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INSTITUTO APÓSTOLICO GÊNESIS

SEMINÁRIO DE INTRODUÇÃO A
TEOLOGIA

HERMENÊUTICA

1. O que é hermenêutica?
"Hermenêutica é a área de estudo teológico que fornece as regras para a Interpretação
correta dos textos bíblicos."
Outra definição: "É a arte de interpretar a Bíblia". Ou ainda: "É a ciência da
interpretação Bíblica".

2. Objetivos da Hermenêutica
 Ensinar ao aluno a interpretar textos bíblicos.
 Ser a base de todo sistema teológico.
 Analisar as diversas interpretações existentes

3. Divisões da hermenêutica
 Hermenêutica Geral.
 Hermenêutica específica.

4. A relação da hermenêutica com outros campos


 Estudo do Cânon(E.c)
 A Crítica Textual (C.T)
 A alta Crítica ou crítica histórica
 Teologia Bíblica e sistemática

5. PRESSUPOSIÇÕES GERAIS DA HERMENÊUTICA

5.1 O que é uma pressuposição?

O filósofo Hilton Japiassu define o termo da seguinte forma: "Algo que se toma como
previamente estabelecido, como base ou ponto de partida para um raciocínio ou
argumento". Uma pressuposição não e demonstrada por meios de argumentos, é apenas
aceita.
Outra definição é: Pressuposição é uma afirmação ou ponto de vista que tomamos
como base para um conjunto de argumentos ou teoria que nos propomos a desenvolver.

6. Toda Ciência tem pressuposições.


Quais as principais pressuposições da hermenêutica?

6.1 Pressuposição I: A BÍBLIA TEM AUTORIDADE


ESPIRITUAL E NORMATIVA

Fontes autoridade existentes:


 A fonte das Instituições e Tradições.
 A fonte da Razão.
 A fonte das Experiências
 As fontes paralelas
 A fonte Bíblica
Como analisar a autoridade bíblica em alguns casos:
1º Caso: Uma pessoa age como quem tem autoridade e a própria passagem explica se
o ato e aprovado ou não. Ex. Gn 3:4 A serpente fala com autoridade. II Samuel 7:3.
Natã manda David construir um templo para Deus. Veja o contexto (vs 4-17).

2º Caso: Uma pessoa age com atitude de autoridade, e a passagem não mostra
aprovação nem reprovação. Neste caso, a atitude precisa ser julgada com base
naquilo que o restante da Bíblia ensina sobre o assunto. Ex. Ló tem relação sexual
com suas filhas. Gn. 19:30-38. O voto de Jefte – Juízes 11:30. A mentira de Raabe –
Josué 2:2

6.2 Pressuposição II: A Bíblia é inspirada

Qual o método da inspiração?


 Inspiração mecânica ou teoria do ditado verbal
 Inspiração de conceitos
6.3 Pressuposição III: Há muitas questões tratadas na Bíblia, que são explicadas
e provadas pela fé, e não por via racional.

Exemplo: A existência de Deus, a dual natureza de Cristo, a Trindade, os milagres, o


método da criação, previsões proféticas..., etc...

6.4 Pressuposição IV: É necessário influência espiritual para


uma correta compreensão das escrituras

Cremos há uma influência do Espírito Santo no ato da interpretação dos textos bíblicos
Porque precisamos da hermenêutica?
 Por causa do bloqueio histórico. Há um abismo histórico que nos separa dos
escritores bíblicos e das culturas primitivas. Precisamos transpor este bloqueio,
se quisermos compreender o significado da revelação. A antipatia de Jonas pelos
ninivitas, por exemplo assume maior significado, quando compreendermos os
motivos históricos, que fizeram Jonas desprezar os ninivitas. Ex. de bloqueio
histórico: Daniel 9: 24-27
 Por causa do bloqueio cultural. O bloqueio Cultural. Cada um de nós vê a
realidade, através de olhos condicionados pela cultura. O conjunto de valores
culturais, científicos e ideológicos de uma cultura é o que chamamos de
cosmovisão.
A cosmovisão da cultura bíblica é diferente em muitos pontos da cultura atual.
Para entendermos algumas passagens da Bíblia precisamos compreender, a
cosmovisão das culturas bíblicas. Como entender, por exemplo, I Coríntios
14:34? Será que está recomendação se aplica nos mesmos termos aos dias de
hoje? Como, era a visão primitiva do universo? Como eram os relacionamentos
sociais? A forma de se vestir? De Comercializar? De se educar?
Ex. Mateus 24:17, Mateus 10:27

