição da expressão “que
eu sei” ao longo das três estrofes.
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9. Refira a importância do refrão para a caracterização do alvo da crítica do trovador.
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10.1. Nas cantigas de amor, é frequente o sujeito lírico tomar como confidente a Natureza.
10.2. O sujeito de enunciação das cantigas de amor adota uma atitude servil ou de vassalagem
em relação à amada.
10.3. Sempre que o sujeito lírico das cantigas de amor confessa a correspondência amorosa,
estamos perante a coita de amor.
10.4. Um dos temas mais frequentes das cantigas de amor é o elogio da mulher amada.
10.8. Nas cantigas de amigo, a mãe surge sempre como adjuvante da relação da donzela com o
amigo.
10.9. Nas cantigas de amigo assiste-se, com frequência, a um queixume da donzela em relação ao
amigo.
10.10. Nas cantigas de amigo, é recorrente a donzela servir-se de uma variedade de expedientes
para se encontrar com o amigo.
10.11. A donzela das cantigas de amigo apresenta, geralmente, um estatuto social elevado.
10.13. Tradicionalmente, as cantigas de amigo são paralelísticas, isto é, constituídas por pares de
dísticos, que se repetem integral ou parcialmente.
10.15. Um dos temas recorrentes das cantigas de escárnio e maldizer é a crítica de costumes.
10.17. Nas cantigas de maldizer recorre-se, muitas vezes, ao duplo sentido das palavras.
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11. Considerando o estudo que fez da lírica trovadoresca, elabore uma breve exposição sobre
semelhanças e diferenças entre as cantigas de amigo e as cantigas de amor.
A sua exposição deve incluir:
1 Toda a cidade era dada a nojo1, chea de mezquinhas querelas2, sem nenuũ prazer que i
houvesse: uũs com gram mingua do que padeciam; outros havendo doo3 dos atribulados; e
isto nom sem razom, ca se é triste e mezquinho o coraçom cuidoso nas cousas contrairas
que lhe aviinr podem, veede que fariam aqueles que as continuadamente tam presentes
5 tiinham? Pero com todo esto, quando repicavom, nenuũ nom mostrava que era faminto,
mas forte e rijo contra seus ẽmigos4. Esforçavom-se uũs por consolar os outros, por dar
remedio a seu grande nojo, mas nom prestava conforto de palavras, nem podia tal door
seer amansada com nenũas doces razões; e assi como é natural cousa a mão ir ameúde
onde see5 a door, assi uũs homeẽs falando com outros, nom podiam em al departir6 senom
10 em na mingua que cada uũ padecia. (…)
Ora esguardae7 como se fossees presente, ũa tal cidade assi desconfortada e sem neũa
certa feúza8 de seu livramento, como veviriam em desvairados cuidados que sofria ondas
de taes aflições? Ó geeraçom que depois veo, poboo bem aventuirado, que nem soube
parte de tantos males, nem foi quinhoeiro9 de taes padecimentos! Os quaes a Deos por Sua
15 mercee prougue de cedo abreviar doutra guisa, como acerca ouvirees10.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I, edição crítica de Teresa Amado.
NOTAS:
1 - Nojo: tristeza. 2 – Mezquinhas querelas: discussões banais. 3 - Doo: dó, pena. 4 - Ẽmigos: inimigos.
5 - See: esteja. 6 - Departir: conversar. 7 - Esguardae: olhai, vede. 8 - Feúza: confiança. 9 - Quinhoeiro:
participante. 10 - Acerca ouvirees: os castelhanos puseram fim ao cerco devido à peste que atingiu
as suas tropas.
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3. Recorde os seus conhecimentos sobre a Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, e selecione a
opção que completa corretamente cada uma das afirmações.
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7
Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente
Leia o texto.
GLOSSÁRIO:
1
“muit’ieramá” – em muito má hora; 2 “discreto, feito em farinha” – carinhoso,
tolerante e macio (como a farinha).
1. Explique por que razão Pero Marques não corresponde ao marido idealizado por Inês Pereira.
2. Apresente duas características psicológicas da mãe de Inês, ilustrando cada uma delas com um
elemento textual pertinente.
3. Relacione o sentido da exclamação final da mãe com a última fala de Inês.
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(A) dar informações sobre o Escudeiro que quer casar com a jovem.
(B) saber a opinião de Inês sobre o Escudeiro, seu pretendente.
(C) concertar com a mãe da jovem os pormenores do casamento.
(D) entregar a Inês uma carta de um pretendente que a queria desposar.
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5. Considerando o estudo feito em aula da Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, escreva uma breve
exposição sobre a oposição entre essência e aparência na obra vicentina.
GLOSSÁRIO:
1 - pudera – pudesse; 2 - lograr – aproveitar; 3 - soubera – soubesse.
1. Explicite a relação entre passado e presente existente ao longo do soneto, ilustrando-a com recurso a
dois elementos textuais pertinentes.
5.2. Os humanistas
(A) reafirmaram o apego às conceções medievais e cristãs.
(B) introduziram o protestantismo como reação ao cristianismo.
(C) exaltaram o Homem como ser pensante e cheio de potencialidades.
(D) preconizaram o desprezo do pensamento e do avanço científico.
5.3. O Classicismo
(A) designa o conjunto de princípios desenvolvidos pelos artistas do Renascimento.
(B) corresponde à designação que os renascentistas deram ao princípio da imitação.
(C) sugere a integração dos elementos fundamentais do Renascimento europeu.
(D) ditou as regras específicas para o domínio da literatura, recuperadas da Idade Média.
12
5.7. A Natureza, em Camões,
(A) é sempre percecionada de forma negativa.
(B) surge tanto com conotação positiva como negativa.
(C) é conotada apenas como local de encontro dos amantes.
(D) nunca espelha os sentimentos do “eu” lírico.
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6. Considerando o estudo realizado sobre a lírica camoniana, escreva uma breve exposição sobre
duas temáticas.
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Os Lusíadas, Camões
Leia o texto seguinte, constituído por seis estâncias de Os Lusíadas, transcritas do Canto X. Em
caso de necessidade, consulte o vocabulário que se apresenta.
(…)
155
14
Pera servir-vos, braço às armas feito;
35 Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
40 Como a pressaga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,
156
Ou fazendo que, mais que a de Medusa3,
A vista vossa tema o monte Atlante4,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa5
45 Os muros de Marrocos e Trudante6,
A minha já estimada e leda Musa
Fico7 que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.
VOCABULÁRIO:
1 sólio – trono real.
2 Sem dar reposta – Sem pôr qualquer dificuldade.
3 Medusa – Górgona que transformava em pedra aqueles que a contemplavam.
4 Atlante – Atlas, em Marrocos.
5 Ampelusa – Cabo de Espartel, a oeste de Tânger.
6 Trudante – capital de uma província marroquina.
7 Fico – asseguro; tenho por certo.
1. Explicite de que forma as estâncias 147 e 148 contribuem para a mitificação do herói,
apresentando, para o efeito, dois aspetos pertinentes devidamente ilustrados com excertos textuais.
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3. Classifique como verdadeiras ou falsas cada uma das afirmações. Corrija as falsas.
3.1. Na epopeia camoniana, verifica-se a existência de três planos: da viagem, das reflexões do
poeta e dos deuses.
3.2. Ao nível da estrutura externa, a obra apresenta catorze cantos e estrofes de sete versos
decassilábicos.
3.3. No canto I, surgem a Proposição, a Invocação, a Dedicatória e o início da Narração.
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3.4. O rei D. Sebastião é o monarca enaltecido e divinizado e a quem o poeta dedica a sua obra.
3.5. A narração de Vasco da Gama ao rei de Melinde começa com a descrição da viagem até àquele
momento em que ambos se encontram.
3.6. Em Melinde, os portugueses são bem recebidos, mas anteriormente tinham sido traídos.
3.7. As considerações do poeta são, normalmente, desencadeadas por factos relatados
anteriormente.
3.8. A reflexão acerca do desprezo a que os portugueses lançam a arte, em particular a poesia,
surge no canto I.
3.9. As considerações acerca da fragilidade do ser humano e dos perigos a que este está sujeito é
a primeira reflexão do poeta.
3.10. No final do canto VII, o poeta lamenta estar submetido a vários infortúnios e não ser
reconhecido.
3.11. As formas de obtenção da verdadeira glória e fama, e o que não deve ser feito para as obter,
integram uma das reflexões do poeta.
3.12. Os lamentos do poeta por cantar a gente “surda e endurecida” e a exortação ao rei D.
Sebastião para que erga de novo a nação fazem parte da Dedicatória.
3.13. A matéria épica é visível no relato dos feitos históricos e da viagem.
3.14. O herói em Os Lusíadas é mitificado, atribuindo-lhe um caráter extraordinário e divino.
3.15. O episódio da “Ilha dos Amores” é ilustrativo da divinização/mitificação do herói.
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4. Considerando o estudo que fez d’ Os Lusíadas, redija uma breve exposição na qual apresente
uma reflexão sobre o papel da mitologia na obra.
11.º ano
Leia o texto.
1 Mas para que da admiração de uma tão grande virtude vossa, passemos ao louvor
ou inveja de outra não menor, admirável é igualmente a qualidade daquele outro
peixezinho, a que os latinos chamaram torpedo. Ambos estes peixes conhecemos cá
mais de fama que de vista; mas isto têm as virtudes grandes, que quanto são maiores,
5 mais se escondem. Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a boia sobre
a água, e em lhe picando na isca o torpedo, começa a lhe tremer o braço. Pode haver
maior, mais breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a
virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao
braço do pescador.
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10 Com muita razão disse, que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem
dera aos pescadores do nosso elemento, ou quem lhe pusera esta qualidade tremente,
em tudo o que pescam na terra!
Muito pescam, mas não me espanto do muito; o que me espanta é que pesquem
tanto, e que tremam tão pouco. Tanto pescar e tão pouco tremer!
15 Pudera-se fazer problema: onde há mais pescadores e mais modos e traças, de
pescar, se no mar ou na terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda
que fora grande consolação para os peixes; baste fazer a comparação com a cana, pois
é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam-se as canas, na terra pescam as varas
(e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões e
20 até os ceptros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam cidades e reinos
inteiros. Pois é possível que pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema
a mão e o braço?! Se eu pregara aos homens e tivera a língua de Santo António, eu os
fizera tremer.
Vinte e dois pescadores destes se acharam acaso a um sermão de Santo António, e
25 as palavras do Santo os fizeram tremer a todos de sorte que todos, tremendo, se
lançaram a seus pés, todos, tremendo, confessaram seus furtos, todos, tremendo,
restituíram o que podiam (que isto é o que faz tremer mais neste pecado que nos
outros), todos enfim mudaram de vida e de ofício, e se emendaram.
Sermão de Santo António aos Peixes (1654), Padre António Vieira
NOTAS
traças (linha 15) – formas ardilosas; estratagemas.
ginetas (linha 19) – espécie de espontão que servia de insígnia aos capitães.
Selecione a opção correta e escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que
identifica a opção escolhida.
1. O excerto do Sermão de Santo António aos Peixes apresentado pertence
(A) à Exposição/Confirmação, pois os peixes estão a ser repreendidos em geral.
(B) à Exposição/Confirmação, pois os peixes estão a ser louvados em geral.
(C) à Exposição/Confirmação, pois apresenta um peixe em particular que está a ser repreendido.
(D) à Exposição/Confirmação, pois apresenta um peixe em particular que está a ser louvado.
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6. Transcreva o excerto que, no penúltimo parágrafo, de forma mais significativa, reflita a
indignação do Padre António Vieira.
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7.1. O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado por Padre António Vieira, em São
Luís do Maranhão.
7.2. A primeira parte do sermão é a Confirmação e aí é exemplificado o seu assunto.
7.3. No final do Exórdio, faz-se a invocação à Virgem Maria para proteger os índios da ação
dos colonos.
7.4. No capítulo II, são apresentadas as virtudes dos peixes, em geral, e o pregador destaca
qualidades como ouvir e ser obediente.
7.5. No capítuto lV, são enunciados os defeitos e os vícios dos peixes, em geral.
7.6. As qualidades da Rémora, do Torpedo e do Peixe de Tobias são objeto de elogio no
capítulo IV.
7.7. No capitulo V, são criticados vícios como a presunção, a ambição, o parasitismo, a
hipocrisia e a traição.
7.8. No capítulo Vl, o orador termina o sermão estabelecendo um paralelismo entre si e
Santo António.
7.9. O Sermão de Santo António aos Peixes é um texto alegórico uma vez que os peixes são
uma personificação dos homens.
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8. Considerando o estudo que fez da obra do Pe. António Vieira Sermão de Santo António aos
Peixes, elabore uma breve exposição em que demonstre como o orador louva e repreende os
peixes.
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Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett
1 CENA V
(JORGE, MADALENA, MARIA)
JORGE (alto) — Mas, enfim, resolveram sair; e sabereis mais que, para corte e
«buenretiro» dos nossos cinco reis, os senhores governadores de Portugal por D. Filipe
5 de Castela, que Deus guarde, foi escolhida esta nossa boa vila de Almada, que o deveu à
fama das suas águas sadias, ares lavados e graciosa vista.
MADALENA — Deixá-los vir.
JORGE — Assim é… que remédio! (…) Pior é o vosso caso.
MADALENA — O meu?!
10 JORGE — O vosso e de Manuel de Sousa: porque os outros quatro governadores, e aqui
está o que me mandaram dizer em muito segredo de Lisboa, dizem que querem vir para
esta casa e pôr aqui aposentadoria.
MARIA (com vivacidade) — Fechamos-lhes as portas. Metemos a nossa gente dentro: o
terço1 do meu pai tem mais de seiscentos homens e defendemo-nos. Pois não é uma
15 tirania? E há de ser bonito! Tomara eu ver seja o que for que se pareça com uma batalha!
JORGE — Louquinha!
MADALENA — Mas que mal fizemos nós ao conde de Sabugal e aos outros governadores,
para nos fazerem esse desacato? Não há por aí outras casas; e eles não sabem que nesta
há senhoras, uma família. E que estou eu aqui?
20 MARIA (que esteve com o ouvido inclinado para a janela) — É a voz do meu pai! Meu pai
que chegou!
MADALENA (sobressaltada) — Não oiço nada.
JORGE — Nem eu, Maria.
MARIA — Pois oiço eu muito claro. É o meu pai que aí vem. E vem afrontado!
25 CENA VI
(JORGE, MADALENA, MARIA, MIRANDA)
MIRANDA — Meu senhor chegou: vi agora daquele alto entrar um bergantim, que é por
força o nosso. Estáveis preocupada; e era para isso, que já vai a cerrar-se a noite. Vim
trazer-vos depressa a notícia.
30 MADALENA — Obrigada, Miranda. É extraordinária esta criança; vê e ouve em tais
distâncias. (Maria tem saído para o eirado, mas volta logo depois)
JORGE — É verdade. (aparte) Terrível sinal naqueles anos e com aquela compleição!
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, Luso Livros.
NOTAS:
1terço (linha 14) – corpo de tropas, regimento.
3.1. O texto dramático Frei Luís de Sousa apresenta dois atos com o mesmo número de
cenas em cada um.
3.2. O ato l decorre no palácio de Manuel de Sousa Coutinho.
3.3. O ato II tem como cenário a sala dos três retratos do palácio que pertencera aos pais
de Manuel de Sousa.
3.4. A ação central retrata detalhadamente a situação política portuguesa após o
desaparecimento de D. Sebastião.
3.5. Na obra, surgem exemplificados os valores do nacionalismo e da resistência a Castela.
3.6. A notícia relativa à vontade dos governadores de se instalarem no palácio de Manuel
de Sousa é comunicada por Frei Jorge.
3.7. A decisão de incendiar o palácio por parte de Manuel de Sousa Coutinho ilustra a
dimensão patriótica da obra.
3.8. A batalha de Alcácer Quibir determinou o desaparecimento de D. Sebastião e de D.
João de Portugal.
