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Victor Hugo Monteiro Braga

Hermenêutica e Exegese bíblica


Estudos Adventistas (UNASP)

A Bíblia é uma coleção ou compilação de livros sagrados, contendo as histórias,


doutrinas, códigos e tradições que guiam os cristãos, com base na tradição judaica
(Antigo Testamento) e na divulgação do Evangelho.
Entretanto, olhando mais de perto, a unanimidade é algo raro, se não, impossível,
mesmo nas questões tidas como mais óbvias.

Considerando a individualidade humana, como o ditado “todo ser humano é um


universo”, é esperado diferentes interpretações de um mesmo texto em diferentes
situações e contextos, inclusive pela mesma pessoa.

Cientes desta complexidade, estudiosos de diferentes eras buscaram desenvolver


ferramentas que permitissem extrair o mais próximo da verdade/mensagem dos versos
bíblicos. Esta ciência é chamada hermenêutica e exegese.
Como dito em classe: “uma é a regra e a outra é ela posta em prática.”, tendo a bíblia
como sua própria guia interpretativo associado ao seu próprio contexto.

Didaticamente segue-se: delimitar a perícope e traduzir, examinar o contexto literário


(palavra, frase, unidade, livro, outros livros do mesmo autor, AT ou NT, toda a Bíblia),
identificar o contexto teológico e aplicação.
Considerando também seus Elementos: contexto literário (tradução, significado das
palavras e sintaxe, idiomatismos, estrutura, gênero), contexto histórico-cultural (história
e geografia) e contexto teológico.

A própria bíblia aponta a necessidade de buscar um correto entendimento da vontade de


Deus para o homem (2Pe 3:15-16; Lc 24:27; 2Tm 2:15; 2Co 2:17) sendo necessário
considerar os obstáculos naturais à compreensão, sendo estes de cunho temporal,
cultural, geográfico e linguístico.

Sendo assim, como seres imperfeitos realizaremos um trabalho interpretativo


imperfeito, porém, utilizando essas ferramentas, conteria menos erros.

Ainda na busca da melhor forma interpretativa precisamos refletir sobre o intérprete.


Tendo como ponto de partida o pressuposto básico de que “a Bíblia mantém os estilos
pessoais de expressão e liberdade dos escritores, mas é, ao mesmo tempo, Palavra de
Deus. Ela é toda inspirada por Deus, sem nenhuma diferença qualitativa em relação a
qualquer de seus livros. Sua autoridade é normativa para a vida.”, os pontos chaves
discutidos em sala foram de que os escritores não foram meros objetos, a inspiração não
anula a personalidade do escritor, ela é a Palavra de Deus sendo totalmente inspirada
por Ele e de autoridade suprema.

Para o entendimento dos tópicos Inspiração e Autoridade, faz-se necessários


compreender as temáticas de revelação e inspiração (uma com ênfase em Deus e outra
em Deus e o homem), sendo a primeira uma comunicação de conteúdo (geralmente
novo) enquanto que a segundo pode se apresentar como explicação.
Considerando a dimensão humana, textos de EGW do livro Mensagens Escolhidas pgs
20-22 trazem apontam que “a linguagem da Bíblia não é celestial, divina ou sobre-
humana. As palavras da Bíblia são palavras humanas. Não é a linguagem do ES. A
inspiração não é verbal. Homens falaram movidos pelo Espírito Santo.”.

Discutindo as vertentes sobre a presença de erros na Bíblia, entendemos que a IASD


adota a compreensão coerente de que a Bíblia é totalmente sem erro em assuntos de fé e
salvação entretanto contêm discrepâncias, termo que permite abranger relatos diferentes
de uma mesma situação por diferentes autores mas que não carrega um juízo de valor
(certo/errado, verdade/engano) pois quando profundamente estudadas, as discrepâncias
acabam por se tornar um forte argumento a favor da veracidade e autenticidade bíblica.

Entendemos que para se aceitar a corrente da Inerrância Bíblica automaticamente


precisaríamos aceitar também a Inspiração Verbal (ditatorial), o que rechaçamos
biblicamente sem grandes dificuldades. Observando uma correta interpretação da ideia
bíblica de perfeição essencial/formal, conceito de erro (com diferentes abordagens como
imprecisão, inexatidão histórica, inexatidão e científico) o propósito da Bíblia não é dar
informação histórica, geográfica ou científica mas dar o conhecimento essencial para a
salvação sendo suficiente para isto.

O tópico explicando as contradições (“erros”) passa pelo procedimento de uso seletivo


dos autores, fontes, perspectivas, criatividade, memória, linguagem,
“arredondamento” de números e uso de paráfrases.

Sendo assim, recebemos e compreendemos que existem técnicas para se aproximar da


verdade dentro do que Deus capacitou o ser humano para esta busca até sua volta.

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