Princípio de interpretação 4: Considere o pano-de-fundo histórico e


cultural da Bíblia.

 O Bloqueio lingüístico. A Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego —


três línguas que possuem estruturas e expressões idiomáticas muito diferentes da
nossa própria língua. Estamos habituados a escrever e pensar com frases em
nossa língua na seqüência sujeito, verbo, predicado. Esta forma de raciocínio e
escrita não existe nas línguas primitivas. No grego, não existe a seqüência
sujeito, verbo, predicado. Existem ainda diferenças nas estruturas verbais, na
forma de se organizar as frases, etc... A língua é um grande obstáculo para a
interpretação bíblica.
Precisamos considerar também que, as línguas evoluem. O português de hoje,
possui expressões irreconhecíveis para o português do século XV. E vice versa.
A língua é dinâmica e constitue-se como um obstáculo a ser vencido na
interpretação das escrituras.

 O bloqueio filosófico. Cada cultura tem uma forma específica de teorizar a


realidade, o sagrado, o divino, etc... É importante nós compreendermos a
filosofia de cada cultura para que possamos entender parte de seus
comportamentos sociais e religiosos. A filosofia de uma cultura influencia
profundamente seus comportamentos, sociais, políticos, econômicos e religiosos.

7. Teorias que influenciam o processo de


interpretação bíblica

7.1 A TEORIA LIBERAL

 Os liberais não creêm na doutrina da inspiração sobrenatural. Transformam


inspiração em um processo natural retirando dela o caráter sobrenatural.
 Acreditam que os autores relataram idéias culturais primitivas sobre Deus.

7.2 O modernismo teológico

 Os teólogos modernistas acreditam que a Bíblia contêm a palavra de Deus.


 Algumas partes são inspiradas e outras não.
 É um ponto de vista perigoso, pois é arriscado julgar determinadas partes como
inspiradas e outras não.

7.3 A posição neo ortodoxa

 Os neo ortodoxos creêm que a Bíblia torna-se palavra de Deus.


 A Bíblia torna-se a palavra de Deus quando os indivíduos a lêem e as palavras
adquirem para eles significado pessoal, existencial, ou quando há um encontro
pessoal entre Deus e o Homem.
 Portanto, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não porém, de
maneira preposicional, isto é, nas frases e citações bíblicas.
7.4 A posição Ortodoxa

 A bíblia é a palavra de Deus


 A posição ortodoxa é que Deus operou por meio das personalidades dos
escritores bíblicos de tal modo que, sem suspender seus estilos pessoais de
interpretação ou liberdade, o que eles produziram foi literalmente, "soprado por
Deus“, ou palavra de Deus

 II Tm. 3:16 afirma: "Toda escritura é divinamente inspirada por Deus...". A


palavra grega para o termo "inspirada" é theopneustos. Estamos falando aqui de
uma inspiração de caráter sobrenatural, em que Deus guia os autores bíblicos de
tal modo que seus escritos trazem o selo da inspiração divina.
 Outro fato a destacar é que "toda escritura é divinamente inspirada...", e não
apenas partes, como alguns defendem. Se admitimos tal possibilidade então
abrimos uma lacuna perigosa: Como julgar se uma determinada passagem
bíblica é inspirada ou não? Ou como saber se estamos diante de uma passagem
inspirada?
 Portanto, a inspiração Bíblica, segundo o ponto de vista ortodoxo, abrange toda a
revelação bíblica.