3.9. O entusiasmo sebástico de Maria e de Telmo Pais simboliza a esperança na
recuperação da independência.
3.10. A dimensão trágica de Frei Luís de Sousa sobressai exclusivamente no momento da
ação que decorre na capela.
3.11. D. Madalena representa a típica heroína romântica que esquece o passado para viver
o presente.
3.12. O Romeiro é D. João de Portugal, primeiro marido de D. Madalena, que regressa ao
fim de 21 anos.
3.13. Maria, filha de D. Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho, vai ser vítima do destino
implacável que se abate sobre a sua família.
3.14. D. Sebastião é invocado uma vez ao longo dos três atos.
3.15. O abandono do palácio de Manuel de Sousa vai causar pânico em D. Madalena.
3.16. A solução para o drama familiar causado pelo regresso de D. João de Portugal passa
pelo ingresso na vida conventual.
3.17. D. João de Portugal representa a visão de um Portugal desejoso de enterrar o
passado e aceitar os novos desafios do futuro.
20
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4. Leia o excerto seguinte, retirado de uma fala de Maria em Frei Luís de Sousa (Ato I, Cena IV).
«O que eu sou... só eu o sei, minha mãe... E não sei, não: não sei nada, senão que o que devia
ser não sou…»
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, edição de Maria João Brilhante, Lisboa, Comunicação, 1982, p.
110.
Escreva uma breve exposição na qual comprove que Maria se afasta daquilo que a família
espera dela.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicite dois aspetos que comprovem que Maria se afasta
daquilo que a família espera dela, fundamentando cada um deles com uma referência
pertinente à obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema
(Fonte: retirado do Exame Nacional de Português, 2019, 2.ªfase)
21
Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco
1. Esclareça o principal desejo expresso por Simão na carta que dirige a Teresa.
2. Indique um recurso estilístico presente em “Estou tranquila. Vejo a aurora da paz...” (linha 16),
comentando o seu valor expressivo.
22
3. Justifique a atitude de Simão relativamente ao bem que lhe foi entregue por Mourão
Mosqueira.
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4. Apelando aos seus conhecimentos sobre a obra Amor de Perdição, selecione a opção que
completa corretamente cada afirmação.
4.4. Enquanto vivia com Simão em Coimbra, Manuel escreveu uma carta ao pai, em que referia
(A) o génio sanguinário do irmão, que o assustava.
(B) o facto de o irmão não se empenhar nos estudos.
(C) o facto de o irmão estar apaixonado e alheado de tudo.
4.6. Antes de se apaixonar por Teresa, Simão fugiu para Coimbra, com o dinheiro da mãe,
(A) por ter agredido várias pessoas, numa situação que envolveu Baltasar Coutinho.
(B) devido a um desentendimento com o pai.
(C) por ter agredido várias pessoas, numa situação que implicou um criado da família.
4.7. Caracterizando Teresa a partir do diálogo entre esta e Baltasar, o narrador descreve-a como
uma mulher
(A) que se assemelhava a um anjo do Céu.
(B) a quem o amor fortaleceu o orgulho.
(C) que esconde bem a sua fraqueza.
23
4.9. Vendo que a filha recusa o casamento com o primo de Castro Daire, Tadeu de Albuquerque
toma a decisão de
(A) a encerrar num convento.
(B) ameaçar Simão.
(C) fazer as pazes com Domingos Botelho.
4.10. Em Coimbra a estudar, Simão decide ir ver Teresa, tendo ficado hospedado na casa
(A) de um ferreiro.
(B) de um corregedor.
(C) do arrieiro com quem partira de Coimbra.
4.11. Mariana é
(A) a filha de João da Cruz.
(B) uma amiga de infância de Teresa.
(C) a irmã de João da Cruz.
4.13. Quando Teresa se encontra no convento de Viseu, quem lhe entrega algumas cartas de
Simão é
(A) a cunhada de João da Cruz.
(B) Rita, a irmã predileta de Simão.
(C) Mariana.
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4.19. Na última carta que escreve a Simão, Teresa fala-lhe como
(A) sua irmã.
(B) sua esposa do Céu.
(C) alguém que aguardará o seu regresso.
4.21. Subjacente à intriga de Amor de Perdição estará o intuito de fazer uma crítica
(A) ao poder excessivo do amor, que enlouquece e leva à rebelião dos filhos.
(B) a uma sociedade em que os filhos perdem os valores que lhes foram transmitidos.
(C) a uma sociedade na qual existem obstáculos à realização do amor.
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5. A crítica e a mudança social têm uma presença recorrente na literatura portuguesa. Escreva
uma breve exposição sobre o modo como essa temática é representada na obra Amor de
Perdição, de Camilo Castelo Branco.
• um desenvolvimento no qual explicite dois aspetos que evidenciem o modo como a crítica e a
mudança social são representadas na obra Amor de Perdição, fundamentando cada um desses
aspetos em, pelo menos, um exemplo pertinente;
Leia o texto.
1 Nesse momento Carlos arremetia pela sala dentro arrastando a sua noiva, a Teresinha, toda no
ar e vermelha de brincar; e logo a grulhada das suas vozes reanimou o canapé dormente.[…]
A voz de D. Ana interrompeu muito severa:
- Está bom, está bom, basta de tolices! Já cavalgaram bastante. Senta-te aí ao pé da senhora
5 viscondessa, Teresa… Olha essa travessa do cabelo… Que despropósito! […]
Mas quando ela se acomodou ao lado da viscondessa, gravezinha e com as mãos no regaço –
Carlos veio logo estirar-se ao pé dela, meio deitado para as costas do canapé, bamboleando as
pernas.
- Vamos, filho, tem maneiras – rosnou-lhe muito seca D. Ana.
10 - Estou cansado, governei quatro cavalos – replicou ele, insolente e sem a olhar.
De repente, porém, de um salto, precipitou-se sobre o Eusebiozinho. Queria-o levar à África, a
combater os selvagens: e puxava-o já pelo seu belo plaid de cavaleiro da Escócia, quando a mamã
acudiu aterrada:
25
15 - Não, com o Eusebiozinho não, filho! Não tem saúde para essas cavaladas… Carlinhos, olhe que
eu chamo o avô!
Mas o Eusebiozinho, a um repelão mais forte, rolara no chão, soltando gritos medonhos. Foi um
alvoroço, um levantamento. A mãe trémula, agachada junto dele, punha-o de pé sobre as perninhas
moles, limpando-lhe as grossas lágrimas, já com o lenço, já com beijos, quase a chorar também. […]
20 O Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da titi; e a severa senhora, com um
fulgor de cólera na face magra, apertando o leque fechado como uma arma, preparava-se para
repelir o Carlinhos, que, de mãos atrás das costas e aos pulos em roda do canapé, ria, arreganhando
para o Eusebiozinho um lábio feroz. Mas nesse momento davam nove horas, e a desempenada
figura do Brown apareceu à porta.
25 Apenas o avistou, Carlos correu a refugiar-se por detrás da viscondessa, gritando:
- Ainda é muito cedo, Brown, hoje é festa, não me vou deitar!
Eça de Queirós, Os Maias
1. Identifique dois traços de personalidade evidenciados por Carlos da Maia, relacionando-os com o
modelo educacional que lhe foi incutido.
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3. Preencha os espaços em branco com as informações corretas sobre a obra Os Maias, de Eça
de Queirós.
3.1. A casa que Os Maias vêm habitar em Lisboa no Outono de 1875 chama-se
____________________.
3.2. A ação recua no tempo (1820) e é narrada a juventude de ___________, filho de
___________________.
3.3. Afonso, depois de casar com ____________________, é exilado para Inglaterra devido a
razões de ordem ____________.
3.4. Na infância, Pedro, filho de Afonso, embora vivendo em Inglaterra tem uma educação
_________________.
3.5. Pedro, já adulto, em Lisboa, apaixona-se por ________________ e, dessa união, nascem
________ filho(s).
3.6. Os dois irmãos são separados porque ______________ foge com _____________.
3.7. Maria Eduarda Maia é levada por ___________.
3.8. Carlos é criado e educado pelo _________ porque o seu pai _____________ e a sua mãe foge.
3.9. Carlos é educado à maneira ____________, contrapondo-se a sua educação à de
______________.
3.10. Mais tarde, em ____________, Carlos tira o curso de _____________.
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3.11. Após a formatura, este viaja pela _____________.
3.12. Quando, em 1875, chega a Lisboa, monta um luxuoso _____________ mas não tem sucesso.
3.13. Envolve-se com a ______________________, mulher casada com um alto representante da
política portuguesa, o _____________________.
3.14. Por sua vez, o seu amigo ____________ vive na ______________ e tem um caso com
________________.
3.15. No Hotel Central, Carlos é apresentado a _____________ e vê pela primeira vez
__________________.
3.16. No Hotel Central, Ega e Alencar envolvem-se em forte discussão literária devido ao facto de
o primeiro ser a favor do ______________ e o segundo do ________________.
3.17. Carlos vai a Sintra, acompanhado por __________, com a esperança de conhecer
__________________. Este objetivo é frustrado, encontrando, no entanto, _________________
e ______________ no Hotel Nunes, confraternizando com _________________.
3.18. Carlos é levado por Dâmaso ao Hotel Central, para consultar ____________ filha de
__________________.
3.19. Ega é expulso de casa dos Cohen, pois __________ descobre a infidelidade da mulher.
3.20. As visitas de __________ à casa de _________________ tornam-se _______________
devido à doença de Miss Sara.
3.21. Carlos declara-se a ________________ e compra a ___________ uma quinta nos Olivais,
_____________, para aí se refugiar com Maria Eduarda, por pensar que ela era casada com
__________________.
3.22. Carlos visita o avô em _________________ e, quando regressa, é humilhado por
_________________ que lhe diz não ser casado com _________________.
3.23. Carlos ouve a história de _________________ que lhe conta o seu passado e ele perdoa-a,
pedindo-a em __________________.
3.24. A relação dos dois é publicitada na ___________________ sob a forma de notícia
escandalosa.
3.25. Palma “Cavalão”, a troco de dinheiro, denuncia _____________ como ator da notícia. Este,
sob a forte pressão de Ega, retrata-se como _____________, numa carta que será publicada no
jornal ____________.
3.26. Carlos e Ega vão assistir a um sarau no _________ da ____________ onde discursam
teatralmente ___________, orador provinciano, e ____________, numa declamação
ultrarromântica. Atua ____________, um músico talentoso mas não apreciado pela
____________.
3.27. Ainda no Sarau, Ega é interpelado por _____________, que afirma ter um cofre pertencente
a _________________ para entregar a Carlos ou a sua irmã.
27
3.28. Ega procura ___________ e, depois de o cofre ser aberto, fica a saber-se a verdade sobre
________________ e _________________, pois uma carta de ___________________ revela a
identidade de ___________________.
3.29. Carlos e Afonso são confrontados com a verdade e ___________ aconselha o amigo a partir
para ___________________________.
3.30. Ao invés, Carlos vai à rua de S. Francisco e comete ________________ voluntário.
3.31. Afonso apercebe-se da tragédia que está a atingir a família e morre no _________________.
3.32. Ega conta a verdade a Maria Eduarda e esta parte para ____________.
3.33. ___________ e ____________ fazem uma longa viagem de ano e meio. Carlos fica a viver
em ___________.
3.34. Em janeiro de 1887,___________ regressa a Portugal e encontra-se com __________. Os
amigos dão um longo passeio e visitam o ________________.
3.35. No final da narrativa, Carlos e Ega fazem um balanço das suas vidas, concordam que
________________ e o primeiro afirma a sua total adesão ao fatalismo ________________. Ega
concorda com ele.
--------/--------
4. Eça de Queirós recorre ao espaço social para lançar um olhar crítico sobre a sociedade
portuguesa de então.
28
Antero de Quental
Leia o poema.
AD AMICOS
1 Em vão lutamos. Como névoa baça,
A incerteza das coisas nos envolve.
Nossa alma, enquanto cria, enquanto volve,
Nas suas próprias redes se embaraça.
Antero de Quental
--------/--------
3. Classifique como verdadeiras ou falsas cada uma das afirmações. Corrija as falsas.
--------/--------
4. Considerando o estudo que fez da poesia de Antero de Quental, elabore uma breve
exposição em que apresente duas das suas principais temáticas.
29
Cesário Verde
Leia com atenção o excerto da parte II de “O Sentimento dum Ocidental”, de Cesário Verde.
II – Noite Fechada
Cesário Verde
3. Relacione a última estrofe com o imaginário épico explorado por Cesário Verde em “O
Sentimento dum Ocidental”.
--------/--------
30
4. Classifique como verdadeiras ou falsas cada uma das afirmações. Corrija as falsas.
4.5. O desejo de evasão é suscitado pelo espaço citadino, no qual impera a justiça social.
4.6. A imaginação transfiguradora é uma forma de fugir do ambiente disfórico em que o poeta
deambula.
4.8. Cesário Verde serve-se das sensações, em particular da visão, para captar a realidade
circundante.
--------/--------
Escreva uma breve exposição sobre a representação da cidade na poesia de Cesário Verde.
• um desenvolvimento no qual refira uma característica da cidade enquanto espaço físico e uma
característica da cidade enquanto espaço humano, fundamentando as ideias apresentadas em,
pelo menos, um exemplo significativo de cada uma das características;
31
12.º ano
Leia o texto.
Às vezes há um rodopio
10 Das folhas secas num lugar.
Não consigo ser eu a fio,
Mas continuo sempre a olhar.
16.03.1931
Fernando Pessoa, in Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim,
ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2006.
2. Considerando a segunda estrofe, caracterize e justifique o efeito que a memória exerce sobre
o estado de espírito do sujeito.
3. Aponte as duas linhas temáticas da poesia de Fernando Pessoa ortónimo presentes neste
poema.
--------/--------
4. Fazendo apelo à sua experiência de leitura, escreva uma breve exposição sobre o modo como
a temática do sonho – realidade é trabalhada na poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
32
Alberto Caeiro
Leia o texto.
POEMA IX
1. Mostre o tipo de relação que o sujeito poético estabelece com a realidade, esclarecendo o
papel das sensações e do pensamento no estabelecimento dessa relação.
2. Registe e comente três dos recursos expressivos utilizados pelo poeta, que mais contribuem
para a apresentação da sua relação com a realidade.
--------/--------
3. Fazendo apelo à sua experiência de leitura, escreva uma breve exposição sobre o modo como
Alberto Caeiro capta a realidade que o envolve.
33
Ricardo Reis
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
10 Iguais a nós próprios.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
20 Está além dos Deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
25 Porque não se pensam.
--------/--------
34
5. Fazendo apelo à sua experiência de leitura, escreva uma breve exposição sobre o modo como
Ricardo Reis aconselha a viver a vida.
Álvaro de Campos
Leia o texto.
35
--------/--------
3. Fazendo apelo à sua experiência de leitura, escreva uma breve exposição sobre o que afasta
Álvaro de Campos de Alberto Caeiro.
O MOSTRENGO
9-9-1918
36
1. Identifique um recurso estilístico presente nos versos 10 e 11, “«De quem são as velas onde
me roço? / De quem as quilhas que vejo e ouço?»”, e comente o seu valor expressivo.
--------/--------
3. Considerando o estudo que fez da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, elabore uma breve
exposição em que demonstre de que modo o Sebastianismo é retratado.
Contos
1 Durante anos e anos o bom do Ramon pedalou e comutou. Por alturas da segunda Grande Guerra
foi substituído pelo seu filho Ximenez, pouco depois da revolução de abril pelo neto Asdrúbal, e, um
dia destes, pelo bisneto Paco. A administração continua a pagar um vencimento modesto, equivalente
ao de jardineiro. Mas não é pelo ordenado que aquela família dá ao pedal. É pelo amor à profissão.
5 (…)
Os transeuntes e motoristas do Porto apreciam estes semáforos manuais, porque é sempre possível
personalizar a relação com o sinal. Diz-se, por exemplo, «Ó Paco, dá lá um jeitinho!» e o Paco, se
estiver bem-disposto, comuta, facilita.
