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Escola Vivencial

Setor Araçatuba

14.06.2016

A
Interpretação
da Bíblia na Igreja
A Interpretação da Bíblia
na Igreja
Discurso do Papa
Documento
Pontifícia Comissão Bíblica
Festa de São Mateus Evangelista
23.04.1993

Como nossa Igreja lê a Bíblia


Equipe Nacional da Dimensão
Bíblico-catequética da CNBB
Apresentação de pontos im-
portantes do Documento.
Lançamento: 1995
A Interpretação da Bíblia na Igreja no
discurso do papa / ideias centrais:

1. A interpretação da Bíblia traz consequências


diretas na relação que homens e mulheres de
hoje têm com Deus.

Alguns veem a Deus como ameaçador:


- Isso gera revolta.

Outros como um Pai amoroso


- Isso gera compromisso.
2. No fundo da questão está o Mistério da
Encarnação.

- Em Jesus, Deus se mistura com a vida da gente


e se comunica através do nosso jeito humano de ser, de
falar.

- Deus, para se comunicar, usou as palavras


humanas, o jeito humano de falar; comunicou seu
recado com as limitações da cultura humana.
3. A Igreja não receia o uso de métodos científicos
para interpretação da Bíblia.

- Estudos de história, de estilos literários e de


outras ciências têm mostrado que muita coisa na
Bíblia não é exatamente o que estávamos acostumados
a pensar que fosse.

- Pesquisas históricas mostram que os fatos


referentes à origem do povo de Deus foram escritos
muitos séculos depois.
- Descobriu-se que há textos formados com
pedaços de outros textos, escrito por gente de ideias e
épocas diferentes: isso explica por que o mesmo fato
às vezes é contado duas vezes, com detalhes que não
combinam.

- Os estudos dos estilos literários ajuda a ver


que certos textos são poéticos e não devem ser
interpretados como verdade científica.
4. Na Bíblia, o humano e o divino aparecem juntos.

- A inspiração do Espírito Santo não apaga o


lado humano do texto.

- A Bíblia revela quem é Deus e quem somos


nós. Nela aparecem nossas dores e alegrias, nossas
virtudes e fraquezas.
5. Duas questões que podem levar a uma falsa
ideia de Deus e da Encarnação:

a) Dar valor absoluto a todas as palavras da


Bíblia;
b) Ignorar os condicionamentos humanos do
texto.

- A Bíblia diz coisas que são apenas reflexo


do que o povo sabia, sentia e vivia, na época em
que foi escrita.
- Muitas vezes, o povo atribui a Deus seus
próprios sentimentos.

- Há coisas que se aceitavam em outras épocas


mas que não se aceitam mais hoje.
MÉTODOS e ABORDAGENS utilizados na interpretação
da Bíblia

MÉTODO: Conjunto de procedimentos científicos utilizados


na exegese da Bíblia.
1. Histórico-crítico
2. Novos métodos de análise literária

ABORDAGENS: Pesquisas orientadas segundo ponto de


vista particular.
1. Baseadas na Tradição
2. Através das Ciências Humanas
3. Contextuais:
- da libertação
- feminista
O Método Histórico-crítico

- Estudo dos textos mais antigos, na intenção de descobrir


o mais fiel ao original.

- Pela linguagem, tenta descobrir quando foi escrito


(palavras e expressões indicam a época, o local).

- O estilo de escrever pode mostrar que dois textos não


são do mesmo autor.

- Estilos diferentes num mesmo texto: é provável que haja


mistura de textos escritos por pessoas diferentes.
O passado esclarece o presente

Determinar a época em que cada texto foi escrito é muito


importante.

Quem escreve está pensando nos problemas de seu tempo.


Quando fala do passado, em geral, não é para contar o passado,
é para dar alguma orientação sobre o presente.

Às vezes, os fatos narrados na Bíblia não aconteceram


exatamente como está escrito lá porque o autor “ajeitou” a
história para dar mais força ao que queria comunicar ao povo do
seu tempo.
O texto bíblico: tipos de narrativas

É importante identificar o gênero literário do texto bíblico.

Para cada gênero literário há um jeito diferente de leitura.

(Exemplo: o jeito de ler de uma mensagem do whatsapp é


diferente do jeito de ler uma bula de remédio. Poesia e relatório
administrativo são lidos de formas diferentes.
Limitações que o método pode apresentar:
- Deter-se na parte humana e histórica do texto e não
considerar com o devido cuidado a mensagem de fé.
- O método não leva em conta o sentido que os textos
foram ganhando no meio do povo ao longo da história da
Igreja, a fé que o povo tem vivido a partir do que
aprendeu na Bíblia e na doutrina da Igreja.