8. Alguns problemas centrais da hermenêutica

8.1 Problema I – A validez de uma interpretação (qual significado é valido?)

A preocupação central é com o significado do texto (Semântica)


Vejamos o exemplo abaixo:
Apocalipse 20:6: Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira
ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão
sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.

Outro exemplo:
Gn 1 – A criação
O que significa a expressão: “dia”?
O que significa a expressão “princípio”?
O que significa “...sem forma e vazia...”?

Há um significado ou vários para um mesmo texto?


Em tese, há um único significado. Nossa compreensão é que varia, gerando a
multiplicidade de interpretações.
Quando escrevemos uma carta, desejamos que ela seja entendida de que maneira?
Regra hermenêutica:
Para todo texto há uma única interpretação e sentido, porém várias aplicações.

O que é aplicação?
A aplicação está relacionada a necessidade do leitor. Ela produz a relação entre a
necessidade e o texto que esta sendo analisado.

Necessidades sentimentais: crises


de relacionamento, carências
afetivas, solidão, ...

Necessidades Materiais: e
Necessidades espirituais: Unidade, físicas: saúde, crises
fervor, dons espirituais, melhoria de financeiras, desemprego,
relacionamento... dívidas....

Necessidades intelectuais:
conhecimento, esclarecimentos,...

8.2 PROBLEMA II – INTERPRETAÇÕES LITERAL,


FIGURATIVA, SIMBÓLICA.

Que é interpretação literal? Por meio dos exemplos abaixo entenderemos o que uma
interpretação literal.
As três sentenças seguintes trazem a palavra coroa, sendo usada em três dimensões
diferentes:
 Literal: Foi colocada uma coroa na cabeça do Rei.
 Figurado: (Um Pai exaltado com o filho diz) “Na próxima vez que você
me chamar de coroa, você será castigado!”.
 Simbólico: (Ver apocalipse 12:1)
Interpretação literal é aquela em que adotamos o significado normal de uma
palavra ou de um texto.
Exemplos desta questão:
II Reis 2:23,24 – O caso dos jovens que zombavam de
Elizeu. A parábola do rico e lázaro – Lucas 16
O milênio – Apoc. 20: 1-3,7
Lucas 15:8

Em todos os textos acima, devemos adotar o sentido normal do texto. Não podemos
alterar, ou modificar as afirmações do texto. Fazer isso, é desrespeitar o sentido literal
que o texto requer no processo de interpretação.
Nova regra hermenêutica
Procure sempre adotar o significado literal do texto. Em caso de ser impossível
adotar o significado literal, verifique se o texto comporta significado figurado. Se
nem o sentido literal e figurado se adequarem a interpretação adote o significado
simbólico.

8.3 PROBLEMA III - A INERRÂNCIA BÍBLICA

 Trata-se aqui, de provar que a Bíblia não tem falhas em seu conteúdo.
 Existem duas posições importantes com relação a questão da inerrância bíblica:
 Os evangélicos ortodoxos, que acreditam que a Bíblia é totalmente sem erros. Os
evangélicos liberais, que crêem que a Bíblia é sem erro toda vez que ela fala
sobre questões de salvação e da fé cristã, mas pode possuir erros fatais nos fatos
históricos e outros pormenores.
 Se admitirmos que a Bíblia tem erros, tal posição compromete todos os dogmas
existentes.
Exercício: As negações de Pedro
Analise as três negações de Pedro e explique as diferenças encontradas nos pormenores
de uma mesma história contada pelos evangelistas.
Essas diferenças caracterizam erros encontrados nos detalhes ou há outra explicação?