Acontece que, mesmo à esquina, um primeiro andar vem sendo habitado por uma família de
10 médicos que dali faz consultório. Pouco antes da instalação dos semáforos a pedal, veio morar o
Doutor João Pedro Bekett, pai de filhos e médico singular. Chegou de Coimbra com boa fama, mas
transbordava de espírito de missão. Andava pelas ruas a interpelar os transeuntes: «Está doente?
Não? Tem a certeza? E essas olheiras, hã? Venha daí que eu trato-o.» E nesta ânsia de convencer
atravessava muitas vezes a rua. O semáforo complicava. Aproximou-se do Ramon e bradou, severo:
15 «A mim, ninguém me diz quando devo atravessar uma rua. Sou um cidadão livre e desimpedido.»
Ramon entristeceu. Não gostava que interferissem com o seu trabalho e, daí por diante, passou a
dificultar a passagem ao doutor. Era caso para inimizade. E eis duas famílias desavindas. Felizmente,
nunca coincidiram descendentes casadoiros. Piora sempre os resultados.
Ao Dr. Pedro sucedeu o filho João, médico muito modesto. Informava sempre que o seu diagnóstico
20 era provavelmente errado. Enganava-se, era um facto. Mas fazia questão de orientar os pacientes
para um colega que desse uma segunda opinião. Herdou o ódio ao semáforo e passava grande parte
do tempo à janela, a encandear Ximenez com um espelho colorido.
Já entre o jovem médico Paulo e Asdrúbal quase se chegou a vias de facto. (…)
37
Há dias, vinha do almoço o Dr. Paulo com uma trouxa de ovos na mão, e já trazia entredentes o
25 «arrenego!» com que insultaria o semaforeiro, quando aconteceu o acidente. Ao proceder a um roubo
por esticão um jovem que vinha de mota teve uns instantes de desequilíbrio, raspou por Paco e
deixou-o estendido no asfalto. Era grave. O Dr. Paulo largou ódios velhos, não quis saber de mais nada
e dobrou-se para o sinistrado:
- Isto, em matéria de lesões, elas podem ser provocadas por três espécies de
30 instrumentos: contundentes, cortantes, ou perfurantes.
Uma ambulância levou o Paco antes que o doutor tivesse entrado no capítulo das «manchas de
sangue».
Enganar-se-ia quem dissesse que o semáforo ficou abandonado. Uma figura de bata branca está
todos os dias naquela rua, do nascer ao pôr do Sol, a acionar o dispositivo, pedalando, pedalando, até
35 à exaustão. É o Dr. Paulo cheio de remorsos, que quer penitenciar-se, ser útil, enquanto o Paco não
regressa.
Vasco da Gama
1 Somos nós que fazemos o destino.
Chegar à Índia ou não
É um íntimo desígnio da vontade.
Os fados a favor
5 E a desfavor
Miguel Torga
38
1. Estabeleça uma relação entre o primeiro verso e o conteúdo da primeira estrofe.
2. Explicite o recurso expressivo presente no verso 12, comentando o seu valor expressivo.
3. Apresente uma interpretação possível para os últimos três versos do poema.
Leia o texto.
1 Foram as ordens, vieram os homens. De sua própria vontade alguns, aliciados pela
promessa de bom salário, por gosto de aventura outros, por desprendimento de afetos também, à
força quase todos. Deitava-se o pregão nas praças, e, sendo escasso o número de voluntários, ia o
corregedor pelas ruas, acompanhado dos quadrilheiros, entrava nas casas, empurrava os cancelos
5 dos quintais, saía ao campo a ver onde se escondiam os relapsos, ao fim do dia juntava dez, vinte,
trinta homens, e quando eram mais que os carcereiros atavam-nos com cordas, variando o modo,
ora presos pela cintura uns aos outros, ora com improvisada pescoceira, ora ligados pelos
tornozelos, como galés ou escravos. Em todos os lugares se repetia a cena, Por ordem de sua
majestade, vais trabalhar na obra do convento de Mafra, e se o corregedor era zeloso, tanto fazia
10 que estivesse o requisitado na força da vida como já lhe escorregasse o rabo da tripeça, ou pouco
mais fosse que menino. Recusava-se o homem primeiro, fazia menção de escapar, apresentava
pretextos, a mulher no fim do tempo, a mãe velha, um rancho de filhos, a parede em meio, a arca
por confortar, o alqueive necessário, e se começava a dizer as suas razões não as acabava, deitavam-
lhe a mão os quadrilheiros, batiam-lhe se resistia, muitos eram metidos ao caminho a sangrar.
15 Corriam as mulheres, choravam, e as crianças acresciam o alarido, era como se andassem
os corregedores a prender para a tropa ou para a Índia. Reunidos na praça de Celorico da Beira, ou
de Tomar, ou em Leiria, em Vila Pouca ou Vila Muita, na aldeia sem mais nome que saberem-˗no os
moradores de lá, nas terras da raia ou da borda do mar, ao redor dos pelourinhos, no adro das
igrejas, em Santarém e Beja, em Faro e Portimão, em Portalegre e Setúbal, em Évora e Montemor,
20 nas montanhas e na planície, e em Viseu e Guarda, em Bragança e Vila Real, em Miranda, Chaves e
Amarante, em Vianas e Póvoas, em todos os lugares aonde pôde chegar a justiça de sua majestade,
os homens, atados como reses, folgados apenas quanto bastasse para não se atropelarem, viam as
mulheres e os filhos implorando o corregedor, procurando subornar os quadrilheiros com alguns
ovos, uma galinha, míseros expedientes que de nada serviam, pois a moeda com que el-rei de
25 Portugal cobra os seus tributos é o ouro, é a esmeralda, é o diamante, é a pimenta e a canela, é o
marfim e o tabaco, é o açúcar e a sucupira, lágrimas não correm na alfândega. […] Já vai andando a
récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual
em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério
e doce amparo desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os
30 montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade, enfim já os levados se afastam,
vão sumir-se na volta do caminho, rasos de lágrimas os olhos, em bagadas caindo aos mais sensíveis,
e então uma grande voz se levanta, é um labrego de tanta idade já que o não quiseram, e grita
subindo a um valado que é púlpito de rústicos, Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó
pátria sem justiça, e tendo assim clamado, veio dar-lhe o quadrilheiro uma cacetada na cabeça, que
35 ali mesmo o deixou por morto.
Quanto pode um rei. Está sentado em seu trono, […] e daí daqui ou dacolá, se o requerem
os interesses do Estado, cujo ele é, despacha ordens para que de Penamacor venham os homens
válidos, ou nem tanto, a trabalhar neste meu convento de Mafra, levantado porque o reclamavam
os franciscanos desde mil seiscentos e vinte e quatro, e por enfim ter ocupado a rainha duma filha,
40 que nem rainha de Portugal vai ser, mas de Espanha, por interesses dinásticos e particulares. E os
homens, que nunca viram o rei, os homens que o rei nunca viu, os homens, mesmo não o querendo
39
vêm, entre soldados e quadrilheiros, soltos se são de ânimo pacífico ou já se resignaram, atados
como foi explicado, se rebeldes atados sempre se por malícia viloa mostraram ir de vontade e
depois tentaram fugir, pior ainda se algum conseguiu escapar-se. Atravessam os campos, de terra
45 em terra, pelas poucas estradas reais, às vezes por aquelas que os romanos fizeram construir, quase
sempre por carreiros de pé posto, e o tempo é o variável, sol de estarrecer, chuva de alagar, frio
que gela, em Lisboa sua majestade espera que cada um cumpra o seu dever.
José Saramago, in Memorial do Convento
-------/--------
4. Do diálogo de José Saramago com o «passado» emerge, em romances como Memorial do Convento
e O Ano da Morte de Ricardo Reis, uma visão crítica sobre o tempo histórico representado e sobre a
sociedade desse tempo.
Escreva uma breve exposição na qual comprove a afirmação anterior, baseando-se na sua experiência
de leitura de um dos romances mencionados.
• um desenvolvimento no qual explicite dois aspetos que são objeto de crítica pelo narrador,
fundamentando cada um desses aspetos em, pelo menos, um exemplo pertinente;
Gramática
Texto 1
1 As palavras invisíveis
Os segredos retiram lógica ao mundo. Aquilo que se omite priva os outros de compreenderem as razões
dos episódios a que assistem.
Procuro o meu bloco de notas em lugares onde já procurei. Tenho a esperança que, desta vez,
5 por qualquer milagre, possa estar lá. Não é um bloco extravagante, é preto e simples, vejo-o na memória
40
enquanto procuro. Há aquilo para que olho, está à minha frente com todas as suas formas, e há este
bloco de capa preta que quero encontrar e que é concreto na minha lembrança, como uma imagem
projetada sobre aquilo que existe, como um slide antigo, e não adianta estender a mão para agarrá-lo,
não está lá, os dedos atravessariam a luz dessa projeção colorida e imaterial.
10 Tento recordar a última vez que segurei o bloco de notas, ontem. Sei que estava em casa, isso é certo,
mas apenas lembro a sensação viva de ter descoberto um bom lugar para o guardar. Talvez dentro de
uma gaveta, talvez debaixo de alguma coisa, talvez entre dois livros que, naquele instante, me
pareceram especialmente simbólicos. Escondi-o tão bem que, agora, nem eu próprio o consigo
encontrar.
15 Conheço blocos de notas de grandes escritores, edições fac-similadas, póstumas. Os meus
cadernos não são assim. Encho-me de pudor com a simples referência mental às anotações que faço:
frases muito distantes de chegarem a verso, listas de tarefas, ideias sem forma, fragmentos meus, nus,
inocentes, a exporem aquilo que não quero mostrar. Não são restos de mistério, não têm aquela
imperfeição cuidadosa, perfeita. Aquelas páginas sou (…), acabado de acordar, zombie; sou eu
20 despenteado, (…) ; sou eu adormecido no sofá, diante da televisão acesa, a babar-me.
Na semana passada, estacionei o carro num lugar diferente. Entrei em casa, enchi a cabeça com
as coisas de casa, dormi essa noite e, no dia seguinte, quando saí à rua, sobressaltei-me por não o
encontrar no posto de todos os dias. Comecei a procurá-lo. A possibilidade mais insistente era:
roubaram-me o carro. Apressei o passo e, quando já tinha o telefone na mão, lembrei-me daquele
25 instante na véspera em que decidi estacionar num lugar diferente.
Escondido de mim, o meu bloco de notas, imóvel, discreto, abriga aquele pequeno mundo. Bastará
folheá-lo para que essas palavras se soltem; estão lá, à espera, são como um segredo com corpo. O
meu bloco de notas é como o corpo desse segredo.
Ainda assim, há diferenças fundamentais: esconder para sempre é tentar que algo nunca tivesse
30 existido. Em coerência, a única forma de levar esse raciocínio até ao fim é morrer. Comparado com
essas decisões, o meu bloco de notas, feito de papel barato, não é realmente o corpo de um segredo,
é apenas o biombo que cobre esse corpo e, mesmo assim, é um biombo que permite transparências.
Por sua vez, morrer com segredos, carregá-los no peito a vida inteira e morrer, nunca os partilhando
com irmãos ou filhos, é um ato que questiona a própria morte. Conseguirá a morte ser suficientemente
opaca para esconder esses segredos para sempre?
35 Um bilhete achado no interior de um livro antigo pode mudar tudo o que pensávamos sobre o nosso
avô. Uma grande parte do passado ainda está para acontecer.
Além disso, os segredos retiram lógica ao mundo. Aquilo que se omite priva os outros de
compreenderem as razões dos episódios a que assistem. Porque é que estás maldisposto? Por nada.
Passa-se alguma coisa? Não, não se passa nada. Há algum problema? Não, não é nada.
40 Talvez encontre o bloco de notas quando já não estiver à espera. Então, quase de certeza, irá
iluminar-se o instante em que decidi guardá-lo e as razões que me levaram a escolher esse lugar que,
agora, me parece insuspeito. Será como quando não consigo recordar um nome ou uma data, faço um
grande esforço de memória, mas nada. Depois, quando já não estou a pensar nisso, de repente, como
um objeto que regressa à superfície, aparece-me na cabeça. Até posso acordar de noite com a força
45 dessa lembrança.
Conformo-me, estou cansado de procurar, mas tenho pena. Nesse bloco, tinha anotado a ideia que
ia desenvolver neste texto. Não consigo lembrar como era, só recordo que me entusiasmou, pareceu-
me boa ideia, fiquei contente quando a tive.
1. Para responder a cada um dos itens, selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
41
(B) quantificador existencial.
(C) determinante indefinido.
(D) pronome indefinido.
1.3. O sujeito da forma verbal sublinhada na frase “há este bloco de capa preta” (l.6) é
(A) simples.
(B) nulo subentendido.
(C) nulo indeterminado.
(D) nulo expletivo.
1.4. O recurso ao pronome pessoal presente na frase “e não adianta estender a mão para agarrá-
lo” (ll. 8 e 9) contribui para a coesão
(A) referencial.
(B) temporal.
(C) lexical.
(D) interfrásica.
1.6. A forma verbal “Entrei” (l. 21) pertence à subclasse dos verbos
(A) intransitivos.
(B) transitivos diretos.
(C) transitivos indiretos.
(D) copulativos.
2.1. Classifique a oração iniciada pela conjunção “que” em “que, agora, nem eu próprio o consigo
encontrar.” (ll. 13 e 14).
2.3. Indique a modalidade, e respetivo valor, presente na frase “Talvez encontre o bloco de notas
quando já não estiver à espera.” (l. 41)
Texto 2
1 A Discípula é muito persistente. Vai todos os dias ao Jardim a ver se o fruto já está maduro. Sai
calmamente de fora do círculo mágico para dentro do círculo mágico. Entra no Jardim. Começa olhando
agudamente para todos os lados. Desce a direito o desenho grego da calçada, vai até ao fim, vira à direita,
entra na zona mais quente do Jardim. Ele está lá. Sentado num banco lê um livro. Será o livro dos Poetas- -
5 Portugueses? A Discípula estaca. Está no meio das árvores, ele não a vê. Ela sai de dentro da selva, avança
sobre a relva, atravessa a rua mesmo na frente dele, mas a uma discreta distância, passeia por sobre a relva,
senta-se num banco, levanta-se, passeia por sobre a relva, vai até uns arbustos em flor, cheira-os, colhe um
raminho, avança pela relva, senta-se num banco que está perpendicular ao dele. Vira-lhe distraidamente as
costas e fica reduzida a uma total imobilidade. Muito tempo, ela não ousa olhar na direção dele. Espera
42
10 muito tempo. Ele já deve ter partido. Ela levanta-se, olha rapidamente o sítio onde ele estava. Ele já partiu.
Ela começa a percorrer o caminho de regresso: sobe o desenho grego, avança à direita das árvores.
Quando está a chegar mesmo acima, o que vê? Ele. No ponto mais alto da colina, olhando em todas as
direções. Ela para. Senta-se num banco. Ele viu-a, embora a grande distância. Ela foge rapidamente para
detrás das árvores enquanto ele desce a colina. Deve ir caminhando agora ao longo do passeio. A Discípula
15 segue pelo atalho habitual. Quase a chegar ao fim, vê-o de novo: ele está no cimo da rampa, esperando-a.
Ela senta-se noutro banco a ver o que ele faz. Ele para e espera. Ela levanta-se e começa a caminhar por
sobre a relva, a apanhar flores, colhendo cogumelos, olhando sempre para o chão como se o não tivesse
visto ali em frente, a uma discreta distância, porém. Ela continua andando, agora na direção contrária à
dele, mas de maneira a que ele a veja. Ela anda de um lado para o outro a ver o que acontecerá. Resolve
20 voltar-se. Ele está precisamente ali, caminhando direito a ela. Ela caminha naturalmente na direção dele.
Encontram-se. Ela ri:
- Ah, bom dia, Mestre. O Senhor ainda cá está? Julguei que já tivesse partido do mundo!
