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Universidade de São
PauloBrasil
4. A prova deverá ser feita com caneta esferográfica de tinta azul ou preta. Não utilize caneta marca-texto.
6. A resposta de cada questão deverá ser escrita exclusivamente no quadro a ela destinado. O que estiver fora
desse quadro não será considerado na correção.
7. Os espaços em branco nas páginas dos enunciados podem ser utilizados para rascunho. O que estiver escrito
nesses espaços não será considerado na correção.
8. Transcreva o rascunho da redação para a folha avulsa definitiva. Não ultrapasse, de forma alguma, o
espaço de 30 linhas da folha de redação.
9. Duração da prova: quatro horas. O candidato deve controlar o marcador de tempo afixado na lousa e nos avisos
do fiscal. Não haverá tempo adicional para transcrição do rascunho da redação para a folha definitiva.
10. Durante a prova, são vedadas a comunicação entre os candidatos e a utilização de qualquer material de consulta,
eletrônico ou impresso, e de aparelhos de telecomunicação.
11. No final da prova não esqueça de entregar todas as folhas de resposta. Você pode levar o caderno de
questões.
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01.
A seguir, examine a capa da revista Você RH, publicada em março de 2023.
b) Reescreva a frase “Saiba por que regredimos e como fazer com que as pessoas se entendam na era do trabalho híbrido”,
substituindo por sinônimos os termos destacados.
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02. Leia o texto e responda à questão.
A Semana de Arte Moderna é, hoje, uma pauta cultural e midiática que rememora a eclosão de cenas de modernismo explícito em
fevereiro de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo. A cidade explodia na condição de polo do comércio mundial do café, passando
em ritmo acelerado de província à miragem da metrópole (“risco de aeroplano entre Mogi e Paris”, diz um verso irônico de Mário de
Andrade na Pauliceia desvairada). Nela, o peso tradicional das oligarquias contracenava com a presença de multidões, de imigrantes
de variada proveniência e de movimentos operários incipientes mas já organizados, como se viu na greve geral de 1917, cujo impacto
paralisou a cidade por vários dias.
José Miguel Wisnik. Rasga o coração. Caderno de Literatura Comparada. Adaptado.
Página 1
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03.
Leia o texto a seguir.
Página 2
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05.
Leia o texto da orelha do livro O capital no século XXI, do economista Thomas Piketty.
Que dinâmicas movimentam o acúmulo e a distribuição do capital? O tema da política econômica há muito suscita debates
constantes sobre crescimento, concentração da riqueza e aumento da desigualdade. No entanto, a carência de dados adequados
dificulta o acesso a respostas satisfatórias.
Em O capital no século XXI, o economista francês Thomas Piketty apresenta um conjunto inédito de dados de vinte países para os
últimos duzentos anos. O autor demonstra que o crescimento econômico e a difusão do conhecimento ao longo do século XX impediram
que se concretizasse o cenário apocalíptico preconizado por Karl Marx, mas, ao contrário do que o otimismo dominante após a Segunda
Guerra Mundial costuma sugerir, a estrutura básica do capital e da desigualdade permaneceu relativamente inalterada. Piketty
constata, com absoluta clareza, que a taxa de rendimento do capital supera o crescimento econômico — e isso se traduz numa
concentração cada vez maior da riqueza, um círculo vicioso de desigualdade que, a um nível extremo, pode levar a um
descontentamento geral e até ameaçar os valores democráticos. Contudo, Piketty ressalta que tendências econômicas não são forças
da natureza: a intervenção política já foi capaz de reverter tal quadro no passado e poderá voltar a fazê-lo.
O capital no século XXI, já considerado referência entre os economistas, contribui para renovar inteiramente nossa compreensão
sobre a dinâmica do capitalismo. Por destacar a contradição fundamental da relação entre o crescimento econômico e o rendimento
do capital, esta obra monumental está revolucionando o pensamento econômico atual e instigando uma reflexão profunda sobre as
questões mais prementes de nosso tempo.