9. Regras da interpretação Bíblica


 Regras gerais. São aquelas que se aplicam a todos os textos, são de caráter
universal.
 Regras específicas. São aquelas que servem apenas para um determinado tipo de
texto. Trataremos de regras específicas para textos narrativos, parábolas,
alegorias, profecias, poesias etc...

9.1 Princípio 1 -Entenda a intenção do significado do autor

Todo autor escreve com uma determinada intenção.


A intenção é doutrinar? Tratar de um problema? Orientar uma liderança?
Exemplos:
Qual a intenção das bem Aventuranças. Mateus 5
Qual a intenção de Paulo em I coríntios 14: 33-34
Qual a intenção do autor em I Coríntios 11: 5,6

9.2 Principio 2: Leia a passagem dentro de seu contexto

Exemplo com palavra “manga”


A manga deste pé é boa
A manga da camisa está amassada
Ele “manga” de todas as pessoas.

Exemplo bíblico: A palavra “espírito” em Jo. 4:24 aparece duas vezes.


A parábola do Joio. Mateus 13:24. As palavras são determinadas pelo contexto.
(Ex. homem, boa semente, campo, inimigo, joio, trigo, ceifa, ceifeiros, etc )
Explicando o que é um contexto
 Texto. É a parte escolhida para ser interpretada.
 Contexto imediato: São as partes que antecedem ou seguem ao trecho
escolhido para interpretação.
 Contexto mais amplo. O contexto mais amplo é formado por todas as
passagens bíblicas que estão relacionadas com as idéias do trecho selecionado.
 Contexto histórico, teológico e filosófico. E o conjunto de dados que estão
relacionados com as idéias da passagem selecionada para a interpretação.
Vamos a um exemplo, que ilustra este princípio:
Texto: Rm. 9:13 “Amei a Jacó e aborreci a Esaú”.
 Contexto imediato : vs. 1-13 e vs. 14-33
 Contexto amplo: A história de Jacó e Esaú, o que a Bíblia diz sobre o amor de
Deus?, o que significa “aborrecer”, na visão de Deus?,
 Contexto histórico, teológico e filosófico: Pesquisa sobre o amor de Deus, ira de
Deus, soberania de Deus, decretos de Deus, etc...

Exemplos do uso do contexto


Porta. Todas as referências verbais abaixo mencionam “porta” mas o sentido difere em
cada caso.
 Gn 22.17 “ Porta de Seus inimigos ” = Poder.
 Mt 7.13 “ A porta estreita ” = A salvação.
 Mt 16.18 “ Portas do inferno ” = Poder do mal.
 Jo 10.9 “ Eu sou a Porta ” = Jesus.
 At 3-10 “ Porta Formosa ” = Porta de metal.
 At 14.19 “ Porta da cidade ” = Cidade de Listra.
 1 Co 16.9 “ Uma grande porta se me abriu ” = Oportunidade.
 Fp 2.30 ARA “ Portas da mortes ” = Poder da morte.
 Ec 12.4 “ Portas da rua ” = Os lábios (ver Sl 141.3).

Exercício
Qual o significado da palavra “Salvação” nas seguintes passagens?
Hebreus 2:3
Romanos 13:11
Filipenses 2:12

9.3 Princípio 3: Identifique o gênero da passagem

Procure saber que tipo de texto você esta interpretando


Uma narrativa?
Uma profecia?
Uma parábola?
Uma poesia?
Mais tarde você estudará princípios específicos para cada tipo de gênero literário.
9.4 Princípio 4 - A Bíblia é seu melhor interprete: A
escritura explica melhor a escritura.

 Este é um princípio que vem da reforma. Compare escritura com escritura.


 A melhor forma de iluminarmos alguns textos bíblicos e comparando textos
entre si.
Assim, por exemplo, quando lemos, “Da graça decaístes” (Gl. 5:4), poderíamos
concluir precipitadamente que é possível perder a salvação. Mas o que
poderíamos concluir quando comparamos escritura com escritura? O que
concluímos desta passagem quando a comparamos com João 10:27-29?