Ele ri-se, desta vez, um pouco embaraçado. Ela fala dois minutos da primavera, um minuto do sol e da
lua e diz-lhe adeus com um sorriso. Vira-lhe as costas agilmente e vai seguindo a direito para a saída do
25 Jardim.
5. Nas formas verbais “senta-se” e “levanta-se” (ambas na linha 7), o pronome pessoal é
(A) átono.
(B) reflexo.
(C) passivo.
(D) recíproco.
43
6. O pronome presente em “cheira-os” (linha 7) concretiza um processo de coesão
(A) lexical.
(B) referencial.
(C) interfrásica.
(D) nenhuma das anteriores.
7. A modalidade presente nas frases “Ele já deve ter partido.” e “Ele já partiu.” (linhas 10 e
11) é, respetivamente,
(A) deôntica com valor de obrigação e epistémica com valor de certeza.
(B) deôntica com valor de obrigação e epistémica com valor de probabilidade.
(C) epistémica com valor de certeza e epistémica com valor de probabilidade.
(D) epistémica com valor de probabilidade e epistémica com valor de certeza.
10. A oração “enquanto ele desce a colina” (linha 14) classifica-se como
(A) subordinada adverbial temporal, desempenhando a função de complemento oblíquo.
(B) subordinada adverbial concessiva, desempenhando a função de modificador da frase.
(C) subordinada adverbial causal, desempenhando a função de complemento oblíquo.
(D) subordinada adverbial temporal, desempenhando a função de modificador do grupo
verbal.
12. Os advérbios “sempre” (linha 17) e “porém” (linha 18) pertencem à subclasse
(A) dos conetivos.
(B) dos de predicado.
(C) dos conetivos e dos de predicado, respetivamente,
(D) dos de predicado e dos conetivos, respetivamente.
44
14. O complexo verbal “tivesse partido” (linha 22) encontra-se
(A) no pretérito imperfeito do conjuntivo.
(B) no pretérito perfeito composto do indicativo.
(C) no pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo.
(D) no pretérito imperfeito do indicativo.
15. No segmento textual “diz-lhe adeus com um sorriso” (linha 24), os elementos sublinhados
contraídos ficariam
(A) “diz-lho com um sorriso”.
(B) “dir-lhe-ia com um sorriso”.
(C) “com um sorriso diz-lhe adeus”.
(D) “di-lo com um sorriso”.
Texto 3
45
Eu conheço um país que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos
de Pequim, que vestiu dez das seleções hípicas presentes nesses jogos, que é o maior produtor mundial
de caiaques para desporto, que tem uma das melhores seleções de futebol do mundo, o melhor
30 treinador do planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).
Eu conheço um país que tem um Prémio Nobel da Literatura (José Saramago), uma das mais
notáveis intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos
internacionalmente (Paula Rego, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro). O leitor,
possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar. Este país
35 é Portugal. Tem tudo o que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias
fabulosas, ótima gastronomia. Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL.
Nicolau Santos, «Portugal Vale a Pena» in Portugal Vale a Pena, pp. 158, 159, Oficina do Livro, Lisboa,
2012.
Para responder aos itens, assinale com clareza a letra identificativa da alternativa correta.
3. «(tem) um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, ótima gastronomia.» Estes
aspetos de Portugal foram deixados para o final do texto por serem
(A) os mais relevantes.
(B) o cartão de visita habitual do país.
(C) irrelevantes.
(D) propositadamente exagerados.
9. «O leitor, possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para
visitar.» (ll.33-34)
Refira a modalidade desta frase e o recurso utilizado para o exprimir.
47
Prova-modelo 1
GRUPO I
A
Leia o poema.
XXVIII
1. Caracterize “os poetas místicos” (v. 4), tal como são perspetivados pelo sujeito poético.
48
2. Identifique o sentimento do sujeito poético presente na última estrofe, explicitando os
motivos que o originam.
B
Responda, de forma direta, aos itens que se seguem.
C
Leia o poema.
Cristalizações
Cesário Verde
49
Responda, de forma clara e completa, aos itens que se seguem.
5. Identifique duas características temáticas da poesia de Cesário Verde presentes nas três
estrofes iniciais do poema, fundamentando cada uma delas com um elemento textual
pertinente.
6. Explicite o sentido do verso 16, “Não se ouvem aves; nem o choro duma nora!”, considerando
o conteúdo da quarta estrofe.
7. Indique uma sensação manifestada pelo sujeito poético na descrição do trabalho que
observa, transcrevendo um exemplo textual que o comprove.
8. Faça a escansão do verso “Em pé e perna, dando aos rins que a marcha agita,”.
D.
Escreva uma breve exposição sobre o modo como a natureza é representada em dois dos autores ou em
duas das obras que estudou, no ensino secundário, no domínio da Educação Literária.
50
GRUPO II
Leia o texto.
1 O Barlavento estende-se de Albufeira a Sagres, passando pela minha cidade, que é Portimão. Era
aí que eu ia, nas férias de Lisboa dos anos 60, ver cinema, jogar bilhar e esperar pelos jornais da
manhã que só chegavam no comboio da tarde, trazendo as inaugurações do venerando. O mundo
é outro, hoje, e o turismo transformou muita coisa, a começar pelo mercado que deixou de ser um
5 belo edifício da arquitetura regional do século XX para se deslocar para um novo local, mas onde se
continua a sentir a vida do campo e da pesca nas bancas de fruta e legumes e no espaço do peixe e
dos mariscos, a ver de terça a sábado, quando chegam frescos dos barcos ou da pesca artesanal.
Não sou dos que dizem mal de tudo: o tempo tem as suas consequências, boas e más, e muito se
aprendeu com o mau para restituir qualidade à vida que continua. O que não muda, porém, é a
10 natureza e a paisagem deste Barlavento; e quanto mais se avança para oeste, ou se sobe para o
interior, mais o intocado nos surge, apesar dos indispensáveis parques eólicos e das residências de
forasteiros construídas, com maior ou menor gosto, sobre antigos casais do tempo em que havia
agricultura e quinteiros.
Duas direções se podem tomar, a que sobe até Monchique, podendo seguir-se a estrada que vai
15 da Penina até à Senhora do Verde, passando pelos túmulos pré-históricos de Alcalar, hoje bem
recuperados, mas onde ainda entrei rastejando até ao interior. Eram aventuras que se faziam a
partir da Mexilhoeira Grande, onde mantenho a casa do meu bisavô, construída em 1902. A partir
da Senhora do Verde, onde havia uma capela arruinada da época manuelina, abre-se uma estrada
por vezes íngreme, levando aos Casais e daí às Caldas e a Monchique. São terras que a interioridade
20 conservou, cruzando a arquitetura algarvia de muros de cal e platibandas mouriscas com vivendas
que lembram chalés suíços, aparentemente contrários à imagem de um Algarve quente: mas o
inverno desses tempos em que se procurava nas águas vulcânicas das Caldas era bem frio, o que
explica essa importação arquitetónica; a outra direção é a que nos leva de Lagos, que é, com Silves,
uma das mais bem preservadas cidades do Barlavento, embora quase só se ouça falar estrangeiro
25 nas suas ruas, lojas e restaurantes, até Sagres.
51
2. O determinante demonstrativo “essa” (linha 23) é um deítico
A) espacial e pessoal.
B) pessoal.
C) temporal.
D) espacial.
GRUPO III
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a importância da poesia no mundo atual.
No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas palavras –, há que atender
ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
FIM
52
Prova-modelo 2
GRUPO I
A
Leia o poema.
IX
ASCENSÃO DE VASCO DA GAMA
1 Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,
5 Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,
E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.
NOTAS:
1 – Argonauta - Tripulante lendário da nau Argo, na qual, segundo a lenda, os argonautas foram à conquista do Velo
de Ouro.
1. Compare as reações de “[o]s Deuses” (v.1) e “o pastor” (v.8) à ascensão de Vasco da Gama.
3. Identifique um recurso estilístico presente no verso “E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.”
(v. 7).
53
B
IV
Horas Mortas
(…)
1 E eu sigo, como as linhas de uma pauta
A dupla correnteza augusta das fachadas;
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas,
As notas pastoris de uma longínqua flauta.
5. Explique as dimensões épica e antiépica exploradas pelo sujeito poético nas terceira e quarta
estrofes.
54
6. O sonho tem uma presença recorrente na literatura portuguesa.
Escreva uma breve exposição sobre o modo como o sonho é representado em dois dos autores
ou em duas das obras que estudou no domínio da Educação Literária.
55
GRUPO II
Leia o texto.
1 Querido Portugal
Temos de falar. Como sabes, o meu amor por ti tem resistido a tudo. Tu és pobre,
sujo em vários sítios e estúpido muitas vezes. Mas há em ti uma certa ingenuidade que
faz com que até os teus defeitos - e são tantos - me seduzam. Na maior parte das vezes
5 não és mau, és só malandro. E tens três qualidades que compensam tudo o resto: a
comida, a língua e o clima. Era precisamente sobre isto que te queria falar. Andas a
desleixar-te. A comida já foi melhor. Bem sei que a culpa não é só tua. A União Europeia
proíbe umas coisas, os nutricionistas desaconselham outras. Mas já não se encontram
jaquinzinhos, os restaurantes receiam fazer cabidela e a medicina parece ter arranjado
10 um método infalível para determinar o que é prejudicial à saúde: se sabe bem, faz mal.
A língua também já não é o que era. Não me entendas mal: continua a ser a tua
maior virtude. Não sei como é possível uma pessoa exprimir-se numa dessas línguas
bárbaras que não distinguem o ser do estar. Embora os franceses e os ingleses,
aparentemente, não o saibam, ser bêbado é muito diferente de estar bêbado. Mas,
15 quando eu era pequeno, setores era o nome que se dava aos professores. Hoje, setores
é a versão atualizada da palavra sectores. Na escola, os setores explicam o que os
setores são. No meu tempo, o sector primário era a área de atividade que compreendia
a agricultura e outras formas de produção de matérias-primas, e um setor primário era
um professor do ensino básico. Agora, é tudo a mesma coisa, assim como "être" e "to
20 be" significam tanto ser como estar.
Outra coisa: isto do clima não pode continuar. Este verão foi muito fraco. Houve
pouco sol e a água estava fria. Não se admite. A gente tolera a corrupção, a injustiça, a
inveja, o subdesenvolvimento e tudo o mais que tu conseguires gerar. Mas tem de estar
sol. Se é para não haver verão, nem subtilezas linguísticas, nem papas de sarrabulho,
25 mais vale irmos para a Finlândia, onde as coisas funcionam e a moral sexual das moças
nórdicas é muito mais relaxada. Tens de escolher: ou há regular funcionamento das
instituições, ou há céu pouco nublado ou limpo. Vê lá isso, por favor.
Um grande beijo,
Ricardo
56
1. O pronome pessoal em “Andas a desleixar-te.” (linhas 6 e 7) desempenha a função sintática de
A) sujeito simples.
B) complemento oblíquo.
C) complemento indireto.
D) complemento direto.
3. Nas frases “Não se admite.” (linha 22) e “Tens de escolher:” (linha 26), encontram-se,
respetivamente, as modalidades
A) epistémica com valor de probabilidade e deôntica com valor de obrigação.
B) apreciativa e deôntica com valor de obrigação.
C) epistémica com valor de certeza e deôntica com valor de permissão.
D) deôntica com valor de obrigação e apreciativa.
4. A oração “quando eu era pequeno” (linha 15) em relação à frase “Hoje, setores é a versão atualizada da
palavra sectores.” (linhas 15 e 16) estabelece uma relação de
A) anterioridade.
B) posterioridade.
C) simultaneidade.
D) nenhuma das anteriores.
5. Nas orações “que a culpa não é só tua.” (linha 7 ) e “que te queria falar.” (linha 6), as palavras
sublinhadas são
A) dois pronomes relativos.
B) duas conjunções.
C) um pronome relativo e uma conjunção subordinativa completiva, respetivamente.
D) uma conjunção subordinativa completiva e um pronome relativo, respetivamente.
7. Coloque a forma verbal “tem resistido” (linha 2) no pretérito perfeito composto do conjuntivo.
57
GRUPO III
Partindo dos versos de Cesário Verde, num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de
duzentas e um máximo de trezentas palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a importância
do inconformismo no desenvolvimento pessoal e da humanidade.
No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta
como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas palavras –, há
que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
FIM
58
Prova-modelo 3
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o poema.
Ode ao futuro
Glossário:
1.
delida: desvanecida.
2. Explicite dois traços caracterizadores do sujeito poético, ilustrando cada um deles com um exemplo
textual significativo.
3. Identifique o recurso estilístico presente entre os versos 10 e 16, comentando o seu valor expressivo.
59
B
Leia o texto,
A UM POETA
1 Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,
6. Transcreva a metáfora presente no último terceto que expressa a atitude ativa do poeta para
mudar o presente.
7. O tempo histórico surge, frequentemente, como pano de fundo de algumas obras da literatura
portuguesa. Escreva uma breve exposição sobre o modo como o tempo histórico é representado em
Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett.
60
GRUPO II
Leia o texto.
“... é fácil confessar que muitíssimas coisas há na terra da Utopia que gostaria de ver
5 implantadas nas nossas cidades, em toda a verdade e não apenas em expectativa”. Estas são
as últimas palavras de Thomas More na sua Utopia, ditas depois de Rafael Hitlodeu, o
navegador que alegadamente conheceu a ilha da Utopia, terminar o seu relato e elogiar a
estrutura da ilha. (…)
“A intenção de More é não apresentar as ideias de Hitlodeu e a sociedade utopiana como
10 modelares, esperando que o leitor seja capaz de um exercício de reflexão crítica sobre os
aspetos positivos e negativos dessa sociedade”, diz Fátima Vieira, professora da Faculdade
de Letras da Universidade do Porto especializada em estudos sobre a utopia.
No ano em que se assinalam 500 anos da sua publicação, a Utopia continua a ser lida,
discutida e analisada, e encontra-se em qualquer biblioteca como clássico da literatura. E a
15 sua mensagem, dizem os especialistas com quem falámos, continua a fazer sentido hoje:
existem alternativas ao que está instituído.
“É um texto de grande amplitude, de abertura, de descoberta de caminhos, que até àquela
altura não havia na cultura europeia”, diz Manuel Frias Martins, professor de Cultura
Renascentista da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Uma sociedade em que
20 nada é de ninguém – tudo é de todos. Em que o bem-comum é mais precioso do que o bem
individual. Em que a guerra é abominada e a caça é tida como loucura. Em que o ouro e
outros metais ditos preciosos não têm valor. Em que um dia de trabalho tem seis horas, uma
noite de sono tem oito e o resto do tempo é ocupado por cada um como entender. Assim é
na ilha da Utopia, objeto central da obra homónima de Thomas More publicada em 1516,
25 antítese da sociedade europeia do século XVI.
Redigida em latim, a Utopia, escreveu José de Pina Martins no estudo introdutório à
edição da obra de More da Fundação Calouste Gulbenkian (2006), é “um escrito fundamental
do humanismo”. “O ser humano encontra-se no centro do mundo e está nas suas mãos
decidir o seu destino”, explica Fátima Vieira. “(…) A obra é escrita num tempo novo, em que
30 o homem europeu encabeça os Descobrimentos, que revelam povos desconhecidos, ideias
e costumes diferentes, novas possibilidades. É de Portugal, um dos países protagonistas
dessas viagens intercontinentais, que vem a personagem central da obra — o navegador
Rafael Hitlodeu, que dá a conhecer a ilha da Utopia. A obra, classifica Pina Martins, é um
texto “do humanismo renascentista”. (…)
https://acervo.publico.pt/culturaipsilon/noticia/500-anos-depois-o-sentido-de-utopia-nao-
se-perdeu-1718282 (acedido a 10/05/2019)
61
1. A enumeração presente nas linhas 17 e 18 pretende realçar
(A) as qualidades da cultura europeia.
(B) as características da sociedade da ilha de Utopia.
(C) a excecionalidade da obra de Thomas More.