(O capital no século XXI, 2014. Adaptado.)
a) No último período do segundo parágrafo, o autor utiliza a expressão “forças da natureza”. Explique qual é o valor de sentido que o
autor pretendeu ao utilizar tal expressão.
b) Reescreva o trecho “ O capital no século XXI, já considerado referência entre os economistas, contribui para renovar inteiramente
nossa compreensão sobre a dinâmica do capitalismo.”, substituindo o termo sublinhado por um cognato. Faça as alterações
necessárias para manter o sentido original da frase.
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06.
Leia o texto de Teresinha Costa.
Em História social da criança e da família, Philippe Ariès faz um estudo na Europa, no período compreendido entre a Idade Média e
o século XX, para demonstrar como a definição de criança se modificou no decorrer do tempo de acordo com parâmetros ideológicos.
Pela análise de pinturas, diários, esculturas e vitrais produzidos na Europa no período anterior aos ideais da Revolução Francesa, Ariès
forja a expressão "sentimento da infância" para designar "a consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criança do adulto". Esse sentimento vai aparecer a partir apenas do século XVII.
Na Idade Média, a criança era vista como um pequeno adulto, sem características que a diferenciassem, e desconsiderada como
alguém merecedor de cuidados especiais. Isso não significava que as crianças fossem até então desprezadas ou negligenciadas, mas
sim que não se tinha consciência de uma série de particularidades intelectuais, comportamentais e emocionais que passaram, então, a
ser consideradas como inerentes ou até mesmo naturais às crianças. Ariès comenta, inclusive, que os pintores ocidentais reproduziam
crianças vestidas como pequenos adultos, e que somente percebemos se tratar de uma criança devido ao seu tamanho reduzido. Nas
sociedades agrárias, a infância era um período rapidamente superado e, tão logo a criança adquiria alguma independência, passava a
participar da vida dos adultos e de seus trabalhos, jogos e festas.
(Psicanálise com crianças, 2010.)
a) No trecho “Ariès forja a expressão "sentimento da infância", o verbo apresenta uma acepção diferente da literal. Explique essa
afirmativa.
Página 3
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07.
As palavras grifadas no poema de João Cabral de Melo Neto chamam a atenção por seu ineditismo.
[...]
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
[...]
[...]
um rio precisa de muita água em fios
Para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
[...]
a) Os termos dicionária e enfrasem apresentam um caráter inovador associado à linguagem. Explique o processo de formação
utilizado para se criar tais termos.
b) Indique o sentido que esses termos ganham no contexto em que foram inseridos.
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08.
Leia os textos a seguir.
Texto 1
Texto 2
Página 4
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09.
Texto 1
Buscando a Cristo
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
Texto 2
Romaria
Jesus no lenho expira magoado
Faz tanto calor, há tanta algazarra.
Nos olhos do santo há sangue que escorre.
Ninguém não percebe, o dia é de festa.
[...]
Jesus Jesus piedade de mim
Ladrão eu sou mas não sou ruim não.
Por que me perseguem não posso dizer.
Não quero ser preso, Jesus ó meu santo.
Ambos os textos manifestam a crença cristã no poder redentor do sofrimento de Jesus, mas há muitas diferenças entre a religiosidade
de Gregório de Matos e a religiosidade dos romeiros no poema de Drummond. Responda aos itens a seguir.
a) Ao contrário do soneto de Gregório de Matos, o poema de Drummond mostra um distanciamento irônico em relação à religião. Na
primeira estrofe, indique a situação que é vista de modo irônico relacionando-a com o título do poema.
b) Indique uma semelhança e uma diferença nos discursos que o eu-lírico do Texto 1 e o romeiro do Texto 2 dirigem a Jesus.
Página 5
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10.
Leia os textos a seguir.
Texto 1
Texto 2
Os dois excertos aludem a um acontecimento que veio a romper as convenções árcades seguidas por Tomás Antônio Gonzaga.
Considerando-os, responda aos itens a seguir.
a) No texto 1 indique um verso que remete à convenção árcade (“fingimento árcade”) e um verso que mostra o caráter fictício desse
“fingimento”.
b) Comente dois aspectos do Texto 2 que rompem com a convenção árcade. Justifique com expressões do texto.
