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Entrevistador: I di onde você é?


40:51
Alexandra: Eu so di Belo Horizonti
40:53
Entrevistador: I comu é que foi a tua infância?
40:55
Alexandra:Eu num tive infância
Alexandra:A minha infância:: eu num tive infância só isso
Entrevistador: o qui quer dizer isso?
41:01
Alexandra:Ué purque eu num num tive liberdadi liberdadi di:: pra:: ...assim… pra:: ser uma
criança normal brinca::
41:07
Alexandra: num tive essa liberdadi solta
Entrevistador: ()
41:14
Alexandra: Não purque meu pai não deixava aí::: cum quatorze anu eu já fui mãe acabo a
infância
41:21
Entrevistador: Comu é qui foi essa história de ser mãe conta
A primeira vez que você transou e
Alexandra: Foi…foi… o primeiro homi qui encostei a mão
41:28
que eu nunca sai di casa pra nada era iscola casa…essas…coisas…assim
41:36
Alexandra: Meu pai num deixava ele quase me buscava na iscola pra eu num…pra mim
num chega perto di homem ninhum qui ele… qui ele gostav… qui eli queria mi proteger de
qualquer jeitu de todu mundo
41:41
aí::: foi assim e quando foi a primeira vez que eu saí que eu conheci o pai da minha filha
41:47
qui aí eu pensei eu não sabia qui eu não eu não sabia o qui qui era paixão eu tinha
41:52
catorze anu mas eu achei qui eu tava apaixonada… e é isso eu fui e me entreguei…
engravidei… ai que ódiu
42:02
Entrevistador: i daí você fez o que? abortou?
Alexandra: Não::: não::: minha mãe num deixo não oxe eu falei com minha mãe eu nunca
menti para minha mãe falei com minha mãe tá acontecendo alguma coisa estranha nu meu
corpu… eu achu que eu tô grávida purque eu num tinha u quadril tava diferente tava tudo
diferenti
42:15
Alexandra: Aí eu falei para ela eu achu que eu tô grávida minha mãe ficou desesperada
meu pai… a gente ficou sem conversar um anu depois a
42:23
gente volto a conversa depois qui ele viu que eu num tinha nada a ver qui eli era cupadu…
di tudo o que aconteceu comigo… aí
Entrevistador: Aí nasceu então
42:32
Alexandra: Nasceu
Entrevistador: Filho ou filha?
Alexandra: Filha
Entrevistador: Comu é que chama?
Alexandra: Alexa Carolina
42:38
Alexandra: Ai primeira vez qui meu primeiro programa foi muito legal
Entrevistador: Como é que é a primeira vez
Alexandra: Primeiro… meu primeiro programa… foi muito legau purque assim… foi legau
purque quando peguei aquele dinheiro eu fiquei disisperada eu nunca tinha pegado aquele
dinheiro era o que foi centu e cinquenta reais mas pra mim aquilo foi tudo foi
42:50
Nossa centu e cinquenta reais eu trabalho um mês para ganhar isso eu trabalhava eu
ganhava centu e trinta e seis… falei
nossa… ae eu falei com a minha filha vamu vamu pru shopi aí gente cumeu cumeu o
dinheiro todo nu mequi donaldis sorvete aí muito bom… muito bom hoje eu num tenho
coragem de fazer isso não tá é doido… mas aquele dia
Entrevistador: Não tem coragem di que?
Alexandra: Di gastar centu e cinquenta reais im mequi donaldi… tá louco hoje eu não faço
não mas aquele dia pra mim… foi igual uma criança quando ganha um brinquedu qui mais
quer ai eu comi muitu
43:19
Entrevistador: E como é qui é viver assim
43:21
Alexandra: Como é que é… eu-num sse… ai… num é bom num é o que o pessoal fala não
issué uma vida fácil não é porque é muitu muitu noJEntu se sai com a pessoa e você pode
até gostar dela pur ela ser uma pessoa interessanti pessoa inteligenti você gostar depois nu
outru dia você acordar essa pessoa ti dar um dinheiro num é bom i num é um dinheiro fácil
igual pessoal pensa purque é muito difícil a gente passa com muita humilhação iscuta u qui
não quê
43:50
Entrevistador: i…
Alexandra: é humilhada muitu humilhada e isso num é fácil igual pessoal…
Entrevistador: E na coisa du sexo pagu no
meio as vezes tem prazer e as vezes não tem que fingir comu é que é?
43:56
Alexandra: Tem que fin eu bebu pra faze alguma coisa eu tenhu qui bebe normal eu prefiro
nem ir trabalhar eu bebu pur issu qui eu falei cum eles eu bebu todu dia purque eu tenho qui
trabalhar todu dia purque eu tenho que sustentar minha filha minha família intão eu bebu
TOdu dia pra cria coragi que normal eu num consigu.