(D) a qualidade de um estudo da professora Fátima Vieira sobre a Utopia.
2. Os sintagmas “em estudos sobre a utopia” (linha 12) e “de Hitlodeu” (linha 9) desempenham as
funções sintáticas de
(A) modificador restritivo do nome e complemento do nome, respetivamente.
(B) complemento do adjetivo e complemento do nome, respetivamente.
(C) complemento do adjetivo e modificador restritivo do nome, respetivamente
(D) complemento do nome em ambos os casos.
3. Na linha 7, através do recurso ao advérbio “alegadamente”, o autor confere à frase em que está
inserido um valor
(A) apreciativo.
(B) de certeza.
(C) probabilidade.
(D) de permissão.
8. Indique o sujeito da oração “que vem a personagem central da obra” (linha 32).
62
GRUPO III
Redija uma apreciação crítica de uma das obras que leu no 10.ºano, no âmbito da
Educação Literária.
Escreva um texto bem estruturado, de duzentas a trezentas e cinquenta palavras,
respeitando as marcas do género, e fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a
dois juízos de valor e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas palavras –, há que atender
ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
OU
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, faça a apreciação crítica do quadro “O Grito” abaixo apresentado, da autoria de Edvard
Munch.
FIM
63
CC – Sebenta preparação para o Exame Nacional
10.ºano
Poesia Trovadoresca
1.
- paixão: o sujeito poético está apaixonado pelo seu amigo, por isso, sente-se triste quando este está
ausente e não tem alegrias na vida, ao contrário da sua presença, que lhe traz alegria (“que vos vejo,
folgarei/ (…)pois vejo quanto bem hei.”);
- tristeza: devido à ausência do amigo, a donzela deixar de ter vontade de se divertir, tendo perdido o
interesse por tudo (“Amigo, pois vos nom vi, /nunca folguei nem dormi,”);
- preocupação: como o amigo está ausente, deixa de conseguir dormir (“Amigo, pois vos nom vi, /nunca
folguei nem dormi,”);
- alegria: quando o amigo regressa, a donzela volta a ter vontade de se divertir e de aproveitar a vida,
porque o seu amigo está com ela (“De vos veer a mim praz”).
2.
Identificação do refrão: “que vos vejo, folgarei/(…)pois vejo quanto bem hei.”
- a presença do amigo traz felicidade à donzela, que recupera a vontade de se divertir e de aproveitar a
vida, e esta tem consciência do bem que o amigo lhe faz;
- contraste com a ausência do amigo, que lhe traz tristeza.
3. A
4. B
5.
- paixão: o sujeito poético está profundamente apaixonado pela sua “senhor”, mostrando-lhe que
a) ela transformou a sua vida ao deixá-lo naquele estado de enamoramento (“des que vos soubi mui gram
bem querer”, v. 2);
b) bastou vê-la para se apaixonar perdidamente (“des que vos vi”, v.8; “Tantas coitas passei dê’la sazom/
que vos vi”, vv.13 e 14);
- Sofrimento/ dor/coita de amor:
a) a “senhor” fez com que a vida do sujeito poético se tornasse cada vez mais amargurada, mudando
sempre para pior (“de mal em mal e peior6 de peior, / nom sei qual é maior coita, senhor.” – refrão);
b) o “eu” sofre intensamente como consequência desse amor (ex.: par Deus, nom poss'hoj'eu mi escolher
/ end'4a maior; mais5 per quant'eu passei”,vv.3 e 4; …) ;
c) a vida do “eu” é caracterizada por sofrimentos inimagináveis (“que nom poss'osmar a maior qual é”,
v.15; ….)
d) existe um amor não correspondido do “eu” pela sua “senhor”, na medida em que (bastou um olhar
para ele se apaixonar e começar a sofrer, o que indica que) há um distanciamento por parte da dama
(“des que vos vi”, v.8; “Tantas coitas passei dê’la sazom/ que vos vi”, vv.13 e 14).
6.
- Hipérbole (“tantas foram sem par”);
- o “eu” lírico profere uma descrição exagerada da sua dor causada pelo sofrimento amoroso, na medida em
que afirma que muitas das suas penas foram sem igual; OU o sujeito poético pretende destacar a intensidade
do seu sofrimento;
- manifesta dúvida ao não conseguir perceber (“osmar”), de todas as dores que o amor lhe causou, qual a pior;
OU - caráter excecional da “coita” do “eu” – não há dores mais intensas do que as que ele sente por amor;
(- amor/ “coita” sem par – convencionalismo típico do amor cortês/ das cantigas de amor.)
64
7. C
8.
Nesta composição, o trovador pretende criticar e ridicularizar a cobardia de certos cavaleiros no campo de
batalha.
- A repetição da expressão “que eu sei”, ao longo da composição, reitera a ideia de certeza: o sujeito
poético, como tivesse presenciado os atos de “Dom Foão”, não tem dúvidas do seu comportamento.
- O trovador quer mostrar que não se trata de uma mera opinião pessoal, mas de uma afirmação
assertiva, evidente, feita com conhecimento de causa.
9.
O refrão “sacudiu-se [e] revolveu-se, al-/çou rab' e foi sa via a Portugal.” reforça a caracterização do
cavaleiro, pois, através de um vocabulário depreciativo mostra que “Dom Foão” era um homem leviano e
cobarde, que fugiu dos inimigos.
- O refrão é contundente, uma vez que se associa o comportamento de Dom Foão ao de um boi
assustado, de um bezerro inexperiente ou de um cão que foge da jaula. Esta associação ridiculariza "Dom
Foão".
10.
11.
- há, por vezes, um interlocutor (nas cantigas de amigo, são as confidentes; nas cantigas de amor, é a
amada);
- ao nível formal, tanto nas cantigas de amigo como nas cantigas de amor pode haver refrão;
65
Aspetos que as distinguem:
- nas cantigas de amigo, há confidentes (mãe, amigas, natureza), o que não acontece nas cantigas de
amor;
- nas cantigas de amigo, a voz é feminina e, nas cantigas de amor, a voz é masculina;
- nas cantigas de amor, o motivo do sofrimento é a falta de correspondência amorosa e, nas cantigas de
amigo, o motivo do sofrimento é a ausência do amigo;
- nas cantigas de amigo, o espaço é rural e, nas cantigas de amor, embora não haja referências ao espaço,
percebe-se que é um ambiente de corte, uma vez que a mulher amada é tratada por “senhor”;
- nas cantigas de amigo, a mulher é de origem humilde (donzela) e, nas cantigas de amor, a mulher é de
origem nobre (referência a “senhor”);
-…
Exemplos de cantigas de amigo: “Ondas do mar de Vigo”, “Ai flores, ai flores do verde pino”, …
Exemplos de cantigas de amor: “Quer’eu em maneira de proençal”, “Senhor, eu vivo coitada”; “A dona
que eu am’e tenho por senhor”, …
1.
- Apresentavam uma identidade coletiva que os unia num propósito comum pois, apesar de famintos e
extenuados, quando os sinos tocavam para o combate:
- escondiam as suas fragilidades (fome);
- exteriorizavam valentia contra os castelhanos;
- eram solidários uns com os outros, partilhando o seu sofrimento.
2.
- O narrador tem como objetivo:
- partilhar com o leitor a subjetividade dos seus considerandos;
- trazer o leitor para aquele passado doloroso «Esguardae…» - realismo descritivo;
- fazer notar que quem nasceu depois daquela provação teve sorte;
- dar conta da vontade de Deus, cuja intervenção foi favorável aos portugueses.
3.1. B
3.2. A
3.3. C
3.4. B
4.
Exemplo:
Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes explora a crise de 1383-1385. Neste contexto, o Mestre de
Avis conta com a coragem e a resiliência do povo português para legitimar a Dinastia de Avis.
66
Deste modo, perante a ameaça da perda da independência, o povo consciencializa-se da sua
responsabilidade e da necessidade de se unir para que seja o Mestre a reinar. Assim, dirige-se ao Paço
acreditando que é a forma de evitar que matem o pretendente ao trono que apoiam (capítulo 11).
Além disso, durante a invasão castelhana, os populares permanecem unidos por um sentimento
patriótico. Este manifesta-se na preparação contra o cerco castelhano (capítulo 115) e na defesa heroica
de Lisboa, sujeitando-se os cercados à miséria (capítulo 148).
Concluindo, o povo afirma a sua consciência coletiva ao assumir a responsabilidade de lutar por
uma causa comum, a defesa da identidade e independência nacionais, guiando-se pelo patriotismo.
1.
- Inês Pereira desejava um homem que, ainda que pobre, fosse discreto, elegante, meigo, bem-falante e
que soubesse tocar viola - “mãe eu me nam casarei /senam com homem discreto.” (vv. 6-7) ; “Que seja
homem mal feito, /feo, pobre, sem feição/como tiver descrição/nam lhe quero mais proveito./E saiba
tanger viola” (vv. 10-14);
- Pero Marques é exatamente o oposto do ideal de marido que Inês procura;
- Apesar de ser um homem abastado e trabalhador, é bastante rústico, ingénuo, simples,
desconhecedor das regras de convivência social e ignorante.
2.
Ao longo deste excerto, a mãe de Inês Pereira revela
a) Surpresa por Pero Marques já ter ido embora, possível sinal de que o encontro entre os dois não
teria corrido da melhor forma – “Pero Marques foi-se já?” (v. 1);
b) Sensatez e preocupação com a filha, ao afirmar que Inês está a idealizar um marido que não lhe
trará felicidade- “Se nam tiveres que comer/o tanger te há-de fartar” (vv. 21-22);
c) Perspicácia, ao prever que o idealismo e a leviandade de Inês não a farão escolher o marido certo
– “Como às vezes isso queima” (v. 27);
d) Amizade, ao preocupar-se com o futuro de Inês, aconselhando-a (vv.21-22);
e) Experiência, ao explicar à filha que, quando não tiver dinheiro e passar fome, se arrependerá da
escolha que fez (vv.21-22).
3.
- Durante o diálogo que mantém com a mãe, Inês afirma que não se importa de ter um marido pobre,
desde que este a trate bem e seja elegante e discreto;
- Inês mostra-se determinada, ignorando os conselhos da mãe e reafirma, recorrendo a um provérbio
popular, que não alterará a sua ideologia – “Cada louco com sua teima /com uma borda de boleima/e
uma vez d'água fria/nam quero mais cada dia.”;
- Perante a insensatez da filha, a mãe afirma “Como às vezes isso queima!”, mostrando, assim, ser sensata
e prudente, preocupando-se com Inês e com as consequências negativas da sua decisão precipitada e
imprudente;
- Deste modo, a mãe pretende dissuadir Inês, convencendo-a a procurar um marido rico, que a possa
sustentar, para não ter de passar qualquer tipo de privações;
(- antítese entre “água fria” e “queima” a destacar a visão contrastante de mãe e filha relativamente ao
ideal de marido;
- a exclamação da mãe denuncia a inconsciência e ilusão da filha, destacando o quão errada esta está
relativamente à escolha do marido.)
67
4.
4.1. B)
4.2. A)
4.3. C)
4.4. D)
4.5. B)
4.6. A)
4.7. B)
4.8. D)
4.9. A)
4.10. A)
5.
- ESCUDEIRO BRÁS DA MATA (Escudeiro) aparenta ser o que não é, fazendo-se passar por um nobre
virtuoso, galanteador e afetuoso, relevando-se depois o oposto, ao ser cobarde, rude e agressivo. Ex.: no
primeiro encontro com Inês, usa uma linguagem elogiosa para seduzi-la e, após o casamento, não permite
sequer que ela cante OU o Escudeiro pede ao seu Moço para ser seu cúmplice no galanteio que faz a Inês,
de forma a seduzi-la no primeiro encontro, mas o Moço vai colocando a descoberto a verdadeira essência
do nobre, que ele tentava ocultar através de uma falsa aparência.
- PERO MARQUES (lavrador rústico) contrasta com Brás da Mata, porque não se apresenta com uma falsa
aparência. Esta personagem destaca-se por se comportar e agir de acordo com a sua essência, apesar de
evidenciar algum esforço, ainda que patético, para se adequar a determinadas situações. Na verdade, a sua
transparência decorre da sua ingenuidade, que o leva a não conseguir camuflar a sua essência. Ex.: ao não
saber utilizar a cadeira, admitindo-o, no primeiro encontro com Inês | ao dizer-lhe ter trazido peras para
lhe oferecer, quando na verdade nada tinha | ao evitar estar a sós com Inês logo no primeiro encontro | ao
carregar Inês às suas costas para que esta concretizasse os seus desejos, nomeadamente carregando-a à
ermida para que o traísse.
- INÊS PEREIRA também tenta aparentar o que não é como forma de corresponder às convenções sociais,
passando uma determinada imagem ou adotando um determinado comportamento só para estar de acordo
com o que é expectável na sociedade do seu tempo. Ex.: quando Inês chora a morte do Escudeiro, agindo
de acordo com o que era esperado de uma mulher viúva, apesar de estar feliz pela liberdade tão desejada
que essa morte representava para ela OU Inês é aconselhada pela mãe a ter um comportamento comedido,
mostrando-se tímida perante os seus pretendentes, de forma a corresponder ao ideal de mulher e, assim,
conseguir casar, apesar de Inês ser uma rapariga atrevida e rebelde, na sua essência.
- o ERMITÃO evidencia uma depravação moral, ao seduzir Inês e ao levá-la a cometer adultério, que não
seria expectável, atendendo ao facto de ser membro do clero. Assim, o Ermitão aparenta ser um simples
pedinte de esmola, mas aproveita-se dessa aparência para alcançar o que mais queria, ou seja, a
correspondência amorosa de Inês. Ex.: quando bate à porta de Inês e pede esmola, convencendo-a a
procura-lo na ermida para compensá-lo pelos anos de desgosto que vivera em sofrimento pelo amor não
correspondido.
- VIDAL E LATÃO | JUDEUS CASAMENTEIROS: aparentam preocupar-se com o futuro de Inês, procurando
satisfazer os seus desejos e, no entanto, revelando-se interesseiros e materialistas. Ex.: celeridade com que
68
abordam a mãe de Inês pedindo a recompensa pelos seus serviços, assim que se consuma o casamento
entre Inês e Brás da Mata.
Exemplificando:
Na Farsa de Inês de Pereira, a oposição ser-parecer surge associada à sátira feita a algumas
personagens da sociedade vicentina. Assim, duas figuras que evidenciam esse contraste são o escudeiro,
Brás da Mata, e Inês Pereira.
Já Inês finge encarnar o ideal feminino de então, de uma mulher submissa, quando o não é. Por
exemplo, após a morte do escudeiro, lamenta a sua má sorte com a Alcoviteira, quando está feliz pela
liberdade que a perda do marido lhe proporcionará.
Concluindo, a oposição ser-parecer surge na obra como forma de o dramaturgo criticar as mais
variadas classes sociais do seu tempo. Assim, leva-as a desempenhar papéis que não correspondem à sua
verdadeira essência.
Lírica camoniana
1.
- identificação da relação: oposição OU contraste – passado conotado positivamente versus presente conotado
negativamente;
- passado feliz sem que o sujeito poético o soubesse (“doces lembranças da passada glória”, v.1; “deste passado
bem que nunca fora;/ou fora, e não passara;”, vv. 6 e 7), mas irrecuperável, pois dele restam apenas as
lembranças (“em mim não pode haver mais que a memória ”, v.8);
- presente infeliz, feito de memórias (“Impressa tenho n’alma larga história”, vv.5 e 6) que atormentam o sujeito
poético (“deixai-me repousar em paz ũ’ hora”, v.3) e o deixam frustrado por ter consciência da irreversibilidade
do tempo, que não lhe permite voltar atrás (“mas já agora/em mim não pode haver mais que a memória”, vv.7 e
8).
2.