Há um erro muito comum: Algumas doutrinas baseadas em versículos isolados. Este


comportamento é perigoso. Uma doutrina é fruto de uma análise completa em toda a
revelação, acerca do que dizem as escrituras sobre determinado assunto.
Um modo de compararmos escritura com escritura é através das referências cruzadas
existentes em nossas Bíblias.

Concluindo, sugerimos as seguintes regras para você utilizar:


 Textos difíceis de se entender devem ser interpretados à luz das passagens mais
claras.
 Textos fáceis e claros de se entender interpretam textos que usam linguagem
simbólica e figurativa.
 O Novo Testamento interpreta o Antigo Testamento.
 As epístolas interpretam o Evangelho.

Aplicação da regra Hermenêutica


Vamos aplicar princípio da “Escritura interpreta melhor a Escritura”.
Com relação divórcio a passagem do Velho Testamento de Dt. 24:1 é
esclarecida no NT, em Mt. 5:31 e Mt. 19. Aqui vemos que o NT ilumina o AT.
Em Hb. 7:1-4, temos um personagem denominado Melquisedeque. Precisamos
comparar escritura com escritura para que esclareçamos a identidade de
Melquisedeque.
9.5 Princípio 5: Atente à gramática e à estrutura da
passagem – Este passo é o da analise gramatical.

 Algumas sugestões para iniciantes de um estudo gramatical:


 Tenha um dicionário. Defina todas as palavras
 Tenha uma boa gramática. Entenda a relação entre as palavras.
 Tenha um bom dicionário em grego e hebraico. Futuramente você precisará
destes recursos.
 Procure encontrar as conexões entre as partes do texto.
 Procure achar as idéias principais e secundárias do texto, e elabore um
esquema da estrutura do texto.

Vejamos os passos principais para uma correta analise gramatical:


Passo 1 – Analise o significado que as palavras adquirem no contexto. Ex.
Romanos Cap. 5
Palavras analisadas:
v.1 Justificados.
V.2 fé, esperança, glória de Deus.
V.3 tribulações, paciência.
V.4experiência, esperança.
V.5 Amor V.7 Justo, V.9 Ira V.10 Reconciliados

Passo 2 da analise – Estabeleça a relação entre as palavras.


Ex. “Justificados (meio) pela fé”
“...Temos paz com Deus (meio) por nosso Senhor Jesus Cristo”. V.1
“...nos gloriamos na esperança (tipo de esperança) da glória de Deus. V.2
“...e a esperança não traz confusão(justificativa) porquanto o amor de Deus esta
derramado em nosso coração.” V. 5

Passo 3 – Encontre os conectivos textuais


O que são conectivos? São elementos que encontramos no texto que servem para ligar
as partes do texto entre si.
V.2 “...por intermédio de quem...”= Jesus ? Conectivo de substituição.
V.3 “E não somente isto,...” - Conexão de acréscimo.
V. 5 “...Ora, a esperança...” = Conexão de argumentação. Aqui, o apostolo desenvolve
um argumento sobre a esperança.
V. 8 “Mas Deus prova o seu próprio amor..” = conexão de oposição.

Passo 4 da análise – Estabeleça a estrutura mecânica do texto.


1 Justificados, pois, mediante a fé,
temos paz com Deus
por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta
graça
na qual estamos firmes;
e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente isto,
mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação
produz perseverança; 4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado.
6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu
a seu tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo*; pois
poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. 8 Mas
Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de
ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.

9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos
da ira.
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante
a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela
sua vida;
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor
Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.

