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Habituado a gozar de privilégios especiais, o Fidalgo nem sequer pensa que poderá ir para o Inferno. Assim,
para justificar o seu direito a entrar na barca celestial, apresenta apenas ao Anjo, como único argumento, a sua
condição social: «Sou fidalgo de solar/é bem que me recolhais».
Ao Fidalgo, a barca infernal parece-lhe um «cortiço», isto é, uma barca muito ordinária e reles para
transportar um nobre tão poderoso e importante como ele.
O Diabo e o Anjo formulam as suas críticas, que se podem resumir assim: o Fidalgo “viveu a seu prazer”,
fazendo tudo quanto quis, foi tirano e, consequentemente, desprezou o povo.
Com esta “cena”, Gil Vicente não condena só aquele aristocrata mas todos os seus antepassados, como
afirma expressamente o Diabo quando informa o Fidalgo de que passará para o Inferno assim como «passou
vosso pai», isto é, o autor generaliza e condena a nobreza como classe social.
Em síntese…
Elementos / Simbologia
Percurso cénico: Barca do Diabo – Barca do Anjo – Barca do Diabo (onde embarca)
Vaidoso
Presunçoso
Tirano
Acusações
Argumentos de defesa
Intenção crítica
Gil Vicente pretende demonstrar a vaidade, a presunção, a tirania e o desprezo da nobreza pelos
mais necessitados. Mestre Gil pretende ainda denunciar a infidelidade conjugal.