- A interjeição “Oh!” (v. 12) e a frase exclamativa “Quem tornar pudera a ser nascido” (v. 12) enfatizam:
▪ o desalento/tristeza/desnorte/lamento do sujeito poético perante a constatação de que o bem do
passado não permanece a não ser nas lembranças, que persistem em atormentá-lo por remeterem para
um bem efémero;
▪ o desejo de voltar a nascer, expresso nas formas verbais “pudera” e “soubera” (com valor de conjuntivo),
remete para:
- o desejo de ter aproveitado a felicidade do passado (“Soubera-me lograr do bem passado”, v.13) com
a experiência do mal presente que já tem;
- a hipótese de prevenir-se para o futuro, evitando criar expetativas, de forma a não voltar a viver
desilusões (“se conhecer soubera o mal presente”, v.14);
- a consciência da impossibilidade de concretização desse mesmo desejo.
3. A
4. B
5.
5.1. B)
5.2. C)
5.3. A)
5.4. B)
69
5.5. A)
5.6. D)
5.7. B)
6.
- desconcerto do “eu”/reflexão sobre a vida pessoal – o presente é percecionado de forma negativa; o “eu”
vive em constante sofrimento, devido ao amor, aos seus próprios erros e ao Destino; o “eu” quis ser feliz,
mas nunca conseguiu e a experiência contribui para que perca a esperança de encontrar o “bem” (“Erros
meus, má fortuna, amor ardente”)
- representação da natureza - local idílico e harmonioso (locus amoenus), mas que não é valorizado pelo
“eu” devido aos seus sentimentos disfóricos; pode ser testemunha da separação amorosa (“Aquela triste e
leda madrugada”); pode, ainda, ir ao encontro dos sentimentos do “eu” (“Alegres campos, verdes
arvoredos”);
- a mudança – oposição entre o tempo da natureza (a mudança é cíclica) e o tempo humano (a mudança é
sempre para pior) (“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”);
- desconcerto do mundo – o mundo encontra-se do avesso, uma vez que os bons são castigados e os maus
são valorizados (“Ao desconcerto do mundo”);
-…
Os Lusíadas, Camões
1.
- O poeta pede ao Rei que veja como os portugueses:
• Se expõem a todos os perigos da guerra e do mar, pelos vários caminhos do mundo, revelando
coragem e entrega à Pátria (est. 147);
• Se mostram prontos a tudo para o servir, obedecendo-lhe, cegamente e sem se queixarem,
mesmo tão longe dele, a todas as suas ordens (est. 148);
• Dispostos a lutar com o rei contra tudo e a torná-lo vencedor (est. 148) e, assim, glorificar o povo
português.
2.
- Se o Rei se lançasse num empreendimento digno de ser cantado (como era pressagiado, atendendo à sua
inclinação divina), quer fazendo-se temer de longe no Norte de África, quer batalhando nos seus campos e
conquistando cidades;
70
- o poeta promete-lhe que tornará o Rei conhecido em todo o mundo, equiparando-o a um Alexandre
Magno ou a um Aquiles / ou tornando os seus feitos e o próprio Rei imortais, através do seu canto / dos
seus versos.
- incentivar/motivar o empreendimento e imortalizar pela escrita.
3.
4.
Exemplo:
Por um lado, a mitologia na obra camoniana contribui para cumprir as características próprias de
uma epopeia, imitando os clássicos, uma vez que é uma obra renascentista. No entanto, Camões não
esquece o contexto em que vive, marcadamente cristão, e, na explicação da “Máquina do Mundo”, refere
que os deuses pagãos assumem, na obra, apenas um papel estético. De qualquer forma, surgem
recorrentemente no texto épico para mostrar os vários obstáculos ou a boa fortuna que o povo português
sofreu no percurso da viagem (personificados por Marte ou Vénus, por exemplo).
Por outro lado, o plano mitológico também contribui para glorificar os portugueses, comparando-
os aos deuses. Atendendo às características que apresentam, nomeadamente a coragem, a força, a
resiliência, entre outros, os lusitanos conseguem atingir o seu objetivo e são recompensados pelos deuses
através da “Ilha dos Amores”. Neste episódio, homens e ninfas pertencem ao mesmo plano, o divino, sendo,
assim, valorizados os feitos deste povo, nunca antes realizados.
11.º ano
71
Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira
1. (D) à Exposição/Confirmação, pois apresenta um peixe em particular que está a ser louvado.
2. (A) docere, dado que se transmite o ensinamento de que o peixe não é característico do habitat da região.
3.
- “pescam as varas (…); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões”; (identificar uma)
- repetição insistente do verbo “pescar” a representar a ganância de obter, de possuir;
- referência a diferentes símbolos das classes prestigiadas da sociedade, como os juízes, capitães e membros
do exército, por exemplo;
- a anáfora dá enfâse à ideia de que são os grupos mais favorecidos, e em maior quantidade, a praticar o
roubo/a exploração/ a usurpação.
4.
- O torpedo, pelas suas propriedades de produzir eletricidade/energia, faz tremer o braço do pescador;
- Santo António, com o seu sermão, fez tremer 22 pescadores, ou seja, tem a capacidade de fazer o homem
arrepender-se, restituir o que roubou, confessar o seu crime, enfim, tornar-se num homem melhor.
5.
“na terra pescam as varas”; “pescam as ginetas”; “pescam as bengalas”; “pescam os bastões”; “até os
ceptros pescam”; “pescam cidades e reinos inteiros.”
6.
“Pois é possível que pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?!” (ll. 21 e 22)
7.
7.1. V.
7.2. F. A primeira parte é o Exórdio onde se apresenta o conceito predicável.
7.3. F. Invoca a Virgem Maria para dar inspiração ao próprio orador.
7.4. V.
7.5. V.
7.6. F. São elogiados no capítulo III.
7.7. V.
7.8. F. O paralelismo é entre o orador e os peixes.
7.9. V.
8.
Considerando o estudo que fez da obra do Pe. António Vieira Sermão de Santo António aos Peixes, elabore uma
breve exposição em que demonstre como o orador louva e repreende os peixes.
• Louvores:
- em geral (capítulo II):
- ouvem e não falam;
- foram os primeiros seres criados por Deus;
- primeiros animais nomeados;
- são os mais abundantes e, entre eles, encontram-se os animais de maior dimensão;
- é entre eles que se encontram os melhores seres;
- revelaram obediência, respeito e devoção - escutaram Santo António;
- são prudentes;
- salvaram Jonas;
- não se deixam domesticar nem corromper pelos homens;
72
- desconfiam dos homens e, por isso, se salvaram, por exemplo no Dilúvio.
1.
- Informação: os governadores ao serviço de Espanha querem instalar-se no palácio de D. Madalena e
Manuel de Sousa;
- Maria: reage com entusiasmo (cf. didascália); quer resistir; exterioriza o seu patriotismo exacerbado;
- D. Madalena: inicialmente age com indiferença, mas as saber que estes se querem alojar na sua casa fica
assustada e indignada; exterioriza grande preocupação e culto do eu;
- São, portanto, reações opostas.
2.
3.
4.
Devem ser abordados dois dos tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes, para comprovar que
Maria se afasta daquilo que a família espera dela:
‒ interessa-se pela leitura/pelas conversas com os adultos, em vez de brincar/de cultivar a alegria, como lhe
sugerem os familiares;
‒ tem consciência da situação política do país, patente, por exemplo, no orgulho pela ação patriótica do pai
contra o domínio castelhano/no conhecimento da realidade política da época;
‒ revela-se patriota/sebastianista, como se depreende, por exemplo, do apego aos símbolos nacionais/da
crença no regresso de D. Sebastião/do discurso de oposição aos «tiranos»;
‒ revela preocupação com o bem comum/idealismo, patente, por exemplo, na referência às condições de
vida do povo/na vontade de tornar o mundo mais justo (de «emendá-lo»);
‒ manifesta desapego dos bens materiais/desvaloriza o conforto, como se depreende, por exemplo, da
reação que manifesta quando o pai ateia fogo ao palácio onde a família habita.
1.
- Simão, acima de tudo, deseja a liberdade, não aceitando a alteração da sua pena;
- a mudança da pena do degredo para 10 anos de prisão é, para o protagonista, algo de muito mais intolerável,
pois prefere a morte ao aprisionamento;
- a valorização da liberdade acima de tudo, até da própria vida, caracteriza-o enquanto herói romântico;
- a partida para o degredo é também uma mais-valia por permitir o afastamento de tudo aquilo que passou
a odiar: o país e a sua própria família.
2.
74
- “Vejo a aurora da paz…”: eufemismo ou metáfora;
- Teresa sente a morte a aproximar-se, expressando-o claramente a Simão;
- Teresa encara a morte enquanto libertação do mal/sofrimento que lhe foi causado em terra pelo seu amor
proibido/reprimido pela família/sociedade e encara-a de forma positiva por ter esperança de que, na morte
(no “Céu”), se possa dar o reencontro com o amado.
3.
- herói romântico: valorização de princípios como a igualdade (influência da Revolução Francesa/ideias liberais),
o que faz com que distribua os bens que lhe são dados pelos seus companheiros de martírio, que encara como
iguais;
- manifestação de desprezo pela família biológica, em particular pela mãe, quem lhe endereçou aquele dinheiro,
que ele rejeita – marca do individualismo da personagem e afastamento em relação à família;
- não tolera ser privilegiado, aceitando, apenas, o dinheiro para poder distribuí-lo por aqueles que considera que
podem precisar realmente dele.
4.
4.1. A)
4.2. C)
4.3. B)
4.4. A)
4.5 C)
4.6. C)
4.7. B)
4.8. A)
4.9. A)
4.10. A)
4.11. A)
4.12. B)
4.13. C)
4.14. C)
4.15. B)
4.16. C)
4.17. A)
4.18. A)
4.19. B)
4.20. C)
4.21. C)
5.
Exemplo:
Na obra Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, a par de uma história passional, é possível
encontrar várias críticas à sociedade do início do século XIX e a necessidade de mudança, de forma a que a
sociedade anule o seu efeito castrador no ser humano. Assim, se, por um lado, a sociedade privilegiava
75
determinadas classes e a figura paterna era vista como autoritária, por outro, o desejo de liberdade
imperava nos mais jovens, de forma a obter justiça social e igualdade entre todos.
Efetivamente, o autoritarismo paterno contribui para que o amor não vença e para que os filhos,
principalmente do sexo feminino, estejam subjugados à vontade familiar. Assim, os casamentos de
conveniência e as idas para o convento em caso de desobediência tomam lugar nesta obra camiliana, para
retratar uma sociedade marcada pelo Antigo Regime. É exemplo desta crítica social a vontade de Tadeu de
Albuquerque em casar a filha Teresa com o primo Baltasar e o facto de a amada de Simão ter ido para o
convento por se negar a cumprir a vontade do pai.
Para além da denúncia de uma sociedade repressiva, esta novela retrata ainda o espírito de herói
romântico de algumas das suas personagens, que personificam os ideais provenientes da Revolução
Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade). Opondo-se às convenções sociais, Simão desvaloriza o seu
estatuto social, ridicularizando-o, e, num ato de rebeldia, defende os mais frágeis, promovendo, assim, a
fraternidade e a igualdade entre todos. Exemplificando, Simão, numa rixa entre criados no chafariz,
defendeu o seu criado, envolvendo-se na briga.
1.
- espontâneo, na convivência com os adultos (“Carlos veio logo estirar-se ao pé dela, meio deitado para as
costas do canapé, bamboleando as pernas.”);
- insolente, por responder e não olhar para a viscondessa quando a mesma fala com ele (“Estou cansado,
governei quatro cavalos – replicou ele, insolente e sem a olhar.”);
- desobediente, quando reinicia a brincadeira, tendo-lhe sido pedido expressamente para parar (“De
repente, porém, de um salto, precipitou-se sobre o Eusebiozinho”);
- malicioso/provocador, na brincadeira e trato com Eusebiozinho (“o Carlinhos, que, de mãos atrás das
costas e aos pulos em roda do canapé, ria, arreganhando para o Eusebiozinho um lábio feroz.”);
- com capacidade de argumentação, quando contesta as horas de se deitar (“- Ainda é muito cedo, Brown,
hoje é festa, não me vou deitar!“);
2.
- Diminutivo, “Eusebiozinho”, reflete a conotação pejorativa atribuída pelo narrador à personagem; reflete
a sua pequenez/fragilidade psicológica e física;
- Diminutivo, “titi”, reflete a conotação pejorativa atribuída pelo narrador à personagem; reflete o excesso
de zelo da personagem, claramente contraproducente para o crescimento integral do sobrinho;
76
3.
3.1. A casa que Os Maias vêm habitar em Lisboa no Outono de 1875 chama-se Ramalhete.
3.2. A ação recua no tempo (1820) e é narrada a juventude de Afonso, filho de Caetano.
3.3. Afonso, depois de casar com Maria Eduarda Runa, é exilado para Inglaterra devido a razões de ordem
política.
3.4. Na infância, Pedro, filho de Afonso, embora vivendo em Inglaterra tem uma educação portuguesa.
3.5. Pedro, já adulto, em Lisboa, apaixona-se por Maria Monforte e, dessa união, nascem dois filho(s).
3.6. Os dois irmãos são separados porque Maria Monforte foge com Tancredo.
3.7. Maria Eduarda Maia é levada por Maria Monforte.
3.8. Carlos é criado e educado pelo avô porque o seu pai se suicida e a sua mãe foge.
3.9. Carlos é educado à maneira inglesa, contrapondo-se a sua educação à de Eusebiozinho.
3.10. Mais tarde, em Coimbra, Carlos tira o curso de medicina.
3.11. Após a formatura, este viaja pela Europa.
3.12. Quando, em 1875, chega a Lisboa, monta um luxuoso consultório, mas não tem sucesso.
3.13. Envolve-se com a Condessa de Gouvarinho, mulher casada com um alto representante da política
portuguesa, o Conde de Gouvarinho.
3.14. Por sua vez, o seu amigo Ega vive na Vila Balzac e tem um caso com Raquel Cohen.
3.15. No Hotel Central, Carlos é apresentado a Alencar e vê pela primeira vez Maria Eduarda.
3.16. No Hotel Central, Ega e Alencar envolvem-se em forte discussão literária devido ao facto de o primeiro
ser a favor do Realismo e o segundo do Ultrarromantismo.
3.17. Carlos vai a Sintra, acompanhado por Cruges, com a esperança de conhecer Maria Eduarda. Este
objetivo é frustrado, encontrando, no entanto, Eusebiozinho e Palma Cavalão no Hotel Nunes,
confraternizando com espanholas.
3.18. Carlos é levado por Dâmaso ao Hotel Central, para consultar Rose, filha de Maria Eduarda.
3.19. Ega é expulso de casa dos Cohen, pois Jacob Cohen descobre a infidelidade da mulher.
3.20. As visitas de Carlos à casa de Maria Eduarda tornam-se frequentes devido à doença de Miss Sara.
3.21. Carlos declara-se a Maria Eduarda e compra a Craft uma quinta nos Olivais, a Toca, para aí se refugiar
com Maria Eduarda, por pensar que ela era casada com Castro Gomes.
3.22. Carlos visita o avô em Santa Olávia e, quando regressa, é humilhado por Castro Gomes que lhe diz
não ser casado com Maria Eduarda.
3.23. Carlos ouve a história de Maria Eduarda que lhe conta o seu passado e ele perdoa-a, pedindo-a em
casamento.
3.24. A relação dos dois é publicitada na Corneta do Diabo sob a forma de notícia escandalosa.
3.25. Palma “Cavalão”, a troco de dinheiro, denuncia Dâmaso como ator da notícia. Este, sob a forte pressão
de Ega, retrata-se como bêbedo numa carta que será publicada no jornal A Tarde.
3.26. Carlos e Ega vão assistir a um sarau no Teatro da Trindade onde discursam teatralmente Rufino,
orador provinciano, e Alencar, numa declamação ultrarromântica. Atua Cruges, um músico talentoso, mas
não apreciado pela sociedade.
3.27. Ainda no Sarau, Ega é interpelado por Guimarães, que afirma ter um cofre pertencente a Maria
Monforte para entregar a Carlos ou a sua irmã.