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REDAÇÃO
Texto I
Decolonialidade, decolonialismo ou pensamento decolonial. Já ouviu falar desses termos?
Cada vez mais explorado, esse é um campo de estudo recente na área das Ciências Sociais, que traz uma abordagem diferente da
história. Em vez de retratar os acontecimentos da forma como os aprendemos, com o foco na Europa Ocidental, a decolonialidade
conta os mesmos eventos a partir da perspectiva de povos que foram oprimidos em termos culturais, econômicos, sociais e religiosos.
Isso inclui sociedades latino-americanas, africanas e indígenas — e, claro, nós aqui no Brasil.
Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/repertorio-entenda-conceitos-da-decolonialidade-para-usar-na-redacao.
Texto II
O pós-colonialismo é uma práxis social, política, econômica e cultural objetivando a resposta e a resistência ao colonialismo, tomado
no sentido mais abrangente possível. Dessa forma, as reflexões e análises realizadas sob o viés dos chamados Estudos Pós-coloniais se
configuram a partir de estratégias interpretativas que buscam problematizar e desconstruir o modo como os sujeitos coloniais são
representados e construídos nas produções culturais colonialistas, bem como de análises acerca de produções pós-coloniais que
produzem um contradiscurso, numa tentativa de resistência a essas representações de dominação e em busca de autonomia. Pesquisas
nesse sentido estão crescendo continuamente porque a crítica pós-colonial permite uma investigação abrangente nas relações de
poder em múltiplos contextos. Uma das principais razões para a reação contra a grande narrativa da civilização ocidental consistiu na
consciência cada vez maior daquilo que ela havia deixado de fora ou tornado invisível.
METZ, Mônica Cristina. “Kafkaneando” e “erro de português”: contradiscurso em poemas de Cristiane Sobral. Revista Interfaces: periódico da Universidade Estadual do
Centro-Oeste – UNICENTRO. Guarapuava, PR: 2017, p. 38-49. Texto adaptado.
Página 6
Texto III
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Oswald de Andrade, 1925.
Texto IV
Erro de português
Tira a mão do meu quadril
não sou mulata exportação Brasil
você vacilou, perdeu a vez
enjoei do seu perfume francês
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Texto V
Estefania Peñafiel Loaiza. Cartographie1. the crisis of dimension. Cortesia da artista. Masp Afterall, 2010. Disponível em:
https://assets.masp.org.br/uploads/temp/temp-QE1LhobgtE4MbKZhc8Jv.pdf.
Texto VI
Vivemos numa sociedade onde é normal ouvirmos histórias únicas sobre um indivíduo ou sobre um grupo de pessoas que, à força
de serem repetidas, acabam por parecer definitivas. Vivemos num mundo onde a história única tem servido para descredibilizar
“minorias” em detrimento de um só povo. As histórias são importantes, mas devemos ouvir muito mais histórias de modo a encontrar
um equilíbrio de narrativas, experiências e realidades diversas.
Segundo a escritora Chimamanda Ngozi Adichie, em O perigo da história única, cria-se uma única história, quando mostramos um
povo como se fosse somente uma coisa, um objeto do discurso dos outros. Para a escritora, é impossível falar da história única sem se
falar de poder, uma vez que quem conta a história única é quem detém poder, seja ele econômico, político ou epsitêmico. O poder,
para além de ter a capacidade de contar a história de outra pessoa, consegue fazer com que esta história seja definitiva. Para Léila
Gonzalez: “A hierarquização de saberes como produto da classificação racial da população dá o privilégio social e epistêmico à ciência
eurocêntrica” (Ribeiro, 2017, p. 26).
A pensadora considera que quem possui o privilégio social possui o privilégio epistêmico. Por sua vez, o escritor Mourid Barghouti,
afirma que “para desapropriar um povo, a forma mais simples de o fazer é contar a sua história, começando por ‘Em segundo lugar’”
(Adichie, 2009, p. 11).
Disponível em: www.buala.org/pt/mukanda/o-perigo-de-uma-historia-unica-a-construcao-da-identidade-africana-negra-no-romance-american.
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa,
na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema:
Decolonialidade e o perigo de uma história única
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
• Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
• Dê um título a sua redação.
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