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Objetivo

Relembrar os pilares da Hermenêutica Bíblica.

Introdução
“Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês
têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo,
vocês não querem vir a mim para terem vida.” Jo 5.39 (Bíblia Sagrada NVI)

“Ler as Escrituras é tanto um privilégio quanto uma responsabilidade […] se a


teologia é, em grande medida, interpretação bíblica, então é importante trabalhar
com sólidos princípios hermenêuticos” (VANHOOZER, 2010, p. 13, 15)

VANHOOZER, Kevin. Há um significado neste texto? Interpretação bíblica: os enfoques contemporâneos. São
Paulo: Vida, 2010, p. 13, 15.

1. O que é Hermenêutica Bíblica?

Hermenêutica se refere ao estudo dos princípios metodológicos de


interpretação de um texto, em particular o texto bíblico. O termo deriva do
nome do deus grego Hermes, arauto e mensageiro de outros deuses.
Constam do seu currículo habilidades relacionadas ao comércio, às viagens,
à invenção e à eloquência. O termo “ hermenêutica” foi usado por Aristóteles
em sua obra Peri Hermeneias, uma das mais antigas obras filosóficas
remanescentes da tradição ocidental que tratam da relação entre linguagem
e lógica.
KÖSTENBERGER, Andreas J.; PATTERSON, Richard D., Convite à interpretação Bíblica. São Paulo: Vida Nova,
2015, p. 57

1.1 Hermenêutica é uma ciência – ela possui um objeto de estudo, classifica


princípios e propõe leis de interpretação;
1.2 Hermenêutica é uma arte – o artista deve possuir envergadura para articular
sua técnica (tekné). Conhecimento adquirido e competência para aplicar leis de
interpretação;
1.3 Hermenêutica é um ato espiritual - precisamos da iluminação do Espírito
Santo para trabalhar com o texto.

1.3.1 a Bíblia é um livro humano – temos de lidar com o “fenômeno do


distanciamento” (LOPES, 2013, p. 24, 25). Por isso, temos de conhecer e saber usar
as melhores fontes para lidar com os tópicos do distanciamento. A
Hermenêutica vai sugerir as melhores fontes para se transpor o distanciamento,
pois só o estudo indutivo só não resolve este problema:
• Temporal – tanto no registro quanto nas palavras e expressões;
• Contextual – os livros foram escritos para atender a situações específicas
do passado distante;
• Cultural - os usos e os costumes; o mundo em que os escritores da Bíblia
viveram já não existe;
• Linguístico – As línguas em que a Bíblia foi escrita também já não existem.
• Alguns autores colocam ainda distanciamento geográfico e distanciamento
autoral.

1.3.2 a Bíblia é um livro divino – ela possui o autor = agente humano inspirado e
o Autor = Deus, que inspira o texto.
Os perigos da separação: a Bíblia vista como o registro escrito da fé das
comunidades religiosas (judaicas e cristãs). A Bíblia vista como um livro mágico.
Ela também provoca distanciamentos:
• Natural – Deus é criador e nós criaturas. Ele é Deus e nós humanos;
• Espiritual – Nosso pecado impõe limitações à nossa capacidade de
interpretação da Bíblia;
• Moral – encontrar motivações incompatíveis com o Autor divino da
Escritura.

LOPES, Augustus N. A Bíblia e seus intérpretes. 3.ed., São Paulo, Cultura Cristã, 2013.)

1.4 Por isso, a tarefa hermenêutica se dá em alguns níveis:

1. Foco na 3a. pessoa - o que o texto significa? (exegese);


2. Foco na 1a. pessoa – o que ele significa para mim? (devocional);
3. Foco na 2a. pessoa – como posso comunicar o que o texto significa para mim?
(homilética)

1.4.1 Perigos da separação dos níveis e enfoques:


Fixação na 3a. pessoa = corre-se o risco de não conseguir comunicar o que sabe;
Fixação na 1a. pessoa = leitura subjetiva e o texto tem relação somente com o
indivíduo;
Fixação na 2a. pessoa = o texto é usado de forma subjetiva mas para o ataque a
outro e nunca ao próprio emissor.

Resumo: “precisamos estudar a Bíblia por meio de três abordagens na ordem


apresentada, sempre procurando conhecer o significado da passagem, para depois
aplicá-lo primeiro a nós e em seguida compartilhá-lo com os outros.

OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica. Uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo:
Vida Nova, 2009.

2. Características do intérprete da Bíblia

A regra de ouro da interpretação exige que tratemos qualquer texto ou autor com
a mesma cortesia com que desejamos ver tratados nossos próprios escritos e
afirmações. Isso implica respeitar não só a intenção dos autores humanos das
Escrituras, mas também, em última análise, o próprio Deus, que decidiu se revelar,
por meio do seu Santo Espírito, nessas Escrituras.
O intérprete deve ter:
1. Humildade
1.1 Saber se colocar abaixo das Escrituras;
1.2 Reconhecer nossa finitude e a necessidade que temos de instrução e correção;

2. Ouvir atentamente a Palavra e estudá-la de modo perspicaz: “não é a teologia


do próprio intérprete nem a de sua igreja e de seu tempo que devem ser
examinadas, mas sim a teologia manifestada pelo próprio Novo Testamento”.

3. Ser regenerado e guiado pelo Espírito Santo (1Co 2.10-15).

KÖSTENBERGER, Andreas J.; PATTERSON, Richard D., Convite à interpretação Bíblica. São Paulo: Vida Nova,
2015.

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