A Igreja pede que se usem os vários métodos de leitura,


aproveitando o que cada um tem de bom, evitando exageros
e de maneira que um método complemente o outro.
O texto bíblico e a teologia da libertação

Valores que estão presentes na leitura feita a partir da teologia


da libertação:

- Sentido profundo da presença de Deus Salvador;


- Dimensão comunitária da fé;
- Prática libertadora enraizada na justiça e no amor;
- A Bíblia se torna luz e alimento para o povo;
- O texto inspirado se torna atual, fala a realidade de hoje.
Riscos a serem evitados:

- Leituras parciais, com escolha de textos em que a questão


do pobre aparece melhor;
- Só enxergar um lado da questão e deixar de lado outras
coisas importantes do texto;
- Apoiar-se em teorias materialistas, que explicam tudo
sem levar em conta o sentido e as necessidades espirituais
da vida;
- Tratar dos problemas sem iluminar a esperança que vem
da promessa do Reino definitivo, que começa aqui, mas
ultrapassa toda a conquista humana.
O jeito feminista de ler a Bíblia

Atualmente, as mulheres lutam pelos seus direitos.


A defesa dos direitos e do ponto de vista feminino aparece
também na religião e na leitura da Bíblia.

A Bíblia nasceu no contexto de um povo que privilegiava o


homem. Também na Igreja, poderá haver a interpretação do
texto numa visão masculina.

O “jeito feminino “ de entender e viver a fé ficava meio


escondido.
Hoje na Igreja há mulheres teólogas, biblistas e líderes
populares, descobrindo coisas novas na maneira de ler a Bíblia.

Há maneiras de fazer a interpretação feminista da Bíblia:

a) negativa: a Bíblia foi produzida por homens para assegurar


a dominação da mulher (radicalismo)
b) positivas:
- A que procura aplicar à situação da mulher a defesa que
a Bíblia faz dos mais fracos;
- A que procura descobrir a posição da mulher nos
evangelhos, comunidades cristãs e no que ficou
escondido nos escritos bíblicos...
Contribuições da leitura feminista:

a) Ajuda a perceber melhor o papel da mulher na Bíblia, na


História e na Igreja;
b) Traz novas interrogações e descobertas;
c) Corrige interpretações tendenciosas que são contra a
mulher;
d) Oferece melhor compreensão da imagem paterna e materna
de Deus.

Riscos a serem evitados:


e) Desvio da leitura, posturas tendenciosas;
f) Interpretação duvidosa, deturpação do texto;
g) Rejeição do texto inspirado.
Um modo impróprio de ler a Bíblia:
Fundamentalismo
É o jeito de ler a Bíblia que não admite as conquistas dos
estudos mais modernos.
Parte do princípio de que a Bíblia, sendo Palavra de
Deus, dever ser lida ao pé da letra em todos os seus
detalhes.
O que devemos fazer diante da leitura
fundamentalista?
Buscar o diálogo construtivo, sem agressões.
Usar de compreensão, humildade, fraternidade quando o
outro está sendo fundamentalista.
Bíblia: uma experiência de vida
A Bíblia é como a vida.
Às vezes, damos conselhos diferentes, dependendo da
situação.
Na Bíblia, acontece o mesmo.

A Bíblia registra a experiência de Deus que o povo vai


tendo ao longo da história. É uma experiência variada,
que exige respostas diferentes em algumas situações.
Isso contribui para que a Bíblia seja um livro mais rico,
mais surpreendente e interessante. Assim também é na
vida.
A Bíblia na Igreja
Papel dos diversos membros da Igreja na
interpretação:

Os bispos são as primeiras testemunhas e garantias da


tradição viva na qual a Palavra é interpretada em cada
época.

Os padres têm como primeiro dever a proclamação da


Palavra.

O Espírito Santo é dado a todos os cristãos


individualmente quando rezam e estudam as escrituras
no contexto da vida pessoal.
Nenhuma leitura é totalmente
individual.

Quem lê a Bíblia faz isso dentro da fé


da Igreja e depois traz para a
comunidade o fruto da sua leitura,
enriquecendo a fé de todos.
Consequências disso tudo na vida da Igreja

A atualização da interpretação da Bíblia é


possível, é necessária. Deve ser feita ligando o
Antigo e o Novo Testamento, no dinamismo
da vida da comunidade, sem manipulações
tendenciosas.
A necessidade da Inculturação

A inculturação faz a Bíblia se enraizar nos terrenos mais


diversos.

“Toda cultura autêntica é portadora, à sua maneira,


de valores universais fundados por Deus”.

A mensagem bíblica precisa estar relacionada com as


maneiras de sentir, pensar, viver e com as formas de
expressão da cultura local.
A Palavra
As culturas ajuda as
enriquecem a culturas a
Palavra e perceber o que
fazem com ela há de positivo e
dê novos negativo dentro
frutos. delas.
1 Coríntios 9, 19-23

Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de


todos para ganhar ainda mais.
E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os
judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse
debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei.
Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei
(não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de
Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os
fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios
chegar a salvar alguns.
E eu faço isto por causa do evangelho, para ser
também participante dele.

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