Exemplo 2 - Regra 5 de hermenêutica


Texto: Efésios 2:1-10
Passo 1 – Defina as palavras que aparecem no texto
v.1 “mortos”, “pecados”,
v.2 “príncipe das potestades do ar”,
v.3 “carne”,
v.5 “graça”

Passo 2 – Estabeleça a relação entre as palavras do texto


v.1 Ele vos deu vida, (Condição, estado) estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados,
v.2 ...nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da
potestade do ar
Obs. A Expressão “nos quais”= “nos vossos delitos e pecados”.
V.8 “Porque pela graça sois salvos, (meio)mediante a fé...”.

v. 4 “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, (Causa, motivo) por causa do grande amor
...”
v.6 “....e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; v.7 (finalidade,
propósito) para mostrar, nos séculos vindouros
v.8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus;
“isto” se refere a que? A graça? a fé? Ou as duas coisas?

Passo 3 – Encontre os conectivos textuais


“v.2 nos quais andastes outrora,...”
v.3 entre os quais também todos nós andamos outrora...
v.4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia,...
V.5 e estando nós mortos...
v. 7 para mostrar, nos séculos vindouros...
v. 8 Porque pela graça sois salvos...

Passo 4 – Estabeleça a estrutura mecânica do texto.


“ 1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
2 nos quais andastes outrora,
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar,
do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;
3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por
natureza, filhos da ira, como também os demais.
4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia,
por causa do grande amor com que nos amou,
5 e estando nós mortos em nossos delitos,
nos deu vida juntamente com Cristo,
—pela graça sois salvos, 6
e, juntamente com ele, nos ressuscitou,
e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus;
7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça,
em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé;


e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9 não de obras, para que ninguém se glorie.
10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais
Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:1-10 RA)
9.6 Princípio 6 – Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a não ser que
resuma e inclua tudo o que a escritura diz sobre ela.

É importante aplicar um estudo indutivo para verificar tudo o que é Bíblia diz sobre um
determinado assunto.
Será que poderemos formar uma doutrina a partir de I João 5:16?

9.7 Princípio 7- Aceite as aparentes contradições doutrinárias, considerando-as


escriturísticas e crendo que elas se explicarão num plano mais elevado.

Não há contradição nas escrituras. Nossa mente é que não consegue absorver a
revelação em sua totalidade.
Alguns assuntos nas escrituras extrapolam os limites do entendimento humano.
Exemplos:
A trindade, a dualidade da natureza de Cristo, a origem do mal, a soberania e o livre
arbítrio humano.

9.8 Princípio 8 – Atente para determinadas metáforas


quando relacionam-se a pessoa de Deus.

Antropopatismo: Atribuem-se a Deus emoções, paixões e desejos humanos. Ex.


Gn.6:6, Efésios 4:30, Rm. 1:18.
Antropomorfismo: Consiste na atribuição de membros corpóreos e atividades físicas a
divindade. Ex. Is. 59:1, Is. 66:1, Sl. 34:16, IICr. 16:9
Obs. Convêm aqui lembrar que Deus é espírito, e um espírito não tem forma física,
portanto quando os autores atribuem a Deus forma física, estão tentando se fazer
entendidos para nós.
Deus usou a linguagem dos homens, valendo-se da cultura, seu vocabulário, padrões de
pensamento para se fazer entendido a nós.
9.9 Princípio 9: Atente para a presença dos tipos existentes

O que é tipo? Vem da palavra grega “typto”’. Pode significar sinal, forma, figura
prefiguração, padrão, modelo e exemplo.
Vejamos um exemplo em II Coríntios 10:11: “...estas coisas lhes sobrevieram como
exemplos...”.
Outros textos: Rm. 5:14, Hebreus 10:1; hebreus 7 (Melquisedeque)

9.10 Princípio 10 – Atente para a maneira como os sistemas teológicos influenciam


o processo da interpretação.

Precisamos entender que o sistema teológico nos influencia na forma de


interpretarmos o texto bíblico.
Portanto, vamos ver resumidamente os principais sistemas teológicos existentes.

