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Texto sobre a Proposição de Os Lusíadas

Síntese: A Proposição, parte obrigatória na estrutura de qualquer obra épica, funciona como uma
apresentação geral da obra, uma síntese daquilo que o poeta se propõe fazer. Propor significa precisamente
apresentar, expor, anunciar, mostrar. O poeta mostra, assim, aquilo que pretende ao escrever a epopeia: “Cantando
espalharei por toda a parte”. O verbo cantar tem aqui o sinónimo de exaltar, enaltecer ou celebrar.

O poeta anuncia o seu tema , ou seja, vai cantar:

- “As armas e os barões assinalados”, ou seja, os heroicos navegadores que, saindo de Portugal, por mares
desconhecidos (“Por mares nunca dantes navegados”), passaram além do extremo limite das terras e fundaram, em
países longínquos, um reino novo que os seus feitos de armas tornaram ilustre, mostrando coragem mais que humana
nas guerras e perigos e indo mais longe do que se poderia esperar de seres não divinos (“Mais do que prometia a força
humana”).
- “Daqueles Reis que foram dilatando / A Fé, o Império […]”, ou seja, os gloriosos reis (de D. João I a D. Manuel) que
estenderam no mundo a fé cristã e o Império português, combatendo as nações infiéis de África e da Ásia.

- “E aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da Morte libertando”, ou seja, todos os heróis que, pelas suas
ações, alcançaram a imortalidade e a fama e nem mesmo a morte os pode votar ao esquecimento, pois permanecem
na memória do povo.

Questões acerca da Proposição


1. Explica, por palavras tuas, o sentido dos seguintes versos da Proposição:
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1.1.“E entre gente remota edificaram, / Novo Reino, que tanto sublimaram” (est. 1, vv. 7-8).
Estes dois versos querem dizer que o povo português, ao ocupar aquelas terras longínquas,
vai também implantar nessas terras a sua cultura e, principalmente, a sua religião.

Ou seja, após tomarem contacto com povos pagãos, os portugueses


divulgaram a mensagem do reino cristão.

1.2.“E aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da Morte libertando” (est. 2, vv. 5-6)
Os feitos dos grandes heróis permanecem na memória do povo, tornando-os imortais.

1.3. “Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se alevanta.” (est. 3, vv. 7-8)
Para Camões, os poemas épicos antigos serão esquecidos, pois o valor da sua obra
é-lhes superior.

Com efeito, acima dos feitos celebrados pelas literaturas da Antiguidade Clássica,
levanta-se um valor maior: o ânimo dos portugueses, a quem obedeceram o deus do mar
(Neptuno) e o da guerra (Marte).

2. Explica a comparação que Camões estabelece na terceira estância entre a sua epopeia e
as epopeias antigas.
Para escrever Os Lusíadas, Camões teve de conhecer as grandes epopeias antigas,
através das quais contactou com as regras desse género literário. No entanto, considera
que a sua epopeia é superior aos seus modelos, devido ao tema narrado: os feitos
gloriosos, as proezas de renome do povo português.

3. A partir da Proposição, refere expressões ou versos relacionados com os quatro Planos


da obra (Plano da Viagem, Plano da História de Portugal, Plano dos Deuses / Mitológico
e Plano das Considerações do Poeta).
Em relação ao Plano da Viagem, podem indicar-se os versos da primeira estância.
Relativamente ao Plano da História de Portugal, podem considerar-se os seis
primeiros versos da segunda estrofe.
Quanto ao Plano dos Deuses / Mitológico, podem referir-se os versos 6 e 7 da
terceira estância.
Por fim, no que diz respeito ao Plano das Considerações do Poeta, podem
tomar-se como exemplo os versos 7 e 8 da estância 2 e o verso 5 da estância 3.

4. Explica quais as intenções expostas por Camões, na Proposição.


Seguindo o modelo das epopeias antigas, Camões inicia Os Lusíadas com a Proposição
e a Invocação. Na primeira parte da obra, é apresentado o tema que irá ser cantado, em
verso, ao longo do poema. Para além disso, Camões apresenta a sua epopeia como uma
obra que supera os seus modelos, devido ao grande valor da nação portuguesa.
5. Identifica o herói da obra, referindo versos ou expressões que a ele se refiram.
O grande herói da obra é o povo português, um herói coletivo, como comprova o 5.º
verso da estância 3 - “Que eu canto o peito ilustre Lusitano”. Este herói será
representado na figura do navegador Vasco da Gama (1.º verso da estância 1 - “As armas
e os barões assinalados”).

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