3.28. Ega procura Vilaça e, depois de o cofre ser aberto, fica a saber-se a verdade sobre Carlos e Maria
Eduarda, pois uma carta de Maria Monforte revela a identidade de Maria Eduarda.
3.29. Carlos e Afonso são confrontados com a verdade e Ega aconselha o amigo a partir para Santa Olávia.
3.30. Ao invés, Carlos vai à rua de S. Francisco e comete incesto voluntário.
3.31. Afonso apercebe-se da tragédia que está a atingir a família e morre no quintal do Ramalhete.
3.32. Ega conta a verdade a Maria Eduarda e esta parte para Paris.
3.33. Carlos e Ega fazem uma longa viagem de ano e meio. Carlos fica a viver em França.
3.34. Em janeiro de 1887, Carlos regressa a Portugal e encontra-se com Ega. Os amigos dão um longo
passeio e visitam o Ramalhete.
3.35. No final da narrativa, Carlos e Ega fazem um balanço das suas vidas, concordam que falharam a vida.
O primeiro afirma a sua total adesão ao fatalismo muçulmano. Ega concorda com ele.
4.
77
- Literatura romântica/realista (Alencar e Ega) OU economia/finanças -caminho para a bancarrota> o país
não produz o suficiente> solução: aumentar os impostos> irresponsabilidade e despreocupação das classes
dirigentes (Cohen)/ Falta de empenho e de propostas/ cobardia das elites – Jantar do Hotel Central;
- Jornalismo tendencioso, parcial e sensacionalista – caso da carta a difamar Carlos e Maria Eduarda - Jornal
“A Tarde” e “Corneta do Diabo”;
- Oratória parlamentar oca e desprovida de conteúdo (Rufino); classes elevadas pouco cultas e fúteis (não
reconhecem o talento de Cruges) – Sarau no Teatro da Trindade.
- Adultério (entre João da Ega e Raquel Cohen/ entre Carlos e a Condessa de Gouvarinho) – baile de
máscaras dos Cohen OU passeio a Sintra
Antero de Quental
1.
− Consciência da inevitabilidade da ação do Destino (“em vão lutamos”);
− Todo o sonho, pensamento e vontade humana se desvanecem, são inúteis (as vozes ecoam num
deserto);
− O Destino impõe-se, insensível e imperturbável, ninguém escapando à sua força.
2.
- apóstrofe - aspiração ao Ideal;
- "Mas" - contraste entre desejo e a realidade;
- 2.º terceto – realidade conotada negativamente como um "deserto só, árido e fundo" em que o Destino
inexorável impede a concretização do Ideal.
3.
3.1. V.
3.2. F. A morte surge regularmente como libertadora do “eu”, logo, está presente
no seu pensamento.
3.3. V.
3.4. V.
3.5. F. A disforia é o sentimento dominante na poesia anteriana, apesar de haver
poemas mais otimistas.
4.
Temáticas de poesia de Antero de Quental
Configurações do Ideal – o “eu” anseia por encontrar a Felicidade (Ventura), a Justiça, o Amor, de forma
pura e absoluta. Procura incessantemente o ideal. No entanto, sendo o mundo terreno imperfeito, nunca
consegue atingir o que ambiciona – “O Palácio da Ventura”; “Ideal”; “Justitia Mater”;
Angústia existencial – Como consequência da sua busca, o sujeito poético sofre por não conseguir atingir o
Ideal. A sua vida é marcada por uma incessante procura de um sentido para a existência, que se revela
infrutífera – “O Palácio da Ventura”; “Nox”; “Tormento do Ideal”.
78
Cesário Verde
1.
- O sujeito poético deambula pela cidade, na “noite fechada”, no momento em que começam a iluminar-se “os
andares” (v. 9) e os espaços comerciais noturnos (v. 10).
- Nesse ambiente, sente-se mortificado e mórbido (vv. 2 e 6), sentindo chorar “o coração que se enche e que se
abisma” (v. 8), e também afrontado com “as íngremes subidas,/E os sinos dum tanger monástico e devoto” (vv.
19-20).
2.
- Estão representadas no texto essencialmente sensações auditivas e visuais, que contribuem para a
configuração do cenário perturbador da cidade ao final da tarde e início da noite.
- Exemplificam as sensações auditivas as passagens: “Toca-se as grades, nas cadeias. Som/Que mortifica e deixa
umas loucuras mansas!” (vv.1-2); “Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,/E os sinos dum tanger
monástico e devoto.” (vv. 19-20).
- As sensações visuais surgem representadas nas passagens: “Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;/À
vista das prisões, da velha Sé, das cruzes,/Chora-me o coração” (vv. 6-8); “A espaços, iluminam-se os andares,/E
as tascas, os cafés, as tendas, os estancos /Alastram em lençol os seus reflexos brancos” (vv. 9-11); “Duas
igrejas, num saudoso largo,/Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero” (vv. 13-14); “Muram-me as construções
retas, iguais, crescidas;/Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas” (vv. 18-19).
3.
- Na última estrofe, o sujeito poético destaca a figura de Camões, fazendo referência à estátua do “épico de
outrora” (v. 24), “Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras” (v. 23);
- Contrapõe o imaginário épico exaltado pelo autor d’ Os Lusíadas à situação de decadência do país, simbolizada
no “recinto público e vulgar” preenchido apenas por “bancos de namoro e exíguas pimenteiras” (v. 22).
4.
4.1. V.
4.2. F. O espaço citadino é descrito como um espaço que incomoda e aprisiona o
sujeito poético.
4.3. V.
4.4. V.
4.5. F. O desejo de evasão é suscitado pelo espaço citadino devido, muitas vezes,
às injustiças sociais.
4.6. V.
4.7. F. O poema encontra-se dividido em quatro partes – “Ave-Maria”, “Noite
Fechada”, “Ao Gás” e “Horas Mortas”.
4.8. V.
5.
Na resposta, deve ser referida uma característica da cidade enquanto espaço físico e uma característica da
cidade enquanto espaço humano. Os tópicos a seguir apresentados constituem apenas exemplos,
podendo ser abordados outros igualmente relevantes.
79
‒ é marcado por contrastes entre espaços de riqueza/bem-estar e espaços de pobreza, por exemplo, a
casa apalaçada ou os hóteis da moda vs. o casebre ou os bairros degradados (em «Num Bairro Moderno»
e em «O Sentimento dum Ocidental»).
12.º ano
1.
Os mais nítidos traços de autocaracterização do sujeito poético são os seguintes: a incompreensão de si
mesmo («Não sei porque é que sou assim.»); a incapacidade de sentir sem pensar («Sentir foi sempre para
mim / Uma maneira de pensar.»); a inquietação interior, representada pelo «rodopio / Das folhas secas»,
que impedem o encontro consigo mesmo («Não consigo ser eu a fio»).
2.
A recordação de uma velha canção entristece o sujeito poético, no entanto, ele não sabe determinar, com
exatidão, o motivo da tristeza. Essa tristeza advém do facto de a cantiga ser antiga e, por isso, remeter para
um passado distante, que já não existe? Ou é o sujeito poético que é antigo, condição de que a cantiga o
faz tomar consciência e, logo, tem o efeito de o deixar triste? Seja como for, na base da tristeza do sujeito
poético está a memória nostálgica de um passado distante e irrecuperável, espoletada pela lembrança de
uma cantiga que pertence a esse passado.
3.
As duas linhas temáticas pessoanas que melhor se evidenciam no poema são: a dor de pensar, provocada
pela incapacidade de sentir sem a interferência do pensamento («Sentir foi sempre para mim / Uma
maneira de pensar.») e a nostalgia da infância, patente na segunda estrofe.
4.
- Afirmação da consciência de que o sonho é inerente à essência do sujeito poético (“Sonhando sou eu só.”,
verso 6);
- necessidade de evasão da realidade - refúgio no sonho (“(…)tudo o que é a vida / Tornado amor e luz, o
que o sonhar / Dá à imaginação anoitecida.”, versos 6 a 8);
- o espaço do sonho é um espaço de felicidade, mas, sendo fruto deste, é inacessível («Sei, sim, é belo, é
longe, é impossível», verso 13);
- indistinção entre estados ilusórios e reais (“Não sei se é sonho, se realidade, / Se uma mistura de sonho e
vida,”, versos 1 e 2);
-…
80
Alberto Caeiro
1.
É através das sensações captadas pelos cinco sentidos (visão, ouvido, tato, olfato, paladar – vv. 4-6) , que o
sujeito poético estabelece a relação com a realidade, seja ela flor, fruto ou dia de calor. Essa forma de
relação sensacionista com o real basta-lhe, pois é a que lhe traz a verdade desse real. Ao afirmar a sensação
como fonte única do conhecimento do real, o “eu” nega o pensamento, submetendo-o à sensação. Caeiro
consegue, assim, unir o pensar ao sentir, afirmando, por exemplo, «Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la / E
comer um fruto é saber-lhe o sentido.»
2.
Recursos expressivos
Metáfora: «Sou um guardador de rebanhos»; «O rebanho é os meus pensamentos». Estas metáforas são
essenciais para a compreensão de toda a poética de Caeiro, cujo livro se chama, precisamente, «O
Guardador de Rebanhos». Através destas metáforas, Caeiro assume a sua dimensão de poeta bucólico,
intimamente ligado à Natureza, ao mesmo tempo que nos fornece a interpretação desse bucolismo: ele é
pastor de um rebanho que são os seus pensamentos, guardando-os, não deixando que eles se libertem,
mas que se diluam e convertam em sensações.
Anáfora – este recurso está ligado ao tipo de articulação do discurso: muito simples, com predomínio da
coordenação, neste caso aditiva (conjunção coordenativa copulativa – e)
Enumeração – a enumeração dos órgãos dos sentidos, nos versos 4 a 6, contribui decisivamente para a
afirmação da relação sensacionista com o real.
Antítese – Na última estrofe poderemos considerar a antítese «Triste» / «feliz», dois estados contrastivos
que o sujeito poético experimenta na sua relação sensacionista com a Natureza.
3.
- Observação objetiva da realidade (“A borboleta é apenas borboleta / E a flor é apenas flor.”, versos 8 e 9
– poema XL de “O Guardador de Rebanhos”);
- as perceções sensoriais assumem um papel crucial, pois a realidade é percecionada pelo sujeito poético
através dos cinco sentidos, tomando, dessa forma, conhecimento do mundo que o rodeia (“Se eu pudesse
trincar a terra toda / E sentir-lhe um paladar,, versos 1 e 2 – poema XXI de “O Guardador de Rebanhos”);
- sensacionismo: a sensação sobrepõe-se ao pensamento (“(Pensar é estar doente dos olhos)”, verso 17);
- encontro e descoberta da “eterna novidade do mundo”, numa atitude de “pasmo essencial” (“Sinto-me
nascido a cada momento / Para a eterna novidade do Mundo..., versos 11 e 12 – poema II” de “O
Guardador de Rebanhos”);
- contacto e comunhão com a Natureza, vivendo tranquila e alegremente no seio da mãe Terra (“Sinto
todo o meu corpo deitado na realidade, / Sei a verdade e sou feliz., versos 13 e 14 – poema IX de “O
Guardador de Rebanhos”);
-…
Ricardo Reis
3.
Ao longo do poema, é evidente a ideia de fatalismo, que perpassa nas crenças de que não se pode modificar
o destino (vv. 1, 16 e 17) e de que não se lhe deve oferecer resistência (vv. 12-13 e 16-20). É essencial
procurar não sofrer e aceitar a vida sem a questionar, uma vez que nunca se obterá uma resposta.
4.
Na última estrofe, o sujeito poético aconselha a imitar o Olimpo, nas figuras dos seus deuses e naquilo que
eles revelam de aceitação. Só desse modo, evitando questionamentos que nada acrescentam à existência,
será possível viver sem perturbações.
5.
- Ricardo Reis procura seguir algumas teorias filosóficas de vida, assentes na cultura clássica, as mesmas
que aconselha aos seus interlocutores (normalmente, figuras femininas como Lídia), tais como:
- epicurismo:
- estoicismo:
- horacianismo:
- neopaganismo:
• vivência na essência pagã, pela eliminação da racionalidade abstrata e pela rejeição da metafísica
ocidental;
• cosmovisão hierárquica ascendente – animais, homens, deuses e Fado.
-…
Exemplos:
82
a) “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.”
✓ fruição moderada dos prazeres fugazes que são concedidos – “a vida passa, e não estamos
de mãos enlaçadas. / (Enlacemos as mãos).”, versos 3 e 4;
✓ …
Álvaro de Campos
1.
Ao acordar, sozinho, na noite, o sujeito poético experimenta diversas sensações (auditivas: o silêncio, o
tictac; visuais: a janela iluminada do vizinho e a luz da sua própria janela; e tácteis: a humidade da noite),
que desencadeiam os seguintes sentimentos:
– «desespero» pela «insónia» que o despertou;
– surpresa, júbilo e depois curiosidade, face à luz de uma janela, que assinala a presença de outro ser
humano em vigília como ele;
– «fraternidade» e comunhão com esse outro ser, acordado como ele, naquela hora de solidão noturna.
2.
O poema termina com a apóstrofe «Ó candeeiros de petróleo da minha infância perdida!», que remete, de
imediato, para um sentimento de nostalgia da infância irremediavelmente perdida pelo sujeito poético.
Esta nostalgia, desencadeada pela visão da luz de um candeeiro de petróleo como os da sua infância, é um
tema que Álvaro de Campos partilha com Fernando Pessoa ortónimo.
3.
- Álvaro de Campos e Alberto Caeiro encontram-se em espaços físicos diferentes: Campos na cidade e Caeiro
num meio natural.
- Campos, na segunda fase, está em contacto com as máquinas, elogiando o futuro, a velocidade, a
modernidade; Campos, na terceira fase, em contacto com figuras humanas, está num estado emotivo
angustiante, recorrendo à memória e, consequentemente, ao pensamento.
- Por seu lado, Caeiro recusa a razão e não fala do passado; faz a apologia dos sentidos imediatos ao referir-
-se a uma realidade rural e natural, com a qual está em perfeita comunhão.
Exemplos:
Poemas de Campos: “Ode Triunfal”; “Aniversário”; “Lisbon Revisited 1926”; …
Poemas de Caeiro: “O meu olhar é nítido como um girassol”; “Sou um guardador de rebanhos”; …
83
Mensagem, de Fernando Pessoa
1.
- Anáfora de “De quem” OU Interrogação “De quem são as velas onde me roço? / De quem as quilhas que
vejo e ouço?”;
- Ansiedade/indignação do Mostrengo refletida na repetição sucessiva da expressão “De quem”/ na
acumulação de interrogações sucessivas sem espaço para resposta (reflete, igualmente,
superioridade/altivez do monstro);
- Curiosidade/ desejo de conhecer a identidade de quem ousa “invadir” o seu espaço.
2.
- v. 8, “E o homem do leme disse, tremendo”, gerúndio, em simultaneidade com o verbo “dizer”, exprime
o medo que se apodera do homem do leme;
- v. 17, “E o homem do leme tremeu, e disse”, pretérito perfeito, acompanhado posteriormente pelo verbo
“dizer”, maior contenção das emoções por parte do homem do leme;
- v. 21, “E disse no fim de tremer três vezes”, infinitivo, maior separação das ações (tremer – dizer), reflete
maior segurança do homem do leme que domina as suas emoções/o sentimento de medo.
3.
Exemplo:
Na obra Mensagem, de Fernando Pessoa, o Sebastianismo surge como ideia central, na medida
em que é necessário tirar o país da decadência em que se encontra mergulhado. Assim, a partir do
desaparecimento de D. Sebastião, em Alcácer-Quibir, nasce a crença de que o rei regressará para salvar o
país e colocá-lo, novamente, no caminho da glória.
De facto, a referência ao desaparecimento do rei, que é o motor para o início da perda da glória,
está presente de diversas formas, seja enquanto verdade histórica, marcada, por exemplo, no poema “D.
Sebastião, Rei de Portugal” (primeira parte da obra), seja enquanto mito, presente no poema “A última
nau” (segunda parte de Mensagem).
