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Cena do Fidalgo (Auto da Barca do Inferno) - Síntese

1) Símbolos:
• Pajem – símbolo do desprezo e opressão sobre o povo; serve também para pôr em
destaque o estatuto social do Fidalgo.
• Cadeira – símbolo da vaidade e da superioridade social.
• Rabo/Manto – símbolo do poder e do estatuto social.

2) Acusação
Diabo Anjo
➢ Vida imoral e de prazeres (v.147) ➢ Tirania (v. 84)
➢ Adultério e infidelidade. ➢ Vaidade (v.88)
➢ Estatuto social ( v. 96 e sgs.)
➢ Desprezo e opressão do povo (vv. 102-103)

3) Defesa
Junto ao Diabo Junto ao Anjo
➢ Deixou na terra quem rezasse por ele ➢ Morreu repentinamente (v. 75)
(vv. 43-44) ➢ A sua condição social – fidalgo (v.80)
➢ Deseja regressar a terra para ir visitar a
sua mulher e a sua amante que estão a
sofrer por ele.

4) Caracterização:
• Psicológica: o fidalgo levou sempre uma vida imoral, de infidelidade e adultério. É
tirano, vaidoso, julga-se superior, despreza os mais fracos – o povo - , oprimindo-os.

5) Tipo de Cómico:

Linguagem Carácter
“ (Par Deos, aviado estou! “Que me leixeis embarcar.
Cant’a isto é já pior...) Sou fidalgo de Solar,
Que giricocins, salvanor! É bem que me recolhais.”
Cuidam que são eu grou?”

▪ Este cómico advém do facto de o Fidalgo


▪ O cómico surge do facto de o Fidalgo pensar que somente por pertencer à
utilizar vocabulário pouco comum e que classe da Nobreza tem “acesso direto” à
não se adequa à sua condição social. Barca do Paraíso.

A Professora: Isabel Araújo Página 1 de 2


6) Intenção Crítica:
• Denúncia da corrupção de costumes: a infidelidade do Fidalgo, da esposa e da
amante;
• Crítica à vaidade e presunção
• Denúncia da tirania e exploração dos pequenos;
• Crítica à importância e poder da classe social a que o Fidalgo pertence (Nobreza) e
de que julga poder continuar a usufruir mesmo depois de morrer.

7) Figuras de estilo

“ Vai pera a ilha perdida” (v.27)


“pera ir ao nosso casi...” (v.40) Eufemismo
“esta barca de tristura.” (v.121)
“ – Ó poderoso dom Anrique,” (v.23)
“”Essoutro vai mais vazio: / a cadeira entrará, / o rabo
caberá / e todo o vosso senhorio.” Ironia
“Embarque a vossa doçura,” (v. 122)
“do pobre povo queixoso;” (v.101) Dupla Adjetivação
“achar-vos-ei tanto menos / quanto mais fostes Antítese
fumoso.” (vv. 104-105)
“Oh! Que maré tão de prata!” (v. 107) Metáfora

8) Percurso cénico
• Chega ao cais -> Barca do Inferno -> Barca do Paraíso -> Barca do Inferno ->
Embarca

9) Personagem – tipo:

Gil Vicente, ao colocar nas vozes do Diabo e do Anjo a sentença condenatória do Fidalgo porque
“vivera a seu prazer” e “desprezara os pequenos”, denuncia a vida e as atitudes assumidas por
muitos fidalgos da época.
Como personagem-tipo, é a classe social da Nobreza que está em causa, não só por esta figura
da aristocracia, como pelos seus antepassados pois “que assi passou vosso pai”.
O Pajem não entra na Barca porque não representa um tipo, mas tem uma função simbólica
importante ao representar um elemento do povo, principal vítima da tirania e opressão da nobreza.

A Professora: Isabel Araújo Página 2 de 2

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