44:17
Entrevistador: E você acima e você por exemplo faz por dinheiro namorado ou alguma coisa
assim ou não
44:21
Alexandra: (((sorri/riso)) não
Entrevistador: Não tem nenhum namorado?
Alexandra: Não tem rolo ta poxa ainda eu me considero uma adolecente só tenho 20 anos
44:32
Entrevistador: Me diz uma coisa você gosta de beber?
Alexandra: Eu gosto mas eu espero minha morte qualquer momento já falei com minha mãe
a hora que eu morrer não chora porque eu vou tá melhor que todo mundo aqui né
44:44
Entrevistador: O que que cê fez
Alexandra: a porque quem morre ta melhor do que q qui na na terr aqui nesse mundo é
muito ruim tem muita pessoa ruim por isso que eu falo a hora que eu morrer eu vou ficar eu
vou ser é feliz eu não quero morrer não eu amo a minha vida mas eu não quero morrer não
mas eu sei que não vou parar eu vou parar de sofrer parar de sofrer não vou ter que ficar
me esforçando num vou ter que trabalhar ó qui bom acordar 7 horas da manhã muito ruim é
verdade eu não gosto de trabalhar ((risada)) não eu num gosto eu trabalho porque eu tenho
que sustentar minha filha mas se eu pudesse eu ficava na mordomia
45:17
Entrevistador: Mordomia o que que é
Alexandra: ah acordar meio dia almoço pronto acho que eu tenho que casar com um
milionário almoço pronto tsc ficar enchen eu minha filha ficar brincando o dia inteiro
enchendo o saco uma da outra telefonando pra todo mundo é isso é esso ai que eu queria
45:34
Entrevistador: Eu quero saber como é que você teve coragem de da um depoimento
corajoso entende? e por que você tomou a decisão de falar porque é um filme pode passar
em cinema depois me explica isso
45:43
Alexandra: É num é coragem ue issu nuu isso é normal eu acho normal isso é pra mim uma
coisa normal eu falei com ela eu acho isso normal o pessoal hoje em dia num mundo que a
gente tá o pessoal tem uma cabeça dos anos du-antes de Cristo já passou hoje no mundo é
tudo normal nasce gente de tudo quanto é jeito é homi com homi muié com muié né é 50
mulher pra cada homi é cadas coisa que num deveria ser normal é gente roubando gente é
político roubando gente é é ladrão roubando de pobre né ladrão pobre roubando de pobre
ladrão rico roubando de pobre é pobr é gente roubando de gente é aquela coisa toda o
pessoal acha normal porque que ss eu ser eu fazer programa é anormal é coisa de alguém
vir me apedrejar eu acho isso por isso que eu falo mesmo eu não tenho vergonha no meu
bairro todo mundo sabe minha família toda sabe e quem quiser gostar de mim vai ter que
gostar assim num acho isso anormal
46:46
Entrevistador: Vou te perguntar uma última coisa só —- você quando sua filha crescer tá
com 6 anos né cê pretende dizer verdade pra ela…
Alexandra: Voo que isso minha filha vou orientar minha filha de tudo minha filha tiver com 14
anu vou comprar remédio pra ela já falei com minha mãe vou comprar remédio p que num
vou fazer como minha mãe fez comigo vou falar pra ela oh eu fiz isso isso e isso isso então
eu num quero nem ela nem minha irmã não quero que faça o mesmo eu vou trabalhar
pagar os estudos curso tudo o que ela quiser fazer ela é minha irmã quiser fazer eu ajudo
pago do faço tudo pra não fizer fazer o mesmo mas se quiser fazer se acha eu eu vou
proibir? não vou não eu vou du vai duer igual doeu na minha mãe é claro é minha filha mas
paciência eu falo olha tá doendo se tá me magoando mais ai eu vou pa po eu acho que eu
não vou falar isso não porque se eu falar ess ela vai fala po você magoou minha vó e ela
não falou isso para você
47:48
Entrevistador:

Variável e variantes que ocorrem na gravação

Ditongação:

Monotongação:

Assimilação :

Redução Silábica:

Inserção silábica :

Redução de consoante final ([r] e [s]):

Amálgama :

Realização das pretônicas (alteamento):

Redução de encontro consonantal:

Nasalização:

Desnasalização:

Metátese:

Rotacismo (troca de [l] por [r]):

Despalatalização:

Concordância nominal:
Concordância nominal, concordância zero:

Concordância verbal:

Concordância verbal, concordância zero:

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