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Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret

Almeida Garrett (1799-1855) foi jornalista, legislador, poeta e escritor. Foi


percursor do Romantismo em Portugal. Envolve-se na guerras liberais ao
lado de D. Pedro, razão porque se viu obrigado a procurar o exílio por duas
vezes.

Nasceu no Porto em 4 de Fevereiro de 1799 com o nome João Baptista da


Silva Leitão. Estudou Direito em Coimbra, onde adotou o nome Almeida
Garrett.

Como autor tem uma vasta bibliografia onde se destacam “Frei Luís de
Sousa” e “Viagens na minha Terra”, mas Garrett foi também ministro .

Enquanto membro do Governo é responsável pela criação do Teatro


Nacional D. Maria II e do Conservatório de Arte Dramática.

Os períodos de exílio levaram-no a contactar com outros autores de


origem britânica e francesa que tiveram forte influência na sua obra.

Características Românticas
Marcas românticas na obra
A crença no Sebastianismo;
O patriotismo e o nacionalismo – tais sentimentos estão bem patentes no
comportamento de Manuel de Sousa Coutinho e no idealismo de Maria;
As crenças – Agoiros, superstições, as visões e os sonhos, bem evidentes
em Madalena, Telmo e Maria;
O amor impossível;
A religiosidade – A permanente referência ao cristianismo e ao culto;
O individualismo;
O tema da morte.

Contexto Histórico
“Em 1578, o rei D. Sebastião desapareceu na Batalha de Alcácer-
Quibir. Não tendo deixado herdeiros, houve uma longa disputa pela
sucessão.
Entre os pretendentes estava Filipe II, rei da Espanha, que anexou
Portugal ao seu império em 1580. O domínio espanhol duraria
sessenta anos (1580 a 1640).
Criou-se nesse período o mito popular do "Sebastianismo",
segundo o qual D. Sebastião, retornaria para reerguer o império
português.
Entre os nobres desaparecidos em Alcácer-Quibir estava D. João de
Portugal, marido de D.Madalena de Vilhena.

Tendo esperado durante sete anos o retorno do marido, D.Madalena


acabou por contrair segundas núpcias com Manuel de Sousa
Coutinho. Entretanto, vivia angustiada com a possibilidade de que o
primeiro marido estivesse ainda vivo.
Suas angústias eram alimentadas por Telmo, o fiel escudeiro de D.
João.
Essa situação perdurou por vinte anos, no fim dos quais, D. João,
que realmente estava vivo, retornou a Portugal (mito sebastianista).
Revelada a sua identidade, no final da peça, o desespero domina
todas as personagens.
No desenlace trágico, Manuel Coutinho e Madalena resolvem tomar
o hábito religioso, como forma de expiação; durante a cerimónia,
Maria, filha do casal, tomada pela vergonha e pelo desespero, morre
aos pés de seus pais.
Espaço

Palácio de Manuel de Sousa Coutinho: moderno, luxuoso, aberto


para o exterior: Lisboa

Palácio de D. João de Portugal: salão antigo,


melancólico

Sala dos retratos

Parte baixa do palácio de D.


João de Portugal

Capela

Tempo

Tempo da ação
Ato I
28/07/1599

Sexta-feira

Fim da tarde

Noite
Ato II

04/08/1599

Sexta-feira

Tarde
Ato III

04/08/1599

Sexta-feira

Alta noite

Espaço físico:

Ato I: Palácio de Manuel de Sousa Coutinho: luxo, grandes janelas


sobre o Tejo – felicidade aparente.
Ato II: Palácio de D. João de Portugal: melancólico, pesado, escuro –
peso da fatalidade, a desgraça.
Ato III: Parte baixa do palácio de D. João: casarão sem ornato algum
– abandono dos bens deste mundo. A cruz: elemento conotador de
morte e de esperança.
Marcas clássicas na obra

A nível formal divide-se em três atos conforme a tragédia clássica


Apresenta um reduzido número de personagens.
A ação desenvolve-se de forma trágica, apresentando todos os passos da
tragédia antiga (o desafio, o sofrimento, o combate, o conflito, o destino, a
peripécia, o reconhecimento, o clímax e a catástrofe).
O coro da tragédia clássica não existe mas está representado, de forma
esporádica, nas personagens Telmo e Frei Jorge.

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