Teoria Dispensacional
• O que é uma Dispensação: Período em que o homem é provado com respeito à
alguma revelação de Deus
• Processo:
1. Deus dá ao homem um conjunto específico de responsabilidades ou padrão
de obediência;
2. O homem não consegue viver à altura desse conjunto de responsabilidades;
3. Deus reage com misericórdia concedendo um novo conjunto de
responsabilidades – uma nova
dispensação.

As principais dispensações identificadas pelos dispensacionalistas (variam de 4 a 9):


1. Da Inocência ou Liberdade: Adão e Eva antes da queda; (Gn.1:28 a Gn.3:6)
2. Da Consciência: Cada homem seguia a sua consciência. Até o dilúvio;
(Gn.4:1 a Gn.8:14)
3. Do Governo Civil: Havia governo humano com direito à pena de morte. Até
torre de Babel
aproximadamente; (Gn.8:15 a Gn.11:19) – ver Gn.9:6
4. Da Promessa: Cobre o período dos patriarcas, até a escravidão no Egito;
(Gn.11:10 a Ex.18:27)
5. Da Lei Mosaica: Desde Moisés até a morte e ressurreição de Cristo. (até
At.1:26)
6. Da Graça: De At.2 (pentecostes), passando pelo tempo presente, até
Ap.19:21 (Volta de Jesus e o Armagedom)
7. Do Milênio: Governo pessoal de Cristo. Acabará com uma rebelião
(Ap.20:7) e o juízo final.

Teoria Luterana
• Duas verdades presentes em toda Bíblia: a lei e o evangelho.
• A Lei: Deus em seu ódio ao pecado, seu juízo e sua ira.
• O Evangelho: Deus em sua graça, amor e salvação.
• Segundo esse critério, passagens do V.T. como Gn.7:1 são consideradas
“evangelho” enquanto Mt.22:37
“Lei”.
• A posição luterana acentua a “continuidade” no sentido de que a Lei e a
Graça (Evangelho) continuam presentes desde o início da história humana.
• Assim, Lei e Graça não são duas épocas, mas partes integrantes do seu
relacionamento com o homem.

O SISTEMA CALVINISTA
O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante, exposto e
defendido por João Calvino (1509-1564). Seu sistema de interpretação bíblica pode ser
resumido em cinco pontos, conhecidos como "os 5 pontos do Calvinismo" (TULIP em
inglês):

1 - Total Depravity (Depravação total) - Todos os homens nascem totalmente


depravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais;
2 - Unconditional Election (Eleição incondicional) - Deus escolheu dentre todos
os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem
levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles;
3 - Limited Atonement (Expiação limitada) - Jesus Cristo morreu na cruz para
pagar o preço do resgate somente dos eleitos;
4 - Irresistible Grace - (Graça Irresistível) - A Graça de Deus é irresistível para
os eleitos, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora
neles;
5 - Perseverance of Saints (Perseverança dos Santos) - Todos os eleitos vão
perseverar na fé até o fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação.

O SISTEMA ARMINIANISMO
O Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius (1560-1609),
teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino. Armínio
apresentou seu sistema em 5 pontos:
1 - Capacidade humana, Livre-arbítrio - Todos os homens embora sejam
pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece;
2 - Eleição condicional - Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em
Cristo;
3 - Expiação ilimitada - Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos
eleitos;
4 - Graça resistível - Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem
salvos;
5 - Decair da Graça - Homens salvos podem perder a salvação caso não
perseverem na fé até o fim.
O sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 na
Holanda, por ser considerado anti-bíblico. Por incrível que possa parecer, hoje o
Arminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejas
evangélicas. As seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o Calvinismo.
Tabela comparativa entre os dois sistemas:
Modelo Epigenético
• Compara a revelação divina ao crescimento de uma planta: Uma árvore
pequenininha é uma árvore perfeita, mas ainda pequena, imatura e frágil.
• Assim, os conceitos de Deus, de Cristo, da salvação e da natureza do homem
crescem à medida que a revelação de Deus progride.

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