Por sua vez, é também ao rei D. Sebastião que está atribuída, embora enquanto mito, a ideia da
recuperação da glória perdida. Acredita-se no seu regresso, enquanto messias, para restaurar o tempo
áureo já conhecido pelos portugueses no tempo dos Descobrimentos. A ideia do seu regresso e da
recuperação do país encontra-se, por exemplo, no poema “O Desejado” (terceira parte da obra).
Concluindo, o Sebastianismo está presente noa obra pessoana Mensagem através da referência
ao acontecimento histórico que deu origem ao mito, nomeadamente o desaparecimento do rei em Alcácer-
Quibir. Para além disso, surge enquanto crença da recuperação do que o rei simboliza através do seu
regresso: a glória.
84
Contos
1.
- Dr. Bekett - Muito ansioso e insistente, desejando exercer a sua atividade profissional, ia, ele próprio, ao
encontro dos transeuntes, potenciais pacientes, na rua;
- Uma vez que dificultava a tarefa do semaforeiro e que se sentia ele próprio condicionado por Ramon,
surge a insatisfação e o conflito; interferência mútua nas tarefas desempenhadas;
- Intransigente/altivo, não admitia os comentários do semaforeiro.
2.
- "Famílias desavindas":
- Relação conflituosa entre Ramon e o Doutor João Pedro Bekett;
- continuada pelos descendentes das duas famílias que mantiveram as discórdias, a saber: Ximenez,
Asdrúbal e Paco (semaforeiros) vs. João e Paulo.
3.
- Peripécia final: contrariando as expectativas, quando o semaforeiro Paco se lesiona, o Dr. Paulo substitui-
o;
- O seu gesto espelha remorsos, por um lado, e sentido de responsabilidade/consciência, por outro,
anulando a ideia de que há grupos de trabalho superiores a outras;
- Sugere-se a reconciliação e o final do conflito entre os dois grupos, um conflito que parecia perpetuar-se.
1.
- O primeiro verso acentua a responsabilidade individual na concretização de um destino, ou objetivo, também
pessoal, metaforicamente apresentado no verso 2 como “Chegar à Índia ou não”.
- A primeira estrofe reforça a ideia inicial do poema, salientando a força da “vontade” que deve presidir às
conquistas e não depender de “fados a favor/E a desfavor”, posteriormente convocados para as justificar.
2.
- O verso 12 recorre à metáfora (“Adamastor”) para intensificar a força das adversidades contra as quais “o
ânimo” (v. 11) pessoal terá de lutar na concretização dos seus objetivos.
3.
- Os três últimos versos prosseguem a interpretação metafórica dos sonhos e das conquistas pessoais.
- Realçam a importância de investir neles de forma total e completa, pois, como a anáfora sugere, procurá-los
com “meia viagem” ou “meia medida” “nunca” acarretará o “triunfo” (v. 13) desejado.
1.
Do comportamento dos corregedores, podemos destacar a frieza com que era feito o recrutamento bem
como a indiferença perante a idade ou a condição. Não havia argumento que os pudesse demover. Se
necessário, usavam a força e pediam a intervenção dos quadrilheiros (agressividade). Os homens eram
tratados como escravos (desumanidade).
Insensibilidade/frieza – “[…]entrava nas casas, empurrava os cancelos dos quintais, saía ao campo a ver onde
se escondiam os relapsos[…]atavam-nos com cordas[…]como galés ou escravos. – […] ” / “[…]e se começava
a dizer as suas razões não as acabava[…]”.
Indiferença – “[…], tanto fazia que estivesse o requisitado na força da vida como já lhe escorregasse o rabo
da tripeça, ou pouco mais fosse que menino.”.
85
Agressividade – “[…]e se começava a dizer as suas razões não as acabava, deitavam-lhe a mão os
quadrilheiros, batiam-lhe se resistia, muitos eram metidos ao caminho a sangrar.” .
Desumanidade – “ […]os carcereiros atavam-nos com cordas, variando o modo, ora presos pela cintura uns
aos outros, ora com improvisada pescoceira, ora ligados pelos tornozelos, como galés ou escravos.”.
2.
- O sofrimento das mulheres e dos filhos, que veem os seus entes queridos serem levados à força para as
obras do convento, atados como se fossem escravos, e a impossibilidade de, através da apresentação de
razões de ordem afetiva, alterar a situação dos homens, levam a que os familiares, como último recurso,
tentem subornar os recrutadores com os “míseros” bens que possuem – “[…]alguns ovos, uma galinha,
míseros expedientes que de nada serviam[…]”;
- Atendendo à riqueza de que dispõe o rei, oriunda dos bens das colónias portuguesas (“[…]é o ouro, é a
esmeralda, é o diamante, é a pimenta e a canela, é o marfim e o tabaco, é o açúcar e a sucupira, […]”, os
bens que as famílias possuem para “comprar” a “liberdade” dos seus familiares são insignificantes;
- Assim, o rei (e quem o representa – os recrutadores) é indiferente ao sofrimento (“lágrimas”) dos elementos do
povo, uma vez que esse sofrimento não lhe traz qualquer vantagem material e não gera lucro (“[…]não correm na
alfândega”). Há, portanto, uma crítica ao rei, no que diz respeito à sua insensibilidade e à sua arrogância.
3.
- “Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo
desta cansada já velhice minha[…]” – Episódio das “Despedidas em Belém” – acentua o sofrimento das mães,
das esposas e dos filhos que veem os seus entes queridos serem levados à força para as obras do convento;
- “[…]tanto que os montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade […]” – Episódio de
“Inês de Castro” – com a personificação hiperbólica da reação da natureza, intensifica-se o sofrimento geral,
quer dos que ficam quer dos que partem, perante a separação forçada ( e desumana), para que os homens
possam cumprir “o seu dever”, ou seja, as ordens e as vontades do rei.
- “[…]e então uma grande voz se levanta, é um labrego de tanta idade já que o não quiseram, e grita subindo
a um valado que é púlpito de rústicos, Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça,[…]”
– Episódio do “Velho do Restelo” - destaca os sacrifícios que o povo faz, e o seu sofrimento, para cumprir a
vontade (e os caprichos) do rei, realçando a injustiça de que é alvo.
4.
Em Memorial do Convento, é evidente o olhar crítico do narrador sobre:
‒ a prepotência do rei D. João V, patente, por exemplo, no recrutamento compulsivo de homens de todo o
país, escravizados e vivendo em condições miseráveis;
‒ a ostentação/megalomania do monarca português, patente, por exemplo, na sucessiva ampliação do
Convento de Mafra e na importação de materiais e objetos diversos;
‒ a violência/a opressão exercida pela Inquisição, patente, por exemplo, nos autos de fé;
‒ o contraste entre a miséria do povo e a riqueza/a opulência do rei D. João V e da Igreja, patente, por
exemplo, no facto de Baltasar e Blimunda dormirem no chão, enquanto o rei encomenda uma cama
luxuosa/dispendiosa para a rainha.
Gramática
Texto 1
86
2.3. Modalidade epistémica com valor de probabilidade
Texto 2
1. D)
2. A)
3. D)
4. A)
5. B)
6. B)
7. D)
8. A)
9. D)
10. D)
11. C)
12. D)
13. D)
14. C)
15. A)
16. A)
Texto 3
1. (C)
2. (C)
3. (B)
4. (A)
5. (B)
6. (C)
7. Software – empréstimo (não adaptado), EDP – sigla,
8.1 Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
9. Modalidade epistémica com valor de probabilidade. O recurso que lhe confere este valor modal é o
advérbio «possivelmente».
10. Ato ilocutório assertivo.
Prova-modelo 1
GRUPO I
1.
Para caracterizar “os poetas místicos”, devem ser abordados os quatro tópicos seguintes:
1) são metafísicos (“filósofos”) “doentes” e “homens doidos”, ou seja, refletem sobre a realidade, mas
comprometem a verdade do mundo;
2) falam daquilo que ultrapassa a objetividade do mundo; OU usam metáforas para definir a realidade;
3) recorrem ao pensamento, com alteração do sentido real das coisas;
4) não conhecem verdadeiramente a natureza; OU Não sabem a verdade sobre o mundo natural.
87
2.
Para identificar o sentimento do sujetio poético presente na última estrofe, explicitando os motivos que o
riginam, devem ser abordados os tópicos seguintes:
Tópicos de resposta:
Identifica = alegria/felicidade/plenitude
3.
O aluno refere a principal influência de Alberto Caeiro em Álvaro de Campos.
➢ Sensacionismo;
➢ Perceção sensorial do que o rodeia.
4.
O aluno indica o espaço que, na obra Os Maias, de Eça de Queirós, representa o refúgio de Afonso da Maia
após a morte do filho.
5.
Para responder a este item, o aluno deverá identificar e explicitar duas características temáticas da poesia de
Cesário Verde, fundamentando cada um delas com um elemento textual pertinente.
1) Consciência social/ atenção dada aos trabalhadores/compaixão sentida pelas classes
trabalhadoras
Refere-se aos carpinteiros, que trabalham ao frio, num trabalho exigente ao nível físico (e às
varinas que apregoam o seu peixe);
“De cócoras, em linha, os calceteiros”
“Em pé e perna, dando aos rins que a marcha agita,/ Disseminadas, gritam as peixeiras;”.
4) A transfiguração do real
Está presente na comparação das poças com um chão de vidro;
“E as poças de ar, como em chão vidracento,/Refletem a molhada casaria.”
6.
Para explicitar o sentido do verso seis, considerando o conteúdo da quarta estrofe, devem ser abordados
os quatro tópicos seguintes:
88
1) contraste entre o espaço evocado (rural) e o espaço real (cidade);
2) sons simples do campo (“aves” e “nora”);
3) sons agressivos da cidade (através do trabalho dos calceteiros);
4) preferência pelos sons do campo (transmitida pela exclamação).
7.
O aluno identifica uma sensação e transcreve um exemplo textual que o comprove.
8.
O aluno faz a escansão do verso “Em pé e perna, dando aos rins que a marcha agita”.
9.
Dada a natureza deste item, apresentam-se exemplos de tópicos de resposta relativos a apenas um dos autores
do programa.
Para evidenciar o modo como a natureza é representada na poesia lírica de Camões, deve ser abordado um
dos tópicos seguintes, ou outro igualmente relevante:
– a natureza é descrita segundo o conceito clássico (locus amoenus), apresentando-se, por exemplo, como
um cenário aprazível/sereno/luminoso/verdejante;
– a natureza é perspetivada como um reflexo do estado de alma do sujeito poético, por exemplo, ao agudizar
a dor/saudade que sente na ausência da amada;
– a natureza surge como termo de comparação com a amada, a fim de superlativizar as qualidades que esta
possui; por exemplo, a amada é mais bela do que as flores ou as estrelas/a sua pele é branca como a neve/a
cor verde dos seus olhos é responsável pelo verde dos campos.
Nota – É considerada válida a referência, por exemplo, a cantigas de amigo ou a um dos poetas
contemporâneos indicados no Programa.
GRUPO II
1. C
2. D
3. B
4. A
5.
> a) Complemento indireto
> b) Complemento direto
6.
> Oração subordinada adjetiva relativa restritiva
89
Prova-modelo 2
1.
Tópicos de resposta:
a) diferença: céu/terra;
b) comum: param/cristalizam (os Deuses o conflito, o pastor o que estava a fazer);
c) comum: surpresa/espanto;
(desenvolver as ideias)
2.
Tópicos de resposta:
(desenvolver as ideias)
3.
Tópicos de resposta:
- aliteração/metáfora/sinestesia
B
4.
Tópicos de resposta:
a) Luminosidade
b) Sensações
5.
Tópicos de resposta:
- presente: antiépico;
- passado: épico; serve de inspiração e exemplo;
- futuro: épico
C
6.
Tópicos de resposta:
1. D
2. B
3. B
4. A
5. D
6.
> Oração subordinada adjetiva relativa restritiva
7.
> Tenha resistido
Prova-modelo 3
1.
1) “Ode ao futuro” – “ode” sugere um canto/elogio “ao futuro”, ainda que seja um poema de exaltação da
sua geração (expressa através da 1ª pessoa plural “nós”);
2) Formas verbais do futuro – “falareis” e “sonhareis”;
3) sugere-se que as gerações vindouras irão recordar a geração do poeta como “um sonho”, uma “idade
de ouro”;
4) A geração do poeta é vista como uma geração que, apesar de ter vivido numa época conturbada (“o
desespero da vida que nos roubam”), foi capaz de lutar pelos seus ideais.
2.
Saudoso – ao evocar a sua geração que este considera excecional pela capacidade que esta teve de lutar
pela liberdade – “Uma angústia delida, melancólica,/sobre ela sonhareis.”;
Orgulhoso – o uso da exclamativa (“nós!”) no último verso denota o orgulho que o sujeito poético sente da
sua geração que, numa época de crise, soube lutar pela liberdade.
(…)
3.
4.
5.
1) “Acorda”, “Escuta”, “Ergue-te” e/ou “Faze”;
91
2) “Acorda” - surge o apelo à atenção e à mudança;
3) “Escuta” - surge o apelo à consciencialização do poeta para a necessidade de mudar de atitude pois está em
causa um povo que precisa da solidariedade – "Escuta! é a grande voz das multidões! I São teus irmãos", vv. 9,
10);
4) - "Ergue-te" e/ou “faze” – surge o apelo para a ação, destacando a importância da poesia como arma de
combate, como voz da revolução, apelidando o Poeta de "soldado do Futuro" (v. 12) e "Sonhador" (v. 14).
C
7.
O tempo histórico surge, frequentemente, como pano de fundo de algumas obras da literatura
portuguesa. Escreva uma breve exposição sobre o modo como o tempo histórico é representado em
Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett.
Cenários de resposta:
- sebastianismo – crença popular de que D. Sebastião haveria de voltar, para retirar Portugal da crise e do
domínio espanhol – Maria e Telmo acreditam no mito sebastianista;
- batalha de Alcácer Quibir – referência à batalha ocorrida em 1578, na qual desapareceu D. Sebastião, o
que suscitou a perda da independência – referências realizadas, principalmente, por Madalena e Telmo,
devido ao desaparecimento de D. João;
- governo sob o domínio espanhol – devido à batalha de Alcácer Quibir, Portugal perdeu a independência
e ficou sob o domínio espanhol – os governadores estão ao serviço de um rei estrangeiro, segundo as
palavras de D. Manuel de Sousa Coutinho, o que promove a revolta deste último;
- desavenças entre portugueses e castelhanos, após a perda de independência – muitos portugueses
opunham-se ao domínio espanhol e à traição dos governadores portugueses – Manuel de Sousa Coutinho
incendeia o seu palácio, como símbolo de revolta, para impedir que seja ocupado por governadores ao
serviço de Espanha.
- peste – a peste existia em Lisboa e matou muitas pessoas – os governadores querem ir para Almada, para
a casa de Manuel de Sousa Coutinho, devido à peste de Lisboa; Madalena tem receio que Maria vá a Lisboa
devido à fragilidade de sua filha e à doença da cidade.
- crença na religião como forma de salvar a alma pecadora – a religião é, muitas vezes, encarada como
uma forma de salvação – Manuel e Madalena vão para o convento, uma vez que se consideram pecadores
com o aparecimento de D. João ( devido às convenções sociais).
- alusões a Camões e a Bernardim Ribeiro – são dois autores do século XVI - Madalena está a ler OS Lusíadas
e Maria cita o início da obra Menina e Moça.
- referência à Reforma Protestante– no século XVI, surge um movimento que vai contra a Igreja Católica –
Telmo, no diálogo que estabelece com Madalena, faz essa referência: "(...)o homem é herege, desta seita
nova d'Alemanha ou d'Inglaterra".
GRUPO II
1. C
2. B
3. C
4. D
5. C
6.
> a) oração subordinada adjetiva relativa restritiva
> b) oração subordinada adjetiva relativa explicativa
7.
> “a personagem central da obra”
92